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0 FACULDADE DE ENSINO REGIONAL ALTERNATIVA - FERA PEDAGOGIA - LICENCIATURA HEBE MARIA ALVES DE MACEDO A PEDAGOGIA HOSPITALAR NUMA PERSPECTIVA EDUCACIONAL HUMANIZADA ARAPIRACA 2019 1 HEBE MARIA ALVES DE MACEDO A PEDAGOGIA HOSPITALAR NUMA PERSPECTIVA EDUCACIONAL HUMANIZADA Trabalho de conclusão de curso apresentado à Faculdade de Ensino Regional Alternativa – FERA, como requisito para a obtenção do título de Graduação em Pedagogia. Orientadora: Profa. Esp. Andréa Araújo da Silva ARAPIRACA 2019 3 Dedico a Deus que me deu a vida e me capacitou para chegar ao final desta jornada. A meu esposo Jailson que sempre me apoiou e me fez entender que o futuro é feito a partir da constante dedicação que se tem no presente. Aos meus filhos, Gustavo e Heloísa que entenderam as noites em que precisei deixá-los para ir em busca de minha formação. Aos meus pais por todo incentivo e apoio incondicional. A pequena e querida Helysa que, a convivência com ela no hospital me fez entender melhor a necessidade da participação do pedagogo hospitalar. A todas as pessoas que contribuíram de forma direta ou indiretamente para a conclusão de minha graduação e a professora Andréa Araújo da Silva a qual tenho muita admiração e carinho. Por sua paciência nos meus momentos de angústia e estresse, por toda dedicação voltada a mim e ao meu trabalho de conclusão de curso. 4 AGRADECIMENTOS Agradeço primeiramente a Deus por proporcionar-me saúde, força, persistência e por me permitir chegar até aqui. Agradeço a meu esposo que sempre esteve ao meu lado, pois sem o apoio dele não teria conseguido, a minha mãe, meu pai e meus filhos que sempre me apoiaram e me ajudaram sempre que precisei. Assim como também, agradeço a todas as minhas colegas de sala em especial a Gleyce kelly e Maria Edineide, que estiveram junto a mim, participando dos estudos com persistência e dedicação. Aos professores maravilhosos que tivemos ao longo do curso. Em especial a orientadora do meu trabalho de conclusão de curso Andrea Araújo. A toda equipe de colaboradores da Faculdade de Ensino Regional Alternativa- FERA, que sempre estiveram dispostos a ajudar e contribuir para um melhor aprendizado. Enfim, a todas às pessoas que fizeram parte dessa etapa decisiva em minha vida. 5 RESUMO Este trabalho, trata da necessidade de uma maior importância nas políticas públicas educacionais, voltadas às crianças, jovens e adolescentes em situação de internamento ou atendimento pedagógico domiciliar, a partir da implantação do serviço de Classe Hospitalar nos hospitais públicos do país. Tendo como base o apoio pedagógico no âmbito hospitalar, torna-se um atendimento mais humanizado para crianças e adolescentes que precisam se afastar da escola para serem hospitalizadas. O atendimento escolar no ambiente hospitalar é cognominado de classe hospitalar, este é um ambiente pedagógico que discute argumentos educativos escolares, atendendo conforme as obrigações e necessidades de cada um, beneficiando a inserção desta criança na convivência escolar. O trabalho sugere como objetivos, através de uma pesquisa bibliográfica, relatar a história da pedagogia hospitalar; e ainda compreender a importância dessa pedagogia, como mecanismo educacional e levantar os desafios do pedagogo hospitalar. Conclui-se, a relevância da participação e da ação do pedagogo na reabilitação e no conforto das crianças e adolescentes internados, e que através de um trabalho competente ajuda o crescimento geral dos mesmos adequando um perfeito desempenho escolar, ajustando qualidades para o aprendizado, atendendo e preenchendo suas necessidades e que a intervenção pedagógica no hospital permite o desenvolvimento de práticas lúdico-educativas que colaboram para o processo de humanização nesse ambiente permeado por dor e sofrimento e, para isso, os projetos de humanização são muito importantes, porque promovem um ambiente que beneficia as relações entre pacientes/equipe de profissionais da saúde/familiares e garante os direitos da criança nos aspectos físicos, cognitivos e afetivos. Palavras-chave: Pedagogia hospitalar. Pedagogo. Criança hospitalizada. Desenvolvimento infantil. Humanização 6 ABSTRACT This paper addresses the need for greater importance in public educational policies, aimed at children, youngs and adolescents in a situation of hospitalization or home teaching, from the implementation of the Hospital Class service in public hospitals in the country. Based on the pedagogical support in the hospital environment, it becomes a more humanized care for children and adolescents who need to leave school to be hospitalized. School attendance in the hospital environment is known as hospital class, this is a pedagogical environment that discussions school educational arguments, meeting according to each one's obligations and needs, benefiting the insertion of this child in school life. The work suggests the objectives, through a bibliographic research, to report the history of hospital pedagogy; and understand the importance of this pedagogy as an educational mechanism and raise the challenges of the hospital pedagogue. In conclusion, the relevance of the participation and action of the pedagogue in the rehabilitation and comfort of hospitalized children and adolescents, and that through a competent work, helps their general growth, adapting a perfect school performance, adjusting qualities for learning, attending and fulfilling their needs and that the pedagogical intervention in the hospital allows the development of playful and educational practices that contribute to the humanization process in this environment permeated by pain and suffering and, for this, humanization projects are very important because they promote an environment which benefits the relationships between patients / health professionals / family members and guarantees the child's rights in the physical, cognitive and affective aspects. Keywords: Hospital pedagogy. Pedagogue. Hospitalized child. Child development. Humanization 7 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CNEFEI Centro Nacional de Estudos e de Formação para a Infância. ECAH Estatuto da Criança e do Adolescente Hospitalizado LDBEN Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional SEESP Secretaria de Educação Especial 8 LISTA DE TABELAS Tabela1 - Região Norte do Brasil 18 Tabela2 - Região Centro Oeste 18 Tabela3 - Região Nordeste 18 Tabela4 - Região sudeste 19 Tabela5 - Região Sul 19 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Criança internada por causa da Segunda Guerra Mundial 15 Figura 2 - Hospital Municipal Jesus 16 Figura 3 - Brincar 29 Figura 4 - Prática de Escrita 30 Figura 5 - Prática de desenho 31 Figura 6 - Desenvolver a criatividade 32 Figura 7 - Contando histórias 33 Figura 8 - Recorte e colagem 34 Figura 9 - Cantando Fonte 35 Figura 10 - Informática nos hospitais 36 10 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 11 2 A HISTÓRIA DA PEDAGOGIA HOSPITALAR 2.1 CLASSES HOSPITALARES NO BRASIL DIVIDIDO POR REGIÕES 14 18 3 A IMPORTANCIA DA PEDAGOGIA HOSPITALAR COMO MECANISMO EDUCACIONAL 20 4 O PAPEL DO PEDAGOGO HOSPITALAR 25 5 CONSIDERAÇOES FINAIS 37 REFERENCIAS 40 111 INTRODUÇÃO Sei que o meu trabalho é uma gota no oceano, mas sem ele o oceano seria menor. (Madre Tereza de Calcutá). A hospitalização é um momento muito difícil na vida de qualquer pessoa e ainda mais na vida de uma criança /adolescente. A doença traz uma condição de dor, desconforto, então, disso todos os processos dentro do hospital em sua grande maioria são muito duros. É colher sangue, examinar, fazer exames, tomar remédios e além de tudo isso essa criança está longe da sua rotina .Estando no final do curso de graduação em pedagogia e, entrando em contato com vários autores na área da educação, com seus ensinamentos, técnicas e didáticas, apareceu à ideia de desenvolver esse trabalho de conclusão de curso voltado para uma pedagogia diferenciada, numa área que vem se desenvolvendo gradualmente em nosso país, a Pedagogia Hospitalar, que por ser uma pedagogia atual nos permite uma nova chance no mercado de trabalho. Ao analisarmos as sugestões que permeiam a Pedagogia Hospitalar, averiguamos que, apesar de sua ampla relevância de aplicação em prol do atendimento da criança e do adolescente hospitalizado, está alargando-se de forma muito branda, apesar disso, conseguindo efeitos significativos. Esta nova direção da pedagogia surge especialmente a começar da obrigação da mudança da escolarização de crianças adoecidas, além de sua colaboração na recuperação da saúde, por meio de um trabalho transdisciplinar num ambiente caracterizado, mas que pode ser alterado em um espaço afável e incentivador. A Pedagogia Hospitalar versar-se de uma pedagogia do presente e baseia-se na humanização, porque faz parte de seus princípios, analisar o doente não como um ser dócil e indiferente, mas como alguém que, atrelado à equipe hospitalar, nesta abrangendo-se o pedagogo, participa efetivamente do método de recuperação de seu estado de doença. Ademais, a pedagogia hospitalar está ajustada na continuidade dos direitos constitucionais, especialmente na aplicabilidade do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA – Lei nº 8.069 de 13/07/1990), em especial com relação à “garantia do direito à educação de qualidade”, seja qual for o espaço em que a criança/adolescente se ache. (Art. 53-59). 12 Desta forma, obviamente é imprescindível a entrada do pedagogo neste contexto, cuja função é de adaptar ao doente, momentos de felicidade e descontração, através de atividades pedagógicas que o abranja globalmente, trazendo a escola para junto de si. Além de, transformar o hospital num ambiente afetuoso e afável, como usar o brinquedo como ferramenta lúdica pedagógica, atrelando todas as atividades concretizadas à escola de procedência do hospitalizado, faz parte dos papéis deste profissional, entre outras. Antes do pedagogo iniciar realmente o desenvolvimento do trabalho pedagógico na Classe Hospitalar, existe um processo de conquista, de diálogo com os sujeitos-alunos, para estabelecer vínculos afetivos. Para assim, os mesmos sentirem-se seguros, amparados e confiarem no professor. Tornando-se deste profissional, um amigo, companheiro e cúmplice durante o período de hospitalização. Através da hospitalização o paciente/aluno necessita ter acesso à educação de forma contínua e de modo individualizado dependendo do seu estado de saúde. A escola marca uma grande parte da infância na vida da criança. Segundo VIOTTI (2017): “É na escola que o sujeito além de entrar em contato com o conhecimento acumulado historicamente e aprender modos especificamente humanos, culturais, de pensar e expressar-se, vive outras experiências essenciais para seu desenvolvimento. A escola é um ambiente de troca social, onde a criança está cercada por seus pares e com eles, faz todos os dias, novas descobertas”. Para que isso se torne possível determinados hospitais inseriram projetos de humanização ligados às classes hospitalares, pois além de cuidados médicos, os pacientes necessitavam de descontração e motivação durante o período de tratamento. Para a prática dessas concepções são designadas equipes multidisciplinares agregadas por médicos, psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, pedagogos, voluntários e ainda recebem o apoio da família e acompanhantes. Através de projetos dessa natureza torna-se possível ressaltar que os doentes obtêm expressar seus sentimentos e deixam de refletir apenas na doença passando a ocupar seu tempo livre com atividades. Quando essa criança vem para o hospital e aqui ela tem possibilidade de ir à escola de alguma maneira, ela resgata o ambiente estão acostumados a frequentar. Assim, reafirma-se o quanto se torna relevante proporcionar atividades que possam dar continuidade ao processo de desenvolvimento psíquico e cognitivo de crianças e adolescentes. 13 Ainda observar, por meio de depoimentos achados em artigos ou sites de pesquisa, o quanto esses projetos são bons para auxiliá-los em seu restabelecimento e à continuação de sua aprendizagem, porque, a pedagogia hospitalar pode auxiliar na adequação, motivação e recuperação do paciente, ocupando seu tempo livre e adaptando a eles um espaço emocional e pedagógico benéfico e favorecedor. Nesse contexto, o pedagogo hospitalar deve estar capacitado para lidar com diversas situações, oferecendo atividades bem planejadas e adequadas à necessidade de cada paciente/aluno. Esse educador, portanto, tem importante papel nessa equipe multidisciplinar, pois, auxilia na interação social, valorizando as aptidões, respeitando o estado clinico e a história de cada um. Ao estudarmos acerca do que seria essa pedagogia hospitalar, deparamos com a situação de crianças e jovens hospitalizados que passam por uma experiência de carência de saúde e liberdade, onde a dor física de mistura de intranquilidade e tristeza. Assim, perguntamos: Qual o papel da pedagogia hospitalar numa perspectiva educacional humanizada? Dentro desta conjuntura, este estudo teve como objetivo geral verificar a pedagogia hospitalar numa perspectiva educacional humanizada, sendo norteado pelos objetivos específicos: relatar a história da pedagogia hospitalar; compreender a importância da pedagogia hospitalar como mecanismo educacional e levantar os desafios do pedagogo hospitalar. O trabalho servirá como fonte de subsídios para que o leitor possa desfrutar e distinguir acerca da atuação do pedagogo em ambiente hospitalar. Este estudo foi concretizado por meio de levantamento bibliográfico alusivo à área de pedagogia hospitalar, será apresentada a fundamentação teórica dividida em três capítulos, sendo discutido no primeiro capítulo o histórico da pedagogia escolar. No segundo capítulo relata-se sobre a importância da pedagogia hospitalar como mecanismo educacional. No terceiro capítulo relata-se sobre o papel do pedagogo hospitalar nas práticas hospitalares, que se distingue em emocional, pedagógico, de recursos e de desenvolvimento. 14 2 A HISTÓRIA DA PEDAGOGIA HOSPITALAR O pedagogo é considerado um profissional especializado nos estudos, problemas e ações relacionadas à educação. Sabendo que, a responsabilidade da intervenção pedagógica ocorre em várias dimensões educativas e compreendendo que o hospital se insere neste campo. A hospitalização é um momento difícil na vida de qualquer pessoa seja homem, mulher, idoso ou criança e na vida de uma criança torna-se fundamental, o acompanhamento do pedagogo hospitalar que trabalha junto a essa criança para que seja mais fácil para ela, se reinserir no seu contexto original. Afim de, minimizar o em torno da criança em termos de dificuldades de aprendizagem, por conta da doença. Desta forma é preciso que se tenha também uma boa educação dentro dos hospitais. Foi, Henri Sellier o precursor dessa pedagogia denominada de classe hospitalar, que surgiu em Paris no ano de 1935, para educação a crianças eadolescentes especiais que estavam fora do âmbito escolar por alguma enfermidade. Esteves (2007) expõe que em 1939 foi intitulado na França o Centro Nacional de Estudos e de Formação para a Infância Inadaptada de Surenses, (CNEFEI). Esse centro tinha finalidade de formar profissionais para trabalhar em hospitais e em locais onde existissem crianças especiais. O CNEFEI promove estágios para professores, diretores de escola, médicos da saúde escolar e assistentes sociais. Naquele mesmo ano, foi criado pelo Ministério da Educação da França o cargo de professor hospitalar, e com isso a ajuda para as crianças hospitalizadas foi se expandindo para outros países como Alemanha e Estados Unidos. Podemos dizer que a instituição da Pedagogia Hospitalar se deu com a segunda guerra mundial. Que com o resultado da referida guerra, muitas crianças e adolescentes que não vinham a óbito tinham partes do corpo mutilado e, por consequência, ficavam internadas por longos períodos nos hospitais e assim não podiam frequentar a escola, surgindo o atendimento na classe hospitalar como ilustrado na Figura 1. Para Coggiola (2014): a Segunda Guerra Mundial aconteceu quando o alemão Adolf Hitler teve ambição de expandir a Alemanha, desrespeitando o tratado de Versalhes implantando em 1919, assinado pelas potências europeias visando à paz e o fim da primeira guerra mundial. 15 Figura 1 - Criança internada por causa da Segunda Guerra Mundial Fonte: Disponível em: http://www.bbc.co.uk. Acesso em: 25 jul. 2019. Em consequência da quebra do tratado, o partido do Eixo caracterizado por Alemanha, Itália e Japão, se contrapôs aos partidos dos Aliados dirigidos pela Inglaterra, União Soviética, França e Estados Unidos da América. Foi neste momento que foi percebida a necessidade de implantar a classe hospitalar para que crianças e adolescentes pudessem dar continuidade nos estudos e promover uma melhoria na saúde com práticas pedagógicas atuadas por professores qualificados para tal conduta. Segundo LOBO, (2008), a apresentação de qualquer sinal de aparente anormalidade nas pessoas era motivo de exclusão pela sociedade. Assim sendo, pessoas com deficiências eram obrigados a morar longe da cidade, por preconceito. Isso, aconteceu também com crianças e adolescentes que tinham doenças transmissíveis e sem cura como foi o caso, na época, da tuberculose, é o que afirma Esteves (2007) em seus estudos. Devido a todos os obstáculos e contradições para que essas crianças e adolescentes frequentassem uma escola e pensando na importância que esta possui para a formação da criança no sentido de estimular a socialização, desenvolver habilidades e contribuir para o processo de cidadania é que se começou a ser criada classe fora da escola para atender às necessidades dos alunos que eram impedidos de frequentar a escola. 16 Segundo a autora encontram-se registros de que as primeiras experiências no Brasil se deram em 1600, com atendimento escolar à pessoa deficiente, na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Na época do Brasil colônia. Essa realidade só chegou ao Brasil em 1950, onde começaram a serem concretizadas as primeiras práticas pedagógicas brasileiras em Pedagogia Hospitalar. O primeiro hospital a receber tal atendimento foi um hospital público infantil, o Hospital Municipal Jesus, em 14 de agosto de 1950 no estado do Rio de Janeiro, que teve como primeira professora uma ainda estudante de Assistência social Lecy Rittmeyer, como explicita Santos; Souza (2009) em outra passagem. Pode-se reconhecer essa data como um momento muito importante para a história da Pedagogia Hospitalar no Brasil. Figura 2 - Hospital Municipal Jesus Fonte: Disponível em: http://www.rio.rj.gov.br/ Acesso em: 25 jul. 2019. Para concretizar ainda mais as práticas pedagógicas no território brasileiro, uma professora chamada Ester Lemes Zaborowiski foi colocada no mesmo hospital para, também, desenvolver projetos pedagógicos com as crianças e adolescentes hospitalizadas. Após, em 1960 no Rio de Janeiro, um segundo hospital, Hospital Barata Ribeiro passou a adequar o mesmo serviço. As práticas da pedagogia hospitalar foram inseridas no cotidiano das crianças hospitalizadas. Mesmo sem vínculo com o Estado 17 e contando somente com o apoio da direção do hospital, o trabalho começou a ser realizado, como afirma Santos; Souza (2009) em outro momento. Até é indispensável salientar que, sob a legislação no Brasil, existiu o reconhecimento da obrigação de um acompanhamento e auxílio pedagógico no âmbito hospitalar, através do Estatuto da Criança e do Adolescente Hospitalizado (ECAH), através da Resolução nº. 41, de outubro e 1995, no item 9 (nove), que diz que é direito da criança e do adolescente “ desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar”. Além disso, sob esta mesma expectativa de relação entre o ensino formal e o contexto hospitalar, pode-se citar a proposta na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), (MEC, 1996), a qual preconiza que toda criança e adolescente hospitalizado, disponha das chances possíveis, a fim de que os processos de desenvolvimento e aprendizagem não sejam suspensos. Sendo estes, documento de nuanças, estratégias e de orientações para o atendimento nas classes hospitalares, beneficiando o acesso à educação básica. Lima (2003), no seu estudo, expõe que em 1970 teve início o trabalho da classe hospitalar no Hospital das Clínicas da Faculdade de Ribeirão Preto (HCFMRP-USP), o qual passou por algumas mudanças até 1997 para seguir a linha atual do trabalho na classe hospitalar. Entretanto, foi só em 1981 que aumentou significativamente o número de hospitais que tinham esse atendimento. Segundo Libâneo (2001): “Todos os educadores seriamente interessados nas ciências da educação, entre elas a Pedagogia, precisam concentrar esforços em propostas de intervenção pedagógica nas várias esferas do educativo para enfrentamento dos desafios colocados pelas novas realidades do mundo contemporâneo. Na Universidade Federal de Sergipe (UFS), essa prática foi efetivada no ano de 2006 através do projeto “Ludoterapia: Uma Estratégia Pedagógico-Educacional para Crianças Hospitalizadas na Enfermaria Pediátrica do Hospital Universitário da Universidade Federal de Sergipe”. Este foi o primeiro trabalho relacionado à Pedagogia Hospitalar desenvolvido pelo Departamento de Educação da UFS. A partir de 2018 a LDBN que passou a vigorar com o acréscimo do art. 4º - A. Onde a resolução diz que: “É assegurado atendimento educacional, durante o período 18 de internação, ao aluno da educação básica internado para tratamento de saúde em regime hospitalar ou domiciliar por tempo prolongado, conforme dispuser o Poder Público em regulamento, na esfera de sua competência federativa. (Incluído pela Lei nº 13.716, de 2018). 2.1 CLASSES HOSPITALARES NO BRASIL DIVIDIDO POR REGIÕES: Levantamento feito e divulgado em 2015. Tabela 1 - Região Norte do Brasil Região Norte – 10 escolas em hospitais Tocantins 1 Pará 5 Acre 3 Roraima 1 Fonte:Disponível em: https://www.univeritas.com/noticias/classe-hospitalar-semeia- educacao-e-leva-ludicidade-criancas-com-cancer. Acesso em: 20 ago. 2019 Tabela 2 - Região Centro oeste do Brasil Região Centro Oeste – 26 escolas em hospitais Mato Grosso 3 Distrito Federal 12 Mato Grosso do Sul 6 Goiás 5 Fonte: Disponível em: https://www.univeritas.com/noticias/classe-hospitalar-semeia- educacao-e-leva-ludicidade-criancas-com-cancer. Acesso em: 20 ago. 2019. https://www.univeritas.com/noticias/classe-hospitalar-semeia-educacao-e-leva-ludicidade-criancas-com-cancer. https://www.univeritas.com/noticias/classe-hospitalar-semeia-educacao-e-leva-ludicidade-criancas-com-cancer.19 Tabela 3 - Região Nordeste do Brasil Região Nordeste - 27 escolas em hospitais Maranhão 1 Bahia 14 Rio Grande do Norte 6 Sergipe 2 Ceará 3 Pernambuco 1 Fonte: Disponível em: https://www.univeritas.com/noticias/classe-hospitalar-semeia- educacao-e-leva-ludicidade-criancas-com-cancer. Acesso em: 20 ago 2019. Tabela 4 - Região Sudeste do Brasil Região Sudeste – 63 escolas em hospitais São Paulo 35 Rio de Janeiro 17 Minas Gerais 10 Fonte: Disponível em: https://www.univeritas.com/noticias/classe-hospitalar-semeia- educacao-e-leva-ludicidade-criancas-com-cancer. Acesso em: 20 ago. 2019. Tabela 5 - Região Sul do Brasil Região Sul – 29 escolas em hospitais Paraná 16 Santa Catarina 9 Rio Grande do Sul 4 Fonte: Disponível em: https://www.univeritas.com/noticias/classe-hospitalar-semeia- educacao-e-leva-ludicidade-criancas-com-cancer. Acesso em: 20 ago. 2019. 20 3 A IMPORTANCIA DA PEDAGOGIA HOSPITALAR COMO MECANISMO EDUCACIONAL A pedagogia hospitalar pode estar presente em vários espaços e de modos diferentes dentro do hospital, por meio de brinquedotecas, nos ambulatórios, nos quartos, nas enfermarias e nas classes hospitalares. Porém, nesse estudo, será salientado o atendimento educacional prestado nas classes hospitalares. Essa modalidade de ensino denominado classe hospitalar é reconhecido Ministério da educação - MEC, através da Secretaria de Educação Especial de São Paulo (SEESP). A esse respeito, MEC – Secretaria de Educação Especial - SEESP (BRASIL, 2002, p. 13) afirma que: “Denomina-se classe hospitalar o atendimento pedagógico educacional que ocorre em ambientes de tratamento de saúde, seja na circunstância de internação, como tradicionalmente conhecida, seja na circunstância do atendimento em hospital- dia e hospital semana ou em serviços de atenção integral à saúde mental”. Sobre a prática educacional realizado no ambiente, Fonseca (2008, p.46) ressalta que: “O trabalho de escola hospitalar, ao mesmo tempo em que focado nos objetivos e vinculados aos conteúdos a desenvolver, deve ser adequado às necessidades e aos interesses dos alunos, provendo também, uma série de possíveis alternativas a fim de que, qualquer que seja o imprevisto que aconteça na sala de aula, tais momentos possam ser aproveitados”. Nesta perspectiva, o trabalho pedagógico desenvolvido dentro da classe hospitalar deve atender as necessidades do aluno, respeitando seu momento de internação e sua situação de escolaridade. Deve, acima de tudo, levar em consideração o ritmo, assim como qualquer aluno de ensino regular, ele também tem seu tempo. As aulas têm de ser baseadas em conteúdos expressivos, que trabalhe as habilidades e ainda a autoestima. Conforme destacado acima, é de suma importância que as atividades tenham começo, meio e fim, porque os altos e baixos da doença influenciam no ato das atividades (FONSECA, 2008). O pedagogo tem um papel importante dentro do âmbito hospitalar, e sobre sua prática e seu papel Matos; Mugiatti (2007) afirmam que: 21 A Pedagogia Hospitalar é um processo alternativo de educação continuada que ultrapassa o contexto formal da escola, pois levanta parâmetros para o atendimento de necessidades especiais transitórias do educando, em ambiente hospitalar e/ou domiciliar. Desta forma, a intenção é de despertar na criança o entusiasmo para que mesmo enferma, continue seus estudos. Sendo assim, o educador hospitalar adequa bem-estar ao sujeito enfermo, transferindo um pouco do seu dia-a-dia para dentro daquele novo contexto, proporcionando uma sensação sadia, embora tenha sua enfermidade. Todavia a continuação dada aos seus estudos, muitas vezes, contribui para sua recuperação. Na relação entre paciente e hospital, é preciso considerar sua individualidade que não perpassa pelas informações contidas no diagnóstico aplicado pelo hospital. Isso vai permitir chegar ao entendimento de qual o melhor tratamento indicado para a recuperação de sua saúde. Além dos físicos, outros fatores podem alterar o quadro de uma patologia e devem ser considerados no momento de diagnosticar o tratamento adequado para cada paciente. Isso porque já se sabe que “ as pessoas não se limitam às expressões das doenças de que são portadoras. ” (BRASIL, 2004, p. 5). Ademais, “ é preciso saber, além do que o sujeito apresenta de igual – o que ele apresenta de diferente, de singular” (BRASIL, 2004, p. 6). Pensando em humanizar seu ambiente melhorando o atendimento oferecido ao paciente, atualmente o hospital divide seu espaço com assistentes sociais, psicólogos, pedagogos, enfermeiros, familiares, voluntários, artistas, arte-educadores, palhaços, musicoterapeutas, dentre outros. ” (MATOS, 2009, p. 136). Tal ação se deve ao entendimento de que, só a partir dessas parcerias é possível desenvolver um trabalho multidisciplinar, logo, humanizado. Nesse sentido, além de melhorar seu funcionamento, oferece ao indivíduo aquilo que ele necessita para ter uma melhor hospitalização. Segundo Matos (2009, p.136), fala que: Com o processo de humanização hospitalar, percebe-se que mais que medicamentos e tradicionais procedimentos médicos, os enfermos precisavam de outro tipo de atendimento para melhorar a estada no hospital. Dessa forma, a ideia que norteia este trabalho é a de apresentar a classe hospitalar como uma modalidade de atendimento educacional participante das políticas públicas que se insere neste contexto de humanização na saúde numa perspectiva da transversalidade, tomando como baseamento a proposta do PNH em 22 sua política transversal no processo de implementação da Humanização não como um programa, mas como política que atravessa diferentes ações gestoras, capazes de construir estratégias comprometidas com a “dupla tarefa de produção de saúde e de produção de sujeitos.” O trabalho realizado pelo pedagogo no ambiente hospitalar visa humanizar este ambiente, pois, possibilita ao profissional trabalhar com maior flexibilidade e interação com a criança ou adolescente interno, sua família e os diversos profissionais envolvidos com o tratamento, fazendo adaptações quando necessárias. A pedagogia realiza um processo educativo com a colaboração e participação de todos da equipe de saúde, envolvidos com o mesmo objetivo de favorecer o tratamento e cura do paciente. De acordo com Esteves (2008), a Pedagogia Hospitalar tem se expandindo no atendimento às crianças hospitalizadas em muitos hospitais do Brasil priorizando a visão humanística, compreendendo o ser humano de forma global nas suas necessidades físicas, emocionais, afetivas e sociais. De acordo com Matos; Mugiatti (2009), “as mudanças requerem ações e obrigações do profissional ao objetivo maior da educação que é inovar desafiando velhos sistemas ousando para alcançar o ato final que é o educar”. Toca aos profissionais da educação se sentirem parte da equipe hospitalar, porque, o seu trabalho de educar é social, contribui para a autoestima do doente, o professor da classe hospitalar é um agente de mudanças mediante ações pedagógicas integradas. Por assim analisar, o papel do educador é vencer os desafios do ambiente hospitalar, seu êxito está nas contribuições que presta fazendo do ato de viver uma grande oportunidade para o ensino aprendizagem. É necessário destacar que o ambiente hospitalar afasta o doente por um período da sociedade, provocando privações. E o isolamento da escola onde o aluno estaria em pleno período de aprendizagem, desenvolvendo a comunicação e troca de experiências e estes fatores podem gerar sequelas para toda a vida. Sendo assim, a Pedagogia Hospitalar entra com um recurso contributivo a cura. Pois, a mesma favorece o resgate da humanização e da cidadania, aproximando o aluno ao ambiente escolar. Para Matos; Elizete(2009) a indisciplinaridade corresponde aos diversos saberes conferidos em ambiente hospitalar, como sensível resposta à formação da 23 vida com a saúde. Porto (2008) ressalta que para que todo trabalho hospitalar se torne eficiente e eficaz, é imprescindível a organização de toda comunidade hospitalar. Antes de começar um trabalho em equipe é importante conhecer seus participantes, e para isto é necessário o ato de observar cada membro, pois a observação é o ponto de partida para se formar uma equipe participativa e comprometida com o grupo e o trabalho a ser desempenhado”. Para Porto (2008, p. 30), “O primeiro passo é entender o que são grupos e equipes para fazermos uma inferência em nosso trabalho”. Ressaltar-se que é necessário conhecer as obrigações do grupo e pô-las a lutar, dividindo tarefas e multiplicando resultados positivos. É necessário para um bom trabalho em equipe o comprometimento e o envolvimento de cada membro e que essa coesão é essencial para fazer-se cumprir as normas, alcançando assim, a proposta do trabalho cuja fidelidade é se chegar aos resultados, portanto é necessária a interação do grupo. O trabalho de equipe deve ser harmônico, e a solidariedade é fundamental para o andamento de um trabalho seguro e completo. Para Porto (2008), a maior finalidade do trabalho pedagógico é realizar apoio em relação ao aprendizado do paciente interno de forma a promover a humanização deste colaborando para a promoção da sua saúde. O trabalho hospitalar oferece momentos de alegria e bem estar, estimulando assim, a autoestima. A autora destaca a relevância da escuta pedagógica no processo de humanização da prática pedagógica hospitalar, referindo ao fato de que a criança ou adulto tem a obrigação de ser observado como um todo e não apenas como um aluno, observando seu estado físico, levando em consideração que o mais importante é a sua saúde, se for imprescindível anular aquele momento de estudo em grupo ou individual, o professor deverá fazê-lo em favor do bem estar do mesmo. Conforme Oliveira et al., (2008) a escuta pedagógica é o ato de enfatizar as necessidades imediatas da criança, sua necessidade de aprendizagem para que futuramente a mesma possa regressar à sala de aula. De forma que as mesmas retornem aos seus estudos sem prejuízos, contribui ainda para o desenvolvimento cognitivo da criança hospitalizada. A escuta pedagógica deve observar cada gesto e atitude da criança/paciente 24 reconhecendo que no âmbito hospitalar a criança se encontra em momento delicado de sua vida, se faz necessário à atuação da escuta pedagogia, o afeto e a atenção do professor. Segundo Rejane (2005), As crianças criam, assim, estratégias de sobrevivência a partir dos desafios físicos impostos pela hospitalização. Como referência à escola, o professor pode tornar-se a ponte, através da realização de atividades pedagógicas e recreativas, com um mundo saudável (a escola) que é levado, pelas próprias crianças, para o interior do hospital como continuidade dos laços de aprendizagem e de vida. Essa idéia de escola que as crianças levam para o universo hospitalar pode ser lida como a representação de um lugar de constituição e referência da identidade de infância. A escuta pedagógica se refere à compreensão de expectativas e sentido, ouvindo através das palavras do que é dito e observando os momentos de silêncio, ouvindo as expressões e gestos. A escuta não se limita ao campo da fala ou do que é falado. A escuta pedagógica atenta e sensível, pode-se colaborar para o resgate da autoestima contribuindo para o bem-estar e a saúde da criança hospitalizada. No momento da escuta, o professor se torna um pesquisador, ele não julga não mede, não compara, ele se relaciona com o outro e o conhece em sua totalidade sem dar opiniões no que é dito ou feito. Para Porto (2008), a relação de ressaltar o outro, escutar, analisar, compreender seu estado é uma relação cotidiana, dinâmica, que ocorre através da interação entre o professor e o aluno. Assim, o pedagogo atende o aluno como um ser humano e não como um objeto de trabalho. É necessário aderir a uma forma de trabalho humanizada em todas as áreas da educação e, sobretudo no ambiente hospitalar dados os cuidados imprescindíveis com a pessoa enferma. Portanto, a relação dos grupos e equipes de trabalho, assim como a escuta e atenção individualizada se torna urgente e eficaz para o bom trabalho educacional e bem estar da criança/adolescente hospitalizada. 25 4 O PAPEL DO PEDAGOGO HOSPITALAR O pedagogo hospitalar tem função essencial dentro da educação, pois tem como finalidade acompanhar a criança ou adolescente no período de ausência escolar, internados em instituições hospitalares. O trabalho existe, todavia, deveria ter mais atenção para que fossem criadas classes hospitalares em todos os locais da saúde, bem como atendimento de ensino de educação especial na modalidade de educação especial caracterizado pela realização de diferentes atividades e por atender crianças e adolescentes internados, recuperando a criança em um processo de inclusão, oferecendo condições de aprendizagem. A classe hospitalar oferece à criança a vivência escolar, o professor precisa ter um planejamento estruturado e também flexível. O ambiente da classe hospitalar deve ser acolhedor, um espaço pedagógico alegre e aconchegante fazendo com que a criança enferma melhore emocional, mental e fisicamente. A pedagogia hospitalar poderá atuar nas unidades de internação ou na ala de recreação do hospital. Esta nova prática pedagógica ameniza o sofrimento da criança internada no hospital, o paciente se envolve em atividades pedagógicas esquematizadas por profissionais voltados a área da educação. Para Ortiz (1999):"A classe hospitalar é uma abordagem de educação ressignificada como preferência, ao lado do tratamento terapêutico". A pedagogia hospitalar é um modo de ensino da Educação Especial que visa à ação do educador no ambiente hospitalar, no qual atende crianças com necessidades educativas especiais transitórias, ou seja, crianças que por motivo de doença precisam de atendimento escolar diferenciado e especializado. Compete ao hospital buscar alternativas e métodos qualificados que possibilitem aos pacientes usufruírem de abordagens educativas por um determinado espaço de tempo. O professor que trabalhará diretamente com os alunos em sua classe hospitalar ou no atendimento domiciliar deverá segundo documento do MEC; SEESP, 2002: [...] estar capacitado para trabalhar com a diversidade humana e diferentes vivências culturais, identificando as necessidades educacionais especiais dos educandos impedidos de frequentar a escola, definindo e implantando estratégias de flexibilização e adaptação curriculares. Deverá, ainda, propor os procedimentos 26 didático-pedagógicos e as práticas alternativas necessárias ao processo ensino- aprendizagem dos alunos, bem como ter disponibilidade para o trabalho em equipe e o assessoramento às escolas quanto à inclusão dos educandos que estiverem afastados do sistema educacional, seja no seu retorno, seja para o seu ingresso. Este novo ambiente de atuação do Pedagogo vem sendo estudado como uma nova visão de ensinar, dando oportunidade as crianças afastadas da escola por motivos de saúde, também ajuda nos transtornos emocionais causados pela internação, como a raiva, insegurança, incapacidades e frustrações que podem prejudicar na recuperação do paciente. A Pedagogia Hospitalar é um processo alternativo de educação, pois ela supera os métodos convencionais escola/aluno, buscando dentro da educação formas de apoiar o paciente (crianças e adolescentes) hospitalizados. Segundo SHHIRMER, “algumas vezes os alunos estarão impedidos de acompanhar as aulas com a regularidade necessária, por motivode internação hospitalar ou de cuidados de saúde que deverão ser priorizados. Neste momento, o professor especializado poderá propor o atendimento educacional hospitalar ou acompanhamento domiciliar, até que esse aluno retorne ao grupo, tão logo os problemas de saúde se estabilizarem” (SCHIRMER, 2007, p. 23). A pedagogia hospitalar é um desafio, para o pedagogo que desenvolve um trabalho humanizado ajudando pacientes prejudicados na sua escolarização, proporcionando conhecimento e qualidade de vida ao paciente. A educação no hospital tem como princípio o atendimento personalizado ao educando na qual se trabalha uma proposta pedagógica com as necessidades, estabelecendo critérios que respeitem a patologia do paciente. No hospital a criança está longe do seu cotidiano voltado pelos amigos, brincadeiras e escola entrando em contato com integrantes do hospital enfermeiras, médicos além da família, por isso e fundamental a atenção do educador em articular atividades para a aceitação do paciente, na situação de internação no hospital. O professor deve se adaptar à realidade em que a criança se encontra no hospital como a área disponível para a realização das atividades lúdicas pedagógicas, recreativas; densidade de leitos na enfermaria pediátrica e dinâmica da utilização do espaço; adaptar agenda de horários. 27 No trabalho desses professores tem que se ter um carinho enorme e conversar muito sobre o quadro dos pacientes, sobre como eles estão respeitando-o. Nem sempre essa criança/adolescente vai estar disposta a fazer atividades e não é porque não tenha interesse, mas, porque naquele momento ele não está aberto a essa atividade. Nesse contexto, também cabe contribuição de Brandão (2005, p. 7): “Ninguém escapa da educação. Em casa, na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitos todos nós envolvemos pedaços da vida com ela: para aprender, para ensinar, para aprender-e-ensinar. Para saber, para fazer, para ser ou para conviver, todos os dias misturamos a vida com a educação. Com uma ou com várias: educação? Educações”. O pedagogo ao implantar uma classe hospitalar deve se preocupar com a presença da brinquedoteca. Cunha (2001), vem abordar a infância e a função da brinquedoteca, em que esta última se configura como um espaço destinado à brincadeira, onde a criança brinca sossegada, sem cobrança e sem sentir que está perdendo tempo, estimulando sua autoestima e o processo sócio cognitivo. Atuação de recreadores e ainda a presença dos pais ou responsáveis integrando–os nas atividades correntes de uma classe hospitalar. As formas de convivência democrática encorajam a autonomia e estimula o amadurecimento emocional. Nesse espaço tão especial que é a brinquedoteca, a criança pode conhecer novos tipos de relacionamento entre as pessoas de forma prazerosa e enriquecedora. O profissional deve ser criativo explorar os espaços, podendo assim realizar dinâmicas de teatro, propor maneiras e materiais alternativos na confecção de jogos e brinquedos. Sendo assim, as classes hospitalares possuem uma pedagogia caracterizada pela educação sistematizada, no qual a planejamento no ensino, avaliação, encontro e socialização das crianças e professores, no hospital deve proporcionar um espaço onde as crianças possam expor seus trabalhos (murais), lugar para guardar lápis, papéis, cadernos, etc. O local deve ser lúdico e recreativo tendo jogos e brincadeiras, concretizadas de acordo com o estado do paciente, com o intuito de expressar a partir de uma linguagem simbólica, medos, sentimentos e ideias que ajudem no enfrentamento da doença e do ambiente. O trabalho do pedagogo hospitalar ainda tem como proposta a intervenção terapêutica procurando resgatar seu espaço sadio, provocando a 28 criatividade, as manifestações de alegria, os laços sociais e a diminuição de barreiras e preconceitos da doença e da hospitalização, a metodologia deve ser variada mudando a rotina da criança no qual permanece no hospital. A presença do profissional pedagogo no hospital pode colaborar muito positivamente na educação das crianças e adolescentes internados, desde que sua presença seja compreendida como uma possibilidade de desenvolvimento de trabalho em parceria, sem hierarquizações, de mãos dadas com os demais profissionais. Assim, segundo Batista (2007): O trabalho do profissional pedagogo no hospital requer capacidade para lidar com as diferenças, respeito às condições culturais e existenciais das pessoas sem discriminá-las. Faz-se necessário também entender os diferentes ritmos de progressão dos alunos, dos procedimentos, dos contratos pedagógicos e elaborar atividades que contemplem tanto a variação de idades dos alunos, bem como a diversidade relacionada às histórias de vida e das suas escolas. Uma das didáticas empregadas é a utilização de atividades nas áreas de linguagem (narrativa de histórias, problematizações, leitura de imagem, comunicação por meio de atividades lúdicas), estas atividades podem auxiliar numa prática humanizada no atendimento Escolar /Hospitalar. Uma atuação mais eficiente contribuiria positivamente para o desenvolvimento geral da criança cujo estado de saúde requeira hospitalização. (CECCIM,1999). Os materiais pedagógicos devem ser manejados e transportados com facilidade, podendo utilizar teclados de computador adaptados, suporte para lápis, o Softwares educativos, vídeos educativos, etc. Conforme Porto (2008, p. 55), “A brinquedoteca deve ser um lugar limpo, aconchegante, colorido e arrumado a cada sessão de atividades”. É o lugar onde geralmente as crianças se interagem, resgata as brincadeiras tradicionais e assegura a criança o seu direito de brincar”. Para Vygotsky, as brincadeiras expressavam determinada coisa especial no desenvolvimento das crianças. No momento que ele discute o papel do brinquedo, refere-se designadamente à brincadeira de “faz de conta”, como brincar de casinha, brincar de escolinha, brincar com cabo de vassoura como se fosse um cavalo. (VYGOTSKY apud OLIVEIRA, 1993, p. 66). 29 Figura 3 - Brincar Fonte: MANSUR, André Uebe et al. Outras realidadespelo país: classes hospitalares garantia de estudo paracriança em período de internação. Rio de Janeiro, 2009. Disponível em: http://didaticafundamental.blogspot.com/2009_05_01_archive.html. Acesso em: 25 mar. 2019. Segundo Soares, “o letramento parte da leitura e da escrita que estão implantadas no nosso contexto social. A técnica do letramento vai além do aprendizado da decodificação da língua escrita, ou seja, o indivíduo letrado é aquele que compreende e os emprega em suas práticas de escrita”. Magda Soares, ainda completa dizendo que letramento constitui “o resultado da atuação de ensinar e de aprender a ler e escrever: o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como resultado de ter se apropriado da escrita” (SOARES, 2006, p. 18). Figura 4 - Praticando a Escrita. Fonte: Disponível em: http://g1.globo.com/educacao/noticia/2015/03/criancas-internadas-ha- mais-de-15-dias-podem-ter-aulas-em-hospitais.html. Acesso em: 27 jul. 2019. http://g1.globo.com/educacao/noticia/2015/03/criancas-internadas-ha-mais-de-15-dias-podem-ter-aulas-em-hospitais.html http://g1.globo.com/educacao/noticia/2015/03/criancas-internadas-ha-mais-de-15-dias-podem-ter-aulas-em-hospitais.html 30 Crianças hospitalizadas tendem a ter um processo de depressão por todos os motivos que a prende aquela situação. No caso do desenho. A atividade de desenhar, deixa essas crianças que estão hospitalizadas por um período longo de tempo mais alegres e com outros pensamentos que tiram a atenção por alguns momentos das dores que sentem e da ausência da rotina de casa e da escola. Como expõe Christo e Silva (2005, p. 65), “O papel representa as variações, as formas, ascores, a rugosidade, ou grossuras intervindo no processo e resultado do trabalho. A técnica do desenho vivenciada pela criança começa como uma função característica até se tornar uma representação simbólica abstrata e então surge o objetivo de representar o seu eu, o seu mundo por meio desse jogo simbólico. A criança começa a empregar dos riscos e rabiscos, desde os mais simples até os mais complexos, desenvolvendo assim uma base para a escrita. Assim, também temos a prática do desenho que tem como relevância acompanhar a fase da fala, porque esta permeia o desenho, sendo essencial para o desenvolvimento da criança. Esta modalidade pedagógica que é muito usada nos hospitais por ser avaliada como um conjunto de atividades que adequa ao aluno/paciente ao desenvolvimento e a vivência de um trabalho expressivo e criativo. Figura 5 - Prática de desenho Fonte: Disponível em: http://hugocriativo.com/2015/03/hospital-do-cancer-projeto-desenha- que.html#.XWlyLjZKjIU. Acesso em: 27 jul. 2019. http://hugocriativo.com/2015/03/hospital-do-cancer-projeto-desenha-que.html#.XWlyLjZKjIU http://hugocriativo.com/2015/03/hospital-do-cancer-projeto-desenha-que.html#.XWlyLjZKjIU 31 Segundo Oaklander (1980), “a pintura possui o seu indispensável valor. As crianças têm o prazer de pintar e adoram o caráter fluente e o brilho das tintas de pintura. A pintura lida com os sentimentos. O uso das tintas facilita a expressão de afetos, emoções, que são revelados sutilmente na hora de escolher as cores. Tons escuros podem, por exemplo, revelar tendências depressivas, mas não necessariamente. Ao utilizar as mãos, utiliza-se não só a emoção, por causa das cores, mas também se elabora a sensação”. Essa prática pode estimular a criatividade da criança e também, trabalhar a coordenação motora, a organização das cores de alguns brinquedos lúdicos, além de despertar para a sensibilidade e o gosto pela arte de pintar. Para Pain (1996), a criança, à medida que se apropria de seus gestos, também procura deixar sua marca. A pintura para a criança deve ser de livre criação, ou seja, deve ter sempre o toque pessoal da criança e deve ser sempre espontânea. Figura 6 - Desenvolver a criatividade Fonte: Disponível em: https://petpedufba.files.wordpress.com. Acesso em: 27 jul. 2019. Conforme Porto (2008), “toda criança gosta de literatura, isto é, de ouvir e contar histórias. Por meio delas, podem-se abordar os mais variados temas e, no caso de a criança contar a história, a mesma ainda pode investigar outros aspectos trazidos por ela. O uso de histórias em algum trabalho com crianças envolve a invenção de 32 histórias, que ocorre livremente ou através de técnicas variadas. A arte de contar histórias para a criança pode envolver histórias infantis, mitos, contos de fadas, lendas, fábulas, folclore, literatura clássica entre outros. Quando uma criança conta uma história livre, ela imagina sempre algo de sua vida, fala de algum assunto que seja importante para ela ou conta algo de sua própria vida. O jeito que essa criança termina a história evidencia como ela resolve seus problemas. “Ao se contar uma história, deve-se ter claro o objetivo que se deseja atingir com essa atividade e estudar previamente a história, por intermédio dos personagens, seres inanimados que compõem a história; espaço onde essa se passa (local); a época etc.” (PORTO, 2008. p. 79-80) Figura 7 - Contando histórias Fonte: SOUSA (2010) Blog Naveletras. Disponível em: http://denisedias.blogspot.com/2010/09/projeto-de-extensao-na-unebcontacao- de.html Acesso em: 27 jul. 2019 Conforme Barros, “o recorte/colagem é uma atividade pedagógica que contribui para o desenvolvimento da área motora da criança, que muitas vezes precisa de estímulos adequados para praticar seus movimentos. Nestas modalidades o pedagogo hospitalar pode usufruir de meios educativos como a educação lúdica que http://denisedias.blogspot.com/2010/09/projeto-de-extensao-na-unebcontacao-de.html http://denisedias.blogspot.com/2010/09/projeto-de-extensao-na-unebcontacao-de.html 33 promove distração e diversão ao hospitalizado trabalhando modalidades artísticas, brinquedos e jogos, explorando a criatividade, facilitando assim, a recuperação da saúde do aluno-paciente”. (BARROS, 2007) Todos esses movimentos são essenciais para que a criança evolua emocionalmente e intelectualmente. Ela deve ter sempre estímulos adequados para a evolução com movimentos mais leves, finos e precisos das mãos que são indispensáveis para uma boa escrita. Figura 8 - Recorte e colagem Fonte: GUSMÃO (2010). Disponível em: Acesso em: 27 jul. 2019 Para Gonçalves (1999), para essa técnica podem ser empregadas diversas técnicas com o uso de instrumentos musicais como violão, flauta, tambor e outros instrumentos de percussão. Para a linguagem musical, o pedagogo poderá fazer uma abordagem sobre música instrumental, erudita e popular, cirandas, cantigas regionais e folclóricas ou ainda formar com as crianças grupos de corais. A prática da música é um convite para a criança participar das atividades recreativas, individualmente ou em grupos de crianças e adultos. É um momento de descontração e motivação que proporciona à criança a liberdade de expressão, concentração e autoestima. A música, quando trabalhada de forma lúdica, pode criar um clima especial, 34 propiciando experiências ricas que estão presentes no interior das crianças. Do ponto de vista de Gainza: A música é um meio de comunicação, de criatividade e de alegria, podendo se manifestar também no ambiente hospitalar. O objetivo específico da educação musical é musicalizar, ou seja, tornar a criança sensível e receptiva ao fenômeno sonoro, promovendo nela, ao mesmo tempo, respostas de índole musical. (GAINZA, 1998, p. 101). De acordo com Dohme (2003), a música é uma grande aliada das apresentações teatrais; é empregada para criar um clima de suspense, de alegria, de emoção e, geralmente, surge com grande destaque para dar um encerramento marcante. Figura 9 - Cantando Fonte: grupo a família internacional de Curitiba Fonte: GRUPO A FAMÍLIA INTERNACIONAL DE CURITIBA. Palestra em Universidade de Matinhos. Curitiba, 2007. Disponível em: http://afamiliaemcuritiba.blogspot.com/2007_04_01_archive.html. Acesso em: 28 jul. 2019. As atividades com sucatas são um tipo de trabalho criado pelas crianças, com o qual elas aprendem brincando e se utilizam de materiais reciclados. Esses trabalhos abrangem a imaginação, a percepção, a observação e a criatividade. Ao exercer a brincadeira com sucatas, a criança demonstra a capacidade de escolher o material do seu interesse e explorá-lo segundo com sua imaginação e forma lúdica. Porto (2008) acredita que “A sucata é um brinquedo não estruturado em que é necessário existir uma ação da própria criança para que a brincadeira aconteça”. 35 Na opinião de Olívia Porto: As crianças não só entram em contato com o que os seus músculos fazem, quando soltadas a se moverem de formas específicas, como se conscientizam do movimento e de sua forma de expressar, podendo modificar-se quando isso se dá de uma forma desconfortável para ela ou inadequada. (PORTO, 2008, p. 88). A arte de fabricar os próprios brinquedos mexe com o imaginário das crianças, porque esse trabalho coloca em técnica a criatividade e a habilidade de se criar algo singular a partir das sucatas, ou seja, o lixo que jogamos fora. Nessa prática, o professor pode utilizar com os alunos materiais como latas, caixas de fósforo e de papelão, tampinhas de garrafa, tecido, rolos de papel higiênico, palitos de picolé, fitas, botões e outros que julgar conveniente. É relevante que a criança escolha a sucata explorando, portanto, o que quer trabalhar, tendo liberdade de explorar todas as chancesque quiser. A criança ao vivenciar esta prática, desenvolve a imaginação e sensibilidade, sendo assim, muito significativo no âmbito hospitalar. Conforme SILVA (2014), para muitos estudantes enfermos, a aprendizagem e a participação nas atividades educativas propostas no atendimento pedagógico- educacional hospitalar são eminentemente desafiadoras. Acredita-se que os recursos tecnológicos no atendimento pedagógico no hospital podem atenuar a limitação própria do adoecimento (coordenação motora, locomoção, motivacionais) e potencializar a aprendizagem do educando em tratamento médico-hospitalar. A utilização do computador é imprescindível, visto que essa prática engloba várias outras como a estimulação da curiosidade para a pesquisa, o desenvolvimento da linguagem cognitiva com o meio eletroeletrônico, o desenvolvimento da coordenação motora, o contato com o mundo externo pela Internet e a promoção da recreação através dos jogos estratégicos. O recurso da informática é muito importante no tratamento das crianças, sobretudo nos casos de doenças crônicas ou traumatologia, porque, dependendo da especificidade dessas doenças, é o computador que irá permitir a aprendizagem e o registro da mesma pela criança. O uso dessas novas tecnologias nas classes hospitalares deve ir além de fazer o uso de computadores, da informática dos softwares educativos e da internet. Devem estar adequados também com a abordagem pedagógica interacionista que ligada com às técnicas possa superar a educação fixada em informações transmitas pelo pedagogo hospitalar. O professor nessa perspectiva passa a ser o incentivador, o 36 facilitador do processo de aprendizagem; e as tecnologias, recursos para auxiliar esse aluno hospitalizado na construção e aperfeiçoamento de seus conhecimentos. Figura 10 - Informática nos hospitais Fonte: ALVES, Laurinda. Net e computadores no hospital. . Disponível em: http:// laurindaalves.blogs.sapo.pt/120846.html.Acesso em: 28 jul. 2019. 37 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS Finalizando este trabalho podemos ressaltar em vários escritos que foram lidos, que embora a formação do pedagogo para a atuação em classe hospitalar ainda precise ir além da especialização, a sua contribuição para a educação é de fundamental importância, pois além de ocupar-se deste espaço a sua presença nas classes hospitalares ressignifica este espaço por meio da linguagem, do afeto, das interações sociais que este pode propiciar. Portanto, a pedagogia hospitalar e a formação do pedagogo para esta realidade são de fato imprescindível e carece de atenção. Ao término deste trabalho, podemos concluir que seu contexto se estabeleceu um debate acerca de um conjunto de capacidades e aptidões para professor e aluno. A análise regressiva feita sobre o que foi entendido nas leituras feitas sobre as práticas nos hospitais e dos acontecimentos resultantes desse trabalho vem abreviar, de um modo prático a obrigação do auxílio à criança doente em fase escolar, isto é, a verdadeira obrigação de se desenvolver a escolarização hospitalizada, confirmando os benefícios proporcionados, e que são de ampla vantagem à sociedade. O pedagogo pode, com capacidade, explorar em toda a sua extensão novas práticas e, juntamente, tirar dessa experiência ampla fonte de aprendizagem que lhe será permitida na troca de relações, o que poderá ajudá-lo ainda na busca de saídas quanto às obrigações de outras crianças. Refletir a realidade da prática pedagógica é abranger que a mesma deve ser vista e esquematizada para o aluno como uma experiência para a vida. Compreendemos que as práticas educativas, são para as crianças muito importante, porque, ao desempenhar as atividades no hospital, se sentem mais independentes e responsáveis por darem continuação aos seus estudos e por si própria. E essa percepção de liberdade ainda se fará pensar em seu estado físico e emocional, tornando sua recuperação mais leve e aprazível. Acreditamos que as práticas pedagógicas não são estáticas, elas estarão sempre alterando segundo as precisões de cada indivíduo. Assim, registro aqui a ajuda, falando a acerca das práticas educativas, mas existe também muito que estudar sobre este tema, porque, o “fazer pedagógico” não se esgota jamais e depende continuamente de novos estudos que deem continuação às descobertas que irão aparecer com o passar do 38 tempo. Nesta pesquisa, desenvolvida como Trabalho de Conclusão para Curso de Pedagogia da Faculdade Fera, resulta dos questionamentos a respeito da Pedagogia Hospitalar e da Formação do profissional Pedagogo neste contexto. Por meio deste estudo pode-se investigar de maneira teórica a importância das classes hospitalares, e a sua contribuição para a educação como elemento de continuidade e até mesmo em muitos casos de início da escolarização para crianças e adolescentes. O pedagogo tem um papel fundamental na sociedade visto que este é o profissional que tem formação para trabalhar com a educação, conhece os seus problemas e suas contextualizações. Na discussão sobre sua formação nesta pesquisa. Um dos aspectos mais importantes deste trabalho foi à verificação de que as classes hospitalares devem estar voltadas para a continuidade dos conteúdos escolares, porém o trabalho desenvolvido deve se nortear na escuta pedagógica como defende Ceccim (1997): Certamente não é possível esgotar o tema visto que se trata de um campo novo para a educação, porém se faz necessário se desenvolver mais pesquisas e estudos diante desta nova realidade social, política e econômica, bem como discutir tal temática na graduação de Pedagogia por meio de oferta de disciplina que a contemple. Como enfatizado no decorrer deste trabalho a Pedagogia Hospitalar e as classes hospitalares tem um papel fundamental no resgate da cidadania, cabendo aos órgãos governamentais a implementação de forma satisfatória. Busquei também neste trabalho buscar as leis que fundamentam as classes hospitalares como a LDB e a lei 9394/96 e outras. O objetivo principal deste trabalho como apresentado nos objetivos e no problema de pesquisa, foi verificar a formação do pedagogo para a sua atuação em uma classe hospitalar. Tendo como base, todo o trabalho bibliográfico realizado conclui-se que, a pedagogia hospitalar e as classes hospitalares são importantes para a atuação do pedagogo, bem como um campo de trabalho que se abre e, que sua formação demanda não só os conhecimentos adquiridos em graduação e pós-graduação, mas este profissional deve desenvolver uma escuta pedagógica nestes espaços, onde a dor e o sofrimento são constantes. Devemos considerar como reflexão a falta de interesse de alguns dos nossos 39 governos estaduais, municipais e até mesmo dos hospitais em tornar a implantação das classes hospitalares uma realidade em todos os espaços, garantindo o direito das crianças hospitalizadas em dar sequência em seus estudos quando permanecer fora da classe regular. De maneira geral a pesquisa contribuiu para o entendimento do papel do pedagogo e da educação para os indivíduos, principalmente, aqueles que por um motivo de saúde ficam fora deste contexto, dar-se aí a importância das classes hospitalares e a formação do pedagogo para esta realidade. A atuação junto às crianças e adolescentes que se encontram em tratamento, possibilita um acompanhamento desta realidade, confirmando também a necessidade do pedagogo no hospital, visto que as necessidades educacionais da criança e adolescentes internados também devem ser respeitadas e priorizadas. Desta forma ao longo do estudo foi percebido que, a pedagogia hospitalar é importante para a recuperação da criança e do adolescente internados é fundamental no seu processo de ensino aprendizagem compreendendo o seu acompanhamentodurante este período. Dentro do hospital e de sua dinâmica a classe escolar é um espaço pedagógico com propostas educativas e escolares para a criança e ao adolescente, que se apropriando do conhecimento sistematizado assegura a manutenção dos vínculos escolares, se torna um espaço de interação social, atuando na prevenção do fracasso escolar, que para a criança é tão traumatizante quanto à doença. Pelo fato da permanência das crianças ser cíclica, devido às internações e altas hospitalares, o professor também precisa saber lidar com a alternância dos alunos e imprevisibilidade. Nem sempre irão estar dispostos a tudo. O pedagogo hospitalar precisa saber reconhecer esses momentos e respeitar. 40 REFERÊNCIAS ALAGOAS. (Estado). Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente de Alagoas. Estatuto da Criança e do Adolescente: 20 anos. Maceió: CEDCA- AL, 2010. Disponível em: http://www.conselhodacrianca.al.gov.br/sala-de- imprensa/publicacoes/ECA%20ATUALIZADO.pdf/view. 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