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A linguagem e suas alterações

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A linguagem e suas alterações
Definição
É uma atividade especificamente humana, talvez a mais característica de nossas atividades mentais. É o principal instrumento de comunicação dos seres humanos. Além disso, é fundamental na elaboração e na expressão do pensamento. Alterações da linguagem, embora de definição e delimitação difíceis, sempre foram de grande interesse para a psicopatologia.
(revisão em Thomas; Fraser, 1994).
Alterações da linguagem secundárias a lesão neuronal identificável
Tais alterações ocorrem geralmente associadas a acidentes vasculares cerebrais, tumores cerebrais, malformações arterio-venosas, etc. Há, portanto, alterações neuronais identificáveis, evidentes, que produzem esses sintomas. Na maioria dos casos, as lesões ocorrem no hemisfério esquerdo, nas regiões ditas áreas cerebrais da linguagem (frontal póstero-inferior, temporal póstero-superior, etc.). É comum, portanto, que os déficits orgânicos da linguagem venham acompanhados de hemiparesias do dimídio direito do corpo.
Afasia
É a perda da linguagem, falada e escrita, por incapacidade de compreender e utilizar os símbolos verbais.
(revisões em Engelhardt; Laks; Rozenthal, 1996;
 Madalozzo; Tognola, 2006).
A afasia é sempre a perda de habilidade linguística que foi previamente adquirida no desenvolvimento cognitivo do indivíduo; tal perda se deve, em regra, a lesão neuronal do SNC. 
Afasia
Assim, a afasia é, por definição, um distúrbio orgânico da linguagem, na ausência de incapacidade motora (do órgão fonador) para produzi-la. Também importante para o diagnóstico de afasia é que não haja perda global e grave da cognição como um todo. 
Parafasias
São formas mais discretas de déficit de linguagem, nas quais o indivíduo deforma determinadas palavras, como designar de “cameila” a cadeira, de “ibro” o livro, e assim por diante. Ocorrem muitas vezes no início das síndromes demenciais.
Agrafia
É a perda, por lesão orgânica, da linguagem escrita, sem que haja qualquer déficit motor ou perda cognitiva global. Ocorre em forma pura (agrafia pura, por lesão da segunda circunvolução frontal) e em forma associada às afasias.
Alexia
É a perda, de origem neurológica, da capacidade previamente adquirida para a leitura. Dá-se associada às afasias e às agrafias. Pode ocorrer forma pura e isolada. A dislexia é uma disfunção leve de leitura, encontrada principalmente em crianças que apresentam dificuldades diversas no aprendizado da linguagem escrita.
Disartria
É a incapacidade de articular corretamente as palavras devido a alterações neuronais referentes ao aparelho fonador, alterações estas que produzem paresias, paralisias ou ataxias da musculatura da fonação. A fala é pastosa, aparentemente “embriagada”; a articulação das consoantes labiais e dentais é muito defeituosa, tornando, às vezes, difícil a compreensão. 
Disartria
Foram descritas formas flácidas, espásticas, hiper e hipocinéticas de disartria. Ocorrem em inúmeras patologias neuropsiquiátricas e neurológicas, particularmente na paralisia geral progressiva associada à neurossífilis, no complexo cognitivo-motor da AIDS e nas paralisias bulbares e pseudobulbares.
Disfonia e disfemia
Estes são termos importantes na clínica, geralmente utilizados de forma imprecisa em psicopatologia. Segundo a definição de Sá Jr. (1988), a disfonia é a alteração da fala produzida pela mudança na sonoridade das palavras. Já a afonia é uma forma acentuada de disfonia, na qual o indivíduo não consegue emitir qualquer som ou palavra. Tal alteração de sonoridade é causada por uma disfunção do aparelho fonador ou um defeito da respiração durante a fala. 
Disfonia e disfemia
A disfemia é a alteração da linguagem falada sem qualquer lesão ou disfunção orgânica, determinada por conflitos e fatores psicogênicos. A disfemia, ou afemia, está comumente associada a estados emocionais intensos, a quadros histéricos conversivos e a conflitos inconscientes intensos.
Disfonia e disfemia
A gagueira é um tipo frequente de disfemia. Trata-se da dificuldade ou da impossibilidade de pronunciar certas sílabas, no começo ou ao longo de uma frase, com repetição ou intercalação de fonemas ou somente trepidação na elocução (chamada gagueira clônica), conseguindo o paciente, ao final, terminar a frase normalmente.
Dislalia
É a alteração da linguagem falada que resulta da deformação, da omissão ou da substituição dos fonemas, não havendo alterações identificáveis nos movimentos dos músculos que participam da articulação e da emissão das palavras. As dislalias orgânicas resultam de defeitos da língua, dos lábios, da abóbada palatina ou de qualquer outro componente do aparelho fonador. Nas dislalias funcionais, não se observam alterações orgânicas do aparelho fonador, sendo a sua origem geralmente psicogênica, por conflitos interpessoais ou por imitação.
Alterações da linguagem associadas a transtornos psiquiátricos primários
Logorréia, taquifasia e loquacidade:
Na logorréia, existe a produção e acelerada (taquifasia) da linguagem verbal, um fluxo incessante de palavras e frases, frequentemente associado ao taquipsiquismo geral, podendo haver perda da lógica do discurso. Descreve-se como pressão para falar a atividade linguística do paciente maníaco na qual este sente a pressão incoercível para falar sem parar. Loquacidade é o aumento da fluência verbal sem qualquer prejuízo da lógico do discurso.
Bradifasia
Esta é uma alteração da linguagem oposta taquifasia. Aqui o paciente fala muito vagarosamente, as palavras seguem-se umas às outras de forma lenta e difícil. Em geral, está associada a quadros depressivos graves, estados demenciais e esquizofrenia crônica ou com sintomas negativos.
Mutismo
De modo muito genérico, o mutismo pode ser definido como a ausência de resposta verbal oral por parte do doente. O paciente fica no leito sem responder ao entrevistador (embora, aparentemente, pudesse fazê-lo), sem qualquer resposta verbal. Os fatores causais associados ao mutismo são muito variáveis, podendo ser de natureza neurobiológica, psicótica ou psicogênica. O mutismo nas síndromes psiquiátricas é, na maior parte das vezes, uma forma de negativismo verbal, de tendência automática a se opor às solicitações do ambiente no que concerne resposta e à produção verbal. 
Mutismo
O mutismo é observado nos vários tipos de estupor, em quadros esquizofrênicos, principalmente catatônicos, e em depressões graves. Em crianças, observa-se, com certa frequência, o mutismo eletivo ou seletivo, forma psicogênica de mutismo ocasionada por conflitos interpessoais, principalmente na escola, dificuldades de relacionamento familiar, frustrações, medos, ansiedade social, intensa timidez ou hostilidade não-elaborada por meio de uma comunicação mais clara.
Perseveração e estereotipia verbal
Neste caso, há repetição automática de palavras ou trechos de frases, de modo estereotipado, mecânico e sem sentido, o que indica lesão orgânica, particularmente das áreas cerebrais pré-frontais.
Ecolalia
É a repetição da última ou das últimas palavras que o entrevistador (ou alguém no ambiente) falou ou dirigiu ao paciente. É um fenômeno quase que automático, involuntário, realizado sem planejamento ou controle. A ecolalia é encontrada principalmente na esquizofrenia catatônica e nos quadros psico-orgânicos.
Palilalia e logoclonia
A palilalia é a repetição automática e estereotipada pelo paciente da última ou das últimas palavras que ele próprio emitiu em seu discurso. Ela ocorre de forma involuntária, sem controle. 
A logoclonia é um fenômeno semelhante à palilalia, sendo que aqui a repetição automática e involuntária é a das últimas sílabas que o paciente pronunciou.
Palilalia e logoclonia
Tanto a palilalia como a logoclonia são formas de alteração da linguagem que indicam a desestruturação do controle voluntário complexo da linguagem e sua substituição por mecanismos mais automáticos e estereotipados de comportamento verbal. A palilaliae a logoclonia ocorrem principalmente nos quadros demenciais, em especial nas demências de Pick e de Alzheimer.
Tiques verbais ou fonéticos
e coprolalia
Os tiques verbais são produções de fonemas ou palavras de forma recorrente, imprópria e irresistível. No tique verbal, o paciente produz geralmente sons guturais, abruptos e espasmódicos. É algo desagradável, mas impossível de ser contido pelo indivíduo (que pode apenas adiá-lo um pouco). Já a coprolalia é a emissão involuntária e repetitiva de palavras obscenas, vulgares ou relativas a excrementos. Tanto os tiques verbais como a coprolalia são fenômenos muito característicos do transtorno de Tourette.
Tiques verbais ou fonéticos
e coprolalia
A verbigeração é a repetição, de forma monótona e sem sentido comunicativo aparente, de palavras, sílabas ou trechos de frases. A mussitação, fenômeno próximo à verbigeração, é a produção repetitiva de uma voz muito baixa, murmurada, em tom monocórdico, sem significado comunicativo. Aqui o paciente fala como que “para si”, apenas movendo discretamente os lábios, emitindo fonemas, palavras ou frases pouco compreensíveis e muito repetitivas. 
Tiques verbais ou fonéticos
e coprolalia
Tanto a verbigeração quanto a mussitação são formas de automatismo verbal, mais frequentemente encontradas na esquizofrenia, em particular nos tipos catatônicos e crônicos deficitários.
Glossolalia
É a produção de uma fala gutural, pouco compreensível, um verdadeiro conglomerado ininteligível de sons (ou, no plano escrito, de letras ininteligíveis). Os sons, apesar de não terem sentido linguístico, imitam a fala normal nos seus aspectos pro-sódicos (“a música da fala”), mantendo as distinções de “palavras”, “sentenças” e até de “parágrafos”.
Glossolalia
A glossolalia é muito frequente nos cultos pentecostais, nos quais o crente, ao receber a graça do espírito santo, “fala em línguas estrangeiras” (sem nunca as ter estudado). A sua fala gutural e pouco inteligível é interpretada nesse contexto como uma graça, um dom celestial.
Também observa-se a glossolalia em estados de êxtase associados a outras religiões que não o pentecostalismo, no sonambulismo e, menos frequentemente, na esquizofrenia.
Glossolalia
A glossolalia sempre que produzida em contexto cultural específico, como nos cultos pentecostais, não é considerada um fenômeno psicopatológico, mas expressão ritualizada de determinado grupo cultural.
(Grady; Loewenthal, 1997).
A linguagem na esquizofrenia
A linguagem na esquizofrenia pode sofrer alterações muito peculiares.
(Biéder, 2000).
 
Tais alterações são indicativos de como o processo de pensar, a formação e a utilização de conceitos, juízos e raciocínios estão profundamente afetados pela desestruturação esquizofrênica. As alterações de linguagem mais notáveis e radicais na esquizofrenia são observadas em doentes muito graves. 
A linguagem na esquizofrenia
Os neologismos patológicos são palavras inteiramente novas criadas pelo paciente ou vocábulos já existentes que recebem acepção totalmente nova. São encontrados também em pacientes esquizofrênicos estilizações, rebuscamentos e maneirismos, que indicam a transformação do pensamento e do comportamento geral do paciente no sentido de adotar posturas e funcionamentos rígidos e estereotipados, perdendo-se a adequação e a flexibilidade do comportamento verbal em relação ao contexto sociocultural em questão. 
A linguagem na esquizofrenia
Tais alterações geram, às vezes, um caráter inteiramente privado e idiossincrático da linguagem de alguns pacientes esquizofrênicos. Nos estados avançados de desorganização esquizofrênica, podem-se observar jargonofasia ou esquizofazia, também denominada salada de palavras. Trata-se, então, da produção de palavras e frases sem sentido, com fluxo verbal desorganizado e caótico. 
A linguagem na esquizofrenia
O sinal extremo da desarmonia das estruturas de pensamento e de linguagem é o desenvolvimento de uma linguagem completamente incompreensível, uma língua privada (do doente) que ninguém entende, denominada criptolalia (no caso da linguagem falada) e criptografia (no caso da linguagem escrita).
A linguagem do paciente
com demência
No início dos quadros demenciais, podem-se encontrar alterações da linguagem como as parafasias (deformações de palavras existentes; “caneira”, em vez de “cadeira”) e, mais frequentemente, a dificuldade em encontrar as palavras. Segundo Bleuler (1985), há, nesta fase, uma dificuldade em utilizar nas conversas palavras menos familiares ou de som estranho, assim como os nomes próprios. 
A linguagem do paciente
com demência
As alterações progridem no sentido da afasia nominal (déficit em nomear objetos e figuras apresentadas ao paciente), de afasias mais globais, até a perda completa da capacidade de produzir e utilizar qualquer linguagem verbal. Quando a demência se caracteriza pelo marcante predomínio de dificuldades linguísticas, sobretudo da nomeação e fluência verbal (além das perdas globais e de memória associadas a todas as demências), alguns autores têm proposto a categoria demência semântica.
Alterações da linguagem
 em crianças
Na psicopatologia da criança, ocorrem com bastante frequência alterações da linguagem (Us Preventive Services Task Forces, 2006). Na criança, a aquisição da linguagem, oral ou escrita, é um processo dinâmico. A linguagem implica aqui a compreensão, o processamento e a produção de comunicação. Os problemas de linguagem incluem gagueira, falhas na fluência verbal, mutismos eletivos, dificuldades fonético-articulatórias ou qualidade incomum (no sentido de inadequada) da voz.
Alterações da linguagem
 em crianças
Muitos tipos de transtornos de linguagem têm sido descritos com termos variados. O atraso da linguagem expressiva pode ocorrer sem o respectivo retardo da linguagem compreensiva, mas eles com frequência acontecem conjuntamente. Os problemas no desenvolvimento adequado da linguagem podem incluir dificuldades gramaticais (sintáticas), com palavras e vocabulário (semânticas), com regras e sistemas de produção sonora da fala (transtornos fonológicos), com significado de unidades de palavras (morfológicas).
Alterações da linguagem
 em crianças
Finalmente, também são muito relevantes as dificuldades com o uso da linguagem em determinados contextos sociais (pragmática). Dificuldades específicas de leitura e de escrita (transtorno da leitura, transtorno da expressão escrita) ocorrem com maior frequência nos meninos. Tais transtornos correspondem a certa defasagem entre a inteligência global (que pode ser normal) e as dificuldades específicas nas aquisições de linguagem.
(DSM-IV-TR, American Psychia-tric Association, 2002).

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