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GONÇALO FERREIRA DA SILVA
,,~ ....
LIT,ERATURA
DE CORD6L
I
DADOS BASICOS
VERTÉNTES DA LlTER~TURA DE CORDEL'
•
t Na' época dos povos conquistadores greco-romanos,
-fenfcios, cartagineses, saxõnicos etc., a. literatura de
cordel já existia, tendo chegado à PeníQsula Ibérica
(Portugal e Espanha) por volta do século XVI: '
liTERATURA ,PE CORDEL
, • DADOSBÃSICOS'
Gonçalo Ferreira da Silva,
Como sugere o título, este opúsculo pretende oferecer aos
leitores uma visão abrangente e suscinta dá literatura de
cordel no Brasil. O sopro oxiqenadoque mant-ém viva esta
-rnanifestação popular..deveo Brasil aos vates do nordeste,
Gostaríamos de oferecer-um painel da emoção e da
ideologia populares num trabalho de maior fôlego se não
nos sentíssemos escravizadosàs grades de recursos
inexistentés.' " . , "
Ainda assim, eultrapassando çs limites'de suas
'possibilidades, a Academia Brasileira de. Literatura de
Cordel coloca ao alcance de quem se proponha a conhece':
este fascinante qêneroliterário um trabalhó despido de
vaidades e de erudição.
Florescente, principalmente, ria área que se estende da
Bahia ao Pará, estamaravilhosa:manifes.tação da inteligência
brasileira merecerá,' no.futuro, um estudo mais profundo e
"abranqente de suas peculiaridades particulares. '
~1-
•
brasileirQ,.estudioso·tenaz da nOSSÇlcultura' popular, acha -
absurda, qualquer tentativa de classificação da literatura
de cordel. I.' , " -
,'1. ,...
EVOLUÇÃO,DA LrrERATURA DE COROEi..
A literatura-de cordel oral-precursora daescrita, começou
t ímida em composições deapenas quatro versos por estrofe.
Assim: ." .'. ' ,
. .. I "
~ "O MêrguJl:lão quando canta . IÍNãó tenho medo do/homem'
ihcháaveia do pessoco' -: . nem do ronco que ele tem .
pareceumcachorro velho um besouro também ronca
. quando está roendo o.SSO.I',V.OU olhar nãoé ninguém"
Mais tarde-os mestres lide bancada:" ou "de.gabinete'" I
adotaram a composição definitiva com seis versos ou'
sextilha com VerGOSdesete sílabas fonéticas, 'Vejamos os
últimos quatro versos acrescidos demais dois; formando a
sextilH . . \
"Meu avô tinha um ditado
. meu pai dizia também:
Não tenho medo do homem
nem do ronco que ele tem,
um besouro também ronca
vouolhar não á'ninquérn".
LITERATURA DE,CORDELCo'Nl"F.MPORANEA
.," ~. ~ . "
No limiar do presente sééulo, quandojá I:kilhava
lntensarnente aluz de Leandro Gomes de Barros, flu ía
abundante-o esteo rJe Silvino Pirauá e jorrava preciosa a .
veiapoética de José Gáldino da Silva Duda, esses enviados
especials passaram q dominar.com facil,idade a rima
~3-
o crescente interesse das. universidades pelo estudo da'
nossa literatura somado ao espírito empreendedor.dp
Academia'BrasÚeira'de Literatura de Cordel, ensejararn a
. publicação do presentetrabalh?,.···· ,
Por larqo período, muitos dos nossos [ntelectuais .
desdenharam a literatura de cordel', pois careclarn dá Iuz
espiritual de um Silvio Romero, de um All'fle.idêGÇlrret ou-
de um Teófilo Braça. Era desconhecido overbete cordel .
no tempo 'de' Leandro Gomes de Barros, 9 primeiro autor a "
. produzir e:p~blicar folhetos e Fom~nc,es'emlesoal~ comercial. .
'Oriundo de Portuqal.ro verbete cordel começou marcar os
primeiros s-vacilantes passos a 'Parti;"da,p!Jblicaçãp dó ,
.dlcibnário contemporâneo de Auleteern 1881, Nós a
conhecíamos por literatura popular,até porque nuncanos .
ocorreu chamar cordão de cordel. Quando não' havia áinda .
ai iteratu ra.de cordel,qs versos beotavam sspcntâneos'de
boca em boca em forma de louvação ou duelo verbal. ~.ram
· os desafios ou combates poéticos; Davam aos poetas não
.. irnprovisadores os nomes de "poeta de gabinete" pu: .
"de bancada" no jargãocoloqu ial dos bardosde cordel.
. •• I •.•••
•.
· T~~TATIVASDE CLASSIFICAÇÃO DA
LlTERATURA'DE CORDEL
· A classtficacão da Iiter;tu.ra" de cordel há' sido objeto d~
.preocupaçãç dos chamados iniciados, pesquisadores e ,
estudiosos, As classificações mais conhecidas são a;. .:
francesa de Robert Mandrou. a espanhola de, Júlio Caro
Baroja, as.brasilei ras de Ariano Suassuna, Cavalcantl
. Proença, Or íqenes Lessa- Roberto Câmara Ber.1j~mi:ne .
_ . 'Carlos Alber'to Azevedo.' Mà~a classtticecão autenticamente
popular nasceu da boca dos. própr~()s poetas: 0. professor ,
", doutor Joseph M.. t.uvten. holandes naturalizado
-2~
escorregàdia, amoldando, também,no corpo da_estrofe, o
verso rebelde. Atualmente a literatura-dé cordel é escrita
em composições que vão desde os versos- de cinco sílabas "
ao-qrande alexandriho. Na P.eleja do Cégo AderaJdo com
.Zé Pretinho doTucum encontramos Ibgoo primeira
.exemplo: . , .
Pretinho: Nó sertão eu pequel Céqo.> Negro,é monturo
urncéqé malcriado ~,'lJiIblambo rasgado'
'1' ', voei-lhe o machado cachljrrbo'apaqado '
'caiu eu sanqrei 'recanto.de.muro
o coro eu tirei negro sem futuro'
em reqra de escala perna de tição
espichei numa sala boca .de porão '
puxhei para um beco beiço fle:gamela-
depois dele seco venta de rnoela
. fiz dele u'a mala.' moleque ladrão.
As estrofes acima são da autoria do poeta Firrnino Teixeira
dó Amaral. " '
j •••
Depois vem a sextilha-estrofe de seis versos dé sete sílabas.
\ ' .. ' " - ,
.. .' Um angico secular
., ergu ia-se noesertão
pelo gigantesco porte
dava até a impressão
dum descomunal fantasma
, viqlando asol idão".
'Esta,do"poe~~ Gonçalo Ferr~ira d~ Silva, do poema Duelo
de Machos.'· , '., , ,
. ,
. . 'I,
" .
f '
Agora, uma estrofe de 'sete ve~sos ou setilha:
"Enquanto' dormes tranqüilo,
. preso a supostas ra ízes, ,
há tristeza em toda parte,
, guerra em diversos.países.
fome em todos. .os lugares, .
. doenca em.todos-os 'lares,
• " .: muitos 'hof11e'nsji:lfeliz~s",_
Sbberba eStrofe dé J, Palmelra Gulmarães extralda doi
A VIDA DEBUDA. '..
CÇ>migual número de sílabas e deversos, é o "rnourão"
rspetitivq à feição de mote, mais ou menos assim: .
" .'-
Mourão é pau enfiado,
pau enfiado é mourão .
'. . ";', .
Com o mesmo número de s ílabas, mas com oito versos,
encontramos o quadrão, E[T1dádo momento da peleja de
Preto. Limão com Inácio da Catinqueira. de Apolônio Alves
'dos San-tos, encontramos esta estrofe:
. ~..
Você depolsqúe padece'
finalmente-reconhece: '
não precisa fazer prece
, aperte aqui minha mão
" porque o Preto Limão
-já vai Ihe deixar' em pàz
por hoje não canto mais:
em 'oito pés de quadrão.
Vejamos' aqora uma décirna.iestrofe 'de dez versos de, sete
sílabas: .
"
"
Tem dimensão mundial '
universão amlplitude, "
.pulrnão ao mundo e saúde"
da: geração atual '
a' Amazônia é vital '
fonte da vida e'bel,~za
portanto em sua defe;a,
é mais do que necessário
preservar-se o. santuário
da nossa mãe Natureza.. ,
Estrofe.do autor dp presente o~Úsculo extra ída do p~' '
A NATUREZA Ep HOMEM." , ema
~eja~~~ um martelo-aqalopado, estrofe de ~ez versos d~
H:~.es~a~as ou 9~cassílabo, ~'a autoria de Rairnundo Santa
lu .•.
, "
A esposa querid~ Purezinha '
.e seus filhos começam-a chorar:
Huth, Martha, Guilherme, Edgar "
Juca preso, contato não se tinha.
Talvez ordens expressas da rainha
ou de outras potências mundlais
, a ~ensura calou, rádios, jornais. '
Llbert~do Lobato faz empresa
e petroleo extrai da Natureza
I'l1U ito antes da nossa Petrobrás.
" NI' , ., <?,mesr:no,estll,odo ~artelo,agalopado, há também-o '
~:Iope-a~belra-mar cujadiferença única é a obriqatotledade
, _ u' mencionar-se no fimda est f ' "_ ' -', , ro e a modalidade poética: '
. Cantando galope na beira do mar, Ou: '
Nas dez de galope na beira do mar,'etc,'
Durante largo período, também esteve em voga o
ma rtel o-alaqoano.
Da redondilha menor ao qrande all:!xandrino'a literatura
de cordel não .se sscraviza (10 número de sílabas para'
construçãoodos versos, nem ao de versos.para composição
das estrofes. Estes aleXéÍndr~nos,n~o nos deixam mentir:
., .Vi_sitan.do Deus a Adão' no parafso
achou-o triste por viver no abendono.
fê-lo dormir logo um pesado sono
e.lhe arrancou uma coste,de'irmp~oviso,
'estando fresca ficou DE;lU'sindeciso
.e a pôs ao SoJ para secar u,m momento,
, mas por causa, talvez dum esquecimento
cheqou um cachorro ea carregou, .
nessa hora furioso deus ficou
com a grande ousadiado animal
que lhe furtara o bommaterlsl
feito para construção da-mulher:
estou certo; acredite quem quiser'
eu não sou r:nentiroso nem vilão: ,
, nessa hora correu Deus atrás do cão
~ nãq podendo alcançar-lhe e dá-lhe cabo
"cortou-lhe simpl~smente o meio rabo;
e enquanto Adão estava na' treva
Deus pegou o rabo do cão e fez 'a Eva.
"
"
-·6 - / '.
,~
" -
,"
-,
-7- '.'
"
UMA EDiÇÃO DA
ACADEMIA BRASILEIRA
DE LITERATURA DE
CORDEL
MARCO DEFINITIVO
NA HISTORIA DA
NOSSA CULTURA
POPULAR
Caixa, Postal 50.040
CEP 20.062-970-Rio-RJ

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