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VERSOS DIÁRIOS DE UM POETA

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Autor: Abdias Campos
.,.
. "
Versos DIARlOS de
um POETA! .
\~
Recife 2005
Autor: Abdias Campos
Versos Diários de um Poeta
Botei a sela no verso
Para campear a rima
Saí agarrado em cima
Pra não vaquejar disperso
Fiz deste campo universo
Da minha predileção
Vestido com o gibão
Do couro da poesia
Para tanger cantaria
Da minha imaginação
Dia-a-dia boto a mão
No juízo pra tirar
O casulo que está
Em plena germinação
Nasce em forma de canção
Ou histórias de cordel
Aninha-se no papel
Em poesias espessas
Por muitas letras impressas
Na alma do menestrel
- 03-
Desenrola carretel
Estes fios condutores
Para tecer os amores
As musas descem do céu
Entrecortando o papel
Com traços de inspiração
Numa movimentação
De versos, rimas e loas
Alinhavando pessoas
Pela poetização
Adiante defensores
Das cordas da lira nova
Que vive metendo prova
Na boca dos cantadores
Venham espargir rumores
Dos versos de cada dia
Estendam a melodia
No varal da consciência
Para ensinar ciência
Através da poesia
Poeta de inspiração
Das subjetividades
No entorno das cidades
E nos confins do Sertão
Jeito de camaleão
Na transmutação das cores
Extraindo os olores
Dos versos que canta e faz
Como se fosse capaz
De estimular sabores
É assim para quem cria
A teia cotidiana
Os versos querem choupana
Não esperam moradia
Querem glosa, cantaria
Não registro literário
Querem ficar /no erário
Da mente de cada um
Fazendo turuntumtum
Em seu batuque diário
- 02-
__----~-ll~~~------------------~'
Ele vive admitindo
Suas possibilidades
Que exercem gravidades
Para o verso que vem vindo
No todo contribuindo
Para um tudo formar
Lagoa bebe luar
Sombra se esconde da gente
Pé de vento passa rente
Pro poeta improvisar
Vou ao dicionário
Pra vê a palavra escrita
E a que nunca foi dita
Acho o seu itinerário
Mas é do visionário
As palavras que me vêm
Não por apito de trem
Nem outro tipo de alarde
Ela vem como ela arde
Fervendo como ninguém
Há um destino de mar
Maré que enche, que vaza
Um simbolismo 'de brasa
Que não quer mais apagar
Metabolismo que dá
Impulso a transformação
De uma idéia, uma ação
Uma vontade infinita
Que encontra ponto na escrita
Ou na verbalização
O poeta vive a cem
Velocidade inconstante
Pára em algum instante
E no outro arranca além
Do tempo que se atém
Para comparar-se indo
No ponto livre subindo
No engrenado descendo
Como nada acontecendo
Como tudo ressurgindo
- 04-
- 05-
- 06-
São contritos pensamentos
Poemas punhais que furam
Vetores de entendimentos
Afortunados que curam
Entremeando os telhados
Em versos desabrigados
O poeta se acode
E no lirismo profundo
Se distancia do mundo
Sobre os motores da ode
Poeta de coração
Ou coração de poeta
Qual a maneira correta
Pr'essa conceituação?
Quem tenta encontrar razão
Para tal alegoria
Tem que vê o que não via
No coração de quem sonha
Terá que pegar na fronha
Babada de poesia
SÃO TODOS SÃOS
""i
São simétricas canoas
No aconchego das águas
No borrifar das lagoas
As tuas fontes, deságuas
São estrelas vaga-lumes
Perpendiculares lumes
Que diariamente jogas
E de amor continente
Eu te entrego a semente
Que de mim tanto tu rogas
Eu por fim quero alegria
À extensão que me dou
Pelo que Deus me aportou
Nas águas da poesia
Águia que com valentia
Enfrenta a tempestade
Para com serenidade
Depois das nuvens ficar
Até poder retornar
Os seus pés sobre a cidade.
j
São cadências de tambores
Rufados ritos de amor
Sangue pelos corredores
De um peito batucado r
Arribaçãs de colina
Madrugadas de neblina
Num terno abraço de amigos
Aventureiros da aurora
Que vivem caindo fora
Dos que Ihes trazem perigos
São ponteados de luz
Num rebuscado perfume
Que traz do alto da cruz
A fonte do mesmo lume
Livres gorjeios de aves
Dos velhos vinhos das caves
Os portugais do Brasil
E na manhã sob o sol
Alguém sacode o anzol
Nas profundezas de um rio.
~08-
. Quando pára no tempo, vai emboral
o poeta que no meu corpo mora
Tem a fé concentrada na Palavra
Cada verso conjugado o Verbo lavra
A semente da terra de agorá
Quando canta seu canto ri e chora
Quando cega se espinha nos abrolhos
Quando busca se acha à luz dos olhos
Quando pára no tempo, vai embora!
Eu quero deitar no leito dos rios
E ver nas cascatas sal picos de luz*
Mergulhar na foz das águas do Nilo
Pular feito esquilo nas águas do Una
Atirar-me solto de cima da duna
Pra depois nadar em um alto estilo
Boiar na corrente com menos de um quilo
Flutuando leve com meus braços nus
Aberto nas águas em forma de cruz
Sentindo nas costas muitos arrepios
Eu quero deitar no leito dos rios
E ver nas cascatas salpicas de luz.
·mote de Joelson Miranda
- 09-
Sem Nordeste o Brasil não é Brasil
E sem Sertão o Nordeste não é nada"
Sem o verde a mata perde a cor
Que a botânica através da clorofila
Distribui sobre o campo que copila
Para cada espécie seu valor
Sem a doce ternura do amor
Como pode viver o camarada
Sem o beijo da sua namorada
Que a falta de amor lhe suprimiu?
Sem Nordeste o Brasil não é Brasil
E sem Sertão o Nordeste não é nada
Sem a arte de José de Alencar
Iracema com seus lábios de mel
Poderia viver o amargo fel
Que a história jamais revelará
Sem os olhos lançados ao luar
Não existe poeta na calçada
Versejando a sua bem amada
As minúcias de amor que lhe atraiu
Sem Nordeste o Brasil não é Brasil
E sem Sertão o Nordeste não é nada.
*mote de Ivanildo Vila Nova
-10-
Me escondi no muçambê
Pra vê meu amor passar
Eu tava indo pra feira
No domingo de manhã
Tangendo uma marrã
Espingarda e cartucheira
Quando eu a vi faceira
Vindo em direção pra cá
Comecei a gaguejar
E perguntei: É você?
Me escondi no muçambê
Pra vê meu amor passar
Outro dia no roçado
Já na hora do almoço
O bucho tava no osso
Que só se ouvia o roncado
Meu companheiro apressado
Disse pra eu me virar:
"Espia ali I acolá]"
Nem precisa mais dizer
Me escondi no muçambê
Pra vê meu amor passar.
- 11-
Galope à beira-mar
No riso mofino de uma campesina
Na pura menina da escola rural
No pé que resvala dentro do curral
Fugindo dos pingos de uma chuva fina
Na vista que alcança por sua retina
O capim cortado para alimentar
O gado que anda pra lá e pra cá
No leite que molha o cuscuz de milho
No trem que não desce de cima do trilho
Eu canto galope na beira do mar
O velho navio não navega mais
Na beira do cais resiste a ferrugem
O lodo ao redor apresenta babugem
São algas marinhas que à vida lhe traz
Metamorfoseia os tempos iguais
Em horas distintas ao uso se dá
Antes carregava, hoje a carregar
A carga do tempo sob a maresia
Mas por toda vida vive de alegria
Cantando gâlope na beira do mar
- 12-
Na criança alegre, no filho feliz
Na cor do concriz, no bicho do mato
Na galinha d'água, no pinto, no pato
No carro-de-boi, no homem que diz
Que cuida da vida como sempre quis
Que agradece a Deus por abençoar
A força e o brilho que tem pra lutar
Fazendo lisura nos braços do dia
Retirando versos sem ter agonia
Cantando galope na beira do mar
Eu vou desvendando o leito do rio
Que corre macio para o oceano
Costura bem feita não estraga o pano
Estou costurando nesse desafio
O gás que conserva aceso o pavio
Mantém a sustança do meu caminhar
Espero que Deus venha me ajudar
Acabar a obra que engendra o juizo
Que chegar com fogo ao fim eu preciso
Cantando galope na beira do mar.
- 13-
A beleza da natura
Cada dia se renova
Desde a semente na cova
A fruta que cai madura
Creio em um Deus que cura
A mais dolente ferida
Pelo poder compelída
A retirar-se indolor
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida. "mote de Zé de Cazuza
- 14-
Nasci criança indefesa
Mas minha mãe me cuidava
Lembro dos passos qu'eu dava
E lhe causava surpresa
O pincel, a tinta, a mesa.
A moldura envelhecida
Minha idade acrescida
Numa pintura de amor
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida*
Todo dia acordo cedo
Escutando passarinhos
Uns que já se vão dos ninhos
Outros que estão no arvoredo
O sol descobre o segredo
Da escuridão perdida
Vai ficando colorida
A tela do criador
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida No ateliê de Deus
As cores são naturais
No cavalete da paz
O quadrodos sonhos meus
Nos ensinamentos Seus
Todo ponto é de partida
Claridade evoluída
Nessa lida de pintor
Todo dia muda a cor
Do quadro da minha vida.
- 15-
- 16-
A tribo do Cariri
Ouça o som do catumbi
Roçando a roça miúda
Veja como está graúda
A tribo do Cariri
Espere que está por vir
Enxurradas de alegria
Na força da poesia
Dos retirantes daqui.
o que guardo da infância:
Um caminhão de madeira
Com uma corda no eixo
O doce de quebrar queixo
Que eu comia na feira
Um galho de catingueira
Roçando no meu pescosso
O teatral alvoroço
Do namoro da galinhas
E as longas tardezinhas
Tangendo animais no roço.
Foto: Wag'tef II1ande
Abdlas Campos, participou de diversas produções
musicais, como: CD "Corno éTriste de Olhar" do
Grupo Faces do SubúlbIo; Participou de um CD
gravado em 1994, na França, com Jacinto Silva e
a percussão da Banda de Pífanos de Coruaru.
Rua Engenheiro Vasconcelos Bitencourt, 278/02
Vórzea - Recife - Pemambuco
CEP:50 740-180
Fone:(81)3274.3693/9906-9706
emall:abdiascampos@terra.com.br
*Uteratura de Cordel éCUltura

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