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MÓDULO (1) ORIGEM E HISTÓRIA DA PSICOMETRIA

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MÓDULO (1) - ORIGEM E HISTÓRIA DA PSICOMETRIA
Embora, a estatística e a matemática sejam ciências importantes à Psicometria, diferente do que muitos acreditam, elas não são sinônimas. Enquanto o objeto de estudo das primeiras são conceitos numéricos, o da Psicometria são fenômenos psicológicos que podem ser apresentados numericamente (Pasquali, 2003). Neste sentido, o estudo epistemológico da Psicometria é importante, pois permite contextualizá-la, fundamentá-la e ao mesmo tempo identificar a relação existente entre essas ciências. Por esta razão, o Módulo I deste estudo é sobre a Origem e História da Psicometria. Saiba que, a disciplina não tem por objetivo a memorização dos nomes de todos os estudiosos do assunto nem de todas as datas relevantes que são citadas na literatura. Contudo, algumas referências como Spearman, Galton, Cattell e Binet não podem ser esquecidas. Por isto, entre os exercícios colocados neste módulo, vocês encontrarão alguns como este:
 
No início do século XX, alguns psicólogos delinearam teorias sobre a inteligência e, a partir delas, muitas contestações, reformulações e perspectivas teóricas que possibilitaram a construção de instrumentos de medida. Abaixo, vocês encontrarão algumas afirmações que relacionam estes delineamentos e reformulações com pesquisadores. Leia com atenção cada uma das afirmações, analise se são verdadeiras ou falsas e depois assinale a alternativa correta.
I.        De acordo com Spearman, que propôs a teoria bi-fatorial, o ‘fator g’ estaria subjacente a todas as atividades intelectuais e o ‘fator s’ representaria a variação intelectual entre as pessoas.
II.     Galton em seus trabalhos propunha a avaliação das aptidões humanas por meio da medida sensorial. Contudo, concluiu que medidas objetivas para investigar funções mais complexas não produziam bons resultados.
III.   Catell desenvolveu nesta época, um modelo de análise extremamente importante para o desenvolvimento dos testes psicológicos: “a análise fatorial múltipla”.
IV.   No início do séc. XX Binet e Simon desenvolveram um teste de inteligência cujos itens permitiam investigar habilidades específicas, tais como, a de realizar cálculos.
 
a)   As alternativas (I), (II) e (III) são afirmações verdadeiras.
b)   As alternativas (II), (III) e (IV) são afirmações verdadeiras.
c)    As alternativas (I), (III) e (IV) são afirmações falsas.
d)   As alternativas (II), (III) e (IV) são afirmações falsas.
e)    As alternativas (I), (II) e (III) são afirmações falsas.
 
Neste exercício a alternativa correta é a (d), ou seja, a única afirmativa verdadeira é a número (I) dado que realmente a teoria bi-fatorial foi proposta por Charles Spearman. Quanto às outras afirmativas, elas são todas falsas. A afirmativa (II) salienta o trabalho de Galton sobre medidas sensoriais. De fato, ele procurou parametrizar as dimensões ideais dos sentidos, pois considerava que toda a informação humana tinha seu canal de entrada via sentidos. No entanto, a conclusão sobre as medidas objetivas para investigar as funções complexas foi de James McKeen Cattell. Thurstone foi quem desenvolveu a análise fatorial múltipla e não Catell, como consta na afirmativa (III). Com relação à sentença (IV) o erro está na afirmação de que o teste de Binet e Simon investigava habilidades específicas. Uma das críticas feita por eles que motivou a elaboração de um novo instrumento foi a de que os testes de inteligência estavam direcionados a investigação de algumas poucas habilidades e não para a análise das funções cognitivas. 
 
Neste primeiro módulo você terá, ainda, a oportunidade de fazer uma reflexão crítica sobre a Psicometria empirista e a Psicometria de concepção estatística. Para tanto, é fundamental que leia atentamente a revisão histórica em: PASQUALI, L., Psicometria – Teoria dos testes na psicologia e na educação. Petrópolis. Vozes. 2004. cap.1.  
Este capítulo aborda a história da Psicometria a partir do final do séc. XIX e salienta dois olhares distintos a respeito desta ciência, o prático e o teórico. Os psicólogos voltados à prática da Psicometria eram os que se preocupavam mais com o aspecto psicopedagógico e clínico, pois se interessavam pela predição do potencial acadêmico. Já os psicólogos voltados à teoria eram os que se interessavam pela ciência psicométrica. Estas duas vertentes, tempos depois, convergiram à chamada Psicometria Clássica. Sobre estes olhares, vocês encontrarão algumas questões como a seguinte:
A Psicologia enquanto ciência tem sua história ligada a várias tendências epistemológicas. Entre estas duas correntes científicas se destacaram no início do séc. XX, a Psicologia alemã e a Psicologia inglesa e norte-americana.  A primeira voltada ao estudo das experiências subjetivas enquanto a outra ao estudo do comportamento. Dito isto, fica fácil concluir que:
a)    A Psicologia alemã pode ser denominada empirista, tendo em vista a preocupação com o estudo das experiências subjetivas.
b)    A Psicologia inglesa e norte-americana voltada ao estudo do comportamento buscava qualificar as características humanas.
c)    A Psicologia introspectiva atenta à qualidade dos testes psicológicos usava procedimentos quantitativos nas análises.
d)    Os paradigmas empiristas da Psicologia alemã referiam-se a medição das experiências subjetivas dos indivíduos.
e)    Os paradigmas empiristas da Psicologia inglesa e norte-americana referiam-se a medição de comportamentos.
Ao analisar as afirmativas colocadas nesta questão verifica-se que a única que está correta é a alternativa (e). As quatro primeiras estão incorretas, pois a Psicologia alemã ao contrário do que fora afirmado era introspectiva, estava interessada na experiência subjetiva e utilizava procedimentos mais descritivos. Quanto à Psicologia inglesa e norte-americana, empirista, interessavam-se pela quantificação do comportamento humano.
Neste módulo, você encontrará também algumas questões que se referem a pessoas e épocas importantes na história da Psicometria. Marcada por psicólogos ímpares os períodos relevantes dessa história são conhecidos como as eras de: Galton (1880), Catell (1890) e Binet (1900). Por suas importâncias é significativo conhecer um pouco do percurso de cada um deles. Você poderá encontrar um breve relato na referência citada. Além destes períodos há outros que devem ser ressaltados, quais sejam, as décadas dos testes de inteligência (1910-1930), da análise fatorial (1930), da sistematização (1940-1980) e atualmente, da Psicometria Moderna ou era da TRI (Teoria de Resposta ao Item).
A fim de compreender melhor o que representou e representa a história da Psicometria para a avaliação psicológica atual é importante estabelecer a relação entre o trabalho desenvolvido em cada era e o momento histórico mundial em que ocorria. Por isto, você encontrará em: PASQUALI, L. e cols. Instrumentação psicológica: Fundamentos e Práticas.Porto Alegre. Artmed. 2010. 11-47 p., fatos marcantes da medida psicológica inseridos em um contexto histórico.
Neste sentido, alguns dos exercícios aqui colocados têm a intenção de fazê-los refletir sobre esta relação. Como exemplo, cito a seguinte questão:
No campo da instrumentação psicológica e industrial, o início do séc. XX ficou marcado por grandes inovações. Provavelmente, o dia mais importante para a história do automóvel foi o dia primeiro de outubro de 1908. Nesta data Henry Ford produzira com padronização e linha de montagem, a primeira unidade do Ford Modelo T conhecido no Brasil como Ford de Bigode. Nesta mesma época, Alfred Binet lançou a segunda edição do Teste Binet-Simon (instrumento utilizado para analisar o desempenho intelectual), desta vez utilizando o conceito de Idade Mental. Estes dois fatos históricos sugerem que:
a)    A necessidade de mão de obra especializada na indústria levou o governo Frances a preocupar-se com o desempenho acadêmico das crianças, investindo nos testes de inteligência.
b)    O conhecimento adquirido na indústria com a padronização do Ford de Bigode serviu de modelo para a padronização
do desempenho escolar das crianças francesas.
c)    Binet e Simon com seu teste de inteligência e Henry Ford com a linha de montagem preocupavam-se, respectivamente, com a qualidade dos resultados produzidos na avaliação de inteligência e na linha de montagem.
d)    Henry Ford, Binet e Simon decidiram realizar normatizações em suas áreas, pois com a guerra (Iª GM) iminente, as capacidades de produção de carros e seleção de soldados geravam grandes preocupações.
e)    O instrumento de avaliação de Inteligência criado por Binet e Simon e a linha de montagem adaptada de um matadouro de gados por Henry Ford são resultantes de validações estatísticas.
A resposta correta a este exercício é a letra (c). Tanto Alfred Binet quanto Henry Ford reviram seus procedimentos, de modo a torna-los mais eficientes. Para tanto, utilizaram como princípio a padronização do instrumento de avaliação de inteligência e da montagem do carro Ford de Bigode. Como consequência a qualidade dos produtos - desempenho intelectual e automóvel - melhorou sensivelmente.
Quanto às alternativas (a), (b), (d) e (e) estão todas incorretas. A alternativa (a) porque a motivação não fora a necessidade de mão de obra especializada, mas sim, a necessidade de identificar possíveis causas para o insucesso escolar de algumas crianças. A (b) não está certa, primeiro porque não foi o desempenho escolar que foi padronizado, mas sim o teste, depois porque um não serviu de modelo ao outro. No caso do automóvel, a ideia de padronizar a montagem do Ford de Bigode surgiu após uma visita em um matadouro de gado. Quanto ao teste, os conhecimentos estatísticos da época e a necessidade de torna-lo mais eficiente é que motivaram as alterações. Com relação à alternativa (d), os relatos históricos não fazem qualquer referência a mudanças operacionais da indústria automobilística Ford nem ao desenvolvimento de testes psicológicos por Binet em decorrência da Iª GM. A afirmativa (e) sustenta que ambas as situações são decorrentes de validações estatísticas, o que é um erro. O objetivo da linha de montagem era carros padronizados, mais baratos e em maior número, pois nesta época o ideal de felicidade americano era ter um carro na garagem de casa.

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