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ORIGEM E HISTÓRIA DA PSICOMETRIA Milena Rossetti Embora, a estatística e a matemática sejam ciências importantes à Psicometria, diferente do que muitos acreditam, elas não são sinônimas. Enquanto o objeto de estudo das primeiras são conceitos numéricos, o da Psicometria são fenômenos psicológicos que podem ser apresentados numericamente (Pasquali, 2003). Neste sentido, o estudo epistemológico da Psicometria é importante, pois permite contextualizá-la, fundamentá-la e ao mesmo tempo identificar a relação existente entre essas ciências. Para isto, é preciso pensar que a Psicologia enquanto ciência tem sua história ligada a várias tendências epistemológicas formadas por duas correntes científicas se destacaram no início do séc. XX: a Psicologia alemã e a Psicologia inglesa e norte-americana. A primeira voltada ao estudo das experiências subjetivas enquanto a outra ao estudo e medição do comportamento. A Psicologia alemã era introspectiva, estava interessada na experiência subjetiva e utilizava procedimentos mais descritivos; Enquanto a Psicologia inglesa e norte-americana era empirista, interessavam-se pela quantificação do comportamento humano. Nesse sentido, a história da Psicometria (como campo do saber da Psicologia) a partir do final do séc. XIX salienta dois olhares distintos a respeito desta ciência, o prático e o teórico (PASQUALI, L.,2004, cap.1). Os psicólogos voltados à prática da Psicometria eram os que se preocupavam mais com o aspecto psicopedagógico e clínico, pois se interessavam pela predição do potencial acadêmico. Já os psicólogos voltados à teoria eram os que se interessavam pela ciência psicométrica. Estas duas vertentes, tempos depois, convergiram à chamada Psicometria Clássica. FATOS E CONTEXTOS HISTÓRICOS A fim de compreender melhor o que representou e representa a história da Psicometria para a avaliação psicológica atual, é importante estabelecer a relação entre o trabalho desenvolvido em cada era e o momento histórico mundial em que ocorria. É interessante saber que os fatos marcantes da medida psicológica estavam inseridos em um contexto histórico. FATOS E CONTEXTOS HISTÓRICOS No campo da instrumentação psicológica e industrial, o início do séc. XX ficou marcado por grandes inovações. Provavelmente, o dia mais importante para a história do automóvel foi o dia primeiro de outubro de 1908. Nesta data Henry Ford produzira com padronização e linha de montagem, a primeira unidade do Ford Modelo T conhecido no Brasil como Ford de Bigode. O objetivo era montar carros padronizados, mais baratos e em maior número, pois nesta época o ideal de felicidade americano era ter um carro na garagem de casa. FATOS E CONTEXTOS HISTÓRICOS Nesta mesma época, Alfred Binet lançou a segunda edição do Teste Binet-Simon (instrumento utilizado para analisar o desempenho intelectual), desta vez utilizando o conceito de Idade Mental. Os conhecimentos estatísticos da época e a necessidade de torná-lo mais eficiente é que motivaram as alterações. Binet e Simon com seu teste de inteligência e Henry Ford com a linha de montagem preocupavam-se, respectivamente, com a qualidade dos resultados produzidos na avaliação de inteligência e na linha de montagem. Pesquisadores que contribuíram com o desenvolvimento da Psicometria como ramo da Psicologia: França: Psicopedagógica e Psiquiátrica Esquirol : separar deficientes mentais mais ou menos graves, e outras doenças mentais tratamento mais humano. Seguin: tratamento de deficientes treinamento fisiológico. Binet: teste para avaliar retardo mental em alunos. Inglaterra e EUA: experimentalista Descoberta de uniformidades no comportamento dos indivíduos: Galton, Cattell No início do século XX, alguns psicólogos delinearam teorias sobre a inteligência e, a partir delas, muitas contestações, reformulações e perspectivas teóricas que possibilitaram a construção de instrumentos de medida. Galton em seus trabalhos propunha a avaliação das aptidões humanas por meio da medida sensorial. Ele procurou parametrizar as dimensões ideais dos sentidos, pois considerava que toda a informação humana tinha seu canal de entrada via sentidos. De acordo com relatos históricos, tanto Spearman quanto Binet e Simon são considerados personagens importantes da história do desenvolvimento da Psicometria que, segundo Pasquali (2009), é resultado da interface entre a Psicologia e a Estatística. Thurstone destacou-se na primeira década do séc. XX, por ter sido pioneiro na técnica estatística denominada análise fatorial e por ter lançado os fundamentos da Teoria Clássica. Neste mesmo período, Binet e Simon (1905) desenvolveram um teste para avaliar o nível intelectual de crianças e adultos. Eles desenvolveram um teste de inteligência cujos itens permitiam investigar habilidades específicas, tais como, a habilidade de realizar cálculos. Binet e Simon utilizaram o critério Idade Mental para identificar o nível intelectual dos sujeitos. A Idade Mental corresponde à idade cronológica do indivíduo que acertou todos os itens esperados para sua idade. Em 1960, com a adaptação da escala de Binet nos Estados Unidos da América, o conceito de Idade Mental foi substituído por Terman pelo de Quociente Intelectual, ou seja, pela fórmula matemática, QI=100x IM/IC. Isto significa que o quociente intelectual de um determinado indivíduo é a razão entre a Idade Mental e a Idade cronológica. O QI de desvio dos modernos testes de inteligência (ex.:Esclas Wechsler) é diferente do QI de razão é padronizado com M=100 e, em geral, com um desvio padrão DP= 15 ou 16. Enquanto o QI de razão está relacionado a uma simples divisão aritmética, o QI de desvio está relacionado à raridade de sua apresentação. O QI de desvio indica a pontuação que um determinado indivíduo obtém de acordo com o desvio da norma para a sua idade, graduada em pontuação cronológica padrão (em outras palavras, na porcentagem de sujeitos de determinada idade que ficam acima ou abaixo de cada pontuação do teste). Assim, pode-se afirmar que o QI de desvio é uma escala do nível de mensuração intervalar, pois dispõe seus valores em uma graduação com intervalos iguais. IDADE MENTAL, QI E QI DE DESVIO: Binet(1896): escore Idade Mental Terman (1916): Quociente Intelectual:100x(Idade Mental/ Idade Cronológica) QI de desvio: conceito estatístico PSICOMETRIA: LINHA DO TEMPO 1880-1890 Galton 1890-1900 Cattell 1900-1910 Binet (Spearman) Medida das aptidões humanas através de medidas sensoriais. Inaugurou o termo Mental Test e desenvolveu medidas de diferenças individuais Binet e Simon desenvolveram uma bateria de testes para avaliar funções complexas dando um resultado em IM. Terman introduz o conceito de QI Spearman lança os fundamentos da psicometria clássica e o conceito de inteligência geral. Fator g. Pearson: correlação e coeficiente linear PSICOMETRIA: LINHA DO TEMPO 1910-1930 era dos testes de inteligência 1930-1940 Análise fatorial 1940-1980 Era da sistematização Seleção de recrutas através do Army Alpha eBeta. Depois da guerra utilização de testes em empresas e instituições. Queda de interesse nos testes, pois percebe-se que eles são dependentes da cultura em que foram criados. Thurstone desenvolve a análise fatorial múltipla. Síntese: Gilford (36); Torgerson (58); Thurstone (47)e Harman (67), Cattell (67) sistematização de testes de personalidade. Guilford (67) testes de inteligência. Crítica: Stevens questionando a utilização de escalas de medida, Lord e Novick (68) Teoria do Traço latente. Sternberg (77-85) componentes cognitivos. PSICOMETRIA: LINHA DO TEMPO 1980- Psicometria Moderna- TRI Sistematização da Psicometria Clássica: Anastasi Pesquisa em TRI: Lord, Hambleton, Swaminathan e Rogers Pesquisa em áreas paralelas: construção de itens, validade do testes, etc.
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