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1 UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ Resenha Crítica Ana Carolina Bissolli Fairich Trabalho da disciplina Direito Tributário e Financeiro I Tutor: Prof. Ludmila Aparecida Tavares Vila Velha - ES 2020 2 ANÁLISE DAS PRINCIPAIS ESPÉCIES TRIBUTÁRIAS A palavra tributo, deriva do latim tribuere, que significa repartir, dividir. Os tributos têm sua definição no artigo 3º do CTN, “Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.” O tributo é uma prestação pecuniária, ou seja, uma obrigação de prestar dinheiro ao Estado, conforme elucida o artigo 162, I do CTN, deve ser realizado em moeda corrente, cheque ou vale postal, este último não é mais utilizado e caiu em desuso. Não é facultativo, voluntário e nem contratual, portanto, não há que se falar em autonomia da vontade, uma vez que prevalece o interesse público em relação ao particular. Entende-se que o tributo não é uma multa, tendo em vista que a multa é uma penalidade, adotada como uma reação a uma obrigação tributária não cumprida. Conforme determina o artigo 157 do CTN, uma penalidade não exclui o pagamento do crédito tributário, ou seja, um devedor de crédito tributário que não cumprir sua obrigação estará sujeito ao pagamento deste e da penalidade. Assim, pode-se dizer que as duas são prestações pecuniárias, porém distintas e independentes. Para que seja cobrado, o tributo dependerá de lei ordinária ou complementar, devendo estar descrito em lei o fato gerador de sua incidência, conforme determina o artigo 150, I da CF/88 e o artigo 97, I e II do CTN. Analisando o artigo 142 do CTN, percebe-se que é uma competência privativa da autoridade administrativa constituir o crédito tributário pelo lançamento, verificando a ocorrência do fato gerador da obrigação, determinando a matéria tributável, calcular o tributo, identificar o sujeito passivo e caso necessário, aplicar a penalidade em sua proporção. Há na doutrina quatro correntes que procuram estabelecer a classificação dos tributos. A teoria adotada tanto pela Constituição Federal, em seu artigo 145, quanto pelo Código Nacional Tributário em seu artigo 5º, é a Teoria Tripartida, em que temos apenas três espécies tributárias, quais sejam: impostos, taxas e contribuições de 3 melhoria. Ressalta-se que está teoria foi criada em 1966, baseando-se apenas no CTN. Existe ainda a teoria bipartida ou clássica, que separou os tributos em apenas duas espécies: vinculados e não vinculados. Segundo essa corrente, hoje superada, todas as exações tributárias estariam inseridas duas categorias, e teríamos apenas impostos e taxas. Podemos mencionar ainda a teoria quadripartida, segundo a qual as espécies tributárias são impostos, taxas, contribuições e empréstimos compulsórios. Para o professor Ricardo Lobo Torres, todas as contribuições previstas em nosso ordenamento (sociais, de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais), juntamente com as contribuições de melhoria (artigo 145, III, da CF/88), poderiam ser aglomeradas no conceito amplo de contribuições. A Teoria Pentapartida é que predomina no entendimento doutrinário e jurisprudencial atualmente, o STF, têm o entendimento que temos cinco espécies tributárias em nosso sistema tributário nacional, os impostos, as taxas, as contribuições de melhorias, os empréstimos compulsórios e as contribuições. Neste sentido, irei discorrer sobre cada um dos tributos, são eles: O imposto é um tributo independente de qualquer atividade estatal específica, que possui característica unilateral, e que seu fato gerador é relativo à vida do contribuinte, tendo seu fundamento legal previsto no artigo 16 do CTN. A competência é privativa da União, Estados, Municípios e Distrito Federal. A Constituição Federal trás de modo taxativo os impostos e suas competências: Os Impostos Federais (153 da CF), Imposto de Importação (inc. I), Imposto de Exportação (inc. II), Imposto de Renda (inc. III), IPI (Inc. IV), IOF (Inc. V), ITR (Inc. VI), Imposto sobre Grandes Fortunas (inc. VII), Impostos residuais (art. 154, I), Imposto Extraordinário (de Guerra) (art. 154, II); Impostos Estaduais (art. 155 da CF), ITCMD (inc. I), ICMS (inc. II), IPVA (inc. III); Impostos Municipais (art. 156 da CF), IPTU (inc. I), ITBI (inc. II), ISS (inc. III). A taxa é um tributo vinculado a ação estatal, diverge do imposto por ser uma exação bilateral, contraprestacional e signalagmática, tem previsão legal no artigo 145, II da CF/88 e artigos 77 a 79 do CTN. O fato gerador da taxa é o exercício de polícia, e/ou a utilização de efetiva ou potencial, de serviço público divisível e específico, prestado ao contribuinte. A base de cálculo das taxas é uma grandeza do fato gerador, sendo uma ordem de medida dimensional do fato imponível, ofertando-lhe a exata expressão 4 econômica. Tem denominação de competência comum, a qual podem cobra-las de modo facultativo a União, os Estados, Municípios e Distrito Federal. Há dois tipos de taxas: taxa de polícia (artigo 78 do CTN), a qual paga-se tal taxa em função do exercício regular do direito de polícia administrativa. São exemplos deste tipo de taxa, as taxas de alvará de funcionamento, taxa de fiscalização e controle ambiental (TCFA), taxa para FUNDAF, entre outras.; e, a taxa de serviço (artigo 79 do CTN), que será cobrada em razão da prestação estatal de um serviço público específico e divisível. São exemplos deste tipo de taxa, taxa de segurança pública, taxa de limpeza pública, taxa de iluminação pública. As contribuições de melhoria têm sua previsão legal no artigo 145, III da CF/88 e artigos 81 e 82 ambos do CTN, sendo um tributo que visa a melhoria, como valorização imobiliária, a qual sua cobrança se dá pela proporção do benefício efetivamente experimentado pelo contribuinte. É de competência da União, dos Estados, Municípios e Distrito Federal, que possui como fato gerador, uma obra pública, realizada pelo Poder Público, que valorize os imóveis adjacentes do local em que foi feita. Um exemplo seria uma obra de valorização da infraestrutura da orla de um determinado Município, esta melhoria, aumentaria os valores dos imóveis que ficam próximo a ela, ou seja, quem pagaria por esta taxa, seriam os moradores desta localidade. O empréstimo compulsório está disciplinado no artigo 148 da CF/88, e, também chamado de “empréstimo forçado”, isto porque se encaixa perfeitamente no conceito de tributo do artigo 3º do CTN e nos certames da Carta Magna, dentro dos princípios norteadores do Ordenamento Jurídico Tributário. Possui caráter autônomo e é um tributo com cláusula de restituição, pois possui coexistência de deveres entre o fisco e o contribuinte. É um tributo de competência exclusiva da União, não possui um fato gerador concreto, sua instituição depende exclusivamente de lei complementar, não podendo ser instituída através de medida provisória ou norma infraconstitucional (artigo 62, § 1º, III da CF/88), mas faz-se necessária a observância dos pressupostos para a autorização de cobrança deste tributo. De acordo com o artigo 148 da CF/88, são situações que ensejam a cobrança as despesas proeminentes de calamidade pública, guerra externa ou sua eminência (inc. I), ou o investimento público de caráter urgente e de relevante interesse social (inc. II). 5 As contribuições têm sua previsão legal no artigo 149 da CF/88, nas palavras de Eduardo Sabbag “As contribuições são gravames cuja destinação se revela no financiamento de gastos específicos, no contexto de intervenção do Estado nos campos social e econômico, no cumprimento de ditames da política de governo.” Se subdividem em Contribuição deInteresse das Categorias Profissionais ou Econômicas, Contribuição de Domínio Econômico e Contribuições Sociais. As Contribuições de Interesse das Categorias Profissionais ou Econômicas, são de competência exclusiva da União, mostram-se como tributos federais e observam os princípios constitucionais, sem reserva. São exemplo desta contribuição, as cobranças de anuidades das autarquias federais, os conselhos de classe, CRM, CRF, CREA, entre outros; e as contribuições sindicais, um exemplo comum seria o Sindicato dos Trabalhadores. As Contribuição de Domínio Econômico, são de competência exclusiva da União, manifestam-se como tributos federais e têm seu regramento disposto no o artigo 149, § 2º, I, II e III, da CF/88. Se distingue das contribuições de interesse das categorias ou econômicas, na referibilidade, uma vez que está é uma condição constitucional para que seja cobrado este tributo, que na contribuição de domínio econômico não há esta exigência. Como exemplo desta contribuição temos (a) a CIDE – Combustíveis e (b) a CIDE – Royalties. Ademais, serão apresentadas, resumidamente, outras Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico (CIDEs). Por fim, temos as Contribuições Sociais, que são as mais relevantes contribuições. É de competência exclusiva da União. Segundo o STF, entendem-se como “contribuições sociais” as (I) contribuições sociais gerais (aquelas não destinadas à seguridade), exemplo é a contribuição Salário-Educação (artigo 212, § 5º da CF/88) e as contribuições do Sistema “S” (artigo 240 da CF/88); as (II) contribuições de seguridade social (art. 195 da CF/88 c/c art. 11 da Lei n. 8.212/1991); e as (III) outras contribuições sociais. Conclui-se que, é a extrema importância da arrecadação dos tributos para a manutenção da máquina pública, como benefício da sociedade. Cada tributo possui a sua particularidade e sua cobrança deve estar especificada em lei. Vale ressaltar que o CTN é de 1966, se faz necessário uma reforma tributária urgente, pois a carga tributária é alta, especialmente quando se refere aos tributos cobrados nas relações de emprego (contratação e demissão), e este encontra-se ultrapassado. Atualmente 6 tramita no congresso um projeto para a que seja realizada a reforma tributária, mas em minha opinião, esta ainda irá demorar muito para que seja votada, afinal de contas, os tributos mais caros são cobrados daqueles que mais possuem recursos financeiros, irá “mexer no bolso” de quem mais recebe, não sendo algo de interesse da maioria dos políticos no congresso. Referência Bibliográfica: SABBAG, Eduardo. Direito Tributário Essencial - 7ª Edição, Cap. 3 e 4, 2020. MELLO, Glaucia Rodrigues Torres de Oliveira. Direito Tributário. Cap. 3. Pg. 172 e 173.
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