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Renée Descartes (1596-1650) Nota: em construção Introdução INTRODUÇÃO 1. Projecto e método 2. Conhecimento 3. Física 4. Metafísica 5. Mente e corpo 6. Ética 7. Deus • ALGUMAS OBRAS: Regras para a Direcção do Espírito,1628 (pub. 1701) Discurso do Método, 1637 Meditações Metafísicas, 1641 Princípios de Filosofia, 1644 As Paixões da Alma, 1649 • Sugestões bibliográficas: Bernard Williams, Descartes: the Project of Pure Enquiry John Cottingham, A Filosofia de Descartes 1. Projecto e método - Um sistema interligado e hierárquico de todas as ciências que seja absolutamente seguro. Regras para a Direcção do Espírito, regra 1 - A finalidade dos estudos deve ser a orientação do espírito para emitir juízos sólidos e verdadeiros sobre tudo o que se lhe depara. (p.13) “Com efeito, visto que todas as ciências nada mais são do que a sabedoria humana, a qual permanece sempre una e idêntica, por muito diferentes que sejam os objetos a que se aplique, e não recebe deles mais distinções do que a luz do sol da variedade das coisas que ilumina, não há necessidade de impor aos espíritos quaisquer limites. Nem o conhecimento de uma só verdade, como se fora a prática de uma única arte, nos desvia da descoberta de outra; pelo contrário, ajuda-nos.” “Sem dúvida, parece-me de espantar que a maior parte indague, com o maior empenho, os costumes dos homens, as propriedades das plantas, os movimentos dos astros, as transmutações dos metais e os objetos de semelhantes disciplinas e que, entretanto, quase ninguém pense no bom senso ou nesta Sabedoria universal, quando tudo o mais deve ser apreciado, não tanto por si mesmo quanto pelo contributo que a esta traz.” “(…) nada nos afasta tanto do reto caminho da procura da verdade como orientar os nossos estudos, não para este fim geral, mas para alguns fins particulares.” “É preciso acreditar que todas as ciências estão de tal modo conexas entre si que é muitíssimo mais fácil aprendê-las todas ao mesmo tempo do que separar uma só que seja das outras.” “Portanto, se alguém quiser investigar a sério a verdade das coisas, não deve escolher uma ciência particular: estão todas unidas entre si e dependentes umas das outras; mas pense apenas em aumentar a luz natural da razão, não para resolver esta ou aquela dificuldade de escola, mas para que, em cada circunstância da vida, o intelecto mostre à vontade o que deve escolher.” ver Prefácio dos Princípios de Filosofia: “A filosofia é como uma árvore.” “esta palavra Filosofia significa o estudo da sabedoria,(…) um conhecimento perfeito de todas as coisas que o homem pode saber, tanto para a conduta da sua vida como para a conservação da saúde e invenção de todas as artes. E para que este conhecimento assim possa ser, é necessário deduzi-lo das primeiras causas, de tal modo que para se conseguir obtê-lo - e a isto se chama filosofar - há que começar pela investigação dessas primeiras causas, ou seja, dos princípios. Estes devem obedecer a duas condições: uma, é que sejam tão claros e evidentes que o espírito humano não possa duvidar da sua verdade desde que se aplique a considerá-los com atenção; a outra, é que o conhecimento das outras coisas dependa deles, de maneira que possam ser conhecidos sem elas, mas não o inverso. Depois disto é indispensável que a partir desses princípios se possa deduzir o conhecimento das coisas que dependem deles, de tal modo que no encadeamento das deduções realizadas não haja nada que não seja perfeitamente conhecido.” “Assim, a Filosofia é como uma árvore, cujas raízes são a Metafísica, o tronco a Física, e os ramos que saem do tronco são todas as outras ciências, que se reduzem a três principais: a Medicina, a Mecânica e a Moral, entendendo por Moral a mais elevada e mais perfeita, porque pressupõe um conhecimento integral das outras ciências, e é o último grau da sabedoria.” ver Discurso do Método: a imagem do edifício (pp. 45 e 50) - A razão humana, e não a autoridade religiosa, fornece o fundamento das ciências: escrever na 1ª pessoa - Só necessita de um método adequado: Ver Regras para a Direcção do Espírito e Discurso do Método - o modelo do conhecimento e do método: a matemática “Ao examinar a natureza dos vários espíritos dei-me conta de que, por mais grosseiros e atrasados que fossem, dificilmente se encontra algum radicalmente incapaz de participar dos bons sentimentos e até de adquirir todas as mais altas ciências desde que se conduzissem como é necessário. Também isto pode ser provado pela razão: uma vez que os princípios são claros e que só se deve fazer deduções por meio de raciocínios muito evidentes, possuiremos espírito suficiente para compreender as coisas que dependem deles.” (Princípios da Filosofia, Prefácio) -“A razão é a coisa no mundo mais bem distribuída.” (DM, p. 39) “Pois não é suficiente ter o espírito bom, mas o principal é aplicá-lo bem.” (DM, p.39) ver as 4 regras do método (DM, pp. 56-58): 1) Critério de clareza e certeza 2) e 4) Sumário de procedimentos analíticos inspirados na álgebra 3) Um princípio metodológico mais geral: começar com objectos simples e facilmente conhecidos pensar nos objectos complexos como sendo cognoscíveis através dos mais simples pressuposto: que outros domínios para além da matemática sejam redutíveis a elementos simples 2. Conhecimento - Responder à ameaça céptica - Pôr à prova o conhecimento sensorial, físico, matemático e metafísico submetendo-os a uma forma extrema de cepticismo: o cepticismo refutando-se a si próprio • Encontrar um critério de verdade absolutamente seguro • O conhecimento matemático mostra que é possível alcançar verdades seguras e absolutamente certas • A hierarquia do conhecimento: metafísica, física, ciências aplicadas (medicina – o corpo humano, mecânica - as máquinas, moral – a mente incorporada) 3. Física - A matemática como chave da física - Mecanicismo: o mundo físico é matéria em movimento - Matéria é extensão - Não pode haver vácuo, dado que espaço e matéria coincidem: contra o atomismo 4. Metafísica - Doutrina da criação das verdades eternas: verdades da lógica, da matemática e da física dependem da vontade de Deus logo, são em última instância arbitrárias porque dependem da sua vontade livre e não da sua razão necessária - Doutrina da substância: definição: “uma coisa que existe de tal modo que só necessita de si própria para existir” (em rigor, só Deus é uma substância) onde percebemos propriedades deve existir um algo de que sejam propriedades - Dualismo: a realidade divide-se em duas substâncias: mente e matéria a natureza da mente é o pensamento a natureza da matéria é a extensão existência e natureza das substâncias são estabelecidas por inferência e não pelos sentidos 5. Mente e corpo a consciência, e não a racionalidade, é a marca ou critério definitório do mental a mente é o domínio daquilo que é acessível à introspecção: pensamentos, sensações, emoções, desejos, etc a experiência é mental: fenomenológica a experiência é privada só os humanos são capazes de experiência O elemento fenomenológico, consciente, da experiência está ligado contingentemente apenas com as causas, os eventos e os mecanismos corporais a interacção entre a mente e o corpo é, pois, problemática e misteriosa determinismo material: as causas dos eventos físicos são outros eventos físicos e a relação causal decorre segundo leis libertarianismomental: a causalidade parte da vontade os outros animais são máquinas apenas: 4 diferenças entre humano e animal: 1) Só os humanos possuem a capacidade de pensar acerca de X o animal é uma máquina programada para realizar certas acções 2) Só os humanos fazem escolhas e são capazes de ser movidos por razões que se distanciam de estímulos presentes 3) Só os humanos são capazes de abstracção 4) Só os humanos possuem consciência • 6. Ética um dos ramos da árvore do conhecimento provisória até que o sistema de conhecimento esteja completo três máximas: 1) Obedecer às leis e costumes 2) Ser resoluto 3) Controlar-me a mim mesmo influência estóica As Paixões da Alma: fisiologia e ética: compreender as causas corporais das nossas acções é uma ajuda valiosa para as controlarmos através da razão 7. Deus - uma teologia racional: a existência de Deus é determinada através de argumentos - do ponto de vista metafísico: doutrina da criação constante: a existência do mundo depende a cada instante da vontade de Deus - do ponto de vista científico: “Deus relojoeiro”: o universo foi criado por Deus com as suas leis e processos físicos uma vez criado, funciona sem intervenção divina de acordo com essas leis e processos - Deus como explicação metafísica e não como explicação científica
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