Buscar

8 Filosofia-Moderna-e-Contemporânea

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

1 
 
 
FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA 
1 
 
 
SUMÁRIO 
NOSSA HISTÓRIA ......................................................................................................... 2 
FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA[1] .................................................... 3 
TEORIA DO CONHECIMENTO .................................................................................... 3 
Racionalismo .................................................................................................................... 4 
Empirismo ........................................................................................................................ 5 
Iluminismo ........................................................................................................................ 7 
Positivismo ....................................................................................................................... 8 
Hegelianismo .................................................................................................................... 9 
Marxismo ........................................................................................................................ 10 
Escola de Frankfurt ......................................................................................................... 11 
CIÊNCIA E MÉTODO .................................................................................................. 11 
Senso comum x ciência .................................................................................................. 11 
Método científico ............................................................................................................ 12 
Responsabilidade social do cientista .............................................................................. 13 
Razão instrumental ......................................................................................................... 14 
TRABALHO E ALIENAÇÃO ....................................................................................... 14 
Revolução Industrial ....................................................................................................... 14 
Taylorismo e Fordismo ................................................................................................... 16 
Sociedade pós-industrial ................................................................................................. 19 
Cultura e mass media ...................................................................................................... 20 
Cultura popular x cultura de massa ................................................................................ 20 
Indústria cultural e cultura de massa .............................................................................. 21 
Os mass media e a informática ....................................................................................... 22 
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................ 25 
 
 
2 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
 
 
Disciplina: Filosofia Moderna e Contemporânea 
“Não Há prova maior de insanidade do que fazer a mesma 
Coisa dia após dia e esperar resultados diferentes” 
(Albert Einstein) 
Caro aluno nessa disciplina é importante que você acesse o texto do Link 
abaixo sugerido pois, contém informações complementares ao seu estudo. 
Disponível em: 
http://ebooks.pucrs.br/edipucrs/Ebooks/Pdf/978-85-397-0185-8.pdf 
 
FILOSOFIA MODERNA E CONTEMPORÂNEA[1] 
Prof. Ms. Roger moko yabiku[2] 
TEORIA DO CONHECIMENTO 
A parte da Filosofia que investiga as condições do conhecimento verdadeiro 
chama-se teoria do conhecimento. Como disciplina autônoma, surgiu na Idade Moderna, 
com autores como René Descartes, John Locke e David Hume, que estavam preocupados 
em explicar de maneira explícita e sistemática a origem, a essência e a certeza do 
conhecimento humano. (ARANHA & MARTINS, 2003, p. 118) Por isso, discorrer-se-á 
sobre a jornada da separação entre fé e razão, a partir do Renascimento, passando pelos 
prismas do racionalismo, do empirismo, do iluminismo (Immanuel Kant), do positivismo, 
do hegelianismo, do marxismo e da Escola de Frankfurt, de modo suscinto, sem maiores 
aprofundamentos. 
Durante o Renascimento (século XIV ao XVI), foram descobertas algumas obras 
de Platão, desconhecidas durante a Idade Média, e de novas obras de Aristóteles. Essas 
obras eram lidas, segundo Marilena Chauí (2006, p. 48), em grego, recebendo, 
posteriormente, traduções em latim, a língua culta da época, como o inglês o é hoje. Nessa 
época, houve um distanciamento entre fé e razão. Na Idade Média, predominava a fé 
sobre a razão, pois predominava o domínio cultural da Igreja Católica, que era muito 
poderosa, chegando mesmo a coroar reis, fundar universidades e organizar Cruzadas à 
Terra Santa. 
http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=5524709016713152675#_edn1
http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=5524709016713152675#_edn2
4 
 
 
Na Idade Média, a visão do mundo era teocêntrica, ou seja, Deus era o centro de 
todas as coisas. E tudo deveria ser compreendido pela razão. O Renascimento representou 
uma mudança de visão de mundo. Do teocentrismo, passou-se ao antropocentrismo (o 
homem como centro das coisas). Retomaram-se os padrões gregos e romanos, seja na 
filosofia, literatura quanto na arte. O humanismo é a característica, portanto, do 
Renascimento. 
Além da efervescência intelectual, durante o Renascimento ocorreram as grandes 
navegações, que levaram à descoberta de novas terras, novos povos, permitindo que os 
europeus pudessem dar um outro olhar para suas próprias vidas. Isso levou a algumas 
crises, contra a própria Igreja Católica, inclusive, que culminou na Reforma Protestante. 
A Igreja Católica, por sua vez, contra-atacou a reforma, dando maiores poderes à 
Inquisição. 
Na Idade Moderna (século XVII ao começo do XVIII), procurou-se vencer o 
pessimismo teórico. Para tal, a filosofia moderna (também conhecida como Grande 
Racionalismo) propôs algumas mudanças. Em vez de se tentar compreender a natureza e 
os seus objetos, a Filosofia deveria se preocupar com a reflexão, ou seja com o sujeito do 
conhecimento. Há também a noção de que a natureza, a sociedade e a política podem ser 
inteiramente conhecidas pelo sujeito do conhecimento. E, por fim, a realidade seria 
racional, um sistema ordenado de causalidades físico-matemáticas perfeitas e plenamente 
conhecíveis pela razão humana. (CHAUÍ, p. 48-49) 
A razão, para os filósofos modernos, pode ser utilizada pelo sujeito do 
conhecimento para não só conhecer a realidade, mas também alterá-la. O homem poderia 
controlar a natureza, por meio de máquinas, para a satisfação das suas necessidades.Na 
Filosofia Moderna, destacam-se duas correntes filosóficas: o racionalismo e o empirismo. 
Racionalismo 
René Descartes (1596-1650), francês, é considerado por muitos o pai da filosofia 
moderna. Suas principais obras foram Discurso do Método e Meditações Metafísicas. 
Descartes constatou que tudo era passível de dúvida, por isso converteu a dúvida em 
método, passando a questionar o senso comum, os discursos das autoridades, das 
sensações, dos sentidos, entre outros. Vejam o raciocínio de Descartes: se duvido, penso; 
se penso, existo. Daí, sua célebre frase “Cogito ergo sum” (Penso, logo existo), que 
fundamentou toda sua filosofia. 
5 
 
 
A partir dessa intuição primeira, do ser que pensa, Descartes diferencia outros 
tipos de ideias, já que algumas são duvidosas, confusas e outras são mais claras. Daí, 
classificou as ideias em três tipos: a-) ideias adventícias – originam-se das sensações, 
percepções e lembranças, ou seja ideias de qualidades sensoriais (cor, sabor, odor, som, 
textura, tamanho, lugar, etc) ou de ideias percebidas por meio dessas qualidades. 
Geralmente, essas ideias são falsas; b-) ideias fictícias – criadas pela fantasia e pela 
imaginação. Nunca são verdadeiras; c-) ideias inatas – não derivam da experiência 
sensorial, nem da fantasia, pois são inteiramente racionais e os seres humanos já nascem 
com elas. (CHAUÍ, p. 70) 
As ideias inatas não são sujeitas a erro, pois são independentes das ideias que vêm 
de fora, aquelas formadas pela ação dos sentidos, e pela imaginação. Portanto, para o 
racionalismo cartesiano, a razão e o conhecimento surgem de dentro do indivíduo, e não 
de fora. Há uma separação entre o material e o “espiritual”. Aquilo que deve ser confiável 
é somente o que pode ser captado pelo espírito, as ideias inatas. 
Qual a importância do racionalismo cartesiano? Ele acentuou o caráter absoluto e 
universal da razão, que descobre todas as verdades possíveis. A partir do século XVII, 
buscou-se um ideal matemático, uma matemática universal, uma maneira de se tentar 
compreender o mundo, as ideias, as coisas totalmente pela inteligência, com ordem e 
medida. A matemática, então, para o racionalismo, é o modelo perfeito de conhecimento 
verdadeiro. 
A resposta dos britânicos ao racionalismo cartesiano, foi o empirismo, 
representado principalmente por Francis Bacon, John Locke e David Hume. 
Empirismo 
Enquanto o racionalismo rejeita as experiências sensíveis, o empirismo valoriza o 
experimento no processo do conhecimento. Para os empiristas, a experiência sensível é 
responsável existência de ideias na razão, controlando o seu próprio trabalho (da razão), 
pios o valor e o sentido da atividade racional dependem do que é determinado pela 
experiência sensível. “Para os empiristas, o modelo de conhecimento verdadeiro é dado 
pelas ciências naturais ou ciências experimentais, como a física e a química.” (CHAUÍ, 
p. 130) 
Para os empiristas, a razão e o conhecimento se formam de fora para dentro do ser 
humano, por meio da experiência sensível, cujas formas principais são a sensação e a 
percepção. 
6 
 
 
A sensação fornece ao ser humano as qualidades exteriores e interiores dos objetos 
e as qualidades que exercem sobre as pessoas. “Na sensação vemos, tocamos, sentimos, 
ouvimos qualidades puras e diretas das coisas: cores, odores, sabores, texturas, sons, 
temperaturas. Sentimos o quente e o frio, o doce e o amargo, o liso e o rugoso, o vermelho 
e o verde, etc. Sentimos também qualidades internas, isto é, que passam em nosso corpo 
ou em nossa mente pelo contato com as coisas sensíveis: prazer, desprazer, dor, agrado, 
desagrado. (...) A percepção seria, pois, uma síntese de sensações simultâneas.” (CHAUÍ, 
p. 132-133) 
Entre os empiristas, vale destacar Francis Bacon (1561-1626), John Locke (1632-
1704) e David Hume (1711-1776). Bacon tinha como lema “saber é poder” e sua principal 
obra foi “Novum Organum”, na qual denuncia os preconceitos e noções falsas, que 
dificultam a compreensão da realidade. Ele denomina esses preconceitos e noções falsas 
de “ídolos”, que podem ser de quatro tipos: a-) ídolos da tribo – são da própria espécie 
humana, quando as percepções fazem analogia com a mente humana e não com o 
universo; b-) ídolos da caverna – oriundos dos homens como indivíduos, cada um tem 
uma maneira particular de entender as coisas, o que pode corromper a verdade; c-) ídolos 
do foro – das relações comerciais e sociais, nas quais os homens se deixam levar mais 
pela conversa que pelo intelecto; d-) ídolos do teatro – chegam ao homem por meio de 
doutrinas filosóficas e regras viciosas.” (ARANHA & MARTINS, p. 132-133) 
John Locke, em “Ensaio sobre o Entendimento Humano”, preferiu o caminho 
psicológico para investigar a origem das ideias, que tem como fontes a sensação e a 
reflexão. “Sensação é o resultado da modificação feita na mente por meio dos sentidos. 
A reflexão é a percepção que a alma tem daquilo que nela ocorre. Portanto, a reflexão se 
reduz apenas à experiência interna do resultado da experiência externa produzida pela 
sensação.” (ARANHA & MARTINS, p. 133). 
Para Locke, a produção de uma ideia simples na mente depende da qualidade do 
objeto, que provoca algumas percepções sensíveis. Essas qualidades podem ser primárias 
– que possuem caráter objetivo por existirem realmente nas coisas (solidez, extensão, 
configuração, movimento, repouso, número) - ou secundárias – que variam sujeito para 
sujeito (cor, som, odor, sabor). Já as ideias complexas são atadas e desatadas das ideias 
simples. As ideias complexas são formadas pelo intelecto, assim não tem validade 
objetiva. São mais como nomes para denominar e ordenar as coisas. “Locke critica a 
doutrina das ideias inatas de Descartes, afirmando que a alma é como uma tábula rasa 
7 
 
 
(tábua sem inscrições), como uma cera em que não há qualquer impressão, e o 
conhecimento só começa após a experiência sensível.” (ARANHA & MARTINS, p. 133) 
Segundo o escocês David Hume, só se pode observar os fenômenos, pois o 
mecanismo íntimo do real não é passível de experiência. “O que observamos é a sucessão 
dos fatos ou a sequência de eventos e não o nexo causal entre esses mesmos fatos ou 
eventos. É o hábito criado pela observação de casos semelhantes que nos faz ultrapassar 
o dado e afirmar mais do que a experiência pode alcançar. (ARANHA & MARTINS, p. 
134) 
Iluminismo 
Na onda do movimento iluminista, o filósofo alemão Immanuel Kant tentou 
superar a dicotomia entre o racionalismo e o empirismo. Antes, cabe falar do iluminismo 
em si, um movimento surgido no século XVIII, também conhecido como século das luzes, 
ou ilustração. O nome é alusivo à capacidade das luzes da razão reorganizarem o mundo, 
libertando-o da obscuridadade. A revolução científica de Galileu, que também deu 
substrato ao Renascimento, influenciou a filosofia do iluminismo. “O método 
experimental recém-descoberto tem a técnica como aliada, fazendo surgir novas ciências, 
as quais, por sua vez, aperfeiçoam ainda mais a tecnologia. Com o seu poder aumentando, 
o ser humano não mais se contenta em contemplar a harmonia da natureza: quer conhecer 
para dominá-la. Por fim, a natureza passa a ser vista de forma dessacralizada, isto é, 
desvinculada da religião. Tornando-se livre de qualquer tutela, sabendo-se capaz de 
procurar soluções com base em princípios racionais, o ser humano estende o uso da razão 
a todos os domínios: político, econômico, moral e religioso.” (ARANHA & MARTINS, 
p. 134) 
Para Kant, essa segurança do poder humano decorre da afirmação da burguesia 
como classe social dominante. Nesse momento, consolidou-se o sistema capitalista, 
expresso principalmente pela Revolução Industrial, pelo surgimento da máquina a vapor, 
que auxiliou a mecanização das indústrias. O iluminismo se alastrou e influenciou toda a 
Europa, principalmente Inglaterra, França e Alemanha. 
Apesar de haver inúmerosfilósofos que marcam esse período da história, para fins 
deste estudo, escrever-se-á brevemente sobre Kant. Em sua obra “Crítica da Razão Pura”, 
Kant questiona se é possível existir uma razão pura, independente da experiência. Seu 
método ficou conhecido como criticismo. Para ele, o conhecimento é formado por matéria 
e forma. “A matéria dos nossos conhecimentos são as próprias coisas, e a forma somos 
8 
 
 
nós mesmos. (...) Para conhecer as coisas, temos de organizá-las a partir da forma a priori 
do tempo e do espaço. Segundo Kant, o tempo e o espaço não existem como realidade 
externa, são antes formas que o sujeito põe nas coisas. (...)” (ARANHA & MARTINS, p. 
136) De acordo com Kant, não há como se conhecer a coisa-em-si (noumenon), mas 
somente as suas manifestações, os fenômenos. 
Positivismo 
O iluminismo e as obras de Kant influenciaram tremendamente a filosofia da 
Idade Contemporânea, que se iniciou no século XIX. Numa ponta, surgiram os filósofos 
materialistas, como alemão Ludwig Fuerbach, e os positivistas, capitaneados pelo francês 
Augusto Comte. Na outra, os idealistas, como Georg Wilhelm Hegel. Por ora, falar-se-á 
de Augusto Comte (1798-1857) e o positivismo. No século XVIII, a Revolução Industrial 
demonstrou que a nova classe social no poder era a burguesia. Ciência e técnica, frutos 
da razão humana para compreender e transformar a natureza, provocaram também 
mudanças nos ambientes humanos. Antes da máquina à vapor, por exemplo, o trabalho 
era predominantemente braçal, ou por tração animal ou eólica. Esse poder-saber – do 
cientificismo – destacou a ciência como “único método da natureza válido, devendo, 
portanto, ser estendido a todos os campos da indagação e atividade humanas.” (ARANHA 
& MARTINS, p. 140) 
Diante do cenário cientificista, surgiu o positivismo, cujo principal expoente foi 
Auguste Comte. Para o francês o espírito humano passou por três estados diferentes e 
consecutivos (lei dos três estados): a) estado teológico – as explicações para tudo são 
sobrenaturais, derivam, por exemplo, dos deuses; b) estado metafísico – forças abstratas, 
noções absolutas explicam a origem e o destino do universo; c) estado positivo – devido 
às ciências, as “ilusões são superadas pelo conhecimento das relações invariáveis dos 
fatos, por meio de observações do raciocínio que visam alcançar as leis efetivas.” 
(ARANHA & MARTINS, p. 140). 
O estado positivo, portanto, representaria a maturidade do espírito humano. O 
positivo – aquilo que é posto – mostra aquilo que é real, dá uma certeza, não encontrada 
jamais, principalmente nas explicações teológicas e metafísicas de mundo. O positivismo 
tem como modelo a física e suas leis invariáveis, que são transpostas dos fenômenos 
físicos para as relações humanas. Na física, não há liberdade. Por exemplo, todos os 
corpos são atraídos para o centro da Terra por causa da lei da gravidade. E ninguém está 
livre disso. Essas leis invariáveis junto aos fenômenos humanos introduz no positivismo 
9 
 
 
o determinismo, quer dizer, o reino da necessidade, no qual se perde a liberdade, sendo o 
homem determinado pelo meio, pela raça e pela época, como desenvolveria 
posteriormente Taine, um seguidor de Comte.[3] 
Comte classifica as ciências pela ordem de importância e também cronológica: 
astronomia, física, química, biologia e física social (sociologia). Ele é tido como o pai da 
sociologia. No seu entendimento, a sociologia é dominante com relação aos outros 
saberes científicos. A sociologia de Comte aproveita os modelos da biologia para explicar 
a sociedade como um imenso corpo. Porém, só algumas pessoas – uma elite como a parte 
frontal do cérebro mais desenvolvida, capaz de ter maior inteligência e sentimentos 
morais – dirigiria o restante da sociedade – que deveria ser dominada por não saber 
controlar sua afetividade, o que causaria desordem. Essa ordem, para Comte, de uma elite 
dominar os demais era essencial para a efetivação do progresso da humanidade. 
O positivismo exerceu grande influência no Brasil, principalmente por meio de Luís 
Pereira Barreto e do militar Benjamin Constant (um dos articuladores da proclamação da 
república). Não é à toa que o lema da bandeira brasileira é “ordem e progresso”. 
 
Hegelianismo 
O alemão Georg Wilhelm Hegel (1770-1831) diz que a razão é histórica. Há todo 
um devir, um vir a ser, um movimento, pois nada seria estático. Usa o princípio da 
contradição para desenvolver a sua dialética. “Hegel desenvolve novo conceito de 
história, também dialético: o presente é engendrado por longo e dramático processo; a 
história não é simples acumulação e justaposição de fatos acontecidos no tempo, mas 
resulta de um processo cujo motor interno é a contradição dialética.” (ARANHA & 
MARTINS, p. 143) Cada época, segundo Hegel, era regida por um “Espírito do Tempo” 
(Zeitgeist). Quer dizer, cada época tinha uma característica peculiar, que a diferenciava 
das demais. 
Partiu do pressuposto de que todo ser já contém em si a semente da sua própria 
destruição. Há três etapas na dialética: 1 – tese (afirmação), 2 – antítese (negação) e 3 – 
síntese (negação da negação). O mundo, para Hegel, seria a manifestação da própria Ideia, 
sendo a história universal a manifestação da razão. O ponto de partida é a Ideia pura (tese). 
Mas para que a Ideia possa se desenvolver, necessita criar algo que lhe é oposto, a 
Natureza (antítese) – matéria alienada, ou seja, privada de consciência. Desse conflito, 
entre a Ideia (tese) e a Natureza (antítese), nasce o Espírito, que é, ao mesmo tempo, 
http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=5524709016713152675#_edn3
10 
 
 
pensamento e matéria. A Ideia, então, toma consciência de si por meio da Natureza. Esse 
movimento dialético se desenrola sucessivamente até atingir o Espírito Absoluto, a 
síntese final, cuja maior representação estaria na Filosofia. 
Marxismo 
Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895) utilizaram-se da filosofia 
hegeliana para formularem sua própria teoria. Para eles, Hegel não conseguiu explicar, 
com o seu “Espírito”, a vida social da época (século XIX). Houve avanços com o maior 
controle da técnica e com o maior domínio da natureza e o maior enriquecimento, no 
entanto, houve escravização maior da classe operária, cada vez mais empobrecida. Marx 
e Hegel inverteram a dialética de Hegel. E criaram o materialismo dialético. Segundo 
eles, em vez da Idéia, o movimento é a propriedade fundamental da matéria e existe 
independentemente da consciência. De acordo com o materialismo dialético a 
infraestrutura (política e economia) determina a superestrutura (cultura, religião, moral, 
etc). Quer dizer, as condições materiais cotidianas (relações econômicas) são 
fundamentais para que se formulem como as relações sociais se desenrolam numa certa 
sociedade. Assim, quando se mudava a infraestrutura da sociedade, automaticamente o 
mesmo ocorria com a superestrutura. 
Ao se aplicar o materialismo dialético à história, se tem o materialismo histórico, 
uma explicação histórica por meio dos fatores materiais (economia e política). Na 
dialética marxista, não se fala da Idéia, mas de fatos materias. Em vez de heróis, está a 
luta de classes. “Na sociedade contemporânea, baseada no modo de produção capitalista, 
com emergência da industrialização em grande escala, surge a necessidade do consumo 
dar vazão aos produtos fabricados: mais ainda, o consumismo resulta do desejo 
artificialmente produzido de ter muitas coisas para se sentir humano e aceito pelos outros. 
Portanto, segundo Marx, para estudar a sociedade não se deve partir do que os indivíduos 
dizem, imaginam ou pensam, mas da forma como produzem os bens materiais necessários 
a sua vida. Analisando o contato que estabelecem com a natureza para transformá-la por 
meio do trabalho e as relações criadas entre eles, é que se descobre como produzem sua 
vida e suas idéias. (ARANHA& MARTINS, p. 145) Marx começa a criticar os rumos 
tomados pelo iluminismo, prenunciando a crise da razão. 
11 
 
 
Escola de Frankfurt 
Profundamente influenciados pelos estudos de Marx, Sigmund Freud, Martin 
Heidegger e Friedrich Nietzsche, pensadores como Theodor Adorno, Max Horkheimer, 
Herbert Marcuse e Walter Benjamin ampliaram a crítica à razão. Alinharam-se em torno 
do Instituto para Pesquisa Social, conhecido como Escola de Frankfurt.[iv] Para os 
frankfurtianos, a crença na ciência e na técnica, de um lado ajudou o ser humano a 
transformar a natureza com maior facilidade, dominando-a, no entanto, de outro lado, o 
preço foi muito caro: a liberdade humana. A razão que deveria libertar o homem da 
obscuridade deixou-o cada vez mais dependente e cego pela indústria cultural e da 
sociedade de massa. Criticam a racionalidade instrumental. “Trata-se do exercício da 
racionalidade científica, típica do positivismo, que visa a dominação da natureza para fins 
lucrativos e coloca a ciência e a técnica a serviço do capital.” (ARANHA & MARTINS, 
p. 150) 
A era da racionalidade inaugurada por Descartes sofisticou-se até chegar a Marx 
(que teve sua versão de “iluminismo”), crendo na força da razão para controle da natureza, 
e evitar a obscuridão na moral e na política. O ser humano ao ser tratado como parte da 
massa, em parte devido à separação da racionalidade entre sujeito e objeto, entre corpo e 
alma, entre eu e mundo, entre natureza e cultura, perdeu a sua individualidade. A 
emancipação só poderá ocorrer se o indivíduo autônomo, consciente dos seus fins, 
recupere sua consciência, tornando-se cada vez mais crítico com relação ao mundo e as 
relações de força que o cercam. O principal representante da Escola de Frankfurt, 
atualmente, é Jürgen Habermas, autor da “teoria da ação comunicativa”. 
CIÊNCIA E MÉTODO 
Senso comum x ciência 
Num ambiente acadêmico, principalmente, há preocupação especial com o 
conhecimento. Não se aceita qualquer tipo de conhecimento, há primazia do 
conhecimento científico. A mera opinião, desvinculada de teorias ou embasamento mais 
rigorosos, é duvidosa, portanto, quase sempre é rejeitada. A opinião pura e simples, via 
de regra, é associada com o senso comum. O conhecimento mais embasado com o 
conhecimento científico. 
http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=5524709016713152675#_edn4
12 
 
 
Muitas vezes, o senso comum é adquirido pela vivência, pela tradição oral. É 
relacionado ao cotidiano, numa tentativa de compreendê-lo, para que se possa atuar no 
mesmo. O senso comum é constituído de crenças, pois é espontâneo e não crítico. 
Não raro, a ciência confronta o senso comum, no intuito de desmistificar 
preconceitos. Antes da revolução científica do século XVII, o senso comum ajudou a 
sistematizar o conhecimento. Porém, isso não era o suficiente. Havia uma necessidade de 
maior certeza que só poderia ser trazida pela ciência. 
A ciência é um corpo de conhecimentos organizados e que permite fazer 
classificações. Necessita de investigações sistemáticas, bem fundamentadas. Geralmente, 
as explicações científicas baseiam-se em enunciados gerais, os princípios, que explicam 
diversos fenômenos. Já o senso comum resulta de conhecimento particular, de uma 
amostra da realidade, que é generalizado, às pressas, gerando imprecisão. A seleção dos 
dados, nesse caso, não é rigorosa. 
O conhecimento científico é geral, pois suas conclusões não valem só para 
determinados casos observados, mas para todos os que são semelhantes. Já no senso 
comum, o conhecimento é fragmentário, pois explica somente o caso observado, sem se 
preocupar com enunciados gerais. 
O senso comum é subjetivo, já a ciência é objetiva. Por exemplo, pela pela se pode 
sentir calor ou frio, cujas sensações variam de pessoa para pessoa. Com um termômetro 
mede-se objetivamente a temperatura. Assim sendo, as conclusões da ciência, dotadas de 
objetividade, podem ser verificadas por outros membros da comunidade científica, 
porque, na medida do possível, há impessoalidade. 
 
A linguagem científica é rigorosa, seus termos são claramente definidos para 
evitar problemas de interpretação. Quanto mais se utiliza da matemática para transformar 
qualidades em quantidades, mais precisa é a linguagem. 
Método científico 
Galileu Galilei revolucionou a física no século XVII, ao afirmar que a terra girava 
em torno do Sol e não o contrário. A ciência, tal como se conhece hoje, é algo recente, 
que tem em torno de 400 anos. Moderna e contemporaneamente, a ciência determina seu 
método de investigação e cria um método confiável para fazer o controle desse 
conhecimento. Com isso, se atinge um conhecimento sistemático, com precisão e 
objetividade, que possa permitir a elaboração de enunciados gerais acerca dos fenômenos. 
13 
 
 
Como se sabe, há várias ciências. “Cada ciência se torna então uma ciência particular, no 
sentido de delimitar um campo de pesquisa e procedimentos específicos. As ciências são 
particulares na medida em que cada uma privilegia setores distintos da realidade: a física 
trata do movimento dos corpos; a biologia, do ser vivo etc. Recentemente, a partir do 
século XX, surgem as ciências híbridas, tais como a bioquímica, a biofísica, a 
mecatrônica, a fim de melhor resolver problemas que exigem, ao mesmo tempo, concurso 
de mais de uma delas.” (ARANHA & MARTINS, p. 158) 
A ciência pretende conhecer as causas do mundo, a sua estrutura causal. Tende à 
imparcialidade, à autonomia e à neutralidade. Por imparcialidade, entende-se que não se 
toma partido, pois os dados concluídos foram obtidos por meio de padrões rigorosos de 
avaliação, por meio de um método preciso e objetivo. Com relação à neutralidade, pode-
se dizer que, na ciência, não há valoração moral ou social. Seria neutro por não atender a 
algum valor em particular, sem servir a interesse específico algum. A autonomia, por sua 
vez, se refere ao fato de que as instituições científicas deveriam estar isentas de qualquer 
tipo de influência externa, seja do mercado ou do governo, para produzirem teorias 
imparciais e neutras. 
Responsabilidade social do cientista 
A ciência deveria ser neutra, imparcial e autônoma. Porém, para se produzir 
ciência são necessários grandes investimentos, principalmente se as pesquisas são 
desenvolvidas no âmbito empresarial. Essas práticas de controle da natureza, via 
conhecimento científico, estão nas mãos dos empresários capitalistas. Então, as pesquisas 
e descobertas científicas servem mais ao individualismo e à propriedade particular que à 
solidariedade e aos bens sociais. O mercado parece também, com sua mão invisível, 
manipular a ciência, tornando os homens cada vez mais desiguais. 
A neutralidade da ciência então se coloca em cheque-mate diante de tal cenário. 
O cientista se encontra envolvido numa teia social, política e econômica, na qual 
dificilmente não será influenciado. “Essas observações nos levam a refletir sobre a 
formação do cientista, que não deveria se restringir apenas aos conteúdos desse 
conhecimento, às suas metodologias e práticas de pesquisa. Mais do que isso, é preciso 
que o futuro cientista tenha condições de examinar os pressupostos desse conhecimento 
e de sua atividade, de se perceber como pertencendo a uma comunidade e identificar os 
valores subjacentes à sua prática.” (ARANHA & MARTINS, p. 161) 
 
14 
 
 
Razão instrumental 
Como já escrito no tópico relacionado à Escola de Frankfurt, o cientificismo típico 
do positivismo causou uma intrusão das ciências modernas na vida humana, globalizando 
e priorizando a razão instrumental, com justificativa de roupagem “técnico-científica”. A 
dominação da “teoria da ciência” e o seu império determinam a exclusão do ético, já que 
a “validação intersubjetiva de argumentos limita-se ao campo das ciências formais, 
lógico-matemáticas, e ao campo das ciências factuais, as empírico-analíticas,da 
realidade”. Declarado este monopólio do campo do saber objetivo, com validade 
intersubjetiva, as normas morais estão fora de qualquer consideração. As únicas com 
pretensão de validade, neste aspecto, são aquelas deduzidas de fatos observáveis. O 
homem tem de desejar submeter a seu domínio a natureza, por meio de metidos 
geralmente calcados nas ciências experimentais e na tecnologia, numa relação de 
controle, previsão e recriação artificial. 
Por sua vez, o interesse prático consiste naquele organizar os relacionamentos 
entre os humanos, implicando numa repressão à sua natureza interna, com normas para 
regular seus processos de vida em sociedade. “E qual é o papel da filosofia com relação 
à ciência e suas aplicações? Lembremos dos filósofos da Escola de Frankfurt, que 
criticaram os mitos da ciência, ao mostrarem que o Iluminismo nos acenou com as luzes 
da razão e com o progresso delas derivado, nos deixou também as sombras dessas 
promessas. A ciência e a tecnologia, mesmo que sejam expressões da racionalidade, 
podem produzir contraditoriamente efeitos irracionais, perversos, já que a razão pode ser 
posta a serviço da destruição da natureza, da alienação humana, da dominação ou do 
desprezo pelo sofrimento de grande parte da população.” (ARANHA & MARTINS, p. 
161) 
TRABALHO E ALIENAÇÃO 
Revolução Industrial 
A palavra trabalho vem do latim tripalium, um antigo instrumento de tortura. Daí, 
a associação do trabalho com sofrimento. Trabalho era para os escravos, aos senhores 
cabia o ócio digno, ou seja, tempo para melhorar o corpo e o espírito. O mesmo se deu 
em Roma, tanto que a palavra negócio significa negação do ócio. 
15 
 
 
O ditado popular “todos os trabalhos são dignos” remonta a São Tomás de Aquino. 
Contudo, como sua doutrina se baseava no greco-macedônico Aristóteles, o doutor 
angélico valorizou mais o trabalho intelectual que o trabalho braçal. 
Com a ascensão dos burgueses, na Idade Moderna, a situação começou a mudar. 
Muitos dos burgueses foram servos dos senhores feudais. Eram acostumados com o 
trabalho braçal. Com isso conseguiam acumular certas quantias que lhes permitiam 
comprar sua liberdade para que, depois, se tornassem comerciantes. 
As fábricas surgiram no começo da Idade Moderna, fazendo surgir uma nova 
classe, o proletariado. As antigas corporações de ofício, nas quais os mestres artesões 
ensinavam uma profissão aos seus discípulos, sucumbiram ante à nova organização 
burguesa do mundo, não conseguindo competir com os então novos produtos 
industrializados. 
Muitos desses mestres e seus discípulos, assim como grande parte dos camponeses 
e demais classes sociais – incluindo nobres empobrecidos, passaram a ser mão-de-obra 
barata das fábricas. Os proletários (funcionários) vendiam sua força de trabalho em troca 
de salário. O fruto do trabalho não era mais dos trabalhadores, mas do empresário (o 
capitalista), que comprava a força de trabalho, vendia a produção e ficava com os lucros. 
A revolução industrial acelerou muito a exploração do trabalhador. No século 
XVIII, com a máquina a vapor, a indústria têxtil, tendo como maior expoente a Inglaterra, 
aumentou a produção. Fato semelhante ocorreu no campo, que também deixou de ser 
extremamente rude e artesanal, sendo abarcado igual e paulatinamente pela mecanização. 
 
O homem, no Iluminismo, tinha na razão a salvação contra a obscuridade seja no 
conhecimento considerado como culto, na política e na moral. Mas o trabalho que deveria 
ser para transformar a natureza, subjugando-a, no intuito, de favorecer a humanidade, teve 
consequências nefastas. Essa situação de domínio também serviu para que as pessoas 
passassem a controlar outras pessoas, sofisticando o sistema de servidão anterior. 
No século XIX, houve progresso econômico, científico e tecnológico, causando 
certa abundância e crença num futuro melhor. Por outro lado, não houve melhorias nas 
condições de vida, já que a exploração dos trabalhadores pela burguesia foi levada quase 
que ao extremo, já que naquela época, por exemplo, não existiam direitos trabalhistas. 
Com resposta a esta situação, surgiram os movimentos socialistas e anarquistas. 
16 
 
 
Taylorismo e Fordismo 
Antes da supremacia da fábricas, o trabalhador conhecia todas as etapas da 
produção, sendo senhor por completo desse processo. Com o advento da industrialização 
em massa, isso se modificou. A divisão do trabalho era cada vez mais complexa. Uma 
pequena parte do pessoal inventava o produto e o seu processo de produção, outra parte 
gerenciava a produção. E a maioria dividida em grupos produzia. Ou seja, cada grupo 
produzia uma parte, assim, dificilmente uma pessoa saberia dizer como funcionaria cada 
etapa da produção. 
O norte-americano Frederick Taylor (1856-1915), com seu livro “Princípios de 
administração científica”, estabeleceu parâmetros científicos para racionalizar a 
produção. Esse método, o “taylorismo”, pregava a maior produtividade no menor tempo 
possível, subtraindo os gastos desnecessários do processo produtivo, maximizando a 
utilização da máquina e dos movimentos humanos. 
Com base na linha de montagem de automóveis que criou, Henry Ford (1863-
1947) dividiu ainda mais o trabalho, inaugurando o “fordismo”. O sistema teve sucesso 
no século XX nos Estados Unidos e não se restringiu ao ambiente industrial. Esse jeito 
de pensar e conceber o mundo – como uma imensa linha de montagem – se expandiu e 
abarcou empresas, os esportes, a medicina, as escolas e até mesmo a seara doméstica. Por 
exemplo, os eletrodomésticos são feitos para economizar o tempo e maximizar o trabalho 
da dona-de-casa. 
Para Taylor, o trabalhador era “preguiçoso” por natureza. Assim, fazia 
movimentos inadequados no trabalho e se “desligava” facilmente. Analisou como 
trabalhavam, modificou seus movimentos de modo a otimizar a produção. Observou que 
se dividisse e parcelasse o processo produtivo, haveria maior rapidez no trabalho. Os 
novos chefes, os gerentes, substituíam os feitores das fazendas de escravos e os capatazes 
do sistema de servidão. Os gerentes eram encarregados de treinar os trabalhadores e vigiá-
los. Os bons funcionários eram recompensados. Os indolentes, punidos. Ao se ver a 
expressão “funcionário do mês”, ou algo do tipo, há de se fazer conexões com o 
pensamento de Taylor: usar o sistema de recompensa e punição, respectivamente, para 
quem otimiza a produção e para quem a prejudica. 
Alienação 
Marx escreveu que, com a divisão do trabalho e a acentuação da propriedade 
privada dos meios de produção, o produto do trabalho deixou de pertencer a quem o 
17 
 
 
produziu. Há alienação, pois o trabalhador transfere para outrem (o empresário) aquilo 
que é seu. Nesse ínterim, o trabalhador perde o centro de si mesmo, sendo controlado em 
todo o processo produtivo. 
Ocorre, segundo Marx, o fetichismo da mercadoria e a reificação do trabalhador. 
Fetichismo da mercadoria ocorre ao se dar demasiado valor ao produto. O valor da 
mercadoria (valor de troca) no mercado se torna maior que os valores de uso (o que vale 
pela sua utilidade), influenciando sobremaneira as relações humanas. 
A mercadoria passa a valer mais que as pessoas. Vale o que a pessoa tem e não o 
que a pessoa é. A mercadoria é “humanizada” e a pessoa é “desumanizada”. A pessoa 
vira mercadoria e a mercadoria adquire o status de pessoa. 
Na alienação na produção, a intensa burocratização das organizações dá a todo o 
processo e ao sistema uma imagem de neutralidade e de eficácia, como se estivessem 
fundamentados num saber objetivo, neutro, desinteressado. Mas, na verdade, é uma 
técnica de controle social. O homem é formatado, coisificado, como se fosse mais uma 
peça da imensa engrenagem da fábrica. 
O taylorismo, em vez de usar a violência física, utiliza formas de domesticação 
sofisticadas, deixando o trabalhador dócil e submisso. “É um sistema que impessoaliza a 
ordem, quenão aparece mais com a face de um chefe que oprime, diluindo-a nas ordens 
de serviço vindas do setor de planejamento. Retira toda a iniciativa do operário, que 
cumpre ordens, modela seu corpo segundo critérios exteriores, científicos, e cria a 
possibilidade da interiorização da norma, cuja figura exemplar é a do operário-padrão, até 
um certo tempo atrás objeto de prêmios e modelo a ser seguido por todos. Ainda hoje o 
recurso a gratificações e promoções para se obter índices cada vez maiores de produção 
gera a caça aos postos mais elevados na empresa e estimula a competição em vez da 
solidariedade. A fragmentação dos grupos e do próprio operário facilita ao dono da 
empresa o controle do produto final.” (ARANHA & MARTINS, p. 46) 
A alienação na produção se deu tanto no capitalismo quanto no socialismo real. 
Na antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), Vladimir Ilitch Ulianov, 
o Lênin, também racionalizou a produção, sob a o pretexto de que os frutos da produção 
não iriam para o capitalista, mas para o Estado, já que a propriedade privada foi eliminada 
em 1917, com a Revolução Russa. O resultado foi a burocratização do próprio Estado e, 
tal como no capitalismo, houve a “coisificação” do trabalhador. 
Mesmo sob o manto da objetividade científica, entre aspas, a racionalização do 
trabalho tinha em si uma irracionalidade, pois deixou o homem vazio, relegando a 
18 
 
 
segundo plano seus sentimentos, emoções e desejos. “As pessoas que aparecem nas fichas 
do setor pessoal são vistas de modo impessoal, sem amor nem ódio. O burocrata-diretor 
torna-se um profissional que as manipula como se fossem cifras ou coisas.” (ARANHA 
& MARTINS, p. 47) 
Com a ampliação do setor de serviços, aumentou-se a chamada classe média. 
Novas profissões surgiram, abrigando mais executivos e burocratas. Acentuou-se o 
individualismo e a competição predatória, deixando o ser humano mais fechado em sua 
dimensão privada, já que não se importava mais com as questões públicas, pois estas não 
estariam afeitas ao seu trabalho. Os indivíduos buscavam cada vez mais a satisfação 
imediata, personificada no hedonismo, ou seja uma cultura focada no prazer e no lazer, 
já que no trabalho essa alegria seria impossível. Agora, a alienação se dá no nível do 
consumo. 
Na alienação no consumo, os trabalhadores ao conseguirem algum progresso 
material partilham o espírito capitalista. O consumo é uma atividade humana natural para 
a satisfação das suas necessidades. Porém, no capitalismo, por diversas vezes, o ser 
humano é induzido a comprar coisas ou serviços que nem sempre compraria se estivesse 
mais consciente. “A produção em massa tem por corolário o consumo de massa. O 
problema da sociedade de consumo é que as necessidades são artificialmente estimuladas, 
sobretudo pelos meios de comunicação de massa, levando os indivíduos a consumirem 
de maneira alienada. (...) O consumo se torna alienado quando passa a ser um fim em si 
e não um meio, criando dessa forma desejos nunca satisfeitos, um sempre querer mais, 
um poço sem fundo. A ânsia do consumo perde toda relação com as necessidades reais, 
o que faz com que as pessoas gastem sempre mais o que tem.” (ARANHA & MARTINS, 
p. 47-48) 
 
O que ocorre com a população de menor poder aquisitivo? Como ela não se revolta 
porque não consegue comprar aquilo que vê na televisão e outros meios de comunicação? 
O capitalismo proporciona ilusões de mobilidade social, pelo trabalho e pelo estudo. Caso 
isso não ocorra, foi por falta de sorte, incompetência ou algo do tipo. As telenovelas 
participam de modo marcante nesse tipo de alienação. Outra fantasia comum é a de ganhar 
na loteria. Outro meio de se tentar suprir a ânsia de consumo por produtos caros é a 
manufatura de produtos de menor preço e qualidade, semelhantes ao utilizado pela 
“madame” ou artista de telenovela, que possam ser comprados pela camada menos 
19 
 
 
favorecida. O ser humano fica preso na dimensão do consumo, de que o consumo lhe 
trará a felicidade. E se perde a liberdade. 
Se a produção e o consumo são alienados, também é o lazer. As pessoas vivem 
estressadas, pois seus trabalhos são mecânicos e repetitivos. Suas mentes estão tão 
“pesada”, que buscam tipos de diversões estimulantes ou mesmo violentas, para tentarem 
“sentir” alguma coisa, já que, em vida, parecem quase mortos, zumbis das linhas de 
produção ou das cadeias de prestação de serviço. Na alienação do lazer, a publicidade é 
decisiva na direção das escolhas, modismos e programas. 
Quem tem mais dinheiro, gasta com boliche, patinação, danceterias, restaurantes, 
barzinhos específicos, conforme o modismo da época. Mas e quem não dispõe desses 
recursos financeiros? “Resta lembrar, ainda, que as cidades não oferecem infra-estrutura 
que garanta aos mais pobres a ocupação do seu escasso tempo livre em atividades 
gratuitas: lugares onde ouvir música, praças para passeios, várzeas para o joguinho de 
futebol, clubes populares, locais de integração social espontânea. Essa restrição torna 
muito reduzida a possibilidade do lazer ativo, não-alienado, ainda mais se lembrarmos 
que as pessoas se encontram submetidas a várias formas de massificação pelos meios de 
comunicação.” (ARANHA & MARTINS, p. 49) 
Se a pessoa não tem possibilidade econômica de escolher o seu lazer, não há como 
se participar ativamente na construção do seu lazer. Não há reformulação da experiência, 
nada se acrescenta, pois se reforçam comportamentos mecanizados. 
Sociedade pós-industrial 
No século XX, surgiu a sociedade pós-industrial, caracterizada pela ampliação do 
setor de serviços (terciário). Muda-se o enfoque da produção para a informação e para o 
consumo. Muita gente trabalha no escritórios, em vez das fábricas, ou dos campos. Há 
necessidade de um tipo de comunicação mais veloz e mais eficiente, como os telefones 
celulares e a internet, por exemplo. Com isso, se permite que algumas pessoas possam 
trabalhar em casa (teletrabalho). Esses trabalhadores dispõem de maior flexiblidade de 
horárioe maior autonomia, não precisam bater cartão ou ficarem em locais fixos. Podem 
fazer seu serviço na própria residência. 
Algumas empresas passam a se preocupar com formas mais saudáveis de 
relacionamento, visando ética, compromisso e qualidade de vida. Mas essas preocupações 
estão alinhadas com o capitalismo, com intuito sempre de lucro. Ampliam-se também a 
quantidade de organizações não governamentais (ONGs), que não são nem do governo, 
20 
 
 
nem empresas privadas, mas uma forma de uma entidade privada atuar com funções 
públicas. As ONGs sobrevivem de doações e, geralmente, abraçam causas públicas e 
coletivas. 
Cultura e mass media 
Com o Romantismo, a partir do século XVIII, houve uma onda de nacionalismo 
nos países para reforçar o sentimento de unidade dos países. Falava-se em em tradições 
populares, em cultura de um povo, ou como diria Georg W. Hegel, em “volksgeist” 
(espírito do povo). Daí, a ideia de um folclore, uma cultura e uma arte popular, 
decorrentes das tradições de um povo. Na época, muitos Estados Nacionais começaram a 
se firmar, principalmente, pela unidade territórial e política e de idioma. O nacionalismo 
servia para expressar essa “febre do momento”, porém, esse movimento também trouxe 
em si a fragmentação das classes sociais típicas do capitalismo. 
Cultura popular x cultura de massa 
Na época do Romantismo, houve a ascensão da burguesia como classe social 
predominante, constituída de pequenos e grandes proprietários, funcionários públicos e 
intelectuais, tendo como massa o proletariado (trabalhadores das indústrias e do campo). 
Essa divisão em duas principais grandes classes sociais trouxe algumas características 
importantes, segundo Marilena Chauí (2006, p. 289): “1. a cultura e as artes foram 
distinguidas em dois tipos principais: a erudita (ou de elite), própria dos intelectuais e 
artistas da classe dominanteda sociedade, e a popular (ou ingênua), própria dos 
trabalhadores urbanos e rurais; 2. quando pensadas como produções ou criações coletivas 
vindas do passado nacional, formando a tradição nacional, a cultura e arte populares 
receberam o nome de folclore, constituído de mitos, lendas e ritos populares, danças 
regionais populares, artesanatos, etc; 3. a arte erudita ou de elite passou a ser o conjunto 
das belas artes produzidas ou criadas no presente por artistas individuais, que se dirigiam 
a um público majoritariamente burguês, isto é, escolarizado, instruído e endinheirado, 
consumidor de obras de arte.” 
Embora houvesse uma nítida divisão de classes sócio-econômicas para distinguir 
cultura popular e cultura erudita, a distinção levou em conta o processo de elaboração de 
cada uma delas, assim como a sua qualidade. Dizia-se que a arte popular era mais simples 
e menos complexa que a arte erudita, mais sofisticada quanto à forma e conteúdo. A 
popular era mais repetitiva e tradicional, já a erudita, de vanguarda e futurista. Quanto ao 
21 
 
 
público, a autoria geralmente é desconhecida e artista e audiência são praticamente os 
mesmos, com relação à erudita, há sempre distinção entre o artista (criador) e a audiência 
(consumidores). O artista popular busca inspiração no seu ambiente, na sua vida, que é o 
mesmo do seu público, o que facilita a compreensão da sua obra. Na erudita, o artista não 
tem sua obra compreendida de imediato porque só entendidos no assunto a entendem, 
pois é carregada de novos meios de expressão. 
Com o desenvolvimento da sociedade industrial, cada vez mais os trabalhadores 
saíram do campo para se fixarem nas cidades. Começaram a morar nas periferias, 
deixando para trás sua cultura e arte, originais das suas terras de origem. Mas nos seus 
bairros e locais de trabalho, junto aos familiares, novos vizinhos e colegas de serviço, 
construíram uma cultura própria, também conhecida como cultura popular. Mas também 
viraram consumidores de produtos industriais produzidos em larga escala, réplicas de 
qualidade e preço inferior das criações da cultura e da arte de alite, a cultura e a arte de 
massa. 
Hoje, as artes podem ser classificadas em: “folclore (as tradições coletivas 
nacionais populares), popular (as criações dos artistas que pertencem à classe 
trabalhadora, erudita ou de elite (as criações complexas e de vanguarda de artistas 
individuais que se dirigem a um público restrito) e de massa (financiada por empresas 
que fazem tanto as reproduções simplificadas das obras da arte erudita como também 
compram para produção em escala industrial as obras de artistas individuais e as destinam 
ao mercado de consumo em larga escala).” (CHAUÍ, p. 289) 
Indústria cultural e cultura de massa 
A sociedade industrial permitiu a reprodução em larga escala de diversos itens da 
cultura e arte. De um lado, segundo o filósofo frankfurtiano Walter Benjamin, isso 
permitiria que mais pessoas tivessem acesso aos bens culturais e artísticos. Isso seria uma 
democratização cultural e artística, pelo potencial de divulgação, principalmente, dos 
livros, artes gráficas, fotografia, rádio e cinema. Um dos exemplos do potencial libertador 
da cultura foi a impressão da Bíblia traduzida para o alemão por Martinho Lutero, 
impressa por Gutenberg, que inspirou outras impressões do livro sagrado para diversos 
idiomas. Democratizou-se a leitura da Bíblia, com isso, os camponeses alemães e 
holandeses passaram a questionar seus governantes, pois verificavam, por si mesmos, que 
estes não seguiam fielmente o que estava nas escrituras. 
22 
 
 
No entanto, outro grupo de pensadores da Escola de Frankfurt, especialmente Max 
Horkheimer e Walter Benjamin, examinaram uma questão até então ignorada. Com a 
inauguração da sociedade pós-industrial, as artes e a cultura se libertaram da religião, mas 
eram profundamente influenciadas pelo mercado capitalista e pela ideologia da indústria 
cultural. “A expressão indústria cultural significa que as obras de arte são mercadorias, 
como tudo o que existe no capitalismo. (...) Sob o poderio das empresas capitalistas, as 
obras de arte verdadeiramente criadoras, críticas e radicais foram esvaziadas para se 
tornarem entretenimento; e outras obras passaram a ser produzidas para celebrar o 
existente, em lugar de compreendê-lo, criticá-lo e propor um outro futuro para a 
humanidade. A força de conhecimento, crítica e invenção das artes ficou reduzida a 
algumas produções da arte erudita, enquanto o restante da produção artística foi destinado 
a um consumo rápido, transformando-se em sinal de status social e prestígio político para 
artistas e seus consumidores e em meio de controle cultural por parte dos empresários e 
proprietários dos meios de comunicação de massa.” (CHAUÍ, p. 290-291) 
A ação da indústria cultural é devastadora e opera silenciosamente nas 
consciências. Ela vulgariza as informações, fazendo com que as pessoas percam a 
perspectiva crítica. Há uma diferença muito grande entre democratização da cultura e a 
massificação cultural. Na democratização cultural, a cultura e a arte são direito de todos 
e não privilégios de alguns. Na massificação da indústria cultural, separa-se os bens em 
obras caras e obras baratas. Os bens caros são os acessíveis à elite. Os baratos, os dirigidos 
à massa dos trabalhadores. Divide-se a população entre a que tem maior poder aquisitivo, 
elite culta, e a de menor poder aquisitivo, a massa inculta. Há uma ilusão de que todos os 
bens culturais estão disponíveis para todas as classes sociais, tal como num supermercado. 
Ora, sabe-se que os bens num supermercado estão à venda para todos, mas nem 
todos podem comprá-los. “A indústria cultural vende cultura. Para vendê-la, deve seduzir 
e agradar o consumidor. Para seduzi-lo e agradá-lo, não pode chocá-lo, provocá-lo, fazê-
lo pensar, fazê-lo ter informações novas que o perturbem, mas deve devolver-lhe, com 
nova aparência, o que ele já sabe, já viu, já fez. A ‘média’ é o senso comum cristalizado 
que a indústria cultural devolve com cara de coisa nova.” (CHAUÍ, p. 292) 
Os mass media e a informática 
Os meios de comunicação de massa (mass media) como o rádio, a televisão, os 
jornais, as revistas e, hoje, a internet exercem função primordial na difusão de 
informações. Se de um lado favorecem a divulgação cultural, de outro suas 
23 
 
 
potencialidades são utilizadas pela indústria cultural. Há invasões culturais, nas quais a 
cultura de um País pode sobrepujar a dos demais, num exemplo gritante de imperialismo 
cultural. A publicidade (alguns dizem propaganda comercial) dirigida ao público 
consumidor fornece explicações simplificadas e elogios exagerados sobre os produtos, 
com mensagens curtas e facilmente recordáveis (slogans), garantindo que o comprador 
terá igualdade com os demais pares se comprar o produto e, ao mesmo tempo, se 
diferenciará dos demais. 
A publicidade reforça os valores de uma comunidade e ainda desperta desejos do 
consumidor. Com o maior desenvolvimento científico e tecnológico, os produtos, assim 
como as pessoas, passaram a ser cada vez mais descartáveis. Portanto, criam-se novos 
produtos e novos serviços, divulgados pela publicidade nos meios de comunicação, como 
superiores aos seus modelos anteriores e aos dos seus concorrentes. Com a concorrência 
acirrada, a publicidade atingiu novos patamares, de maior requinte, vendendo, além dos 
produtos, as ilusões de sucesso, prosperidade, segurança, beleza, juventude, sex appeal e 
felicidade. 
Além disso, apresenta produtos ou serviços como maneira de o consumidor 
realizar desejos que não pode realizar na vida cotidiana, como uma viagem ao exterior, 
experiências sexuais com mulheres exóticas, liberação feminina, etc. “De fato, como 
todos os indivíduos são mercadorias que consomem mercadorias, a propaganda passa a 
estimular imagens de indivíduos vencedores na competiçãoinstituída pelo mercado de 
trabalho: roupas, calçados, bolsas e pastas de grife, sabonetes, perfumes e desodorantes 
que sugerem requinte e glamour, cosméticos de marcas famosas, etc., passam a constituir 
o próprio corpo do indivíduo, formam sua imagem como uma espécie de segunda 
natureza ou de máscara colada em sua pele.” (CHAUÍ, p. 295-296) 
Os meios de comunicação que mais se destacam, na indústria cultural, são o rádio 
e a televisão, pois vendem entretenimento e lazer em forma de informação. Com estudos 
mercadológicos, a programação é divida em públicos A, B, C e D, segundo o poder de 
consumo, e as ocupações (dona-de-casa, operário, executivos, etc), para que os 
anunciantes possam escolher os melhores horários para veicularem suas mensagens 
publicitárias, de acordo com públicos-alvo específicos. Essa regra, porém, não é absoluta. 
Empresas podem anunciar produtos em programas não relacionados num primeiro 
momento com seu público-alvo, na intenção de captar uma clientela de modo indireto. 
No entanto, percebe-se que pode haver influência do anunciante no conteúdo dos 
24 
 
 
programas, como nos jornalísticos. O poder do anunciante pode também ser verificado 
nas telenovelas e programas de auditório, em geral. 
Os programas jornalísticos oferecem uma avalanche de informações como se 
fossem todas reais, verdadeiras e legítimas. As informações são ligeiras e acabam, em vez 
de informar, por desinformar o público. A simplificação demasiada proporciona a 
dispersão da atenção e a infantilização das pessoas. Atividades que exigem maior atenção 
não são mais atrativas, pois o público já se acostumou com a formatação proporcionada 
pelas telenovelas e demais programas de televisão. Uma aula, por exemplo, que exige 
maior atenção não chama tanto atenção quanto um espetáculo. E os intervalos das aulas 
são como se fossem os intervalos comerciais, tornados tão necessários para que as pessoas 
voltem a recobrar a capacidade de atenção. 
A informática proporcionou maior aproveitamento das capacidades intelectuais 
do ser humano, economizando tempo e demais tipos de esforço. Na primeira revolução 
industrial, o trabalho do corpo era otimizado por meio das máquinas. Hoje, com a 
informática, é o trabalho intelectual que é otimizado. Essa facilidade comunicativa 
aumentou a velocidade das transformações e das transações econômicas. O ditado “tempo 
é dinheiro” nunca foi tão verdadeiro quanto agora. Quem se imagina sem internet ou e-
mail hoje? 
Há, ademais, alguns comentários acerca do potencial difusor de informações 
proporcionados pelos computadores e pela internet. Ao mesmo tempo que ela inclui as 
pessoas e as torna mais próximas, ela distancia as que não tem conhecimento de 
informática, por mínimo que seja, deixando-as mais alienadas e longe do mercado de 
trabalho e de outros relacionamentos mais qualificados. Verifica-se, atualmente, o 
fenômeno do analfabetismo digital. Ou seja, daqueles que não sabem se comunicar ou 
utilizar computadores ou aparelhos mais sofisticados. São esses alguns dos paradoxos da 
tecnologia. 
 
 
25 
 
 
 
 
BIBLIOGRAFIA 
ARANHA, M. L. de A.; MARTINS, M. H. Filosofando. 3. ed. rev. São Paulo: 
Moderna, 2003. 
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2006. 
[1] Material elaborado para a disciplina de Filosofia. 
[2] Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo, bacharel em Direito, formado pelo 
Programa Especial de Formação Pedagógica de Professores de Filosofia, especialista 
(MBA) em Comércio Exterior, especialista em Direito Penal e Direito Processual Penal 
e mestre em Filosofia Ética. 
[3] Alguns autores, inclusive, utilizaram o determinismo para justificar teorias racistas 
que influenciaram sobremaneira o modo de pensar ocidental, dando-lhe ares de 
cientificismo. No Brasil, por exemplo, pregou-se o estímulo da imigração europeia nos 
séculos XVIII e XIX para se “branquear” a população brasileira, evitando-se a sua 
degeneração. À época, a população era em sua maioria de mestiços. O modelo ideal de 
raça superior era a europeia. Um dos principais artífices dessa ideologia foi o baiano 
Raimundo Nina Rodrigues, profundamente influenciado pelas teorias do Conde de 
Gobineau. 
[4] As teorias dos frankfurtianos eram avançadas para a época, tanto que muitos dos 
autores (também de origem judaica) foram perseguidos pelo regime nazista de Adolf 
Hitler. Durante algum tempo, os autores se refugiaram em outros países. Por um 
período a Escola de Frankfurt teve de se alojar nos Estados Unidos. Atualmente, sua 
sede retornou a Frankfurt, na Alemanha. 
 
http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=5524709016713152675#_ednref1
http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=5524709016713152675#_ednref2
http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=5524709016713152675#_ednref3
http://www.blogger.com/post-create.g?blogID=5524709016713152675#_ednref4

Outros materiais