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A historia antropologia juridica

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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/319423278
A história da antropologia jurídica
Working Paper · January 2010
DOI: 10.13140/RG.2.2.32705.86889
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1 author:
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Organizational, Economic and Consumer Anthropology View project
Transnational Italian Pentecostalism Research View project
Leonardo Marcondes Alves
VID Specialized University
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All content following this page was uploaded by Leonardo Marcondes Alves on 01 September 2017.
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https://www.researchgate.net/publication/319423278_A_historia_da_antropologia_juridica?enrichId=rgreq-690e3da2ae8caa431d2e4641ea0f5790-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxOTQyMzI3ODtBUzo1MzM3OTgzMzEwNjAyMjlAMTUwNDI3ODg0Nzk3Mw%3D%3D&el=1_x_2&_esc=publicationCoverPdf
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https://www.researchgate.net/institution/VID_Specialized_University?enrichId=rgreq-690e3da2ae8caa431d2e4641ea0f5790-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxOTQyMzI3ODtBUzo1MzM3OTgzMzEwNjAyMjlAMTUwNDI3ODg0Nzk3Mw%3D%3D&el=1_x_6&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/profile/Leonardo_Marcondes_Alves2?enrichId=rgreq-690e3da2ae8caa431d2e4641ea0f5790-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxOTQyMzI3ODtBUzo1MzM3OTgzMzEwNjAyMjlAMTUwNDI3ODg0Nzk3Mw%3D%3D&el=1_x_7&_esc=publicationCoverPdf
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www.ensaiosenotas.com 1 
Leonardo Marcondes Alves1 
 
Honoré Daumier. Três juristas. (c.1855-1857), óleo sobre 
tela, 41 cm× 32 cm. 
Resumo 
A antropologia começou com o direito e a antropologia jurídica em sua história serviu de interface ao direito e à 
antropologia. Entretanto, é uma disciplina em seu próprio caráter, com teorias, métodos, objetos próprios que se 
definiram ao longo de sua história. Com foco em autores, suas obras e ideias, retrata-se nesse ensaio as raízes, origem 
e desenvolvimento da antropologia jurídica. Nesse estudo a antropologia jurídica é entendida como campo comum entre 
a antropologia sociocultural e o direito. Exclui-se nesse estudo a antropologia forense e a antropologia jurídica brasileira, 
temas amplos com mérito para estudos próprios. Esse estudo aborda as raízes da antiguidade clássica e influências das 
jurisprudências medievais de diversos ordenamentos, as racionalização iluminista e descoberta do homem como sujeito 
de estudos, o interesse romântico pela cultura nacional, as especulações sob o paradigma evolucionista, as primeiras 
abordagens culturalistas, as etnografias jurídicas, o debate Gluckman-Bohannan, a consolidação da antropologia jurídica 
e da escola francesa. 
 
1 Leonardo Marcondes Alves orcid.org/0000-0002-7168-4222 é antropólogo e acadêmico de 
direito. Esse ensaio é uma versão revisada de um trabalho apresentado no seminário para a 
disciplina de Estudos Avançados em Teoria Antropológica, Universidade de Uppsala, outono 
de 2011. 
 
A história da antropologia jurídica 
 
http://www.ensaiosenotas.com/
http://orcid.org/0000-0002-7168-4222
www.ensaiosenotas.com 2 
Há um sentimento real que a antropologia como conhecemos 
começou com o Direito” Alan Barnard 
 
Introdução 
A interação entre a antropologia e o direito 
frutificou em rica produção acadêmica e 
ramificações práticas. Todavia, esse 
intercâmbio interdisciplinar é pouco 
percebido e apreciado, tanto por juristas 
quanto por antropólogos. Em razão disso, 
esse panorama é um convite à introdução a 
um campo comum, sendo um esboço de sua 
história global, deixando sua história 
particular brasileira para outro ensaio. Nesse 
trabalho, ainda que a disciplina em discussão 
receba a denominação antropologia jurídica, 
reconheço a validade das diferentes nuances 
de termos como antropologia do direito, 
antropologia legal, etnografia jurídica, 
etnojurisprudência, antropologia cultural 
forense e, talvez mais apropriadamente, 
antropologia e direito — como são 
normalmente mencionados na literatura 
especializada. Por ora, as distinções entre 
esses termos serão colocadas em parênteses, 
para retratar a história e teorias resultantes 
do contato entre o direito e a antropologia. 
De uma forma ou de outra, 
mecanismos de resolução de disputa, normas 
de socialização e de controle — desde as 
competições de canto dos Inuit passando 
pelas sangrentas vendetas sicilianas até 
contratos pré-nupciais — estão presentes em 
todas as sociedades, intrinsecamente ligadas 
à organização política. Assim, uma definição 
apropriada de direito compreendendo todos 
 
2 Clifford Geertz descreve bem essa indefinição: “a abordagem forense da análise judicial e da 
etnografia tem sido inutilmente colocada uma contra outra, desse modo, uma torrente de 
livros e artigos com títulos como ‘direito sem juristas’, ‘direito sem sanções’, ‘direito sem 
tribunais’ ou ‘direito sem precedentes’ pareceriam ser mais propriamente concluídas como 
direito sem leis. ” (Geertz 1983: 163). 
os mecanismos correlatos parece ser 
problemática na história da antropologia e 
direito. Em vista disso, uma definição 
restritiva sobre o que é o direito (e, 
consequentemente, a disciplina da 
antropologia jurídica) com razão seria 
suspeita de parcialidade. A disciplina 
antropologia jurídica tem uma aparência pós-
moderna, contestando definições fixas, 
borrando as categorias e sendo 
interdisciplinar2. Como designação 
operacional nesse ensaio, a antropologia 
jurídica é o estudo fundado em métodos 
empíricos das regras e práticas humanas para 
garantir a noção de justiça (ou seu 
equivalente) de uma sociedade, com 
resultados interpretados por teorias que 
considerem o ser humano holisticamente. 
 
Raízes Clássicas 
Vox populi vox Dei é um brocardo do direito 
romano que pode ser usado ao poderpolítico 
legítimo, portanto, o direito. No entanto, 
também oferece uma abertura para a 
investigação empírica sobre os sistemas 
jurídicos, procedimentos processuais e 
aplicações da lei, ao examinar ao engajamento 
das pessoas através de métodos 
antropológicos. 
Embora para se começar um 
panorama da antropologia jurídica qualquer 
http://www.ensaiosenotas.com/
https://ensaiosenotas.wordpress.com/2012/10/30/antropologia-juridica-uma-definicao-pratica/
www.ensaiosenotas.com 3 
ordenamento legal seja igualmente válido, a 
escolha do romano não é gratuita 
(McClintock, 2016). A abstração jurídica 
greco-romana era extraordinariamente 
avançada em termos de complexidade e 
consciente da diferença jurídica entre as 
pessoas, ainda que não possamos dizer que 
desenvolveram uma análise ao menos proto-
etnológica das realidades legais. 
Simplesmente, não houve interesse dos 
romanos por outros sistemas jurídicos e 
nenhum inquérito sobre os aspectos 
holísticos do direito romano no que dizia 
respeito à sua sociedade. Um exemplo foi 
Tácito (55 — 120 d.C.), estudioso da lei e 
autor de Germânia. Esse observador atento 
do direito consuetudinário da população do 
além Reno não poderia ser chamado de um 
etnógrafo jurídico por não relacionar as 
instituições sociais e jurídicas do povo 
estudado. 
Outros ordenamentos jurídicos, como 
a halakha do judaísmo rabínico e a sharia do 
islã, aprofundaram mais que os romanos na 
discussão entre o direito e suas sociedades. 
Entre os muçulmanos, o reconhecimento de 
coexistência de diversos ordenamentos 
jurídicos era salvaguardado pelo instituto 
do dhimi. Enraizado nos etnarcas do 
helenismo e no direito das gentes dos 
romanos, o dhimi era o direito 
intracomunitário dos cristãos e judeus em 
terras do islã. Com suas próprias instituições 
jurídicas, leis e cortes o dhimi sobreviveu em 
arranjos políticos como millet otomano e nos 
diferentes estatutos pessoais das 
comunidades religiosas do Líbano de hoje. 
As observações dos diversos 
costumes e instituições sociais entre 
diferentes povos feitas por pensadores 
perspicazes como Ibn Khaldun (1332—
1406) são ainda atuais. Isso foi constatado 
nos anos 1960 por administradores coloniais 
franceses, como Jacques Berque (1910—
1995) e René Maunier (1887—1951) que 
com interesses na etnografia jurídica 
comparavam os costumes presentes no 
Magreb com registros contidos na 
monumental Muqaddimah [Prolegômena] de 
Ibn Khaldun (1332 – 1406). Menos centrada 
no pluralismo jurídico, mas no papel da lei em 
definir sua comunidade, no judaísmo rabínico 
desde o período dos tanaítas discutiu -se 
exaustivamente como aplicar a torá ao povo 
israelita, mantendo assim sua identidade 
meio a vizinhos quase sempre hostis. 
Na Idade Média tardia e no 
Renascimento Ocidental, o conceito de 
“direito natural” (Barnard, 2004) apareceu no 
pensamento de teólogos e juristas cristãos 
afirmando que há universais sobre a lei, que 
podem ser descobertos pela razão. A 
“redescoberta” dos antigos instrumentos 
legais contidos nas Institutas de Justiniano 
por estudiosos da Europa Ocidental durante o 
Renascimento levou para refinar 
hermenêutica jurídica, bem como 
familiaridade com o Outro. Como 
consequência, após um longo período 
vivendo sob a lei islâmica, os estados ibéricos 
tinham compilados e aplicados as Ordenações 
— afonsinas, manuelinas e filipinas — tanto 
nos novos estados nacionais como também 
nas terras recém-conquistados ao redor do 
globo. Esses instrumentos serviram de 
justificativas legais para a exploração, 
escravismo e pilhagem. Porém, o uso 
opressor da lei foi contestado. A Escola de 
Salamanca, especialmente com frei Francisco 
de Vitória (1483 —1546), promoveu os 
primeiros debates sobre a humanidade e os 
direitos dos povos indígenas. 
Razões iluministas 
A busca da universalidade do direito natural 
entre os homens é uma das contribuições que 
iniciada durante o Iluminismo e que continua 
em voga para antropologia jurídica. A 
investigação da universalidade do direito 
abriu trilhas para inquirições mais ou menos 
http://www.ensaiosenotas.com/
www.ensaiosenotas.com 4 
realistas de como seria o direito de fato entre 
os povos. Antecipando o realismo jurídico, 
Locke (1690) considerava o direito como 
normas de condutas amplamente aceitas por 
uma determinada sociedade, e como tal 
poderia ser examinado. Nem todos 
concordaram com a doutrina do direito 
natural. Por exemplo, Hobbes (1651) na sua 
perspectiva contratualista sustentou que 
nenhuma lei adequada existiria sem a 
autoridade do Estado, estabelecendo um 
caminho para o positivismo jurídico e teorias 
de contrato social. Apesar disso, Hobbes 
listou um mínimo de postulados legais que 
seriam inerentes ao direito natural como 
universais. 
Consciente tanto da diversidade 
jurídica quanto de uma universalidade legal, 
Montesquieu (1669—1755) com seu 
massivo O Espírito das leis (1748) possui 
influências duradouras sobre o mundo 
político, bem como sobre o meio acadêmico. 
Foi para a antropologia do direito um 
verdadeiro precursor, com uma abordagem 
holista, usando discussões históricas e 
teóricas e ao lidar com a legislação de uma 
variedade de sociedades: romanos, gregos, a 
Inglaterra, a Espanha, a China e até mesmo o 
direito dos povos “que não cultivam a terra” 
(O Espírito das Leis XVIII: 12). Montesquieu 
também ensaiou uma tipologia de diferentes 
sociedades (ainda que etnocentricamente 
proto-evolucionista, mas não o julguemos) 
correlacionando suas economias e direitos, 
como os selvagens (caçadores) dos bárbaros 
(pastores). Já em suas Cartas Persas (1721), 
Montesquieu satiriza os diferentes costumes, 
antevendo a etnografia com conflitos 
jurídicos, no caso, resultantes do adultério. 
Creio que foi De Gerando quem idealizou a 
figura do antropólogo em campo como tendo 
a erudição prévia de Montesquieu de O 
Espírito das Leis e a observação acurada do 
Montesquieu de As Cartas Persas. Para o 
direito e a política, o papel de Montesquieu 
não demanda apologias: inspirou as 
doutrinas da separação dos poderes e a 
isonomia (ao menos juridicamente 
positivada) dos cidadãos. A igualdade, no 
mínimo jurídica, entre toda a humanidade 
ainda é um ideal a ser conquistado. 
Sobre a humanidade, durante o 
Iluminismo também ocorreu um notável 
debate de antropologia jurídica. A definição 
legal de humanidade foi assunto aguerrido na 
discussão entre Lord Kames e Lord 
Monboddo, dois juízes da alta corte escocesa 
(Barnard, 2004). O excêntrico James Burnett 
(1714—1799) defendeu a humanidade dos 
misteriosos “outangs orang” dos trópicos e 
dos nativos não europeus fundado no 
monogenismo. Seu par, Henry Home, Lord 
Kames (1696 —1782), possuía uma visão 
restritiva e etnocêntrica de humanidade, e 
consequentemente, de sujeitos de direitos. O 
poligenista Kames, autor de Esboços da 
História do Homem (1774), foi precursor do 
racismo científico. Desde então, a 
Antropologia evoluiu como uma disciplina 
acadêmica em constante envolvimento com o 
Direito. 
 
A virada romântica 
Como antropólogos costumam traçar 
linhagens e juristas discutem sucessões, as 
bases teóricas consistentes para a 
antropologia jurídica tem uma genealogia 
bem marcante. O ancestral imediato da 
antropologia jurídica seria Johann Gottfried 
Herder (1744—1803). As propostas do 
pensador romântico em valorizar o espírito 
nacional (Volksgeist) a ser compreendido por 
métodos empíricos de investigação e 
interpretados sob um relativismo cultural e 
histórico proporcionaramos estudos de 
várias instituições jurídicas e culturais. 
Em sentido estrito, o objeto da 
disciplina tem origem no trabalho do 
http://www.ensaiosenotas.com/
https://ensaiosenotas.wordpress.com/2012/11/19/objetos-da-antropologia-juridica/
https://ensaiosenotas.wordpress.com/2012/11/19/objetos-da-antropologia-juridica/
www.ensaiosenotas.com 5 
historiador jurídico alemão Carl Friedrich 
von Savigny (1779—1861). Seu foco era na 
transição do direito romano entre a queda do 
império e a emergência dos sistemas 
nacionais modernos do direito europeu. 
Extraordinário, von Savigny foi singular em 
seu escrutínio das cortes e cerimônias legais 
além do foco nos textos jurídicos — uma 
abordagem que somente seria retomada um 
século depois por antropólogos jurídicos. Von 
Savigny opunha-se aos pressupostos do 
jusnaturalismo, mas com seu realismo legal 
também rejeitava a primazia do Estado como 
sustentáculo do direito. Em vez disso, buscou 
os fundamentos do direto nos costumes 
populares através da história. 
Adicionalmente, von Savigny desconsiderou 
as teorias contratualistas, pois seriam ficções 
legais sem evidências históricas, além de 
constituir um pensamento circular para 
justificar a existência do direito. Com seu 
panfleto Vom Beruf unserer Zeit für 
Gesetzgebung und Rechtswissenschaft [Sobre 
a vocação do nosso tempo para a legislação e 
jurisprudência] (1814), von Savigny opôs-se 
à adoção do Código Civil Napoleônico nos 
estados alemães, argumentado que o direito 
emerge dos costumes locais e não de 
divagações entre jurisprudentes. Para 
explicar o processo de mudança e 
consolidação do direito, von Savigny 
empregou um esquema evolucionário — 
prática que seria prevalente nas teorias 
antropológicas do direito no século XIX. 
Os irmãos Wilhelm (1786—1859) e 
Jacob Grimm (1785—1863) foram discípulos 
de von Savigny e sob orientação dele 
conduziram trabalho de campo para levantar 
o direito costumeiro popular. O resultado foi 
maior que o esperado: os irmãos Grimms 
deixaram uma contribuição impressionante 
no registro de contos folclóricos, conceberam 
a Lei de Grimm na linguística indoeuropeia e 
compilaram o massivo tratado Deutsche 
Rechtsaltertümer [Antiguidades jurídicas 
alemãs] que, de sua publicação em 1828 até a 
promulgação do Código Civil Alemão, foi a 
obra fundamental do direito alemão. 
Entre o legado dos românticos à 
antropologia legal, além da defesa da 
pesquisa empírica da realidade jurídica dos 
povos e a noção de cultura, encontram-se o 
método comparativo — emprestado da 
filologia ou linguística comparativa — e a 
hermenêutica. Utilizando-se desses métodos, 
o próximo paradigma se desenvolveu, 
buscando a gênese e evolução das instituições 
sociais, sobretudo, do direito. 
 
O paradigma evolucionista 
Von Savigny influenciou outros trabalhos 
notáveis no século XIX, combinando 
antropologia, direito, organização sócio-
política dentro de um paradigma 
evolucionista. Um deles foi a obra do jurista 
suíço Jakob Bachofen (1815 —1887), que 
publicou Mutterrecht [O direito materno] em 
1861 comparando diferentes culturas para 
sugerir que os primeiros humanos viviam em 
uma organização social religiosamente e 
moralmente fundada em uma ordem jurídica 
matriarcal. Outra obra marcante de 
paradigma evolucionista avaliando dados 
etnológicos e históricos apareceu em 
1861, o Ancient Law [O Direito Antigo ou A 
Lei Antiga] publicado por Sir Henry Maine 
(1822—1888), um advogado britânico com 
experiência na Índia colonial e defensor de 
um método comparativo para os estudos 
jurídicos. Em sua obra Maine argumentava 
que o status seria a principal característica 
das relações sociais das sociedades primitivas 
baseadas no parentesco, mais tarde teriam 
desenvolvidas em relações baseadas em 
contratos nas sociedades complexas. 
O jurista escocês John McLennan 
(1827—1881) ampliou a discussão do direito 
de família na perspectiva evolucionista com 
http://www.ensaiosenotas.com/
https://ensaiosenotas.wordpress.com/2015/12/15/evolucionismo-cultural-correntes-antropologicas-do-seculo-xix/
https://ensaiosenotas.wordpress.com/2015/12/15/evolucionismo-cultural-correntes-antropologicas-do-seculo-xix/
www.ensaiosenotas.com 6 
seu Primitive Marriage [O Matrimônio 
Primitivo] (1865). Contrário a Bachofen, 
McLennan argumentava a antiguidade do 
patriarcado nas relações sociais, cunhando os 
termos exogamia e endogamia para explicar 
os laços formados entre diferentes famílias e 
clãs pelo casamento. Talvez da hipótese de 
McLennan de casamento por rapto venha a 
caricatura do troglodita pré-histórico 
capturando sua esposa com uma pancada de 
uma clava e puxando-a pelos cabelos à sua 
caverna. 
Um colega aos etnólogos-juristas europeus foi 
Lewis Henry Morgan (1818—1881). Esse 
advogado no sertão da fronteira noroeste do 
estado de Nova Iorque possuía interesses na 
estrutura e direito da família. Mas diferente 
de seus colegas europeus, possuía 
experiência de pesquisa de campo entre os 
iroquois além de pesquisar sistematicamente 
com questionários enviados a colegas no 
exterior. Todavia, as reflexões de Morgan 
devem-se mais à comparação de dados 
etnológicos massivos que de suas notas de 
campo. Morgan publicou o Ancient Society [A 
Sociedade Antiga] em 1871 empregando 
conceitos do direito romano para discutir a 
organização familiar. Como tarefa adicional à 
sua carreira de jurista etnológico, Morgan foi 
pioneiro na advocacia dos direitos indígenas, 
contribuindo para a criação do Bureau of 
Indian Affairs e no cumprimento dos tratados 
celebrados com as nações indígenas e o 
Estado norte-americano. 
Os trabalhos de Bachofen, Maine e 
Morgan influenciaram o A Origem da Família, 
da Propriedade Privada e do Estado (1884) de 
F. Engels. Nessa obra Engels incorpora a 
teoria do matriarcado primitivo com os 
estágios civilizatórios no esquema histórico 
da teoria marxista. A construção de modelos 
de mitos primitivos que explicassem a 
socialidade humana, uma espécie de pecado 
original, marcou os esforços desses 
evolucionistas. Por exemplo, o Primal 
Law [Direito primevo] de J.J. Atkinson e 
Andrew Lang, colonos na Oceania, explicava a 
origem da exogamia (e disso a sociedade) 
pela transição das hordas primitivas, com um 
único patriarca vivendo em poligamia e filhos 
crianças sob ameaça de seus próprios filhos e 
outros machos. Para garantir a dominação 
dos novos machos, um conluio desses machos 
desgarrados criou as fratrias e a prática de 
trocar esposas. Repercussões dessas ideias 
são perceptíveis em autores de Freud até 
Lévi-Strauss. 
O pressuposto evolucionista que 
povos “primitivos” seriam fósseis do passado 
geral da humanidade implicou na 
investigação de formas nativas de direito. Na 
Alemanha, Albert Hermann Post (1839-
1895), um juiz de Bremen, estudou o direito 
de diversos povos com um paradigma que 
mesclava o positivismo de Comte e Spencer, a 
escola pandectista, prévios trabalhos de 
Maine, Morgan e Bachofen e o 
comparativismo legal iniciado pelo 
periódico Zeitschrift fuer vergleichende 
Rechtswissenschaft. A obra-prima de Post, A 
jurisprudência etnológica, reunia respostas 
de questionários enviados às colônias e 
representantes comerciais alemães na África, 
Sudoeste Asiático e Oceania. Nesse trabalho, 
Post concluiu que o direito era um fenômeno 
social universal, pois mesmo os povos 
“primitivos” teriam instituições jurídicas. 
Com raras exceções, as monografias 
mais importantes da antropologia na segunda 
metade do século XIX foram feitas por juristascom perspectivas evolucionistas. Apesar 
disso, a principal contribuição da teoria 
evolucionista à antropologia jurídica 
certamente limita-se ao acúmulo de dados 
etnológicos oriundos da prática jurídica de 
diversos povos. Fora disso, a interpretação 
enviesada que contrapunha o direito dos 
“civilizados” ao direito das “sociedades 
primitivas” gerou conclusões etnocêntricas. 
Para muitos desses juristas e antropólogos de 
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https://archive.org/details/jstor-27896912
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gabinete, as “sociedades arcaicas” não tinham 
direito ou leis, mas sim coerção social por 
força física, superstições ou crenças mágico-
religiosa. O costume e a força física teriam 
“evoluído” para a razão do direito dogmático 
e positivado do mundo ocidental. Essa 
postura somente mudaria com os trabalhos 
de campo feito com teorias sincrônicas 
culturalistas, como o particularismo histórico 
de Boas e o funcionalismo e estrutural-
funcionalismo de Malinowski e Radcliffe-
Brown. 
 
Abordagens culturalistas 
O impacto inicial dos estudos de Bachofen, 
Maine, McLennan e Morgan, aparentemente 
mais fundados na imaginação que em fatos 
antropológicos, foi substituído no começo do 
século XX pelas inquirições sociológicas do 
Direito que emergiram na França e Alemanha 
por volta de 1880. Revendo os conceitos 
antropológicos do matrimônio antigo e do 
totemismo como forma de organização 
sociorreligiosa, o jurista alemão Josef Köhler 
(1849—1919) apontou para o peso da 
sociedade sobre o comportamento individual 
como força de controle. A ideia Köhler aliada 
às interpretações de Fustel de Coulanges 
influenciou as sociologias de Gabriel de Tarde 
(1843—1904), Émile Durkheim (1858—
1917), Marcel Mauss (1872—1950), 
Ferdinand Tönnies (1855—1936) e Max 
Weber (1864—1920). Indiretamente, o neo-
Kantismo da Escola de Marburgo e o realismo 
jurídico dos americanos e dos escandinavos 
deram novas dimensões sociológicas ao 
estudo do direito. Como consequência, a 
sociologia jurídica tornou-se proeminente na 
 
3 A ideia de Foucault (1975) de um de panopticon, 
ou uma sociedade de vigilância, parece ser 
reminiscente desse temor imposto coletivamente. 
análise de sociedade e direito, relegando à 
antropologia a investigação social do direito 
do Outro — quer “primitivos”, quer 
“criminosos”. No fin-de-siècle, o termo 
“antropologia” em contexto jurídico ganhou 
conotações criminológicas, como nas obras 
de Paul Broca, Cesare Lombroso e Nina 
Rodrigues. 
Na incipiente antropologia empírica 
houve atenção aos aspectos jurídicos 
integrantes da cultura a partir de obras como 
Roy Franklin Barton, Bronislaw Malinowski e 
Radcliffe-Brown (Donovan 2008). 
O pioneiro trabalho de Roy Franklin 
Barton sobre o Direito Ifugao, embora 
publicado em 1919, poucos anos antes da 
publicação das etnografias célebres de 
Malinowski e Radcliffe-Brown, não teve o 
devido impacto inicial, sendo lido e discutido 
somente a partir da década de 1930. Já as 
experiências de trabalho de campo nas ilhas 
Tobriand de Malinowski fundamentaram 
seu Crime and Custom in Savage 
Society [Crime e Costume na Sociedade 
Selvagem](1926), no qual criticou os 
pressupostos evolucionistas do direito e a 
ideia que no “direito primitivo” a intimidação 
coletiva, tabus e temores de punição 
sobrenatural serviam como instrumento de 
controle do individual mais que as 
normas.3 Descontruindo esse preconceito, 
nessa obra Malinowski demonstra as bases 
jurídicas de um sistema jurídico tido como 
“primitivo” pelos europeus: 
As forças de ligação do direito civil melanésio 
encontram-se na concatenação das 
obrigações, no fato de que estão organizados 
em cadeias de serviços mútuos, em um dar e 
receber estendendo por longos períodos e 
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cobrindo amplos aspectos de interesse e 
atividade. (Malinowski 1926:67) 
Empregando a etnografia e 
considerando o direito — como qualquer 
componente da estrutura social — 
interligado funcionalmente com a totalidade 
de uma dada sociedade, Malinowski propôs 
que a reciprocidade reforçada por 
intercâmbios simbólicos aumentava o 
prestígio, dando bases ao sistema jurídico dos 
trobriands. Observou que a substância do 
direito pode ser extraída de conflitos e depois 
emergir nas relações sociais e obrigações. 
Para Malinowski, “O ‘direito civil’ ou o direito 
positivo governando todas as fases da vida 
tribal, consiste então no corpo de obrigações 
vinculantes, consideradas como direito por 
uma das partes e reconhecido como dever por 
outra, mantido em força por um mecanismo 
de reciprocidade” (Malinowski 1926:58). 
Essa perspectiva do direito de 
Malinwoski, um tanto latitudinária, implicava 
na universalidade das instituições jurídicas 
em todas as sociedades, competindo ao 
antropólogo o estudo dos processos para 
deles abstrair generalidades da função do 
crime, justiça e equilíbrio social 
proporcionado pelo direito em todas as 
sociedades. Aproveita dessas ideias a 
sociologia jurídica de Marcel Mauss. Todavia, 
houve logo discordâncias. 
Para A. R. Radcliffe-Brown (1881–
1955) o direito foi institucionalizado como 
um processo coletivo sustenta a ordem 
pública. Para ele o direito seria “o controle 
social mediante a aplicação sistemática da 
força (física) da sociedade politicamente 
organizada” (Radcliffe-Brown 1933:202). 
Radcliffe-Brown distingue o direito de outras 
formas de controle social: desvios de 
comportamento gerariam sanções negativas, 
mas desaprovação social e impureza ritual 
são distintas das sanções penais impostas 
pela autoridade reconhecida. A presença 
de um mecanismo de imposição da lei 
caracterizaria a existência do direito em uma 
data sociedade. Adicionalmente, em algumas 
sociedades como os andamaneses estudados 
por Radcliffe-Brown, por não possuir uma 
autoridade complexa distinta da população 
geral, não existiria o direito segundo sua 
concepção. O método de pesquisa para o 
estudo do direito desenhado por Radcliffe-
Brown permanece válido: 
Consideremos, por exemplo, o estudo 
do direito. Se alguém examinar a 
literatura sobre jurisprudência 
encontrará que as instituições legais 
são estudadas na maioria das vezes 
em relativa abstração do resto do 
sistema social das quais são parte. 
Sem dúvida, essa é a abordagem mais 
conveniente para advogados em seus 
estudos profissionais. Mas para uma 
investigação científica da natureza do 
direito essa abordagem é insuficiente. 
Os dados com os quais um cientista, 
como nós, lida são eventos que 
acontecem e podem ser observados. 
No campo do direito, os eventos os 
quais o cientista social pode observar 
e, portanto, tomar como dados são os 
procedimentos que ocorrem nos 
tribunais de justiça. (Radcliffe-Brown 
1940:10). 
As diferenças da antropologia jurídica 
entre Malinowski e Radcliffe-Brown refletiam 
as distinções teóricas e metodológicas 
do funcionalismoe do estrutural-
funcionalismo. Como consequência, a 
abordagem de Malinowski tinha um caráter 
processualista. O objeto de estudo do 
antropólogo jurídico não seria o conteúdo 
legal, mas a função que um conjunto de regras 
e procedimentos proporcionava para uma 
sociedade específica. Em contrapartida, 
Radcliffe-Brown preocupa-se em determinar 
esse conteúdo jurídico. O que constituiriam a 
norma ou o direito material seria o objeto da 
abordagem de Radcliffe-Brown. Embora por 
um tempo a perspectiva de Malinowski 
prevaleceu entre os antropólogos, a síntese 
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entre as duas posições viria somente anos 
mais tarde, bem formulada por J.L. Comaroff e 
S. Roberts na obra Rules and Processes: The 
Cultural Logic of Dispute in an African 
Context (1981) [Regras e Processos: a lógica 
cultural da disputa em um contexto africano]. 
Esses autores demonstraram que o direito 
existe além de situações de conflito. A partir 
disso, o objeto da antropologia jurídica 
transcende a divisão direito 
processual/direito material para concentrar-
se na questão da juridicidade: quais fatos ou 
instituições são jurídicas. 
 
Etnografias jurídicas 
Aliada à administração colonial, a 
antropologia jurídica foi instrumental em 
codificar o direito de sociedades ágrafas. O 
sistema de Common Law que privilegia a 
autonomia direito local em uma estrutura 
constitucional positivada por atos 
parlamentares permitiu que a dominação 
indireta do colonialismo britânico respeitasse 
as instituições jurídicas nativas. 
Para garantir o devido processo legal 
dentro de um contexto nativo, várias 
etnográficas jurídicas compilaram práticas e 
princípios de direito colonial. Um deles foi 
Isaac Schapera (1905–2003) que a serviço da 
administração do Protetorado de 
Bechuanaland redigiu A handbook of Tswana 
law and custom [Um manual do direito e 
costume tsuana] (1938) fundado no direito 
consuetudinário da administração e tribunais 
do povo tsuana. Ainda hoje, a obra de 
Schapera é doutrina referenciada no 
judiciário de Botsuana (Held 2003). 
Outras etnografias jurídicas dignas de 
menção são os trabalhos de Westermarck no 
Marrocos (1947), Rattray entre os Ashanti 
(1929), Hogbin na Polinésia (1934), Meek na 
Nigéria (1937, 1949), van Vollenhoven 
(1948) sobre o adat na Indonésia, van 
Notten sobre o xeer da Somália (2005). 
Uma notável etnografia que se tornou 
um clássico para a antropologia jurídica 
resultou da colaboração entre E. Adamson 
Hoebel (1906—1993) e Karl Llewellyn 
(1893—1962). Hoebel era um estudante 
de Franz Boas e passava dificuldades para 
compreender e codificar o direito dos 
comanches. Como solução, Boas arranjou-lhe 
a assistência do colega de Columbia, o jurista 
Llewellyn. Empregando a teoria de realismo 
jurídico, o preceito que direito é a maneira 
como se lida com um caso, Hoebel procurou 
narrativas de casos problemáticos entre 
anciãos dos cheyennes (a disrupção da 
sociedade cheyenne e seu confinamento em 
reservas já transformara esse sistema 
jurídico em memórias de um tempo passado). 
Llewellyn providenciou a interpretação 
jurídica e o trabalho final, The Cheyenne 
Way (1941) representa um distanciamento 
do foco antropológico em definir o que é o 
direito. A partir desse trabalho, o estudo de 
caso se tornou emblemático para 
compreender o direito processual e o uso das 
normas nas atividades jurídicas, atuando 
tanto como método quanto objeto da 
inquirição científica. O impacto da obra de 
Hoebel e Llewellyn foi de tal forma que 
argumentos, procedimentos e precedentes 
empregados pelos cheyennes passaram a ser 
empregados para aperfeiçoar o direito estatal 
norte-americano. 
Com a experiência adquirida com os 
cheyenne, Hoebel codificou o direito dos 
ifugao. Empregando os registros etnográficos 
de Barton (1919) recolhidos nas Filipinas, 
Hoebel sumarizou-o em seis postulados 
básicos e dezessete corolários derivados. Em 
sua obra, Hoebel definiu “uma norma social é 
jurídica se negligenciar ou infringi-la 
encontra regularmente, por ameaça ou fato, a 
aplicação da força física por um indivíduo ou 
grupo possuindo prerrogativa social 
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reconhecida para agir assim”. (Hoebel 
1954:28). 
 
O debate Gluckman-Bohannan 
A questão de como estruturar o direito nativo 
em um esquema formal foi o cerne do debate 
Gluckman-Bohannan. A Escola de 
Manchester, representada por Max Gluckman 
(1911—1975) com seu The Judicial Process 
Among the Barotse of Northern 
Rhodesia (1955) defendia o uso de categorias 
abstratas da jurisprudência ocidental (das 
dogmáticas Common Law e do civilismo 
romano-germânico) para produzir 
comparações válidas entre diferentes 
ordenamentos jurídicos. Em contrapartida, o 
norte-americano que também trabalhava na 
África, Paul Bohannan (1920—2007), em seu 
trabalho de campo registrado em Justice and 
Judgment Among the Tiv (1957), 
argumentava que a terminologia e 
argumentação jurídica deveriam ser 
analisadas com perspectivas da sociedade 
local estudada. 
O debate entre Gluckman-Bohannan 
revelava a existência de duas doutrinas 
subjacentes, o universalismo jurídico de 
Gluckman e o relativismo legal de Bohannan. 
Vale mencionar que Gluckman em suas 
observações4 dos tribunais lozi na província 
Barotse examinou ambos as normas sociais 
juridicamente reconhecidas quanto o 
raciocínio jurídico adotado pelos 
magistrados. Por outro lado, no sistema 
politicamente descentralizado dos tribunais 
tiv não se invocavam regras explícitas nos 
julgados, como observou Bohannan 
 
4 Gluckman, diferente de outras etnografias 
prévias, observou de primeira mão casos em 
processo nos tribunais, baseando-se menos nas 
reminiscências dos casos feitas por informantes. 
(Bohannan 1957:19). Essa contradição de 
sistemas pode ser simplesmente aparente, 
pois ambos os etnógrafos empregaram 
diferentes definições de ritos processuais. 
Adicionalmente, o trabalho de Bohannan não 
buscava investigar as noções tiv de justiça. 
Refletindo esse debate, a distinção entre 
emic-etic tornou-se corrente na teoria 
antropológica. (Donovan 2008). 
Um dos opositores das ideias de 
Bohannan foi o jurista e antropólogo tcheco-
americano Leopold Pospíšil (1923–). Pospíšil 
criticou a perspectiva de Bohannan e 
argumentava que, embora inexista uma 
definição consensual de direito ou norma 
jurídica, há atributos comuns de direito ou 
juridicidade através de diferentes sociedades. 
A educação jurídica de Pospíšil em 
Praga antes de imigrar e doutorar-se em 
antropologia em Yale fruiria em obras 
notáveis como Kapauku Papuans and Their 
Law (1958) e Anthropology of Law (1971), 
sendo esse último um livro fundamental em 
cursos de antropologia jurídica. A ele deve-se 
o crédito de analisar os atributos do direito ou 
da norma jurídica em quatro componentes: 
autoridade legal, intenção de aplicação 
universal, Obligatio (a imposição da sentença 
por uma autoridade desinteressada) e sanção. 
Esses atributos quádruplos contribuíram 
para fundamentar uma análise sólida do 
direito sem depender da análise de disputas 
ou processos, colocando entre parênteses a 
necessidade de uma definição precisa do 
direito, alémde providenciar conceitos 
operacionais para antropólogos jurídicos. 
Outra contribuição de Pospíšil foi sua 
descoberta das categorias sobrepostas das 
 
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esferas do direito afetando uma pessoa: a 
família, linhagem, comunidade local, 
entidades privadas e normas positivadas pelo 
Estado. Embora esses grupos de subsistemas 
possam ser conflituosos e contraditórios, o 
reconhecimento da validade do pluralismo 
jurídico abriu canais para dialogar entre 
diferentes sistemas reguladores da 
sociedade. O trabalho do sociólogo jurídico 
português, também vinculado à Yale, 
Boaventura de Sousa Santos (1940–) reflete 
essa vertente defensora da aceitação pelo 
Estado do pluralismo legal existente em 
qualquer sociedade, como demonstrou em 
seu Notas sobre a história jurídico-social de 
Pasárgada (1980). 
O conceito de pluralismo jurídico é 
aliado a dois outros, o de aculturação jurídica 
e juridicidade. Esses temas foram abordados 
principalmente pela antropologia jurídica 
francesa, nascida da intensificação do contato 
etnográfico com as colônias no pós-guerra. 
Autores como Michel Alliot, Étienne le Roy e 
Jacques Vanderlinden distinguem entre 
Direito (do estado) e o direito (sentido amplo, 
inclusive não estatal) e o processo de 
aculturação jurídica que os sistemas 
hegemônicos estatais impõem aos sistemas 
com menos poder nas colônias e interior do 
Estado. Para esses autores, definir 
Direito/direito não é tão relevante, pois são 
apenas facetas da juridicidade. A categoria 
ocidental chamada Direito é somente uma das 
muitas manifestações da juridicidade. A 
qualidade da relação ser dotada de 
juridicidade passa a ser mais relevante nessa 
linha de pesquisa. 
Ainda na escola francesa de 
antropologia jurídica, há autores como 
Norbert Rouland, Christoph Eberhard e Gilda 
Nicolau, investigando as relações políticas e o 
direito, empregando a distinção entre 
práticas e representações no direito. Outro 
pesquisador francês é Bruno Latour 
(2009)que estudou os rituais e condução dos 
processos em uma alta corte administrativa, 
revelando a dissonância entre o discurso de 
objetividade e a produção judiciária. 
Consolidação de um campo 
interdisciplinar 
Desde os anos 1960 a antropologia em geral 
passou por uma especialização de áreas 
quanto também por um “politeísmo” teórico-
metodológico. Como consequência, a 
antropologia jurídica se consolidou como 
uma disciplina subsidiária tanto do direito 
quanto da antropologia. Com apoio de 
organizações como a The Wenner-Gren 
Foundation pesquisas feitas principalmente 
por instituições da América do Norte 
traduziram na inserção de cursos de 
antropologia e direito nos currículos 
universitários. A Association for Political and 
Legal Anthropology foi fundada em 1976 
como seção da American Anthropological 
Association a qual publica o Political and 
Legal Anthropology Review (PoLAR). Estudos 
comissionados em antropologia cultural 
forense investigaram temas como protestos 
políticos, criminologia, prisões, rebeliões, 
perícia de bens culturais intangíveis e a 
administração da justiça. Adicionalmente, a 
advocacia dos direitos indígenas e das 
minorias emergiu a partir do conhecimento 
produzido pela antropologia jurídica. Toda 
essa tendência refletem a mudança das 
investigações etnográficas das sociedades 
ágrafas para as sociedades industrializadas. 
(Nader 2002). 
Retomando o foco de Radcliffe-
Brown, desde os anos 1960 cresce a 
antropologia jurídica focada no processo ao 
invés das normas. A antropóloga jurídica 
norte-americana Laura Nader (1930–) em 
seu trabalho de campo em uma vila Zapote no 
México notou que os habitantes locais buscam 
resolver suas lides sem apelarem para os 
fóruns do Estado mexicano (Nader, 1990). 
http://www.ensaiosenotas.com/
http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/boaventura/boaventura_pasargada_passar.pdf
http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/boaventura/boaventura_pasargada_passar.pdf
https://politicalandlegalanthro.org/
https://politicalandlegalanthro.org/
https://polarjournal.org/
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Nader interpreta que essa atitude como um 
meio de evitar a interferência do Estado e de 
estranhos aos assuntos locais. O trabalho de 
Nader, voltado para as alternativas de 
resolução da lide, tenda desvelar a “ideologia 
da harmonia” existente em comunidades 
circunscritas. Apesar de seus estudos sobre 
justiça alternativa, Nader se mantém crítica 
do uso de arbitragem e mediação privada nos 
Estados Unidos e outras sociedades 
industrializadas, pois limitariam o acesso dos 
hipossuficientes às garantias oferecidas pelo 
sistema judiciário estabelecido. (Nader, 
2002). 
Nader não está sozinha nessa crítica 
ao direito como instrumento de dominação. 
Nas mesmas linhas há questões de poder 
envolvendo problemas legais transnacionais 
como imigração (Coutin, 2000), as classes 
trabalhadoras religiosas evitarem tribunais 
seculares nos Sul dos Estados Unidos 
(Greenhouse 1986) e a violência e desordem 
pós-colonial (Comaroff e Comaroff 2006). 
Como discutido acima, os principais 
temas na antropologia jurídica desde a 
segunda metade do século XX tratou o direito 
como cultura, como dominação e como 
solucionador de disputas — como 
acuradamente sumariza Sally Falk Moore em 
sua palestra em Huxley Memorial dada em 
1999. Além desses focos, há outros tópicos de 
interesse da antropologia jurídica, como uma 
definição antropológica de justiça. 
A busca pela justiça parece ser uma 
constante universal em todos os sistemas 
legais. Todavia, o conceito de justiça varia 
através das culturas. A jurisprudência 
ocidental ainda reverberar os conceitos de 
Platão da justiça como meio de manter a 
ordem social demandando o cumprimento 
individual de seu papel na sociedade (A 
República Livro IV). Outra definição clássica e 
ainda corrente é a proposta de Aristóteles em 
considerar a justiça como equidade por meios 
de ações distributivas, comutativas e 
corretivas (Ética a Nicômaco Livro V). Além 
de aprofundar na teoria antropológica, a 
questão da justiça alimenta discussões 
aproveitáveis sobre direitos humanos, ética 
em pesquisa e crítica social. Em geral, as 
monografias canônicas da antropologia 
jurídica consideram a justiça sob as lentes do 
funcionalismo, teorias do conflito e o 
pluralismo (Dupret 2007). A teoria 
funcionalista é platônica em buscar a 
harmonia social; a justiça serviria para 
manter a ordem da sociedade (i.e. 
Malinowski). Já as teorias de conflito 
consideram o peso que o poder possui na 
dominação e imposição da lei, como nas 
teorias influenciadas por marxistas e 
Foucault; justiça é o que o poderoso diz que é 
(i.e. Nader). Finalmente, a visão pluralista 
mapeia os diferentes grupos e seus ideais de 
justiça no qual há conflito e negociação entre 
eles. (i.e. Pospíšil). 
Ainda no mesmo assunto, Clifford 
Geertz (1926–2006) em sua palestra 
Storrs em 1981 distinguiu os diferentes 
objetivos da justiça. Quando um caso é 
apresentado no fórum, “fatos” são 
considerados que serão julgados como 
objetivos e independentes das 
representações humanas, mas mesmo “fatos 
jurídicos” são construídos socialmente. 
Geertz demonstrou que os grandes sistemas 
jurídicos buscam diferentes objetivos para a 
justiça: enquanto o direito islâmico 
busca haqq (a verdade), o dharma indiano 
enfatiza o dever e o sistema adat malaio-
polinésio persegue a adequação do 
comportamento aos padrões socialmente 
aceitáveis.No argumento de Geertz, as 
interpretações de “direito”, “lei”, “justiça” e 
“fatos” dependem de contextos locais. 
Como “fatos jurídicos” estão 
frequentemente em dissonância com a 
realidade social (ou como também estão os 
“fatos antropológicos”), o papel do 
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antropólogo jurídico não se limita ao exame 
do direito. Entre suas atividades está a 
advocacia e a orientação de políticas públicas, 
fazendo da disciplina um instrumento da 
justiça. Um exemplo foi o jurista e 
antropólogo Robert Redfield (1897–1958) 
dando seu testemunho pericial em Sweatt v. 
Painter (1950). Nesse caso célebre da 
Suprema Corte norte-americana foi crucial 
para o movimento de direitos civis, com esse 
testemunho servindo como suporte para 
combater a segregação racial. (Rosen 1977). 
 
Considerações finais 
A antropologia jurídica em sua história serviu 
de interface ao direito e à antropologia. 
Entretanto, é uma disciplina em seu próprio 
caráter, com teorias, métodos, objetos 
próprios que se definiram ao longo de sua 
história. O interesse por essa intersecção 
entre temas próprios do direito e da 
antropologia remontam desde a antiguidade 
até os pensadores iluministas. Mas somente 
com as pesquisas sob vieses historicistas de 
juristas como von Savigny que a correlação 
entre cultura e direito passou a ser 
investigado empiricamente e analisado com 
um rigor teórico. Desde então, paradigmas 
evolucionistas consolidaram o campo, com 
um interregno da nascente antropologia 
forense criminal na virada do século XIX ao 
século XX. Com o nascimento da antropologia 
dita ‘científica’ mediante as etnografias e 
teorias funcionalista e estrutural-
funcionalista no Reino Unido surgiu o 
interesse de registrar as formas nativas do 
direito. Como também fizeram antropólogos 
norte-americanos, franceses e holandeses da 
época. O debate sobre o foco da antropologia 
jurídica ser no processo ou nas normas deu 
lugar a outros debates, como a questão da 
universalidade ou da particularidade das 
categorias jurídicas na antropologia do 
direito comparado. Por fim, a diversificação 
dos objetos de estudo da antropologia 
jurídica tem como contrapartida a 
emergência da contribuição dessa disciplina à 
noção de pluralismo jurídico e métodos 
alternativos de justiça. 
A história da antropologia 
obviamente não se exaure nesse panorama. 
Há várias tradições nacionais que não são tão 
citadas internacionalmente, mas possuem 
uma longa história que consolidou sua 
identidade local, como o caso da antropologia 
jurídica brasileira que geralmente dialoga 
com o conhecimento teórico e com a defesa de 
minorias, além da aplicação desse 
conhecimento em laudos periciais para 
processos de questões territoriais e 
identitárias, especialmente de indígenas e 
comunidades tradicionais
Saiba mais 
ALLIOT, Michel. Le droit et le service public au miroir de l’anthropologie. Textes choisis et édités par 
Camille Kuyu. Paris: Karthala, 2003. 
ARISTÓTELES. A ética a Nicômaco. 
BACHOFEN, Johann Jakob. Mutterrecht. Stuttgart, 1861. Em inglês: Mother Right: An Investigation of the 
Religious and Juridical Character of Matriarchy in the Ancient World. Disponível 
em< https://books.google.com.br/books?id=3qhQuWPNUckC&lpg=PP1&dq=Bachofen&pg=PP1#v=o
nepage&q=Bachofen&f=false > 
BARNARD, Alan. History and Theory in Anthropology. Cambridge: Cambridge University Press, 2004. 
http://www.ensaiosenotas.com/
https://books.google.com.br/books?id=3qhQuWPNUckC&lpg=PP1&dq=Bachofen&pg=PP1#v=onepage&q=Bachofen&f=false
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www.ensaiosenotas.com 14 
BARTON, Roy Franklin. Ifugao Law. University of California Publications in American Archaeology and 
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BOHANNAN, Paul. Justice and Law among the Tiv. Londres: Oxford University Press, 1957. 
CALDEIRA, Teresa P.R. “I Came to Sabotage Your Reasoning! Violence and Resignifications of Justice in 
Brazil” in Jean Comaroff Jean and John Comaroff (Eds.) Law and Disorder in the Postcolony. Chicago, 
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Referência: 
 
ALVES, Leonardo Marcondes. A história da antropologia jurídica. 2016. Disponível em: < 
https://ensaiosenotas.com/2016/07/20/a-historia-da-antropologia-juridica/>Acesso em: 20 jul. 
2016. 
 
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