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ÓLEOS ESSENCIAIS OU ÓLEOS VOLÁTEIS

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ÓLEOS ESSENCIAIS OU ÓLEOS VOLÁTEIS (resumo - 1a. parte)
Óleos Essenciais
Prof. Jorge Carlos Ferreira
Óleos essenciais são definidos como os produtos obtidos de partes de plantas, sendo que de forma geral são misturas complexas de substâncias voláteis, lipofílicas, geralmente odoríferas e liquidas. Do ponto de vista químico, os óleos essenciais das plantas são constituídos principalmente de uma mistura de lipídeos chamados terpenos. Os terpenos são hidrocarbonetos e os oxigenados são denominados terpenóides.
Os métodos de extração variam conforme a localização do óleo volátil na planta e com a proposta de utilização do mesmo. Sendo que os métodos mais comuns são: enfloração, destilação por arraste de vapor d’água (destilação azeotrópica); extração com solvente orgânico de forma contínua e descontínua; prensagem ou expressão e extração por CO2 supercrítico. Torna-se importante não confundir as atividades farmacológicas de uma droga vegetal rica em óleos voláteis com as atividades farmacológicas do óleo isolado da mesma.
Algumas propriedades farmacológicas dos óleos voláteis estão bem estabelecidas e podem servir de exemplos como: ação carminativa, ação antiespasmódica, ação estimulante sobre secreções do aparelho digestivo, ação cardiovascular, ação irritante tópica ou repulsiva (uso externo), ação secretolítica, ações sobre o SNC, ação anestésica local, ação anti-inflamatória e ação antisséptica (uso externo).
A toxicidade crônica dos óleos voláteis é pouco conhecida e ainda é necessário avaliar suas eventuais propriedades mutagênicas, teratogênicas e/ou carcinogênicas. Enquanto atoxicidade aguda é mais conhecida causando: reações cutâneas, efeitos convulsivantes e efeitos psicotrópicos.
1. Introdução:
A ISO (International Standard Organization) define óleos voláteis como os produtos obtidos de partes de plantas através da destilação por arraste de vapor d’água, bem como osprodutos obtidos por espressão / prensagem dos pericarpos de frutos cítricos (Rutaceae).
De forma geral, são misturas complexas de substâncias voláteis, lipofílicas, geralmente odoríferas e líquidas. Também podem ser chamados de óleos essenciais, óleos etéreos ou essências. A designação de óleo se dá graças a algumas características físico-químicas como, por exemplo: a de serem geralmente líquidos de aparência oleosa à temperatura ambiente. Sua principal característica, contudo consiste na volatilidade, que o difere assim, dos óleos fixos, que são misturas de substâncias lipídicas obtidas normalmente de sementes. Outra característica se dá graças ao aroma agradável e intenso da maioria dos óleos voláteis, sendo por isso, também chamados de essências. São ainda solúveis em solventes orgânicos apolares, como o éter, recebendo, por isso o nome de óleos etéreos ou, em latim, aetheroleum. Possuem uma solubilidade limitada em água, mas suficiente para aromatizar essas soluções que são chamadas de hidrolatos.
Outras de suas características são:
Sabor: geralmente acre (ácido) e picante;
Cor: quando recentemente extraídos são geralmente incolores ou ligeiramente amarelados; são poucos óleos que apresentam cor, como o óleo volátil de camomila, de coloração azulada, pelo seu alto teor de azulenos;
Estabilidade: em geral, esses óleos não são muito estáveis, principalmente na presença de ar, luz, calor, umidade e metais;
A maioria dos óleos voláteis possui índice de refração e são opticamente ativos, sendo que essas propriedades são utilizadas na sua identificação e no controle de qualidade.
Seus constituintes variam desde hidrocarbonetos terpênicos, álcoois simples e terpênicos, aldeídos, cetonas, fenóis, ésteres, éteres, óxidos, peróxidos, furanos, ácidos orgânicos, lactonas, cumarinas, até compostos sulfurados. Na mistura, esses compostos se apresentam em diferentes concentrações, e normalmente, um deles é o composto majoritário, sendo que outros estão em menores teores e alguns em baixíssimas quantidades.
Além dos óleos voláteis obtidos de plantas (fitogênicos), produtos sintéticos são encontrados no mercado, sendo que esses óleos sintéticos podem ser imitações dos naturais ou composições de fantasia. Já no uso farmacêutico, somente os naturais são permitidos pelas farmacopéias. Excetuando aqueles óleos que contêm somente uma substância como o óleo volátil de baunilha (que possui somente vanilina), algumas farmacopéias permitem o uso do equivalente sintético nesses casos.
2. Classificação Química e Biogênese:
Desde a Antigüidade se isolam compostos orgânicos dos vegetais. Pelo aquecimento suave, ou pela destilação a vapor de materiais vegetais, podem-se obter misturas odoríferas de compostos conhecidos como óleos essenciais. Por milhares de anos estes extratos vegetais foram usados como remédios, temperos e perfumes.
À medida que a química orgânica se desenvolve, os químicos separam diversos componentes destas misturas e determinam as respectivas fórmulas moleculares e, depois, as fórmulas estruturais. Atualmente estes produtos naturais ainda oferecem problemas difíceis aos químicos interessados na determinação da estrutura e na respectiva síntese.
Do ponto de vista químico, os óleos essenciais das plantas são constituídos principalmente de uma mistura dos lipídeos chamados terpenos. Os terpenos são hidrocarbonetos e os oxigenados são denominados terpenóides.
Estes compostos, porém, estão relacionados entre si, apesar das diferenças estruturais. De acordo com a regra do isopreno, os terpenos podem ser imaginados como resultantes da união de "cabeça com cauda" de unidades de isopreno. O isopreno é o 2-metil-buta-1,3-dieno, com 5 carbonos. O carbono 1 é a "cabeça" da unidade isopreno, e o carbono 4 é a "cauda".
3. Quimiotaxia, localização e funções:
3.1. Quimiotaxia
Os óleos voláteis são raramente encontrados em gimnospermas (exceto as coníferas). Em angiospermas monocotiledôneas, a ocorrência é relativamente rara, excetuando as gramíneas (principalmente espécies de Cymbopogom e Vetiveria) e zingiberáceas (espéciesde Alpinia e Curcuma, entre outras).
Entretanto, plantas ricas em óleos voláteis são abundantes em angiospermas dicotiledôneas, tais como nas famílias Astaraceae, Apiaceae, Lamiaceae, Lauraceae, Myrtaceae, Myristicaceae, Piperaceae, Rutaceae, entre outras.
3.2. Localização:
Dependendo da família, os óleos voláteis podem ocorrer em estruturas secretoras especializadas, tais como pêlos glandulares nas Lamiaceae, células parenquimáticas diferenciadas nas Lauraceae,Piperaceae e Peaceae, nos canais oleíferos nas Apiaceae ou em bolsas lisígenasou esquizomógenas nas Pinaceae e Rutaceae. Os óleos voláteis podem ser estocados em certos órgãos, tais como nas flores (laranjeira, bergamoteira), nas folhas (capim-limão, eucalipto, louro), nas cascas dos caules (canelas), namadeira (sândalo, pau-rosa), nas raízes (vetiver), nos rizomas (curcuma, gengibre), nos frutos (anis-estrelado, funcho) ou nas sementes (noz moscada). Embora todos os órgãos possam acumular os óleos voláteis, sua composição pode variar de acordo com sua localização. Por exemplo, o óleo da casca da canela é rico em aldeído cinâmico, enquanto o óleo das folhas e raízes desse mesmo vegetal são ricos em eugenol e cânfora, respectivamente.
Os óleos voláteis obtidos de diferentes órgãos de uma mesma planta podem apresentar composição química, caracteres físico-químicos e odores bem distintos. Cabe ainda lembrar que a composição química de um óleo volátil, extraído do mesmo órgão de uma mesma espécie vegetal, pode variar significativamente de acordo com a época de coleta, condições climáticas e de solo.
3.3 Funções biológicas:
As substâncias odoríferas em plantas foram consideradas por muito tempo como "desperdício fisiológico" ou mesmo produtos de desintoxicação, como eram vistosos produtos do metabolismo secundário. Atualmente, considera-se a existência de funções ecológicas, especialmente como inibidores da germinação, na proteção contra predadores, na atração de polinizadores, na proteção da perda de água e do aumento da temperatura, entre outras. Assim o aroma desses óleosvoláteis pode estar envolvido na atração de polinizadores. As abelhas e as borboletas são insetos freqüentemente atraídos por aromas de diversas flores. Plantas com polinização noturna ou crepuscular possuem aromas particularmente intensos, pois, nesses horários, o estímulo atrativo visual torna-se impraticável.
Efeitos alelopáticos têm sido registrados para terpenos voláteis de Eucalyptus globulus Labill., E.camaldulensis Dehnh, Arthemisia absinthium L., A. californica Less., Sassafrás albidum Ness e Salvia leucophylla Greene., presentes no chaparral californiano geram um efeito inibitório tão intenso através de seus óleos voláteis, que outras plantas são totalmente inibidas em um raio de 1 a 2 metros, gerando zonas de solo nu em torno dos arbustos (ou grupo de arbustos) dessas espécies, sendo que o efeito fica evidente em fotos aéreas dessas áreas. Estudos exaustivos apontaram os terpenos voláteis, tais como 1,8-cineol e cânfora (S. leucophylla Greene) e a-tujona e isotujona (A. californica Less), entre outros, como responsáveis por esse efeito inibitório.
Existem trabalhos demonstrando que a toxicidade de alguns componentes dos óleos voláteis constitui uma proteçãocontra predadores e infestantes. Mentol e mentona são, por exemplo, inibidores do crescimento de vários tipos de larvas. Existem também evidências de que alguns insetos utilizam óleos voláteis seqüestrados de plantas para se defenderem de seus predadores. Assim, os vapores de certas substâncias como o citronelal (utilizado por formigas) e a-pineno (utilizado por cupins) podem causar irritação suficiente em um predador para fazê-lo desistir de um ataque. Certos himenópteros, por exemplo, seqüestram (sem alteração química) a- e ß-pineno, entre outros componentes, de Pinus sylvestris L. (uma conífera européia). Dessa forma, as larvas desses insetos se defendem dos predadores como as formigas.
4. Fatores de variabilidade
A composição química do óleo volátil de uma planta é determinada geneticamente, sendo geralmente específica para um determinado órgão, e característica para seu estágio de desenvolvimento, mas as condições ambientais são capazes de causar variações significativas.
4.1. Quimiotipos
A ocorrência de quimiotipos ou raças químicas é freqüente em plantas ricas em óleos voláteis; seriam aquelesv egetais botanicamente idênticos, mas que diferem quimicamente. Por exemplo, paraChrysantheumum vulgare (L.) Bernhardi (= Tanacetum vulgare L.) (catinga demulata), apenas na Hungria foram caracterizados 26 quimiotipos, com diferenças  significativas na composição dos óleos.
4.2. Ciclo vegetativo
Numa determinada espécie, a concentração de cada um dos constituintes do seu óleo volátil pode variar durante o desenvolvimento do vegetal. No coentro (Coriandrum sativum L.), por exemplo, o teor de linalol é 50% maior nos frutos maduros do que nos verdes.
4.3. Fatores extrínsecos
O ambiente no qual o vegetal se desenvolve e os tipos de cultivo também influem sobre a composição química dos óleos voláteis. A temperatura, a umidade relativa, a duração total de exposição ao sol e o regime de ventos exercem uma influência direta, sobretudo sobre as espécies que possuem estruturas histológicas de estocagem na superfície. Nos vegetais em que a localização de tais estruturas é mais profunda, a qualidade dos óleos voláteis é mais constante. Exemplo disto é a hortelã-pimenta (Menthapiperita L.), que, quando cultivada em períodos de dias longos e noites curtas, apresenta um maior rendimento de óleo, com teor aumentado de mentofurano; ao contrário, noites frias favorecem a formação de mentol. Deve-se, preferencialmente coletar plantas ricas em óleos voláteis bem cedo pela manhã ou à noite, pois o período de exposição ao sol pode provocar uma perda quantitativa importante do óleo existente no vegetal. O grau de hidratação do terreno e a presença de micronutrientes (N, P, K) também podem influenciar na composição dos óleos voláteis. Não se pode, entretanto, prever ou estabelecer um único padrão, já que cada espécie reage de forma diferenciada.

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