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PEDAGOGIA 
SOCORRO LUZIA
O DIFÍCIL PERÍODO DE ADAPTAÇÃO DE BEBÊS EM CRECHES, A SEPARAÇÃO DA MÃE E DO AMBIENTE FAMILIAR
Murici-al
2019
 SOCORRO LUZIA
INCLUSÃO NO ENSINO FUNDAMENTAL: EDUCAÇ ÃO ESPECIAL 
Relatório de Estágio apresentado ao Curso Pedagogia da UNOPAR - Universidade Norte do Paraná, para a disciplina de Estágio Curricular Obrigatório – Anos Iniciais do Ensino Fundamental
Orientador: profª. Ma. Lilian Amaral da Silva Souza
Tutor Eletrônico: 
MURICI-AL
2019
SUMÁRIO
1-INTRODUÇÃO	3
2-OBSERVAÇÃO DO ESPAÇO ESCOLAR E ATUAÇÃO DO PEDAGOGO	4
3-DIÁRIOS DE OBSERVAÇÃO DE CAMPO E ATUAÇÃO DO PEDAGOGO	5
4-ANÁLISE DO PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO E A ENTREVISTA	6
5-PLANO DE AÇÃO DO PEDAGOGO	7
6-CONSIDERAÇÕES FINAIS	8
7-REFERÊNCIAS.........................................................................................................9
RESUMO
ARMIN, Hellensandry. INCLUSÃO D A EDUCAÇ ÃO ESPECIAL NO ENSINO FUNDAMENTAL.2017. 26pag. Trabalho de Conclusão de C urso (Graduação em pedagogia) – Centro de Ciências Empresariais e Sociais Aplicadas, Universidade Pitágoras Unopar, Linhares, 2017.
RESUMO 
O projeto inclusão da educação especial no ensino fundamental trás a temática para ser trabalhado nas séries iniciais do ensino funda mental, proporciona a escola a fazer a inserção de alunos especiais na escola do ensino regular, justificando de realizar a intervenção do projeto para a tender a inclusão com os direitos de igualdade, assim os conteúdos será como atividades lúdicas envolvendo a todos, com dinâmica, artes, português e podendo o processo de desenvolvimento ser desenvolvido com a ação de diálogo entre professor e alunos questionando o respeito e ética para idealizar a igualdade de todos, a avaliação poderá ser através da observação de mudanças no aluno especial, a integração de outros alunos com alunos especiais, partindo dos pensamentos de autores como: (VAGULA, Edilaine, VEDOATO, Sandra, educação inclusiva e língua brasileira de sinais, londrina unopar , 2014 p .14 e 15) 
Palavras-chave: Educação Especial. Inclusão. Paradigmas. Integração
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
Beauclair (2007), afirma que a inclusão é o movimento humano de celebrar a diversidade, envolvendo o sentimento de pertencer, de fazer parte de, é a valorização da diferença e a busca de uma cidadania ativa construtora de qualidade de vida para todos. A partir de uma revisão teórica, este estudo objetiva explicitar os entraves na inclusão dos alunos com deficiência no sistema regular de ensino, fomentando reflexões que contribuam para a construção de práticas pedagógicas inclusivas. A “educação especial”, termo usado para os “alunos com deficiência, transtornos globais de desenvolvimento e altas habilidades/superdotação” (BRASIL, 2008, p. 46), é considerada pela Constituição Brasileira de 1988 como parte inseparável do direito à educação.
A criação de diversas leis, como a presente no Estatuto da Criança e do Adolescente (BRASIL, 1990), art. 54, III, que afirma: “É dever do estado assegurar a criança e ao adolescente […] atendimento educacional especializado aos portadores de necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino”. E, ainda, a Lei de Diretrizes e Bases nº 9.394/1996, cap. V, “Da educação especial”, parágrafo 3º, que determina: “A oferta de educação especial, dever constitucional do Estado, tem início na faixa etária de zero a seis anos, durante a educação infantil” (BRASIL, 1996), contribuiu de forma significativa para melhorias no que concerne a políticas de inclusão de pessoas com deficiência.
É considerada escola inclusiva aquela que abre espaço para todas as crianças, abrangendo, portanto, aquelas que apresentam necessidades especiais. Inspirada nos princípios da Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994), que proclamou, dentre outros princípios, o direito de todos à educação, independente das diferenças individuais – esta declaração teve como referência a Conferência mundial sobre educação para todos – a educação inclusiva propõe que todas as pessoas com deficiência sejam matriculadas na escola regular.
A inserção das pessoas com deficiência na educação básica compreende um processo de “dessegregação”, pois se trata da construção de uma sociedade inclusiva, compromissada com esse público. Portanto, não pode ser entendida como um processo paralelo ao contexto da educação comum.
O grande desafio, nesse sentido, é garantir o acesso, permanência e aprendizagem dos alunos que apresentam especificidades sensoriais, cognitivas, físicas e psíquicas no sistema regular de ensino.
O paradigma da inclusão
Ao longo da história, verifica-se que a educação especial esteve marcada, inicialmente, pela segregação e exclusão. As pessoas com deficiências eram, muitas vezes, ignoradas, abandonadas, encarceradas e até mesmo eliminadas. Num segundo momento, reconheceu-se que essas pessoas possuíam certas capacidades, ainda que limitadas, entre elas a de aprender. No entanto, predominou por longos períodos da história um olhar de tutela em relação a esses sujeitos, e a prática para com as pessoas com deficiência passou da rejeição à “proteção”, utilizando-se para tanto de asilos e abrigos dos quais essas pessoas raramente saíam, além de receberem tratamento e práticas inadequadas. (FRANÇA, 2014).
Em um terceiro momento, pelo reconhecimento do valor humano e dos direitos desses indivíduos (UNICEF, 1990), adotou-se como objetivo o oferecimento de educação para todos, e com a Declaração de Salamanca (UNESCO, 1994) proclamou-se, entre outros princípios, a necessidade de inclusão da educação especial dentro dessa perspectiva.
É diante desse novo paradigma educativo, em que a escola deve-se redefinir como uma instituição social que tem por dever atender a todas as crianças, sem exceção, que surgem os aspectos que se julgam principais na construção de uma proposta inclusiva e que serão aqui analisados.
Aspectos conceituais
A educação inclusiva tem sido conceituada como processo de educar conjuntamente e de maneira incondicional, nas classes do ensino comum, alunos ditos “normais” com alunos com deficiências. Constitucionalmente, sabemos que as crianças e adolescentes que apresentam particularidades em termos de aprendizagem têm esse direito garantido, no entanto, torna-se evidente a urgência de sua aplicação, uma vez que, ainda hoje, nem todas as escolas possuem meios para fornecer educação apropriada para esses alunos. Nesse sentido, França (2014, p. 38) afirma que no Brasil o conceito de educação especial vem sendo construído ao longo da história, sendo a expressão “alunos com necessidades educacionais especiais”:
No que diz respeito à educação, a expressão alunos ‘excepcionais’ passou a ser substituída por ‘alunos com necessidades educacionais especiais’, o MEC adotava a designação ‘portadores de necessidades educacionais especiais’, também havia a nomenclatura ‘portadores de deficiência’, porém ao analisarmos o termo ‘portadores de’ cai na armadilha do léxico que aprisiona o sujeito de portar ou carregar deficiências, necessidades ou direitos.
Dentro dessa perspectiva, o conceito de educação especial precisa ser ampliado. Primeiramente, passando da compreensão do termo “especial” como déficit para diferença, ou seja, mudar de uma educação que trabalha com a deficiência para uma educação que trabalha a partir da diversidade, considerando o aluno com deficiência como sujeito no processo de construção do conhecimento. E em seguida, superar a visão de educação especial como subsistema à parte da educação geral. Se o princípio da educação inclusiva é o de que todas as crianças devem estar matriculadas na rede regular de ensino, a educação especial deve ser incluída nas discussões referentes àeducação em geral, pois a educação dos alunos que apresentam particularidades em termos de aprendizagem diz respeito à educação como um todo. E isso beneficia os alunos especiais, que passam a ter os mesmos direitos dos demais alunos, inclusive de vivenciarem as experiências educativas que oferece a escola regular.
Segundo Rego (1995, p. 118), “a escola deve ser um espaço para transformações, as diferenças, os erros, as contradições, a colaboração mútua e a criatividade.” Dessa forma, precisa-se de uma escola que não tenha medo de arriscar, que tenha coragem para criar e questionar o que está estabelecendo, em busca de rumos inovadores, necessários à inclusão.
Aspectos político-pedagógicos
A educação é fundamental para a formação de qualquer indivíduo, portanto, os fins da educação especial devem ser os mesmos da educação geral: a autorrealização, a qualificação para o trabalho e o exercício da cidadania (BRASIL, 2010). Sendo assim, é preciso que as instituições se preparem para receber qualquer indivíduo, dando-lhe o atendimento educacional adequado. Então, como implementar um projeto educativo fundamentado nos princípios da inclusão? Primeiramente, pensar numa renovação pedagógica que considere as diferenças. É preciso saber quem são essas pessoas, quais experiências viveram até o momento, quais conhecimentos construíram, quais habilidades desenvolveram. Em segundo lugar, contar com auxílio de recursos instrucionais e metodologias específicas, bem como com a parceria com outros profissionais e instituições da área, a fim de possibilitar o desenvolvimento global dos alunos com deficiência. Em terceiro, promover reformas que visem à preparação inicial e continuada dos professores, apoio especializado para os que necessitam, a realização de adaptações curriculares e de acesso ao currículo, se pertinentes. Em quarto, examinar a prática pedagógica sob a ótica da remoção de barreiras à aprendizagem e não sob a ótica das dificuldades do aprendiz. (BRASIL, 2010).
Todavia, percebe-se por meio da realidade presente nas escolas brasileiras que a educação direcionada para os alunos com deficiência ainda segue a lógica dos interesses políticos e econômicos. Assim, centralizada na lógica do lucro, que cultua a produtividade, a eficiência, a competitividade, e tem uma visão deturpada a respeito dos alunos com deficiência como inúteis, incapazes, improdutivos. Para que essa situação se reverta, precisamos continuar denunciando as injustiças sociais e o modelo político-econômico que as produz e reproduz. Enfim, a escola terá de buscar novos posicionamentos diante dos processos de ensino e aprendizagem, orientados por concepções e práticas que atendam à diversidade humana. (FRANÇA, 2014; REGO, 1995).
O momento clama pela aliança entre sociedade, ONGs, poder público, associação de pais de pessoas com deficiências e instituições especializadas, no intuito de assegurar que os direitos e as reivindicações desses grupos sejam atendidos. E é a escola o espaço social privilegiado para esse debate, devido às suas funções políticas, dentre outras.
OS DESAFIOS DOS ALUNOS DEFICIENTES NA ESCOLA
4.1 Algumas Considerações
Para compreender melhor como as pessoas com deficiência são vistas na sociedade atualmente, é necessário, de certa forma, voltar ao passado e identificar o juízo de valor dado a elas em diferentes épocas. Porém deve-se considerar que a trajetória histórica pela qual as pessoas que apresentam deficiências se integram socialmente não é a mesma, não é linear nem idêntica. Numa mesma época essas pessoas são vistas de maneiras diferentes. Como exemplo pode-se dizer que na história recente da humanidade, mais precisamente no século XX, pessoas com deficiências eram submetidas a experiências cientificas na Alemanha nazista de Hitler, enquanto soldados americanos que haviam sido mutilados nos campos de batalha eram condecorados e recebiam apoio financeiro do governo. Tendo em vista a ressalva feita, é conveniente que se faça um breve resgate histórico do deficiente ao longo do tempo. (FREITAS, 2011)
Desde a Idade Antiga e Idade Média encontra-se relatos de pessoas com deficiência, em passagens da literatura grega e romana e em livros sagrados como Bíblia e Alcorão.
A história dos povos antigos, como os hebreus, relata que pessoas com deficiência não eram aceitas na sociedade por não serem consideradas a “imagem e semelhança de Deus” e eram consideradas uma abominação, palavra essa, usada para referir-se a tudo que era pecado, que não podia fazer parte da vida.
Como afirma Silva (1987):
“anomalias físicas ou mentais, deformações congênitas, amputações traumáticas, doenças graves e de consequências incapacitantes, sejam elas de natureza transitória ou permanente, são tão antigas quanto a própria humanidade” (Silva, 1987, p. 21)
É perceptível que as pessoas deficientes eram desprezadas, excluídas, segregadas, viviam reclusas em suas moradias tendo contato apenas com alguns familiares ou em locais isolados sem nem um contato com o mundo externo.
Na literatura dos povos gregos e romanos, o perfil aceito pela sociedade era a do corpo perfeito, pois a beleza e a perfeição representavam a força, a astúcia, a inteligência. Isso pode ser comprovado levando em consideração a descrição dada aos heróis daquele tempo como Hércules, Aquiles, Afrodite, entre outros. Por outro lado, as pessoas que apresentavam deficiência eram consideradas possuídas por demônios devendo ser marcadas fisicamente e evitadas, principalmente em público. (FREITAS, 2011)
Na Idade Média, entre os séculos V e XV, o domínio absoluto da igreja católica fez emergir de maneira mais expressiva a questão da bruxaria. Os indivíduos deficientes, eram considerados manifestações demoníacas, pois fugir ao padrão de” normalidade”, era castigo de Deus. Acreditava-se que esses indivíduos não possuíam alma, e se a possuíssem seria a representação do maligno.
Segundo Carmo (1991), na Renascença, apesar de não haver ações que viabilizassem a retirada dos deficientes da marginalização, houve grandes avanços nas relações entre essas pessoas e a sociedade em geral. Foi nesse período que iniciou a criação de leis para auxiliar os pobres, velhos e deficientes. Na Inglaterra a população passou a pagar uma taxa destinada a esse auxílio e em 1554 foi fundado na França o “Grand Bureau des Pauvres” que recolhia dinheiro da burguesia para manter hospitais que cuidavam de doentes, pobres e deficientes.
No século XX, as duas grandes guerras deixaram um número elevado de pessoas com as mais variadas sequelas, isso fez com que as sociedades tivessem uma visão mais humanística em relação às pessoas com deficiências e que os governos voltassem a atenção para esse público, por isso houve um grande avanço na assistência as pessoas com deficiências. (GARCIA, 2013)
Dentro desse contexto, percebe-se que o deficiente, em seu percurso histórico, sempre esteve estigmatizado a viver a margem da sociedade, ora considerado criatura não abençoada por Deus ora dependente da caridade alheia.
Atualmente, a modernidade impõe mudanças comportamentais e os avanços com relação a temas sobre direitos humanos procuram resgatar a dignidade do deficiente e criar leis que assegurem seus direitos.
Em 1980 a OMS – Organização Mundial de Saúde – propôs três níveis para definir as deficiências em geral: deficiência, incapacidade e desvantagem social. Essa proposta foi revista e reeditada em 2001, o que possibilitou a ruptura do isolamento da pessoa com deficiência em relação aos fatores contextuais e do meio, levando-as ao acesso social. Essa proposta chegou a sugerir a substituição da nomenclatura de “pessoa deficiente” por “pessoa em situação de deficiência”. Dessa forma, ao invés da pessoa sentir-se discriminada em um ambiente onde só é destacado suas necessidades poderá sentir-se acolhida em um ambiente que se transforma para atender as suas precisões.
A Constituição Brasileira de 1988, pelo Decreto nª 3.956/2001, no seu artigo 1ª define deficiência como:
[...] “uma restrição física, mental ou sensorial, de naturezapermanente ou transitória, que limita a capacidade de exercer uma ou mais atividades essenciais da vida diária, causada ou agravada pelo ambiente econômico e social”. Confirmando, assim, a deficiência como uma situação que pode ser modificada.
A deficiência intelectual, segundo especialistas, é uma condição, geralmente irreversível, caracterizado principalmente por redução das capacidades intelectuais, acompanhado de limitações significativas no funcionamento das habilidades nas áreas de comunicação, social e acadêmica.
O IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas - revelou em 2015 que 6,2% da população brasileira tem algum tipo de deficiência. A pesquisa realizada em parceria com o Ministério da Saúde revelou também que desse total, 0,8% da população brasileira apresenta algum tipo de deficiência intelectual e a maioria – 0,5%- já nasceu com as limitações. Entre essas pessoas, mais da metade – 54,8% - tem grau intenso ou muito intenso de limitação e apenas 30% frequentam algum serviço de reabilitação em saúde.
Segundo o médico especialista em psiquiatria da infância e adolescência, Dr. Gustavo, afirma em matéria publicada no site Comportamento Infantil que: aproximadamente entre 1 a 2% da população mundial tem o diagnóstico de retardo mental e parece prevalecer entre pessoas do sexo masculino. O Dr. Gustavo explica que para diagnosticar o retardo mental é necessário um exame clínico da criança, entrevista detalhada com os pais e investigação criteriosa da gestação da mãe. Quando surge dúvida com relação ao diagnóstico, são realizados testes padronizados nos pacientes, esses testes fornecem o que é chamado de quoeficiente de inteligência (Q,I). (DR. GUSTAVO TEIXEIRA, 2011)
Segundo os critérios utilizados pela Organização Mundial de Saúde há quatro tipos de retardo mental: retardo mental leve – Q.I. compreendido entre 50 e 70. Retardo mental moderado – Q.I. compreendido entre 35 e 49. Retardo mental grave- Q.I. compreendido entre 20 e 34. Retardo mental profundo – Q.I. abaixo de 20.
As crianças que apresentam retardo mental leve, conforme esclarecido pelo médico, conseguem comunicar-se, estudar, podendo inclusive concluir o ensino médio, e com acompanhamento médico e terapêutico conseguem levar uma vida normal.
Os pacientes que apresentam retardo mental moderado, possuem mais dificuldades na compreensão e no uso da linguagem, podendo precisar de ajuda durante toda a vida, segundo o médico, apesar de terem a vida acadêmica limitada, podem aprender a ler, escrever e realizar cálculos. Se forem incluídos em turmas especiais o convívio com crianças que apresentam as mesmas limitações tendem a enriquecer suas habilidades sociais.
Os portadores de retardo mental grave e profundo, geralmente, apresentam deficiências visuais e auditivas que indicam lesões graves no cérebro, necessitam de acompanhamento durante toda a vida, finaliza Dr. Gustavo.
Atualmente, o termo que está sendo utilizado para designar pessoas que apresentam deficiência cognitivas é “pessoa com deficiência intelectual”, porém, observa-se, que mais importante que utilizar o termo que seja “politicamente correto” para definir essas pessoas, é necessário que a sociedade conheça e aceite as diferenças de maneira que essas pessoas possam ser incluídas em todos os âmbitos sociais.
4.2 Educação Inclusiva Para O Deficiente – Amparo Legal
Segundo Mazzota (1996), a educação especial no Brasil teve início em 1884 com a criação do instituto dos Meninos Cegos (atual instituto Benjamim Constnat) e do Instituto dos Surdos-Mudos (atual Instituto Nacional de Educação do Surdos –INES) em 1857, na cidade do Rio de Janeiro. Essas instituições, apesar de terem sido precárias no tocante ao número de atendimento, representaram um grande avanço, pois foi a partir desse momento que surgiram discussões sobre a educação institucionalizada para deficientes. Até então, os deficientes eram segregados em suas casas,” protegidos” da sociedade.
A partir do século XX, começa a surgir movimentos em favor de uma sociedade mais justa e inclusiva, as pessoas deficientes passam a ser reconhecidas e a luta contra a discriminação ganha força.
Em 1975, com a aprovação da Declaração das Pessoas Deficientes, foi destacado o direito ao tratamento para o desenvolvimento da pessoa com deficiência, bem como a dignidade e o respeito para com seus direitos.
Em 1981 as Organizações das Nações Unidas (ONU), declara O Ano da Pessoa Portadora de Deficiência. O encontro discutiu a acessibilidade aos bens de serviço e correlação de oportunidades entre pessoas com deficiências ou não. As discussões resultaram na aprovação, em 1982, do Programa de Ação Mundial (PAM). Este programa tem como finalidade "promover medidas eficazes para a prevenção da deficiência e para a reabilitação e a realização dos objetivos de igualdade e de participação plena das pessoas com deficiências na vida social e no desenvolvimento". (Resolução 37/52 da Assembleia Geral das Nações Unidas)
A constituição Federal de 1988, considera a educação como direito fundamental de todos. Promulga no artigo 205 que:
“A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada, com a colaboração da sociedade, visando o pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho “(BRASIL, 1988).
E no artigo 208, III declara que o:
“Atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino;” (BRASIL, 1988).
Percebe-se que cabe aos deficientes o direito de receber educação, mesmo que diferenciada, junto a pessoas que não apresentam deficiências, com isso, promovendo a socialização plena do indivíduo.
Os movimentos e declarações internacionais, influenciaram o Brasil a um discurso favorável a inclusão de pessoas com deficiência intelectual no ensino regular, dentre os documentos produzidos podemos destacar a Declaração de Salamanca, realizada pela UNESCO em Salamanca, Espanha entre os dias 7 e 10 de junho de 1994 que proclamam:
• toda criança tem direito fundamental à educação, e deve ser dada a oportunidade de atingir e manter o nível adequado de aprendizagem
• toda criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas,
• sistemas educacionais deveriam ser designados e programas educacionais deveriam ser implementados no sentido de se levar em conta a vasta diversidade de tais características e necessidades,
• aqueles com necessidades educacionais especiais devem ter acesso à escola regular, que deveria acomodá-los dentro de uma Pedagogia centrada na criança, capaz de satisfazer a tais necessidades,
• escolas regulares que possuam tal orientação inclusiva constituem os meios mais eficazes de combater atitudes discriminatórias criando-se comunidades acolhedoras, construindo uma sociedade inclusiva e alcançando educação para todos; além disso, tais escolas provêm uma educação efetiva à maioria das crianças e aprimoram a eficiência e, em última instância, o custo da eficácia de todo o sistema educacional.
No Brasil, em 20 de dezembro de 1996 foi sancionada a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) nº 9394. No art. 58 institui a educação especial brasileira garantindo e regulamentando o acesso da pessoa com deficiência ao ensino regular inclusivo.
Em 2001, foi criado outro documento que também ampara a educação inclusiva, o Plano Nacional de Educação (PNE), aprovado pela lei nº 10.172/2001 destacando que: “o grande avanço que a década da educação deveria produzir seria a construção de uma escola inclusiva que garanta o atendimento à diversidade humana”.
Com o objetivo de difundir os conceitos e diretrizes mundiais para a inclusão de pessoas com deficiência no ensino regular, o Ministério Público Federal publicou em 2004 o documento “O Acesso de Estudantes com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular”.
Destaca-se também o ECA- Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8.69, de 13 de julho de 1990, que dispõeno artigo 54: “atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino.'' (BRASIL, 1990, p.25).
No entanto, tudo isso não impede que a família escolha a instituição e o tipo de instrução que será oferecido a seus filhos. O art. 26, III, da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, ressalta que os pais têm prioridade de direito de escolha ao tipo de educação que quer para seus filhos. (ONU, 1948), mas caso prefiram matricular seus filhos com deficiências, no ensino regular serão amparados por lei.
Por outro lado, a Escola não pode recusar atender o aluno que apresenta algum tipo de deficiência. Entende-se que para o desenvolvimento de uma nação democrática é necessário a inclusão de todos ao espaço comum da vida em sociedade, porém, para garantir que as leis que garantem o acesso ao deficiente a rede regular de ensino sejam cumpridas as escolas devem adaptar-se as propostas de inclusão.
5. AS DIFICULDADES EM INCLUIR O DEFICIENTE INTELECTUAL NA REDE REGULAR DE ENSINO: A LEGISLAÇÃO EXISTENTE
Os vários documentos publicados no Brasil e pelos órgãos internacionais que defendem o acesso à educação gratuita e de qualidade para todos têm como princípios básicos a ideia de que a escola comum é o meio mais efetivo para diminuir ou sanar a discriminação e o preconceito e observam que:
... as escolas devem acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, intelectuais, sociais, emocionais, linguísticas ou outras. Devem acolher crianças com deficiência e crianças bem dotadas; crianças que vivem nas ruas e que trabalham; crianças de populações distantes ou nômades; crianças de minorias linguísticas, étnicos ou culturais e crianças de outros grupos e zonas desfavorecidos ou marginalizados. (Brasil, 1997, p. 17 e 18).
São muitos dispositivos legais que asseguram o acesso a pessoa com deficiência na mesma sala de criança ou adolescentes sem deficiência, porém há vários fatores que, na prática, impossibilitam ou dificultam esse acesso, principalmente no que se refere a deficiência intelectual.
Esse tipo de deficiência traz para a escola de ensino regular o desafio de alcançar seus objetivos de ensinar, de fazer com que o aluno aprenda os conteúdos curriculares, pois o aluno com essa deficiência se relaciona com o saber de forma diferente. Não conseguir aprender os conteúdos escolares pode ser admitido com alunos sem deficiências ou que tenham outras deficiências, mas a deficiência intelectual denuncia a incapacidade da escola atingir seus objetivos.
Segundo Mantoan, (2003) a escola continua transmitindo o conhecimento do currículo básico e isso já não é suficiente.
“O senso comum nos faz pensar muito mais na identidade do que na diferença, porque é muito mais fácil. Mas a diferença se apresenta, e você tem que lidar. “
Ainda segundo a autora, para uma criança com deficiência não é importante aprender o conteúdo como as outras crianças, o importante é ter autonomia, é poder se expressar livremente e ser reconhecido pelo seu esforço.
O princípio da inclusão determina uma grande transformação da escola atual. É a escola que deve adaptar-se às condições de seus alunos e não o contrário, pois a proposta de inclusão defende uma escola que dirige seu olhar para o estudante em sua totalidade, que não se preocupa apenas com a aprendizagem dos conteúdos ministrados, mas que saiba respeitar e valorizar o aluno em sua essência, independentemente de ser esse aluno deficiente ou não. (BERNARDES, 2010)
A inclusão de pessoas com deficiências não acontecerá simplesmente porque está amparada por leis ou decretos, manter um aluno deficiente intelectual na mesma classe com alunos que não possuem deficiências não lhe garante a inclusão, pois ela não se dá pelo fato de o aluno está presente fisicamente em classe regular e sim pelo engajamento e capacidade da escola trabalhar com as diferenças individuais de seus alunos.
Quando nos referimos à relação, ou às relações entre inclusão/exclusão, facilmente nos vem à mente a ideia de um espaço, e de estar dentro ou fora deste espaço, de estar de um lado ou de outro de uma suposta fronteira. Estabelecer os limites desta fronteira é, no mínimo, uma tarefa complicada, pois as fronteiras da exclusão aparecem, desaparecem e voltam a aparecer, se multiplicam, se disfarçam; seus limites se ampliam, mudam de cor, de corpo, de nome e de linguagem. (SKLIAR. 2001, p. 14)
Percebe- se que a escola inclusiva não pode ser confundida com um simples espaço de convivência entre pessoas deficientes e não deficientes, deve ser na verdade um ambiente de tolerância e de aquisição de conhecimento, já que esse é o principal objetivo da escola. No entanto a escola oferece o mesmo espaço, os mesmos conteúdos, as mesmas metodologias como se isso bastasse para garantir igualdade de condições para todos.
É evidente que a escola que não respeita as características próprias de cada aluno, levará o aluno deficiente intelectual, inserido em classe regular, a viver sempre a margem das atividades propostas não desenvolvendo nenhuma de suas potencialidades.
De acordo com estudo realizado pelo Seesp/Seed/ Mec em 2007, o número de alunos classificados como deficientes intelectuais aumentou de maneira significativa na atualidade, pois abrange todos aqueles que não conseguem ter um bom aproveitamento escolar e apresentam dificuldade em seguir as normas da escola. Alunos que apresentam qualquer dificuldade de aprendizagem, podendo ser inclusive devido as práticas escolares, identificados como deficientes intelectuais.
Dentro desse contexto, percebe-se a urgência em as escolas se adaptarem para o atendimento individual do aluno reconhecendo e valorizando as habilidades de cada um, evitando, assim, uma maior exclusão daqueles que, supostamente, não desenvolvem a aprendizagem conforme o que preconiza as escolas
Segundo Vygotsky (1997), há potencialidade e capacidade nas pessoas com deficiência, mas entende-se que, para elas poderem desenvolvê-las, devem ser lhes oferecidas condições materiais e instrumentais adequadas. Por isso, é necessário apresentar a esses alunos uma educação que possibilite seu desenvolvimento pleno, de maneira que eles possam se apropriar da cultura histórica e socialmente construída. Além disso, o autor ainda diz que devemos observar o processo que o aprendiz com deficiência intelectual utiliza para chegar a solucionar os problemas a eles impostos, mesmo que com a ajuda de outras pessoas, pois todos nascemos com a capacidade de aprender.
De acordo com Mantoan (2003), a organização das escolas em disciplinas, não reconhece as inter-relações que existem entre elas, sendo que o conhecimento só evolui pela integração dos saberes. Esse tipo de organização, da mesma maneira, recorta a realidade permitindo a divisão dos alunos em normais ou deficientes, ignorando o subjetivo e o potencial criativo de cada um dificultando a ruptura desse sistema de ensino que a inclusão impõe.
A autora ressalta que, a pretensão de uma escola inclusiva exige a redefinição dos planos das escolas, pois a educação deve estar voltada para a cidadania plena reconhecendo e valorizando as diferenças. A conquista de uma escola de qualidade e inclusiva só irá acontecer quando ocorrer, primeiramente, a participação de todos os segmentos da sociedade em busca de um bem comum, em segundo lugar, deve se ter o comprometimento de todos os profissionais da educação para a construção de uma escola democrática.
Pesquisas educacionais apontam que as escolas com a direção comprometida com a orientação da promoção do processo ensino aprendizagem na sala de aula apresentam melhores resultados, pois a figura do diretor deve representar a liderança que reconhece cada um dos espaços e cada processo para se alcançar o conhecimento escolar.
Dentro desse contexto, percebe-se a importância da presença do diretor em sala de aula, observando o desenvolvimento da turma e a interação entre professores e alunos. O diretor deve estar atento ao modo como os alunos são envolvidos,motivados e como acontece o estimulo durante a aula para que ocorra o desenvolvimento das aprendizagens. Somente com essas observações ele terá condições para interagir com os docentes de maneira que o processo de aprendizagem apresente melhorias.
Uma escola de qualidade e inclusiva pressupõe, além de altos índices de aprovação que sejam equiparados com as avaliações externas, que possua um quadro de profissionais competentes e envolvidos, um quadro administrativo – pedagógico atuante, e acima de tudo um espaço em que se reconheça e respeite as diferenças individuais de cada aluno.
5.1 Formação dos Professores
Atualmente, um dos maiores desafios para o fortalecimento da escola inclusiva é a formação dos professores. A perspectiva do professor sobre sua importância como parte integrante do processo educativo torna-se um dos meios para redimensionar o seu trabalho dentro da escola resgatando e dando novos significados a sua prática pedagógica.
O professor, geralmente, pela falta de uma formação continuada significativa, não se auto avalia permanentemente e costuma buscar a culpa pelo fracasso escolar na família, no sistema e no próprio aluno. Esse quadro piora quando em uma classe comum há a presença de aluno deficiente intelectual.
Segundo Mantoan (2003), os professores estão habituados a desenvolver sempre o mesmo trabalho e quando são submetidos a inovações educacionais como a inclusão de deficientes, tendem a rejeitar, pois o novo rompe com o esquema de trabalho prático que aprenderam a aplicar em suas aulas. Justificam-se argumentando que não foram preparados para trabalhar com esse tipo de alunos.
A autora também ressalta que os professores, em sua formação inicial, aprendem de maneira fragmentada e ao levar seus conhecimentos para a prática não conseguem se desvincular dessa forma de ensino. Por isso, quando buscam algum curso de formação para trabalhar com a inclusão, esperam aprender a lidar com os alunos que apresentam algum tipo de deficiência ou maior dificuldade na aprendizagem, planos pedagógicos predefinidos para pôr em prática em sala de aula, outros procuram nos cursos de formação apenas um certificado que comprova sua capacidade de ser um professor que esteja habilitado a trabalhar com a inclusão.
Percebe-se que na medida em que as discussões sobre a educação se intensificam a transformação do papel do professor deve receber a mesma atenção, tendo em vista que o professor é parte responsável pela formação do cidadão, ele precisa ter uma formação adequada para que tenha consciência de seu papel transformador dentro da sociedade.
No caso de uma formação inicial e continuada direcionada à inclusão escolar, estamos diante de uma proposta de trabalho que não se encaixa em uma especialização, extensão ou atualização de conhecimentos pedagógicos. Ensinar, na perspectiva inclusiva, significa ressignificar o papel do professor, da escola, da educação e de práticas pedagógicas que são usuais no contexto excludente do nosso ensino, em todos os seus níveis. Como já nos referimos anteriormente, a inclusão escolar não cabe em um paradigma tradicional de educação e, assim sendo, uma preparação do professor nessa direção requer um design diferente das propostas de profissionalização existentes e de uma formação em serviço que também muda, porque as escolas não serão mais as mesmas, se abraçarem esse novo projeto educacional. (MANTOAN, 2003 pág 43)
Isso posto, nota-se que o processo inclusivo como a legislação propõe e como ela deve realmente ser, pressupõe mudanças na atual educação vigente, pois como está não garante e nem oferece condições aceitáveis para ser considerada de fato inclusiva. É preciso considerar não só os limites da formação dos professores, mas também os elevados números de alunos por turma e instalações inadequadas e precárias. Devem-se, portanto, procurar alternativas e formas diferenciadas que permitam uma nova maneira de olhar e pensar a escola e os profissionais que nela atuam.
6. O PROCESSO DE INCLUSÃO: AS AÇÕES E INCENTIVOS DA ESCOLA PARA QUE ACONTEÇA A INCLUSÃO
6.1 O Processo de Inclusão do Deficiente na Rede Regular de Ensino
As discussões sobre educação inclusiva geralmente se realizam em face a dimensão pedagógica e legal, porém deve se considerar que tipo de sociedade inclusiva se pretende construir. Pois a escola, no Brasil, foi pensada e criada para atender aqueles que detêm maior poder ou aqueles que são mais capazes, que apresentam mais facilidade em aprender.
Transformar a escola hoje em inclusiva demanda mais que práticas pedagógicas eficientes ou leis que assegurem a entrada e permanência de todos nas redes de ensino. A escola inclusiva pressupõe o reconhecimento e o respeito pelas individualidades dos sujeitos. Mudar uma estrutura que já está consolidada em uma sociedade requer mais que leis e metodologias.
A meta da inclusão é, desde o início, não deixar ninguém fora do sistema escolar, que deverá adaptar-se às particularidades de todos os alunos (... ) à medida que as práticas educacionais excludentes do passado vão dando espaço e oportunidade à unificação das modalidades de educação, regular e especial, em um sistema único de ensino, caminha-se em direção a uma reforma educacional mais ampla, em que todos os alunos começam a ter suas necessidades educacionais satisfeitas dentro da educação regular. (MANTOAN, 1997)
Para que as mudanças aconteçam é necessário um apoio conjunto, principalmente dos pais, alunos, poder público, profissionais da educação, se mobilizem na construção, não de uma nova escola, mas de uma nova maneira de ver a escola. De tornar a escola em um ambiente, não só de construção do conhecimento, mas também que seja um lugar onde as pessoas se tornem mais solidárias e mais humanas.
A inclusão do deficiente intelectual na rede regular de ensino, como já foi dito, desígna uma adequação no currículo escolar e a modificação nas formas de ensinar e avaliar. Esse desafio é grande, pois além de práticas que incluam o aluno com deficiência, é necessário garantir a aprendizagem e o progresso integral de todos de forma igualitária.
Para as pessoas com deficiência uma rede contínua de apoio deveria ser providenciada, com variação desde a ajuda mínima na classe regular até programas adicionais de apoio à aprendizagem dentro da escola e expandindo, conforme necessário, à provisão de assistência dada por professores especializados e pessoal de apoio externo. (Declaração de Salamanca, 1994).
Evidentemente, a maioria dos professores não estão preparados para lidar com esse público, mas há a necessidade de todos encararem esse desafio para que aconteçam as transformações que possibilitem a inclusão desses alunos.
O aluno com deficiência intelectual encontra dificuldade no contato com o meio para compreender as características físicas do agente de conhecimento, como: forma, tamanho, espessura, textura. Esse tipo de aluno apresenta falhas na estruturação e na construção do conhecimento, por isso a mera repetição de conceitos não o levará a nem um desenvolvimento cognitivo. (FRIAS, 2008)
As ações desenvolvidas com esses alunos devem possibilitar algum desenvolvimento e permitir que eles tenham consciência de suas aprendizagens, pois é a partir da consciência que não sabe que ele buscará aprender. Portanto, o professor deverá trabalhar com o aluno deficiente intelectual incentivando-o a se expressar livremente.
O professor deverá criar situações, dentro de um contexto em que faça parte da vida desses alunos, e que eles possam participar ativamente. Uma das atividades mais utilizadas por professores que trabalham com alunos deficientes intelectuais é fazer bolinhas de papel para serem coladas em figura impressa. Segundo especialistas em educação especial, essa atividade pode ser desenvolvida de duas maneiras com objetivos distintos. A primeira é considerada alienante e repetitiva, limitada apenas ao trabalho da coordenação motora, realizada por um longo período e sem nenhum sentido para o aluno. A segunda é fundamentada em um plano e levará o aluno a raciocinar.Ao invés de o aluno simplesmente colar as bolinhas em uma folha já impressa, poderá desenvolver a colagem representando o miolo de uma flor, por exemplo, no estudo das partes de um vegetal. A flor representaria uma parte do plano em estudo. Porém mais importante que aprender as partes de um vegetal é o aluno ter consciência do que sabe e do que desconhece, pois somente assim será capaz de fazer questionamentos e levantar hipóteses. (DANIELA ALONSO - NOVA ESCOLA, 2013)
Não se pode negar que em uma classe de ensino regular o trabalho com deficientes intelectuais deve ser diferenciado, porém deve se considerar que os princípios que geram o desenvolvimento intelectual dos seres humanos são os mesmos. É inadmissível que em uma sala comum um determinado aluno seja tratado de maneira diferente, isso seria um ato discriminatório, não condizente com a inclusão.
Além de ser um direito, a Educação inclusiva é uma resposta inteligente às demandas do mundo contemporâneo. Incentiva uma pedagogia não homogeneizadora e desenvolve competências interpessoais. A sala de aula deveria espelhar a diversidade humana, não a esconder. Claro que isso gera novas tensões e conflitos, mas também estimula as habilidades morais para a convivência democrática. O resultado final, desfocado pela miopia de alguns, é uma Educação melhor para todos. (MENDES, 2012).
Vale destacar que a inclusão não se dá pelo fato de o aluno está matriculado em uma escola de ensino regular, a inclusão está na garantia da aprendizagem de todos e no respeito das características individuais de cada um.
7. ANÁLISE DOS DADOS RESULTANTES DA PESQUISA SOBRE A INCLUSÃO DE ALUNOS DEFICIENTES INTELECTUAIS EM CLASSES DE ENSINO REGULAR
Os questionamentos para o planejamento do questionário foram produzidos de maneira simples e objetiva buscando saber se os professores já haviam trabalhado com alunos que apresentam deficiência intelectual (DI), quais as dificuldades enfrentadas para trabalhar com esse público, se a inclusão do aluno com deficiência traz algum benefício para professores e alunos, se as escolas estão prontas para receber esses alunos, de que forma o aluno com deficiência intelectual deve ser avaliado, se os professores estão preparados para ministrar aulas para esses alunos, quais os maiores desafios enfrentados em salas de aula onde há alunos inclusos e quais as sugestões para métodos avaliativos que demonstrem o desenvolvimento das pessoas com deficiência.
Todos os professores que responderam ao questionário trabalham somente na rede pública de ensino com ensino fundamental e alguns com o ensino médio, também. Foram entrevistados cinco professores, um professor interprete de Língua Brasileira de Sinais: Libras e que atualmente trabalha em um Projeto de Inclusão de Pessoas com Deficiência denominado: Oficina de Trabalhos Experimentais, uma professora que atuou como articuladora em 2016, a professora de história, professor de geografia e uma professora que ministrou aulas de geografia, sociologia e história.
Esses profissionais atuam em escolas situadas em diferentes pontos da cidade, desde escolas centrais a escolas localizadas na periferia.
Foi possível observar que parte dos professores demonstraram certa facilidade para exporem as respostas em relação aos pontos abordados no roteiro da pesquisa, apenas um educador deixou de responder um questionamento, foram encontradas poucas divergências nas respostas apresentadas. Alguns desenvolveram mais a escrita e outros foram breves nas conclusões.
As opiniões dos professores quanto ao assunto inclusão foram muito similares nos remete ao resgate dos diálogos de alguns autores:
Segundo ARANHA (2001):
A ideia de inclusão fundamenta-se numa filosofia que reconhece e aceita a diversidade na vida em sociedade. Isto significa garantia de acesso de todos a todas as oportunidades, independentemente das peculiaridades de cada indivíduo ou grupo social. (ARANHA, 2001, p.35)
O êxito para a inclusão será possível se os educadores olharem o diferente de uma maneira normal e mais acessível.
De acordo com Bueno (1999):
Não podemos deixar de considerar que a implementação da educação inclusiva demanda, por um lado, ousadia e coragem, mas, por outro, prudência e sensatez, quer seja na ação educativa concreta (de acesso e permanência qualificada, de organização escolar e do trabalho pedagógico e da ação docente) ou nos estudos e investigações que procurem descrever, explicar, equacionar, criticar e propor alternativas para a educação especial (BUENO, p. 9).
Para o autor, a escola inclusiva deve ser um local de acesso tolerante ao diferente, tornando as pessoas iguais mesmo com as diferenças existentes.
A educação inclusiva estabelece que o professor do ensino regular necessita de algum tipo de especialização para cumprir parte do processo de inclusão e ainda exige que o professor de educação especial amplie suas perspectivas educacionais. (BUENO, 2002)
Foi considerada a falta de recursos no espaço escolar e a preparação pedagógica como as principais causas da dificuldade de alcançar a inclusão. As contraposições de algumas opiniões entre os educadores ocorreram pelo fato de alguns já possuírem os seus principais conceitos quanto ao assunto, outros se mostraram confiantes com as suas próprias ações, mesmo diante de toda complexidade que os desafios da inclusão impõem.
Os principais questionamentos, incluindo algumas considerações e principais opiniões dos professores foram:
3. Já ministrou ou ministra aula para pessoa com deficiência intelectual?
Ao responderem se eles já ministraram aula para aluno com deficiência intelectual, apenas o professor interprete de Libras respondeu não ter trabalhado com alunos que apresentam essa deficiência. Os outros professores afirmaram já ter ministrado aulas em classes de ensino regular para esses alunos. Tendo em vista, que os professores que responderam ao questionário trabalharam em escolas com diferentes localizações, constata-se que esse tipo de aluno está presente em algumas escolas de nossa cidade.
Na sequência falaram sobre o que entendem por inclusão:
4. Para você, o que é inclusão?
1 - Inclusão, no sentido amplo da palavra, significa incluir. Para mim significa, fazer com que a criança / jovem portador de algum tipo de deficiência ou síndrome, se sinta como parte ativa da sociedade que o cerca, que ele seja desafiado a buscar suas conquistas e não se sinta limitado por ser “diferente” dos demais membros do seu grupo social (família, escola, sociedade). (Professora de história)
2- Pra mim inclusão é trazer a realidade do aluno pra dentro da escola e dar meios para que aconteça o aprendizado, a interação por um todo. (Professora articuladora)
3- O ato de integrar indivíduos que possuem alguma necessidade especial, e/ou são discriminados e/ou estão marginalizados do convívio social por meio de ações que possam realmente desenvolver a vida em sociedade beneficiando e criando melhor qualidade de vida. (Professor de geografia)
4 - Inclusão é a socialização de pessoas de diferentes crenças, diferentes etnias que possuam ou não deficiência física, intelectual ou mental. (Professora de geografia/Sociologia/História)
5 - Para mim inclusão não é apenas inserir a pessoa com deficiência no mercado de trabalho, no meio educacional ou onde quer que seja, isso é apenas inserção, ou seja, a pessoa está no mesmo ambiente, todavia, não está inclusa. Inclusão para mim, é primeiramente aceitar a deficiência da pessoa, entende-la e avaliar quais são suas necessidades, do que precisa. É entender que ela é nascida de um ser humano e obviamente é um ser humano também que possui sentimentos e necessidades. Inclusão é fazer o que for necessário para que a pessoa com deficiência consiga exercer seu papel enquanto cidadão, seus direitos de ir e vir como qualquer pessoa que não tenha deficiência, é respeitar as suas necessidades sem trata-la como um ser inferiorizado, digno de pena, mas sim um ser humano que tem necessidades especificas que muitas vezes, são necessidades não utilizadas pela maioria dasociedade, os que as tornam diferentes, digo diferente não no sentido negativo, mas positivo, pois aceitar a diferença do outro não é preconceito, pelo contrário é um processo importante para que a inclusão aconteça. Por exemplo, se eu tenho um aluno surdo, ou cego, ou com déficit de atenção, etc., e não aceitar que ela interage com o meio de forma diferente de mim, ou que se comunica com uma língua diferente da minha, ou utiliza um código linguístico diferente do meu, nunca contribuirei para o seu processo de inclusão. Sendo assim, inclusão é acima de tudo se colocar no lugar do outro e pensar: Do que eu necessitaria para exercer meu papel de cidadão, meus direitos, minhas vontades, se tivesse essa mesma deficiência? Incluir quer dizer agregar, interagir, somar, para isso é necessário pensar diferente e agir diferente para tratar igual e agir igual. (Professor de Libras)
Percebe-se na fala dos profissionais, são unânimes em afirmar que incluir é aceitar as diferenças de maneira que todos possam conviver e interagir em um mesmo ambiente, longe da discriminação e com o objetivo único de educar em prol do bom desenvolvimento do aluno.
No seguinte questionamento: 5. Que benefícios a inclusão traz a alunos e professores? Todos os educadores falaram sobre a importância da interação entre alunos, alunos especiais e o professor, considerando o individual de cada um, que se aprende sobre o respeito e a inserção do ''diferente'' com os demais colegas. A fala mais interessante foi a da professora que afirma:
1 - Para o professor é um ponto positivo pois, ele deve a todo momento buscar novos métodos, e práticas pedagógicas para estar trabalhando com o aluno incluso, é um desafio que faz com que o professor esteja a todo momento procurando formas e meios pra mediar o conhecimento com esse aluno incluso. Pro aluno é interessante pra que ele possa perceber que todos temos diferenças, porem todos aprendemos em individualidade, cada aluno tem seu momento de aprendizado, e isso trás uma reflexão para o educando levando a aceitar as diferenças.
2 - A sociedade atual enfrenta diversos problemas de diferentes ordens, e a escola sofre os reflexos existentes em cada realidade social, assim, traz a oportunidade para ambos, professores e alunos, possam romper com determinados paradigmas que ainda impossibilitam a inclusão, onde muito se fala e pouco se faz efetivamente, ou que até mesmo no ato de tentar fazer tal processo acaba acentuando ainda mais a exclusão. Além de promover a cidadania, o exercício da democracia e o aumento da qualidade de vida.
3 - Quando a inclusão acontece de falto não há da parte dos alunos comportamentos preconceituosos, pois a pessoa com deficiência passa a ser vista como um colega de sala qualquer, a deficiência se torna invisível, com isso a interação acontece naturalmente. O benefício que os alunos terão e de ser cidadãos mais respeitosos e para mim, enquanto professor, é de sentir felicidade ao saber que pude contribuir nesse processo, quer benefício melhor?
4 - Acredito que já tenha respondido essa questão na anterior, mas, a inclusão proporciona um crescimento metodológico/ pedagógico para o professor e o desenvolvimento de afetividade ainda maior, quanto aos alunos de ambos os lados (incluso e o “normal”) percebe-se que há uma interação e aceitação por parte da maioria, embora como em todos os casos há, quem não goste de conviver com o aluno incluso.
5 - Para os alunos, eles aprendem a valorizar a diferença e principalmente respeitar e para os professores também é um aprendizado de respeito, de um modo novo de ensinar.
Próximo questionamento: 6. O que faz uma escola ser inclusiva? As principais palavras ditas foram: interação, aceitação, capacitação. E nos deparamos com a revelação da professora que trabalha com a disciplina de história, sobre a existência de uma escola inclusiva em Barra do Garças.
1 - Bom, no primeiro momento poderia te responder que é o atual sistema educacional. Mas vai além disso. a escola que se propõe a ser inclusiva como no caso da E.E. S. FILINTO MÜLLER, ela procura integrar o aluno incluso com a comunidade escolar e com a sociedade, havendo uma troca de carinho e de conhecimento entre ambos, pois nem todo o aluno incluso é isento de conhecimento.
2 - Adequações físicas na estrutura da escola, estimulo ao respeito através de projetos, atividades e professores capacitados para lidar com as deficiências, seja ela qual for.
3 - Aceitar todos os alunos, organizar o espaço e promover meios para acontecer o aprendizado como todo.
4 - Além do fato de ser equipada com instrumentos e aparelhos necessários aquele determinado tipo de especificidade que o indivíduo requer, também é necessário aperfeiçoamento e qualificação de todos os membros da equipe escolar para os trabalhos desenvolvidos com os alunos que irão se beneficiar das ações a serem executadas no âmbito escolar, e que por consequência, possibilitam reflexos na sociedade. E acima de tudo, é fundamental que o educador esteja aberto para as mudanças e a forma como executar uma inclusão efetiva.
5 - Primeiramente aceitar, conhecer e estudar a deficiência que há na escola, depois estudar e colocar em prática meios de auxiliar esse aluno em suas necessidades e promover a interação dele com os demais alunos. A comunidade escolar em geral, alunos, professores, pais, todo o corpo escolar, precisa se preparar para receber o aluno com deficiência, esse preparo acontece no dia a dia, na prática, na convivência, na interação.
Questão: 07. A escola precisa se adaptar para a inclusão?
Todos os entrevistados disseram sim e expuseram que é preciso haver profissionais preparados para o público especial.
1 - Sim. Desde adaptações físicas quanto profissionais.
2 - Sim, deve ter profissionais dispostos a trabalhar com esses alunos e se prepararem com planejamentos diferenciados pra uma única turma dependendo dos alunos inclusos que a turma tem.
3- Sim
4 - Com certeza é um dos grandes desafios da escola neste século XXI.
5 - Com certeza, se adaptar não só em questão de infraestrutura, mas em questão de sentimento também. É preciso querer, é preciso se colocar no lugar do outro.
No questionamento: 8. Estudantes com deficiência mental podem estudar em uma classe regular? Os entrevistados afirmaram quem sim, o professor de geografia e disciplinas afins, cita a importância da presença de um profissional monitor para acompanhar o aluno que tenha as suas limitações cognitivas.
1 - Acredito que sim, mas também deveria haver um profissional que acompanhasse de perto as necessidades mentais e cognitivas do educando no contra turno, como ainda um monitor (acompanhante) para dedicar-se exclusivamente ao aluno durante a aula.
2 - Sim. Desde que isso não o prejudique e claro com um acompanhamento mais específico e diferenciado por parte dos professores.
3 - Sim, sem dúvida alguma. A diferença está na linguagem, o professor deve sempre estar falando a linguagem mais próxima possível do aluno e as atividades devem ser sempre sobre o mesmo tema só que elaboradas de acordo com a capacidade e os limites que cada aluno possuir.
4 - Sim
5 - Penso que para isso as escolas necessitariam de mais profissionais e de um olhar mais humano para a inclusão, penso que o objetivo da inclusão seja esse, todavia, não sei se as escolas estão de fato preparadas para isso, seria bom que tivessem.
É possível perceber a necessidade da presença de um profissional mediador que auxilie o professor, para que os alunos que necessitam de maior atenção não fiquem desamparados e consiga acompanhar os conteúdos ministrados para a turma.
Questionamento: 9. A avaliação de alunos com deficiência mental deve ser diferenciada? Implicou um fator importante e muito interessante no que diz respeito ao processo de avaliação dos alunos com deficiência mental, a maioria responderam sim, exceto a professora que disse:
Não por que o professor deve levar em conta a sua deficiência e a partir daí avalia-lo.
E o professor de Libras acredita que:
Acho que depende do nível da deficiênciae do ponto de partida daquele aluno. Cada caso é um caso, eu penso que se for necessária uma avaliação diferenciada para que seu desenvolvimento aconteça de forma positiva, por que não fazer? Penso que devesse pensar: Do que ele necessita nesse momento? Da mesma forma que um aluno não deficiente. Eu como professor vou avalia-lo analisando seu ponto de partida e daí tentar progredir ao máximo, mas cada aluno tem um nível. Se todos alunos conseguirem acompanhar no mesmo ritmo, que ótimo, mas se não consegue, terei que pensar em outras estratégias, acredito que com o aluno deficiente mental teria que ser mais ou mentos assim. Nunca trabalhei com esse tipo de deficiência, mas eu analisaria o caso, veria o que o aluno é capaz de fazer e tentaria estimulá-lo a fazer mais coisas, as vezes o progresso parece mínimo, todavia, se analisarmos o que fazia antes e o que conseguiu fazer, pode ser um grande avanço, mas como eu disse, cada caso é um caso.
O professor de geografia/disciplinas afins apresenta a seguinte sugestão:
Deve ser verificada a melhor forma como o aluno consegue aprender e explorar as competências e habilidades que adeque o ensino-aprendizagem, que não somente deve ser refletida na avaliação, mas nas metodologias que são aplicadas em sala de aula.
Professora de história finaliza colocando que:
Sim, sem dúvida alguma. Assim como as atividades diárias as avaliações também devem ser sobre o mesmo tema só que elaboradas de acordo com a capacidade e os limites que cada aluno possuir.
Questionados sobre o fato da falta de capacitação do professor ser um grave empecilho para trabalhar com a inclusão, os entrevistados em sua grande maioria colocaram que não. Temos algumas opiniões contrárias.
A professora de história diz:
1- Acredito que se tiver a orientação adequada sim. Pois eu mesma fui e ainda estou em constante capacitação para trabalhar com esses alunos.
Foi interessante a concepção do professor intérprete de Libras sobre o assunto:
2- Não sei se a resposta seria poder ou não poder, acho que seria querer ou não querer, pois por mais que nos capacitemos nunca estamos prontos, às vezes, por vários fatores, não conseguimos ensinar nem o aluno sem deficiência. Quando queremos vamos tentando uma estratégia daqui outra de lá, claro que alguém que estudou a fundo sobre essa deficiência sabe lhe dar melhor, todavia a palavra “capacitado” remete à ideia de capaz, pronto e acabado. Até o profissional da área tem desafios e enfrentar. Acredito que o professor sem formação nesta área teria muito mais dificuldade, mas, se quiser pode buscar alguns meios para pelo menos tentar.
3- Acredito que para educar ensinando valores sim, mas para conhecimento cognitivo deve haver uma capacitação profissional para orientar o professor na condução dos trabalhos a fim de promover uma aprendizagem mais significativa.
As opiniões contrárias foram:
4 - Não. É necessário que se tenha capacitação para lidar com a deficiência do aluno.
5 - Não deveria, mas se ele não tiver a capacitação, nada custa de o mesmo ir pesquisar, e ver o que poderá ser trabalhado com esse aluno incluso.
Quando questionados sobre: 11. Quais ações os educadores podem desenvolver para que ocorra o acesso das pessoas com deficiência no ensino regular? As respostas foram diversas e em algumas delas obtivemos algumas propostas e ações para a inclusão acontecer. Neste questionamento um educador não respondeu. As respostas foram:
1 - Projetos inclusivos, palestras informativas, pedido junto as secretarias responsáveis para que possa haver qualificação e pedido de mudanças, se necessário no espaço físico da escola.
2- Aceitação do incluso, é em minha opinião a mais importante
3- Ainda me faltam conhecimento e um aprofundamento teórico e prático para responder essa pergunta, pois estou iniciando a trajetória profissional educacional.
4 - Bom, acho que acesso todos tem, pois são amparados por LEI, hoje existe a LEI 10.098, Lei da Acessibilidade, ainda não acontece de fato, mas já existem normas a se cumprir. Todavia, penso que os professores podem desenvolver ações inclusivas, como projetos, palestras, cursos...
Questão: 12. Os professores estão preparados para a realidade? Os educadores consideraram que um profissional deve ser devidamente capacitado para atuar na educação inclusiva. O professor intérprete de Libras, expõe sobre o interesse do profissional mesmo que despreparado, tente fazer um trabalho de preparação pessoal com a melhor vivência para que a experiência inclusiva seja mais comum.
1 - Não. Os professores necessitam de estudos de capacitação para lidar com a realidade.
2 - Mais ou menos, a faculdade não nos prepara para o que iremos encontrar em sala de aula.
3- Infelizmente a maioria não.
4 - Infelizmente uma pequena minoria, que na maioria das vezes não tiveram uma formação ou capacitação feita por pessoas adequadas, mas que procuram aprofundar-se no assunto por conta própria com o intuito de gerar frutos futuros na sociedade.
5- Acho que ninguém está penso que falta muito ainda, porém estamos no processo se comparado a tempos atrás, mas preparado ninguém está, a preparação acontece na vivencia, eu acredito, pois se pararmos para analisar, a mãe da criança deficiente não teve tempo de se preparar, ela vai se preparando no dia a dia.
Com a próxima pergunta: 13. Como você analisa os desafios que a inclusão propõe? Percebe-se o extenso trabalho a ser realizado, pelo fato de haver um conjunto de fatores não atuantes no campo escolar, para que de fato a educação inclusiva funcione verdadeiramente.
1- Difíceis de transpor, uma vez que sempre tem salas de aula lotadas e assim fica difícil atender com a atenção que merecem os alunos com deficiência. E também a uma falta de atenção dos órgãos responsáveis em realmente gerar essa inclusão investindo em capacitação profissional e melhorias no espaço físico das escolas.
2- Grandes, pois são poucas escolas que possuem alguém capacitado para auxiliar alunos e professores regulares nessa inclusão. A E. E. S. FILINTO MÜLLER, neste quesito está amparada pois tem profissionais preparados para auxiliar (sala de recursos multifuncionais, e articulação) que reservam um dia da semana para auxiliar os professores regulares a elaborar atividades especificas para cada aluno incluso. O que auxilia muito o desenvolvimento dos alunos e dos profissionais.
3- Um passo a mais para a educação, onde coloca os alunos inclusos por igualdade com os demais, levando a escola estar sempre e analisando seu currículo e adaptando as necessidades e peculiaridades de cada ser vivente.
4- Como uma proposta necessária que deve envolver escola, família, sociedade e governo, por meio de ações que possibilitem uma capacitação para quem trabalha com PNEE, sensibilização da sociedade, políticas públicas efetivas para essa modalidade e compromisso de todos os envolvidos na busca de inclusão social.
5- A pergunta já diz, são desafios, não são fáceis, mas desafios podem ser vencidos, como? Não sabemos, mas temos que tentar.
Com a última indagação do questionário 14. Qual a sua sugestão para métodos de avaliação que demonstre o desenvolvimento e a participação das pessoas com deficiência na escola? Os profissionais deixaram sugestões que poderão modificar ou melhorar as suas práticas pedagógicas inclusivas, para obtenção dos devidos resultados de uma educação inclusiva de qualidade.
1- Avaliar o aluno de acordo com a necessidade especial que ele tiver, observando sua evolução no decorrer do processo educativo.
2- Minha sugestão é que todas as escolas que pudessem dispor de duas profissionais na sala de recursos e uma articuladora para poder promover a inclusão de forma mais plena.
3- O professor deve estar fazendo uma avaliação continua, onde considere o seu desenvolvimento quanto aluno incluso.
4 -Estou na busca de caminhos que possibilitem esse desenvolvimento e participação de PNEE, contudo acredito que a Pedagogia Histórico-crítica, bem como determinada didática que possa ser aplicada nessa concepção, seja umdos caminhos que a escola deve trilhar para tal desenvolvimento ocorrer.
5- Depende de cada deficiência, do gral da deficiência, mais uma vez, do ponto de partida do aluno, enfim, não é possível dar uma sugestão sem levar em conta essas informações, entretanto, penso que primeiro é preciso conhecer a deficiência, estudar sobre ela e de acordo com cada aluno pensar qual é sua necessidade naquele momento para pensar como avalia-lo.
Com a conclusão das entrevistas, ficou clara a preocupação dos educadores de exercerem uma prática inclusiva, totalmente voltada para o desenvolvimento do aluno, mesmo havendo fatores que inviabilizam a inclusão, muitos acreditam que ainda seja possível. Os desafios são vastos e a tarefa é longa.
2.3 Processo de desenvolvimento do Projeto de Ensino
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao observar os dados levantados juntamente com os diálogos propostos por outros autores, poderemos levantar outros questionamentos, ações e idealizações para o melhor caminho da inclusão. O assunto é abrangente e discutível em todas as esferas da sociedade. A trajetória da inclusão se inicia com a discriminação e exclusão, posteriormente no século XX começa a discussão para a melhor forma da inclusão escolar, sabe-se que o trabalho é extenso.
Por meio das entrevistas realizadas, observa-se a realidade dos professores que atuam nas escolas inclusivas. Percebe-se que as escolas públicas enfrentam sérias dificuldades como a precariedade dos espaços físicos, carência de materiais pedagógicos, falta dos profissionais de apoio, ausência do acompanhamento dos pais na escola etc.
Embora os direitos a inclusão sejam aprovados por lei, é imprescindível lembrar que as regras e teorias estabelecidas pouco auxiliam na prática, quando não se enxerga o aluno com as suas próprias singularidades. Em relação a didática inclusiva, o planejamento do professor precisa ser flexível, assegurando ao aluno o seu direito e assim driblar as principais dificuldades ou limitações existentes.
Os desafios exigidos no processo de inclusão são muitos, grande parte dos profissionais não se consideram aptos a lidarem com a tarefa inclusiva, que precisa ser abraçada com dedicação, a formação continuada seria uma das possibilidades fundamentais para a ampliação e melhoramento dos métodos inclusivos que proporcionem o desenvolvimento do profissional para lidar com as diversidades.
Vale ressaltar que somente a participação dos professores no papel de incluir não basta, é preciso um trabalho pedagógico coletivo e abrangido com todo o grupo escolar, fundado em um projeto político-pedagógico eficaz, aberto às diferenças e que de fato funcione.
Deve-se pensar nas pessoas ''especiais'' como seres humanos que enfrentam grandes desafios diariamente, a sociedade precisa estar inteiramente envolvida e interessada no processo de inclusão. Afinal a educação é um ato que nos torna agente das possíveis mudanças, tornando-nos mais humanos e seres de consciência social.
9. REFERÊNCIAS
ARANHA, M. S. F. Paradigmas da relação da sociedade com as pessoas com deficiência. Revista do Ministério Público do Trabalho, Ano XI, n.º 21, março, 2001
ALONSO, Daniela. Os desafios da Educação inclusiva: foco nas redes de apoio – disponível em https://novaescola.org.br/conteudo/554/os-desafios-da-educacao-inclusiva-foco-nas-redes-de-apoio - Acesso em 16 de fevereiro de 2017 às 15: 45
BERNARDES, A. O. Da integração à inclusão, novo paradigma - dísponível em: http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0252.html - Acesso em 23 fevereiro de 2017 às 17:46
BERVIAN, Pedro; CERVO, Amado L. Metodologia científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002.
BRASIL. MEC. Plano Decenal de Educação para Todos. Nº. 59 (especial), ano 13, jul./set. Brasília, 1993
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