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FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 1 FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 2 SUMÁRIO EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL .............................................. 3 NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS E FORMAÇÃO DOCENTE ................................. 8 FORMAÇÃO DOCENTE ................................................................................................................. 11 INCLUSÃO ESCOLAR: LEGISLAÇÃO, TEORIA E PRÁTICA ................................................... 12 POLÍTICAS EDUCACIONAIS ......................................................................................................... 13 ALTAS HABILIDADES E SUPERDOTAÇÃO ............................................................................... 17 RECONHECENDO A CRIANÇA COM AH/SD ............................................................................. 20 QUESTÕES ÉTICAS NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA .................................................................... 23 COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL E A INCLUSÃO EDUCACIONAL ................................... 24 DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ......................................................................................... 25 SOBRE O COMPORTAMENTO E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA ................................................ 26 APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS COM HIPERATIVIDADE ................................................... 27 CONTEXTO E PERCEPÇÃO SOCIAL .......................................................................................... 29 O PROFESSOR E O ALUNO COM TDAH ................................................................................... 30 TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO ................................................................. 31 PODE-SE APRENDER? .................................................................................................................. 33 RELAÇÃO ESCOLA-FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA ..................................................... 34 HABILIDADES COGNITIVAS ......................................................................................................... 36 ESTILO COGNITIVO ....................................................................................................................... 37 PROCESSO CRIATIVO NA ESCOLARIZAÇÃO E EDUCAÇÃO INCLUSIVA ........................ 38 ADAPTAÇÕES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA ..................................... 39 RECURSOS NECESSÁRIOS ......................................................................................................... 40 AVALIAÇÃO NO CURRÍCULO ADAPTADO ................................................................................ 41 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................. 44 FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 3 EDUCAÇÃO ESPECIAL E EDUCAÇÃO INCLUSIVA NO BRASIL A atenção das investigações atuais acerca da História da Educação no Brasil está centrada na análise do que ocorre na interatividade do cotidiano da instituição escolar. Dessa maneira, as pesquisas históricas contribuem para a compreensão das mudanças filosóficas, ideológicas e culturais da prática educativa, ocorridas ao longo do tempo e, consequentemente, desenham e revelam a função do professor na sala de aula e os efeitos no aprendizado do aluno. Historicamente, identifica-se que o comportamento conservador e tradicional da sociedade brasileira manteve-se até o período entre 1960 e 1970, quando superou a atitude social individualista que deu lugar a convivência social voltada à coletividade, à solidariedade e, ao bem viver em comunidade. Isso se verificou nos efeitos produzidos na Constituição Federal do Brasil, em 1988, que trouxe em seu bojo a ação e participação política apoiada nos Direitos Humanos Universais (1948) e que vem sendo consolidada no século XXI. Esse movimento dirige-se na construção de valores éticos socialmente desejáveis e incrementa a influência do cidadão nas decisões políticas, promovendo melhores condições de vida para todos, indiscriminadamente, e igualdade de oportunidades educativas e sociais. Outro documento que fortalece o significado atual da educação no Brasil refere-se à Declaração de Jomtien, Tailândia, 1990, que determina o fim de preconceitos e estereótipos de qualquer natureza na educação. Nessa declaração, os países relembram que a educação é um direito fundamental de todos, mulheres e homens de todas as idades, no mundo todo. A Declaração de Salamanca, Espanha 1994, corrobora com essas recomendações e destaca princípios, políticas e práticas voltadas às Necessidades Educativas Especiais. A escola deve adaptar-se às especificidades dos alunos e, não o contrário, independente das diferenças individuais, a educação é direito universal. O educador e pesquisador Jamil Cury (2006) quando discute a concepção de Educação atual focada no desenvolvimento das habilidades e competências do aluno, entende que se trata da aquisição e da socialização em relação à ética e à moral para a convivência em sociedade articulada à produtividade e ao pleno exercício da cidadania. FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 4 Isso ocorre na escolarização do aluno nas experiências significativas do dia a dia da escola. O lugar do aluno no espaço coletivo educativo indica o grau de sua participação que é justamente um dos valores que se deseja ensinar aos alunos, além disso, assinala-se que levar em conta diferentes pontos de vista, aprender a respeitar as opiniões dos demais e exercitar-se na busca de autênticos consensos são potencialidades essenciais na constituição da personalidade do aluno e do cidadão pleno. Esses aspectos são coerentes aos pressupostos do paradigma inclusivo social e educacional. A pesquisadora da educação Isabel Alarcão (2001) apresenta a Educação atual voltada à nova racionalidade do século XXI, preocupada com espaços de vida saudável e articulada às tecnologias de informação e de comunicação. Neste contexto de profunda mudança ideológica, cultural, social e profissional, aponta-se a educação como cerne do desenvolvimento da pessoa humana e da sua vivência na sociedade, sociedade da qual se espera um desenvolvimento econômico acrescido e uma melhor qualidade de vida. ( ALARCÃO, 2001, p. 10) Assim, a educação é a essência do processo de humanização na sociedade. Ciente disso, a escola deve utilizar, de maneira mais adequada possível, seu espaço e tempo para facilitar e favorecer o aprendizado do aluno. A riqueza e a variedade da oferta de atividades educacionais é fator de desenvolvimento de aprendizagem e de condutas pró-sociais, associada a uma prática de educadores preparados e envolvidos com as atividades escolares. ABORDAGENS DO PROCESSO DE ENSINO São inúmeras as tendências pedagógicas que, historicamente, influenciam os processos de ensino e aprendizagem e interferem nas práticas educacionais escolares, na formação docente e na sala de aula. Resgatar e refletir essas tendências contribui para a identificação de suas manifestações nas práticas diárias dos professores a fim de melhorar a qualidade no aprendizado dos alunos. Compreender a inter-relação com os processos de ensino que explicam a aprendizagem são essenciais para uma prática educacional atualizada e eficaz. Há várias formas de se conceber o fenômeno educativo. [...] É um fenômeno humano, histórico e multidimensional. Nele estão presentes tanto a dimensão FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 5 humana quanto a técnica, a cognitiva, a emocional, a sociopolítica e cultural [...] Diferentes formas de aproximação do fenômeno educativopodem ser consideradas como mediações historicamente possíveis, que permitem explicá-lo [...] por isso, devem ser elas analisadas, contextualizadas e discutidas criticamente. ( MIZUKAMI, 1986, p. 7) Em acordo ao proposto por Mizukami e demais pensadores da educação, abordamos algumas tendências da educação para uma reflexão crítica: 1. Teoria da educação de enfoque progressista − Representantes de destaque: Dewey, Montessori e Piaget. A função da escola visa o ajustamento social em que, por meio de experiências, a escola deve retratar a vida. O papel do professor é auxiliar o desenvolvimento livre e, a vivência do aluno, por meio de conteúdos selecionados a partir dos interesses do aluno. O ambiente é um meio estimulador à atividade do aprendiz. Valorização dos aspectos afetivos e atitudinais para o desenvolvimento do aluno. 2. Teoria da educação de enfoque não diretivo de Carl Rogers − Função da escola: voltada à formação de atitudes individuais e coletivas no espaço da instituição escolar. O professor é um especialista em relações humanas e visa um relacionamento autêntico e pessoal com o aluno. Aprender é refletir sobre a percepção de si mesmo no espaço social da escola, a autorrealização. Privilegia a autoavaliação. 3. Teoria da educação de enfoque diretivo tecnicista − Representantes: Skinner e Gagné. Atrelada às Leis 5.540/68 e 5.692/71, revogadas pela Lei 9.394/96 que trouxe outro direcionamento. É função da escola produzir mão de obra capacitada para o mercado de trabalho. A escola utiliza de técnicas de modelagem de comportamento para uma aprendizagem que visa o desempenho do aluno. O papel do professor é de técnico, que aplica instrumentos que garantem a eficiência e a eficácia de ensino. Ênfase na produtividade do alunado. 4. Teoria da educação de enfoque progressista libertador − Representantes: Celestin Freneit, Paulo Freire e Rubem Alves. É função da escola desenvolver mecanismos de mudanças institucionais e no aluno, com base na participação grupal em que ocorre a prática de toda a aprendizagem. O conhecimento é a descoberta às necessidades e exigências da vida social. O FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 6 professor é o orientador da aprendizagem por temas geradores. A apropriação dos conteúdos somente tem sentido quando convertidos em prática. 5. Teoria da educação de enfoque histórico-crítico − Representantes: Makarenko, Saviani e Frigotto. A escola tem um caráter ideológico e serve para socializar o saber para todos os alunos. Professor e aluno são sujeitos em relação pedagógica. É papel do professor criar as condições necessárias à apropriação do conhecimento. 6. Teoria da educação de enfoque crítico-reprodutivo − Representantes: Bourdieu, Passeron e Althusser. É função da escola reproduzir a cultura dominante. O convívio entre alunos e professores articulam as relações entre grupos sociais, reproduzindo as relações estruturais. Práticas pedagógicas fundamentadas na cultura. Finalmente, as informações apresentadas descrevem algumas qualidades básicas que alicerçaram e alicerçam as instituições escolares, revelam a organização social e o clima da escola, em que professor e alunos, com deficiência ou não, participam como atores no processo ensino-aprendizagem. A INSTITUIÇÃO ESCOLAR INCLUSIVA A Escola organismo vivo, institucionalmente, mostra-se como variável interveniente na aprendizagem. Atualmente, verificamos que os pais/responsáveis preocupam-se com as propostas educativas e pedagógicas da escola e interessam- se em conhecê-la previamente. Os pais, em sua maioria, buscam uma escola que atenda às necessidades de aprendizagem do filho, que conte com recursos tecnológicos e socializadores que favoreçam o aprendizado do aluno. Refletir sobre a Instituição escolar requer ponderar sobre seus princípios filosóficos, ideológicos e culturais e apontar as características institucionais essenciais que contribuem ao sucesso na escolarização e educação do alunado. Não há consenso sobre quais aspectos constituem uma escola eficaz, no entanto, é possível eleger alicerces fundamentais institucionais: relações e cenário sócio- histórico-cultural (dirigidos às metas e tarefas), sistema complexo aberto e funcional, formação docente, tecnologia e informação e interatividade comunicacional. FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 7 De acordo com Aquino (1998, p. 44), “o papel da escola é o de uma instituição socialmente responsável” e acessível (comunicacional, metodológica e instrumentalmente) ao aluno e aos demais atores escolares. A organização de que a escola venha a se dotar, a cultura que molde o seu funcionamento e as decisões que se tomem nela acabarão de fato tendo uma influência educacional sobre os alunos por meio de uma dupla via. Em primeiro lugar, uma influência indireta ou mediada, à medida que tais fatores contribuírem para conformar, em um ou em outro sentido, a prática de cada docente com seu grupo ou seus grupos de alunos. E, em segundo lugar, uma influência direta, à medida que os alunos participam de atividades realizadas na escola – mesmo que fora das salas de aula e às vezes na ausência de qualquer professor −, e também à medida que fazem parte de uma instituição com um determinado clima social, em que regem valores e lhes são transmitidos modelos de atuação. (COLL, MARCHESI, PALACIOS & COLS. 2004, p. 394). Quadro 1: Influência da escola sobre a aprendizagem dos Alunos FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 8 ( Fonte:. Coll, Marchesi, Palacios & Cols. 2004, p. 396.) Essa estrutura e funcionamento da instituição escolar inclusiva deve demonstrar coerência entre o que se diz e o que se faz e isso começa no projeto pedagógico e educacional. O desenho do projeto revela o currículo escolar, as práticas educacionais avaliativas e formativas com vistas à aprendizagem significativa por seus alunos, tão necessária para viver em acordo ao paradigma da sociedade inclusiva da diversidade cultural e diferença individual no século XXI. FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 9 A terminologia necessidades educativas especiais ao longo da história sociocultural obteve múltiplos significados desde os de ordem pessoal, a singularidade do aluno até aqueles que remetem à coletividade, à instituição escolar. Voltavam-se aos “déficits” e incapacidades de cunho clínico e não pedagógico até as significações voltadas ao sistema educacional que representam “o tipo de ações e recursos educacionais a serem disponibilizados e efetivados pela escola” (SEED/PR, 2001, p. 15) ao aluno. Dessa maneira, “é necessário que os recursos educacionais sejam viabilizados em várias instâncias para assegurar a todos o direito de exercício da cidadania” (SEED/PR, 2001, p. 15). A discussão para atualizar essa terminologia começa a acontecer nos anos de 1980 com inúmeros movimentos da sociedade civil, nacionais e internacionais, rompendo com a representação vigente assistencialista e terapêutica para referir-se às pessoas com limitações e restrições de participação física, sensorial, mental ou múltipla. Entre eles, em 1988, a Constituição Federal Brasileira e depois, em 1989, a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência reafirma que a educação deve promover o desenvolvimento das potencialidades de pessoas portadoras de necessidades especiais; em 1994, a Declaração de Salamanca ratifica o termo necessidades especiais. Nessa nova conceptualização, a expressão necessidades educativas especiais significa as necessidades do aluno, de qualquer natureza psíquica, biológica, social ou cultural, que influenciam no aprender e nas respostas esperadas do perfil idealizado de aluno. É uma forma de reconhecer que muitos alunos, tenham ou não deficiência [...] apresentam necessidades educacionais que passama ser especiais quando exigem respostas específicas e adequadas. (SEED/PR, 2001, p. 15) Quer dizer, a perspectiva educacional atual deve alinhar-se às contingências de acessibilidade e à remoção das barreiras para a aprendizagem de todos os alunos. A prática educativa inclusiva vai focar na potencialização das habilidades e competências próprias do aluno para seu desenvolvimento integral. NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS E FORMAÇÃO DOCENTE FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 10 Historicamente, na prática da educação especial, o processo do aprender deixa de focar nos déficits de aprendizagem e nas dificuldades específicas dos alunos, para focar no desenvolvimento das habilidades e competências do aprendiz e dessa maneira, coerentes aos pressupostos da educação inclusiva no Brasil, que é atender as diferenças individuais e a diversidade cultural de todos os alunos. Para compreender o sentido e significado do termo “processo do aprender”, segundo Cabani (2004), deve-se considerar 3 elementos : 1. cenário educacional, composto pelo ambiente institucional físico e humano, a sala de aula; 2. intenções que podem ser conscientes e inconscientes e orientam a atitude e a perspectiva do aprendiz; 3. ação pedagógica educacional do professor. Na interatividade desses elementos identifica-se a relação entre ensino e aprendizagem, “partindo da ideia de que o resultado da aprendizagem depende da interação entre as variáveis que intervêm no processo” (CABANI, 2004, p. 193). Cabani (2004), em referência aos enfoques de aprendizagem de Entwistle (1998), desdobra e descreve a aprendizagem centrada na perspectiva do aprendiz em quatro elementos interativos: aprendizagem, estratégico, superficial e profundo. • Enfoque de aprendizagem: identifica a intenção que orienta a atividade do aprendiz. • Enfoque estratégico: o aprendiz organiza a informação para conseguir o melhor resultado possível. Orienta seu trabalho em função da percepção que tem das preferências dos professores. Busca as condições e os materiais adequados para o estudo. • Enfoque profundo: o aprendiz transforma a informação para compreender as ideias e dotá-las de sentido. Relaciona-as ideias com o conhecimento prévio e com a experiência. Examina a lógica e os argumentos de maneira cautelosa e crítica. • Enfoque superficial: o aprendiz reproduz a informação para cumprir os requisitos da série. Memorizar os dados e os procedimentos de maneira rotineira. Sente-se pressionado e angustiado pelo trabalho sem motivo aparente. PROCESSO DO APRENDER FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 11 Destaca-se o termo estilos de aprendizagem, que é pesquisado por muitos autores e descrito como atitude consciente e inconsciente do aprendiz frente às situações de aprendizagem. Para concluir, vamos refletir sobre a citação de Lindemann quando discute sobre os estilos de aprendizagem: [...] os sujeitos têm variadas maneiras de perceber e processar a informação, que implica diretamente em diferenças nos processos de aprendizagem, que podem modificar-se ao longo do tempo no mesmo sujeito. (LINDEMANN, 2008, p. 36) FORMAÇÃO DOCENTE O pressuposto é que a educação exerce função essencial na humanização dos sujeitos e da sociedade. Na escola compete ao professor ocupar o lugar de interlocutor do aluno, desta feita, impõe-se hoje a revitalização do seu status, “o professor deve ser reconhecido como tal pela sociedade, além de dispor da autoridade necessária e das ferramentas adequadas para exercer sua função” (DELORS, 2010, p. 34), descreve o Relatório para a UNESCO, produzido pela Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI. A função do professor delineia-se na convivência com a instituição escolar, com o projeto político pedagógico atrelado a um tempo e espaço educacional. Portanto, trata-se da formação continuada do professor durante sua permanência no espaço escolar. A Lei 9.394/96 proclama a educação brasileira por meio do processo de ensino-aprendizagem em instituições escolares dando ênfase à formação docente continuada. A formação do professor deve ser um processo contínuo, que perpassa sua prática com os alunos, a partir do trabalho transdisciplinar com uma equipe permanente de apoio. É fundamental considerar e valorizar o saber de todos os profissionais da educação no processo de inclusão [...] É imprescindível, portanto, investir na criação de uma política de formação continuada para os profissionais da educação. (PAULON, FREITAS, PINHO 2005 , p. 21-22) Sugerimos quatro dimensões à permanente formação docente: interatividade, coerência, responsividade e executável. FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 12 A interatividade trata da relação professor-aluno que vai se construindo e se atualizando na sala de aula. “Quando um profissional reconhece uma situação como única não pode lidar com ela apenas aplicando técnicas derivadas de sua bagagem de conhecimento profissional” (SCHON,2000 p.17), trata-se portanto de uma interação afetivo-social-cultural entre professor e aluno. A coerência é revelada na atitude e prática docente que, quando ajustada aos processos pedagógicos institucionais, viabilizam o aprender do aprendiz. A responsividade é demonstrada quando o docente está em comunhão com as propostas institucionais da escola. Executável é a dimensão que se refere a viabilidade das condições de trabalho proporcionada pela instituição ao professor, para que concretize suas práxis pedagógica e educacional, a favor de todos os alunos. INCLUSÃO ESCOLAR: LEGISLAÇÃO, TEORIA E PRÁTICA O mundo encontra-se globalizado e as tecnologias de comunicação e informação avançam sem parar. Há uma nova cultura educacional na apropriação do conhecimento e se exige muito mais habilidades e competências na execução das tarefas escolares para todos os alunos. Há um novo estilo de vida, um novo paradigma de pensamento se inscreve para que as pessoas possam aprender a ser. A política educacional brasileira está atrelada às propostas internacionais de Política da Educação. Entre elas, a Conferência de Jomtien (1990), que reconhece a necessidade da educação de proporcionar ao aluno a satisfação no processo do aprender. Cada criança deverá estar em condições de aproveitar as oportunidades educativas. A proposta internacional da Declaração de Salamanca (1994) valoriza a pedagogia centrada na criança e reconhece a necessidade de providências dos programas de educação às crianças com necessidades educacionais especiais dentro do sistema regular de ensino. Para combater atitudes discriminatórias e desenvolver ações acolhedoras e colaborativas, defende práticas educativas inclusivas. “Toda a criança possui características, interesses, habilidades e necessidades de aprendizagem que são únicas” (SALAMANCA, 1994, p.1). FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 13 O Relatório da Comissão Internacional sobre a Educação para o século XXI traz como enfoques essenciais da aprendizagem os quatro pilares da educação, que são alicerces das habilidades e competências à educação para todos. O relator Jacques Delors (2001) descreve a Educação como um direito e uma necessidade de todos. Aprender a conhecer, isto é, adquirir os instrumentos da compreensão; aprender a fazer, para poder agir sobre o meio envolvente; aprender a viver juntos, a fim de participar e cooperar com os outros em todas as atividades humanas; finalmente aprender a ser, via essencial que integra as três precedentes. (DELORS, 2001, p. 89-90 — grifo nosso) Delors (2001) destaca a nova concepção de Educação voltada para que todos os alunos possam descobrir, reavivar e fortalecer sua criatividade particular. O aprendiz deverá compreender o mundo ao seu redor para viver dignamente e em harmonia. Aprender a aprender édesenvolver a curiosidade de ser pesquisador do conhecimento. Finalmente, o maior desafio da educação na atualidade é aprender a conviver com os outros, derrubar os preconceitos, a discriminação e a hostilidade nas relações interpessoais e deixar aflorar a amizade, o acolhimento das diferenças individuais e a diversidade humana. POLÍTICAS EDUCACIONAIS A política educacional inclusiva em geral existe para preservar o Direito Universal do Ser Humano (1948) e promover a igualdade de oportunidades entre as pessoas, a fim de tornar a sociedade em que vivemos acessível, apta a acolher as diferenças individuais e a diversidade cultural. A Constituição Federal 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB 9394/96) constituem-se como instrumentos legais centrais para a atual legislação educacional nacional. Ambas promoveram um avanço qualitativo na concepção e dimensão de educação. A Constituição Federal do Brasil (1988) constitui-se num dispositivo de grande significância à inclusão social, pois assegura a igualdade de oportunidades educacionais para todos os alunos. Em consonância, em 1996 surge a LDB para reforçar o caráter humanista e social da educação, destacando como essencial à formação do indivíduo a relação pessoa-pessoa, que influencia diversos planos da FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 14 vida humana, a família, a escola e o trabalho. A finalidade última da LDB é a internalização da cidadania e seu pleno exercício no espaço socioeducativo. A Lei n.º 13.005/2014, que aprova o PNE para o decênio 2014/2024, aponta diretrizes para a política de educação especial no Brasil e indica objetivos e metas para a política de educação de pessoas com necessidades educacionais especiais. Esse Plano Nacional de Educação norteará as políticas educacionais e ações inclusivas do Brasil, trazendo 20 metas para a Educação. Tem como foco a valorização do magistério, a universalização e a qualidade da Educação. A Meta 4 do PNE trata da educação especial e dos direitos da pessoa com deficiência, trazendo entre suas estratégias a implementação de salas de recursos multifuncionais e fomenta a formação continuada docente para o atendimento especializado complementar. Meta 4: universalizar, para a população de 4 (quatro) a 17 (dezessete) anos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, o acesso à educação básica e ao atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino, com a garantia de sistema educacional inclusivo, de salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados. (BRASIL, Lei 13.005/2014) O Decreto 7.612/2011 institui o Plano Nacional dos Direitos da Pessoa com Deficiência — Plano Viver sem Limite, e tem a finalidade de promover, por meio da integração e articulação de políticas, programas e ações, o exercício pleno e equitativo dos direitos das pessoas com deficiência. O Plano possui como um de seus eixos o acesso à educação, e prevê a garantia de que os equipamentos públicos de educação sejam acessíveis para as pessoas com deficiência. Finalmente, os dispositivos legais têm valor relevante para o aperfeiçoamento da educação nacional e norteiam ações inclusivas com o objetivo de instrumentalizar a sociedade e os profissionais nos conhecimentos necessários para o aproveitamento das potencialidades dos alunos, desde que respeitadas as capacidades e habilidades de cada um quando da atividade prática educativa inclusiva. FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 15 INCLUSÃO EDUCACIONAL Na inclusão educacional, os processos educativos têm como cerne à valorização da diversidade humana de modo a preservar a liberdade, a criatividade e, a singularidade do aluno, para que suas potencialidades sejam aprimoradas integralmente. Sabemos que um professor sozinho pouco pode fazer diante da complexidade de questões que seus alunos colocam em jogo. Por este motivo, a constituição de uma equipe interdisciplinar, que permita pensar o trabalho educativo desde os diversos campos do conhecimento, é fundamental para compor uma prática inclusiva junto ao professor. É verdade que propostas correntes nessa área se referem ao auxílio de um professor especialista e à necessidade de uma equipe de apoio pedagógico. ( PAULON; FREITAS; PINHO, 2005, p. 9) Vivemos numa sociedade educativa acessível. A acessibilidade, enquanto direito humano, alicerça-se na autonomia, independência e empoderamento da pessoa com deficiência (SASSAKI, 1997). Portanto, a acessibilidade nas suas diferentes dimensões (arquitetônica, tecnológica, comunicacional, linguística, pedagógica e atitudinal — preconceito, medo e ignorância) preconiza a construção de acesso e eliminação dos diversos tipos de barreiras favorecendo a dignidade e o bem-estar de todos os cidadãos. A Lei Federal n.º 10.098/2000, estabelece as normas e critérios básicos para a promoção de acessibilidade de pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida a serem aplicadas em todos os espaços de convivência social, educativa, profissional. Sobre as condições gerais da acessibilidade: Art. 2.o Para os fins desta Lei são estabelecidas as seguintes definições: I - acessibilidade: possibilidade e condição de alcance para utilização, com segurança e autonomia, dos espaços, mobiliários e equipamentos urbanos, das edificações, dos transportes e dos sistemas e meios de comunicação, por pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida; II - barreiras: qualquer entrave ou obstáculo que limite ou impeça o acesso, a liberdade de movimento e a circulação com segurança das pessoas, classificadas em: FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 16 a) barreiras arquitetônicas urbanísticas: as existentes nas vias públicas e nos espaços de uso público; b) barreiras arquitetônicas na edificação: as existentes no interior dos edifícios públicos e privados; c) barreiras arquitetônicas nos transportes: as existentes nos meios de transportes; d) barreiras nas comunicações: qualquer entrave ou obstáculo que dificulte ou impossibilite a expressão ou o recebimento de mensagens por intermédio dos meios ou sistemas de comunicação, sejam ou não de massa; III – pessoa portadora de deficiência ou com mobilidade reduzida: a que temporária ou permanentemente tem limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo; IV – elemento da urbanização: qualquer componente das obras de urbanização, tais como os referentes a pavimentação, saneamento, encanamentos para esgotos, distribuição de energia elétrica, iluminação pública, abastecimento e distribuição de água, paisagismo e os que materializam as indicações do planejamento urbanístico; V – mobiliário urbano: o conjunto de objetos existentes nas vias e espaços públicos, superpostos ou adicionados aos elementos da urbanização ou da edificação, de forma que sua modificação ou traslado não provoque alterações substanciais nestes elementos, tais como semáforos, postes de sinalização e similares, cabines telefônicas, fontes públicas, lixeiras, toldos, marquises, quiosques e quaisquer outros de natureza análoga; VI – ajuda técnica: qualquer elemento que facilite a autonomia pessoal ou possibilite o acesso e o uso de meio físico. (BRASIL, Lei 10.098/2000) É importante destacar o documento da CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (2004) no qual articula-se a acessibilidade e representa uma mudança no paradigma para avaliar e trabalhar com a “deficiência”. Alinha-se a este instrumento as ajudas técnicas ou tecnologias assistivas, como recursos essenciais a todas as pessoas para o pleno exercício da cidadania, qualidade de vida e bem-estar social. Finalmente, os documentos e aspectoscitados ilustram as possibilidades de inclusão e acessibilidade no espaço escolar. Fortalecem o paradigma da inclusão FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 17 socioeducativa na perspectiva da qualidade de vida à todas as pessoas (crianças, adolescentes e adultos), com deficiência e não deficientes. ALTAS HABILIDADES E SUPERDOTAÇÃO Desde a década de 1980 verifica-se uma preocupação maior dos cientistas com as teorias sobre inteligência e a ampliação da visão sobre altas habilidades e superdotação – AH/SD. Não há consenso sobre a definição de AH/SD, no entanto, todos concordam que a criança superdotada apresenta elevado desempenho e elevada potencialidade. Sobre o tema, alguns estudos se destacam, entre eles: • Teoria da desintegração positiva, de Kazimierz Dabrowski (1950) – marca os primeiros estudos voltados à superdotação. Além de estudar a personalidade humana, este autor identifica a criança superdotada como tendo “hiperexcitabilidade” devido a um alto nível de habilidades gerais que se correlacionam positivamente. Essas habilidades apresentam cinco características: sensório-perceptiva, psicomotora, cognitiva vivacidade e sensibilidade emocional. No processo de desenvolvimento socioemocional pessoal, a maioria das pessoas experimenta inicialmente uma integração caracterizada na adoção de padrões sociais vigentes. Num segundo momento, a desintegração positiva leva a pessoa a períodos de reflexão e introspecção, que culminam na adoção dos próprios valores. Esse processo de desintegração é acompanhado por angústia e ansiedade. • Teoria do Círculo dos Três Anéis, de Joseph Renzulli (1986) – destaca os aspectos intelectuais e o raciocínio lógico-matemático, ou melhor, a capacidade de resolução, a capacidade criativa elevada e o envolvimento com a tarefa, ou seja, são muito motivados e comprometidos com as atividades que desenvolvem. O comportamento de AH/SD é definido na dinâmica funcional entre os três anéis onde se valoriza a realização criativo-produtiva. Nos remete à questão das potencialidades, habilidades e competências do aprendiz. Assim, a AH/SD tem relação com o tempo e as circunstâncias, ou melhor, os comportamentos superdotados ocorrem em determinadas pessoas, momentos e circunstâncias (não o tempo todo). FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 18 Modelo dos Três Anéis • Teoria das inteligências múltiplas, de Howard Gardner (1995) – baseia sua concepção de inteligência em competências cognitivas que se interpenetram às inteligências múltiplas. A maioria das pessoas é capaz de uma atuação em pelo menos sete diferentes habilidades: inteligência linguística, inteligência lógico-matemática, inteligência corporal cinestésica, inteligência espacial, inteligência musical, inteligência intrapessoal e interpessoal. As pessoas são inteligentes quando demonstram um comportamento intencional e habilidades na resolução de problemas. “Algumas inteligências são mais valorizadas em uma cultura do que outra e, portanto, o indivíduo só pode ser considerado inteligente se o seu contexto for levado em consideração”. (VIRGOLIM, 2007, p. 54.) FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 19 • Teoria triádica da inteligência, de Robert Sternberg (1996) – a inteligência está marcada pela habilidade de êxito. As pessoas superdotadas conhecem seus pontos fracos e fortes e são capazes de equilibrá-los para a resolução dos conflitos cotidianos. Sternberg descreve cinco características essenciais presentes na superdotação: excelência, raridade, produtividade, demonstratividade e valor. “A pessoa pode ser inteligente de três formas: pelo uso de uma inteligência analítica, ou pelo uso de uma inteligência criativa, ou ainda pelo uso de uma inteligência prática” (VIRGOLIM,2007, p. 53). A criança superdotada poderá destacar-se em uma das formas de inteligência, em duas, ou ainda nas três simultaneamente. Sternberg adverte que a valorização sociocultural interfere na funcionalidade que a criança superdotada dá às suas atividades cotidianas. FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 20 • Teoria do modelo diferenciado de sobre dotação e talento, de Françoys Gagné (2000) – a sobre dotação (superdotação) é inata a priori. Reconhece habilidades intelectuais inatas – fator “g”– e talentos específicos decorrem das influências e interações num campo ambiental e gradativamente se desenvolvem. O pesquisador identifica cinco talentos primordiais: cognitivo, criativo, socioafetivo, sensório-motor e perceptivo-sensorial. A superdotação se refere ao rendimento alcançado como resultado independente da vivência prática. Já o talento se aprimora no contexto relacional e a criança é identificada como superdotada entre seus pares. Após essa apresentação percebe-se que a identificação de AH/SD é uma questão complexa e com implicações importantes na família, na escola, na sociedade. A criança com AH/SD necessita ser atendida nos espaços relacionais adequadamente para que possa explorar suas potencialidades e talentos ao máximo. RECONHECENDO A CRIANÇA COM AH/SD Quando o assunto é AH/SD alguns mitos estão presentes: diz-se que é uma pessoa “pronta” e “extraordinária”. Nem tanto assim, são pessoas comuns como eu e você, reconhecidas por seus talentos, potencialidades específicas e um modo não convencional de resolver problemas. FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 21 No processo ensino-aprendizagem regular pouco se foca na potencialização dos talentos, habilidades e competências próprias de cada aluno. Para o aluno com AH/SD o reconhecimento do professor e seu acolhimento torna-se muitas vezes essencial para sua adaptação e sucesso no ambiente escolar, não apenas do ponto de vista cognitivo, como também social e afetivo. Não há consenso na definição de AH/SD entre os pesquisadores da área. Sua definição está atrelada ao conceito que se tem de inteligência. As pessoas com altas habilidades formam um grupo heterogêneo, com características diferentes e habilidades diversificadas; diferem uns dos outros também por seus interesses, estilos de aprendizagem, níveis de motivação e de autoconceito, características de personalidade e principalmente por suas necessidades educacionais. Entendemos que é tarefa dos educadores, sejam eles professores ou pais, compreender a superdotação em seus aspectos mais básicos e assim se tornarem agentes na promoção do desenvolvimento dos potenciais, de forma a poder atender as necessidades especiais desta população. (VIRGOLIM, 2007.p.11) Na relação com o aluno com AH/SD, o professor buscará como estratégia educativa inclusiva, levantar o perfil cognitivo do aluno para aplicar técnicas pedagógicas para a suplementação, a diferenciação e o enriquecimento curricular. Dessa maneira, contemplam-se no processo de aprendizagem as necessidades especiais cognitivas, sociais e afetivas do aluno; respeita-se seu ritmo e estilo de aprendizagem e, finalmente, atende-se às características específicas do ciclo de desenvolvimento da criança com AH/SD. Ainda a aprendizagem deve contemplar também necessidades sociais e afetivas do aluno a fim de dar-lhe oportunidade de construir seu conhecimento respeitando seu estilo e ritmo de aprendizagem. Dessa maneira, atende-se ao padrão irregular de desenvolvimento cognitivo, social, afetivo, tão frequente, no aluno com AH/SD. O artigo 5.º, inciso III da Resolução CNE/CEB n. 2 de 2001, que estabelece as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, traz como premissa: “altas habilidades/ superdotação, grande facilidade de aprendizagem que os leve a dominar rapidamente conceitos, procedimentos e atitudes”. Já os FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 22 Parâmetros CurricularesNacionais (2004), em sua série de Adaptações Curriculares, Saberes e Práticas da Inclusão, atribuem indicativos às crianças com AH/SD. SUPERDOTAÇÃO Notável desempenho e elevada potencialidade em qualquer dos seguintes aspectos isolados ou combinados: - capacidade intelectual geral; - aptidão acadêmica especifica; - pensamento criativo ou produtivo; - capacidade de liderança; - talento especial para artes; - capacidade psicomotora. (BRASIL, 2003. p. 28-29) Para a identificação de crianças com AH/SD, apresentamos a seguir um formulário com alguns dos principais indicativos de AH/SD, que serve como recurso ao professor na sala de aula: FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 23 (GALBRAITH, J.; DELISLE, J. The gifted kid’s survival guide: A teen handbook. Minneapolis, MN: Free Spirit Publishing, 1996. In: VIRGOLIM, A. M. R. Altas Habilidades/Superdotação Encorajando Potenciais. Brasilia: MEC/Secretaria de Educação Especial, 2007. p. 44. Adaptado.) QUESTÕES ÉTICAS NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA A educação inclusiva na interface com as ações éticas tem por referência as diretrizes nacionais e internacionais, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), a Constituição Federal (1988), o Estatuto da Criança e do Adolescente (1990), Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) e a Política Nacional de Direitos Humanos (2007). Agir em acordo com as questões éticas significa ter por base o respeito às diferenças individuais como único meio de se atingir a igualdade social. A ética se traduz na atitude de respeito e de reconhecimento do outro em qualquer espaço de relacionamento: pessoa-pessoa, família, escola e trabalho. As práticas educativas no cotidiano escolar devem promover um clima de sociabilidade, visando à construção de um ambiente de respeito ao ser humano. Dessa maneira, a aplicação das questões éticas inclusivas no espaço de aprendizagem do aluno supera as práticas discriminatórias e excludentes vigentes, promove-se a igualdade entre as pessoas, propicia-se o diálogo, a participação, a responsabilidade social e a vivência em comunidade entre todos. Na sala de aula o trabalho do professor é determinante. Cabe a ele facilitar ao aluno o acesso à postura ética no espaço escolar, devendo: • Promover uma atitude reflexiva sobre as práticas educativas; • Mobilizar a compreensão do conceito de justiça social; • Desenvolver o aprender a ser solidário e rejeitar discriminações; • Aplicar o diálogo como forma de gerenciamento de conflitos e tomada de decisões; • Construir uma postura que considere diferentes pontos de vista e valorize as potencialidades de cada um; • Desenvolver o desejo de aprender a aprender. É um desafio para o educador ensinar a atitude reflexiva-crítica-ética, ou seja, ensinar ao aluno o saber pensar e saber agir frente aos desafios instigantes do cotidiano, pois é isso que nos faz diferentes de outras espécies, nos faz essencialmente humanos. FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 24 COMPORTAMENTO ANTISSOCIAL E A INCLUSÃO EDUCACIONAL A criança com comportamento social inadequado pode ser descrita como aquela que foge aos padrões de comportamento esperado para determinada pessoa num determinado período do desenvolvimento (infância, adolescência), numa determinada comunidade. No cotidiano, pode ser referida como criança “sem limites” que tem dificuldade em perceber o espaço do outro e se harmonizar com o ambiente, por exemplo, em sala de aula, no relacionamento com o professor e com os colegas. Sua atividade é incessante, questiona o professor, fala e quer mostrar que ninguém manda nela. Elias (2005 p. 54), diz que “De acordo com a percepção dos professores, esses alunos apresentam mais dificuldades de adaptação às demandas da sala de aula quando comparados aos colegas com rendimento satisfatório”. A manifestação do comportamento social inadequado decorre da impossibilidade de internalizar responsabilidades e deveres, não respeita as regras e limites do ambiente e apresenta atitude desafiadora à autoridade. Revela imaturidade e dependência das relações afetivas e não suporta a frustração e a castração. Atinge um comportamento patológico quando persiste por muito tempo, parecendo faltar-lhe a capacidade de aprender com os efeitos prejudiciais e destrutivos dos seus próprios atos e seu comportamento passa a ter maior impacto nos outros que em si mesmo. Apresenta um comportamento intimidador e violento com as pessoas. Creditam-se como fatores causais do comportamento social inadequado o ambiente interior e exterior, ou melhor, fatores constitucionais e o meio de convivência ( familiar e social) da criança. No ambiente escolar, a criança com comportamento social inadequado, não se envolve com o ensino e isso se reflete no seu aproveitamento e desempenho. Ao ser questionada, responde impulsivamente: “não quero saber de nada disso”, “isso não me interessa”. Essas crianças convivem com problemas sociais e familiares diversos e demonstram no comportamento os anos de vivência permissiva. Esses padrões de comportamento inadequado se chocam com a aprendizagem formal realizada na escola. FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 25 Neste sentido, dificultando a intervenção da educação como um elemento transformador do comportamento no espaço escolar. “Sem um programa de intervenção precoce, os problemas de comportamento em crianças podem se cristalizar a partir dos oito anos de idade, iniciando uma trajetória de problemas acadêmicos” (Rios & Willians 2008, p. 800). Quanto mais cedo forem identificados os comportamentos sociais inadequados de uma dada criança, maiores serão as chances de reversão nos quadros de desajustamento socioeducativo e maiores serão os benefícios para um desenvolvimento saudável e digno de cidadania a toda criança. DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM Na busca por uma definição atualizada das dificuldades de aprendizagem, supera-se o paradigma de que as causas estejam no aluno e ignoram-se as influências do ambiente na aprendizagem. Não há dúvidas de que o entendimento das dificuldades de aprendizagem só acontece quando se compreende a complexidade das interações entre aspectos do ambiente interior e exterior do aluno, quer sejam contexto socioafetivo, cognitivo, e o contexto das estratégias de aprendizagem na escolarização do aluno. Boruchovitch considera que, para uma definição das dificuldades de aprendizagem, inúmeros problemas podem ser identificados como [...] problemas situacionais de aprendizagem [...] problemas de comportamento, problemas emocionais, problemas de comunicação [...] problemas físicos, de visão e de audição e, por fim, problemas múltiplos (BORUCHOVITCH, 2001, p. 40-41), Tais problemas afetam e interferem nas manifestações do comportamento. Dessa forma, pessoas que os apresentam podem ser interpretadas como alunos que “não aprendem” e que são “desatentos” ou, “desinteressados” no ambiente de aprendizagem. Pode-se complementar essa definição relacionando as questões das dificuldades de aprendizagem aos atrasos ou dificuldades na linguagem oral e escrita e ao raciocínio lógico-matemático, em pessoas com inteligência potencialmente normal e sem deficiências. Geralmente, afetam algumas áreas do processamento FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 26 cognitivo e podem estar relacionadas a problemas de percepção, concentração, memória, raciocínio-lógico, pensamento, adaptação social e problemas emocionais. O aluno com dificuldades de aprendizagem frente ao professor e às atividades escolares pode apresentar atitudes de descrença, percepção negativa da sua capacidade de realizar tarefas escolares, distorção da realidade, problemas motivacionais. Cabe reconhecer que as dificuldades de aprendizagem exigem um olhar interdisciplinarpara pensar as questões relativas a sua definição, etiologias, diagnósticos e tratamentos. Diferentes campos do conhecimento investigam as dificuldades de aprendizagem, como educação, psicologia, fonoaudiologia, neuropsicologia, linguística, entre outras. A identificação e o tratamento das dificuldades de aprendizagem são essenciais para a emergência de um comportamento socioeducativo adequado ao ambiente institucional escolar acessível e inclusivo. Pois, num ambiente acessível, é possível inovar, criar outras práticas educativas, outras formas de abordar a aprendizagem, que respeitem os diferentes ritmos e estilos de aprendizagem de cada aluno. SOBRE O COMPORTAMENTO E A EDUCAÇÃO INCLUSIVA O termo “comportamento” pode aqui ser entendido como uma reação da pessoa aos efeitos da interação com o ambiente interior e exterior. O comportamento visa a adaptação da pessoa ao meio e apresenta características de maleabilidade e mutabilidade que se desenvolvem no curso do ciclo de vida da pessoa, quer dizer, desde a infância e adolescência à vida adulta e velhice. A acessibilidade atitudinal reflete um comportamento coerente com as práticas educativas inclusivas, fundamentada na concepção de direitos humanos, sem qualquer forma de discriminação. A manifestação de um comportamento inclusivo significa compreender que a educação é um direito básico e fundamental do ser humano e que as condições de acesso e de permanência no espaço escolar são essenciais para assegurar o direito de todas as pessoas à educação escolar de qualidade com vistas ao exercício da cidadania. FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 27 Um dos ambientes fundamentais para a aquisição de comportamentos socioeducativos é a instituição escolar. Os comportamentos se inscrevem na vivência institucional e nas práticas educativas viabilizadas nas relações interpessoais entre professores e alunos. Cabe ao professor criar um ambiente acolhedor a todo tipo de comportamento do aluno, mesmo este sendo “não adequado” ou com “dificuldades” na aprendizagem. A postura do educador deve ser de uma constante reavaliação de sua atuação e de uma análise crítica sobre as reais potencialidades e dificuldades de seus alunos que estejam interferido no aprender. É claro que estamos considerando também o aluno que possui como causa da desadaptação escolar fatores psicológicos, neurológicos, psiquiátricos, dentre outros. O professor não irá “curar” os problemas dos alunos e nem saberá diagnosticá-los, mas tem uma participação muito importante na criação de um ambiente de respeito, de promoção de autoconfiança, diminuindo a ansiedade e uma visão negativa que seus alunos possam estar criando. (OLIVEIRA, 2001, p. 94.) A instituição escolar inclusiva é como um sistema aberto, dinâmico, flexível e em evolução que se atualiza nas trocas com a comunidade. É aquela que faz do seu engajamento, na valorização e aceitação das diferenças, a alavanca para criar estratégias pedagógicas que possam ser internalizadas nas reações, nos comportamentos de professores e alunos. Uma prática educativa inclusiva trabalha na direção do sucesso escolar e no desenvolvimento das potencialidades do aluno, não fica restrita à incapacidade e à restrição de participação, seja ela motora, intelectual, visual ou auditiva. Assim, terá pessoas implicadas e mobilizadas na busca de alternativas que eliminem qualquer tipo de barreira à inclusão educacional e social. Pessoas com atitudes solidárias, cooperativas, com hábitos “adequados” ao exercício de uma cidadania mais saudável, ética e igualitária, que respeita a diversidade e o direito do ser humano. APRENDIZAGEM DAS CRIANÇAS COM HIPERATIVIDADE Há controvérsias sobre a definição, as causas, o diagnóstico e o tratamento do Transtorno Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). De acordo com os DSM FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 28 IV e V e a OMS, pode-se entender que a Hiperatividade ou Transtorno Hipercinético tem características de um padrão de comportamento com falta de atenção, hiperatividade e/ou impulsividade, em grau maior que aquele observado entre pessoas com a mesma faixa etária e de desenvolvimento. Indicam que para um diagnóstico, os sintomas devem estar presentes antes dos sete anos de idade em pelo menos em dois ambientes diferentes (familiar, escolar ou social) por um período superior a seis meses. A hiperatividade se caracteriza pela presença frequente das seguintes características: agitar as mãos ou os pés ou se remexer na cadeira; abandonar sua cadeira em sala de aula ou outras situações nas quais se espera que permaneça sentado; correr ou escalar em demasia, em situações nas quais isto é inapropriado; pela dificuldade em brincar ou envolver-se silenciosamente em atividades de lazer; estar frequentemente “a mil” ou muitas vezes agir como se estivesse “a todo o vapor”; e falar em demasia. Os sintomas de impulsividade são: frequentemente dar respostas precipitadas antes das perguntas terem sido concluídas; com frequência ter dificuldade em esperar a sua vez; e frequentemente interromper ou se meter em assuntos de outros. (ROHDE et al. 2000, p. 2) A interação entre os aspectos genéticos e o contexto ambiental influencia na determinação do TDAH, e pode ser considerada como fator na sua etiologia. Os problemas no ambiente familiar não são determinantes, mas influenciam o TDAH. Uma das características familiares importantes seriam as práticas educativas negligentes dos pais para com os filhos, o que conduz a criança a ter que se comportar de maneira inadequada para conseguir a atenção necessária das figuras parentais ou seus representantes. Pela complexidade de fatores do transtorno, seu diagnóstico clínico e tratamento deve ser realizado por uma equipe interdisciplinar com profissionais da neuropsiquiatria, psicologia, psicopedagogia, fonoaudiologia e terapeuta ocupacional. A história de vida pessoal e escolar é um dado significativo para o diagnóstico. No tratamento, em alguns casos, recomenda-se o uso de fármacos. A criança com TDAH pode sofrer de inquietação, hiperexcitabilidade e desorganização generalizada. Pode demonstrar interesse por tudo o que está acontecendo no ambiente ao seu redor, embora não sustente o interesse. O que importa para ela é perguntar, não tanto a resposta. Pela dificuldade de manter a FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 29 atenção, as tarefas e/ou atividades são desagradáveis. Dificilmente escutam as instruções e concluem as atividades solicitadas pelos pais, professores e autoridades. Mantém uma referência egocêntrica nos relacionamentos e nas interações com o ambiente. Tendem a adotar um estilo de vida e de aprendizagem muito peculiar que podem comprometer sua adaptação social e sucesso escolar. É possível verificar alto índice de inteligência nas crianças com TDAH. Parecem ser mais atraídas pelas atividades divertidas e recompensadoras em qualquer ambiente (família, escola, sociedade). Finalmente, o diagnóstico deve buscar compreender o desenvolvimento de cada criança e propor um tratamento que contribua na melhoria da qualidade de vida da criança em todos os ambientes de sua convivência. CONTEXTO E PERCEPÇÃO SOCIAL O contexto e a percepção social são ingredientes importantes no processo ensino-aprendizagem. Ao estudar o contexto contemporâneo em que se insere a escola e o sujeito, Benedetti (2008) analisa a interferência dos aspectos sociais, culturais e éticos no comportamento e na aprendizagem das crianças. A desconsideração das dimensões socioculturais e psicológicas da criança obstaculiza o conhecimento do aluno na totalidade de suas características o que pode levar os professores a terem uma visão irreal daqueles com quem atuarão. (BENEDETTI, 2008 , p. 43) Aspectos relativos aosdomínios cognitivo, social e afetivo têm sido discutidos com a intenção de compreender mais sobre as barreiras que impedem a aprendizagem do aluno. “O aspecto afetivo é um importante elemento a se considerar quando se pretende compreender o processo de aprendizagem dos indivíduos” (MARTINELLI, 2001. p. 99). De acordo com a teoria sócio histórica de Vigotski o homem é um ser social em permanente desenvolvimento e aprendizagem. O comportamento da criança recebe influências do contexto sócio histórico, assim como os costumes, as regras, a moral e a ética são aprendidas nas interações com o ambiente e manifestadas no comportamento. No mesmo sentido, a aprendizagem não acontece de maneira isolada, o indivíduo participante de um grupo social, ao conviver com outras pessoas FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 30 efetua trocas de informações e, desta forma, vai construindo o seu conhecimento conforme seu desenvolvimento psicológico e biológico lhe permite. (MELLO, 2012, p. 3-4.) O outro ingrediente essencial é a percepção do aluno no processo do aprender. Esse termo é muito bem descrito na Psicologia da Gestalt como o ato de perceber o mundo ao seu redor e apreender um sentido e um significado que será manifesto no comportamento. [...] a forma como interpretamos os estímulos do meio ambiente, utilizando nossa experiência e vivências anteriores e nossas necessidades presentes, constitui o ato de perceber. Experiências anteriores, maior ou menor interesse pelos estímulos, motivação, estado afetivo-emocional no momento de observação, sensibilidade dos órgãos, dos sentidos para estímulos particulares e a integração ou organização do que está ocorrendo – determina nossa percepção dos fatos. (COUTINHO, 2008, p. 36) E, para concluir, vale destacar que, além dos contextos citados, no trabalho com o aluno é importante considerar seu estilo cognitivo, que é a ideia de que cada aluno tem uma maneira peculiar de “perceber” e de “processar a informação” o que implica diferença no seu processo de aprendizagem para uma aprendizagem significativa. Ainda, os contextos extraescolares que tratam das dimensões das políticas públicas educacionais, da gestão administrativo-financeira e a gestão pedagógica. O PROFESSOR E O ALUNO COM TDAH O aluno com TDAH apresenta problemas que podem afetar seu desempenho e aproveitamento escolar, o que pode resultar no fracasso e/ou evasão escolar. No ambiente escolar e na sala de aula devem-se observar as manifestações de comportamento social inadequado, associadas às características da hiperatividade, no que se refere ao respeito às regras, aos combinados e a autoridade instituída. As dificuldades de aprendizagem podem estar presentes no TDAH, uma vez que as características do transtorno remetem aos processos mentais básicos e superiores como atenção, memória, percepção, pensamento, linguagem, entre outros. FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 31 O aluno com TDAH tem dificuldades para transformar suas grandes ideias em ação verdadeira. Tem problemas em entender e explicar seus pontos de vista e isso afeta a aquisição da aprendizagem. Seu limite de tolerância à opinião discordante da sua é baixo, o que faz com que apresente comportamento social instável, indo rapidamente da tristeza para a raiva e vice-versa. Este aluno também tem muita dificuldade de gerenciamento, organização, planejamento e tempo nas atividades e tarefas. Raramente apresenta consciência crítica reflexiva, não aprende com seus próprios erros. O professor, no trabalho com o aluno com hiperatividade, deve entender que se trata de um processo dinâmico no qual também intervém a história de vida pessoal e escolar do aluno e do conteúdo de aprendizagem. Estamos discutindo aqui não o conteúdo do professor, mas a forma como ele gerencia seu conteúdo, ou seja, não o que ele faz, mas como ele age. A generosidade do professor é que o faz questionar os seus conteúdos e permite que ele não se paralise diante de suas convicções. É também o que toca o aluno e lhe desperta o sentimento de empatia e anseio de conhecer, que faz surgir nele a vontade de ir além do que é simplesmente proposto. (LAVOURA; BOTURA, DARIDO, 2006, p. 207.) Donald Winnicott (1983) descreve o conceito holding como essencial para o desenvolvimento do comportamento social da criança. Trata-se do ambiente relacional entre a mãe e o seu filho, no qual a mãe faz continente para a convivência e desenvolvimento saudável do bebê. No holding a mãe protege o filho das agressões fisiológicas e externas. Estabelece uma relação de cuidado para com seu filho. Cabe assim ao professor criar um ambiente que favoreça a continuidade do crescimento do aluno. TRANSTORNOS DO NEURODESENVOLVIMENTO A expressão “transtornos do neurodesenvolvimento” foi descrita recentemente no DSM V – Manual Diagnóstico Estatístico de Transtornos Mentais, que tem por finalidade fazer um levantamento estatístico da prevalência e curso dos transtornos e ser um guia facilitador das trocas interdisciplinares entre os profissionais da área da saúde mental (psiquiatras, psicólogos, psicanalistas, entre outros). FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 32 De acordo com pesquisas recentes, os transtornos do neurodesenvolvimento estão relacionados a alterações das células neuronais, que formam o sistema nervoso e o cérebro humano. As manifestações dos transtornos estão atreladas às condições ambientais, pessoais, neuropsicológicas e cognitivas. Geralmente, apresentam comprometimento nas áreas: comportamento, linguagem e interação interpessoal e intrapessoal. De acordo com as informações acima, compreende-se que o uso da classificação sintomatológica é insuficiente para um diagnóstico e intervenção clínica ou educacional que atendam a particularidades de cada indivíduo. Nesse sentido o uso de classificações categoriais é limitante, pois a topografia de um comportamento não é suficiente para a compreensão da sua função para um determinado indivíduo. A análise funcional do comportamento é imprescindível para o planejamento da intervenção clínica. (ARAÚJO e NETO, 2014. p. 68) 1 As patologias descritas pelo DSM V nesse grupo são: • Deficiências intelectuais — Síndrome de Down. • Transtornos da comunicação — Disfluências de linguagem, gagueira. • Transtorno de espectro autista — Síndrome de Asperger. • Transtorno de déficit de atenção e hiperatividade — TDAH. • Transtorno específico de aprendizagem — Dislexia, disartria, discalculia. • Transtornos motores — Movimentos estereotipados, Síndrome de Tourette. Um exemplo de deficiência intelectual é a Síndrome de Down, que apresenta características como percepção adequada de si mesmo e do ambiente em que vive, interesse pelo ambiente, relacionamento afetivo interpessoal e seu desenvolvimento é persistente, lento, mas harmônico. Tem estilo e ritmos de aprendizagem próprios. Entre os transtornos de comunicação, estão as disfluências de linguagem e fala, que comprometem a comunicação com o interlocutor. Exemplos: a gagueira infantil e a dislalia. Essas alterações da linguagem envolvem fatores genéticos, degenerativos, ambientais e emocionais, caracterizam a má articulação, omissões, distorções dos sons da fala, incapacidade respiratória, inadequação da mastigação e deglutição, hábitos orais inadequados. FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 33 No Transtorno de Espectro Autista, enquadram-se o autismo e a síndrome de Asperger, com características de ruptura nos processos das habilidades sociais, comprometimento de habilidades estratégicas para o aprendizado que podem determinar prejuízos persistentes e difusos. Apresentam incapacidade nas funções executivas e rigidez dos comportamentos estereotipados e interesses restritos. Os transtornosde déficit de atenção e hiperatividade caracterizam-se como transtornos de alta incidência nas crianças, com comorbidades de difícil análise diagnóstica e tratamento. Suas manifestações comprometem a capacidade de atenção, concentração, atividade psicomotora e comportamento adequado. Entre os transtornos específicos de aprendizagem, encontram-se as dislexias, que apresentam limitações nas funções cognitivas de atenção e memória, em alguns aspectos no desenvolvimento da linguagem oral e escrita, na socialização e até emocionalmente. Falta de habilidade em aprender com sua experiência é uma característica. Os transtornos motores podem ser ilustrados com a síndrome de Tourette, caracterizada por tiques múltiplos de alta frequência e repetitivos, motores ou vocais, como tossir, fungar ou limpar a garganta, movimentos de coçar ou de bater com as mãos na cabeça, mas também podem estar associados a outros transtornos. PODE-SE APRENDER? É fundamental, por um lado, considerar que todos os alunos podem aprender e, por outro, para alguns alunos que apresentam necessidades educativas especiais, é preciso compreender que englobam uma variedade de condições restritivas de participação e de limitações orgânicas e sensoriais, condições ambientais e pessoais psicológicas que têm consequências diferentes no aproveitamento e desempenho educacional dos alunos. Deve-se ainda dizer à professora que pergunta pela capacidade de aprender dessas crianças algo sobre suas condições intelectuais. Evidentemente, essas crianças aprendem. Aliás, todas as crianças aprendem muito mais do que sonha a nossa vã pedagogia. A preocupação com os problemas de aprendizagem de leitura e da escrita na escola moderna é tão grande, que muitos educadores acabam por FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 34 reduzir a imensa capacidade de aprender de uma criança ao seu repertório de habilidades para ler e escrever. (KUPFER; PETRI, 2000, p.115-116) Na inclusão escolar, identificar condutas de interesse na instituição escolar, os modelos de intervenção pedagógica, a rotina diária do professor e as relações de cooperação contribuem para a compreensão e criação de uma intervenção que atende ao processo de inclusão escolar do aluno com necessidades educativas especiais. Criar é, basicamente, formar. É poder dar uma forma a algo novo. Em qualquer que seja o campo de atividade, trata-se, nesse “novo”, de novas coerências que se estabelecem para a mente humana, fenômenos relacionados de modo novo e compreendidos em termos novos. O ato criador abrange, portanto, a capacidade de compreender, e esta, por sua vez, a de ordenar, configurar, significar. (OSTROWER,1987, p. 9) Observar a direção do olhar do educador é um indicativo dos aspectos que estão sendo iluminados, se para o diagnóstico, para a deficiência, para o sujeito, para o aprendiz, para o contexto histórico-cultural, para as dimensões de acessibilidade social e educacional. Ressaltando que uma atitude inclusiva pressupõe assumir uma posição de coautoria na construção de novos conhecimentos e novas possibilidades de aprender. É o aprendizado que possibilita o despertar de processos internos do indivíduo, liga o desenvolvimento da pessoa a sua relação com o ambiente sociocultural em que vive. (OLIVEIRA, 1993. p. 58) RELAÇÃO ESCOLA-FAMÍLIA NA EDUCAÇÃO INCLUSIVA A família, pensada como instituição, é importante para a construção de crenças, virtudes, valores éticos e morais, para o desenvolvimento saudável e adaptativo dos bebês e das crianças. A convivência familiar e a inter-relação pais- filhos são essenciais à aquisição e manutenção de comportamentos socioafetivos adequados num ambiente. Cabe aos pais perceberem o significado e o sentido valioso da função que tem o pai e a mãe para o filho na formação de uma base de normas vigentes que representem um padrão mínimo de referência, um repertório de possibilidades à FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 35 convivência nos diversos ambientes (família, escola, comunidade), para uma capacidade de discernimento crítico do filho. O envolvimento familiar e o acolhimento família-sujeito são percebidos pelo filho ou pela criança nas ações de proteção, de continente, nas relações de confiança, de segurança no ambiente de convivência. Ainda, favorecem ao filho ou à criança a emergência de competências afetivas e sociais importantes para o pleno exercício de cidadania. Competências como autonomia, independência, iniciativa, saber pensar e agir de maneira crítica, criativa e reflexiva no gerenciamento satisfatório dos conflitos do dia a dia. De acordo as condições do contexto (educativo, social, cultural e político), é possível criar estratégias para a superação dos desafios cotidianos em prol da formação dos seres humanos. A prevenção de problemas de comportamento, afetivos e/ ou cognitivos na infância, deve ser prioridade nas políticas de saúde e de educação. A Declaração de Salamanca (1994), em seus artigos 57, 58 e 59 preconiza: Art. 57. A educação de crianças com necessidades educacionais especiais é uma tarefa a ser dividida entre pais e profissionais. Uma atitude positiva da parte dos pais favorece a integração escolar e social. Pais necessitam de apoio para que possam assumir seus papéis de pais de uma criança com necessidades especiais. O papel das famílias e dos pais deveria ser aprimorado através da provisão de informação necessária em linguagem clara e simples; ou enfoque na urgência de informação e de treinamento em habilidades paternas constitui uma tarefa importante em culturas onde a tradição de escolarização seja pouca. Art. 58. Pais constituem parceiros privilegiados no que concerne as necessidades especiais de suas crianças, e desta maneira eles deveriam, o máximo possível, ter a chance de poder escolher o tipo de provisão educacional que eles desejam para suas crianças. Art. 59. Uma parceria cooperativa e de apoio entre administradores escolares, professores e pais deveria ser desenvolvida e pais deveriam ser considerados enquanto parceiros ativos nos processos de tomada de decisão. Pais deveriam ser encorajados a participar em atividades educacionais em casa e na escola (onde eles poderiam observar técnicas efetivas e aprender como organizar atividades FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 36 extracurriculares) bem como na supervisão e apoio à aprendizagem de suas crianças. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994, p. 13-14) HABILIDADES COGNITIVAS O funcionamento do nosso sistema cognitivo é complexo e articula-se ao desenvolvimento das competências da inteligência, como: raciocínio lógico- matemático, raciocínio linguístico, pensamento reflexivo-crítico, capacidade de análise e síntese, atenção-concentração, compreensão-interpretação e argumentação textual para a autonomia do aprender e a atualização das estruturas do conhecimento no processo de escolarização. Dias (2002) remete a Jean Piaget (1936) para descrever a inteligência como um processo mental. É um termo genérico designando as formas superiores de organização ou de equilíbrio das estruturas cognitivas [...] a inteligência é essencialmente um sistema de operações vivas e atuantes. Ela é adaptação mental mais extremada (PIAGET, 1936, apud DIAS, 2002, p. 22). Assim, as competências e habilidades cognitivas humanas constituem um dos grandes desafios a serem aprimorados em todas as etapas de escolarização, desde a educação infantil ao ensino superior, atendendo as prerrogativas da “educação para todos” e demais dispositivos legais nacionais e internacionais. Cabe à educação criar as condições para operacionalizar práticas educativas que atendam à educação inclusiva. Primi (2001), ao descrever as competências e habilidades cognitivas, apresentaa definição de habilidade proposta por Carrol (1993), articulada aos processos de aprender. A habilidade pressupõe a ideia de potencial de realização, ou seja, a existência de uma relativa facilidade em lidar com informações e com problemas de uma determinada classe ou conteúdo. O investimento deste potencial em experiências de aprendizagem pode conduzir à maestria, que envolve um conhecimento organizado sobre um determinado tema. (CARROLL, 1993, apud PRIMI, 2001 , p. 155) FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 37 O sistema cognitivo humano se desenvolve na interação de alguns fatores: orgânico, sociocultural e afetivo. Não há consenso entre os pesquisadores para definir a inteligência. Apresentamos três modelos explicativos da inteligência: 1. Modelo psicométrico – define as estruturas da inteligência a partir dos instrumentos de medida. Pesquisadores: Alfred Binet e Francis Galton. 2. Modelo desenvolvimentista – define a inteligência e a sua dinâmica ao longo do desenvolvimento, trazendo avanços significativos ao procurar descrever o processamento cognitivo e relacioná-lo aos diferentes estágios do desenvolvimento humano. Pesquisadores: Jean Piaget, Henri Wallon e Lev Vygotsky. 3. Modelo do processamento neuronal de informação – é a mais recente abordagem de entendimento das estruturas mentais. Pesquisadores: Howard Gardner, Daniel Golemann e Robert J. Sternberg. ESTILO COGNITIVO É importante entender que o desenvolvimento das habilidades cognitivas alavanca as estratégias cognitivas utilizadas pelos indivíduos. Referem-se a dois fatores interdependentes: estilo de aprendizagem e estilo cognitivo. A consideração desses fatores favorece a autonomia, a iniciativa e autoconfiança do sujeito e, de fato, o reconhece como sujeito ativo no aprender a aprender e apreender o conhecimento. Assim, o estilo é um modo de ser pessoal, em que a pessoa usa das suas competências e habilidades para saber sobre si mesmo e conhecer seu ambiente de convivência. O estilo define um modo particular de extrair informações, conscientes e inconscientes, para processá-las e criar formas significativas de se conduzir na vida. “É através da apercepção criativa, mais do que qualquer outra coisa, que o indivíduo sente que a vida é digna de ser vivida” (WINNICOTT, 1975, p. 95). Parga (2004), no texto O enlace desejo-inteligência na aprendizagem diz que, “para compreendermos o processo de aprendizagem, é necessário ir além da experiência imediata, pois o conhecimento se encontra antes, por longos períodos, inconscientes”. FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 38 Estilo cognitivo significa o modo como o indivíduo apreende e processa as informações em situações gerais de resolução de conflito. Leibovitz (2013) utiliza a definição de Kolb (1984) para estilo de aprendizagem, “como tendo a ver com características individuais e variáveis, de índole cognitiva e/ou de personalidade, que explicam as diferentes formas de abordar, planear ou responder a um desafio de aprendizagem” (KOLB, 1984, apud LEIBOVITZ, 2013, p. 4621). No processo de aprendizagem, compreender e considerar o estilo tem implicações educacionais importantes e que interferem na atitude do professor no planejamento das atividades para a sala de aula, nas estratégias desafiadoras de aprendizagem, na diversificação dos instrumentos de avaliação aplicados aos aprendentes. Reconhecer que os alunos aprendem de forma diferente vai ao encontro das premissas da educação inclusiva, que contempla as diferenças individuais e a diversidade cultural nas práticas educativas. Não se pode, pois, entender o processo da aprendizagem desconectado da própria história do sujeito aprendente, uma vez que este significa suas novas experiências a partir da revivescência singular de seu passado. (PARGA, 2001, p. 151) PROCESSO CRIATIVO NA ESCOLARIZAÇÃO E EDUCAÇÃO INCLUSIVA O processo criativo na escolarização e educação inclusiva traz outra perspectiva ao trabalho e à relação professor-aluno. Aprimora a atitude do professor no ambiente de aprendizagem. “Muitos compararam o trabalho do professor com o do artista, destacando como fundamentais os aspectos da criação individual” (VIGOTSKI, 2003 p. 296). Criar produz maior envolvimento com a tarefa e satisfação pessoal. Esses propósitos norteiam a educação atual, que balizada pela habilidade do pensar criativo, conduz o processo ensino-aprendizagem à construção do sujeito. “Para a educação atual não é tão importante ensinar certa quantidade de conhecimentos, mas educar a aptidão de adquirir esses conhecimentos e valer-se deles” (VYGOTSKY, 2003, p. 296). O ato criativo FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO 39 [...] é algo que [...] se faz presente quando qualquer pessoa [...] se inclina de maneira saudável para algo ou realiza deliberadamente alguma coisa [...] de modo que seu impulso criativo possa tomar forma e o mundo seja testemunha dele.” (WINNICOTT, 1975, p.100). Compreendemos que o ato criativo depende das experiências vividas de cada pessoa em seu ambiente sócio-histórico-cultural e que para o impulso criativo importa criar formas e formar importa em transformar. Todo processo de elaboração e de desenvolvimento abrange um processo dinâmico de transformação, em que a matéria, que orienta a ação criativa, é transformada pela mesma ação [...] o próprio homem com isso se configura [...]. Estruturando a matéria, também dentro de si ele se estruturou. Criando, ele se recriou [...]. A criatividade é, portanto, inerente à condição humana. (OSTROWER, 1999, p. 52-53). As práticas educativas que se organizam pelo processo criativo, desmontam as barreiras da identificação dos estilos cognitivo e de aprendizagem, ao ritmo de aprendizagem de cada estudante e promovem equiparação de oportunidades e a acessibilidade atitudinal a todos os estudantes e a sua apropriação do conhecimento. “Há vários conceitos sobre a criatividade [...] em geral todos concordam que algo criativo tem que atender aos critérios de ser original e útil, em um determinado tempo histórico” (FLEITH, 2007, p. 16). ADAPTAÇÕES CURRICULARES PARA A EDUCAÇÃO INCLUSIVA Pensar o currículo na inclusão e sua operacionalização às práticas educativas, convida o educador a refletir sobre os dispositivos de funcionamento na instituição escolar inclusiva, entre eles, sua compreensão da educação e das perspectivas no contexto histórico cultural atual. Como aplicar as orientações das políticas educacionais inclusivas nacionais e internacionais na sala de aula, que percepção se tem do lugar e função do professor e do aluno com deficiência – esses saberes sustentam as propostas curriculares implantadas nas escolas. O currículo como eixo norteador da prática docente no espaço escolar contempla três dimensões: a epistemológica, a político-social e a de sistema aberto complexo. No século XXI a Educação é a essência do processo de humanização do homem e a atitude do professor, sua prática docente, é a alavanca que dispara o FUNDAMENTOS TEÓRICO E METODOLÓGICOS DA INCLUSÃO contemplam os serviços de apoio pedagógico especializado, que acontece nas salas 40 processo da educação inclusiva, cabe ao educador criar metodologias e instrumentos mais significativos que ofereçam oportunidades de aprendizagem a todos os estudantes. A sala de aula é o espaço onde se concretiza o currículo e deve acontecer o processo ensino-aprendizagem. Este processo acontece não só por meio da transferência de conteúdos, mas, também pela influência das diversas relações e interações desse espaço escolar, na sala de aula e na relação professor-aluno. Concordamos que o eixo central do Currículo é diversos conhecimentos. (SABAINI, 2007, p. 9) O currículo proporciona informações sobre o que ensinar, quando
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