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ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Programa de Pós-Graduação EAD UNIASSELVI-PÓS Autoria: Valdecir Knuth CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, no 1.040, Bairro Benedito Cx. P. 191 - 89.130-000 – INDAIAL/SC Fone Fax: (47) 3281-9000/3281-9090 Reitor: Prof. Hermínio Kloch Diretor UNIASSELVI-PÓS: Prof. Carlos Fabiano Fistarol Coordenador da Pós-Graduação EAD: Prof. Ivan Tesck Equipe Multidisciplinar da Pós-Graduação EAD: Prof.ª Bárbara Pricila Franz Prof. Ivan Tesck Prof.ª Kelly Luana Molinari Corrêa Prof.ª Tathyane Lucas Simão Revisão de Conteúdo: Rubia Carla Erthal de Souza Revisão Gramatical: Iara de Oliveira Revisão Pedagógica: Bárbara Pricila Franz Diagramação e Capa: Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI Copyright © UNIASSELVI 2017 Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial. 658.15 K67v Knuth, Valdecir Administração financeira / Valdecir Knuth. Indaial : UNIASSELVI, 2017. 271 p. : il. ISBN 978-85-69910-38-1 1. Administração Financeira. I. Centro Universitário Leonardo Da Vinci. Valdecir Knuth Possui Mestrado (stricto-sensu) em Ciências Contábeis com concentração em Controladoria, Especialização (lato-sensu) em Contabilidade Gerencial e Graduação em Ciências Contábeis. Atualmente, é professor e pesquisador em cursos de Graduação (desde 1996) e Pós-Graduação (Especialização/ lato-sensu desde 2001) na área de Contabilidade com ênfase em Controladoria e Auditoria (Controles Internos/Sarbanes Oxley), Contabilidade Geral, Custos (principalmente nos seguintes temas: Gestão de Custos e de Resultados, Sistemas de Custeio, Método de Custeio e Orçamentos). É autor de materiais de estudos nas áreas de Orçamento Empresarial, Empreendedorismo, Custos Industriais, Contabilidade de Custos, Engenharia Econômica, Controladoria, Contabilidade Social e Ambiental. Atua como consultor empresarial nas áreas de custos e orçamentos. É sócio da empresa P2B Consulting Consultoria, Assessoria e Treinamento Empresarial Ltda. Contador CRC – SC-022526/0-8 Sumário APRESENTAÇÃO ......................................................................7 CAPÍTULO 1 Finanças Empresariais .........................................................11 CAPÍTULO 2 Gestão Financeira ................................................................73 CAPÍTULO 3 Engenharia Econômica .......................................................141 CAPÍTULO 4 Orçamento Empresarial .....................................................193 APRESENTAÇÃO Em um mercado competitivo e passando por um período de recessão econômica, o gestor financeiro da empresa precisa estar atento a todas as oscilações do mercado onde a empresa atua. Na verdade, o gestor financeiro precisa acompanhar a economia, o mercado, a política, as flutuações cambiais para que possa tomar as decisões de forma correta para a empresa. Quando se trata de tomar decisões, estas precisam estar pautadas em informações relacionadas às finanças empresariais em que se busca, junto ao profissional gestor financeiro, um acompanhamento voltado a identificar as ferramentas necessárias para otimizar os resultados econômicos e financeiros. No decorrer do capítulo 1 você estudará os fundamentos das finanças empresariais e uma análise prática das atividades que envolvem a gestão financeira. Para isso, veremos aspectos contábeis que nos levarão a compreender e utilizar os demonstrativos contábeis, como o Balanço Patrimonial - BP, a Demonstração do Resultado do Exercício – DRE e a Demonstração do Fluxo de Caixa - DFC. Estas ferramentas permitem ao gestor buscar informações necessárias para o seu processo decisório, pois, com base nesses relatórios, é possível identificar a situação econômica e financeira da empresa. No capítulo 2, você conhecerá a importância da Gestão Financeira e sua aplicação para o sucesso empresarial, intrinsicamente relacionado com o estudo do aparelho circulatório do dinheiro, tanto no cotidiano das empresas como de pessoas físicas, que envolve todas as operações dos recebimentos e pagamentos dos compromissos financeiros. A denominação GESTÃO FINANCEIRA significa administrar ou gerir com o intuito de otimizar os recursos da empresa para evitar qualquer perda monetária ou financeira. O campo de atuação do gestor financeiro aplica-se tanto para as empresas privadas como para as empresas públicas. O gestor financeiro precisa estar atento a todas as mudanças políticas e econômicas do mercado, pois essas mudanças poderão ter impacto direto na demanda da produção e vendas da empresa e, por conseguinte, na geração do Fluxo de Caixa. E, se houver mudanças na demanda da produção e vendas da empresa, poderá haver alterações na formação dos preços dos produtos. Em relação à formação dos preços, o gestor financeiro precisa atentar para a inflação. Se ocorrer aumento na inflação, pode ocorrer aumento nos custos dos insumos e, consequentemente, gerar aumento nos custos da produção. Você também irá observar que a gestão financeira possui estreito relacionamento com a contabilidade, levando-se em conta que todas as operações de captações de recursos financeiros geram custos de capital os quais precisam otimizar o Resultado Operacional da empresa. Ainda no capítulo 2 você estudará a análise financeira a partir de ferramentas como o Balanço Patrimonial e a Análise das Demonstrações Contábeis, que possibilitam a apuração de diversos indicadores, tais como: os de liquidez, de rentabilidade, de endividamento, de giro, assim como o custo de capital e a necessidade de capital de giro. No capítulo 3, você irá estudar a matemática financeira, pois percebemos claramente como ela está presente nas nossas atividades diárias. Afinal de contas, na atualidade, estamos sempre lidando com dinheiro, e estamos sempre conectados ao mercado, por exemplo, às ofertas de preços, às promoções e aos parcelamentos nas compras dos produtos. A matemática financeira, que está amplamente aplicada à Engenharia Econômica, estuda o valor do dinheiro ao longo do tempo. Assim, em Engenharia Econômica abordamos o custo do dinheiro no tempo, ou seja, de que forma o dinheiro perde valor com o tempo. Isso é definido como um processo natural pela simples lei da oferta e procura, pois um produto com maior demanda e menor oferta tende a ser mais caro, e esses aumentos dos custos inflacionários possuem impacto direto na perda monetária do dinheiro no tempo. No capítulo 4, você entenderá que o sistema de controle orçamentário precisa ser claro, objetivo e corresponder às necessidades da organização. Mas, para apresentar um perfeito nível de adequação e corresponder às necessidades dos gestores, deve passar por um processo de “moldagem” para melhor se adequar à estrutura organizacional da empresa. A sua utilização é de grande relevância, pois empresas que o adotam podem ser consideradas bem administradas. O sistema orçamentário contribui para a fixação dessas metas e objetivos, e a integração de cada subsistema orçamentário auxilia a gestão de cada unidade de negócio (centros de responsabilidades), além de possibilitar uma efetiva delegação de poderes, pois o alto executivo não interfere nas atividades operacionais (delegação de autoridade e cobranças de responsabilidades). Para tanto, é importante ler cada unidade com atenção e fazer as atividades de aprendizagem. Mas, lembre-se! O conteúdo apresentado nesta disciplina tem a finalidade de enriquecer os seus conhecimentos e, com isso, aumentar a capacidade de pô-lo em prática na sua vida profissional, o que resultará na melhoria da gestão financeira e, consequentemente, na melhoria dos resultados financeiros da empresa. Porém, busque mais informações e procure estar sempre atualizado, pois as exigências do mercado nos reservam desafiosconstantes e a busca do conhecimento aliada à determinação e ao saber fazer é fundamental. Tenha um excelente estudo! Prof. Valdecir Knuth CAPÍTULO 1 Finanças Empresariais A partir da perspectiva do saber fazer, neste capítulo você terá os seguintes objetivos de aprendizagem: Conhecer os conceitos e fundamentos legais concernentes aos aspectos da base da Administração Financeira, que encolvem as receitas, despesas, cus- tos, investimentos, ganhos e perdas. Descrever os conceitos e fundamentos legais referente ao Balanço Patrimonial. Identifi car os conceitos propriamente ditos à Administração Financeira. Elaborar a Demonstração do Resultado do Exercício, identifi cando todas as etapas para a utilização na Administração Financeira. Demonstrar o Balanço Patrimonial, identifi cando as etapas para utilização na Administração Financeira. Compreender a importância do fl uxo de caixa. Organizar da demonstração de fl uxo de caixa. 12 Administração Financeira 13 Finanças Empresariais Capítulo 1 ConteXtualiZação As atividades relacionadas à análise fi nanceira gerencial ou gestão fi nancei- ra, ou, ainda, conhecida como administração fi nanceira, são percebidas como um conjunto de métodos e técnicas que se utiliza para o melhor gerenciamento dos recursos fi nanceiros da entidade, e que tem por objetivo maximizar o capital inves- tido pelos acionistas, sob a forma de lucros ou resultados (WERNKE, 2008). Dessa forma, as fi nanças empresariais buscam junto ao profi ssional gestor fi nanceiro um acompanhamento voltado a identifi car as ferramentas necessárias para otimizar os resultados econômicos e fi nanceiros de acordo com a captação dos recursos e aplicação destes nas melhores alternativas de investimentos e ma- nutenção das atividades da empresa. Neste capítulo estudaremos os fundamentos conceituais das fi nanças empre- sariais e, em seguida, uma análise prática das atividades que envolvem a gestão fi nanceira. Para isso, veremos aspectos contábeis que nos levarão a compreen- der e utilizar os demonstrativos contábeis, como o Balanço Patrimonial - BP, a Demonstração do Resultado do Exercício – DRE e a Demonstração do Fluxo de Caixa - DFC. Estas ferramentas permitem ao gestor buscar informações necessá- rias para o seu processo decisório, pois, com base nesses relatórios, é possível identifi car a situação econômica e fi nanceira da empresa. FunDamentos De Finanças Empresariais Como vimos, as atividades relacionadas à análise fi nanceira têm a função de maximizar a riqueza dos sócios/proprietários/investidores/acionistas. Para isso, buscamos em Teixeira e Ramos (2011) as atribuições que o gestor fi nanceiro deve ter e que podem ser resumidas em três atividades básicas: a) efetivação de análise e planejamento fi nanceiro; b) tomada de decisões de investimentos; e c) tomada de decisões de fi nanciamento. Então, podemos entender que as atividades organizacionais da empresa envolvem recursos fi nanceiros, logo, devem orientar-se à geração do lucro para a empresa. De fato, conforme Manfredini (2001, p. 1), “o lucro, dentro de critérios perfeitamente adequados, pode ser manipulado. Caixa não tem jeito. Como dizem em Wall Street, lucro é opinião; caixa é fato”. De fato, conforme Manfredini (2001, p. 1), “o lucro, dentro de critérios perfeitamente adequados, pode ser manipulado. Caixa não tem jeito. Como dizem em Wall Street, lucro é opinião; caixa é fato”. 14 Administração Financeira Agora nos deparamos com algo bem interessante. O que é lucro e o que é caixa? Há uma diferença entre LUCRO e CAIXA. Estes números nunca são exatamente iguais. Para apuração do lucro devemos considerar os eventos contábeis sem que necessariamente tenham tido refl exo no caixa. Isso se dá com aplicação do regime de competência. Por consequência, a apuração do caixa independe das atividades da contabilidade e envolve apenas as entradas e saídas efetivas do caixa. Vejamos um exemplo, para melhor compreensão, da diferença entre lucro e caixa: • Em 01/03/x1, ocorreram vendas de R$ 100.000,00 com recebimento de 50% à vista e o saldo em 30 dias. • Em 02/03/x1, houve o reconhecimento da despesa com energia elétrica em R$ 5.000,00 com pagamento no mês corrente. • Em 03/03/x1, houve o reconhecimento da despesa com comissão dos vendedores no valor de R$ 8.000,00 para pagamento no mês seguinte. • Em 04/03/x1, foram registradas as despesas com propaganda no valor de R$ 6.000,00 e foram pagas à vista no mês corrente. Quadro 1 – Lucro e Caixa Fonte: O autor. 15 Finanças Empresariais Capítulo 1 Observando o exemplo, podemos concluir que o lucro de R$ 81.000,00, obtido no mês de março através dos lançamentos contábeis, não é o mesmo dos relatórios do fi nanceiro, pois há receitas e despesas da contabilidade que ocorreram no mês de março que entraram e saíram do caixa efetivamente em março e abril. Isso demonstra que o lucro contábil não é o mesmo do saldo do caixa do mesmo mês. Para Bruni e Famá (2007), o resultado positivo contábil pode ser obtido por meio de: (+) Receitas de vendas (-) Custos (Mercadorias, Produtos ou Serviços) (-) Despesas Operacionais (Administrativo, Venda e Financeiro) = Lucro Antes do IRPJ/CSLL (-) IRPJ/CSLL (=) Lucro Por sua vez, o valor do resultado fi nanceiro (valor do caixa – valor do resultado monetário ou fi nanceiro) pode ser obtido de acordo com a seguinte operação (BRUNI; FAMÁ, 2007): (+) Entradas no Caixa (Cobrança, Juros recebidos, etc.). (-) Saídas (Pagamentos Operacionais, Juros pagos, etc.). (=) Fluxo de Caixa Gerado Há, também, a possibilidade de adotar a metodologia do Fluxo de Caixa pelo Método Indireto, que pode ser obtido pelo resultado de: (+) Lucro Líquido da Empresa (+/-) Ajustes que afetaram o resultado, mas não afetaram o caixa (depreciação, juros provisionados e não recebidos, juros provisionados e não pagos). (=) Fluxo de Caixa Gerado Utiliza-se a DRE - Demonstração do Resultado do Exercício para se identifi car as Vendas do período, devendo-se descontar as despesas (operacionais, fi nanceiras e tributárias) para se apurar os lucros ou prejuízos de cada período. Por sua vez, a DFC - Demonstração do Fluxo de Caixa apresenta as entradas e as saídas de dinheiro que servem para pagar as atividades operacionais, de investimentos e de fi nanciamentos da empresa. 16 Administração Financeira Existem no mundo fi nanceiro e contábil as diferenças entre REGIME DE COMPETÊNCIA e REGIME DE CAIXA. Cabe aqui uma refl exão! Existem no mundo fi nanceiro e contábil as diferenças entre REGIME DE COMPETÊNCIA e REGIME DE CAIXA. De acordo com Ribeiro (2009), são dois os regimes existentes, o de caixa e o de competência. O Regime de Competência diz respeito ao reconhecimento de todos os eventos da empresa que são registrados na contabilidade independente do prazo de vencimento, ou seja, independente de terem sido pagos ou não. Assim, o evento deve ser registrado na contabilidade e este representa o CICLO CONTÁBIL, no qual se apura o Lucro ou Prejuízo do Período. No Regime de Caixa devem ser consideradas todas as despesas pagas e todas as receitas recebidas no respectivo exercício, sem levar em consideração a data da geração dos fatos. E este regime não tem relação nenhuma com o Regime de Competência, pois o reconhecimento de todos os fatos geradores dos eventos fi nanceiros da empresa dizem, única e exclusivamente, respeito ao que teve refl exo no CAIXA da empresa. Vamos a um simples exemplo. Digamos que a empresa A vendeu em 2016 mercadorias no valor de R$ 50.000,00 e, destas vendas, recebeu R$ 30.000,00 (o saldo de R$ 20.000,00 receberá em datas futuras). A empresa também incorreu em despesas no montante do valor de R$ 22.000,00 e efetuou pagamentos (saída de caixa) no valor de R$ 17.000,00 até o fi nal do exercício social (o saldo dessas despesas a empresa irá quitar no próximoexercício social). Quadro 2 – Regime de Caixa X Regime de Competência Fonte: Adaptado de Marion (2010). Ao observar o Quadro 2, você pode perceber a diferença dos valores apurados entre o Regime de Competência e o Regime de Caixa. No regime de competência as transações contábeis são reconhecidas pelas receitas no momento da venda e pelas despesas quando elas ocorrem, não havendo nenhuma relação com a saída ou entrada de recursos no caixa. 17 Finanças Empresariais Capítulo 1 Adota-se na administração fi nanceira o regime de caixa. Na administração fi nanceira há a necessidade de observar e acompanhar funções básicas como o planejamento, o controle de entrada e saída de dinheiro, ou seja, os recursos necessários ao funcionamento da empresa. E, pelo Quadro 2, vemos que se não ocorrer a cobrança do saldo das receitas de vendas, a empresa poderá sofrer sérios riscos de falta de caixa. É neste momento que entra a ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA. Por isso, adota-se na administração fi nanceira o regime de caixa, uma vez que há a necessidade de se utilizar todos os conhecimentos necessários para a geração dos recursos fi nanceiros da empresa. Pelo regime de caixa, a empresa realiza o reconhecimento das receitas e as despesas somente quando acontecem as entradas e as saídas de caixa (dinheiro). Por esse motivo, conforme Groppelli e Nikbakht (2010), os administradores fi nanceiros precisam primeiramente maximizar a riqueza da empresa ou o preço de suas ações, justamente pelo fato de a empresa necessitar gerar caixa. Em segundo lugar, os administradores fi nanceiros têm por objetivo maximizar o lucro por ação. Pode haver situações em que a empresa venha a se tornar negligente, no sentido de ignorar o risco, quando as decisões de investimento estão basicamente baseadas na geração dos lucros e que, por algum motivo, não serão transformados em caixa. As decisões baseadas apenas nos lucros e não na geração do caixa pode levar à insolvência da empresa ou a incorrer em uma grande possibilidade de incerteza e continuação no mercado. De acordo com Teixeira e Ramos (2011, p. 3), As receitas obtidas com as operações devem ser sufi cientes para cobrir todos os custos e despesas incorridas e ainda gerar lucros. Paralelamente a esse fl uxo econômico de resultados, ocorre uma movimentação de numerário que deve permitir a liquidação dos compromissos assumidos, o pagamento de di- videndos e a reinversão da parcela remanescente dos lucros. De acordo com os autores, devemos observar que a função da administração fi nanceira envolve uma vasta gama de atividades que estão relacionadas com os gastos de todos os departamentos que necessitam ser pagos, além da gestão dos recursos fi nanceiros (o numerário que a empresa recebe e paga de acordo com suas cobranças das vendas e pagamentos por obtenção do crédito), que possui 18 Administração Financeira relação com todas as áreas da empresa. Daí a necessidade da otimização dos recursos fi nanceiros. Otimizar recursos fi nanceiros signifi ca QUESTIONAR A REAL NECESSIDADE DOS CUSTOS EM DETERMINADOS DEPARTAMENTOS. Teixeira e Ramos (2011, p. 3-4) salientam que “[...] essa função tem a responsabilidade pela obtenção dos recursos indispensáveis ao desempenho fi nanceiro da organização e pela formulação de uma estratégia voltada para a otimização da aplicação desses recursos, colaborando de forma expressiva para o sucesso do empreendimento”. Devemos refl etir sobre: Para que serão necessários determinados recursos? Se não há um projeto defi nido, deve-se explicar a fi nalidade dos recursos fi nanceiros. Principais AtriBuiçÕes Do Gestor Financeiro Além de todas as atribuições que envolvem a atuação do gestor fi nanceiro nas instituições, citamos alguns valores intrínsecos nas suas atitudes morais e éticas. Groppelli e Nikbakht (2010) apontam que os gestores fi nanceiros devem ter imbuídas nas suas atitudes éticas as boas relações com a comunidade, cumprindo na íntegra os preceitos legais em todas as áreas a que a empresa deverá responder, como nas áreas ambientais, tributárias, de segurança, dentre outras. Os gestores devem evitar envolver-se em investimentos que podem afetar negativamente determinada comunidade, sempre buscando contatos com esta por meio de seus representantes para verifi car se há alguma atividade da empresa que possa prejudicar a comunidade ou o meio ambiente e que deverá ser eliminada. Os gestores devem evitar envolver-se em investimentos que podem afetar negativamente determinada comunidade. 19 Finanças Empresariais Capítulo 1 Acesse o site <http://www.ibama.gov.br/publicadas/samarco-e- multada-em-r250-milhoes-por-catastrofe-ambiental>. Como exemplo, leia a notícia referente à multa que a empresa SAMARCO sofreu em relação à catástrofe ambiental. A falta de decisão e ações que deveriam ser tomadas em tempo hábil para viabilizar alternativas de destino dos rejeitos da produção culminou em um grande problema social, ambiental e fi nanceiro. Com isso, vimos a importância de evitar certos investimentos em empreendimentos que possam transgredir os princípios democráticos, morais e éticos. Podemos dizer, então, que é necessário pautar-se pelo equilíbrio entre a oportunidade de maximizar a riqueza do negócio e a obtenção de melhoria das condições sociais. Vamos buscar na contribuição de Wernke (2008) as funções do administrador fi nanceiro: a) Gestão do caixa: identifi car quais são os dias que a empresa terá sobra ou falta de caixa. b) Concessão de crédito: adotar critérios rígidos para a liberação de créditos, principalmente em épocas de crise. c) Administração da cobrança: desenvolver ferramentas para que o departamento de cobrança execute as tarefas para as cobranças dos seus clientes de forma efi caz. d) Captação de recursos: pesquisar e analisar as possibilidades de captação dos recursos fi nanceiros (empréstimos, fi nanciamentos, dentre outros). e) Decisão de investimentos: identifi car as oportunidades para investimentos e os possíveis retornos que esses investimentos podem propiciar aos investidores. f) Planejamento e controle fi nanceiro: desenvolver, implantar e acompanhar os controles fi nanceiros da empresa, como o fl uxo de caixa, listas de cobranças, listas para pagamentos, conjunto de inadimplentes, dentre outros. 20 Administração Financeira g) Gestão de custos e preços: realizar o acompanhamento das planilhas dos custos e preços de vendas da empresa para otimizar o resultado dos investidores da empresa. h) Mensuração do desempenho econômico-fi nanceiro: acompanhar e avaliar os resultados econômicos e fi nanceiros da empresa de acordo com os relatórios contábeis, como o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício e a Demonstração do Fluxo de Caixa. O gestor fi nanceiro deve pautar suas decisões com base nos relatórios das demonstrações contábeis, como o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício. Para tanto, são necessários análise e planejamento fi nanceiros. De acordo com Teixeira e Ramos (2011), são pelo menos três as principais atribuições do gestor fi nanceiro: a) Análise e planejamento fi nanceiro: para esta função, as atribuições envolvem: 1) gerar relatórios informativos com base nos dados fornecidos pelo sistema para que o gestor possa se orientar e promover a sua continuidade; 2) com base nessas informações, o gestor precisa identifi car as oportunidades do negócio e aumentar ou reduzir a capacidade da produção; e 3) determinar qual é o tipo de fi nanciamento que a empresa necessita. E este tipo de tarefa é sustentada por decisões de natureza estratégica, tática e operacional. (TEIXEIRA; RAMOS, 2011, p. 4). Embora demonstrativos contábeis, como o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício, possuam forte relação com a geração das informações para o gestor fi nanceiro, para as devidas análisese planejamentos da empresa, devemos ressaltar que o enfoque “do caixa e no caixa” é primordial para as atividades do gestor fi nanceiro. Quando se fala em “do caixa” o gestor deverá “abraçar” o fl uxo de caixa e utilizar essa ferramenta diariamente. O termo “no caixa” remete a atribuir saldos positivos para o caixa, que, em outras palavras, signifi ca gastar menos e gerar mais dinheiro. Também podemos dizer que a utilização dos Fluxos de Caixa é imprescindível, devendo-se observar tanto a ótica do contador como a do administrador. Enquanto o primeiro possibilita a geração das informações com base no regime de competência, o segundo necessita aplicá-las com base no regime de caixa, denotando a importância dos Fluxos de Caixa nesta atividade. Quando se fala em “do caixa” o gestor deverá “abraçar” o fl uxo de caixa e utilizar essa ferramenta diariamente. O termo “no caixa” remete a atribuir saldos positivos para o caixa, que, em outras palavras, signifi ca gastar menos e gerar mais dinheiro. 21 Finanças Empresariais Capítulo 1 b) Administração da estrutura de ativo da empresa (Decisão de Investimento): o administrador fi nanceiro precisa estabelecer qual é a combinação e os tipos de ativos que fazem parte do Balanço Patrimonial da empresa. Esse tipo de atividade pode ser visualizado ao lado esquerdo do Balanço. Então, a composição desses tipos de ativos refere-se ao montante dos recursos aplicados em Ativos Circulantes e em Ativos Permanentes (ativo fi xo ou imobilizado). Após o gestor fi nanceiro defi nir essa combinação, deve criar ferramentas para otimizar cada vez mais os recursos do Ativo Circulante, possibilitando as melhorias nos indicadores de liquidez. Também buscar o melhor retorno que o Ativo Permanente deverá oferecer e as formas para avaliar a realização do Ativo Permanente. c) Administração da estrutura fi nanceira da empresa (Decisão de Financiamento): esses eventos estão relacionados com as fontes de recursos e estão pautados na decisão sobre qual são as mais apropriadas para a empresa como fonte de curto e longo prazo (os prazos afetam os indicadores da rentabilidade, liquidez, dentre outros). O gestor fi nanceiro também precisa decidir da melhor forma possível se determinada fonte de recursos de curto ou longo prazo pode ser mais adequada para o momento, pois determinadas decisões para captar recursos para curto ou longo prazo também impactam no custo da captação. Então, para dirimir esse tipo de dúvida, há a necessidade de adotar a ferramenta do cálculo do CMPC (Custo Médio Ponderado de Capital), que poderá ajudar a apurar o custo médio de captação dos recursos fi nanceiros. Entretanto, são duas as categorias de decisões de gestão fi nanceira que devem ser avaliadas, a primeira é a decisão de aplicações dos recursos, pois estão relacionados com a proporção de recursos que devem ser alocados em ativo circulante e ativo permanente, já que nas duas categorias ocorre um retorno mais rápido ou não dos investimentos para os gestores. E, em segundo, está a decisão de captação de recursos que se relaciona com as formas de prover o caixa da empresa e com os recursos necessários para manter ou expandir as atividades operacionais. De forma complementar, Wernke (2008) aponta como funções do gestor fi nanceiro: a gestão do caixa, a concessão de crédito, a administração da cobrança, a captação de recursos, a decisão de investimentos, o planejamento e controle fi nanceiro, a gestão de custos e preços e a mensuração do desempenho econômico-fi nanceiro. Prosseguindo no raciocínio de Wernke (2008), ao se obter os recursos fi nanceiros do montante de capital obtido dos sócios ou de terceiros, é necessário decidir onde aplicá-los ou investi-los, se em ativos tangíveis (por exemplo, os estoques, valores em contas a receber, imóveis, veículos, máquinas e demais equipamentos, dentre outros) ou em ativos intangíveis (por exemplo, marcas e 22 Administração Financeira patentes). Sempre priorizando a utilização destes recursos com o objetivo de aumentar o retorno aos investidores (acionistas ou quotistas). Percebemos, portanto, que entre as atribuições de um gestor fi nanceiro estão o planejamento, as decisões de investimento, as decisões de investimentos para os quais se necessitam recursos e a devida análise das melhores opções para investimento. Em relação às decisões empresariais, verifi camos outros aspectos importantes que são apontados pelo SEBRAE (2002): a) Captar recursos fi nanceiros necessários para a organização para: - Capital inicial e aumento de capital. - Aplicação dos lucros acumulados obtidos com os sócios. - Empréstimos obtidos com as instituições fi nanceiras. - Financiamento das mercadorias obtido com os fornecedores. b) Aplicar os recursos fi nanceiros disponíveis da organização em: - Aplicações com as instituições fi nanceiras. - Aquisição de mercadorias para serem vendidas. - Financiamento aos clientes decorrentes das vendas a prazo. - Aquisição do ativo fi xo (móveis e utensílios, equipamentos, veículos e outros) para uso da organização. c) As fontes de fi nanciamento dos ativos (fonte de recursos) da organização: - Recursos próprios: recursos fi nanceiros dos sócios ou acionistas sejam do capital ou da reaplicação dos lucros acumulados. - Recursos de terceiros: recursos fi nanceiros obtidos com instituições fi nanceiras, a título de empréstimos, ou fi nanciamentos, ou com fornecedores na aquisição de mercadorias a prazo. d) Papel do banco nos empréstimos – é função dos bancos decidir sobre a aprovação ou não da solicitação de empréstimo, bem como liberar os recursos fi nanceiros para as microempresas e organizações de pequeno porte. Para essa decisão, os bancos executam, pelo menos, as seguintes tarefas: - Análise do cadastro da organização, dos sócios e dos avalistas. - Enquadramento da operação de acordo com suas linhas de crédito. - Defi nição das garantias sobre o fi nanciamento e negociação com o interessado. - Análise de crédito de acordo com o projeto de viabilidade econômica e fi nanceira. Para se obterem as melhores opções dos ativos, devem-se priorizar os investimentos que permitam gerar as receitas no curto ou no longo prazo. Como exemplo, o gestor deve decidir entre investir em um determinado bem que traga retorno em 10 anos ou em outro bem que traga retorno em 5 anos, mesmo que a segunda opção mereça um desembolso maior no primeiro momento. 23 Finanças Empresariais Capítulo 1 O SEBRAE (2002) sugere que o empresário identifi que quais são os motivos que estão levando a empresa a buscar empréstimos no mercado. Pois há várias situações que devem ser analisadas para a busca do crédito (empréstimos). - Verifi car as vantagens de tomar emprestado dinheiro do banco, e só o fazer quando estiver seguro de que a organização terá condições de pagá-lo. - Verifi car se o fi nanciamento é condição imprescindível para o sucesso da organização. - Lembrar que obter um fi nanciamento para cobrir outro tem levado organizações a contrair dívidas crescentes e difíceis de serem quitadas. - Não utilizar o crédito como meio de cobrir prejuízos operacionais permanentes da organização. O crédito deve ser utilizado para expansão e fortalecimento do negócio ou para capital de giro (SEBRAE, 2002). Devemos sempre observar e identifi car quais são as necessidades para utilização dos recursos fi nanceiros da empresa, e a partir daí, identifi car as potencialidades dos investimentos. Dessa forma, podemos alcançar o melhor retorno possível para os gestores da empresa. Atividades de Estudos: 1) Dentre as atribuições do Gestor Financeiro, descreva àquela voltada à Decisão de Investimentos. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________2) Um dos principais aspectos na Administração Financeira é a gestão da estrutura fi nanceira da empresa de acordo com a Decisão de Financiamento. Discorra sobre esse assunto. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 24 Administração Financeira TÉcnicas FunDamentais na Gestão Financeira O trabalho da administração fi nanceira tomou grandes proporções nas empresas, e isso ocorreu pela necessidade de se obter recursos fi nanceiros para desenvolver as atividades internas das organizações cuja fi nalidade é manter o negócio em continuidade e com lucro econômico. A necessidade que a empresa tem de contratar um gestor fi nanceiro reside no fato de nem sempre o acionista estar preparado para administrar os recursos da empresa de forma apropriada. No entanto, algumas vezes, há falta de confi ança nas ações do agente contratado, o que leva a gerar dúvidas sobre a plena capacidade técnica e idoneidade para que este tenha plenos poderes. Por esse motivo, muitas vezes, as empresas necessitam contratar auditores para evitar ou minimizar os confl itos. Conforme Hoji (2004, p. 21), “para a administração fi nanceira, o objetivo econômico das empresas é a maximização de seu valor de mercado, pois dessa forma estará sendo aumentada a riqueza de seus proprietários (acionistas de sociedades por ações ou sócios de outros tipos de sociedades)”. Numa organização, sendo ela indústria, comércio ou prestação de serviços, sempre existem as operações rotineiras, ou seja, comprar, pagar, produzir, vender e receber. De acordo com Hoji (2004, p. 22), “as atividades de uma empresa podem ser agrupadas, de acordo com a natureza, em: operações, investimentos e fi nanciamentos”. Vejamos cada uma delas a seguir: a) Atividades operacionais: estão relacionadas às atividades fi ns de uma organização, ou seja, são realizadas com a fi nalidade de proporcionar a expectativa de gerar retorno sobre o capital investido. Em Hoji (2004, p. 22), “as atividades operacionais são refl etidas em contas integrantes da Demonstração do Resultado, que geram o lucro (ou prejuízo) operacional”. Como exemplos, podemos citar as compras de matérias-primas, salários, receitas de vendas, aluguel, dentre outros. 25 Finanças Empresariais Capítulo 1 b) Atividades de investimentos: Por sua vez, os investimentos são os recursos fi nanceiros alocados para novos projetos, que podem ser de expansão, melhorias tecnológicas com a aquisição de máquinas e equipamentos, produtos novos ou até mesmo obrigatórios, como os investimentos em preservação ambiental. Esses investimentos terão por consequência a geração de recursos em longo prazo. Nesse grupo são classifi cadas as atividades executadas em consequência das decisões de aplicações de recursos em caráter temporário ou permanente, para dar suporte às atividades operacionais. As atividades de investimentos correspondem às contas classifi cadas no balanço patrimonial, em investimentos temporários e em ativo permanente. Exemplos: compras de maquinário, integralização de capital de empresas controladas, aplicações fi nanceiras de curto e longo prazos etc. (HOJI, 2004, p. 23). Atualmente, o grupo do Ativo possui dois subgrupos, que são o Ativo Circulante e o Ativo Não Circulante. c) Atividades de fi nanciamentos: Temos, também, as atividades de fi nanciamentos, que nada mais são do que as atividades de fontes de recursos para a empresa, próprios ou de terceiros (podendo ser de curto ou longo prazo). A captação desse tipo de recursos se faz em virtude de manter a sustentabilidade das atividades operacionais e de investimentos na organização empresarial. Novamente, buscamos em Hoji (2004, p. 23) os aspectos que tratam das atividades de fi nanciamentos: As atividades de fi nanciamentos refl etem os efeitos das decisões tomadas sobre a forma de fi nanciamento das atividades de operações e de investimentos. As atividades classifi cadas nesse grupo correspondem às contas classifi cáveis no passivo fi nanceiro e no patrimônio líquido. Exemplos: captação de empréstimos bancários, emissão de debêntures, integralização de capital da empresa etc. Entendemos que, ao identifi car as atividades operacionais da empresa, estas poderão contribuir para localizar os possíveis recursos fi nanceiros gerados, como a atividade de venda e a atividade de compra. As receitas e gastos provenientes destas atividades devem ser relacionados no fl uxo de caixa operacional da empresa que, junto às atividades de fi nanciamentos, contribuem para apurar as necessidades de recursos fi nanceiros para potenciais investimentos. Dessa forma, as atividades de fi nanciamentos podem permitir identifi car as necessidades de recursos fi nanceiros que não foram possíveis de se obter com as atividades operacionais. 26 Administração Financeira O Papel Da ContaBiliDaDe nas Empresas Você deve estar pensando por que a Contabilidade está no contexto deste material de estudos da Administração Financeira. Embora tratemos das atividades da Administração Financeira, como a geração de dinheiro da empresa, temos que nos preocupar com as informações geradas pela contabilidade, como forma de demonstrar os resultados apurados pela empresa. Devemos nos ater à importância das informações produzidas pela contabilidade com o uso das técnicas contábeis, envolvendo a composição do patrimônio e, também, as equações patrimoniais básicas para se compreender o raciocínio contábil na geração das informações. Para tanto, vamos conhecer um pouco sobre a contabilidade. A EVolução Da ContaBiliDaDe A contabilidade surgiu nos primórdios da humanidade. Vejamos o que Tessari (2013, p. 3-4) aborda: A origem da contabilidade é muito antiga. Costuma-se dizer que a contabilidade é tão antiga quanto a origem do homem. A contabilidade, na sua forma rudimentar, era utilizada pelo homem pré-histórico. Naquele tempo, o registro das coisas que possuía – como, por exemplo, seu rebanho de ovelhas – era feito pela associação da quantidade de animais possuídos pela quantidade de pedras. O homem possuía em suas mãos uma pedra para cada animal que havia sido levado ao pasto. Ao retornar, verifi cava se a quantidade de pedras conferia com a quantidade de animais, podendo então checar se algum animal havia se perdido. Assim o homem pré-histórico conseguia quantifi car e controlar a sua riqueza, o seu patrimônio. A contabilidade moderna nasceu no norte da Itália, provavelmente durante os séculos XII e XIV. Datam dessa época diversos registros semelhantes aos verifi cados na contabilidade moderna. Consolidou-se pelo trabalho elaborado pelo frade franciscano, matemático, teólogo e contabilista Frei Luca Pacioli, que publicou na Itália, em 1494, um tratado sobre contabilidade que ainda hoje é de grande utilidade no meio contábil. Trata-se do método das partidas dobradas. Sabe-se que Frei Luca não foi o inventor do método, ele 27 Finanças Empresariais Capítulo 1 apenas descreveu uma metodologia já em uso na Itália, pelo menos um século antes. A grande importância da obra de Frei Luca está em reconhecer o método como o ideal para a escrituração, além do que, em sua obra há toda uma preocupação em sistematizar os conceitos e instrumental contábil para o registro e controle do patrimônio. Assim, dessa época até o século XX a Europa foi o centro dos estudos contábeis. Nessa fase, a contabilidade buscava melhorar a forma de representar a situação das empresas, embora não houvesse muita preocupação com o usuário externo da informação, pois a informação era restrita ao proprietário do empreendimento. Primeiramente, a evolução do conhecimento contábil sempre esteve associada ao desenvolvimento das atividades mercantis,econômicas e sociais. Vejamos como isso aconteceu. Na sociedade primitiva, a economia era baseada na agricultura e na pecuária e praticada individualmente ou em pequenos grupos. Nesse período, a contabilidade era feita para o proprietário com o uso da contagem física dos bens. Naquela época, a riqueza era avaliada pelo número de gado do rebanho, ou de outras culturas pecuárias, assim como a área de cultivo que o agricultor realizava. A Contabilidade era bastante rudimentar, mas já permitia exercer algum tipo de controle patrimonial. Mais tarde, na sociedade agrícola, a evolução dos registros contábeis acompanhou as necessidades da sociedade agrícola, economia esta que também teve como base a agricultura, mas com o desenvolvimento do método de produção artesanal. A partir desse período também se deu o início das relações comerciais com o advento das descobertas marítimas. Nessas circunstâncias, cresceu na contabilidade a necessidade de controle mais apurado por causa das expedições marítimas. Esses controles envolviam o tesouro das monarquias, pois era bastante forte o controle e cobrança dos impostos. Os investimentos nessas expedições marítimas eram contabilizados no início das operações e, após a venda das mercadorias, o resultado era apurado para atender às necessidades dos sócios e do estado para controle dos impostos. Mais tarde, na sociedade industrial, o cenário mundial teve profundas alterações e a economia baseou-se no capital e no trabalho. Houve avanços signifi cativos nos métodos de produção e, nesse período, surgiu o trabalho mecanizado e a produção em série. Como consequência, formaram-se grandes empresas na área industrial, comercial e na prestação de serviços. Na época, surgiu a administração científi ca e aconteceram as duas grandes guerras mundiais. Como refl exo dessa nova realidade na contabilidade, foram criados os sistemas de informações Na época, surgiu a administração científi ca e aconteceram as duas grandes guerras mundiais. 28 Administração Financeira contábeis; os sistemas de informações gerenciais; a divulgação de relatórios para atender aos acionistas, gerentes e governo; a auditoria externa; a separação e apuração dos custos da produção; o reconhecimento sistemático da depreciação, que é importante para a geração da reserva de caixa da empresa; a organização formal de institutos e órgãos contábeis; a realização do orçamento governamental e formas de controle e divulgação dos projetos de investimentos e infraestrutura do Estado; a mensuração dos custos de acordo com diversos parâmetros de avaliação como o custo médio e a margem de contribuição gerada, produtos e performance gerencial; e o primeiro trabalho sistemático abordando o goodwill (uma ferramenta importante para a projeção dos resultados e performance da empresa). Em seguida, evoluímos para a sociedade do conhecimento na qual a economia tornou-se globalizada. A partir desse período, passamos a utilizar a informatização da produção e do trabalho e a divulgação da tecnologia da informação e das telecomunicações. O refl exo desse cenário na contabilidade foi percebido por meio da necessidade da harmonização das normas internacionais de contabilidade, da criação de sistemas de informações contábeis para decisões estratégicas e novas formas de mensuração de valor da empresa. Várias empresas de softwarehouse surgiram e, com elas, a necessidade de criar sistemas integrados de contabilidade que permitem gerar informações de gestão para os administradores. Assim, podemos dizer que o método de registro contábil nas empresas, em qualquer tipo de ramo, como o industrial, o comercial e o de prestação de serviços, tem profunda relação com o capitalismo, daí surgiu a necessidade de mensurar e analisar o potencial de geração de caixa em função dos investimentos dos ativos da empresa. Para Iudícibus (1998, p. 21), o método contábil desenvolveu-se associado ao capitalismo: Na verdade, o desenvolvimento inicial do método contábil esteve intimamente associado ao surgimento do Capitalismo, como forma quantitativa de mensurar os acréscimos ou decréscimos dos investimentos iniciais alocados a alguma exploração comercial ou industrial. Não é menos verdade, todavia, que a economia de mercado e seu fl orescer foram, por sua vez, fortemente amparados pelo surgimento e aperfeiçoamento das partidas dobradas, o que equivale a dizer que se verifi cou uma interação entre os dois fenômenos. Neste século, serviu por outro lado como forte instrumento de controle nos países que adotaram regimes políticos com economia controlada pelo governo de forma centralizada. Hoje, o método tem aplicação a qualquer tipo de pessoa, física ou jurídica, com fi nalidades lucrativas ou não, que tenha necessidade de exercer atividades econômicas para alcançar suas fi nalidades, mesmo que tais atividades econômicas não sejam atividades-fi m. 29 Finanças Empresariais Capítulo 1 Podemos perceber que o surgimento da globalização e a desregulamentação da economia na maioria dos países do primeiro mundo, acompanhados das inovações tecnológicas, com destaque para o setor da informação, possibilitaram a expansão do mercado de capitais de forma global, principalmente a partir da última década do século XX. Por esse motivo, as informações extraídas da contabilidade tornaram-se ainda mais importantes para a gestão da empresa, tanto para os usuários internos (sócios e administradores) como para os usuários externos (investidores, fi nanciadores, fornecedores, governos e o público em geral). Informações estas que devem servir de parâmetro para análise da evolução da empresa e seu crescimento em participação no mercado ao longo do tempo. Com base nisso, o gestor fi nanceiro tem profunda necessidade em obter e acompanhar as informações geradas pela contabilidade para a tomada de decisões que tornem viáveis as atividades das empresas. As informações extraídas da contabilidade tornaram-se ainda mais importantes para a gestão da empresa, tanto para os usuários internos como para os usuários externos. Usuários Da ContaBiliDaDe Os usuários da Contabilidade podem ser todas as pessoas – físicas ou jurídicas, públicas ou privadas, internas ou externas – e que tenham algum tipo de interesse nos resultados da empresa ou entidade. Esses usuários podem ser: governos nos diversos níveis, administradores, sócios ou acionistas, fornecedores, fi nanciadores e demais credores, clientes, empregados, integrantes do mercado fi nanceiro e de capitais, dentre outros. Complementando, Araújo (2009, p. 5-6) afi rma que “em geral, toda pessoa, física ou jurídica, possui algum patrimônio; logo, podemos dizer que todos se interessam pela informação contábil”. Conforme o interesse do usuário, a informação contábil pode servir a diversos propósitos: - Os proprietários: todo empresário, que pode ser um acionista ou quotista, necessita saber se as diretrizes traçadas estão sendo seguidas e se os objetivos da empresa estão sendo alcançados, [...] - Os administradores: por meio da Contabilidade, os administradores poderão realizar o devido planejamento de suas ações, assim como acompanhar os resultados, uma vez que a maioria das decisões de uma empresa envolve aspectos fi nanceiros. [...] - Os fornecedores de bens e serviços: aquele que vende bens ou presta serviços a prazo necessita saber se o seu cliente possui condições fi nanceiras necessárias para liquidar a operação na data combinada. [...] 30 Administração Financeira - Os banqueiros: Os bancos [...], para conceder crédito a seus clientes, eles precisarão proceder à devida análise cadastral e contábil para se assegurarem de que a concessão de empréstimo não gerará prejuízos. - O governo: como sabemos, a principal fonte de arrecadação de receita para os três níveis de governo (federal, estadual e municipal) são os tributos (impostos, taxas e contribuições de melhoria).A maioria deles é calculada com base nas informações fornecidas pela Contabilidade. [...] - Os sindicatos: os empregados também constituem um dos principais interessados pelas informações contábeis, principalmente no que se refere às questões salariais e de participação nos lucros. - Os economistas: esses profi ssionais somente poderão realizar suas análises macro e microeconômicas se souberem utilizar devidamente as informações contábeis. - Os auditores: os profi ssionais de auditoria são contratados para emitir uma opinião sobre a adequação ou não dos demonstrativos contábeis. [...] (ARAÚJO, 2009, p. 5-6, grifo nosso). Silva (2010, p. 8) também nos permite identifi car os tipos de usuários da contabilidade e as respectivas fi nalidades de obterem as informações geradas por esta área: Quadro 3 – Usuários da Análise das Demonstrações Contábeis Usuários Internos Sócios e Gestores - Aumentar ou reduzir investimentos. - Aumentar o capital ou emprestar recursos. - Expandir ou reduzir as operações. - Comprar/vender à vista ou a prazo. Usuários Externos Instituições Financeiras - Conceder ou não empréstimos. - Estabelecer termos do empréstimo (volume, taxa, prazo e garantias). Clientes e Fornecedores em geral - Avaliação com vistas à concessão ou não de crédito, em que valor e a que prazo. - Informações sobre a continuidade operacional da entidade, especialmente quando têm um relacionamento a longo prazo com ela, ou dela dependem como fornecedor importante. Investidores - Adquirir ou não o controle acionário. - Investir ou não em ações na bolsa de valores. - Avaliação do risco inerente ao investimento e potencial de retorno proporcionado (dividendos). Comissão de Valores Mobiliários - Observar se as demonstrações contábeis de uma empresa de capital aberto respondem aos requisitos legais do mercado de valores mobiliários, como periodicidade de apresentação, padronização e transparência. Poder Judiciário - Solicitação e apreciação objetiva de perícia. 31 Finanças Empresariais Capítulo 1 Fiscalização Tributária - Buscar indícios de sonegação de impostos. Comissões de Licitação - Avaliar o vulto dos equipamentos e instalações, do capital de giro próprio, da solidez econômico-fi nanceira, buscando identifi car se há garantia acessória para o início ou continuidade no fornecimento dos bens ou serviços. O art. 31, da Lei Federal n. 8.666/93, prevê que o uso de índices extraídos das demonstrações contábeis limitar-se-á à demonstração da capacidade fi nanceira do licitante com vistas aos compromissos que terá que assumir caso lhe seja adjudicado o contrato. Empregados e Sindicatos - Informações sobre a estabilidade e a lucratividade de seus empregadores (solvência, distribuição de lucros etc.) - Avaliação da capacidade que tem a entidade de prover sua remuneração, seus benefícios de aposentadoria e oferta de oportunidades de emprego. Fonte: Silva (2010, p. 8). Com a classifi cação dos tipos de usuários, Araújo (2009) e Silva (2010) contribuem para melhor visualizar o que o gestor fi nanceiro pode obter da contabilidade, e essas informações contábeis são geradas e transmitidas pela emissão de relatórios. Mas não são todos os tipos de relatórios que são obrigatórios por lei, um relatório gerencial no qual se apresenta a margem de contribuição por unidade produzida (ou um relatório de orçamento anual) é um relatório gerencial interno, ou seja, não há obrigatoriedade em apresentar essas informações para o mercado. Veremos este assunto a seguir. RelatÓrios ContáBeis Existem diferentes tipos de relatórios contábeis obrigatórios e não obrigatórios de acordo com a Lei n. 11.638/07, e Marion (2012, p. 44) apresenta os diversos tipos de relatórios contábeis que podem ser gerados, separando-os em grupos. Veja a fi gura a seguir: 32 Administração Financeira Figura 1 – Relatórios Contábeis em Grupos Fonte: Marion (2012, p. 44). Você pode visualizar, na fi gura anterior, os principais tipos de relatórios obrigatórios e não obrigatórios para divulgação. Dois dos principais relatórios que o gestor fi nanceiro deverá utilizar para a tomada de decisões na sua empresa são o BP – Balanço Patrimonial e a DRE – Demonstração do Resultado do Exercício. Outros relatórios também possuem determinada relevância para os gestores, mas estão mais voltados para atender às condições legais impostas para divulgação, como exemplo, a DMPL – Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, a DLPAc – Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados, a DRA – Demonstração do Resultado Abrangente e a DVA – Demonstração do Valor Adicionado. Mas é de suma importância estudar a DFC – Demonstração do Fluxo de Caixa, que tem por premissa, além de atender às exigências legais para publicação, fundamental valor gerencial em função do teor da qualidade das informações divulgadas. Mas é de suma importância estudar a DFC – Demonstração do Fluxo de Caixa, que tem por premissa, além de atender às exigências legais para publicação, fundamental valor gerencial em função do teor da qualidade das informações divulgadas. 33 Finanças Empresariais Capítulo 1 Veremos o Fluxo de Caixa mais adiante no item 4 deste capítulo. Como você pode perceber, há vários tipos de relatórios que são gerados pela Contabilidade e cada um possui suas particularidades para atender às necessidades de cada usuário que, por sua vez, os utiliza para o seu processo de decisão na sua empresa ou entidade governamental. De modo geral, Araújo (2009, p. 1) aborda que “a Contabilidade é um processo de identifi cação, avaliação e divulgação de informações que permite a tomada de decisão e a formação de juízos por parte dos interessados pela informação contábil”. Porém, mesmo que consideremos a necessidade da informação contábil de todos os tipos de usuários, podemos dizer que o principal objetivo da Contabilidade é o de fornecer informações de gestão para que os administradores, gerentes ou executivos possam ter conhecimento da real situação econômico-fi nanceira da empresa e utilizar elementos objetivos para a correta e consciente tomada de decisões. A situação econômica e fi nanceira da empresa pode ser visualizada e analisada com o uso de determinados indicadores da Análise de Balanços. O mundo corporativo é bastante volátil e novas situações de mercado apresentam novos cenários que os gestores precisam visualizar. Os administradores precisam ter a capacidade de prever cenários adversos ou favoráveis ao mercado em que atuam e, além disso, quando necessário, realizar mudanças rápidas para se adaptar à nova realidade e, assim, manterem a sobrevivência das suas empresas. De acordo com Anthony (1960 apud IUDÍCIBUS, 1998, p. 24-25, grifo do autor), entre outras fi nalidades, a informação contábil possui a fi nalidade de controle e planejamento: Focaliza com bastante propriedade as implicações deste item [informação contábil]. Embora tais fi nalidades possam ser catalogadas de várias formas, serão aqui agrupadas em duas básicas: Finalidade de controle Finalidade de planejamento Controle pode ser conceituado como um processo pelo qual a alta administração se certifi ca, na medida do possível, de que a organização está agindo em conformidade com os planos e políticas traçados pelos donos do capital e pela própria alta administração. [....] 34 Administração Financeira Planejamento, por sua vez, é o processo de decidir que curso de ação deverá ser tomado para o futuro. Normalmente, o processo de planejamento consiste em considerar vários cursos alternativos de ação e decidir qual o melhor. Podemos entender que a contabilidade tem importante função no controle e planejamento das operações da empresa. Por sua vez, o resultado das atividades é mensurado de forma quantitativa (em valores), devendo ser avaliado para que os gestores possam tomar medidas que mantêm a empresa emconstante desenvolvimento no mercado. Ching (2003, p. 4) também demonstra a importância e a utilidade das informações contábeis: Toda organização usa contabilidade, independentemente de seu tamanho, fi nalidade ou constituição jurídica. Mas, afi nal, por que a contabilidade é tão importante? Além de ajudar os gerentes a entender mais sobre a empresa, ela procura responder a três perguntas críticas de qualquer grupo de pessoas: - Qual o desempenho da empresa em um dado período? - Qual é a posição da empresa neste momento? - Onde estão aplicados seus recursos e como foram obtidos? Vamos avaliar o porquê da importância da abordagem deste autor. Uma das maneiras de responder às três indagações de Ching se dá com o uso de uma ferramenta chamada Análise de Balanços. Esta é uma das formas de avaliação da situação econômica e fi nanceira da empresa realizada pelo gestor. Com a análise, os dados são transformados em informações que permitirão servir como base para direcionar as decisões a serem tomadas, propiciando a redução do grau de incerteza nas decisões e a garantia de uma gestão transparente. Dessa forma, a Análise de Balanços se constitui num instrumento fundamental para auxiliar a administração. Para que isso seja possível, os serviços contábeis compõem as funções de registrar, controlar, identifi car, mensurar e avaliar os atos e fatos administrativos ocorridos na empresa, o que proporciona um acompanhamento sistemático de seu patrimônio. Por isso, a importância de os responsáveis pelas decisões dentro da empresa conhecerem a estrutura e a metodologia de análise dos demonstrativos oriundos da Contabilidade. Por isso, a importância de os responsáveis pelas decisões dentro da empresa conhecerem a estrutura e a metodologia de análise dos demonstrativos oriundos da Contabilidade. 35 Finanças Empresariais Capítulo 1 Agora vamos estudar um pouco mais sobre alguns demonstrativos contábeis para que, assim, possamos compreender melhor a composição desses relatórios. A principal demonstração contábil é o Balanço Patrimonial, que revela a posição fi nanceira de uma organização em determinado momento, normalmente em 31 de dezembro. Podemos dizer que é uma fotografi a que nos permite visualizar todos os bens, valores a receber e valores a pagar em determinada data. De acordo com Iudícibus e Marion (1998 p. 32, grifo dos autores), O Balanço Patrimonial refl ete a posição fi nanceira em determinado momento (normalmente, no fi m do ano) de uma empresa. O Balanço Patrimonial (BP) é constituído de duas colunas: a coluna do lado direito é denominada de Passivo e Patrimônio Líquido. A coluna do lado esquerdo é denominada Ativo. Mas, o que é o Ativo, Passivo e o Patrimônio Líquido? O Ativo representa a parte do balanço em que estão os recursos da empresa capazes de gerar fl uxo de caixa e são representados pelos bens e direitos. Aqui, incluem-se o dinheiro em caixa e em bancos, estoques, duplicatas a receber, equipamentos, imóveis, despesas pré-pagas, equipamentos, veículos, até mesmo elementos intangíveis, como patentes, ações e direitos autorais. Segundo Ching (2003, p. 28), “um ativo pode ser defi nido como um recurso sob controle da empresa capaz de gerar benefícios futuros (entendidos como caixa)”. Por sua vez, o Passivo é caracterizado pelos recursos de terceiros em poder da empresa, mensurados pelas obrigações ou dívidas. Neste grupo de contas, podemos encontrar todas as contas a pagar, taxas, juros sobre capital emprestado, hipotecas, despesas contratuais, dentre outras contas. Seguindo o raciocínio de Ching (2003, p. 28), “podemos defi nir o passivo como o compromisso da organização relativo a eventos e que resultam em consumo de seus ativos”. Temos, ainda, o Patrimônio Líquido, que é a parte do Balanço Patrimonial, representada pelos recursos investidos pelos sócios da empresa. Em síntese, é o capital que os sócios disponibilizaram primeiramente no caixa da empresa. Ching (2003, p. 28, grifo do autor) estabelece que: De maneira muito similar ao passivo, o capital próprio também representa compromissos contra os recursos ou ativos da organização. A diferença crucial em relação a terceiros é que estes contribuem com recursos (não os fornecem) e, dessa maneira, tornam-se participantes, investidores ou sócios. Segundo Ching (2003, p. 28), “um ativo pode ser defi nido como um recurso sob controle da empresa capaz de gerar benefícios futuros (entendidos como caixa)”. 36 Administração Financeira Isso signifi ca que os recursos da empresa que os sócios investiram sob a denominação do Capital Social e que primeiramente estão no caixa, geram riqueza para ela própria e também permitem a geração da riqueza dos próprios sócios. Claro, no grupo do Patrimônio Líquido, pode ser registrado o acúmulo da geração de riqueza (Reservas de Lucros) para futuramente remunerar os investimentos dos sócios sob a forma de Dividendos ou Juros sobre Capital Próprio. O investidor que compra ações torna-se sócio de uma empresa. Pela lei das S.A., o sócio tem o direito a receber uma remuneração quando a empresa obtiver lucro em suas atividades. Dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) são as formas de remunerar em dinheiro o sócio, sendo que os dividendos são obrigatórios por lei (FARIA JÚNIOR, 2012, p. 1). Em linhas gerais, de acordo com o conceito contábil, o termo patrimônio signifi ca o conjunto de bens, direitos e obrigações vinculado a uma pessoa física ou jurídica (FAVERO et al., 1997). Vejamos a defi nição de cada uma destas partes do patrimônio separadamente. As contas contábeis representam os ativos, os passivos e o patrimônio líquido que são os Bens, Direitos e obrigações da empresa. Quadro 4 – Defi nição de Bens, Direitos e Obrigações Bens São todas as coisas que podem atender às necessidades do consumo humano e que podem ser avaliadas economicamente. Os bens são subdivididos da seguinte forma: - Bens de uso: são aqueles utilizados na empresa com o objetivo de atender às necessidades operacionais. Exemplo: os móveis, edifi cações, utensílios, máquinas, equipamentos, ferramentas, computadores, veículo, entre outros. - Bens de consumo: são aqueles adquiridos para serem consumidos nas atividades cotidianas da empresa, e são consumidos de forma imediata e integral para atender às necessidades da manutenção das suas atividades e do seu funcionamento. Exemplo: materiais de consumo no escritório, recursos utilizados para a manutenção e limpeza em geral, tais como: os combustíveis e lubrifi cantes, impressos e formulários, detergentes para limpeza, dentre outros. 37 Finanças Empresariais Capítulo 1 - Bens de troca (ou venda): Esses bens são adquiridos ou produzidos para serem vendidos, como as mercadorias para revenda e os produtos fabricados para serem vendidos. Em se tratando dos Bens da empresa, estes ainda podem ser classifi cados em bens tangíveis e bens intangíveis. Vejamos: - Os Bens Tangíveis tem características defi nidas e possuem existência física. Exemplo: dinheiro, mercadorias, imóveis, veículos, máquinas, móveis, etc. - Os Bens Intangíveis possuem essência subjetiva, não possuem existência física, porém representam uma aplicação de determinado capital para a geração da riqueza futura da empresa. A riqueza futura é subjetiva, pautada em cálculos que determinam uma projeção que pode sofrer alterações de acordo com os altos e baixos da economia. Exemplo: marcas, tradição, patentes, ações, quotas do capital e direitos autorais. Direitos Estes são os bens de propriedade da empresa, porém se encontram em poder de terceiros, possuem registros contábeis específi cos, geralmente, vêm seguidos da expressão a receber, por exemplo: duplicatas a receber, títulos a receber, notas promissórias a receber, aluguéis a receber, comissões a receber, propriedade da entidade que se encontra em posse de terceiros entreoutros. Obrigações Esses tipos de bens são de propriedade de terceiros, mas que estão em posse da empresa. Normalmente as contas contábeis ali compostas vêm seguidas da expressão “a pagar” ou “a recolher”. Temos, como exemplo, as duplicatas a pagar, notas promissórias a pagar, fornecedores, impostos a recolher, títulos a pagar, aluguéis a pagar, etc. Fonte: O autor. Agora aprofundaremos os estudos sobre a importância da informação contábil, o que se pode extrair da Contabilidade e levar ao fascinante mundo das atividades corporativas, relacionadas à Gestão Financeira. Os autores Stickney e Weil (2001, p. 34) atentam para a importância do cuidado de preparar as demonstrações fi nanceiras de acordo com a fi nalidade da informação, uma vez que cada usuário necessita de informações específi cas. As empresas deveriam preparar suas demonstrações fi nanceiras tendo como objetivo as necessidades específi cas de informação de cada um dos usuários apresentados? Ou deveriam preparar um conjunto de demonstrações fi nanceiras “gerais”? Preparar demonstrações específi cas para cada usuário provavelmente atenderia mais adequadamente as necessidades deste – implicando um custo certamente proibitivo, para a empresa que está elaborando as demonstrações e para 38 Administração Financeira terceiros que tenham necessidades de outras informações. A incorporação de informação de que vários usuários necessitam de um único conjunto de demonstrações poderiam aumentar sua extensão e complexidade, a ponto de eventualmente difi cultar sua compreensão. Outra questão, associada a anterior, relaciona-se com o nível de conhecimento de contabilidade que as empresas deveriam pressupor que os usuários têm. Demonstrações fi nanceiras e notas explicativas detalhadas poderiam fornecer informação útil para os analistas do mercado de capitais, mas poderiam confundir investidores “passivo”, que somente se preocupam com os dividendos que recebem da empresa. De acordo com o exposto, os autores ainda apresentam um resumo do que vem a ser o processo de elaboração e apresentação de demonstrações fi nanceiras, conforme os seus objetivos, como mostra a fi gura a seguir: Figura 2 – Resumo do Processo de Elaboração e Apresentação de Demonstrações Financeiras Fonte: Stickney e Weil (2001, p. 39). Podemos observar que cada demonstrativo contábil possui fi nalidade específi ca, ou seja, o BP-Balanço Patrimonial tem por objetivo fornecer informações sobre os recursos fi nanceiros da empresa aos investidores. Dessa forma, o Balanço Patrimonial permite visualizar como “anda a saúde” fi nanceira da empresa para decidir sobre os direitos e alocação destes recursos nas suas atividades. 39 Finanças Empresariais Capítulo 1 Por sua vez, a DRE-Demonstração do Resultado do Exercício permite identifi car quais são os resultados apurados na empresa durante determinado período, como o lucro ou o prejuízo. Temos também a DFC-Demonstração do Fluxo de Caixa, que permite identifi car a geração do caixa nas atividades operacionais, sendo uma excelente ferramenta de apoio à gestão fi nanceira, pois o fl uxo de caixa operacional apresenta o superávit ou défi cit fi nanceiro nas atividades fi ns da empresa. Vamos, na próxima seção, estudar um pouco mais o que caracteriza a DRE-Demonstração do Resultado do Exercício. Temos também a DFC-Demonstração do Fluxo de Caixa, que permite identifi car a geração do caixa nas atividades operacionais, sendo uma excelente ferramenta de apoio à gestão fi nanceira, pois o fl uxo de caixa operacional apresenta o superávit ou défi cit fi nanceiro nas atividades fi ns da empresa. Atividades de Estudos: 1) Dentre os conceitos estudados, discorra sobre a fi nalidade de controle e planejamento da informação contábil. ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ ____________________________________________________ 2) Um dos componentes do Balanço Patrimonial é o ATIVO da empresa. Ele possui determinado conceito e fi nalidade. Discorra sobre o assunto. _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ _____________________________________________________ 40 Administração Financeira Demonstração Do ResultaDo Do EXercÍcio (DRE) A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), de acordo com sua própria nomenclatura, especifi ca a situação econômica da empresa, que pode refl etir Lucro ou Prejuízo. Este é um demonstrativo contábil que apresenta, de forma vertical, o resultado das atividades normais da empresa, sempre iniciando pelas vendas brutas, descontando-se os custos e despesas que foram gerados durante determinado período. Para um melhor entendimento dessa demonstração, a seguir estão os grupos que a compõem: a) Receita operacional bruta: esse grupo de contas é representado pelas vendas totais (brutas) da empresa, incluindo todos os impostos incidentes sobre as vendas, por exemplo, o ICMS-Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, o PIS-Programa de Integração Social e a COFINS-Contribuição ao Financiamento da Seguridade Social, demais operações de contas de abatimentos concedidos aos clientes, e demais deduções que estão discriminadas em grupos separados. Classifi cam-se como: vendas de mercadorias, vendas de produtos e vendas de serviços, dependendo de qual é a atividade que a empresa desenvolve. b) Deduções da receita operacional bruta: são compostos para reduzir a Venda Bruta (Receita Operacional Bruta) e apurar a Receita Operacional Líquida. Essas deduções são conhecidas como as Vendas Canceladas, que corresponde à anulação total ou parcial de vendas de mercadorias ou serviços realizados. Há os abatimentos, também conhecidos como descontos incondicionais. Signifi cam abatimentos que uma mercadoria ou serviço sofre no seu preço de venda por apresentar defeitos, problemas na qualidade, dentre outros. Impostos Incidentes sobre as Vendas, valores que a empresa é obrigada a recolher ao fi sco sobre as suas vendas brutas, reduzindo, assim, o seu valor da receita de vendas, como ICMS, PIS, COFINS, IPI e ISS. c) Custos operacionais: são os valores que estão diretamente relacionados à valorização dos estoques das empresas, pois representam a baixa efetuada nesse grupo pelas vendas realizadas no período. Estes custos operacionais estão classifi cados de acordo com a atividade da empresa e é classifi cado em Custo das Mercadorias Vendidas (CMV). d) Despesas operacionais: sobre este grupo de contas Iudícibus e Marion (2002, p. 199) esclarecem que “as Despesas Operacionais se constituem das despesas pagas ou incorridas para vender produtos e administrar a empresa; e 41 Finanças Empresariais Capítulo 1 dentro do conceito da Lei n. 6.404-76, abrangem também as despesas líquidas para fi nanciar suas operações; os resultados líquidos das atividades acessórias da empresa são também considerados operacionais”. O art. 187 da Lei n. 6.404-76 estabelece que, para se chegar ao lucro operacional, serão deduzidas as “despesas com as vendas, as despesas fi nanceiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas e outras despesas operacionais” (BRASIL, 1976). Nas contas de resultado, a estrutura da DRE se apresenta da seguinte forma: O art. 187 da Lei n. 6.404-76 estabelece que, para se chegar ao lucro operacional, serão deduzidas as “despesas com as vendas, as despesas fi nanceiras, deduzidas das receitas, as despesas gerais e administrativas e outras despesas operacionais” (BRASIL, 1976). MODELO DA DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO RECEITA OPERACIONAL BRUTA Vendasde Produtos Vendas de Mercadorias Prestação de Serviços (-) DEDUÇÕES DA RECEITA BRUTA Devoluções de Vendas Abatimentos Impostos e Contribuições Incidentes sobre Vendas = RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA (-) CUSTOS DAS VENDAS Custo dos Produtos Vendidos Custo das Mercadorias Custo dos Serviços Prestados = RESULTADO OPERACIONAL BRUTO (-) DESPESAS OPERACIONAIS Despesas com Vendas Despesas Administrativas (-) DESPESAS FINANCEIRAS LÍQUIDAS Despesas Financeiras (-) Receitas Financeiras Variações Monetárias e Cambiais Passivas (-) Variações Monetárias e Cambiais Ativas 42 Administração Financeira OUTRAS RECEITAS E DESPESAS Resultado da Equivalência Patrimonial Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante (-) Custo da Venda de Bens e Direitos do Ativo Não Circulante = RESULTADO OPERACIONAL ANTES DO IMPOSTO DE RENDA E DA CONTRIBUIÇÃO SOCIAL E SOBRE O LUCRO (-) Provisão para Imposto de Renda e Contribuição Social Sobre o Lucro = LUCRO LÍQUIDO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES (-) Debêntures, Empregados, Participações de Administradores, Partes Benefi ciárias, Fundos de Assistência e Previdência para Empregados. (=) RESULTADO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO Fonte: Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/guia/ demonstracaodoresultado.htm>. Acesso em: 13 mar. 2016. Observe que do Resultado Operacional Bruto são deduzidas as Despesas Operacionais, logo após, há o reconhecimento das Receitas e Despesas fi nanceiras para servir de base para o lucro antes dos impostos como IRPJ-Imposto de Renda Pessoa Jurídica e CSLL-Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Também não podemos esquecer que na última linha da Demonstração do Resultado do Exercício, seja Lucro ou Prejuízo, o resultado sempre deverá ser transferido para o Balanço Patrimonial no grupo do Patrimônio Líquido em uma conta de “Lucros ou Prejuízos Acumulados”. No entanto, deve-se reforçar que, segundo a Lei n. 6.404/76 (BRASIL, 1976), com suas posteriores atualizações, não se deve ter mais saldo na conta Lucros Acumulados (patrimônio líquido), portanto, deve-se distribuir o lucro para as reservas ou como dividendos para os acionistas. Contudo, durante o ano é possível que essa conta tenha saldo e acumule o lucro durante o ano, mas no fi nal do ano (31/12) não deve ter saldo. Receitas A Receita pode ser explicada como um fl uxo de elementos para o Ativo, na forma de dinheiro, títulos a receber ou outros tipos de bens e dinheiros provenientes de terceiros, estando sempre relacionada à venda de mercadorias ou produtos, ou à prestação de serviços. Uma receita também pode provir de investimentos: a empresa pode, por Uma receita também pode provir de investimentos: a empresa pode, por exemplo, receber juros relativos a depósitos bancários ou a títulos emitidos por terceiros e de sua propriedade. 43 Finanças Empresariais Capítulo 1 exemplo, receber juros relativos a depósitos bancários ou a títulos emitidos por terceiros e de sua propriedade. Ver o Novo Código Civil, Lei n. 10.406/2002, art. 1.267, que aborda sobre o conceito da propriedade e tradição nas operações empresariais. As receitas representam os valores provenientes das operações de uma empresa, que ela recebe ou tem previsão de receber. Por exemplo: receitas de serviços, receita de aluguel, receita de vendas, receitas fi nanceiras, etc. Uma receita sempre resulta no aumento do Patrimônio Líquido, portanto, o aumento do Ativo compensado pelo aumento do Passivo. Por sua vez, a diminuição do Ativo pode ser gerada pelo pagamento de algum compromisso fi nanceiro (do Passivo). Note que o Patrimônio Líquido pode ser aumentado de outra maneira que não por meio de uma receita. Por exemplo, o aumento do capital, por parte dos sócios ou proprietários, leva ao aumento do Patrimônio Líquido, mas não é receita, pois não é um ganho decorrente das atividades da empresa. Despesas As despesas possuem a conotação ou o mesmo entendimento de custos, podendo, muitas vezes, serem confundidos. Porém os custos são os gastos que compõem um produto e as despesas são todos os gastos necessários para a empresa obter receitas. São os esforços que a empresa tem para fazer a “máquina” girar. Na defi nição de Martins (2000, p. 26) as despesas são “bem ou serviço consumidos direta ou indiretamente para a obtenção de receitas”. Imaginemos que a empresa teve determinados gastos, chamados de CUSTO DE PRODUÇÃO, para fabricar um produto. A partir do instante em que estes produtos estão prontos para a venda, é preciso que a empresa incorra em outros gastos para fazer com que os Na defi nição de Martins (2000, p. 26) as despesas são “bem ou serviço consumidos direta ou indiretamente para a obtenção de receitas”. 44 Administração Financeira produtos cheguem até ao mercado consumidor (consumidor fi nal). Esses gastos poderão ser os salários dos vendedores, encargos sociais desses salários, as comissões sobre vendas, entre outros. CUSTOS São os gastos para a empresa criar ou fabricar os produtos. DESPESAS São os gastos envolvidos no esforço para a geração de receitas. Então, podemos compreender que a comissão do vendedor e os impostos, por exemplo, são gastos que se tornam imediatamente despesas, pois incidem assim que a empresa faturar os produtos vendidos. Isso que dizer que se for realizado um faturamento (um esforço de venda) ocorrerão despesas com impostos sobre as vendas e despesas com a comissão do vendedor. Outro exemplo, um administrador faz propaganda esperando atrair clientes, contrata empregados a fi m de ser servido por eles, aluga locais onde possa estabelecer seus negócios — em todas essas atividades ele utiliza bens ou serviços com o objetivo de gerar receita, incorrendo, portanto, em uma despesa. Vamos imaginar agora um computador utilizado no setor de contas a pagar e contas a receber da empresa. Este equipamento não é utilizado para a produção, mas sim para controlar as atividades relacionadas ao setor fi nanceiro da empresa. Veja a sequência de procedimentos: ADMINISTRATIVO Computador do Setor Contas a Pagar e a Receber Gera Depreciação Atividades de Controle Administrativo Controle das Contas a Pagar e a Receber. As atividades do Setor Administrativo servem para controlar as atividades necessárias do SETOR ADMINISTRATIVO/FINANCEIRO, como os controles de Contas a Pagar e a Receber da empresa. Essa depreciação gerada não é custo da produção, e sim despesa do período. As despesas são itens que reduzem o Patrimônio e têm a característica de representar sacrifícios no processo de obtenção de receitas. Todas as empresas 45 Finanças Empresariais Capítulo 1 possuem despesas que são decorrentes da geração de receitas, enquanto os gastos decorrentes da produção de bens e serviços são chamados de custos. Vamos imaginar um equipamento usado na fábrica para a produção de um produto. Inicialmente, é considerado um investimento, posteriormente, é considerado parcialmente como custo e na venda do produto torna-se uma despesa. Logo, todas as despesas são ou foram gastos. Conforme Martins (2000), gasto é a compra de um produto ou serviço qualquer que gera sacrifício fi nanceiro (desembolso), sendo representado pela entrega ou promessa de entrega de ativos (normalmente dinheiro). Então, os valores dos gastos desse equipamento utilizado na fábrica, que aqui pode ser chamado de depreciação, são considerados custos. Pois ao comprar algo, a empresa tem um gasto, se esse gasto é utilizado na fábrica, passa a ser custo, e se for relacionado à área administrativa, passa a ser considerado despesa. Embora as despesas diminuam o Patrimônio Líquido, elas são levadas a efeito na ex pectativa de que as receitas a que darão origem produzam aumentos do Patrimônio Líquido maiores do que as diminuições produzidas pelas despesas. DEPRECIAÇÃO São os gastos com o uso do bem. Se a empresa utilizar um bem, ele acaba gastando seu
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