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HIPERTENSÃO INTRACRANIANA Bases Téoricas para o Cuidado Profª Simone Pereira Machado MONITORIZAÇÃO DA PRESSÃO INTRACRANIANA ( PIC ) Pode ser medida utilizandose cateteres de fibra óptica ou cateteres de polietileno ou silicone. LOCAIS DE INSERÇÃO DO CATETER ➲ Ventricular ➲ Parenquimatoso ➲ Subaracnóideo ➲ Subdural ➲ Epidural Hipertensão Intracraniana ➲ Pode resultar de inúmeras condições clínicas: ● Traumatismo crânioencefálico ( TCE) ● Hemorragias intracranianas ● Acidente cerebral isquêmico (AVCI) ● Acidente vascular cerebral hemorrágico (AVCH) ● Neoplasias do Sistema Nervoso Central ● Infecções ● Alterações na produção/absorção do LCR ● Lesões tóxicometabólicas NOTA: Atualmente, o TCE é a principal causa de HIC, liderando as causas de morte por lesões do SNC Hipertensão Intracraniana ➲ Considerações Gerais ● Após o estabelecimento da lesão inicial ou primária ao encéfalo, desenvolvese uma série de lesões inflamatórias subsequentes, denominadas de lesões secundárias, que são frequentes e importantes, pois podem aumentar os danos causados pelas lesões primárias. Hipertensão Intracraniana ➲ Considerações Gerais ● A lesão primária causa perda na regulação do fluxo sanguíneo encefálico, levando ● à hipóxia tecidual ● Perda da integridade da barreira hematoencefálica ● Edema cerebral ● Hipertensão intracraniana ● As lesões secundárias, que compreendem os distúrbios metabólicos, hemodinâmicos e ventilatórios que se instalam após a lesão primária, podem ser muito mais devastadoras que as primárias. Hipertensão Intracraniana ➲ É importante salientar que muitas das lesões secundárias podem ser prevenidas ou tratadas precocemente, aumentando as chances de recuperação dos pacientes com lesões primárias cerebrais. ➲ Para isso, a monitoração neurológica e as intervenções efetivas fundamentadas no conhecimento das bases fisiológicas da dinâmica intracraniana são essenciais para o sucesso do tratamento do paciente. Hipertensão Intracraniana ➲ Entender os pricípios da dinâmica cerebral é importante no manejo desses pacientes, como também conhecer os fatores envolvidos no dano neurológico que se relacionam com a pressão intracraniana (PIC), regulação do fluxo sanguíneo cerebral (FSC), formação de edema cerebral e alterações no LCR Hipertensão Intracraniana ➲ PRESSÃO INTRACRANIANA (PIC) ● O Crânio é um “recipiente” rígido, quase totalmente fechado, preenchido pelo encéfalo, sangue e LCR ● O encéfalo pesa aproximadamente 1400 g e ocupa 80% do conteúdo intracraniano, o sangue de 10% a 12% (100 ml) e o LCR de 8% a 10% (entre 90 a 150 ml) Hipertensão Intracraniana ➲ A PIC pode ser definida como a pressão sob a qual os componentes intracranianos são mantidos dentro da caixa craniana. ➲ O valor numérico da mensuração é o resultado do equilíbrio a que estão submetidos as meninges, o parênquima, o sangue e o LCR ➲ Em termos mecânicos podemos dizer que, quando a complacência é adequada, o compartimento intracraniano é capaz de usar mecanismos compensatórios para prevenir um aumento da PIC Hipertensão Intracraniana ➲ Um aumento no volume do parênquima, sangue ou LCR não produz inicialmente o aumento na PIC, pois os conteúdos intracranianos possuem a capacidade de absorver de 100 a 150 ml do novo volume intracraniano, sem desenvolver HIC. ➲ Se a complacência estiver diminuída, mesmo que o aumento de volume de qualquer componente do conteúdo intracraniano seja pequeno, há uma grande elevação na PIC Hipertensão Intracraniana ➲ No adulto, a PIC normal varia entre 0 e 15 mmHg, com um valor médio normal de 10 mmHg. ➲ Em muitos protocolos, a PIC maior que 20 mmHg é considerada HIC ➲ Se a PIC for maior que 20 mmHg e persistir por 5 min. Ou mais, é definida como HIC sustentada. ➲ O valor isolado da PIC, sem as medidas de demanda metabólica, não informa sobre o hemometabolismo cerebral. ➲ Atualmente, na maioria dos pacientes com monitoração da PIC, também é realizada de rotina a monitoração da saturação da oxihemoglobina do bulbo jugular (SjO2) e da extração cerebral de Oxigênio ( ECO2) Hipertensão Intracraniana ➲ FLUXO SANGUÍNEO CEREBRAL (FSC) ● O FSC é de aproximadamente 750 ml/min. (54 ml/100g de tecido/min.), o que significa que 15% a 20% do débito cardíaco é destinado a este órgão, que corresponde a penas 2% a 3% do peso corporal total. ● A taxa metabólica cerebral de oxigênio (CMRO2) é de aproximadamente 46 ml/min. (3,3 ml/100g/min.), o que corresponde a 18 % de todo oxigênio obtido pelos pulmões. ● Estes dados demonstram a intensa atividade metabólica do SNC e sua vulnerabilidade em situação de falência circulatória e respiratória. Hipertensão Intracraniana ● O FSC sofre variações na dependência direta da pressão parcial de CO2 no sangue arterial (PaCO2), pressão arterial média (PAM) e de pressão parcial de O2 no sangue arterial (PaO2). ● PaCO2 ● O Co2 modifica o diâmetro do vaso sanguíneo e o fluxo sanguíneo cerebral; ● O mecanismo mais provável é que a molécula de CO2 ao atravessar a barreira hematoencefálica (BHE) acidifique o LCR perivascular, reduzindo a contractilidade da fibra muscular do vaso sanguíneo encefálico; ● Esta situação começa a normalizar de 4 a 6h, quando o pH liquórico se restabelece através do equilíbrio lento com o sangue, sendo esta compensação total de 24 a 36h. Hipertensão Intracraniana ● Se por um lado a acidose ou alcalose respiratórias modificam imediatamente o FSC, por outro a acidose e alclose metabólicas têm pouco efeito sobre o FSC se a BHE está íntegra, pois não há passagem imediata de íon H+ ou bicarbonato para o LCR ● A variação de 1 mmHg na PaCO2 modifica o FSC de 2% a 3% dentro de um limite de PCO2 entre 25 a 80 mmHg. ● A hiperventilação diminui a PaCO2, que leva à diminuição do FSC, enquanto a hipoventilação, aumenta a PaCO2 e o FSC. Hipertensão Intracraniana ➲ PRESSÃO ARTERIAL MÉDIA (PAM) ● O MECANISMO QUE MANTÉM O FSC CONSTANTE APESAR DA VARIAÇÃO DA PAM É COMHECIDO COMO AUTOREGULAÇÃO PRESSÓRICA; ● ESTA AUTOREGULAÇÃO É EFETIVA ENTRE OS LIMITES DE PAM DE 50 A 150 mmHg; ● ENQUANTO UM AUMENTO PRESSÓRICO DÁ ORIGEM À CONSTRIÇÃO VASCULAR, A QUEDA PRESSÓRICA CAUSA DILATAÇÃO VASCULAR, PARA QUE O FSC SE MANTENHA ADEQUADO Hipertensão Intracraniana ➲ PaO2 ● A hiperóxia modifica pouco o FSC, diminuindo em apenas 10% quando PaO2 está entre 200 a 300 mmHg; ● A hipóxia acentuada (PaO2< 50 mmHg) promove vasodilatação cerebral, aumento do FSC e do volume sanguíneo cerebral; ● Sob circunstâncias normais, para manutenção da integridade celular, a necessidade de oxigênio para consumo cerebral é de 30% a 40%; ● O restante é usado para o trabalho eletrofisiológico; ● A energia necessária para a manutenção da integridade celular do neurônioé diretamente relacionada à temperatura cerebral. Hipertensão Intracraniana ● Em geral, um declínio de 10% associase com queda da taxa de consumo de oxigênio cerebral de 50%; ● Na prática clínica isso significa que a depressão metabólica produzida pela hipotermia pode fornecer alguma proteção cerebral em pacientes adequadamente selecionados; ● Igualmente, uma elevação na temperatura pode aumentar o risco de lesão cerebral permanente; ● O consumo de oxigênio pode também ser alterado quando há alterações no nível da atividade elétrica; ● Depressão profunda da atividade, como a produzida por doses elevadas de barbitúricos ou benzodiazepínicos, suficientes para gerar um EEG com atividade suprimida, podem reduzir o consumo de oxigênio em até 50%. Hipertensão Intracraniana ● A agitação psicomotora e as crises convulsivas aumentam significantemente o consumo de oxigênio ● O FSC tem relação direta com a pressão de perfusão cerebral (PPC) e indireta com a resistência vascular cerebral (RVC). FSC = PPC x RVC1 O FSC é, ainda, diretamente proporcional à demanda metabólica do tecido nervoso, o que se denomina de autoregulação metabólica Hipertensão Intracraniana ➲ AUTOREGULAÇÃO ● Para atender a demanda metabólica,o sistema vascular cerebral é capaz de se autoregular; ● Este acoplamento entre oferta e o consumo de oxigênio é chamado de autoregulação metabólica; ● Em condições normais, o FSC permanece constante entre uma variação da pressão arterial média de 50 a 150 mmHg; ● Essa autoregulação assegura um fluxo cerebral constante através dos vasos cerebrais, alterando o diâmetro dos vasos em resposta à mudança na pressão arterial. ● Esse é um mecanismo protetor cerebral para as constantes flutuações da pressão sanguínea. Hipertensão Intracraniana ➲ AUTOREGULAÇÃO ● Em condições fisiológicas, uma queda da PPC é compensada com vasodilatação e uma elevação da PPC, por vasoconstrição; ● Esses ajustes são regulados principalmente pela demanda metabólica, pela inervação simpática e parassimpática e pela concentração de algumas substâncias como adenosina, óxido nítrico, PaO2 e PaCO2 Hipertensão Intracraniana ➲ AUTOREGULAÇÃO ● Quando a autoregulação é perdida, o FSC flutua de acordo com a pressão arterial sistêmica; ● Qualquer atividade que propicie aumento na pressão arterial, como tosse, aspiração, agitação em pacientes que estejam com autoregulação interrompida pode causar um aumento no FSC, e consequentemente aumento na PIC. Hipertensão Intracraniana ➲ PPC (PRESSÃO DE PERFUSÃO CEREBRAL) ● A PPC é definida como a diferença entre a pressão ● arterial média (PAM) e a pressão intracraniana (PIC). ● A PPC normal em adultos é de cerca de 70 a 95 mmHg e em crianças de 60 a 80 mmHg; ● Quando a PPC cai para menos de 60 aparecem sinais evidentes de isquemia e atividade elétrica reduzida. PPC= PAM PICPPC= PAM PIC PAM= PS + 2X PD 3 Hipertensão Intracraniana ➲ PPC (PRESSÃO DE PERFUSÃO CEREBRAL) ● A adequação do FSC também pode ser medida pela saturação do bulbo jugular (SjvO2); ● A SjvO2 é a saturação venosa do sangue que deixa o cérebro na base do crânio, e sua variação normal é de 55% a 75%; ● Se o FSC está diminuído abaixo de um nível crítico, o sangue venoso que deixa o cérebro também terá uma SjvO2 baixa; ● Em outras palavras, quando a PPC está inadequada para o consumo de oxigênio cerebral, a SjvO2 cai demonstrando uma maior extração de oxigênio pelo cérebro. Hipertensão Intracraniana ➲ BARREIRA HEMATENCEFÁLICA (BHE) ● Do ponto de vista estrutural, o capilar encefálico não é fenestrado como os demais capilares do organismo, estando suas células endoteliais aderidas por “junções apertadas”, o que torna as trocas entre o intra e o extravascular extremamente seletivas; ● Essa característica anatomofuncional dos capilares encefálicos constitui a BHE; ● A BHE é mais permeável a água, gases (O2 e CO2) e a glicose; ● Esta seletividade inibe o acesso de substâncias utilizadas no tratamento ds diversas patologias neurológicas NOTA: O TCE, tumores do SNC, radiação e deter minadas lesões infecciosas e metabólicas alteram a permeabilidade da BHE Hipertensão Intracraniana Hipertensão Intracraniana ➲ EDEMA CEREBRAL ● A causa mais comum de aumento da PIC é o edema cerebral; ● Quase todas as formas de lesão cerebral são acompanhdas do aumento do conteúdo de água do encéfalo; ● Seja qual for seu mecanismo, este é denominado edema cerebral, que pode ser localizado ou difuso e estar associado com o aumento da PIC; ● O termo edema cerebral referese ao acúmulo de água intersticial e intracelular; ● Em muitas situações clínicas, ocorre fundamentalmente vasodilatação, daí o uso do termo inchaço cerebral. Hipertensão Intracraniana ➲ EDEMA CEREBRAL ● Os tipos básicos de edema cerebral são o edema citotóxico, vasogênico e o intersticial. ● EDEMA CITOTÒXICO – caracterizase pelo acúmulo de água no compartimento intracelular, devido ao seu influxo anormal, por falha na bomba Na+/K+ da membrana celular. È mais importante na substância cinzenta e ocorre nas situações em que há déficit na oferta de substrato (anóxia, hipoglicemia) e também na insuficiência hepática e hiponatremia; ● EDEMA VASOGÊNICO – acúmulo de água, íons e proteínas plasmáticas no espaço extracelular da substância branca; ocorre devido à perda da integridade da BHE (tumores, processos inflamatórios, TCE); ● EDEMA INTERSTICIAL – 0corre no tecido periventricular quando a pressão intraventricular é maior que a capacidade da célula epêndimal de conter o LCR dentro do ventrículo; ● Isso força o LCR através do tecido epêndimal para a substância branca periventricular Hipertensão Intracraniana ➲ EDEMA CEREBRAL ● EDEMA INTERSTICIAL – aparece associado com a hidrocefalia aguda ou subaguda e possivelmente com HIC benigna NOTA: * Nas agressões hipóxicas, a vasculatura encefálica reage fisiologicamente com vasodilatação, porém se a autoregulação estiver comprometida esta vasodilatação gera uma quantidade exagerada de sangue caracterizando um estado de hiperemia. * Esta é uma situação que difere dos tipos de edemas já mencionados, por ser um fenômeno vascular e capaz de aumentar subitamente a PIC, também denominado de inchaço cerebral ou “brain swelling”. Hipertensão Intracraniana ➲ HERNIAÇÃO CEREBRAL ● O aumento da PIC altera também os gradientes de pressão nos diferentes compartimentos intracranianos, produzindo as hérnias cerebrais; ● As manifestações clínicas das hérnias encefálicas obedecem a uma sucessão de sinais e sintomas que se modificam à medida que o deslocamento ocorre, afetando diferentes estruturas neurais; ● As hérnias cerebrais são acompanhadas de compressão vascular arterial e consequente isquemia, o que piora o prognóstico; ● As hérnias são classificadas conforme a localização supratentorial e infratentorial Hipertensão Intracraniana ➲ SINAIS E SINTOMAS DA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA (HIC) : Os sintomas e sinais específicos de HIC dependem de vários fatores, tais como: ● Localização da lesão quanto ao compartimento encefálico (supratentorial ou infratentorial); ● Localização da massa expansiva (hemisfério cerebral, tronco encefálico, cerebelo); ● Grau de compensação intracraniana (complacência) Hipertensão Intracraniana ➲ TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA O tratamento da HIC pode ser realizado com a finalidade de tratar a causa primária da elevação da PIC, como a remoção cirúrgica de hematomas, tumores ou a drenagem de uma hidrocefalia. Estas medidas são suficientes para baixar a PIC e reverter herniações cerebrais, melhorando o prognóstico e a evolução destes pacientes. Hipertensão Intracraniana ➲ TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA ● O tratamento da HIC é uma combinação de vários tipos de terapias e, embora haja diversos protocolos, medidas para reduzir a HIC devem ser iniciadas quando a PIC for maior ou igual a 20 mmHg; Os algoritimos de tratamento da HIC são divididos em : ● Tratamento convencional da HIC ● Tratamento nãoconvencional da HIC (HIC refratária) Hipertensão Intracraniana ➲ TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA ● No tratamento convencional é incluído: ● Drenagem do LCR ● Administração do manitol ● Suporte respiratório ● Sedação e analgesia ● No tratamento nãoconvencional é incluído: ● Hipotermia ● Coma barbitúrico ● Hiperventilação otimizada ● Solução fisiológica hipertônica ● Craniotomia descompressiva Hipertensão Intracraniana ➲ TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA Apesar dos vários tipos de protocolos, os objetivos do tratamento do paciente com HIC são os mesmos, ou seja, manter os níveis da PIC menores que 20 mmHg, otimizar a PPC e evitar as herniações encefálicas. Hipertensão Intracraniana ➲ TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA ● DRENAGEM DO LCR ● A drenagem do LCR ventricular ou drenagem ventricular externa (DVE) é um meio rápido e efetivo de diminuir a PIC, principalmente em pacientes com traumatismos cranianos graves; ● É necessário que haja tamanho suficiente do ventrículo para permitir a colocação do cateter ● O catéter é geralmente colocado na posição frontal do ventrículolateral direito e acoplado a um transdutor de pressão, o que permite a monitoração da PIC e ou drenagem contínua ou intermitente do LCR Hipertensão Intracraniana ➲ TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA ● DRENAGEM DO LCR ● A altura da bolsa de drenagem é ajustada para ser colocada entre 0 a 15 cm acima do ponto de referência, que geralmente é o meato auditivo (acústico) externo ou tragus do ouvido do paciente NOTA: A altura da bolsa de drenagem é importante para determinar a drenagem ou não do LCR, que somente ocorre quando a PIC excede a altura da coluna do líquido. Hipertensão Intracraniana ➲ TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA ● SUPORTE VENTILATÓRIO Já falado na aula anterior ● DIURÉTICOS OSMÓTICOS ● O manitol atua adicionando uma solução muito hipertônica (20% a 25%¨) ao sangue (solução a 0,9%), causando um aumento rápido na osmolaridade do líquido extracelular; ● A BHE impede que o manitol saia do espaço intravascular, criando, desta forma, um gradiente para a água proveniente dos espaços extra e intracelular do tecido cerebral para o espaço intravascular; ● Esse mecanismo causa a diminuição da PIC em situações agudas de HIC; ● Outro efeito do manitol está relacionado ao seu efeito diurético osmótico Hipertensão Intracraniana ➲ TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA ● DIURÉTICOS OSMÓTICOS ● O manitol está recomendado quando há aumento da PIC, com uma SjvO2< 55% ou ECO2>42%; ● A administração recomendadaé um bolus, na dose de 0,25g a 1g/Kg, numa infusão em torno de 10 min. ● Seu efeito osmótico ocorre de 15 a 30 min., com uma duração de 90 min. a 6h; ● A infusão contínua não é recomendada, pois na presença de quebra da BHE o manitol é absorvido pelo tecido cerebral, criando um gradiente osmótico reverso, com acúmulo de líquidos no tecido cerebral, piora do edema vasogênico e aumento da PIC Hipertensão Intracraniana ➲ TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA ● DIURÉTICOS OSMÓTICOS ● Uma das principais complicações do manitol é a hipovolemia, causada pelo efeito diurético; ● Atenção especial deve ser dada à reposição volêmica, com controle da PVC e da pressão de oclusão da artéria pulmonar (POAP mantida de 10 a 15 mmHg) ● Outra complicação é a insuficiência renal aguda, causada pela osmolalidade plasmática, devendo ser monitorizada e mantida menor que 320 mOsm/l; ● Outras complicações da terapia são: ● Insuficiência Cardíaca Congestiva ● Edema pulmonar ● Desidratação hiperosmolar ● Hipotensão arterial ● Desequilíbrio hidroeletrolítico (hiponatremia e hipocalemia) Hipertensão Intracraniana ➲ TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA ● SEDAÇÃO E BLOQUEIO NEUROMUSCULAR ● O uso de sedativos como opiáceos (fentanil, morfina), benzodiazepínicos (midazolan, lorazepam, diazepam) ou propofol, bem como de bloqueadores neuromusculares sistêmicos (succinilcolina, vecurônio, pancurônio) objetiva a redução do metabolismo cerebral, da atividade muscular e consequentemente da PIC; ● Há evidências que o uso prolongado de sedativos e bloaqueadores neuromusculares esteja relacionado a um maior tempo de permanência na UTI, como também ao maior nº de complicações durante a internação; ● Uma das principais complicações da sedação é a hipotensão arterial; ● Por outro lado, a agitação, ansiedade ou posturas patológicas espontâneas podem contribuir para a elevação da PIC. Hipertensão Intracraniana ➲ TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA ● HEPERVENTILAÇÃO ● Já foi descrito na aula anterior ➲ CORTICOSTERÓIDES ● Os corticosteróides são bem conhecidos por reduzir o edema cerebral peritumoral e podem ser úteis no tratamento do edema da retração do cérebro durante o pósop. de neurocirurgia; ● Os tumores intracranianos frequentemente causam uma abertura da BHE, provocando extravazamento de água e plasma no espaço extracelular, resultando em edema cerebral do tipo vasogênico; ● Muitas vezes o edema gera mais o efeito de massa, com piora da HIC, que o próprio tumor. Hipertensão Intracraniana ➲ TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA ➲ CORTICOSTERÓIDES ● A melhora do quadro clínico é geralmente acompanhada pela redução do edema, em resposta ao uso do corticóide; ● A dexametasona, 4 mg de 6 x 6h por via oral ou intravenosa, é a droga de escolha no tratamento dos pacientes com tumores cerebrais e edema peritumoral, bem como na maioria dos pacientes de cirurgias intracranianas; NOTA: Nos casos de HIC por TCE, acidente vascular encefálico e hemorragia intracerebral, os estudos falharam em mostrar qualquer benefício dos esteróides, tanto na redução da PIC como na diminuição da morbidade dos pacientes. Hipertensão Intracraniana ➲ TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA ➲ BARBITÚRICOS ● A finalidade de induzir o paciente ao coma barbitúrico é diminuir a taxa de metabolismo cerebral, com consequente diminuição no consumo de O2 e, assim, do FSC, volume sanguíneo cerebral e PIC; ● As recomendações atuais são de que o Tiopental ou pentobarbital sejam considerados para o tratamento da HIC refratária a todas as outras terapias clínicas ou cirúrgicas; ● A dose inicial é de 5 a 10 mg/Kg/hora em 15 a 30 min., seguida por infusão contínua, de 1 a 4 mg/Kg/h; ● A indução ao coma barbitúrico está associado a algumas complicações, como hipotensão arterial, hipocalcemia, disfunção renal e hepática, pneumonia e sepse; Hipertensão Intracraniana ➲ TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA ➲ HIPOTERMIA ● Em relação a outras terapias, são promissoras as evidências clínicas sugestivas da efetividade da hipotermia moderada (32 a 34º) na redução da HIC; ● Há relatos do uso da hipotermia como um último recurso após tratamento com barbitúricos e falha de outros tratamentos convencionais, ou ainda como tratamento inicial na prevenção de lesão cerebral secundária após TCE; ● De um modo geral, todos os ensaios clínicos vêm mostrando que a hipotermia conduz a uma diminuição significativa da PIC, porém ainda há estudos clínicos randomizados que apóiem a utilização desta modalidade terapêutica como evidência indiscutível. Hipertensão Intracraniana ➲ TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA ➲ SOLUÇÃO FISIOLÓGICA HIPERTÔNICA ● Recentemente a solução fisiológica hipertônica está sendo indicada como uma alternativa ao manitol, no tratamento da HIC; ● Soluções fisiológicas de 1,25% a 3% e 7,5% podem ser utilizadas na forma contínua e a 23% em forma de bolus (50 ml em 10 min.); ● A solução hipertônica é administrada por via IV, causando um aumento no gradiente osmótico e os seguintes efeitos: ● Redução do conteúdo cerebral de água ● Redução do edema endotelial e glial ● Diminuição da HIC NOTA: Durante a sua utilização devese monitorar o nível sérico do sódio (Na+ sérico < 160 mEq/l) e da osmolalidade plasmática (< 320 mOsm/l) Hipertensão Intracraniana ➲ TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA ➲ CIRURGIA DESCOMPRESSIVA ● A indicação da cirurgia descompressiva está diretamente relacionada à falha dos tratamentos clínicos já descritos; ● A não manutenção de uma PIC próxima aos seus valores normais, bem como do risco eminente de herniação cerebral, dilatação irreversível das pupilas e possível evolução para morte encefálica, fazem do tratamento cirúrgico mais uma opção na HIC grave; ● A cirurgia descompressiva pode ser realizada de duas formas: ● Cirurgia descompressiva interna – ocorre remoção de tecido cerebral (lobectomia temporal) ● Cirurgia descompressiva externa (craniectomia) há remoção da tábua óssea e alargamento do espaço subdural por interposição de substitutos de duramáter. Hipertensão Intracraniana ➲ TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO INTRACRANIANA ➲ CIRURGIA DESCOMPRESSIVA ● Dados da literatura sugerem que o ideal é que a cirurgia descompressiva seja realizada com níveis de PIC não muito superiores a 25 a 30 mmHg e também, antes do aparecimento da midríase; ● Em níveis de 30 mmHg ou mais, o intenso inchaço cerebral intraoperatório dificulta tanto a cirurgia como também, piora o prognóstico no pósop. Descompressão cranianaCUIDADOS DE ENFERMAGEM ➲ Realizar curativo diariamente ➲ Não molhar na hora do banho ➲ Fixar o transdutor na cama para prevenir a quebra do cateter ➲ Ter muito cuidado na manipulação do paciente para evitar lesão no cateter
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