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Hipe�tensã� Intracranian� (HIC) • INTRODUÇÃO É o aumento da pressão intracraniana (PIC). A PIC permite que o sangue chegue ao encéfalo, levando nutrientes e oxigênio. Um aumento da resistência ao sangue poderia gerar isquemia cerebral. Complicação devastadora da injúria neurológica primária: HIC é uma injúria neurológica secundária que deve ser prevenida para evitar complicações. Emergência médica: principal causa de morte em pacientes neurocirúrgicos e neurológicos também. Principais causas: - TCE grave; - Acidente vascular encefálico isquêmico (AVEi) extenso – lesão de artéria de grande calibre; - Acidente vascular encefálico hemorrágico (AVEh) - Neoplasias intracranianas; - Hidrocefalia; - Infecção. • PRESSÃO INTRACRANIANA (PIC) Pressão exercida pelo conteúdo do crânio nesse compartimento • CONTEÚDO - Encéfalo: 80% - Sangue: 10% (70% venoso) - Líquor: 10% produzido no plexo coróide na velocidade de 20 ml/h (500 ml/dia) AUMENTO DE QUALQUER UM DOS COMPONENTE PODE GERAR O QUADRO DE HIC Volume total do conteúdo craniano: constante (1400 a 1700 ml). • VALORES Normal: < 20 mmHg no adulto (ideal e seguro <15 mmHg). • CAUSAS DE HIC Clar� Marque� Santan� - Transcriçã� d� aul� d� neurologi� • Aumento da massa encefálica: tumor cerebral. • Aumento de sangue: vasodilatação (brain sweling) , hiperemia encefálica, edema (comum no TCE). • Aumento de líquor: aumento de produção ou insuficiência de drenagem (hidrocefalia). • Aumento de massa externa: TCE causando hematomas, higromas (coleção de líquor no espaço subdural). • MECANISMOS DE COMPENSAÇÃO 1 – Diminuição de sangue venoso encefálico para o espaço extracraniano: - O sangue arterial entra no encéfalo e o sangue venoso sai. - O sangue venoso é alterado porque não pode alterar o arterial. Além disso, 70% do sangue do encéfalo é venoso, logo a liberação dele gera maior alívio na PIC. - Aumento da drenagem do sangue venoso para a veia jugular, liberando espaço no encéfalo. - Elevação da cabeceira da cama 30°- 40°, aumentando o retorno venoso e liberando sangue venoso do cérebro. 2 – Expulsão de líquor dos ventrículos e cisternas para o espaço subaracnóideo: - Sumiço das cisternas, ventrículos, sulcos apagados drenagem para o espaço subaracnóideo alívio na PIC Doutrina de Monroe-Kelie: - O encéfalo reside em um compartimento inelástico, ou seja, o volume intracraniano deve permanecer constante, por meio de mecanismo de compensação, ou haverá aumento da pressão intracraniana. Clar� Marque� Santan� - Transcriçã� d� aul� d� neurologi� - Aumento de uma massa no encéfalo= aumento da expulsão de sangue venoso e de líquor= mantém a PIC normal. - Massa continua aumentando e não tem como mais compensar com expulsão de líquor e de sangue venoso = aumento da PIC. • Compensação do aumento da PIC até certo ponto, com limites, após isso, haverá HIC! Curva de Langfitt: Clar� Marque� Santan� - Transcriçã� d� aul� d� neurologi� 1 – Fase inicial: processo expansivo intracraniano = expulsão do líquor e do sangue venoso (mecanismos de compensação atuantes) = , sem aumento da PIC. 2 – Fase de descompensação: nesta fase praticamente não há mais líquor e sangue venoso no compartimento intracraniano. O mecanismo de compensação cessa aqui, mas a PIC ainda está normal. Reflexo de Cushing= aumento da pa, alteração do padrão respiratório, altera fequência cardíaca (bradicardia) = reação do organismo à PIC 3 – Fase exponencial: nesta fase há um aumento exponencial do volume sanguíneo encefálico (VSE), certamente em virtude da cascata vasodilatadora. O volume sanguíneo encefálico (VSE) aumenta a PIC até que ela se iguale à pressão arterial média (PAM), quase levando o fluxo sanguíneo encefálico (FSE) a zero. A lesão ainda é reversível. Presença de hipóxia isquêmica ( baixo fluxo) = acidose tecidual + vasodilatação arteriolar = cascata vasoditatadora 4 – Fase de vasoplegia: herniação cerebral irreversível. Pic = Pam = infarto tecidual ( não perfusão devido à paralisia vasomotora ( vaso dilata ao extremo) • HERNIAÇÕES O crânio é um tecido ósseo que não expande no adulto, ao contrário das crianças, porque ainda não ocorrem ossificação completa. Dessa forma, como no adulto não ocorre crescimento do crânio, o aumento da PIC pode levar a herniações cerebrais. A herniação é a saída do tecido cerebral do seu lugar natural para um lugar onde ele não deveria estar, de forma secundária a descompensação da PIC não tratada. 1 – Herniação transtentorial lateral (hérnia de uncus): - Saída do lobo temporal pela incisura da tenda (dura-máter entre o cérebro e o tronco encefálico e cerebelo), comprimindo o mesencéfalo. - Mais conhecidas e mais perigosas. - Compressão do mesencéfalo compressão do nervo oculomotor e artéria cerebral posterior pupila midriática e arreflexiva (anisocoria unilateral ipsilateral– significa que tem que ser feito o tratamento imediato), com isquemia do lobo occipital; com paciente rebaixado. 2 – Herniação transtentorial central: - Geralmente é uma evolução da herniação transtentorial lateral. - Sweling (edema) difuso= saída na incisura da tenda comprime mesencéfalo= pupilas midriáticas e arreflexivas de ambos os lados. - Piora de forma craniocaudal. Clar� Marque� Santan� - Transcriçã� d� aul� d� neurologi� 3 – Herniação subfalcina: - Geralmente é a mais benigna. - Lobo frontal de um hemisfério ultrapassa a foice do cérebro em sentido ao hemisfério oposto. 4 – Herniação externa (extracraniana): - Pacientes operados submetidos a uma craniectomia descompressiva. - Abertura do crânio HIC =edema = o tecido cerebral empurra o couro cabeludo. 5 e 6 – Aumento da PIC no compartimento infratentorial. - 5: Hérnia ascendente: herniação do cerebelo, que sobe em direção ao território supratentorial, comprimindo o tronco cerebral. Só ocorre em lesões do cerebelo, como hematomas. - 6: Hérnia descendente: desce do cerebelo em direção ao forame magno, comprimindo o bulbo e a medula espinal. Pode causar apneia e tetraplegia. 3= também pode se chamar subfalcina 1= uncal (compressão do mesencéfalo, afetando nervo oculomotor (PARASSIMPÁTICO) que leva à midríase unilateral • MECANISMOS DE MORTE Morte: isquemia do encéfalo. - Diminuição da pressão de perfusão cerebral (PPC), do fluxo sanguíneo encefálico (FSE) e CMRO2. - Herniação do tecido cerebral para o tronco encefálico. • FISIOLOGIA ENCEFÁLICA PPC=PAM (pressão arterial média)-PIC Normal: > 60 mmHg. - Para uma PPC > 60 mmHg e PIC <20 mmHg, a PAM mínima é 80 mmHg. FSC = k x PPC x (Diâmetro vascular)4/ viscosidade do sangue x comprimento do vaso PPC é diretamente proporcional ao FSC Valor mínimo ppc= 60 (60 a 70) pic ideal < 22 Clar� Marque� Santan� - Transcriçã� d� aul� d� neurologi� FSC=PPC/ resistência vascular cerebral Queda de FSC : baixa (FSC entre 10 e 20mL) : penumbra isquêmica: disfunção elétrica ( neurônio paralisado mas não morto) alta (FSC<10mL): morte neuronal ( lesão irreversível) -Quanto melhor a PPC, melhor o FSC. - Quanto maior a viscosidade do sangue, menor sua velocidade. - Quanto maior o comprimento do vaso, menor o fluxo. - Quanto maior o diâmetro do vaso, maior o fluxo. • LESÃO ENCEFÁLICA Não pode acontecer no paciente com HIC: hipóxia, hipotensão e hipertermia. Consequências fisiopatológicas da HIC: HIC pode ser o evento final de várias catástrofes intracranianas • CASCATA DESPOLARIZANTE - Queda da atividade da bomba Na/K diminuição do potencial de ação na membrana neuronal. - Despolarização axônica por falta de O2 = CRISES EPILÉPTICAS (CONVULSÃO). Tratamento com anticonvulsivantes. • CASCATAS BIOQUÍMICAS - Subcascata inflamatória em todo o encéfalo: HIPERTERMIA (focal no encéfalo) e EDEMA CITOTÓXICO (edema no interior do neurônio). - Subcascata de radicais livres: Lesão neuronal Procura-se tratamento com base na hipotermia corporal, para tentar proteger o cérebro nessa cascata. Não possui tratamento medicamentoso. ● CASCATA VASODILATADORA aumenta pic = diminui ppc = isquemia focal e/ou global expansão volêmica hipotônica = edema cerebral + isquemia = acidose + hic =queda da ppc e fsc + vasodilatação = Hic + isquemia = queda da ppc e fsc + acidose = isquemia + vasodilatação = Hic + acidose ( é um ciclo = cascata vasodilatadora da hic) Clínica da hic: ❖ cefaléia e vômitos ❖ diminuição do glasgow ❖ Hipertensão arterial sistêmica (has)+ alteração no padrão respiratório + bradicardia = resposta de cushing ❖ posturas anormais ( decorticação/descerebração = acometimento do tronco encefálico) ❖ Dilatação pupilar unilateral ( anisocoria) ❖ Dilatação pupilar bilateral ( midríase bilateral)) ❖ - Hemiparesia contralateral + dilatação pupilar ipsilateral (anisocoria) OU fenômeno de Kernohan (hemiparesia ipsilateral + anisocoria ipsilateral) ❖ Tetraplegia ( compressão de tronco encefálico e/ou medula espinal) ❖ Apnéia ❖ Parada cardiorrespiratória (pcr) Clar� Marque� Santan� - Transcriçã� d� aul� d� neurologi� Monitorização da pic: Quem monitorizo? ❖ Glasgow<ou =8 (coma) ❖ TC anormal=75% ❖ Tc normal = 10 a 15% de hic se 2 dos : ❖ idade>40 anos ❖ postura anormal ❖ pas<90mmHg ❖ Glasgow>8: avaliar necessidade de intubação e sedação por outras patologias O paciente que chega na emergência com cefaleia e vômito e Glasgow 15 pode estar no início de uma HIC, por exemplo na fase 1 sempre investigar suspeita de HIC. - Glasgow > 8: avaliar as necessidades de intubação devido a outras patologias. • TIPOS DE MONITORIZAÇÃO • INTRAVENTRICULAR No interior do ventrículo lateral Se o cateter estiver no ventrículo o médico pode retirar liquor para alívio Considerada melhor para monitorização. Vantagens: drenagem do líquor, drenagem de sangue nos AVEs hemorrágicos, exame do líquor para verificar infecções, injeção IV de medicamentos. Desvantagens: risco de infecção (ventriculite), dificuldade de canular os ventrículos pequenos e ventrículo obstruído por sangue ou edema/tecido cerebral. Clar� Marque� Santan� - Transcriçã� d� aul� d� neurologi� • INTRAPARENQUIMATOSA Cateter no interior do tecido cerebral (detecta o edema do tecido) Vantagens: monitorização em qualquer situação do encéfalo (mesmo com ventrículos pequenos), facilidade de inserção e sistema sem líquido e sem ar. Desvantagens: invade o tecido cerebral, não drena e nem coleta líquor, ruptura do cateter ou dobra do cateter (tecido muito frágil) e custo elevado. Alguns medem diretamente a temperatura cerebral. Importante porque existe uma diferença de até 1,5 graus da temperatura axilar. Pressão 1 tem que ser maior que Pressão 2 ( p1 é a sístole cardíaca) • COMPLICAÇÕES DOS CATETERES - Infeção • (intraventricular) IV = até 20% (mais comum) • (intraparenquimatoso)IP = até 1% • Até 7 dias (> 7 dias tem alto risco de infecção) - Hemorragia intracerebral (se o cateter atingir algum vaso sanguíneo) • IV = 2% (mais comum) • IP < 2% - Mal funcionamento ou obstrução: 10 a 30%. • IV por obstrução • IP por perda de sensibilidade • TRATAMENTO Abordagem geral e tratamentos específicos. Oximetria bulbo jugular= cateter dentro da jugular interna, mede a saturação venosa de o2 através da Fórmula da extração cerebral de o2= diferença da saturação arterial da venosa de o2 saturação venosa normal = 55 a 75 arterial= entre 95 e 94 extração cerebral normal = 24 e 42 Clar� Marque� Santan� - Transcriçã� d� aul� d� neurologi� se saturação venosa alta= cérebro puxa pouco o2. ex: vasodilatação venosa com aumento do volume sanguíneo (hiperemia encefálica) = pode hiperventilar paciente (tratamento) se saturação venosa baixa: volume sanguíneo baixo ( cérebro puxa mt o2 para sobreviver= oligoemia encefálica) = pode usar solução hipertônica (tratamento) • OBJETIVO: RESOLUÇÃO IMEDIATA DA CAUSA PRIMÁRIA DA HIC! • ABORDAGEM GERAL Paciente com lesão neurológica e risco de HIC: - UTI e intubação (Glasgow ≤ 8) - Ressuscitação clínica: ABC (evitar hipoxemia, hipotensão e hipertermia) - Elevação da cabeceira do leito até 30° com cabeça neutra (se lateralizada, comprime a v. jugular e não adianta): para melhorar o Retorno venoso, melhorando a PIC. -O2, CO2 (monitorização dita o que pode ser feito) - Sedação e analgesia apropriada: para diminuir a atividade cerebral. - Controle da pressão arterial (PAM): evitar hipotensão. - Profilaxia para crises epilépticas: tratar a cascata de despolarização, evitando convulsões. - Tratamento da temperatura: evitar hipertermia e febre. PA = ppc depende da pam Glicemia = neurônio vive de glicose e oxigênio Sódio = osmolaridade do plasma depende muito do sódio Temperatura central = hipertermia aumenta metabolismo cerebral ( assim como dor e crise epiléptica) Exames de imagem: 1. Tc de crânio 2. doppler transcraniano 3. eletroencefalograma • TRATAMENTOS ESPECÍFICOS 1 – OSMOTERAPIA - Soluções hipertônicas: Efeito rápido com expansão do volume plasmático do volume plasmático, elevação do fsc, diminuin do hematócrito e viscosidade sanguínea, com consequente melhora da perfusão e oxigenação cerebral (efeito de vasoconstrição) efeito osmótico após 15 minutos com pico em 1 hora, com vasoconstrição melhora a microcirculação e aumenta a complacência cerebral (diminui p2) • Aumento da osmolaridade IV (pressão oncótica) cria um gradiente osmótico água do compartimento extravascular entra para o intravascular (tira água do interstício para o vaso sanguíneo) = reduz o edema = reduz a PIC. • Se a autorregulação está preservada, ainda acontecerá a vasoconstrição = diminui a PIC. • Manitol 20% usado na emergência; cuidado com a desidratação e hipotensão (aumenta a diurese) primeiro faz reposição de perdas com soroterapia IV. Contraindicado em hipotensos • Solução salina hipertônica (SSH) 3 – 20% (“salgadão”): pacientes hipotensos, pois não diminui a PA. 2 – CORTICOIDES - Não indicados em HIC por AVEi, AVEh e TCE. - Indicado para HIC: tumor cerebral (primários ou metástases) e infecção cerebral (abscessos) edema vasogênico (do vaso para o interstício). 3 – HIPERVENTILAÇÃO Clar� Marque� Santan� - Transcriçã� d� aul� d� neurologi� - Atua na cascata vasodilatadora: os vasos sanguíneos são muito sensíveis a PCO2 (vaso reatividade maior a PCO2 do que a PO2) = aumento da PaCO2 = vasodilatação. - OBJETIVO: diminuir a PaCO2 vasoconstrição (PCO2 entre 25 a 35 mmHg) diminuição da PIC. - Sempre CAPNOGRAFIA. - Não pode ser usada como profilaxia: pois o vaso sanguíneo pode contrair tanto ao ponto de fechar-se, causando uma isquemia cerebral (AVEi). Só pode fazer na UTI, nunca na sala de emergência - Não manter por mais de 24h. 4 – BARBITÚRICOS (sedativo) - “Coma induzido por barbitúricos” - Drogas: pentobarbital e tiopental - Reduzem o metabolismo cerebral - Efeitos colaterais: hipotensão arterial e imunossupressão (predisposição à infecção) - Usar nos casos em que a HIC está mais difícil de ser tratada. Não é tratamento de primeira linha para a hic 5 – HIPOTERMIA - Objetivo: temperatura de 32° a 34°. - Evitar ativação da cascata bioquímica. - Reduz o metabolismo cerebral. - Risco: arritmias cardíacas, coagulopatias e infecção - Muito usada TCE, mas também utilizada nos AVEh e AVEi e paradas cardíacas. - Feita nas UTIs de alta tecnologia. 6 – VENTRICULOSTOMIA - Uma bolsa ligada ao cateter intraventricular. - DVE: derivação ventricular externa: casos de emergência (hemorragias, AVEh e infecções do SNC, que causem hidrocefalia) - DVP: derivação ventricular peritoneal: dreno interno e eletivo. Drenagem do ventrículo para a cavidade peritoneal 7 – CRANIECTOMIA DESCOMPRESSIVA - Remoção de parte da calota craniana para dar espaço para o cérebro inchado, melhorando a complacência cerebral - Pode gerar 15% de queda na PIC. - Com abertura da dura-máter queda de 70% na PIC - Atualmente: primeira linha em alguns casos (como no hematoma subdural agudo). - Indicação: TCE e AVEi hemisférico. • CONSIDERAÇÕES FINAIS Melhor tratamento da HIC é a resolução da causa. Abordagem mais rápida possível, ABCD, com cuidado com a PAM, PIC e PPC. Clar� Marque� Santan� - Transcriçã� d� aul� d� neurologi�
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