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Resenha A Saúde Mental Infantil na Saúde Pública Brasileira

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
MBA EM SAÍDE MENTAL E ATENÇÃO PSICOSSOCIAL
Resenha Crítica de Caso 
Mariana Hofer Marçal Ferreira
Trabalho da disciplina Saúde Mental na Infância e Adolescência
 
 Tutor: Prof. Flaviany Ribeiro da Silva
São Paulo
2020
A Saúde Mental Infantil na Saúde Pública Brasileira: Situação Atual e Desafios
Referência: 
COUTO, Maria Cristina Ventura; DUARTE, Cristiane S.; DELGADO, Pedro Gabriel Godinho. A saúde mental infantil na Saúde Pública brasileira: situação atual e desafios. Revista Brasileira de Psiquiatria, agosto/2008. Disponível em: http://pos.estacio.webaula.com.br/Biblioteca/Acervo/Basico/PG0080/Biblioteca_39810/Biblioteca_39810.pdf. Acesso em : 14/04/2020
Introdução
O presente artigo tem como objetivo realizar uma análise e descrição da situação atual do desenvolvimento da saúde mental infanto juvenil no Brasil, considerando seus obstáculos e conquistas.
Desenvolvimento
Podemos observar em diversos países, de todas as regiões do mundo e de níveis econômicos diferentes, uma defasagem importante em relação a saúde mental infanto juvenil, porém essa realidade é ainda mais significativa em grupos de países em desenvolvimento. Essa defasagem e inclusão tardia da saúde mental infantil e juvenil pode ser devido a diversos fatores, devemos levar em consideração a dificuldade em diagnosticar um problema de saúde mental nessa fase da vida, por conta da extensa complexidade envolvida e dependência de outros atores para a formulação de um diagnóstico de qualidade (pais, responsáveis, escola, etc.), além da escassez de estudos e pesquisas sobre o tema. Em relação a América Latina e Caribe, em 2003, foram registrados apenas 10 pesquisas epidemiológicas que empregavam estratégia de avaliação padronizada. Existem estudos internacionais que indicam a persistência e consequências prejudiciais dos transtornos da infância na vida adulta, mas o impacto dessas condições em termos de tempo geral de vida perdido ainda não foi quantificado, esses dados nos dariam uma visão mais clara dos danos em questão e comprovariam a urgência necessária no enfrentamento do problema.
Outro aspecto relevante é a inexistência de evidências sobre a eficácia e efetividade dos tratamentos para transtornos mentais infanto juvenis em todos os países até pouco tempo atrás. E não podemos deixar de considerar a particularidade do sistema de cuidado na saúde mental infanto juvenil, para realizarmos um trabalho mais eficiente se faz necessário a utilização de serviços de naturezas distintas, além da saúde propriamente dita, recorremos aos setores da educação, assistência social, justiça e direitos, todos esses equipamentos compõe essa rede de cuidado e muitas vezes existe a necessidade do uso simultâneo desses serviços para um único caso. Porém não é incomum encontrarmos crianças e adolescentes acometidas por algum tipo de sofrimento mental que tenham o seu cuidado restrito a apenas um setor, o que revela uma má gestão na oferta dos recursos e subutilização do cuidado.
No contexto internacional atual uma rede intersetorial de cuidado mais amplo é estimulada para a efetividade do cuidado em saúde mental infantil e juvenil. As escolas, serviços gerais de saúde e assistência social tem sido um destaque em diversos estudos dedicados ao tema, reconhecendo sua função de detectar problemas e organizar o suporte assistencial a essa população, estes equipamentos são considerados programas estratégicos para o acesso de crianças e adolescentes ao cuidado em saúde mental, visto que são mais acessíveis a população e tendem a gerar menos estigmas.
A existência desses desafios nos aponta que somente através de um conhecimento aprofundado dos diferentes contextos envolvidos poderemos favorecer a construção de uma política pública efetiva no atendimento e cuidado em saúde mental na infância e adolescência.
Iremos agora realizar uma descrição e análise crítica sobre o estado atual e contexto da recente política pública brasileira de saúde mental infantil, para isso foram consultados documentos oficiais emitidos pelo governo brasileiro, da área técnica de Saúde Mental do Ministério da Saúde, considerando o período 2002 – 2007. Para o entendimento da cobertura potencial ao atendimento a infância e adolescência foram utilizadas informações oficiais sobre serviços em saúde mental e serviços específicos em quatro setores de cuidado considerados estratégicos referentes ao período de 2006 – 2008. São eles: Saúde Geral, Educação, Assistência Social e Justiça.
No Brasil, a implantação de CAPSi e o estabelecimento de diretrizes para a articulação intersetorial da rede, formam os pilares da saúde mental pública para crianças e adolescentes. Nessa rede são articulados serviços de diferentes setores capazes de responder pelas diferentes problemáticas envolvidas no que diz respeito a saúde mental infanto juvenil.
Os CAPSi são serviços públicos, territoriais, propostos a partir de 2002 com a função de ofertar o tratamento em saúde mental, baseados na integralidade do cuidado. Inicialmente foram planejados para cidades com 200.000 habitantes ou mais, com a finalidade de atender casos com maior gravidade e ordenar a demanda de saúde mental infantil e juvenil de seu território. São compostos por equipe multiprofissional e desenvolvem um elenco diversificado de atividades terapêuticas, conforme a necessidade de cada caso. Também são responsáveis por desenvolver ações que ordenem e atendam a demanda de saúde mental infantil e juvenil de seu território, para isso se faz necessário que ele esteja presente também nos diversos equipamentos que compõe essa rede através de reuniões regulares, pactuações de fluxos e outras estratégias.
 Os indicadores disponíveis nos dizem que a expansão da rede CAPSi enfrenta fortes dificuldades, o percentual desses equipamentos tem se mantido inalterado ao longo dos anos. Nas cidades onde não estão previstas a implantação de CAPSi, a orientação é que o tratamento de crianças e adolescentes sejam realizados pelas demais tipologias de CAPS.
A articulação de serviços de diferentes setores é, atualmente, o ponto central da política brasileira de saúde mental infantil e juvenil, a expansão deste tipo de gestão é extremamente importante. Neste artigo reunimos informações sobre a presença de serviços públicos nos diferentes setores envolvidos com o cuidado de crianças e adolescentes, por estado e regiões do país, com o objetivo de ampliar e instrumentalizar a discussão sobre a intersetorialidade como fundamento deste cuidado. A partir deste estudo podemos dizer que as regiões Nordeste, Sudeste e Sul apresentam taxas próximas de 1:100.000, indicando uma situação potencialmente favorável ao acesso de saúde mental quando comparadas com as regiões Norte e Centro-Oeste.
As escolas e Equipes de Saúde da Família apresentam as maiores taxas de presença em relação aos demais serviços em todas as regiões do país, possuem função de destaque no desenvolvimento de ações preventivas, de promoção de saúde e na identificação de casos que podem se beneficiar de intervenções precoces.
Dispositivos da educação especial/filantrópica, saúde mental, assistência social e defesa de direitos apresentam taxas que variam entre 0,43 e 4,1. São programas direcionados a populações específicas, sob diferentes situações de risco. Para casos que envolvem este tipo de população, a articulação com a área da saúde mental possui um grande peso visto as diversas situações de vulnerabilidades envolvidas.
A distribuição dos diversos serviços possui diferenças regionais, este é um fator importante, pois implica na formulação de políticas adequadas a realidade específica de cada região. Na região Norte percebemos a importância das redes de saúde e ensino, e a necessidade de expansão da rede de saúde mental. A região Nordeste tem a taxa mais elevada em saúde geral e a segunda mais alta na educação. Apesar das regiões Norte e Nordeste possuírem indicadores sociais desfavoráveis, suas taxas de presença nosetor da educação são entre duas e três vezes maiores que as de outras regiões.
Já a região Centro-Oeste apresenta situação desfavorável em todos os setores: taxas de presença em serviços básicos (saúde e educação) rebaixadas e defasagem nos demais serviços.
A região Sudeste, apesar de mais desenvolvida, concentra as piores taxas em saúde geral, educação básica, assistência social e conselhos tutelares, e apenas mediana na saúde mental e educação especial, evidenciando uma sobrecarga em quase todas as áreas de cuidado. Já a região Sul apresenta os melhores índices nos serviços dirigidos às populações específicas (saúde mental, educação especial e conselhos tutelares).
Conclusão
Através dos dados expostos no presente artigo, podemos perceber que os CAPSi são equipamentos fundamentais para a ampliação de acesso ao tratamento e que o fundamento intersetorial do sistema de serviços é uma estratégia de extrema importância para o cuidado em saúde metal infantil e juvenil. Percebemos ainda alguns desafios que precisamos enfrentar, como a necessidade de expansão dos serviços que compõe a rede de cuidados, principalmente daqueles que são específicos da infância e adolescência, para isso se faz necessária uma maior conscientização da população e dos gestores locais e regionais, de forma a ampliar a qualificação dos trabalhadores, aumento dos recursos financeiros e investimento na base de defesa dos direitos humanos da população envolvida.
Faz-se necessário também a construção de metodologias capazes de viabilizar soluções compatíveis com as necessidades locais e regionais, além de potencializar o trabalho em rede através da articulação dos serviços públicos para a infância e adolescência.
Tendo como base a minha experiência profissional, percebo que os trabalhadores dos serviços públicos direcionados à infância e adolescência realizam diversas estratégias de articulação desta rede de cuidado, porém de maneira informal, com raros registros dessas experiências. Acredito que incentivar o trabalhador que está na linha de frente a escrever sobre experiências exitosas de articulação desta rede de cuidados venha a ser uma importante estratégia de apoio ao desenvolvimento de políticas públicas direcionadas ao cuidado da saúde mental de crianças e adolescentes, pois são articulações que surgiram através da prática e passaram por todas as dificuldades peculiares ao território em que atuam, levando em consideração suas potencialidades e possibilidades de cuidado compartilhado. Esses registros nos ajudariam a enxergar essa rede pela ótica dos trabalhadores que nela atuam, seria, certamente, uma colaboração de valor inestimável.

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