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Medicina Centrada na Pessoa, Transformando o Método Clínico de Moira Stewart - Análise de relato de caso

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAMPA - UNIPAMPA
CURSO DE MEDICINA – CAMPUS URUGUAIANA
MEDICINA CENTRADA NA PESSOA
Discente: Thiago Mitsuyoshi Fukuda
Docente: Profa Dra Shana Hastenpflug Wottrich
Medicina 5o Semestre
Uruguaiana
2018
INTRODUÇÃO
O método clínico centrado na pessoa surgiu para mudar a mentalidade do médico, de que tradicionalmente era conduzido a ter uma noção hierárquica de que ele estaria no comando e que o paciente teria um papel passivo, para uma abordagem pensada e centrada na pessoa atendida, dar autonomia e poder a ela e poder compartilhar esse poder na relação.
A obra “Medicina Centrada na Pessoa, Transformando o Método Clínico” de Moira Stewart, Judith Belle Bron, W. Wayne Weston, Ian R. MacWhinney, Carol L. McWilliam e Thomas R. Freeman descreve muito bem o método e o divide em 4 componentes interativos: explorando a saúde, a doença e a experiência da doença; entendendo a pessoa como um todo; elaborando um plano conjunto de manejo dos problemas; e intensificando a relação entre pessoa e médico. Esses 4 componentes interagindo entre si formam a base para um atendimento médico centrado na pessoa ser bem sucedido. 
É muito importante que nós, acadêmicos de medicina, adquiramos esse conhecimento, pois está provado em estudos recentes que os pacientes se apresentam para o cuidado médico com múltiplos problemas ao mesmo tempo, e então, não devemos focar apenas na única doença em sua forma aguda apresentada. Também há estudos que mostram que intervenções educativas para melhorar a prática centrada na pessoa são efetivas na mudança do comportamento médico. Fato que comprova como se faz necessário esse aprendizado nas escolas médicas.
Diante disso, nesse trabalho, farei um relato de experiência, vivido por mim nesse segundo semestre de 2018. Abordarei principalmente o primeiro componente, “explorando a saúde, a doença e a experiência da doença” que, segundo os autores, tem como meta explorar percepção da pessoa sobre esses assuntos e avaliar o processo da doença por meio da anamnese e exame físico. Desta forma, o médico pode participar ativamente no cotidiano da pessoa e entender suas vivências, suas dúvidas, suas percepções sobre saúde e doença e também suas experiências. 
RELATO DE CASO
Identificação e queixa principal
Senhor Danilo, 68 anos, sexo masculino, aposentado, divorciado, branco, morador de Uruguaiana, ensino médio completo, veio à UBS 14 com queixas iniciais de “esquecimento frequente”.
História da doença atual
Senhor Danilo relata que há um ano começou a apresentar perda de memória de curto prazo com mais frequência. Relata estar andando pela rua e subitamente não saber onde se encontra. Informou que tem que anotar recados para não esquecer. Paciente relatou que os episódios de esquecimento ocorrem há pelo menos 30 anos, depois de um acidente de carro ocorrido em Porto Alegre, mas que eram episódios esporádicos. Disse que o declínio acentuado de memória veio há um ano depois que terminou com sua última namorada. Relata que nessa época “acordou”, depois de cinco dias “dormindo”, em um hospital na cidade vizinha de onde morava (Santa Catarina). Não deu mais detalhes sobre essa internação. Após isso, mudou-se para Uruguaiana para ter um cuidado melhor dos filhos, que moram na cidade. Notou-se que durante anamnese paciente tinha um discurso repetitivo e mostrou-se apático.
História médica pregressa
Nega cirurgias prévias, nega alergias. 
Hipertensão controlada. Nega outras comorbidades.
História familiar
Pais falecidos, mãe sem causa aparente e pai de infarto agudo do miocárdio. Tem uma irmã mais velha diagnosticada com doença de Alzheimer.
História Social
Parou de fumar há dez anos. Fumava 1 maço/dia. Bebe cerveja aos finais de semana. Alimentação saudável (SIC). Mora em casa de alvenaria com saneamento básico e coleta de lixo. Vive com um filho.
Exame físico
Nenhuma alteração identificada.
DISCUSSÃO
Após anamnese e exames físicos realizados, houve uma espera pelo médico preceptor para o estudo do caso. Então, tive um tempo de conversa com o Sr. Danilo. Nessa conversa, consegui perceber o quanto ele estava aflito com sua condição. Mesmo sem ser diagnosticado, ele tinha muito medo de ser Alzheimer. Quando questionei sobre a história familiar, Sr. Danilo contou que sua irmã tinha a doença de Alzheimer e prontamente disse: “Mas o meu não deve ser isso, pois é bem diferente dela”. Talvez aí um mecanismo de defesa inconsciente, a negação. Neste caso não tinha como cravar um diagnóstico, mas percebe-se que o paciente tem o conhecimento da doença, tem o conhecimento do que é saudável e começa a ter a experiência da doença que são os sintomas aparecendo. A intersecção entre esses três elementos faz com que o paciente se sinta aflito e ansioso por uma resposta.
Perguntei a ele como ele se sentia quando os episódios de esquecimento aconteciam e ele disse: “Eu me sinto mal e não quero sair de casa, antes eu podia sair tranquilo, sozinho, caminhava para bairros longes, hoje eu tenho medo, eu saio mesmo assim, mas as vezes bate aquele medo.” Pude perceber que a percepção de saúde para ele, neste caso, é poder sair sem medo de esquecer algo, de se perder. No entanto, notei que ele estava com boas perspectivas e disposto a vencer o problema. Ele mesmo procurou o atendimento, perguntou sobre o que deveria fazer, mostrou-se disposto a fazer os exames solicitados. Ao mesmo tempo que o conhecimento e a experiência com a doença causava aflições, houve a participação ativa do paciente na consulta, pois ele sabia quais caminhos seguir e foi colaborativo, contribuindo para um melhor processo de cura.
No caso eu não pude fazer muito pelo Sr. Danilo naquele momento, a não ser tentar diminuir suas aflições. Meu pouco conhecimento sobre a doença e também sem um diagnóstico definitivo, impediram de tranquiliza-lo ainda mais. Tentei incentiva-lo a fazer os exames e sempre cuidar de sua saúde integralmente, como na alimentação e em exercícios físicos, por exemplo, assim evitar outras comorbidades. Orientei que retornasse quando os exames estivessem prontos e que conforme resultados, traçaríamos o melhor plano.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O atendimento relatado foi feito no começo do semestre e confesso que voltando nele, relembrando o caso, senti que poderia ter feito um trabalho melhor, focado ainda mais no paciente, explorando ainda mais suas expectativas, suas dúvida e suas aflições. As atividades propostas em sala de aula durante o semestre me ajudaram a desenvolver ainda mais as habilidades em atender mais centrado no paciente e certamente levarei para a vida.
Apesar de estudos comprovarem que o método centrado na pessoa promova benefícios marcantes, muitos alunos e médicos ainda relutam em trata-lo com peça importante na formação e na manutenção de uma carreira médica. Por isso, o desafio é cada vez mais inserir esse tipo de conteúdo nas salas de aula, nos congressos, nos cursos de aperfeiçoamento, etc. Com o propósito de mudar a cultura do método biomédico para uma cultura da medicina centrada na pessoa. 
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
STEWART, Moira et al. Medicina centrada na pessoa: Transformando o método clínico. 3. ed.: Artmed, 2017. 393 p.

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