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Morfologia Estrutural

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Morfologia Estrutural 
 
1- Para que serve a Morfologia? 
 
Sei que é de todo aluno dizer “pra que eu vou usar isso na vida?”. Bem, a 
Morfologia não totalmente abstrata, conhecê-la pode ser útil, inclusive, para lembrar-se 
da grafia de uma palavra! 
Das várias análises possíveis, gostaria de fazer duas. A primeira delas está 
associada ao psicológico. Perceba que nós, nativos e falantes de Língua Portuguesa, já 
temos, dentro de nós, uma gramática, que é perfeita por natureza, em que todas as regras 
estão escritas. A gramática teórica visa apenas a explicitar esse conhecimento já 
intrínseco em todos que falam a língua. 
Para exemplificar esse lado psicológico, falo dos cognatos. Ora, seu cérebro 
jamais se dará o trabalho de decorar trabalho, trabalhador, trabalhismo, trabalhar e 
trabalhoso em grupos diferentes; ele certamente decora a base e o instrumento. Como 
assim? Seu cérebro decora trabalhar, apenas. O restante ele consegue deduzir pela 
aproximação com outras formas. Veja: seguidor, cortador, moedor, computador, logo 
trabalhador deve funcionar! Seu cérebro faz isso inconscientemente, de maneira 
incrível, mesmo que você não perceba. 
É por isso que crianças em fase de alfabetização usam formas como ajudador, 
fazido e escrevido. Essas formas, se pensarmos bem, fazem todo o sentido! Veja: 
crescido, fugido, pedido, partido, logo fazido e escrevido funcionam! Analogamente, 
amador, comprador, montador, secador, logo ajudador. A Gramática Normativa, é 
claro, vai de encontro a essas construções, afirmando que o adequado é ajudante, feito e 
escrito. Porém, o pensamento das crianças é perfeito! Tão jovens, já são capazes de supor 
a forma correta com os mecanismos que conhecem, mesmo nunca tendo ouvido aquela 
forma. 
Não só com crianças, mas isso também ocorre com os mais velhos, mas aí já há 
um maior aprofundamento no uso da linguagem. Perceba que, se o nosso cérebro 
guardasse tudo em caixinhas – como se supõe –, jamais entenderíamos alguns 
neologismos. Perceba que somos perfeitamente capazes de entender portunhol como 
uma fusão de português com espanhol, não porque essa palavra é dicionarizada – aliás, 
ela não é dicionarizada, ela não “existe” –, mas sim porque nosso cérebro reconhece os 
radicais da forma composta e consegue supor as palavras de origem. 
Da mesma forma, podemos pensar em uma situação cotidiana: imagine uma 
pessoa que goste muito de um rapaz chamado Ricardo. Essa, é claro, diz que não gosta 
de ninguém, senão de Ricardo, e nada a “desconvence” disso! Podemos, então, dizer que 
ela é ricardossexual? Veja: você jamais entenderia esse neologismo sem conhecer os 
mecanismos da língua. Seu cérebro automaticamente associa essa a outras formas 
semelhantes: homossexual [atração sexual pelo semelhante], heterossexual [atração 
sexual pelo diferente], assexual [não sente atração sexual]. Dessa forma, fica simples 
pensar em que ricardossexual é uma pessoa que sente atração exclusivamente pelo 
Ricardo! Isso é algo que nossa língua maravilhosa nos possibilita conceber. Perceba que, 
se nosso cérebro apenas guardasse um universo de palavras entiquetadas com significado, 
seríamos muito monótonos. Portanto, nós, falantes, decoramos algumas bases e alguns 
mecanismos, e com esses mecanismos fazemos construções à nossa vontade. Assim, 
comprovo a riqueza da nossa língua. 
O segunda análise que gostaria de fazer é relacionada à grafia, que não é tão 
necessária a crianças em alfabetização, mas bastante a nós, que construímos, a todo 
momento, textos que podem ser lidos por outros e, para que isso ocorra efetivamente, é 
necessário que o leitor também os entenda. Constantemente, vemos erros em placas, em 
cartazes, em textos, em redações. Perceba que são construções equivocadas desintender, 
simplismente e infelismente, mas por quê? 
Bem, não é simples explicar por que se escreve casa (e não “caza”) e êxodo (e 
não “êzodo”), porque isso está associado à origem do vocábulo. Esses casos devem ser 
decorados mesmo. Agora, em casos de palavras mais extensas, percebemos certa 
regularidade. Por exemplo, conhecemos o sufixo [iz(ar)], aplicável a palavras como 
suavizar (de “suave”), concretizar (de “concreto”), oficializar (de “oficial”) e 
escravizar (de “escravo”). Então, é lógico escrevermos catequizar porque entendemos 
que esse [izar] veio depois. É um caso diferente de paralisar, já que esse [isar] não veio 
depois, ele já estava lá. Perceba: paralisia, paralisação. 
Analogamente, veja que algumas palavras recebem o sufixo [mente]: rápida > 
rapidamente, só > somente, exclusiva > exclusivamente. Perceba que, nessas construções, 
não houve nenhuma mudança na base do vocábulo. Ora, por que então escrever 
infelismente e simplismente, se as formas simples são simples? Semelhantemente, 
porque escrever desintender se a forma simples é entender? As formas corretas são 
simplesmente, infelizmente e desentender, e isso se pode perceber pelo estudo da 
Morfologia. 
Então, a Morfologia é não só útil, como também perfeita! 
 
2- Estrutura dos vocábulos: morfemas 
 
Todo vocábulo é constituído de morfemas. Os morfemas, por definição, são a 
menor unidade morfológica com significado próprio. A rigor, os morfemas possuem 
duas características fundamentais: eles são indivisíveis e invariáveis. 
Veja as palavras fazer e refazer. Perceba que a forma [re], a que daremos nome 
mais à frente, acrescentou um significado ao vocábulo primitivo: refazer significa fazer 
novamente. Por isso, a forma [re] possui um significado próprio, que, inclusive, pode ser 
utilizado em outros vocábulos: reestruturar, reeleger, reabilitado, reabsorver, 
repartir, reproduzir e outros. Além disso, a forma [re] não pode ser dividida, ou seja, 
as formas [r] e [e] não possuem significado se estiverem separadas. Portanto, podemos 
concluir que [re] é um morfema, porque ele possui forma e significado e porque é 
indivisível. 
 
a. Radical (R): é o núcleo semântico e gramatical do vocábulo, ou seja, é ele que 
determina o sentido e a classe morfológica iniciais do vocábulo. 
 
O radical será o morfema nuclear do vocábulo. Ele definirá o seu sentido e a sua 
classe iniciais. Vale notar que todo vocábulo, em Português, possui ao menos um 
radical, isto é, não existe vocábulo sem radical. 
Para encontrar o radical, procure a forma mais simples (ou seja, a forma 
primitiva) para o vocábulo e algumas formas derivados dela. O fragmento comum a todas 
as formas será o radical. 
Exemplo: “livro” 
Formas cognatas Forma comum 
LIVRO 
[LIVR] 
LIVREIRO 
LIVRARIA 
LIVRINHO 
LIVRÃO 
Assim, [livr] é o radical de livro e de todos os seus derivados. 
 
b. Vogal temática (VT): divide os vocábulos em grupos denominados temas 
(falaremos sobre eles mais à frente), além de promover a eufonia (bom som) 
no vocábulo. 
 
Além de dividir os vocábulos em temas e promover a eufonia, as vogais temáticas 
também podem servir como modificador. Por exemplo, os vocábulos terror e terra 
possuem radicais com mesma forma, [terr], porém não têm a mesma origem. Nesse caso, 
quem os separa é o tema: o vocábulo terra é temático em A, e terror é atemático ([or] é 
sufixo). 
 
Classificação das vogais temáticas: verbais (A, E, I) e nominais (A, E, O). 
As vogais temáticas verbais aparecem na maior parte dos verbos conjugados, mas 
não em todos, nas formas nominais dos verbos e em algumas formas deverbais. No 
infinitivo, a vogal temática verbal será sempre aquela que antecede a consoante final r. 
CANTAR, VENDER, PARTIR, AMAR, QUERER, SUBIR 
Há uma única exceção: o grupo composto pelo verbo pôr e pelos seus derivados 
(repor, compor, decompor, supor, impor, soto-pôr...). Esses não possuem vogal 
temática em nenhuma das suas formas nominais (a vogal temática não pode ser o [o], 
porque essa vogal jamais pode ser temática verbal), mas sim em algumas formas 
conjugadas e em alguns nomes derivados deles. 
 
Algumas dicas para identificação das vogais temáticas verbais em formas 
conjugadas 
 
I. Se a vogal que vierlogo após a base do vocábulo for igual à que a sucede no 
infinitivo, então essa é temática. 
Exemplos: CANTAR > CANTAMOS, se nós CANTÁSSEMOS, quando tu 
CANTARES, vós CANTARÍEIS... [são VT] 
II. Se essa vogal for diferente da que aparece no infinitivo, então ela não é temática. 
Provavelmente, ela será uma desinência modo-temporal. 
Exemplos: CANTAR > que ele CANTE, que nós CANTEMOS, ele CANTOU.../ 
VENDER > que ele VENDA, que nós VENDAMOS/ PARTIR > que ele PARTA, que 
nós PARTAMOS... [são DMT] 
 
As vogais temáticas nominais aparecem em nomes primitivos ou derivados. 
Diferentemente dos verbos, na forma primitiva, nem todos os nomes apresentam vogal 
temática. 
 
Algumas dicas para identificação das vogais temáticas nominais 
 
Antes de mais nada, use essas dicas APENAS se o vocábulo terminar em vogal, 
já que a vogal temática nominal sempre aparece ao fim do vocábulo. Se ele terminar em 
consoante, não fique em dúvida: ele é ATEMÁTICO (sem vogal temática, ou seja, sem 
tema) 
 
I.Há dois testes para saber se a palavra finda em vogal temática: o primeiro deles é 
passar a palavra ao diminutivo. Se a vogal final desaparecer nesse processo, ela será 
temática ou será uma desinência de gênero (veja a diferença no item d). 
Exemplos: CASA > CASINHA [a vogal final sumiu = é temática] / MENINO > 
MENININHO [a vogal final sumiu = nesse caso, é desinência de gênero, porque a palavra 
é variável em gênero] / CAFÉ > CAFEZINHO [a vogal final não sumiu = faz parte do 
radical = não é vogal temática nem desinência de gênero] 
II. O segundo teste é tentar colocar o sufixo AL ao fim do vocábulo. Se a vogal final 
sumir nesse processo, ela será temática. 
Exemplos: PESSOA > PESSOAL [a vogal final sumiu = é temática] / INDÚSTRIA 
INDUSTRIAL [a vogal final sumiu = é temática] 
III. Por fim, se o vocábulo falhar nos dois testes ou se findar em consoante, ele será 
atemático. 
Exemplos: AXÉ, CLICHÊ, AMOR, FÁCIL, RAPIDAMENTE, FLOR... [todos 
atemáticos] 
 
c. Afixos: alteram o sentido ou a classe iniciais do vocábulo. 
 
Classificação dos afixos: prefixos (P) e sufixos (S). 
Prefixos são segmentos que antecedem o radical e em geral alteram mais 
significativamente o sentido dos vocábulos a que se associam. 
Exemplos: CERTO > INCERTO / EMPREGO > DESEMPREGO [perceba que esses 
pares são, até mesmo, antônimos] / SOCIALISTA > ANTISSOCIALISTA / AQUECER 
> PREAQUECER [“pré-aquecer” não existe!] / HABITÁVEL > INABILTÁVEL 
[perceba que, em todos os casos, a classe gramatical não mudou] 
Sufixos são elementos que sucedem o radical e alteram mais fortemente a classe 
gramatical do vocábulo a que se associam. 
Exemplos: TRABALHAR (verbo) > TRABALHADOR (adjet.) / SUBSTITUIR (verbo) 
> SUBSTITUÍVEL (adjet.) / CRIAR (verbo) > CRIAÇÃO (subst.) / AMOR (subst.) > 
AMOROSO (adjet.) / RÁPIDO (adjet.) > RAPIDAMENTE (adv.) [perceba que, em 
todos os casos, a classe mudou] 
 
Uma dica de identificação desses afixos é a repetição: esses afixos aparecem em 
vocábulos diferentes, sem mudar a forma: TRABALHADOR, VENDEDOR, ROEDOR, 
CAÇADOR, PESCADOR, INIBIDOR. 
 
d. Desinências: flexionam vocábulos variáveis (nomes ou verbos). 
 
Classificação das desinências: verbais e nominais. Há dois tipos de desinências 
verbais: as modo-temporais (DMT) e as número-pessoais (DNP). Há dois tipos de 
desinências nominais: as de gênero (DG) e as de número (DN). 
 
As desinências verbais só ocorrem em verbos, certamente. São os fragmentos que 
indicam as flexões do verbo. 
Para identificar as desinências verbais, siga este processo: 
Você já sabe que, pelo infinitivo, você identifica a vogal temática, certo? Bem, as 
desinências verbais SEMPRE estarão à frente da vogal temática, se a houver (sim, pode 
ser que uma forma conjugada não tenha vogal temática). Então, para descobrir a DMT, 
basta mudar o número e a pessoa e ver qual fragmento se manteve intacto. 
 
Número e pessoa Formas conjugadas Forma comum Formas alteradas 
Eu CANTASSE 
CANTASSE 
 
Tu CANTASSES S 
Ele CANTASSE 
Nós CANTÁSSEMOS MOS 
Vós CANTÁSSEIS IS 
Eles CANTASSEM M 
 
Pela análise, percebemos que, para o verbo cantar, as formas [s], [mos], [is] e [m] 
são DNP, porque elas foram as únicas que se alteraram com a mudança do número e da 
pessoa. A partir disso, é possível descobrir a DMT desse tempo (pretérito imperfeito do 
subjuntivo). Compare a forma comum com o infinitivo: 
 
CANT-A-R CANT-A-SSE 
 
Perceba que, pela forma infinitiva, sabemos que [cant] é radical, e que [a] é vogal 
temática verbal. A única forma que permuta entre os dois é [r] e [sse]. Essa mudança se 
deu pela variação do tempo e do modo. Por isso, tanto [r], quanto [sse] são DMT. 
 
As desinências nominais aparecem em nomes variáveis. É importante notar alguns 
detalhes: 
 
I. Alguns palavras apresentam DG no masculino e no feminino, ambas permutáveis 
entre si. Veja: 
Exemplos: MENINO > MENINA, GAROTO > GAROTA, BELO > BELA, BONITO 
> BONITA, MESTRE > MESTRA 
II. Alguns vocábulos apresentam DG apenas no feminino. 
Exemplos: SENHOR > SENHORA, PROFESSOR > PROFESSORA, GRANDÃO > 
GRANDONA. 
III. Alguns vocábulos, por serem invariáveis em gênero, não apresentam DG. 
Exemplos: FÁCIL, LEGAL, INTELIGENTE, CASA [cuidado: esse A final é VT], 
QUENTE. 
IV. A DN aparece exclusivamente no plural, pela forma [s]. Não existe DN para o 
singular. 
Exemplos: CASA > CASAS, FILME > FILMES, AMOR > AMORES, FÁCIL > 
FACEIS, CHAFARIZ > CHAFARIZES 
 
Tenha cuidado, para não confundir DG com VT. Lembre-se: a DG ocorre em 
nomes variáveis; a VT ocorre em nomes invariáveis. 
MENINA possui DG, porque varia em gênero [MENINO > MENINA]; CASA 
não possui DG, porque é invariável em gênero, mas possui VT. 
 
3- Exemplos de análise mórfica 
 
a. Descentralização 
 
Para fazer análise de vocábulos extensos, basta pensar na forma mais simples para 
ele 
 
DESCENTRALIZAÇÃO < CENTRO 
 
Agora, faça a análise do mais simples: 
 
CENTRO = CENTR-O 
 
Percebe-se que [o] não faz parte do radical, porque, no diminutivo, ele desaparece 
[CENTRO > CENTRINHO]. Nesse caso, é uma VT nominal, porque não varia em 
gênero. O restante, [centr], é o radical do vocábulo. 
 
Já sabemos, então, que, se o radical de CENTRO é [centr], o de 
DESCENTRALIZAÇÃO também é [centr]. Agora, tente estruturar o caminho que o 
vocábulo simples percorreu para chegar à forma complexa: 
 
CENTR-O > CENTR-AL 
 
O primeiro processo que ocorreu foi a adição do sufixo [al] à base. Sabemos disso, 
porque essa é a segunda menor forma em que percebemos sentido. 
 
CENTR-AL > CENTR-AL-IZ-A-R 
 
Em seguida, adicionou-se um sufixo para transformar CENTRAL em verbo, 
[iz(ar)]. Esse sufixo é bastante comum: MONETIZAR, CONCRETIZAR, BATIZAR, 
PESSOALIZAR, SINTETIZAR. Eu separei [iz] de [ar] porque já sabemos que esse [ar], 
na verdade, é a junção da VT verbal [a] com a DMT [r]. Não faz parte do sufixo. 
 
CENTR-AL-IZ-A-R > DES-CENTR-AL-IZ-A-R 
 
Ora, isso já era meio óbvio: [des] só pode ser prefixo, já que ele apareceu antes 
do radical. De todos os morfemas que vimos até agora, o ÚNICO que se pode antepor ao 
radical é o prefixo. Na hora da prova, se aparecer algum elemento anteposto ao radical, 
marque sem medo: PREFIXO. 
 
DES-CENTR-AL-IZ-A-R > DES-CENTR-AL-IZ-A-ÇÃO 
 
Por fim, adicionou-se um sufixo que transformasse o antigo verbo em substantivo, 
[ção]. Esse sufixo também é bastante comum: CRIAR > CRIAÇÃO, IMAGINAR > 
IMAGINAÇÃO, AUMENTAR > AUMENTAÇÃO [sim, existe, mas AUMENTO 
também está correto, kkk]. 
 
b. Repartamos 
 
Está aí uma forma conjugada do verbo REPARTIR: o presente do subjuntivo. 
Perceba que essa forma caberia perfeitamente numa frase como esta: “Desejo que nós 
repartamos nosso conhecimento!”. 
Quando pensamos em verbo conjugado, deve surgir, imediatamente, esta estrutura 
na nossa cabeça: 
𝐑𝐱 + 𝐕𝐓 + 𝐃𝐌𝐓 + 𝐃𝐍𝐏 
Legendinha básica: Rx é o radical e mais qualquer afixo ligado a ele (prefixo ou 
sufixo); VT é vogal temática (nesse caso, verbal, claramente); DMT é desinênciaverbal 
modo-temporal e DNP é desinência verbal número-pessoal. Vale ressaltar que algum 
desses morfemas (à exceção do Rx) podem não aparecer na forma conjugada. A questão 
é que, se aparecerem, deve ser exclusivamente nessa ordem. Portanto, você jamais verá 
uma DNP antes da DMT, ou uma VT diante de uma DMT. Siga-se sempre aquela ordem. 
Encontrar o Rx de REPARTAMOS é relativamente simples: basta recorrermos ao 
seu infinitivo: REPARTIR. O fragmento que antecede a VT é o Rx. Portanto, o Rx de 
REPARTIR é [repart]. De cara, já notamos que REPARTIR vem de PARTIR e, por isso, 
ainda conseguimos dividir o Rx em [re], um prefixo, e em [part], o radical. 
Porém, a VT do infinitivo de REPARTIR é [i]. Então, se a vogal que sucede o Rx 
for [i], ela será temática; senão, será outra coisa. Perceba que a vogal que sucede o Rx é 
[a], então ela não é temática. 
RE-PART-AMOS 
Agora, convém descobrir, dentro de [amos], o que é a DMT e o que é a DNP. Para 
isso, mudaremos a pessoa e o número e veremos qual parte é invariável. 
nós REPART-AMOS / eles REPART-AM 
 Perceba que, entre [amos] e [am], o único fragmento igual é [a]. Portanto, [a] é a 
DMT (porque o tempo e o modo não mudaram), e [mos] é a DNP (porque a pessoa e o 
número mudaram). 
Finalmente, descobrimos todos os morfemas: 
RE-PART-A-MOS 
[RE]: prefixo; [PART]: radical; [A]: DMT; [MOS]: DNP. 
 
c. Insubstituível 
 
Analogamente ao que fizemos em (a), procuraremos a forma simples para o 
vocábulo: 
INSUBSTITUÍVEL < SUBSTITUIR 
E, como todo verbo no infinitivo, sua análise é quase que fixa: 
SUBSTITU-I-R 
[substitu]: radical; [i]: VT verbal; [r]: DMT. 
Em seguida, vemos como se formou a forma composta: 
 
SUBSTITU-I-R > SUBSTITU-Í-VEL 
 
Vale notar que a vogal temática não sumiu, portanto ela ainda é analisada. Ainda 
mais importante: essa VT ainda é verbal, porque ela deriva de um verbo. Não se engane 
em classificá-la como nominal. Além disso, identificou-se o sufixo [vel]. 
 
IN-SUBSTITU-Í-VEL 
 
Por fim, o último morfema: [in] é um prefixo. Assim, temos a análise completa. 
 
4- Estruturas fixas 
 
Bem como eu mencionei nas análises anteriores, algumas estruturas têm forma 
fixa, interpretável a depender do contexto. Vejamo-las: 
 
Forma Estrutura padrão 
Infinitivo R + VT + DMT (r) 
Gerúndio R + VT + DMT (ndo) 
Particípio R + VT + DMT (d) + DG + DN 
Verbo conjugado R + VT + DMT + DNP 
Nome R + VT + DG + DN 
 
As formas do infinitivo e do gerúndio sempre seguirão rigorosamente a estrutura 
apresentada. O verbo conjugado, como afirmado anteriormente, pode não possui VT, 
DMT ou DNP, porém se houver, elas seguirão aquela ordem, exclusivamente. Não há 
como a DMT se pospor à DNP, ou a VT à DMT. A ordem é fixa. O mesmo vale para 
nomes: talvez falte a VT, a DG ou a DN, mas, se houver, sempre será naquela ordem. 
Note-se, ainda, que o particípio é a única forma híbrida entre verbo e nome, ou 
seja, ela possui desinências verbais e nominais. O particípio sempre possuirá a DMT e a 
DG, mas só possuirá DN se estiver no plural. 
Vale, por fim, ressaltar que Rx é o radical aliado a seus respectivos afixos, se 
houver. 
 
5- Processos de formação de vocábulos 
 
Há, no Português, dois processos principais originadores de vocábulos: a 
derivação e a composição. Eu os classifico como principais, porque há outros além 
desses, mas não se preocupe, que eles não cairão no vestibular, kkk. Os outros processos 
são pouco citados até mesmo pelos livros teóricos da Gramática. 
Os processos, no Português, servem para originar novos vocábulos. Esses 
processos não necessariamente aumentam o vocábulo; eles podem diminuí-lo também. 
Perceba que o arcaísmo “vossa mercê” é usado hoje como “você”, forma originada de 
vários processos históricos. Esses ainda sobrevivem na língua, daí originando formas 
como foto. Perceba que a acepção de foto como “A imagem obtida pelo processo de 
reproduzir, pela ação da luz ou de qualquer espécie de energia radiante, sobre uma 
superfície sensibilizada, imagens obtidas mediante uma câmara escura.” é um acidente. 
Como assim? Ora, na verdade, a palavra correta é fotografia, e essa, inclusive, foi 
formada por justaposição (foto+graf-ia). “Foto” é, na verdade, uma redução1 de 
“fotografia” (afinal, “fóton” significa, simplificadamente, “luz”). Os processos são vários 
e provam a pluralidade da nossa língua perfeita! 
 
Primeiro processo: derivação 
 
A derivação ocorre com um único vocábulo, isto é, com um único radical, com o 
fito principal de alterar a classe gramatical do vocábulo. Portanto, o número de radicais é 
mantido em qualquer derivação. Há, ao todo, cinco processos derivativos na nossa língua: 
 
a. Derivação prefixal / Prefixação 
 
É mediada pela adição de um prefixo removível. Veja: 
 
CERTO > INCERTO / ELEGER > REELEGER 
Os vocábulos INCERTO e REELEGER foram formados por prefixação 
 
b. Derivação sufixal / Sufixação 
 
É mediada pela adição de um sufixo removível. Veja: 
 
CATAR > CATADOR / RÁPIDO > RAPIDAMENTE 
Os vocábulos CATADOR e REELEGER foram formados por sufixação 
 
c. Derivação parassintética / Parassíntese 
 
É mediada pela adição de um prefixo e de um sufixo vinculados (nexo afixal). 
Veja: 
 
NOITE > ANOITECER / ALMA > DESALMADO 
Os vocábulos ANOITECER e DESALMADO foram formados por parassíntese 
 
Cuidado! Não confunda parassíntese com prefixação e com sufixação. Uma 
palavra pode passar por uma prefixação e por uma sufixação, processos independentes 
entre si. Veja: 
 
FELIZ > INFELIZ > INFELICIDADE 
 
 
1 Redução/abreviação/braquissemia/truncação é um processo de derivação alheio à derivação e à 
composição. Nesse universo, existem, ainda, hibridismo, abreviatura, siglonimização, 
combinação/amálgama/palavra-valise, recomposição, acrossemia/acronímia, fonossemia/onomatopeia, 
tautossilabismo, hipocorístico, estrangeirismo/empréstimo e oneonímia/onionímia. 
INFELICIDADE não foi formada por parassíntese, porque é possível remover um 
dos afixos (INFELIZ e FELICIDADE). Em ANOITECER, diferentemente, não é 
possível fazer isso (*ANOITE e *NOITECER não existem). 
 
d. Derivação regressiva / Regressão 
 
Processo que transforma, exclusivamente, verbo em substantivo abstrato e 
deverbal2. Para isso, a palavra sofre uma supressão mórfica, ou seja, perde morfemas. 
 
ATACAR > ATAQUE / VENDER > VENDA 
Os vocábulos ATAQUE e VENDA foram formados por regressão. 
 
Cuidado! Para a palavra ter sofrido regressão, é necessário que ela tenha 
PERDIDO morfemas. Se ela tiver GANHADO morfemas, tratar-se-á de uma sufixação. 
 
QUEBR-A-R > QUEBR-A / FARR-A > FARR-E-A-R 
Regressão / Sufixação 
 
Cuidado! Roberto, como vou saber se DANÇA gerou DANÇAR, ou se DANÇAR 
gerou DANÇA? Bem, isso também é o problema. Se o substantivo ainda possuir ideia de 
ação, então se tratará de uma regressão. Perceba que a palavra DANÇA significa “ato de 
dançar”, portanto ainda carrega a ideia de ação. Por isso, DANÇAR gerou DANÇA por 
regressão. Por outro lado, o substantivo ARMA é um objeto, uma “coisa”, não carrega 
ideia de ação. Portanto, o verbo ARMAR é derivado de ARMA por sufixação. Perceba a 
diferença: 
 
DANÇAR > DANÇA [regressão] 
ARMA > ARMAR [sufixação] 
 
e. Derivação imprópria / conversão 
 
É um processo pelo qual o vocábulo muda de classe pelo contexto morfossintático 
em que ele está inserto, ou seja, não há variação de forma. Essa derivação só é 
perceptível pelo contexto da frase! 
 
“Os meninos bons serão salvos” 
“Os bons serão salvos” 
 
O vocábulo “bons” (flexão de “bom”) é, naturalmente, um adjetivo, ou seja, 
caracteriza substantivos. Perceba que, na primeira frase, ele está referindo-se ao 
substantivo “meninos”, ou seja, não houve derivação. Porém, na segunda frase, o artigo 
“os” se está referindo a “bons”, de modo que, forçadamente, “bons” passe a agir como 
 
2 Cuidado, esse conceito cai muito em provas! Deverbal é qualquer vocábulo derivado de verbo. Isso se 
aplica a substantivos (de “modo”, surge “modificar”,substantivo deverbal), a adjetivos (de “fácil”, surge 
“facilitar”, adjetivo deverbal) e, até mesmo, a verbos (de “beber” surge “bebericar”, verbo deverbal). 
um substantivo (já que, segundo a Morfologia Classificatória, artigos se referem 
obrigatoriamente a substantivos ou a palavras com valor substantivo). Note que não 
houve mudança na forma, mas sim no contexto do vocábulo. Por fim, dizemos que o 
vocábulo “bons” sofreu derivação imprópria na segunda frase e, portanto, foi formado 
por conversão. 
 
Segundo processo: composição 
 
A composição ocorre quando se unem dois vocábulos, ou seja, um vocábulo 
composto terá um número maior de radicais que a sua forma simples. Há, na nossa língua, 
dois processos de composição: 
 
a. Justaposição 
 
A justaposição ocorre quando os dois vocábulos não se fundem. Dessa forma, não 
há perda de fonemas, e as sílabas tônicas dos vocábulos simples são mantidas. 
 
PONTA + PÉ > PONTAPÉ / GIRA + SOL > GIRASSOL / COUVE + FLOR > 
COUVE-FLOR 
Os vocábulos PONTAPÉ, GIRASSOL e COUVE-FLOR são justapostos. 
 
b. Aglutinação 
 
A aglutinação ocorre quando os dois vocábulos se fundem. Dessa forma, há perda 
de fonemas, e há apenas uma sílaba tônica no vocábulo composto. 
 
EM+BOA+HORA > EMBORA / PEDRA + ÓLEO > PETRÓLEO / PLANO + ALTO 
> PLANALTO 
Os vocábulos EMBORA, PETRÓLEO e PLANALTO são aglutinados. 
 
6- Conceitos complementares 
 
a. Cognatos: são os vocábulos que apresentam os mesmos radicais. 
 
[TRABALHAR, TRABALHO, TRABALHADOR, TRABALHOSO] = grupo de 
vocábulos cognatos, com radical comum, [trabalh] 
 
 Lembre-se do caso citado na explicação das vogais temáticas: terror e 
terra não são cognatos, porque, apesar de seus radicais terem mesma forma, eles não 
participam da mesma família. Portanto, a vogal temática acumula, nesse caso, a função 
de diferenciar esses vocábulos. 
 
b. Tema (T): é o conjunto formado pelo radical e pela vogal temática. 
 
𝑻 = 𝑹 + 𝐕𝐓 
 
Em CANTAR, o tema é [canta]; em INDEFINÍVEL, o tema é [definí]. Vocábulos 
sem vogal temática, por serem atemáticos, não possuem tema. 
 
c. Letra de ligação (LL): são sons que ligam morfemas. Não constituem 
morfemas por não possuírem significado. 
 
PARIS+ENSE > PARISIENSE = PARIS-I-ENSE 
CAFÉ+EIRA > CAFETEIRA = CAFE-T-EIR-A

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