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Calandragem Introdução O processo de calandragem é um processo de conformação mecânica utilizado para efetuar o curvamento de um determinado material, seja na forma de chapas ou perfis metálicos (laminados ou trefilados). Através do processo de calandragem podem ser obtidas chapas curvas com raios de curvamento pré-determinados, como: cilindros, cones, troncos de cones, assim como qualquer outra superfície de revolução. Através deste processo são fabricados corpos de tanques, caldeiras, trocadores de calor, vasos de pressão, etc. Quanto ao tipo de operação, o curvamento pode ser efetuado por meio manual, para obtenção de produtos de pequena dimensão, ou por meio mecânico, efetuado por máquinas mecânicas chamadas de calandras. Introdução A calandra permite a obtenção de peças curvadas a partir de chapas, perfis e tubos, sendo que estas peças podem ser curvadas de acordo com o raio desejado, formando arcos ou lombadas (para curvamento parcial), ou formando um anel (para curvamento total). Também podem ser obtidos outros perfis fechados, como elípticos. Comumente, as peças obtidas por calandragem são chamadas de “virolas”. Calandras – Principais componentes Rolos Uma calandra é composta, em geral, no mínimo por 3 rolos metálicos (de ferro fundido, aço forjado, etc.) os quais podem apresentar perfis variados, de acordo com a necessidade, porém, comumente são cilíndricos e lisos. Estes rolos podem ter perfuração central para a passagem de fluído que faz o controle de temperatura (para o caso da calandragem a quente). Estrutura Os rolos são montados em uma estrutura metálica, que pode apresentar diversas configurações, de acordo com a necessidade da aplicação. Calandras – Principais componentes Sistema de acionamento dos rolos Os modelos convencionais de calandras são equipados com jogos de engrenagens ou redutores que permitem variar a velocidade dos rolos, de acordo com o tipo de operação a ser efetuada. Modelos mais avançados e de grande capacidade podem utilizar acionamento hidráulico. Ajuste da distância entre rolos Os rolos giram em velocidades controladas e a distância entre eles define os parâmetros do processo, como o raio de curvamento e a pressão de contato. Esta distância pode ser ajustada de forma manual ou automática. Temperatura no processo de calandragem Calandragem a quente Na calandragem a quente, a calandra possui rolos de ferro fundido com perfuração central para a passagem de água e vapor, ambos para controlar a temperatura do processo. A aplicação da calandragem à quente se dá devido aos seguintes casos: • A capacidade de calandragem da máquina é insuficiente para realizar o trabalho a frio (devido especialmente ao efeito do encruamento); • Não há possibilidade de produzir componentes sem que haja fissuração do material. Temperatura no processo de calandragem Calandragem a quente Tipos de arrefecimento dos rolos de calandras Temperatura no processo de calandragem Calandragem a frio A calandragem a frio é empregada na maioria dos casos, em relação à calandragem a quente, pelo menor risco de segurança durante a operação. O principal aspecto a considerar na calandragem a frio é a deformação máxima que a chapa pode sofrer. Estima-se deformações entre 5% para aços baixa liga e 3% para aços ferríticos temperados e revenidos. Quando há necessidade de tratamentos térmicos devido ao processo de calandragem a frio, a calandragem a quente torna-se mais econômica, uma vez que o aquecimento prévio da chapa em fornos apropriados a uma temperatura de 400 ºC (ou maiores) pode eliminar tratamentos posteriores ao processo. Calandras – Classificação Quanto ao tipo de acionamento As calandras são classificadas em 2 (dois) tipos básicos, quanto ao acionamento: • Calandras manuais: são utilizadas para efetuar o curvamento de chapas finas, até 1,8 mm, e são acionadas manualmente através de uma alavanca ou um volante; • Calandras mecânicas: são utilizadas para curvamento de chapas e perfis com espessuras a partir de 2,5 mm e atingindo espessuras que dependerão da capacidade da própria calandra (chegando a centenas de milímetros). São acionadas por redutores de engrenagens ou hidraulicamente. Calandras – Classificação Quanto ao formato ou perfil do material a ser conformado: As calandras são classificadas em 2 (dois) modelos, quanto ao formato ou perfil do material a ser conformado: • Calandras de perfis; • Calandras de chapas. Características da calandragem de chapas A força de calandragem define duas condições no processo de calandragem de chapas: • Comprimento da parte reta da dobra inicial (aba); • Espessura da chapa calandrada. Quando maior a força de calandragem, mais curta é a aba. A força de calandragem e o comprimento da aba são dois parâmetros muito importantes na definição do tamanho de uma calandra. Outro parâmetro importante na definição do tamanho de uma calandra é o diâmetro do rolo superior. Calandras de chapas As calandras de chapas são ainda classificadas de acordo com a configuração dos rolos de conformação: • Calandras de 3 rolos • Tipo Piramidal (a) • Com dispositivo de dobramento das abas (b); • Calandras de 4 rolos (c). Calandras de chapas de 3 Rolos Tipo Piramidal Neste tipo, os rolos inferiores são fixos e são os motores do processo, com diâmetro igual ou menores (entre 10 a 50%) em relação ao rolo superior. Em geral são calandras de maior capacidade. Os rolos tem diâmetros maiores e apresentam maior distância entre eixos nos rolos inferiores. Esta maior distância entre eixos resulta em menor força de flexão no processo. Em alguns casos são utilizados rolos inferiores de suporte, para reduzir a deformação em calandras de comprimento elevado (geralmente > 3m). O ajuste do rolo superior, livre, define o diâmetro da calandragem e a força de calandragem suficiente para arrastar por atrito o rolo superior. Calandras de chapas de 3 Rolos Tipo Piramidal Este tipo de calandra não é apropriado para calandragem de chapas finas com grandes diâmetros. Os extremos da chapa (abas) permanecem direitos (retos). O diâmetro (ou raio) mínimo obtido é de cerca de duas vezes o diâmetro do rolo superior para os aços inoxidáveis e de uma vez e meia para os aços carbono. Calandras de chapas de 3 Rolos Com dispositivo de dobramento das abas Neste tipo de calandra, a folga entre os rolos que estão alinhados é ajustável para várias espessuras. O rolo de trabalho pode se deslocar para obtenção de diferentes diâmetros. Em geral, o diâmetro mínimo que pode ser obtido é igual ao diâmetro do rolo superior, acrescido de 50 mm. Este tipo de calandra é adequado para grandes volumes de produção de peças de diâmetros (ou raios) menores, e são mais precisas que as calandras piramidais. Mesmo melhorado este aspecto, a dobragem das abas nunca é total (zona direita = (0,5 a 2).h; h - espessura da chapa). Existem diferentes tipos de concepção (no essencial, diferentes movimentos dos rolos). Calandras de chapas de 3 Rolos Com dispositivo de dobramento das abas Fases de operação de calandragem numa calandra de 3 rolos com os rolos inferiores simétricos e possuindo movimento vertical inclinado. (a) Alimentação; (b) Deformação de uma aba; (c) Deformação da outra aba; (d) Deformação da virola (região calandrada). Calandras de chapas de 3 Rolos Com dispositivo de dobramento das abas Calandras de chapas de 4 Rolos Neste tipo de calandra, os rolos centrais são os rolos motores, e os rolos laterais, são os rolos livres. Os rolos laterais livres controlam o raio da calandragem e a dobragem ou deformação das abas. Uma das vantagens da calandra de 4 Rolos é a facilidade no manuseio e posicionamento da chapa no equipamento, pois a mesma fica presa entre os rolos motores, sendo muitas vezes necessário um único operador para o processo. Outra vantagem é a de que a dobragem das abas é realizada sem a necessidade de voltar a chapa. Mais uma vantagemé a de que a solda, realizada nas extremidades da chapa calandrada ainda no equipamento, é facilitada pela existência dos dois rolos livres, os quais servem de suporte nestas situações. Calandras de chapas de 4 Rolos Fases de operação de calandragem numa calandra de 4 Rolos. (a) Alimentação; (b) Prensagem e Deformação de uma aba; (c) Formação do raio de calandragem na seção inicial da chapa; (d) Formação do raio de calandragem na seção final da chapa; (e) Chapa calandrada finalizada. Exemplos de calandras de chapas Calandra Mecânica Chapas - 4 Rolos https://www.youtube.com/watch?v=TG8pEDAXVQk Exemplos de calandras de perfil Calandra de Perfil - 4 Rolos https://www.youtube.com/watch?v=ivNvZ4sNn_s Análise da calandragem cilíndrica O rolo superior, com um diâmetro (ds), maior que o diâmetro dos rolos inferiores (di), é posicionado para se obter o raio de curvatura exterior (Re) requerido para a chapa. Admitindo que as reações nos rolos inferiores são verticais (aproximação), pode considerar-se que a distribuição de momento fletor é triangular, com o valor máximo na zona média do entre eixos. Parâmetros geométricos e sistemas de forças característicos de uma operação de deformação plástica de chapa realizada numa calandra de três rolos do tipo piramidal. Momento fletor aplicado durante a deformação de uma chapa numa calandra de 3 rolos. Análise da calandragem cilíndrica As formas obtidas são planificáveis e tanto os raios de curvatura, como o comprimento de calandragem são, geralmente, muito superiores à espessura da chapa. As dimensões do planificado de uma virola cilíndrica serão obtidas considerando que a largura de calandragem não varia (deformação plana) e que a largura do planificado é igual ao perímetro da circunferência que passa na linha média da chapa (raio de curvatura muito grande - linha neutra coincide com a linha média). Relações básicas para os cálculos: Análise da calandragem cilíndrica Relação entre a distância de contato, “v”, e o entre-eixos, “a” (𝑅𝑖+ℎ) + 𝑑𝑖 2 . 𝑠𝑒𝑛 𝛼 2 = 𝑎 2 (𝑅𝑖+ℎ). 𝑠𝑒𝑛 𝛼 2 = 𝑣 2 𝑣 = 𝑅𝑒 𝑅𝑒 + 𝑑𝑖 2 . 𝑎 Análise da calandragem cilíndrica Profundidade de calandragem 𝑝𝑐 = − 𝑎 − 𝑑𝑖 2 − 𝑅𝑒 = 𝑅𝑒 + 𝑑𝑖 2 − 𝑎 2 . 1 tan 𝛼 2 𝑝𝑐 = 𝑅𝑒 + 𝑑𝑖 2 . 1 − 𝑐𝑜𝑠 𝛼 2 Deformação máxima em cada passagem 𝜀𝑚á𝑥 = ℎ 2. 𝑅𝑒 . 1 − 𝑅𝑒 𝑅0 Onde: Ro = raio de curvatura inicial Re = raio de curvatura final Análise da calandragem cilíndrica Força de calandragem Re > 100.h Solicitação do tipo elasto-plástica 𝜀𝑚á𝑥 ≤ 0,005 Tensões tangenciais de carga numa calandragem em que Re> 100h 𝐹 = 𝜎𝑒.𝑏.ℎ 2 𝑣 − 4 3.𝑣 . 𝑅𝑒 2 𝐸2 . 𝑏. 𝜎𝑒 3 Re < 100.h Solicitação do tipo plástica Ou: 𝐹 = 𝜎𝑒 . 𝑏. ℎ 2 𝑣 Tensões tangenciais de carga numa calandragem em que Re< 100h 𝐹 = 0,7. 𝜎𝑅 . 𝑏. ℎ 2 𝑣 Análise da calandragem cilíndrica Potência de calandragem 𝑃 = 2. 𝐹𝑎. 𝑉𝑅 = 𝜇. 𝐹. 𝑉𝑅 Onde: Fa: Força de atrito VR: Velocidade periférica dos rolos motores (3 a 7 m/min na calandragem a frio); µ: coeficiente de atrito entre a chapa e os rolos 𝑃 = 𝐹. 𝑉𝑅 . 𝑅𝑒 − 1 2 . 4. 𝑅𝑒 − 𝑣 2 𝑣 Análise da calandragem cilíndrica Recuperação Elástica Se Re > 100.h: 𝑅𝑓 = 𝑅𝑒 1 − 3. 𝑅𝑒 ℎ . 𝜎𝑒 𝐸 + 4. 𝑅𝑒 ℎ . 𝜎𝑒 𝐸 3 Relação entre o raio de calandragem (Re) e o final da chapa, (Rf), para vários valores de tensões de escoamento de materiais, considerando o modulo de Young, E=210.000 Mpa. Se Re < 100.h: 𝑅𝑒 = 𝑅𝑓 1 + 3. 𝑅𝑓 ℎ . 𝜎𝑒 𝐸 Calandragem cônica Quando se quer produzir um cone, cujos raios de curvatura são diferentes, recorre-se a um tipo especial de calandra. Trata-se de uma calandra do tipo piramidal, porém seus cilindros inferiores se deslocam inclinados entre si, no sentido vertical, conforme pode ser observado na imagem. Também pode ser do tipo 4 rolos. Análise da calandragem cônica Determinação da geometria e das dimensões da estampa plana (a)Dimensões características de uma chapa cônica, (b)Dimensões geométricas da estampa plana. Φ = 2. 𝜋. 𝑅𝑣𝑖 𝑅𝑖𝑛𝑡 = 2. 𝜋. 𝑅𝑣𝑠 𝑅𝑒𝑥𝑡 𝑅𝑣𝑖 𝑅𝑖𝑛𝑡 = 𝑅𝑣𝑠 𝑅𝑒𝑥𝑡 𝑅𝑒𝑥𝑡 = 𝑅𝑖𝑛𝑡 + 𝑏 = 𝑅𝑖𝑛𝑡 + 𝐻 cos 𝛾 𝑅𝑒𝑥𝑡 = 𝑅𝑣𝑠 𝑅𝑣𝑠 − 𝑅𝑣𝑖 . 𝑏 = 𝑅𝑖𝑛𝑡 + 𝑏 Análise da calandragem cônica Cálculo do ângulo de inclinação dos rolos 𝑠𝑒𝑛𝜃 = 𝑝𝑐𝑖 − 𝑝𝑐𝑠 𝑏 = 𝑝𝑐𝑖 − 𝑝𝑐𝑠 𝐻 . 𝑐𝑜𝑠𝛾 Dobragem das abas Um dos problemas principais da calandragem é o da conformação das abas do planificado, com o raio de curvatura desejado para a chapa. O valor do momento fletor decresce linearmente, desde um valor máximo na seção (B), até ser nulo na seção (A). A deformação vai evoluindo de totalmente plástica para elástica, com zonas elasto-plásticas intermediárias. Quando o raio de curvatura é cada vez maior, a curvatura deixa de existir, de modo que a deformação é totalmente recuperada pelo efeito de mola. Representação esquemática do problema da dobragem das abas Dobragem das abas Abas direitas numa chapa produzida por calandragem em calandra de 3 rolos piramidal Utilização de um berço para a dobragem das abas Soluções para o problema da dobragem das abas • Numa calandra sem capacidade para curvar as abas, o curvamento poderá ser executado prévia ou posteriormente à calandragem, por algum outro processo. • Pode-se também calandrar uma chapa com um comprimento superior ao pretendido e cortar as abas direitas. • Outra solução é a de curvar as abas na calandra com o auxílio de um gabarito, também conhecido por “berço”, fabricado previamente em chapa espessa. • Utilizar calandras preparadas para o curvamento das abas, as quais permitem deslocamento dos rolos inferiores ou do superior. • Efetuar a operação numa calandra de quatro rolos.
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