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Material do Professor - Delegado - D Proc Penal - Nestor Távora - Aula 01

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DELEGADO DE POLÍCIA 
Nestor Távora 
Direito Processual Penal 
Aula 01 
 
 
MATERIAL DO PROFESSOR 
 
 
@nestor_tavora 
 
Bibliografia: 
 
a) Curso de Direito Processual Penal 
 
Ed. Juspodivm 
 
Autores: Nestor Távora/Rosmar Alencar 
 
b) Manual de Direito Processual Penal 
 
Ed. Juspodivm 
 
Autor: Renato Brasileiro 
 
Obs. Pacote Anticrime- Lei 13.964/019 
 
O Ministro Luiz Fux, apreciando medida cautelar na ADI n° 6298-DF, suspendeu os seguintes dispositivos: 
 
a) Arts. 3°A, 3°-B, 3°-C, 3°-D, 3°-E, 3°-F, CPP (juiz das garantias). 
 
b) caput art. 28, CPP (arquivamento do IP dentro do MP). 
 
c) § 5°, art. 157 do CPP (impedimento do juiz X prova ilícita) 
 
d) § 4°, art. 310, CPP (ilegalidade da prisão em face do descumprimento do prazo da audiência de 
custódia). 
 
INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR 
 
1- Considerações iniciais: 
 
1.1- Enquadramento da disciplina: a nossa matéria regula a persecução penal (perseguição do crime), composta 
das seguintes etapas: 
 
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a) Investigação; 
 
b) Processo. 
 
1.2- Papel da polícia (art. 144, CF; Lei 12.830/013): 
 
a) Polícia administrativa/ostensiva: ela desenvolve um papel tipicamente de prevenção. 
 
Ex.: PM; Polícia Ferroviária; Polícia Rodoviária; Polícia Marítima. 
 
b) Polícia judiciária/ polícia civil (estadual/federal) 
 
Obs.1. Estrutura: a polícia judiciária é integrada por delegados de carreira, leia-se, concursados, 
bacharéis em direito e com tratamento protocolar similar ao das demais autoridades (Lei 
12.830/013). 
 
Obs.2. Aspecto funcional: cabe a polícia civil auxiliar o Poder Judiciário e elaborar o IP. 
 
2- Conceito e finalidade 
 
a) É um procedimento administrativo preliminar 
 
b) De caráter informativo 
 
c) Presidido pela autoridade policial 
 
Conclusão: cabe ao delegado de polícia a presidência do inquérito policial. 
 
d) Tendo por objetivo apurar a autoria, a materialidade e as circunstâncias da infração. 
 
Obs.1. Materialidade é sinônimo de existência da infração. 
 
Obs.2. Quando a infração deixar vestígios, a materialidade é demonstrada por exame de corpo de delito 
(art. 158, CPP). 
 
Obs.3. Os crimes que deixam vestígios são chamados de não transeuntes ou intranseuntes. 
 
e) Com prazo 
 
f) Tendo por finalidade contribuir na formação da opinião delitiva do titular da ação penal 
 
Conclusão: Percebe-se que o IP contribui para o convencimento do titular da ação, quanto ao início (ou 
não) do processo. 
 
Conclusão2. O IP serve ainda no fornecimento de justa causa para a adoção de medidas cautelares 
durante a persecução penal. 
 
2.1- Natureza jurídica: o IP é enquadrado como procedimento administrativo preliminar de caráter informativo. 
 
3- Características do IP 
 
3.1- Procedimento inquisitivo: o IP é caracterizado por concentração de poder em autoridade única, usualmente 
não comportando contraditório ou ampla defesa. 
 
Obs.1. Prerrogativa do advogado: o advogado tem direito de acompanhar o cliente perante qualquer 
autoridade investigante, podendo formular razões e quesitos. 
 
 
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Conclusão1. Se a autoridade impedir o acesso do advogado, haverá nulidade do ato e de todos 
os demais que dele decorrem (princípio da consequencialidade). 
 
Conclusão2. Se o investigado comparecer sozinho, será ouvido normalmente (art. 7°, XXI, Lei 
8.906/94). 
 
Conclusão3. Na fase judicial, o interrogatório sem advogado é fato gerador de nulidade absoluta, 
por ausência de defesa técnica (art. 185, CPP c/c súmula 523, STF). 
 
Obs.2. O art. 14- A do CPP e o art. 16-A do CPPM exigem que o delegado promova “citação” (intimação) 
do suspeito que integra as instituições do art. 144 da CF para que constitua advogado, quando empregar 
força letal no desenvolvimento funcional. Não o fazendo no prazo de 48 horas, a instituição a qual ele 
estava vinculado será intimada, dispondo de 48 horas para indicar defensor. 
 
Conclusão: a mesma prerrogativa é aplicada aos sujeitos indicados no art. 142 da CF, que 
empreguem força letal em fatos envolvendo missões para a garantia da Lei e da Ordem. 
 
Obs.3. Havendo desejo político, podemos regular inquérito com contraditório e ampla defesa, a exemplo 
do inquérito para expulsão do estrangeiro regulado na Lei de Migração. 
 
3.2- Procedimento discricionário: o delegado atua com margem de conveniência e oportunidade, adequando o 
IP ao delito apurado, já que a investigação não deve ser previsível. 
 
Obs.1. Os artigos 6° e 7° do CPP, de forma não exaustiva, apontam diligência que podem ou devem ser 
cumpridas pelo delegado, para melhor aparelhar o IP. 
 
Conclusão: o mesmo ocorre nos arts. 13-A e 13-B do CPP, tratando das condutas envolvendo o 
tráfico de pessoas. 
 
Obs.2. As diligências requeridfas pela vítima ou pelo suspeito pode ser negadas, salvo o exame de corpo 
de delito, quando a infração deixar vestígios (art. 158 c/c 184, CPP). 
 
Obs.3. As requisições emanadas do MP ou do juiz (das garantias) devem ser cumpridas pelo delegado, 
salvo manifesta ilegalidade (art. 13, II, CPP). 
 
Obs.4. “O IP não possui rito” ( V). 
 
3.3- Procedimento sigiloso: cabe ao delegado velar pelo sigilo da investigação, diante do desejo de eficiência no 
desvendamento do crime (art. 20, CPP). 
 
Obs.1. Informações do IP não serão apontadas na certidão de antecedentes, diante da presunção de 
inocência (art. 20, parágrafo único, CPP). 
 
Obs.2. Prerrogativa do advogado: o advogado tem direito de acessar os autos de qualquer investigação 
criminal, tendo contato que o que já foi produzido e está documentado (art. 7°, XIV, Lei 8.906/94; súmula 
vinculante 14). 
 
Conclusão1. O advogado pode tomar apontamento e copiar os autos. 
 
Conclusão2. O acesso independe da apresentação de procuração. Todavia, sendo decretado 
segredo de justiça (sigilo judicial), o acesso é mantido, mas a procuração passa a ser necessária. 
 
Conclusão3. O advogado não tem acesso a diligência em andamento ou futuras. 
 
Conclusão4. Se a autoridade boicotar o acesso, responde por abuso de autoridade. Em 
complemento, o advogado pode manejar MS, HC, relação constitucional ou apresentar uma 
petição simples ao juiz das garantias (art. 3°-B, CPP). 
 
 
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3.4- Procedimento escrito: prepondera a forma documental, sendo que os atos orais serão reduzidos a termo 
(art. 9°, CPP). 
 
Obs.1. Cabe a autoridade rubricar todas as páginas do IP. 
 
Obs.2. As novas ferramentas tecnológicas podem ser empregadas na documentação do IP, como a 
captação de som e imagem. 
 
3.5- Procedimento indisponível: o delegado nunca poderá arquivar o IP (art. 17, CPP). 
Conclusão: toda investigação iniciada deve ser concluída e encaminhada a autoridade competente. 
 
3.6- Procedimento dispensável: o ajuizamento da ação penal independe da prévia elaboração do IP. 
Obs. Inquéritos não policiais: são aqueles conduzidos por autoridades distintas da polícia judiciária. Vejamos as 
principais hipóteses: 
 
a) Inquérito parlamentar: é aquele elaborado pela CPI. 
 
b) Inquérito militar: ele tem por objeto as infrações militares, sendo conduzido por um membro da 
correspondente instituição militar. 
 
c) Quanto aos membros da magistratura, a investigação é conduzida pelo tribunal competente. 
 
d) Quanto aos membros do MP, a investigação é conduzida pela Procuradoria Geral. 
 
e) Para as demais autoridades com foro por prerrogativa, a investigação ou o indiciamento exigem prévia 
deliberação do tribunal competente, de acordo com entendimento do STF. 
 
f) Inquérito ministerial/ PIC (procedimento investigativo criminal): de acordo com o Pleno do STF, o MP 
pode conduzir investigação criminal, que conviverá com o inquérito policial. 
 
Conclusão1. O STF adotou a “teoria dos poderes implícitos”, afinal, se o MP é o titular da ação, 
também poderá cumprir dos os atos que componham as necessidades de sua função primordial. 
 
Conclusão2. De acordo com a súmula 234 do STJ, o membro do MP que investiga não é suspeitoou impedido para atuar na fase do processo. 
 
Conclusão3. As críticas repousam na ausência de lei federal regulando a investigação do MP, 
assim como pela temerária aglutinação de funções. 
 
4- valor probatório 
 
4.1- Conceito: o valor probatório do IP é relativo, pois ele serve de base para o ajuizamento da ação e para a 
adoção de medidas cautelares, não servindo sozinho para sustentar uma futura condenação (art. 155, CPP). 
 
4.2- Elementos migratórios 
 
4.2.1- Conceito: são aqueles extraídos do IP, migrando para o processo e podendo admitir ampla 
valoração na decisão, inclusive condenatória. 
 
4.2.2- Hipóteses: 
 
a) provas cautelares: são aquelas justificadas pela necessidade e urgência. Ex. Interceptação 
telefônica. 
 
b) provas irrepetíveis: são aquelas de fácil perecimento e que dificilmente podem ser refeitas na 
fase processual. Ex. bafômetro. 
 
 
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Obs. Tais elementos, migrando para a fase processual, são submetidos a contraditório e 
a ampla defesa. 
 
c) Incidente de produção antecipada de provas: ele é instaurado perante o juiz (das garantias), 
com a intervenção das futuras partes do processo, assim como em respeito ao contraditório e a 
ampla defesa. 
 
4.3- Destino dos autos do IP: de acordo com o art. 12 do CPP, os autos do IP acompanham a inicial acusatória, 
sempre que o titular da ação utilize o IP para ajuizar a demanda. Todavia, de acordo com o § 3° do art. 3°-C do 
CPP, os autos que compõem matéria de competência do juiz das garantias ficam acautelados na secretaria deste 
juízo, não migrando para a fase processual, , salvo os documentos relativos ás provas irrepetíveis, medidas de 
obtenção e de antecipação de provas, que estarão á disposição tanto da acusação quanto da defesa na secretaria 
do juízo das garantias. 
 
5- Vícios ou as irregularidades

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