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Aulas de Processo Penal Nestor Távora 2021 só tenho esse material

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Processo Penal 
1ª aula - 02/02/2021 - Professor Nestor 
Távora 
 
I) INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR 
Observações iniciais: institutos trazidos pelo Pacote Anticrime e que estão suspensos por 
deliberação do STF: 
a) Juiz das garantias: arts. 3ºA – 3ºF, CPP. 
b) Arquivamento do IP no MP: “caput” art. 28, CPP. (Os parágrafos seguem sendo 
aplicados). 
c) Impedimento do juiz que tem contato com a prova ilícita para julgar a causa: §5º, 
art. 157, CPP. 
d) Ilegalidade da prisão pela não realização da audiência de custódia no prazo legal 
(§4º, art. 310, CPP) 
 
II) Inquérito Policial 
1- CONSIDERAÇÕES INICIAIS: 
 
1.1- Enquadramento: o DPP regula a persecução penal, leia-se, a perseguição 
do crime, composta das seguintes etapas: 
a) Etapa preliminar: IP 
b) Etapa subsequente: Processo. 
 
1.2- Papel da polícia (art. 144, CF + Lei 12.830/13) 
a) Polícia Administrativa/Ostensiva: típico papel de prevenção. Ex: PM; 
Polícia Rodoviária; Polícia Ferroviária; Polícia Marítima; Polícia Penal; 
b) Polícia Judiciária/Civil (Estadual/Federal): 
Obs. Estrutura: estruturada por delegados de carreira, leia-se, 
concursados, bacharéis em direito e com tratamento protocolar similar 
ao das demais autoridades. 
Obs2. Aspecto funcional: auxiliar o poder judiciário; elaborar o IP. 
 
2- CONCEITO E FINALIDADE DO IP: 
a) É um procedimento administrativo preliminar 
b) De caráter informativo 
c) Presidido pela autoridade policial / conclusão: cabe ao delegado a 
presidência do IP (art. 2º, §1º, Lei 12.830/13). 
d) Tendo por objetivo apurar a autoria, a materialidade e as circunstâncias da 
infração / Obs.: a materialidade é sinônimo da existência da infração. Obs2.: 
Quando o crime deixa vestígios, é rotulado de não transeuntes, 
intranseuntes. Obs3.: Quando a infração deixa vestígios, será elaborado o 
exame de corpo de delito (arts. 158 e 184, CPP). Obs4.: A cadeia de custódia 
é regulada nos arts. 158-A a 158-F do CPP. 
e) Com prazo 
f) Tendo por finalidade contribuir na formação da opinião delitiva do titular da 
ação penal. Conclusão: percebe-se que o IP serve para convencer o titular da 
ação quanto a adoção ou não de providências penais. Conclusão2: O IP serve 
ainda no fornecimento de justa causa para a adoção de medidas cautelares. 
 
2.1- Natureza jurídica IP (a essência do instituto/ a posição topográfica 
daquele instituto/ seu enquadramento): é enquadrado como 
procedimento administrativo preliminar de caráter informativo. 
 
3- CARACTERÍSTICAS DO IP: 
3.1- Procedimento inquisitivo: temos concentração de poder em autoridade 
única. Logo, usualmente, afastamos o contraditório e a ampla defesa. 
Obs1: Prerrogativa do advogado: é direito do advogado acompanhar o cliente no 
momento em que é ouvido perante qualquer autoridade investigante. Art. 7º, XXI, Lei 
8906/94 (EOAB). 
Conclusão: o advogado pode apresentar razões e formular quesitos. 
Conclusão2: se o suspeito comparecer sozinho, será ouvido normalmente. 
Conclusão3: Na fase processual, interrogatório sem advogado é ato nulo (Art. 185, CPP 
e súmula 523, STF). 
Conclusão4: Se o delegado impedir o acesso do advogado, o ato é nulo, assim como 
todos os demais que dele decorrem (princípio da consequencialidade). 
Obs2: Pacote Anticrime: de acordo com o art. 14-A, CPP, deve o delegado “citar” 
(notificar) o investigado que integra as forças policiais, que empregou força letal no 
desempenho da função, para constituir advogado no prazo de 48h. Diante da omissão, 
a instituição na qual ele pertencia à época do fato, será intimada para constituir 
advogado no prazo de 48h. 
ADVERTÊNCIA: a mesma prerrogativa é aplicada aos membros das Forças Armadas que 
empregue força letal no desempenho das funções durante as operações GLO (garantia 
da lei e da ordem). 
Obs3. Havendo desejo político, é possível a regulação de IP com contraditório e ampla 
defesa, a exemplo do inquérito para a expulsão do estrangeiro regulado na Lei de 
Migração (Lei 13445/17, art. 58). 
 
3.2- Procedimento discricionário: o delegado preside a investigação da 
forma que entender mais estratégico, adequando o IP a realidade do 
crime apurado. 
Obs.1: Os arts. 6º e 7º, CPP, de forma não exaustiva, apontam 
diligencias que podem ou devem ser cumpridas para melhor 
aparelhar o IP. 
Obs.2: As diligências requeridas pela vítima ou pelo suspeito podem 
ser negadas, salvo o exame de corpo de delito, quando a infração 
deixar vestígios. (Arts. 14, 158, 184, CPP). 
Obs.3: Cespe - V ou F? “O IP não tem rito”. (V) 
 
3.3- Procedimento sigiloso: cabe ao delegado velar pelo sigilo, em favor 
da eficiência da investigação (art. 20, CPP). 
Obs.1. Princípio da presunção da inocência: Informações do IP não 
serão apontadas na certidão de antecedentes criminais (art. 20, 
parágrafo único, CPP). 
Obs.2. Prerrogativa do advogado: de acordo com o art. 7º, XIV, Lei 
8906/94 e de acordo com a Súmula Vinculante 14, é direito do 
advogado ter acesso aos autos de qualquer investigação criminal, 
tendo contato com o que já foi produzido e está documentado. 
Conclusão1: o advogado poderá tomar apontamentos e copiar os 
autos. 
Conclusão2: o delegado pode obstar o acesso a diligência em 
andamento ou futuras. 
Conclusão3: o acesso independe de procuração. Todavia, instituído o 
sigilo, o acesso é preservado, mas a procuração passa a ser 
necessária. 
Conclusão4: o boicote ao acesso leva a responsabilidade penal, civil 
e administrativa. Além disso, o advogado pode provocar o juiz por 
petição simples, por MS ou Habeas Corpus (profilático, pois o risco a 
liberdade é acidental.) 
 
3.4- Procedimento escrito: prevalece a forma documental, sendo que os 
atos orais serão reduzidos a termo (art. 9º, CPP). 
Obs.1. O delegado deve rubricar todas as laudas do IP; 
Obs.2. As novas ferramentas tecnológicas, podem ser empregadas na 
documentação, o que envolve captação de som e imagem, assim 
como a estenotipia (técnica de resumo de palavras por símbolos). 
 
3.5- Procedimento indisponível: o delegado nunca poderá arquivar a 
investigação (art. 17, CPP). 
Conclusão: toda investigação iniciada deve ser concluída e 
encaminhada a autoridade competente. 
 
3.6- Procedimento dispensável: a deflagração do processo independe da 
prévia elaboração do IP (posição majoritária). 
Obs1. Para Henrique Hoffmann, em posição minoritária, o IP é 
indispensável para a deflagração do processo, afinal, usualmente 
teremos na investigação. 
Obs2. Inquéritos não policiais: (próxima aula) 
 
AULA 2 – 09/02/2021 
Obs2: Inquéritos não policiais: São aqueles, conduzidos para autoridades distintas da 
polícia judiciária. Vejamos as principais hipóteses: 
i) Inquérito parlamentar: é aquele conduzido pela CPI. Conclusão: O inquérito 
parlamentar é remetido ao MP e terá análise em caráter de urgência (art. 3º, 
Lei 10.001/00) 
ii) Os membros da magistratura não serão investigados ou indiciados pela 
polícia judiciária. Conclusão: a investigação cabe ao Tribunal competente 
(art. 33, LOMAN). 
iii) Os membros do MP não serão investigados ou indiciados pela polícia 
judiciária. Conclusão: a investigação é conduzida pela procuradoria geral (art. 
18, parágrafo único, LC 75/1993; art. 41, parágrafo único, Lei 8625/93). 
iv) Inquérito ministerial/ PIC (Procedimento Investigativo Criminal): de acordo 
com o Pleno do STF (RE 593.727, Inf. 785) o MP pode conduzir investigação 
criminal, convivendo com a regulação do IP. 
Conclusão1: o STF adotou a teoria dos poderes implícitos. (STF HC 91.661). 
Como a CF conferiu ao MP o poder-dever de processar (art. 129, I), 
implicitamente investe o MP com todas as ferramentas para cumprir o seu 
papel. (Caso MC Culloock x Maryland, 1819). 
Conclusão2: de acordo com a súmula 234, STJ, o membro do MP que 
investiga não é suspeito ou impedido de atuar na fase processual. 
Conclusão3: Para Luiz Flavio Borges D’urso, as críticas repousam na 
inexistência de lei federal regulandoa investigação do MP e no risco de 
aglutinação de funções. 
 
4- VALOR PROBATÓRIO DO IP: 
4.1- Conceito: de acordo com Tourinho Filho, o IP tem valor probatório relativo, 
servindo de base ao ajuizamento da ação e para a adoção de medidas cautelares. 
Todavia, o IP não se presta sozinho a sustentar eventual condenação. (art. 155, CPP). 
 
4.2 – Elementos de migração: 
I. Conceito: são aqueles extraídos do IP, transportados ao processo e que podem 
servir de base para eventual condenação. 
II. Hipóteses: 
a. Provas cautelares: aquelas justificadas pelo binômio necessidade e 
urgência. Ex. captação ambiental. 
b. Provas irrepetíveis: são aquelas de fácil perecimento e que 
dificilmente podem ser refeitas na fase processual. Ex. bafómetro. 
Advertência: tais elementos ao migrarem ao processo, serão 
submetidos a contraditório, diferido ou postergado, e a ampla defesa. 
c. Incidente de produção antecipada de provas: ele é instaurado 
perante o juiz, contando com a intervenção das futuras partes do 
processo, contraditório e ampla defesa. Ex. depoimento especial 
(depoimento sem dano). 
 
5- VÍCIOS OU IRREGULARIDADES: 
5.1- Conceito: são os defeitos ocasionados pela condução do IP ao arrepio da lei ou dos 
princípios constitucionais. 
5.2- Consequências: 
a) Os vícios podem justificar a avocatória, por despacho motivado do Chefe de 
Polícia, designando outro delegado para conduzir a investigação. (art. 2º, §4º, Lei 
12.830/13) 
Advertência: a avocatória ainda pode ocorrer por razões por interesse público. 
b) Para os tribunais superiores, os vícios do IP, como regra, não contaminam o 
processo, afinal, o IP é meramente dispensável. 
Conclusão1: “Os vícios do IP são endoprocedimentais.” (V). 
Conclusão2: Quando o IP é integralmente viciado e serviu de base para denúncia, 
cabe ao juiz rejeitar a inicial, por ausência de justa causa (art. 395, I, CPP). 
Todavia, se a inicial foi recebida, resta concluir que o processo é nulo. 
Conclusão3: de acordo com o artigo 12, CPP, sempre que o IP serve de base para 
a inicial, ele deve acompanhar a denúncia. 
Advertência: de acordo com o §3º, art. 3-C, CPP, ainda suspenso, os autos que 
compõem matéria de competência do juiz das garantias, ficaram acautelados na 
secretaria desse juízo, a disposição das partes, não acompanhando os autos 
remetidos ao juiz da instrução, salvo as provas irrepetíveis, assim como as 
medidas de obtenção e antecipação de provas. 
 
6- PROCEDIMENTO: 
6.1- 1ª ETAPA - Início: o IP é deflagrado por meio de uma portaria. 
I. Conceito: peça escrita que demarca o início da investigação. 
II. Conteúdo: 
i. Fatos a ser apurados; 
ii. Diligências que serão imediatamente cumpridas; 
iii. Envolvidos; 
iv. Determinação de instauração da investigação. 
III. Substituição: algumas peças podem funcionar como portaria, a exemplo 
do auto de flagrante. 
IV. Noticia crime: é a comunicação da ocorrência de uma infração a 
autoridade com atribuição para agir. 
Obs1. Destinatários: 
i. Delegado 
ii. MP 
iii. Juiz 
Obs2. Legitimidade ativa (noticiantes) Classificação: 
a. Notícia crime direta/ notícia crime de cognição imediata: é aquela 
atribuída ao papel da polícia ou da imprensa. 
Obs. Notícia apócrifa/inqualificada: é o que rotulamos como “notícia 
anônima”. 
Conclusão: Segundo o STF, não se pode de imediato instaurar o IP diante 
de uma notícia anônima. É necessário que inicialmente se verifique o 
substrato da notícia (STF. HC 97.197. Inf. 565). 
b. Notícia crime indireta/ cognição mediata/qualificada: é aquela 
apresentada por pessoa que não integra a polícia, mas está devidamente 
identificada. Vejamos: 
b.1) Vítima ou representante legal (incapacidade): a notícia é formulada 
por meio de um requerimento. 
Conclusão1: diante da denegação de instauração do IP, caberá recurso 
administrativo endereçado ao chefe de polícia (art. 5º, §2º, CPP). 
Conclusão2: nos crimes de ação privada e de ação pública condicionada 
a instauração do IP, depende de prévia manifestação de vontade do 
legítimo interessado (art. 5º, §§4º e 5º, CPP). 
b.2) Juiz/ MP: a notícia é formulada por meio de requisição (art. 5º, II, 
CPP). 
Conclusão: prevalece o entendimento que a requisição deve ser 
atendida, mesmo inexistindo vinculo de hierarquia. 
b.3) Qualquer pessoa do povo: a notícia é formulada por meio de 
delação. 
Conclusão: ela é cabível nos crimes de ação pública incondicionada, pois 
o delegado deve instaurar o IP de ofício (art. 5º, §6º, CPP). 
 
Atenção 1 (MPSP). Delatio criminis com força coercitiva: é a notícia 
extraída da prisão em flagrante, podendo ser direta ou indireta a 
depender de quem realize a captura (art. 301, CPP). 
Atenção 2 (MPSP). Delatio criminis postulatória: é sinônimo do instituto 
da representação no âmbito da ação pública condicionada. 
Obs. A instauração da investigação deve ser comunicada ao juiz das garantias (art. 3º-B, 
CPP) 
 6.2- 2ª ETAPA – Evolução: o IP avança por meio do cumprimento de diligências 
realizadas de forma discricionária (arts. 6º e 7º, CPP). 
 6.3 – 3ª ETAPA – Encerramento/Conclusão: o IP é concluído com a elaboração 
de um relatório (art. 10, CPP). 
I. Conceito: relatório é a peça eminentemente descritiva que aponta as diligências 
realizadas e justifica as que não foram feitas por algum motivo relevante. 
II. Mitigação: segundo LFG, a descrição inerente ao relatório é mitigada na Lei de 
Drogas, já que o delegado deve justificar a razão do enquadramento no tráfico e 
não no porte para uso de drogas (art. 52, I, Lei 11.343/06). 
 
6.4- Desdobramento procedimental: 
a) Autos do IP com o relatório 
b) Teremos a remessa ao juiz (art. 23, CPP). 
Obs1. Central de IP: é o órgão do MP que recebe o IP e distribui entre os 
respectivos membros. 
c) Cabe ao juiz abrir vistas ao MP. 
d) Diante do IP, o MP tem as seguintes alternativas: 
i. 1ª alternativa: diante do lastro indiciário, cabe ao MP 
oferecer a denúncia (inicial acusatória), com o objetivo de 
que seja deflagrado o processo (art. 24, CPP). 
Obs. Nos crimes com pena mínima inferior a 4 anos, 
praticados sem violência ou grave ameaça e fora da Lei 
Maria da Penha, caberá o acordo de não persecução penal 
(ANPP), (art. 28-A, CPP). 
ii. 2ª alternativa: diante da fragilidade do lastro indiciário, é 
possível que existe esperança da imediata colheita. Logo, 
caberá a requisição de novas diligências imprescindíveis 
ao início do processo (art. 16, CPP). 
iii. 3º alternativa: inexistindo viabilidade para a deflagração 
do processo, caberá o arquivamento da investigação. 
Obs. Procedimento: 
➢ Antes do pacote anticrime: cabe ao MP requerer 
ao juiz o arquivamento. 
Conclusão1: se o juiz concordar, homologará o 
pedido. Logo, cabe ao juiz arquivar, diante do 
requerimento do MP, o que caracteriza o ato como 
complexo. 
Conclusão2: se o juiz discordar, remeterá os autos 
ao Procurador Geral (Princípio da Devolução). O 
PG poderá adotar as seguintes medidas: 
• Oferecer a denúncia; 
• Designar outro membro do MP para 
denunciar (prevalece que o membro 
designado deve agir, atuando por 
delegação do PG); 
• Insistir no arquivamento, cabendo ao juiz, 
homologar. 
3ª aula – 23/02/2021 
 
➢ Procedimento após o pacote anticrime: Com a 
nova redação do art. 28 do CPP, ainda suspensa 
por deliberação do STF, cabe ao MP ordenar o 
arquivamento, comunicando ao delegado, ao 
ofendido e ao investigado. 
Conclusão1: o arquivamento é submetido a 
homologação por uma instância de revisão. 
Conclusão2: o ofendido poderá impugnar o 
arquivamento provocando a instância revisional, 
dispondo do prazo de 30 dias. 
Conclusão3: quando a união, o Estado ou o 
Município são atingidos pela conduta criminosa, a 
chefia do ente jurídico responsável por sua 
representação poderá provocar a instância 
revisional. 
 
7- Questões complementares: 
a) Consequência do arquivamento: de acordo com a Súmula 524, STF, o 
arquivamentodo IP, como regra, não é apto a imutabilidade pela coisa 
julgada material. Logo surgindo novas provas antes da extinção da 
punibilidade, caberá o oferecimento da denúncia. 
Conclusão1: O arquivamento segue a causa rebus sic stantibus (como as 
coisas estão). 
Conclusão2: o arquivamento faz mera coisa julgada formal. 
 
b) Definitividade do arquivamento: de acordo com o STF, o arquivamento 
faz coisa julgada material quando amparado na certeza da atipicidade do 
fato (formal ou material). 
Conclusão: o mesmo ocorre quando existir certeza da extinção da 
punibilidade. 
 
c) Incomunicabilidade: 
c.1) Definição: era a possibilidade de que preso no IP não tivesse contato 
com terceiros, em favor da eficiência da investigação. 
c.2) Requisitos: - ordem judicial motivada; - prazo de 3 dias; - acesso do 
advogado. 
c.3) Filtro constitucional: Com o advento do art. 136, §3º, IV, CF, que 
inadmite a incomunicabilidade mesmo no Estado de Defesa, resta 
concluir que o art. 21, CPP não foi recepcionado. 
ADVERTÊNCIA: não há incomunicabilidade no RDD (Regime Disciplinar 
Diferenciado, art. 52, LEP). 
 
d) Indiciamento: 
d.1) Definição: é a convergência da investigação em face de determinada 
pessoa, saindo de um juízo de possibilidade e ingressando em outro de 
probabilidade. 
 
d.2) Legitimidade: no bojo do IP, o indiciamento é ato privativo do 
delegado, que não se sujeita a requisição do MP ou do juiz para indiciar 
qualquer pessoa. 
 
d.3) Requisitos: é necessário despacho motivado do delegado, em 
análise técnico-jurídica, apontando os indícios de autoria, da 
materialidade e das circunstâncias da infração. 
 
d.4) Momento: de acordo com a doutrina, o indiciamento deve ocorrer 
assim que possível, normalmente após a oitiva do suspeito. 
Obs. Aquele que já é réu em processo criminal não será indiciado pelo 
mesmo fato. Em tal hipótese, falta justa causa para o IP, que merece ser 
trancado pelo manejo de HC. 
 
 d.5) Classificação: 
i) Indiciamento direto: é aquele promovido perante o investigado. 
ii) Indiciamento indireto: é aquele realizado na ausência do 
suspeito. 
d.6) Afastamento do Funcionário Público: de acordo com o art 17-D da 
Lei 9613/98, o indiciamento do FP que se utiliza da função para lavar 
dinheiro, provoca o afastamento das atividades. 
Advertência: para Renato Brasileiro, o afastamento não é automático, 
demandando deliberação do juiz, como medida cautelar de ordem 
pessoal (posição majoritária). Previsão da Lei de Lavagem. STF. ADI 
4911/DF, Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julg 
em 20/11/2020 (Info 1000). 
e) Termo circunstanciado de ocorrência (TCO): é a investigação 
simplificada na apuração das infrações de menor potencial ofensivo 
(crimes com pena máxima de até 2 anos e contravenções penais). 
Conclusão1: eventualmente vamos instaurar IP infração de menor 
potencial ofensivo, a exemplo do que ocorre quando a autoria da 
infração é desconhecida. 
Conclusão2: a doutrina diverge quanto a legitimidade para a presidência 
da lavratura do TCO, em visão estrita do delegado e em posição ampla, 
incluindo a PM e a secretaria do juizado. 
 
III) AÇÃO PENAL 
1- Conceito: é o direito público e subjetivo positivado na CF de exigir do Estado-juiz 
a aplicação da lei ao caso concreto, com o objetivo de solucionar a demanda 
penal. 
Observação1: o processo é a ferramenta deflagrada diante do exercício da ação. 
Observação2: para Ovídio Baptista, a ação é o que fazemos para obter uma justa 
e adequada prestação jurisdicional, dentro de um prazo razoável. 
 
2- Modalidades de ação (classificação): 
a) Ação penal de iniciativa pública 
b) Ação penal de iniciativa provocada 
ADVERTENCIA: segundo Hélio Bastos, toda ação penal é pública em razão 
dos interesses versados. O que pode oscilar é a iniciativa para a propositura. 
 
3- Ação penal de iniciativa pública: 
3.1) Conceito: é aquela titularizada pelo MP por força do art. 129, I, CF (pilar 
do sistema acusatório) e do art. 257, I, CPP. 
Obs1. Processo judicialiforme: era a possibilidade da demanda pública 
ser proposta por delegados e juízes, sem intervenção do MP, em sistema 
tipicamente inquisitivo. 
Conclusão: cabe concluir que o artigo 26, CPP não foi recepcionado pelo 
art. 129, I, CF. 
Conclusão2: A inicial acusatória pública é a denúncia, sendo que seus 
requisitos estão no art. 41, CPP. 
 
3.2) Princípios: 
3.2.1) Princípio da obrigatoriedade: 
I) Conceito: o exercício da ação pública é um dever funcional 
inerente a atuação do MP. 
 
II) Princípio da obrigatoriedade mitigada: segundo Tourinho Filho, 
a mitigação é apresentada no seguinte contexto. 
a) Transação penal (art. 76, Lei 9099/95) 
b) Colaboração premiada (art. 4º, §4º, Lei 12850/13) 
c) Acordo de não persecução penal (ANPP) art. 28-A, CPP. 
3.2.2- Princípio da Indisponibilidade: 
I- Conceito: o MP não poderá desistir da demanda ajuizada. 
II- Postura do MP: 
a) O MP poderá requerer a absolvição do réu em alegações finais, 
o que não significa desistência. 
Conclusão: o magistrado não está vinculado ao pedido, podendo 
condenar o imputado (art. 385, CPP). 
b) Os recursos ministeriais são essencialmente voluntários, todavia 
se o MP recorrer não poderá desistir, já que o recurso é um 
desdobramento do direito de ação (Ada Pellegrini Grinover), 
desdobramento do art. 576, CPP. 
III- Princípio da Indisponibilidade Mitigada: segundo Tourinho Filho, a 
mitigação ao princípio da indisponibilidade se apresenta da seguinte 
forma: 
i. Suspensão condicional do processo (art. 89. Lei 
9099/95) 
ii. Colaboração premiada (art. 4º, caput, Lei 12.850/13) 
3.2.3) Princípio da Divisibilidade: 
I) Conceito: para os Tribunais superiores, a ação pública é divisível 
pela possibilidade de desmembramento. 
Observação - Princípio da Indivisibilidade: para boa parte da 
doutrina, a ação pública é indivisível, afinal o MP não poderá 
escolher arbitrariamente quem será ou não responsabilizado, 
sendo que as situações de desmembramentos são excepcionais. 
3.2.4) Princípio da Intranscendência/ Princípio da Pessoalidade: 
I) Conceito: Os efeitos da ação penal não podem ultrapassar a 
figura do imputado. 
 
AULA 4 – 02/03/2021 
3.3) Modalidades (classificação) 
 
3.3.1 - AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA 
I) Conceito: é aquela titularizada pelo MP, onde a atividade 
persecutória será deflagrada independente do desejo da 
vítima ou terceiros. 
Obs1: ela é apontada como regra geral (art. 100, caput, CP). 
Conclusão: quando o dispositivo penal é omisso, presumiremos que o crime é de ação 
pública incondicionada. 
Obs2: quando o crime é de ação pública incondicionada, o IP deve ser deflagrado de 
ofício (art. 5º, I, CPP). 
Obs3: a inicial acusatória pública é a denúncia, sendo que os seus requisitos estão no 
art. 41, CPP. 
 
3.3.2 - AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA 
I) Conceito: é aquela titularizada pelo MP, sendo que a 
atividade persecutória dependerá da prévia manifestação 
da vontade do legítimo interessado. 
Obs1: o condicionamento da ação pública depende de expressa previsão legal (art. 
100, parágrafo 1º, CP). 
Obs2: almejamos evitar o "strepitus judicii" (escândalo do processo). 
 
II) Institutos Condicionantes: 
a) Representação: 
a.1) conceito: é o pedido e ao mesmo tempo a autorização 
que condiciona o início da persecução penal. 
Conclusão: sem ela inexiste ação, IP ou lavratura de flagrante. 
 
a.2) natureza Jurídica: ela é enquadrada como condição de 
procedibilidade, leia-se, uma condição para a adoção de providências 
penais 
 
a.3) legitimidade: 
a.3.1) Destinatários: 
- Delegado; 
- Membro do MP; 
- Juiz; 
a.3.2- Legitimidade Ativa: vítima ou do seu 
representante legal nas hipóteses de 
incapacidades. 
Obs1: o menor emancipado representa por 
meio de um curador especial. 
Obs2: diante da morte ou da declaração judicial 
de ausência, o direito de representar é transferidoaos seguintes sucessores: 
 
Cônjuge 
Ascendentes 
Descendente
s Irmãos 
 
Conclusão: o rol do parágrafo 1º do art. 24 do CPP é preferencial e taxativo. 
Todavia, incluiremos o companheiro(a) ao lado do cônjuge. 
 
a.4) Prazo: 6 meses contados do conhecimento da autoria da 
infração (art. 38, CPP). 
Obs1: o prazo tem natureza decadencial, o que significa 
dizer que é um prazo fata, não tolerando suspensão, 
interrupção ou prorrogação. 
Obs2: o prazo é contado de acordo com o art. 10 do CP. 
a.5) Forma: para os tribunais Superiores a forma é livre. 
 
a.6) Retratação: 
 
a.6.1- Regra Geral: a vítima poderá se retratar até antes do 
oferecimento da denúncia (art. 25, CPP). 
Obs1: se a vítima se retratou, poderá se arrepender e 
reapresentar a representação, desde que dentro do prazo (posição 
majoritária). 
Conclusão: cabe retratação da retratação da representação (V) 
Obs2: a doutrina minoritária entende que a retratação 
caracteriza verdadeira renúncia, não tolerando arrependimento. 
 
a.6.2) REGRA ESPECIAL - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR 
CONTRA A MULHER 
Conclusão1: Existem crimes de ação pública condicionada na 
esfera da violência doméstica (art. 147, CP) 
Conclusão2: se a mulher representou ela poderá retirar a 
representação (renúncia), em audiência específica, na presença do 
juiz, ouvindo-se o MP (art. 16, Lei 11.340/06). 
Conclusão3: a mulher poderá retirar a representação até 
antes do recebimento da denúncia. 
Conclusão4: como a lei dos juizados é inaplicável na violência 
doméstica (art. 41, Lei 11.340/06), resta concluir que o crime de lesão 
corporal, mesmo que leve, na esfera da violência doméstica é crime de 
ação pública incondicionada, pois não aplicamos o art. 88 da Lei 
9.099/95 (Súmula 542, STJ). 
 
b) REQUISITAÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA 
 
b.1) Conceito: é uma autorização de natureza política 
que condiciona o início da persecução penal. 
Conclusão1: sem ela inexiste ação, IP ou lavratura de flagrante. 
Conclusão2: diante da independência funcional do MP, a 
requisição do Ministro da Justiça não vincula o Parquet. 
b.2) Natureza Jurídica: enquadrada como condição de 
procedibilidade. 
b.3) Legitimidade 
b.3.1) Destinatário: o Procurador Geral do MP. 
b.3.2) Legitimidade Ativa: Ministro da Justiça. 
 
b.4) prazo: não há prazo de natureza decadencial. 
Conclusão: logo, o ministro pode requisitar a qualquer 
tempo, desde que não extinta a punibilidade pela prescrição ou 
por qualquer outra forma. 
 
b.5- Retratação: 
b.5.1- 1ª posição: para LFG e Guilherme Nucci, o ato é 
passível de retratação, em analogia ao que ocorre com a 
representação da vítima (art. 25, CPP). 
b.5.2- 2º posição: para Tourinho Filho o ato é irretratável, não 
só por ausência de previsão legal (argumento jurídico), como também 
para não comprometer a imagem do país. 
 
ADVERTÊNCIA: OS TRIBUNAIS SUPERIORES NUNCA JULGARAM A MATÉRIA. 
 
4- AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA 
4.1- CONCEITO: é aquela titularizada pela vítima ou por seu representante 
legal na condição de substituição processual, já que ela atua em nome 
próprio pleiteando a punição, que será exercida pelo Estado. 
 
Obs: enquadramento terminológico: 
A) Vítima: querelante 
B) Réu: querelado 
C) Inicial Acusatória: queixa-crime (art. 41, CPP) 
 
4.2- PRINCÍPIOS: 
4.2.1- PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE: 
I- Conceito: a vítima só vai ajuizar a demanda se lhe for 
conveniente. 
II- Institutos Correlatos: 
a) Decadência: 
a.1) Conceito: é a perda da possibilidade de ajuizar a ação 
privada em razão do decurso do prazo, em regra 6 meses contados 
do conhecimento da autoria da infração 9art. 38, CPP). 
a.2) Consequência: ela provoca a extinção da punibilidade (art. 
107, IV, CP). 
 
ADVERTÊNCIA: A PENDÊNCIA DE INVESTIGAÇÃO NÃO INTERFERE NO PRAZO PARA O 
AJUIZAMENTO DA AÇÃO PRIVADA, QUE É CONTADO DO CONHECIMENTO DA AUTORIA 
E TEM NATUREZA DECADENCIAL. 
 
b) Renúncia: 
b.1- Conceito: ela ocorre quando a vítima declara expressamente 
que não pretende ajuizar a ação (art. 50, CPP) ou quando ela pratica ato 
incompatível com essa vontade (art. 57, CPP) 
Conclusão: percebe-se que a renúncia pode ser expressa ou 
tácita e leva a extinção da punibilidade. 
 
4.2.2- PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE: 
I- Conceito: a vítima poderá desistir da demanda ajuizada. 
II- Institutos Correlatos: 
 
a) Perdão: 
a.1) Conceito: ele ocorre com a declaração expressa da vítima de 
que não pretende continuar com a ação ou pela prática de ato 
incompatível com essa vontade (art. 58, CPP) 
Conclusão: percebe-se que o perdão pode ser ofertado de forma expressa 
ou tácita. 
a.2) Bilateralidade: para que o perdão surta o efeito pretendido, 
qual seja, a extinção da punibilidade, é necessário que ele seja 
aceito, o que pode ocorrer de forma expressa ou tácita (art. 59, 
CPP). 
a.3) Procedimento: se a vítima declara nos autos o perdão, o réu 
será intimado para dizer se o aceita, tendo o prazo de 3 dias. 
Conclusão: a omissão faz presumir a aceitação (aceitação tácita). 
a.4) Procurador: a oferta e a aceitação podem ocorrer 
por meio de Procurador, pressupondo poderes especiais. 
 
AULA 5 – 09/03/2021 
 
b) Perempção (descaso) 
b.1) Conceito: É a sanção judicialmente imposta pelo descaso da 
vítima na condução da ação privada. 
b.2) Hipóteses: elas estão catalogadas no artigo 60, CPP, 
ocasionando a extinção da punibilidade. 
 
4.2.3- PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE: 
1- Conceito: se a vítima optar por ajuizar a ação, 
deverá atuar contra todos os infratores 
conhecidos. 
2- Fiscalização: cabe ao MP fiscalizar o respeito ao 
princípio da indivisibilidade na ação privada. 
3- Consequências: 
a) Se a vítima dolosamente ajuíza a demanda 
contra parte dos sujeitos, ela estará 
renunciando ao direito em favor dos não 
processados, extinguindo a punibilidade de 
todos. 
b) Se a omissão é involuntária, caberá ao 
ofendido manejar a demanda contra os 
sujeitos faltantes. 
Advertência: o MP poderá aditar a demanda 
privada, gozando do prazo de 3 dias. Todavia, 
usualmente não lhe cabe incluir mais réus, 
pois lhe falta legitimidade ativa ad causam. 
c) O perdão ofertado a parte dos sujeitos é 
aplicável a todos que desejem aceitar. 
4.2.4- PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA / PESSOALIDADE: 
I- Conceito: os efeitos da ação privada não ultrapassam a 
figura do réu. 
 
4.3- MODALIDADES DA AÇÃO PRIVADA (CLASSIFICAÇÃO): 
a) Ação privada exclusiva ou propriamente dita: é aquela titularizada pela 
vítima ou por seu representante legal. 
Obs1. Ela tolera sucessão por morte ou ausência (art. 31, CPP). 
Obs2. Prazo: 6 meses contados do conhecimento da autoria da infração. 
 
b) Ação privada personalíssima: 
b.1) Conceito: é aquela que possui um único titular, quem seja, a vítima. 
Conclusão: não há intervenção do representante legal ou sucessão por morte ou 
ausência. 
b.2) Aplicação: o único crime de ação personalíssima é o induzimento a erro ou ocultação 
de impedimento ao casamento (art. 236, CP). 
b.3) Prazo: 6 meses contados do transito em julgado da sentença cível que invalidar o 
casamento. 
 
c) Ação privada subsidiária da pública: 
c.1) Conceito: ela é consignada na CF como cláusula previa, autorizando que a vítima 
proponha a demanda em delito de esfera pública, já que o MP não cumpriu o seu papel 
nos prazos legais. 
Conclusão: se o MP ofereceu denúncia, requisitou diligências ou promoveu o 
arquivamento, não caberá não caberá ação privada subsidiária. 
c.2) Embasamento normativo: 
- Art. 5º, LIX, CF 
- Art. 29, CPP 
- Art. 100, §3º, CP 
c.3) Prazo: 6 meses contados do esgotamento do prazo que o MP dispunha para agir, qual 
seja, 5 dias se o sujeito está presou ou 15 dias se está em liberdade (art. 46, CPP). 
c.4) Poderes do MP: o promotor atuará como interveniente adesivo obrigatório sob pena 
de nulidade (art. 564, III, d, CPP). 
Observação: especificação de poderes: 
- propor provas 
- apresentar recursos 
- aditarinicial (até mesmo incluir corréus) 
- se a vítima fraquejar, ela será afastada, cabendo ao MP retomar a demanda. 
Conclusão1: não cabe perdão ou perempção na ação privada subsidiária. 
Conclusão2: Quando a petição da vítima é proposta (queixa-crime substitutiva), cabe 
ao juiz abrir vistas ao MP. Se o promotor entender que a petição é inepta ou que a 
desídia está justificada, deve repudiar a petição da vítima, oferecendo denuncia 
(denúncia substitutiva). 
 
5- QUESTÕES COMPLEMENTARES: 
5.1- Ação de prevenção penal: É aquela que almeja a imposição de 
medida de segurança ao absolutamente inimputável. 
5.2- Ação penal de 2º grau: é aquela deflagrada diretamente em 
Tribunal quando o imputado goza de prerrogativa de função (ação penal 
originária). 
5.3- Legitimidade concorrente: de acordo com a Súmula 714, STF, o 
funcionário público vitima em sua honra no exercício funcional, poderá 
adotar uma das seguintes medidas: 
a) representar, já que o delito é de ação pública condicionada. 
b) contratar um advogado, e nesse caso, a ação será privada. 
 
IV) JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA 
 
1- Conceito: 
a) Jurisdição: é o poder-dever positivado na CF e usualmente entregue ao 
judiciário para que se aplique a lei ao caso concreto, com objetivo de 
solucionar a demanda penal. 
b) Competência: é a medida da jurisdição, leia-se, é a quantidade de poder 
conferido por lei a um juiz ou Tribunal, definindo a sua margem de 
atuação. 
 
2- Critérios de fixação da competência (classificação): 
2.1- Competência “ratione materiae” (em razão da matéria); 
2.2- Competência “ratione loci” (em razão do lugar); 
2.3- Competência “ratione personae” (em razão da pessoa); 
 
3- COMPETÊNCIA “RATIONE MATERIAE” (EM RAZÃO DA MATÉRIA) 
3.1- Conceito: tal critério nos entrega a Justiça competente para julgar um 
determinado tipo de infração. 
 
3.2- Estrutura: 
 
3.2.1- Justiça comum: 
a) Justiça comum estadual: a competência é tipicamente residual, pois lhe cabe 
julgar o que a CF não entregou expressamente as demais. 
b) Justiça comum federal: a definição da abrangência é explicitada na CF, 
vejamos: 
b.1) art. 108, CF – TRFs 
b.2) art. 109, CF – Juízes federais de 1º grau 
 
3.2.2 – Justiça Especial: 
a) Justiça eleitoral 
a.1) Conceito: lhe cabe julgar as infrações eleitorais e as infrações 
comuns interligadas por conexão ou continência, pouco importa se 
estaduais ou federais (diferente do gabarito do último concurso do 
MPSP. Mudança de entendimento do pleno do STF). 
a.2) Infrações de menor potencial ofensivo: aplicamos na JE os 
institutos benéficos do Juizado Especial (arts. 74, 76, 89, Lei 9099/955). 
 
b) Justiça militar: 
b.1) Conceito: lhe cabe julgar as infrações apontadas nos contornos dos 
artigos 9 e 10 do CPM. 
b.2) Infração de menor potencial ofensivo: a lei dos juizados é inaplicável 
na esfera militar (art. 90-A, Lei 9099/95) 
b.3) Enquadramento: 
b.3.1) Justiça Militar Estadual: apenas e PM e Bombeiros Militares. 
b.3.2) Justiça Militar Federal: lhe cabe julgar os membros das forças 
armadas e as pessoas comuns que pratiquem infração militar federal. 
 
3.3- Competência pela natureza da infração: 
3.3.1- Conceito: o legislador pode estabelecer o órgão competente para julgar 
determinado tipo de crime, em razão da natureza daquela infração. 
3.3.2- Hipóteses constitucionais: 
a) 1ª hipótese: de acordo com o art. 5º, XXXVIII, “d”, CF, os crimes 
dolosos contra a vida, por sua natureza, serão levados a júri. 
Obs: Enquadramento – art. 121 a 128, CP. 
b) 2ª hipótese: de acordo com o art. 98, I, CF, as infrações de 
menor potencial ofensivo, por sua natureza, serão levadas ao 
juizado especial. 
Obs. Enquadramento – crimes com pena máxima de até 2 
anos e contravenções penais independentemente da 
quantidade de pena prevista para a contravenção (art. 61, 
9099/95). 
 
Aula 6 – 16/03/2021 
 
4- COMPETENCIA RATIO LOCI (EM RAZAO DO LUGAR) 
4.1- Conceito: Tal critério nos apresenta o juízo territorialmente competente. 
 
4.2- Regras de definição: 
 
a) 1ª Regra – Teorias Territoriais: 
a.1) Teoria do Resultado: a competência territorial é definida pelo local 
da consumação da infração. 
Conclusão1: Ela é a regra geral (art. 70, caput, CPP). 
Conclusão2: O crime está consumado quando são reunidos todos os 
elementos da sua descrição legal (art. 14, I, CP). 
a.2) Teoria da Ação: a competência territorial é fixada pelo local do 
último ato de execução. 
Obs. Aplicação: 
i) Crimes tentados (art. 70, CPP cc art. 14, II, CP); 
ii) Para o STJ, a realização do júri deve ocorrer no local da ação, pela 
facilidade de produção probatória e para melhor responder a 
sociedade agredida. 
a.3) Teoria da Ubiquidade: (híbrida), por ela a competência territorial é 
fixada pelo local da ação ou do resultado, tanto faz. 
 Obs. Aplicação: ela tem cabimento nos crimes à distância. 
 Conclusão: crime a distância é aquele onde a ação nasce no BR e 
o resultado ocorre no estrangeiro ou vice-versa. 
 Conclusão2: em tal hipótese, a competência brasileira é firmada 
pelo local no BR em que ocorrer a ação ou o resultado (art. 70, §§ 1º e 2º, 
CPP). 
 
b) 2ª Regra – Domicílio ou Residência DO RÉU 
Obs. Tal regra, é subsidiária à primeira (acima/teorias territoriais) – art. 
72, CPP; 
Obs2. O domicílio da vítima NÃO FIXA competência criminal, mesmo na 
violência doméstica. 
 
c) 3ª Regra – Prevenção (antecipação) – juiz prevento é aquele que primeiro 
pratica um ato do processo (recebimento da inicial) ou aquele que 
durante o inquérito adota medidas cautelares inerentes ao futuro 
processo (art. 83, CPP). 
ADVERTÊNCIA: quando o juiz das garantias for implementado, o sistema 
da prevenção deverá ser repensado. 
 
4.3- Questões complementares: 
A) Quando a infração estiver consumada na divisa entre comarcas ou quando 
incerto o limite entre elas, a competência territorial é firmada pela prevenção 
(art. 70, §3º, CPP). 
B) Se o réu tem mais de um domicílio ou residência, a competência é firmada pela 
prevenção (art. 72, §1º, CPP). 
C) Havendo crime permanente ou continuidade delitiva com dilação por mais de 
uma comarca, a competência territorial será firmada pela prevenção (art. 71, 
CPP). 
D) Na ação penal privada, mesmo sabendo o local da consumação, o querelante 
pode optar pelo domicílio ou residência do réu (art. 73, CPP). 
Advertência: tal alternativa é inaplicável na ação privada subsidiária da pública. 
E) Competência territorial em crimes ocorridos em embarcações e aeronaves: 
e.1) Análise material: de acordo com o art. 109, IX, CF, a competência é 
da Justiça Federal, ressalvada a competência da Justiça Militar. 
Obs1: para tanto, é necessário que a embarcação seja um navio, ou seja, tenha 
grande porte e aptidão para realizar viagens internacionais. Caso contrário, a 
competência será da Justiça Estadual. 
Quanto as aeronaves, inexiste distinção quanto ao porte. (esse era o 
entendimento anterior/ parece que na atualidade estão fazendo a distinção) 
Obs2: Aeronave parada ou voando: J. Federal. Já se o navio estiver 
atracado e não se encontrar em potencial situação de deslocamento, a 
competência será da J. Estadual. 
 
e.2) Conceito de território nacional: 
a) Fronteiras 
b) Mar territorial: é a faixa litorânea que vai de 0 a 12 milhas 
náuticas, contadas na maré baixa. 
c) Espaço aéreo: ele se estende até a camada atmosférica. 
d) Território nacional por equiparação: 
i. embarcações e aeronaves de natureza pública e de bandeira brasileira: 
elas integram o BR em qualquer lugar do mundo. 
ii. Embarcações e aeronaves de natureza pública e de bandeira 
estrangeira: elas não são consideradas território brasileiro. (jamais) 
iii. Embarcações e aeronaves de natureza privada e de bandeira brasileira: 
elas são consideradas BR quando estiverem em nosso território ou em alto 
mar. 
iv. Embarcações e aeronaves de natureza privada e de bandeira 
estrangeira: elas são consideradas BR aoingressarem em nosso território. 
 
e.3) Regras de competência territorial: 
e.3.1- Viagens nacionais: a competência territorial é firmada pelo 
primeiro local em que a aeronave pousar ou a embarcação atracar após o 
delito. 
e.3.2- Viagens internacionais: quando a embarcação ou a aeronave 
integram o conceito de território brasileiro, teremos as seguintes regras: 
• 1ª regra: a competência territorial é fixada pelo local de saída 
quando elas estiveram se distanciando do BR. 
• 2º regra: a competência territorial é fixada pelo local de chegada 
quando estiverem se aproximando do BR. 
Direito de passagem inocente: se a embarcação estrangeira estiver 
margeando a costa brasileira quando o crime ocorrer em seu interior, o BR não 
adotará providências penais, desde que o delito não tenha reflexos no nosso 
território. 
 
F) Competência territorial brasileira para crimes ocorridos no estrangeiro: 
f.1- Conceito: como o art. 7º, CP confere à lei material 
extraterritorialidade, é necessário encontrar o juízo territorialmente 
competente no BR para julgar as infrações ocorridas no estrangeiro. 
f.2- Regras: 
• A competência territorial é firmada pela capital do estado brasileiro onde 
por último residiu o infrator. 
• Se o agente nunca residiu no BR, será julgado em Brasília. 
 
 
5- COMPETÊNCIA “RATIONE PERSONAE” (EM RAZÃO DA PESSOA) 
5.1- Conceito: algumas autoridades pela importância do cargo ou da função 
desempenhada serão julgadas diretamente em Tribunal, no que 
convencionamos chamar “foro por prerrogativa de função”. 
 
5.2- Regras de interpretação: 
a) 1ª regra: de acordo com o Pleno do STF da AP 937, o foro por prerrogativa 
exige que o crime seja praticado durante o desempenho da função 
(pertinência temporal), e que diga respeito ao desempenho da função 
(pertinência temática). 
Advertência: O STJ tem precedente em sentido contrário, 
desconsiderando tais elementos. 
b) 2ª regra: de acordo com o STF no julgamento das ADI’s 6512 e 6513, a 
Constituição do Estado não pode conferir foro por prerrogativa no TJ se 
inexistir simetria com a CF. 
c) 3ª regra: as autoridades com foro por prerrogativa no TJ ou no TRF, ao 
praticarem crime eleitoral, serão julgadas no TRE. 
Advertência: o mesmo não ocorre com o STF e STJ que aglutinam 
competência para o julgamento das infrações eleitorais. Ex. crime 
eleitoral praticado por prefeito, julgado pelo TRE, pois a competência de 
crime comum seria do TJ. Crime eleitoral ou comum praticado pelo 
Governador serão julgados pelo STJ. 
d) 4ª regra: foro por prerrogativa x deslocamento – autoridades com foro 
por prerrogativa no TJ ou no TRF, por praticarem crimes fora do estado 
ou da região, serão julgadas no tribunal de origem. 
e) 5ª regra: foro por prerrogativa x júri – de acordo com o SV 45, as 
autoridades com foro por prerrogativa previsto na CF não vão a júri. O 
mesmo não ocorre quando a prerrogativa é prevista apenas na CE. 
f) 6ª regra: cidadão comum – de acordo com a Súmula 704, STF, o cidadão 
comum pode ser julgado diretamente em Tribunal, ao praticar o delito 
junto com a autoridade que goza da prerrogativa de função. 
Conclusão1: tal atração não ofende direitos ou garantias fundamentais. 
Conclusão2: diante da conveniência da persecução penal, pode ocorrer a 
separação de processos (art. 80, CPP). 
g) 7ª regra: “perpetuação no tempo da prerrogativa” – com a declaração de 
inconstitucionalidade dos §§1ºe 2º do art. 84 do CPP, temos as seguintes 
soluções: 
g.1) para os crimes, uma vez encerrado o cargo ou o mandato, encerra-
se a prerrogativa de função. 
Advertência: para o STF no julgamento da AP 937, a renúncia ao mandato 
pode ocorrer até antes da publicação da intimação para apresentar 
alegações finais. 
g.2) para as ações de improbidade administrativa, não há foro por 
prerrogativa em nenhum momento. 
h) 8ª regra: desvio de verba pública por prefeito – se o prefeito desviar 
verba, teremos as seguintes soluções: 
h.1) se a verba foi incorporada ao patrimônio municipal, o prefeito será 
julgado no TJ (Súmula 209, STJ). 
h.2) se a verba desviada é sujeita a prestação de contas a órgão federal, 
a competência é do TRF (Súmula 208, STJ) 
 
Enquadramento constitucional: (decorar) para crimes comuns 
 
CF Executivo Legislativo Judiciário Outras 
STF 
(ART. 
102, 
CF) 
• Presidente da 
República 
• Vice 
• Ministros 
• Senadores 
• Deputados 
Federais 
 
• Ministros dos 
Tribunais Superiores 
(Min. STF, STJ, TST, 
STM) 
• MPU (PGR) 
• Min. TCU 
• Comandantes da 
Marinha, do 
Exército e da 
Aeronáutica 
• Chefes de 
missão 
diplomática 
permanente 
• Membros dos 
Tribunais 
Superiores 
STJ 
(ART. 
105, 
CF) 
• Governadores 
dos Estados e 
do DF 
• Prefeito DF, e 
seus 
secretários e 
chefes de 
polícia. 
• Interventores 
x • Membros dos 
tribunais de justiça 
estaduais e distritais 
• Membros dos 
tribunais regionais 
(desembargadores) 
• MPU (membros 
que atuam 
perante tribunal 
- Procuradores 
regionais) 
• Conselheiros dos 
TCE e TCM 
TJ • Prefeitos para 
crimes 
submetidos a 
justiça 
estadual 
(art. 29, X, CF) 
• Deputados 
estaduais 
• Juízes estaduais de 
1º grau (regra 
invariável, mesmo 
com crime federal) - 
ressalvada 
competência da JE 
• Todos membros 
do MPE (regra 
invariável, 
mesmo com 
crime federal) e 
MPDFT - 
ressalvada 
competência da 
JE 
TRF 
(ART. 
108, 
CF) 
• Prefeitos 
(crimes 
federais - Súm. 
702, STF) 
• Deputados 
estaduais 
(crimes 
federais) 
• Juízes federais de 1º 
grau (incluídos 
militares e do 
trabalho) 
• Membros do 
MPU que atuam 
em 1º grau 
 
Obs. A CF/88 não previu foro por prerrogativa de função aos vereadores. Apesar disso, não há 
óbice de que as CE prevejam. 
Obs2. Como regra, o deputado ou senador que deixa o cargo não mais continua sendo julgado 
pelo STF. 
Exceção 1: se o julgamento já havido sido iniciado. 
Exceção 2: se a renúncia se caracterizou como fraude processual. 
 
 
6- CONEXÃO E CONTINÊNCIA 
 
6.1- Conceito: são institutos que permitem reunir no mesmo processo crimes 
e/ou sujeitos que poderiam ser julgados separados. 
Conclusão: almejamos evitar decisões contraditórias e obter a economia de 
atos processuais. 
Conclusão2: são institutos que caracterizam o deslocamento da 
competência, reunindo todos os elementos perante um só juízo. 
 
 6.2- Conexão: 
6.2.1- Conceito: é a interligação entre dois ou mais crimes e que serão 
julgados no mesmo processo. 
 
6.2.2- Modalidades de conexão (classificação): 
 
a) Conexão intersubjetiva: é a interligação de dois ou mais crimes 
praticados por duas ou mais pessoas. 
Advertência. Espécies: 
a.1) Conexão intersubjetiva por simultaneidade: os crimes ocorreram 
nas mesmas circunstâncias de tempo e espaço. 
a.2) Conexão intersubjetiva concursal: os sujeitos agiram 
previamente acordados. 
a.3) Conexão intersubjetiva por reciprocidade: os sujeitos atuaram 
uns contra os outros. Ex. lesões corporais reciprocas (rixa não é exemplo 
porque é crime único, e para ter conexão precisa de dois ou mais crimes). 
 
b) Conexão lógica/teleológica/finalista: nela um crime é praticado para 
ocultar, levar vantagem ou criar impunidade em face de outro delito (art. 
76, II, CPP). 
 
c) Conexão instrumental ou probatória: a prova da existência de uma 
infração é fundamental para demonstrar a ocorrência de outro delito 
(art. 76, III, CPP). 
 
AULA 7 – Aula 23/03/2021 
 
6.3- Continência: 
6.3.1- Conceito: nela prepondera o fator unidade, seja porque um só crime 
foi praticado por duas ou mais pessoas, ou quando uma só conduta 
provoca dois ou mais resultados lesivos. 
6.3.2- Modalidades de continência (art. 77, CPP): 
a. Continência por cumulação subjetiva: temos um só delito 
praticado por duas ou mais pessoas. 
b. Continência por cumulação objetiva: temos uma só conduta 
que provoca dois ou mais resultados lesivos. 
Conclusão: percebe-se que estamos diante das regras de 
concurso formal (art.70, 73, 74 CPP). 
 
7- FORO PREVALENTE 
7.1- Conceito: é o juiz ou o Tribunal que aglutina a competência para julgar 
todos os crimes e/ou sujeitos nas hipóteses de conexão ou continência. 
7.2- Regras de prevalência: 
a) 1ª regra: a Justiça Especial prevalece em detrimento da Justiça Comum. 
Obs1. Vale lembrar que a Justiça Militar julga tão somente as infrações 
definidas nos arts. 9º e 10 do CPM. 
Obs2. A Justiça Eleitoral julga as infrações eleitorais e as comuns interligadas, 
sejam elas estaduais ou federais. 
Obs3. De acordo com a Súmula 122, STJ, a JF julga os crimes federais e 
os crimes estaduais interligados por conexão ou continência. 
b) 2ª regra: o Júri prevalece em face dos demais órgãos da jurisdição 
comum: percebe-se que o Júri os crimes dolosos contra a vida e todas 
as infrações comuns interligadas. (art. 78, I, CPP). 
Conclusão: se uma infração de menor potencial ofensivo, é interligada a 
um crime doloso contra a vida, ela é atraída, respeitando-se a oferta de 
composição civil e transação penal. (Art. 60, pú, Lei 9099/95). 
Conclusão2: quando o crime doloso contra a vida é conexo ao crime 
eleitoral, teremos separação de processos. 
Conclusão3: se o crime doloso contra a vida é conexo a delito federal, o 
Júri será realizado na JF. 
c) 3ª regra: jurisdição de maior hierarquia prevalece em face da jurisdição 
de menor hierarquia. A pessoa comum pode ser julgada diretamente 
em Tribunal, ao praticar o delito junto com a autoridade que goza da 
prerrogativa de função (S.704, STF). 
d) 4ª regra: órgãos integrantes da mesma justiça e de mesma hierarquia 
concorrendo. Teremos as seguintes soluções: 
d.1) prevalece o juiz atuante no local da consumação do crime mais 
grave (pena máxima/individual) 
d.2) se os crimes possuem a mesma gravidade, prevalece o juiz atuante 
no local da consumação do maior número de delitos. 
d.3) se os crimes têm a mesma gravidade e idêntica quantidade por 
comarca, a prevalência é definida pela prevenção. (art. 78, II, CPP). 
 
8- SEPARAÇÃO DE PROCESSOS 
8.1- Conceito: mesmo diante da conexão ou da continência, os processos 
podem tramitar separados, seja por imposição da lei ou por conveniência da 
persecução penal. 
8.2- Modalidades de separação: 
a) Separação obrigatória: é aquela imposta por lei e para que as regras de 
competência constitucional sejam respeitadas (art. 79, CPP). 
b) Separação facultativa: é aquela justificada pela conveniência da 
persecução penal (art. 80, CPP). 
 
 
9- PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO 
9.1- Conceito: se o juiz prevalente absolver o réu pelo crime que o tornou 
prevalente, ou desclassificar essa infração, deverá julgar os delitos 
interligados por conexão ou continência (art. 81, CPP). 
 
V) PRISÕES, MEDIDAS CAUTELARES E LIBERDADE PROVISÓRIA 
 
1- CONSIDERAÇÕES INICIAIS: 
 
1.1- Enquadramento: 
a) Prisão pena: ela é fruto do trânsito em julgado da condenação. 
b) Prisão sem pena/ cautelar/ processual/ provisória: ela antecede o 
transito em julgado, sendo admitida na investigação e/ou no processo. 
Obs. Modalidade: 
b.1) prisão em flagrante 
b.2) prisão preventiva 
b.3) prisão temporária. 
 
1.2- Execução provisória da pena: 
a) 1º momento: o STF editou as Súmulas 716 e 717, admitindo que o 
preso cautelar pudesse ser beneficiado por institutos típicos da Lei 
de Execução Penal. 
b) 2º momento: o Pleno do STF julgou o HC 126.182 em 2016 
admitindo a execução provisória da pena (prisão em segunda 
instância) desde que atendidos os seguintes pressupostos: 
b.1) confirmação da condenação por um tribunal 
b.2) esgotamento das vias recursais ordinárias 
Obs. Fundamentos: 
i) O princípio da presunção de inocência não é absoluto 
ii) O recurso especial e o extraordinário não são dotados de 
efeitos suspensivos. 
c) 3º momento: o STF julgou as ADCs 43, 44 e 54, analisando a redação 
do artigo 283, CPP. Com isso, o STF afastou a execução provisória da 
pena (prisão em segunda instância), já que antes do transito em 
julgado, só caberá flagrante, preventiva ou temporária. 
d) 4º momento: o pacote anticrime o inciso I, alínea “e”, ao artigo 492, 
CPP, admitindo a execução provisória da sentença emanada do júri, 
que impõe ao réu 15 ou mais anos de privação da liberdade. 
Conclusão1. O juiz presidente do júri pode obstar a execução 
provisória, mesmo impondo 15 ou mais anos de prisão (§3º, art. 
492, CPP). 
Conclusão2. Para viabilizar a execução provisória do júri, foi 
afastado o efeito suspensivo da apelação nesse caso (art. 492, §4º, 
CPP). 
Conclusão 3. O relator no Tribunal, poderá conceder efeito 
suspensivo ao recurso de apelação (§5º, art. 492, CPP). 
 
2- PRISÃO EM FLAGRANTE: 
2.1- Conceito 
a) Conceito etimológico: a palavra flagrante deriva de flaglare, 
significando arder ou queimar. Em verdade, flagrante é a qualidade 
de algo que está ocorrendo naquele momento. 
b) Conceito instrumental: a prisão em flagrante é o instituto positivado 
no art. 5, LXI, CF, que autoriza a captura daquele que é surpreendido 
delinquindo, trazendo assim, as seguintes finalidades: 
i. evitar a fuga 
ii. evitar a consumação do delito 
iii. levantar indícios para a adoção de futuras 
providências penais. 
 
2.2- Natureza jurídica: 
a) 1ª posição: a doutrina tradicional entende que o flagrante é uma 
prisão cautelar, diante do tratamento histórico do CPP. 
b) 2ª posição: para Aury Lopes Jr. o flagrante é uma medida pré-
cautelar, tipicamente administrativa. O aspecto cautelar é 
evidenciado, quando o juiz homologa o auto, adotando qualquer das 
medidas dos incisos II e III do art. 310, CPP. 
 
AULA 8 – 30/03/21 
 
2.3- MODALIDADES DE FLAGRANTE (CLASSIFICAÇÃO) 
 
a) Flagrante obrigatório ou compulsório: é aquele inerente a atuação das 
forças policiais, funcionando como estrito cumprimento de um dever legal 
(art. 301, CPP). 
Conclusão: prepondera o entendimento de que a obrigatoriedade 
persiste mesmo no período de folga. 
b) Flagrante facultativo: é aquele inerente a atuação de qualquer pessoa do 
povo, funcionando como o exercício regular de um direito (art. 301, CPP) 
c) Flagrante próprio/real/perfeito/propriamente dito: 
c.1) O sujeito capturado cometendo o delito (art. 302, I, CPP). 
Conclusão: o sujeito é capturado desenvolvendo os atos executórios. 
c.2) O sujeito capturado ao acabar de cometer a infração (art. 302, II, 
CPP). 
 Conclusão: o sujeito já concluiu os atos executórios, mas não se 
livrou do local do crime ou das circunstâncias do fato. 
d) Flagrante improprio/irreal/imperfeito/quase flagrante: o sujeito é 
perseguido logo após a pratica da infração. Havendo êxito, ele será 
capturado em circunstâncias que façam presumir a responsabilidade penal 
(art. 302, III, CPP). 
Obs1. O conceito de perseguição é fornecido pelos artigos 250 e 290, 
CPP. 
Obs2. Tempo da perseguição: não há na lei prazo máximo de duração da 
perseguição, que persiste no tempo diante da necessidade. 
Obs3. Requisito de validade: é necessário que a perseguição seja 
contínua, mesmo inexistindo contato visual. 
e) Flagrante presumido/ficto/assimilado: o sujeito é encontrado logo depois 
da prática do delito com objetos, armas, papéis ou instrumentos que 
autorizem presumir a responsabilidade penal (art. 302, IV, CPP). 
f) Flagrante forjado: é aquele realizado para incriminar pessoa inocente e que 
não tinha desejo de delinquir. 
Conclusão1: percebe-se que a prisão é ilegal, devendo ser relaxada (art. 
310, I, CPP e art. 5º, LXV, CF) 
Conclusão2: a responsabilidade penal subsiste para o agente forjador. 
g) Flagrante esperado: nele nos deparamos com a realização de campana 
(tocaia), aguardando-se a prática do primeiro ato executório para a 
concretização da captura. 
Conclusão: no momento da lavratura do auto, deveremos enquadrar em 
uma das hipóteses do art. 302, CPP (a lei não regula o flagrante esperado, 
e não exclui a classificação feita nas hipóteses do art. 302, CPP); 
Conclusão2:em nenhum momento a polícia estimulou a prática do 
delito. 
h) Flagrante preparado/provocado/delito de ensaio/delito putativo 
(imaginado) por obra do agente provocador: de acordo com a súmula 145 
do STF, não se pode estimular a prática de delito para capturar a pessoa 
seduzida, pois os fins não justificam os meios. 
Conclusão1: em tal hipótese a prisão é considerada ilegal, devendo ser 
relaxada (art. 310, I, CPP) 
Conclusão2: o fato praticado pelo sujeito seduzido é atípico, pois será 
enquadrado como crime impossível. 
Conclusão3: se o traficante já tem a droga consigo ou em estoque, 
quando é abordado por policial disfarçado de usuário, resta concluir que 
a prisão é legal, pois a consumação do tráfico é preexistente a 
provocação. 
Conclusão4: de acordo com a súmula 567, STJ, o monitoramento por 
câmeras ou aparato similar de estabelecimento comercial, não desnatura 
o crime de furto e não inviabiliza a prisão em flagrante. 
 
i) Flagrante postergado/diferido/retardado/ação controlada: ela nasce no 
combate ao crime organizado, com o objetivo de efetivar a prisão no 
momento mais estratégico, almejando o levantamento de provas, a 
captura de sujeitos e o enquadramento no crime principal da organização. 
Atualmente, ela está regulada nos seguintes diplomas: 
i. Crime organizado (art. 8º, Lei 12.850/13 
ii. Tráfico de drogas (art. 53, II, Lei 11343/06) 
iii. Lavagem de dinheiro (art. 4ºB, Lei 9613/98) 
 
2.4- PROCEDIMENTO 
2.4.1- Procedimento MACRO: 
a) 1º passo - captura: ela revela o imediato cerceamento da liberdade 
b) 2º passo - condução coercitiva até a autoridade. 
Obs. O sujeito é apresentado ao delegado do local da captura. 
Inexistindo delegado, será apresentado ao delegado da localidade mais 
próxima. (art. 308, CPP) 
c) 3º passo – formalização da prisão por meio da lavratura do auto (art. 304, CPP) 
d) 4º passo – recolhimento ao cárcere. 
Obs. Nos crimes com pena máxima de até 4 anos, o delegado é 
legitimado a arbitrar a fiança e o pagamento obsta o recolhimento ao 
cárcere (art. 322, CPP). 
 
2.4.2- Desdobramentos do procedimento: em até 24 horas da prisão, o 
delegado tem as seguintes obrigações a cumprir: 
a) 1ª obrigação: o delegado deve entregar ao preso a nota de culpa, 
funcionando como breve declaração, contendo os motivos e os responsáveis 
pela prisão, assim como as eventuais testemunhas (art. 5º, LXIV, CF e art. 306, 
§2º do CPP). 
b) 2ª obrigação: o delegado deve encaminhar uma cópia do auto ao 
defensor público, sempre que o preso não tem advogado (art. 306, §1º, CPP) 
c) 3ª obrigação: cabe ao delegado encaminhar o auto ao juiz. O 
magistrado, recebido o auto, realizará em até 24 horas a audiência de 
custódia. 
Audiência de custódia 
i. Conceito: é o ato solene, em que o flagranteado será ouvido pelo 
juiz, na presença do MP e do advogado., para que o magistrado 
possa deliberar sobre a situação prisional. 
ii. Embasamento normativo: art. 310, CPP; resolução 213, CNJ; art. 
9º, item 3, Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos; art. 7º, 
item 5, CADH. 
iii. Alternativas do juiz: 
1. Se a prisão é ilegal, cabe ao magistrado promover 
o relaxamento (art. 310, I, CPP). 
Conclusão: ele significa a libertação incondicional 
de quem foi ilegalmente preso. 
2. Se a prisão é legal, cabe ao juiz homologar o auto. 
Diante da homologação, o juiz poderá adotar as 
seguintes medidas: 
a. 1ª medida: se a prisão é necessária, cabe 
ao juiz converter o flagrante em 
preventiva, desde que presente os 
requisitos do art. 312, CPP. 
Conclusão1: ATENÇÃO - para o STF e STJ, a 
conversão não pode ocorrer de ofício, 
respeitando-se o sistema acusatório e por 
força do art. 311, CPP. 
Conclusão2: se as medidas cautelares 
pessoais, não prisionais forem suficientes, 
a preventiva não será decretada (art. 310, 
II, CPP). 
b. 2ª medida: se o juiz entender que a prisão 
não é necessária, concederá liberdade 
provisória, com ou sem o pagamento de 
fiança. (art. 310, III, CPP). 
 
PROX AULA – 06/04/2021 
2.5- Questões complementares 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
	I) Investigação preliminar
	II) Inquérito Policial
	III) AÇÃO PENAL
	IV) JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA
	V) PRISÕES, MEDIDAS CAUTELARES E LIBERDADE PROVISÓRIA

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