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Processo Penal 1ª aula - 02/02/2021 - Professor Nestor Távora I) INVESTIGAÇÃO PRELIMINAR Observações iniciais: institutos trazidos pelo Pacote Anticrime e que estão suspensos por deliberação do STF: a) Juiz das garantias: arts. 3ºA – 3ºF, CPP. b) Arquivamento do IP no MP: “caput” art. 28, CPP. (Os parágrafos seguem sendo aplicados). c) Impedimento do juiz que tem contato com a prova ilícita para julgar a causa: §5º, art. 157, CPP. d) Ilegalidade da prisão pela não realização da audiência de custódia no prazo legal (§4º, art. 310, CPP) II) Inquérito Policial 1- CONSIDERAÇÕES INICIAIS: 1.1- Enquadramento: o DPP regula a persecução penal, leia-se, a perseguição do crime, composta das seguintes etapas: a) Etapa preliminar: IP b) Etapa subsequente: Processo. 1.2- Papel da polícia (art. 144, CF + Lei 12.830/13) a) Polícia Administrativa/Ostensiva: típico papel de prevenção. Ex: PM; Polícia Rodoviária; Polícia Ferroviária; Polícia Marítima; Polícia Penal; b) Polícia Judiciária/Civil (Estadual/Federal): Obs. Estrutura: estruturada por delegados de carreira, leia-se, concursados, bacharéis em direito e com tratamento protocolar similar ao das demais autoridades. Obs2. Aspecto funcional: auxiliar o poder judiciário; elaborar o IP. 2- CONCEITO E FINALIDADE DO IP: a) É um procedimento administrativo preliminar b) De caráter informativo c) Presidido pela autoridade policial / conclusão: cabe ao delegado a presidência do IP (art. 2º, §1º, Lei 12.830/13). d) Tendo por objetivo apurar a autoria, a materialidade e as circunstâncias da infração / Obs.: a materialidade é sinônimo da existência da infração. Obs2.: Quando o crime deixa vestígios, é rotulado de não transeuntes, intranseuntes. Obs3.: Quando a infração deixa vestígios, será elaborado o exame de corpo de delito (arts. 158 e 184, CPP). Obs4.: A cadeia de custódia é regulada nos arts. 158-A a 158-F do CPP. e) Com prazo f) Tendo por finalidade contribuir na formação da opinião delitiva do titular da ação penal. Conclusão: percebe-se que o IP serve para convencer o titular da ação quanto a adoção ou não de providências penais. Conclusão2: O IP serve ainda no fornecimento de justa causa para a adoção de medidas cautelares. 2.1- Natureza jurídica IP (a essência do instituto/ a posição topográfica daquele instituto/ seu enquadramento): é enquadrado como procedimento administrativo preliminar de caráter informativo. 3- CARACTERÍSTICAS DO IP: 3.1- Procedimento inquisitivo: temos concentração de poder em autoridade única. Logo, usualmente, afastamos o contraditório e a ampla defesa. Obs1: Prerrogativa do advogado: é direito do advogado acompanhar o cliente no momento em que é ouvido perante qualquer autoridade investigante. Art. 7º, XXI, Lei 8906/94 (EOAB). Conclusão: o advogado pode apresentar razões e formular quesitos. Conclusão2: se o suspeito comparecer sozinho, será ouvido normalmente. Conclusão3: Na fase processual, interrogatório sem advogado é ato nulo (Art. 185, CPP e súmula 523, STF). Conclusão4: Se o delegado impedir o acesso do advogado, o ato é nulo, assim como todos os demais que dele decorrem (princípio da consequencialidade). Obs2: Pacote Anticrime: de acordo com o art. 14-A, CPP, deve o delegado “citar” (notificar) o investigado que integra as forças policiais, que empregou força letal no desempenho da função, para constituir advogado no prazo de 48h. Diante da omissão, a instituição na qual ele pertencia à época do fato, será intimada para constituir advogado no prazo de 48h. ADVERTÊNCIA: a mesma prerrogativa é aplicada aos membros das Forças Armadas que empregue força letal no desempenho das funções durante as operações GLO (garantia da lei e da ordem). Obs3. Havendo desejo político, é possível a regulação de IP com contraditório e ampla defesa, a exemplo do inquérito para a expulsão do estrangeiro regulado na Lei de Migração (Lei 13445/17, art. 58). 3.2- Procedimento discricionário: o delegado preside a investigação da forma que entender mais estratégico, adequando o IP a realidade do crime apurado. Obs.1: Os arts. 6º e 7º, CPP, de forma não exaustiva, apontam diligencias que podem ou devem ser cumpridas para melhor aparelhar o IP. Obs.2: As diligências requeridas pela vítima ou pelo suspeito podem ser negadas, salvo o exame de corpo de delito, quando a infração deixar vestígios. (Arts. 14, 158, 184, CPP). Obs.3: Cespe - V ou F? “O IP não tem rito”. (V) 3.3- Procedimento sigiloso: cabe ao delegado velar pelo sigilo, em favor da eficiência da investigação (art. 20, CPP). Obs.1. Princípio da presunção da inocência: Informações do IP não serão apontadas na certidão de antecedentes criminais (art. 20, parágrafo único, CPP). Obs.2. Prerrogativa do advogado: de acordo com o art. 7º, XIV, Lei 8906/94 e de acordo com a Súmula Vinculante 14, é direito do advogado ter acesso aos autos de qualquer investigação criminal, tendo contato com o que já foi produzido e está documentado. Conclusão1: o advogado poderá tomar apontamentos e copiar os autos. Conclusão2: o delegado pode obstar o acesso a diligência em andamento ou futuras. Conclusão3: o acesso independe de procuração. Todavia, instituído o sigilo, o acesso é preservado, mas a procuração passa a ser necessária. Conclusão4: o boicote ao acesso leva a responsabilidade penal, civil e administrativa. Além disso, o advogado pode provocar o juiz por petição simples, por MS ou Habeas Corpus (profilático, pois o risco a liberdade é acidental.) 3.4- Procedimento escrito: prevalece a forma documental, sendo que os atos orais serão reduzidos a termo (art. 9º, CPP). Obs.1. O delegado deve rubricar todas as laudas do IP; Obs.2. As novas ferramentas tecnológicas, podem ser empregadas na documentação, o que envolve captação de som e imagem, assim como a estenotipia (técnica de resumo de palavras por símbolos). 3.5- Procedimento indisponível: o delegado nunca poderá arquivar a investigação (art. 17, CPP). Conclusão: toda investigação iniciada deve ser concluída e encaminhada a autoridade competente. 3.6- Procedimento dispensável: a deflagração do processo independe da prévia elaboração do IP (posição majoritária). Obs1. Para Henrique Hoffmann, em posição minoritária, o IP é indispensável para a deflagração do processo, afinal, usualmente teremos na investigação. Obs2. Inquéritos não policiais: (próxima aula) AULA 2 – 09/02/2021 Obs2: Inquéritos não policiais: São aqueles, conduzidos para autoridades distintas da polícia judiciária. Vejamos as principais hipóteses: i) Inquérito parlamentar: é aquele conduzido pela CPI. Conclusão: O inquérito parlamentar é remetido ao MP e terá análise em caráter de urgência (art. 3º, Lei 10.001/00) ii) Os membros da magistratura não serão investigados ou indiciados pela polícia judiciária. Conclusão: a investigação cabe ao Tribunal competente (art. 33, LOMAN). iii) Os membros do MP não serão investigados ou indiciados pela polícia judiciária. Conclusão: a investigação é conduzida pela procuradoria geral (art. 18, parágrafo único, LC 75/1993; art. 41, parágrafo único, Lei 8625/93). iv) Inquérito ministerial/ PIC (Procedimento Investigativo Criminal): de acordo com o Pleno do STF (RE 593.727, Inf. 785) o MP pode conduzir investigação criminal, convivendo com a regulação do IP. Conclusão1: o STF adotou a teoria dos poderes implícitos. (STF HC 91.661). Como a CF conferiu ao MP o poder-dever de processar (art. 129, I), implicitamente investe o MP com todas as ferramentas para cumprir o seu papel. (Caso MC Culloock x Maryland, 1819). Conclusão2: de acordo com a súmula 234, STJ, o membro do MP que investiga não é suspeito ou impedido de atuar na fase processual. Conclusão3: Para Luiz Flavio Borges D’urso, as críticas repousam na inexistência de lei federal regulandoa investigação do MP e no risco de aglutinação de funções. 4- VALOR PROBATÓRIO DO IP: 4.1- Conceito: de acordo com Tourinho Filho, o IP tem valor probatório relativo, servindo de base ao ajuizamento da ação e para a adoção de medidas cautelares. Todavia, o IP não se presta sozinho a sustentar eventual condenação. (art. 155, CPP). 4.2 – Elementos de migração: I. Conceito: são aqueles extraídos do IP, transportados ao processo e que podem servir de base para eventual condenação. II. Hipóteses: a. Provas cautelares: aquelas justificadas pelo binômio necessidade e urgência. Ex. captação ambiental. b. Provas irrepetíveis: são aquelas de fácil perecimento e que dificilmente podem ser refeitas na fase processual. Ex. bafómetro. Advertência: tais elementos ao migrarem ao processo, serão submetidos a contraditório, diferido ou postergado, e a ampla defesa. c. Incidente de produção antecipada de provas: ele é instaurado perante o juiz, contando com a intervenção das futuras partes do processo, contraditório e ampla defesa. Ex. depoimento especial (depoimento sem dano). 5- VÍCIOS OU IRREGULARIDADES: 5.1- Conceito: são os defeitos ocasionados pela condução do IP ao arrepio da lei ou dos princípios constitucionais. 5.2- Consequências: a) Os vícios podem justificar a avocatória, por despacho motivado do Chefe de Polícia, designando outro delegado para conduzir a investigação. (art. 2º, §4º, Lei 12.830/13) Advertência: a avocatória ainda pode ocorrer por razões por interesse público. b) Para os tribunais superiores, os vícios do IP, como regra, não contaminam o processo, afinal, o IP é meramente dispensável. Conclusão1: “Os vícios do IP são endoprocedimentais.” (V). Conclusão2: Quando o IP é integralmente viciado e serviu de base para denúncia, cabe ao juiz rejeitar a inicial, por ausência de justa causa (art. 395, I, CPP). Todavia, se a inicial foi recebida, resta concluir que o processo é nulo. Conclusão3: de acordo com o artigo 12, CPP, sempre que o IP serve de base para a inicial, ele deve acompanhar a denúncia. Advertência: de acordo com o §3º, art. 3-C, CPP, ainda suspenso, os autos que compõem matéria de competência do juiz das garantias, ficaram acautelados na secretaria desse juízo, a disposição das partes, não acompanhando os autos remetidos ao juiz da instrução, salvo as provas irrepetíveis, assim como as medidas de obtenção e antecipação de provas. 6- PROCEDIMENTO: 6.1- 1ª ETAPA - Início: o IP é deflagrado por meio de uma portaria. I. Conceito: peça escrita que demarca o início da investigação. II. Conteúdo: i. Fatos a ser apurados; ii. Diligências que serão imediatamente cumpridas; iii. Envolvidos; iv. Determinação de instauração da investigação. III. Substituição: algumas peças podem funcionar como portaria, a exemplo do auto de flagrante. IV. Noticia crime: é a comunicação da ocorrência de uma infração a autoridade com atribuição para agir. Obs1. Destinatários: i. Delegado ii. MP iii. Juiz Obs2. Legitimidade ativa (noticiantes) Classificação: a. Notícia crime direta/ notícia crime de cognição imediata: é aquela atribuída ao papel da polícia ou da imprensa. Obs. Notícia apócrifa/inqualificada: é o que rotulamos como “notícia anônima”. Conclusão: Segundo o STF, não se pode de imediato instaurar o IP diante de uma notícia anônima. É necessário que inicialmente se verifique o substrato da notícia (STF. HC 97.197. Inf. 565). b. Notícia crime indireta/ cognição mediata/qualificada: é aquela apresentada por pessoa que não integra a polícia, mas está devidamente identificada. Vejamos: b.1) Vítima ou representante legal (incapacidade): a notícia é formulada por meio de um requerimento. Conclusão1: diante da denegação de instauração do IP, caberá recurso administrativo endereçado ao chefe de polícia (art. 5º, §2º, CPP). Conclusão2: nos crimes de ação privada e de ação pública condicionada a instauração do IP, depende de prévia manifestação de vontade do legítimo interessado (art. 5º, §§4º e 5º, CPP). b.2) Juiz/ MP: a notícia é formulada por meio de requisição (art. 5º, II, CPP). Conclusão: prevalece o entendimento que a requisição deve ser atendida, mesmo inexistindo vinculo de hierarquia. b.3) Qualquer pessoa do povo: a notícia é formulada por meio de delação. Conclusão: ela é cabível nos crimes de ação pública incondicionada, pois o delegado deve instaurar o IP de ofício (art. 5º, §6º, CPP). Atenção 1 (MPSP). Delatio criminis com força coercitiva: é a notícia extraída da prisão em flagrante, podendo ser direta ou indireta a depender de quem realize a captura (art. 301, CPP). Atenção 2 (MPSP). Delatio criminis postulatória: é sinônimo do instituto da representação no âmbito da ação pública condicionada. Obs. A instauração da investigação deve ser comunicada ao juiz das garantias (art. 3º-B, CPP) 6.2- 2ª ETAPA – Evolução: o IP avança por meio do cumprimento de diligências realizadas de forma discricionária (arts. 6º e 7º, CPP). 6.3 – 3ª ETAPA – Encerramento/Conclusão: o IP é concluído com a elaboração de um relatório (art. 10, CPP). I. Conceito: relatório é a peça eminentemente descritiva que aponta as diligências realizadas e justifica as que não foram feitas por algum motivo relevante. II. Mitigação: segundo LFG, a descrição inerente ao relatório é mitigada na Lei de Drogas, já que o delegado deve justificar a razão do enquadramento no tráfico e não no porte para uso de drogas (art. 52, I, Lei 11.343/06). 6.4- Desdobramento procedimental: a) Autos do IP com o relatório b) Teremos a remessa ao juiz (art. 23, CPP). Obs1. Central de IP: é o órgão do MP que recebe o IP e distribui entre os respectivos membros. c) Cabe ao juiz abrir vistas ao MP. d) Diante do IP, o MP tem as seguintes alternativas: i. 1ª alternativa: diante do lastro indiciário, cabe ao MP oferecer a denúncia (inicial acusatória), com o objetivo de que seja deflagrado o processo (art. 24, CPP). Obs. Nos crimes com pena mínima inferior a 4 anos, praticados sem violência ou grave ameaça e fora da Lei Maria da Penha, caberá o acordo de não persecução penal (ANPP), (art. 28-A, CPP). ii. 2ª alternativa: diante da fragilidade do lastro indiciário, é possível que existe esperança da imediata colheita. Logo, caberá a requisição de novas diligências imprescindíveis ao início do processo (art. 16, CPP). iii. 3º alternativa: inexistindo viabilidade para a deflagração do processo, caberá o arquivamento da investigação. Obs. Procedimento: ➢ Antes do pacote anticrime: cabe ao MP requerer ao juiz o arquivamento. Conclusão1: se o juiz concordar, homologará o pedido. Logo, cabe ao juiz arquivar, diante do requerimento do MP, o que caracteriza o ato como complexo. Conclusão2: se o juiz discordar, remeterá os autos ao Procurador Geral (Princípio da Devolução). O PG poderá adotar as seguintes medidas: • Oferecer a denúncia; • Designar outro membro do MP para denunciar (prevalece que o membro designado deve agir, atuando por delegação do PG); • Insistir no arquivamento, cabendo ao juiz, homologar. 3ª aula – 23/02/2021 ➢ Procedimento após o pacote anticrime: Com a nova redação do art. 28 do CPP, ainda suspensa por deliberação do STF, cabe ao MP ordenar o arquivamento, comunicando ao delegado, ao ofendido e ao investigado. Conclusão1: o arquivamento é submetido a homologação por uma instância de revisão. Conclusão2: o ofendido poderá impugnar o arquivamento provocando a instância revisional, dispondo do prazo de 30 dias. Conclusão3: quando a união, o Estado ou o Município são atingidos pela conduta criminosa, a chefia do ente jurídico responsável por sua representação poderá provocar a instância revisional. 7- Questões complementares: a) Consequência do arquivamento: de acordo com a Súmula 524, STF, o arquivamentodo IP, como regra, não é apto a imutabilidade pela coisa julgada material. Logo surgindo novas provas antes da extinção da punibilidade, caberá o oferecimento da denúncia. Conclusão1: O arquivamento segue a causa rebus sic stantibus (como as coisas estão). Conclusão2: o arquivamento faz mera coisa julgada formal. b) Definitividade do arquivamento: de acordo com o STF, o arquivamento faz coisa julgada material quando amparado na certeza da atipicidade do fato (formal ou material). Conclusão: o mesmo ocorre quando existir certeza da extinção da punibilidade. c) Incomunicabilidade: c.1) Definição: era a possibilidade de que preso no IP não tivesse contato com terceiros, em favor da eficiência da investigação. c.2) Requisitos: - ordem judicial motivada; - prazo de 3 dias; - acesso do advogado. c.3) Filtro constitucional: Com o advento do art. 136, §3º, IV, CF, que inadmite a incomunicabilidade mesmo no Estado de Defesa, resta concluir que o art. 21, CPP não foi recepcionado. ADVERTÊNCIA: não há incomunicabilidade no RDD (Regime Disciplinar Diferenciado, art. 52, LEP). d) Indiciamento: d.1) Definição: é a convergência da investigação em face de determinada pessoa, saindo de um juízo de possibilidade e ingressando em outro de probabilidade. d.2) Legitimidade: no bojo do IP, o indiciamento é ato privativo do delegado, que não se sujeita a requisição do MP ou do juiz para indiciar qualquer pessoa. d.3) Requisitos: é necessário despacho motivado do delegado, em análise técnico-jurídica, apontando os indícios de autoria, da materialidade e das circunstâncias da infração. d.4) Momento: de acordo com a doutrina, o indiciamento deve ocorrer assim que possível, normalmente após a oitiva do suspeito. Obs. Aquele que já é réu em processo criminal não será indiciado pelo mesmo fato. Em tal hipótese, falta justa causa para o IP, que merece ser trancado pelo manejo de HC. d.5) Classificação: i) Indiciamento direto: é aquele promovido perante o investigado. ii) Indiciamento indireto: é aquele realizado na ausência do suspeito. d.6) Afastamento do Funcionário Público: de acordo com o art 17-D da Lei 9613/98, o indiciamento do FP que se utiliza da função para lavar dinheiro, provoca o afastamento das atividades. Advertência: para Renato Brasileiro, o afastamento não é automático, demandando deliberação do juiz, como medida cautelar de ordem pessoal (posição majoritária). Previsão da Lei de Lavagem. STF. ADI 4911/DF, Min. Edson Fachin, red. p/ o ac. Min. Alexandre de Moraes, julg em 20/11/2020 (Info 1000). e) Termo circunstanciado de ocorrência (TCO): é a investigação simplificada na apuração das infrações de menor potencial ofensivo (crimes com pena máxima de até 2 anos e contravenções penais). Conclusão1: eventualmente vamos instaurar IP infração de menor potencial ofensivo, a exemplo do que ocorre quando a autoria da infração é desconhecida. Conclusão2: a doutrina diverge quanto a legitimidade para a presidência da lavratura do TCO, em visão estrita do delegado e em posição ampla, incluindo a PM e a secretaria do juizado. III) AÇÃO PENAL 1- Conceito: é o direito público e subjetivo positivado na CF de exigir do Estado-juiz a aplicação da lei ao caso concreto, com o objetivo de solucionar a demanda penal. Observação1: o processo é a ferramenta deflagrada diante do exercício da ação. Observação2: para Ovídio Baptista, a ação é o que fazemos para obter uma justa e adequada prestação jurisdicional, dentro de um prazo razoável. 2- Modalidades de ação (classificação): a) Ação penal de iniciativa pública b) Ação penal de iniciativa provocada ADVERTENCIA: segundo Hélio Bastos, toda ação penal é pública em razão dos interesses versados. O que pode oscilar é a iniciativa para a propositura. 3- Ação penal de iniciativa pública: 3.1) Conceito: é aquela titularizada pelo MP por força do art. 129, I, CF (pilar do sistema acusatório) e do art. 257, I, CPP. Obs1. Processo judicialiforme: era a possibilidade da demanda pública ser proposta por delegados e juízes, sem intervenção do MP, em sistema tipicamente inquisitivo. Conclusão: cabe concluir que o artigo 26, CPP não foi recepcionado pelo art. 129, I, CF. Conclusão2: A inicial acusatória pública é a denúncia, sendo que seus requisitos estão no art. 41, CPP. 3.2) Princípios: 3.2.1) Princípio da obrigatoriedade: I) Conceito: o exercício da ação pública é um dever funcional inerente a atuação do MP. II) Princípio da obrigatoriedade mitigada: segundo Tourinho Filho, a mitigação é apresentada no seguinte contexto. a) Transação penal (art. 76, Lei 9099/95) b) Colaboração premiada (art. 4º, §4º, Lei 12850/13) c) Acordo de não persecução penal (ANPP) art. 28-A, CPP. 3.2.2- Princípio da Indisponibilidade: I- Conceito: o MP não poderá desistir da demanda ajuizada. II- Postura do MP: a) O MP poderá requerer a absolvição do réu em alegações finais, o que não significa desistência. Conclusão: o magistrado não está vinculado ao pedido, podendo condenar o imputado (art. 385, CPP). b) Os recursos ministeriais são essencialmente voluntários, todavia se o MP recorrer não poderá desistir, já que o recurso é um desdobramento do direito de ação (Ada Pellegrini Grinover), desdobramento do art. 576, CPP. III- Princípio da Indisponibilidade Mitigada: segundo Tourinho Filho, a mitigação ao princípio da indisponibilidade se apresenta da seguinte forma: i. Suspensão condicional do processo (art. 89. Lei 9099/95) ii. Colaboração premiada (art. 4º, caput, Lei 12.850/13) 3.2.3) Princípio da Divisibilidade: I) Conceito: para os Tribunais superiores, a ação pública é divisível pela possibilidade de desmembramento. Observação - Princípio da Indivisibilidade: para boa parte da doutrina, a ação pública é indivisível, afinal o MP não poderá escolher arbitrariamente quem será ou não responsabilizado, sendo que as situações de desmembramentos são excepcionais. 3.2.4) Princípio da Intranscendência/ Princípio da Pessoalidade: I) Conceito: Os efeitos da ação penal não podem ultrapassar a figura do imputado. AULA 4 – 02/03/2021 3.3) Modalidades (classificação) 3.3.1 - AÇÃO PÚBLICA INCONDICIONADA I) Conceito: é aquela titularizada pelo MP, onde a atividade persecutória será deflagrada independente do desejo da vítima ou terceiros. Obs1: ela é apontada como regra geral (art. 100, caput, CP). Conclusão: quando o dispositivo penal é omisso, presumiremos que o crime é de ação pública incondicionada. Obs2: quando o crime é de ação pública incondicionada, o IP deve ser deflagrado de ofício (art. 5º, I, CPP). Obs3: a inicial acusatória pública é a denúncia, sendo que os seus requisitos estão no art. 41, CPP. 3.3.2 - AÇÃO PENAL PÚBLICA CONDICIONADA I) Conceito: é aquela titularizada pelo MP, sendo que a atividade persecutória dependerá da prévia manifestação da vontade do legítimo interessado. Obs1: o condicionamento da ação pública depende de expressa previsão legal (art. 100, parágrafo 1º, CP). Obs2: almejamos evitar o "strepitus judicii" (escândalo do processo). II) Institutos Condicionantes: a) Representação: a.1) conceito: é o pedido e ao mesmo tempo a autorização que condiciona o início da persecução penal. Conclusão: sem ela inexiste ação, IP ou lavratura de flagrante. a.2) natureza Jurídica: ela é enquadrada como condição de procedibilidade, leia-se, uma condição para a adoção de providências penais a.3) legitimidade: a.3.1) Destinatários: - Delegado; - Membro do MP; - Juiz; a.3.2- Legitimidade Ativa: vítima ou do seu representante legal nas hipóteses de incapacidades. Obs1: o menor emancipado representa por meio de um curador especial. Obs2: diante da morte ou da declaração judicial de ausência, o direito de representar é transferidoaos seguintes sucessores: Cônjuge Ascendentes Descendente s Irmãos Conclusão: o rol do parágrafo 1º do art. 24 do CPP é preferencial e taxativo. Todavia, incluiremos o companheiro(a) ao lado do cônjuge. a.4) Prazo: 6 meses contados do conhecimento da autoria da infração (art. 38, CPP). Obs1: o prazo tem natureza decadencial, o que significa dizer que é um prazo fata, não tolerando suspensão, interrupção ou prorrogação. Obs2: o prazo é contado de acordo com o art. 10 do CP. a.5) Forma: para os tribunais Superiores a forma é livre. a.6) Retratação: a.6.1- Regra Geral: a vítima poderá se retratar até antes do oferecimento da denúncia (art. 25, CPP). Obs1: se a vítima se retratou, poderá se arrepender e reapresentar a representação, desde que dentro do prazo (posição majoritária). Conclusão: cabe retratação da retratação da representação (V) Obs2: a doutrina minoritária entende que a retratação caracteriza verdadeira renúncia, não tolerando arrependimento. a.6.2) REGRA ESPECIAL - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER Conclusão1: Existem crimes de ação pública condicionada na esfera da violência doméstica (art. 147, CP) Conclusão2: se a mulher representou ela poderá retirar a representação (renúncia), em audiência específica, na presença do juiz, ouvindo-se o MP (art. 16, Lei 11.340/06). Conclusão3: a mulher poderá retirar a representação até antes do recebimento da denúncia. Conclusão4: como a lei dos juizados é inaplicável na violência doméstica (art. 41, Lei 11.340/06), resta concluir que o crime de lesão corporal, mesmo que leve, na esfera da violência doméstica é crime de ação pública incondicionada, pois não aplicamos o art. 88 da Lei 9.099/95 (Súmula 542, STJ). b) REQUISITAÇÃO DO MINISTRO DA JUSTIÇA b.1) Conceito: é uma autorização de natureza política que condiciona o início da persecução penal. Conclusão1: sem ela inexiste ação, IP ou lavratura de flagrante. Conclusão2: diante da independência funcional do MP, a requisição do Ministro da Justiça não vincula o Parquet. b.2) Natureza Jurídica: enquadrada como condição de procedibilidade. b.3) Legitimidade b.3.1) Destinatário: o Procurador Geral do MP. b.3.2) Legitimidade Ativa: Ministro da Justiça. b.4) prazo: não há prazo de natureza decadencial. Conclusão: logo, o ministro pode requisitar a qualquer tempo, desde que não extinta a punibilidade pela prescrição ou por qualquer outra forma. b.5- Retratação: b.5.1- 1ª posição: para LFG e Guilherme Nucci, o ato é passível de retratação, em analogia ao que ocorre com a representação da vítima (art. 25, CPP). b.5.2- 2º posição: para Tourinho Filho o ato é irretratável, não só por ausência de previsão legal (argumento jurídico), como também para não comprometer a imagem do país. ADVERTÊNCIA: OS TRIBUNAIS SUPERIORES NUNCA JULGARAM A MATÉRIA. 4- AÇÃO PENAL DE INICIATIVA PRIVADA 4.1- CONCEITO: é aquela titularizada pela vítima ou por seu representante legal na condição de substituição processual, já que ela atua em nome próprio pleiteando a punição, que será exercida pelo Estado. Obs: enquadramento terminológico: A) Vítima: querelante B) Réu: querelado C) Inicial Acusatória: queixa-crime (art. 41, CPP) 4.2- PRINCÍPIOS: 4.2.1- PRINCÍPIO DA OPORTUNIDADE: I- Conceito: a vítima só vai ajuizar a demanda se lhe for conveniente. II- Institutos Correlatos: a) Decadência: a.1) Conceito: é a perda da possibilidade de ajuizar a ação privada em razão do decurso do prazo, em regra 6 meses contados do conhecimento da autoria da infração 9art. 38, CPP). a.2) Consequência: ela provoca a extinção da punibilidade (art. 107, IV, CP). ADVERTÊNCIA: A PENDÊNCIA DE INVESTIGAÇÃO NÃO INTERFERE NO PRAZO PARA O AJUIZAMENTO DA AÇÃO PRIVADA, QUE É CONTADO DO CONHECIMENTO DA AUTORIA E TEM NATUREZA DECADENCIAL. b) Renúncia: b.1- Conceito: ela ocorre quando a vítima declara expressamente que não pretende ajuizar a ação (art. 50, CPP) ou quando ela pratica ato incompatível com essa vontade (art. 57, CPP) Conclusão: percebe-se que a renúncia pode ser expressa ou tácita e leva a extinção da punibilidade. 4.2.2- PRINCÍPIO DA DISPONIBILIDADE: I- Conceito: a vítima poderá desistir da demanda ajuizada. II- Institutos Correlatos: a) Perdão: a.1) Conceito: ele ocorre com a declaração expressa da vítima de que não pretende continuar com a ação ou pela prática de ato incompatível com essa vontade (art. 58, CPP) Conclusão: percebe-se que o perdão pode ser ofertado de forma expressa ou tácita. a.2) Bilateralidade: para que o perdão surta o efeito pretendido, qual seja, a extinção da punibilidade, é necessário que ele seja aceito, o que pode ocorrer de forma expressa ou tácita (art. 59, CPP). a.3) Procedimento: se a vítima declara nos autos o perdão, o réu será intimado para dizer se o aceita, tendo o prazo de 3 dias. Conclusão: a omissão faz presumir a aceitação (aceitação tácita). a.4) Procurador: a oferta e a aceitação podem ocorrer por meio de Procurador, pressupondo poderes especiais. AULA 5 – 09/03/2021 b) Perempção (descaso) b.1) Conceito: É a sanção judicialmente imposta pelo descaso da vítima na condução da ação privada. b.2) Hipóteses: elas estão catalogadas no artigo 60, CPP, ocasionando a extinção da punibilidade. 4.2.3- PRINCÍPIO DA INDIVISIBILIDADE: 1- Conceito: se a vítima optar por ajuizar a ação, deverá atuar contra todos os infratores conhecidos. 2- Fiscalização: cabe ao MP fiscalizar o respeito ao princípio da indivisibilidade na ação privada. 3- Consequências: a) Se a vítima dolosamente ajuíza a demanda contra parte dos sujeitos, ela estará renunciando ao direito em favor dos não processados, extinguindo a punibilidade de todos. b) Se a omissão é involuntária, caberá ao ofendido manejar a demanda contra os sujeitos faltantes. Advertência: o MP poderá aditar a demanda privada, gozando do prazo de 3 dias. Todavia, usualmente não lhe cabe incluir mais réus, pois lhe falta legitimidade ativa ad causam. c) O perdão ofertado a parte dos sujeitos é aplicável a todos que desejem aceitar. 4.2.4- PRINCÍPIO DA INTRANSCENDÊNCIA / PESSOALIDADE: I- Conceito: os efeitos da ação privada não ultrapassam a figura do réu. 4.3- MODALIDADES DA AÇÃO PRIVADA (CLASSIFICAÇÃO): a) Ação privada exclusiva ou propriamente dita: é aquela titularizada pela vítima ou por seu representante legal. Obs1. Ela tolera sucessão por morte ou ausência (art. 31, CPP). Obs2. Prazo: 6 meses contados do conhecimento da autoria da infração. b) Ação privada personalíssima: b.1) Conceito: é aquela que possui um único titular, quem seja, a vítima. Conclusão: não há intervenção do representante legal ou sucessão por morte ou ausência. b.2) Aplicação: o único crime de ação personalíssima é o induzimento a erro ou ocultação de impedimento ao casamento (art. 236, CP). b.3) Prazo: 6 meses contados do transito em julgado da sentença cível que invalidar o casamento. c) Ação privada subsidiária da pública: c.1) Conceito: ela é consignada na CF como cláusula previa, autorizando que a vítima proponha a demanda em delito de esfera pública, já que o MP não cumpriu o seu papel nos prazos legais. Conclusão: se o MP ofereceu denúncia, requisitou diligências ou promoveu o arquivamento, não caberá não caberá ação privada subsidiária. c.2) Embasamento normativo: - Art. 5º, LIX, CF - Art. 29, CPP - Art. 100, §3º, CP c.3) Prazo: 6 meses contados do esgotamento do prazo que o MP dispunha para agir, qual seja, 5 dias se o sujeito está presou ou 15 dias se está em liberdade (art. 46, CPP). c.4) Poderes do MP: o promotor atuará como interveniente adesivo obrigatório sob pena de nulidade (art. 564, III, d, CPP). Observação: especificação de poderes: - propor provas - apresentar recursos - aditarinicial (até mesmo incluir corréus) - se a vítima fraquejar, ela será afastada, cabendo ao MP retomar a demanda. Conclusão1: não cabe perdão ou perempção na ação privada subsidiária. Conclusão2: Quando a petição da vítima é proposta (queixa-crime substitutiva), cabe ao juiz abrir vistas ao MP. Se o promotor entender que a petição é inepta ou que a desídia está justificada, deve repudiar a petição da vítima, oferecendo denuncia (denúncia substitutiva). 5- QUESTÕES COMPLEMENTARES: 5.1- Ação de prevenção penal: É aquela que almeja a imposição de medida de segurança ao absolutamente inimputável. 5.2- Ação penal de 2º grau: é aquela deflagrada diretamente em Tribunal quando o imputado goza de prerrogativa de função (ação penal originária). 5.3- Legitimidade concorrente: de acordo com a Súmula 714, STF, o funcionário público vitima em sua honra no exercício funcional, poderá adotar uma das seguintes medidas: a) representar, já que o delito é de ação pública condicionada. b) contratar um advogado, e nesse caso, a ação será privada. IV) JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA 1- Conceito: a) Jurisdição: é o poder-dever positivado na CF e usualmente entregue ao judiciário para que se aplique a lei ao caso concreto, com objetivo de solucionar a demanda penal. b) Competência: é a medida da jurisdição, leia-se, é a quantidade de poder conferido por lei a um juiz ou Tribunal, definindo a sua margem de atuação. 2- Critérios de fixação da competência (classificação): 2.1- Competência “ratione materiae” (em razão da matéria); 2.2- Competência “ratione loci” (em razão do lugar); 2.3- Competência “ratione personae” (em razão da pessoa); 3- COMPETÊNCIA “RATIONE MATERIAE” (EM RAZÃO DA MATÉRIA) 3.1- Conceito: tal critério nos entrega a Justiça competente para julgar um determinado tipo de infração. 3.2- Estrutura: 3.2.1- Justiça comum: a) Justiça comum estadual: a competência é tipicamente residual, pois lhe cabe julgar o que a CF não entregou expressamente as demais. b) Justiça comum federal: a definição da abrangência é explicitada na CF, vejamos: b.1) art. 108, CF – TRFs b.2) art. 109, CF – Juízes federais de 1º grau 3.2.2 – Justiça Especial: a) Justiça eleitoral a.1) Conceito: lhe cabe julgar as infrações eleitorais e as infrações comuns interligadas por conexão ou continência, pouco importa se estaduais ou federais (diferente do gabarito do último concurso do MPSP. Mudança de entendimento do pleno do STF). a.2) Infrações de menor potencial ofensivo: aplicamos na JE os institutos benéficos do Juizado Especial (arts. 74, 76, 89, Lei 9099/955). b) Justiça militar: b.1) Conceito: lhe cabe julgar as infrações apontadas nos contornos dos artigos 9 e 10 do CPM. b.2) Infração de menor potencial ofensivo: a lei dos juizados é inaplicável na esfera militar (art. 90-A, Lei 9099/95) b.3) Enquadramento: b.3.1) Justiça Militar Estadual: apenas e PM e Bombeiros Militares. b.3.2) Justiça Militar Federal: lhe cabe julgar os membros das forças armadas e as pessoas comuns que pratiquem infração militar federal. 3.3- Competência pela natureza da infração: 3.3.1- Conceito: o legislador pode estabelecer o órgão competente para julgar determinado tipo de crime, em razão da natureza daquela infração. 3.3.2- Hipóteses constitucionais: a) 1ª hipótese: de acordo com o art. 5º, XXXVIII, “d”, CF, os crimes dolosos contra a vida, por sua natureza, serão levados a júri. Obs: Enquadramento – art. 121 a 128, CP. b) 2ª hipótese: de acordo com o art. 98, I, CF, as infrações de menor potencial ofensivo, por sua natureza, serão levadas ao juizado especial. Obs. Enquadramento – crimes com pena máxima de até 2 anos e contravenções penais independentemente da quantidade de pena prevista para a contravenção (art. 61, 9099/95). Aula 6 – 16/03/2021 4- COMPETENCIA RATIO LOCI (EM RAZAO DO LUGAR) 4.1- Conceito: Tal critério nos apresenta o juízo territorialmente competente. 4.2- Regras de definição: a) 1ª Regra – Teorias Territoriais: a.1) Teoria do Resultado: a competência territorial é definida pelo local da consumação da infração. Conclusão1: Ela é a regra geral (art. 70, caput, CPP). Conclusão2: O crime está consumado quando são reunidos todos os elementos da sua descrição legal (art. 14, I, CP). a.2) Teoria da Ação: a competência territorial é fixada pelo local do último ato de execução. Obs. Aplicação: i) Crimes tentados (art. 70, CPP cc art. 14, II, CP); ii) Para o STJ, a realização do júri deve ocorrer no local da ação, pela facilidade de produção probatória e para melhor responder a sociedade agredida. a.3) Teoria da Ubiquidade: (híbrida), por ela a competência territorial é fixada pelo local da ação ou do resultado, tanto faz. Obs. Aplicação: ela tem cabimento nos crimes à distância. Conclusão: crime a distância é aquele onde a ação nasce no BR e o resultado ocorre no estrangeiro ou vice-versa. Conclusão2: em tal hipótese, a competência brasileira é firmada pelo local no BR em que ocorrer a ação ou o resultado (art. 70, §§ 1º e 2º, CPP). b) 2ª Regra – Domicílio ou Residência DO RÉU Obs. Tal regra, é subsidiária à primeira (acima/teorias territoriais) – art. 72, CPP; Obs2. O domicílio da vítima NÃO FIXA competência criminal, mesmo na violência doméstica. c) 3ª Regra – Prevenção (antecipação) – juiz prevento é aquele que primeiro pratica um ato do processo (recebimento da inicial) ou aquele que durante o inquérito adota medidas cautelares inerentes ao futuro processo (art. 83, CPP). ADVERTÊNCIA: quando o juiz das garantias for implementado, o sistema da prevenção deverá ser repensado. 4.3- Questões complementares: A) Quando a infração estiver consumada na divisa entre comarcas ou quando incerto o limite entre elas, a competência territorial é firmada pela prevenção (art. 70, §3º, CPP). B) Se o réu tem mais de um domicílio ou residência, a competência é firmada pela prevenção (art. 72, §1º, CPP). C) Havendo crime permanente ou continuidade delitiva com dilação por mais de uma comarca, a competência territorial será firmada pela prevenção (art. 71, CPP). D) Na ação penal privada, mesmo sabendo o local da consumação, o querelante pode optar pelo domicílio ou residência do réu (art. 73, CPP). Advertência: tal alternativa é inaplicável na ação privada subsidiária da pública. E) Competência territorial em crimes ocorridos em embarcações e aeronaves: e.1) Análise material: de acordo com o art. 109, IX, CF, a competência é da Justiça Federal, ressalvada a competência da Justiça Militar. Obs1: para tanto, é necessário que a embarcação seja um navio, ou seja, tenha grande porte e aptidão para realizar viagens internacionais. Caso contrário, a competência será da Justiça Estadual. Quanto as aeronaves, inexiste distinção quanto ao porte. (esse era o entendimento anterior/ parece que na atualidade estão fazendo a distinção) Obs2: Aeronave parada ou voando: J. Federal. Já se o navio estiver atracado e não se encontrar em potencial situação de deslocamento, a competência será da J. Estadual. e.2) Conceito de território nacional: a) Fronteiras b) Mar territorial: é a faixa litorânea que vai de 0 a 12 milhas náuticas, contadas na maré baixa. c) Espaço aéreo: ele se estende até a camada atmosférica. d) Território nacional por equiparação: i. embarcações e aeronaves de natureza pública e de bandeira brasileira: elas integram o BR em qualquer lugar do mundo. ii. Embarcações e aeronaves de natureza pública e de bandeira estrangeira: elas não são consideradas território brasileiro. (jamais) iii. Embarcações e aeronaves de natureza privada e de bandeira brasileira: elas são consideradas BR quando estiverem em nosso território ou em alto mar. iv. Embarcações e aeronaves de natureza privada e de bandeira estrangeira: elas são consideradas BR aoingressarem em nosso território. e.3) Regras de competência territorial: e.3.1- Viagens nacionais: a competência territorial é firmada pelo primeiro local em que a aeronave pousar ou a embarcação atracar após o delito. e.3.2- Viagens internacionais: quando a embarcação ou a aeronave integram o conceito de território brasileiro, teremos as seguintes regras: • 1ª regra: a competência territorial é fixada pelo local de saída quando elas estiveram se distanciando do BR. • 2º regra: a competência territorial é fixada pelo local de chegada quando estiverem se aproximando do BR. Direito de passagem inocente: se a embarcação estrangeira estiver margeando a costa brasileira quando o crime ocorrer em seu interior, o BR não adotará providências penais, desde que o delito não tenha reflexos no nosso território. F) Competência territorial brasileira para crimes ocorridos no estrangeiro: f.1- Conceito: como o art. 7º, CP confere à lei material extraterritorialidade, é necessário encontrar o juízo territorialmente competente no BR para julgar as infrações ocorridas no estrangeiro. f.2- Regras: • A competência territorial é firmada pela capital do estado brasileiro onde por último residiu o infrator. • Se o agente nunca residiu no BR, será julgado em Brasília. 5- COMPETÊNCIA “RATIONE PERSONAE” (EM RAZÃO DA PESSOA) 5.1- Conceito: algumas autoridades pela importância do cargo ou da função desempenhada serão julgadas diretamente em Tribunal, no que convencionamos chamar “foro por prerrogativa de função”. 5.2- Regras de interpretação: a) 1ª regra: de acordo com o Pleno do STF da AP 937, o foro por prerrogativa exige que o crime seja praticado durante o desempenho da função (pertinência temporal), e que diga respeito ao desempenho da função (pertinência temática). Advertência: O STJ tem precedente em sentido contrário, desconsiderando tais elementos. b) 2ª regra: de acordo com o STF no julgamento das ADI’s 6512 e 6513, a Constituição do Estado não pode conferir foro por prerrogativa no TJ se inexistir simetria com a CF. c) 3ª regra: as autoridades com foro por prerrogativa no TJ ou no TRF, ao praticarem crime eleitoral, serão julgadas no TRE. Advertência: o mesmo não ocorre com o STF e STJ que aglutinam competência para o julgamento das infrações eleitorais. Ex. crime eleitoral praticado por prefeito, julgado pelo TRE, pois a competência de crime comum seria do TJ. Crime eleitoral ou comum praticado pelo Governador serão julgados pelo STJ. d) 4ª regra: foro por prerrogativa x deslocamento – autoridades com foro por prerrogativa no TJ ou no TRF, por praticarem crimes fora do estado ou da região, serão julgadas no tribunal de origem. e) 5ª regra: foro por prerrogativa x júri – de acordo com o SV 45, as autoridades com foro por prerrogativa previsto na CF não vão a júri. O mesmo não ocorre quando a prerrogativa é prevista apenas na CE. f) 6ª regra: cidadão comum – de acordo com a Súmula 704, STF, o cidadão comum pode ser julgado diretamente em Tribunal, ao praticar o delito junto com a autoridade que goza da prerrogativa de função. Conclusão1: tal atração não ofende direitos ou garantias fundamentais. Conclusão2: diante da conveniência da persecução penal, pode ocorrer a separação de processos (art. 80, CPP). g) 7ª regra: “perpetuação no tempo da prerrogativa” – com a declaração de inconstitucionalidade dos §§1ºe 2º do art. 84 do CPP, temos as seguintes soluções: g.1) para os crimes, uma vez encerrado o cargo ou o mandato, encerra- se a prerrogativa de função. Advertência: para o STF no julgamento da AP 937, a renúncia ao mandato pode ocorrer até antes da publicação da intimação para apresentar alegações finais. g.2) para as ações de improbidade administrativa, não há foro por prerrogativa em nenhum momento. h) 8ª regra: desvio de verba pública por prefeito – se o prefeito desviar verba, teremos as seguintes soluções: h.1) se a verba foi incorporada ao patrimônio municipal, o prefeito será julgado no TJ (Súmula 209, STJ). h.2) se a verba desviada é sujeita a prestação de contas a órgão federal, a competência é do TRF (Súmula 208, STJ) Enquadramento constitucional: (decorar) para crimes comuns CF Executivo Legislativo Judiciário Outras STF (ART. 102, CF) • Presidente da República • Vice • Ministros • Senadores • Deputados Federais • Ministros dos Tribunais Superiores (Min. STF, STJ, TST, STM) • MPU (PGR) • Min. TCU • Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica • Chefes de missão diplomática permanente • Membros dos Tribunais Superiores STJ (ART. 105, CF) • Governadores dos Estados e do DF • Prefeito DF, e seus secretários e chefes de polícia. • Interventores x • Membros dos tribunais de justiça estaduais e distritais • Membros dos tribunais regionais (desembargadores) • MPU (membros que atuam perante tribunal - Procuradores regionais) • Conselheiros dos TCE e TCM TJ • Prefeitos para crimes submetidos a justiça estadual (art. 29, X, CF) • Deputados estaduais • Juízes estaduais de 1º grau (regra invariável, mesmo com crime federal) - ressalvada competência da JE • Todos membros do MPE (regra invariável, mesmo com crime federal) e MPDFT - ressalvada competência da JE TRF (ART. 108, CF) • Prefeitos (crimes federais - Súm. 702, STF) • Deputados estaduais (crimes federais) • Juízes federais de 1º grau (incluídos militares e do trabalho) • Membros do MPU que atuam em 1º grau Obs. A CF/88 não previu foro por prerrogativa de função aos vereadores. Apesar disso, não há óbice de que as CE prevejam. Obs2. Como regra, o deputado ou senador que deixa o cargo não mais continua sendo julgado pelo STF. Exceção 1: se o julgamento já havido sido iniciado. Exceção 2: se a renúncia se caracterizou como fraude processual. 6- CONEXÃO E CONTINÊNCIA 6.1- Conceito: são institutos que permitem reunir no mesmo processo crimes e/ou sujeitos que poderiam ser julgados separados. Conclusão: almejamos evitar decisões contraditórias e obter a economia de atos processuais. Conclusão2: são institutos que caracterizam o deslocamento da competência, reunindo todos os elementos perante um só juízo. 6.2- Conexão: 6.2.1- Conceito: é a interligação entre dois ou mais crimes e que serão julgados no mesmo processo. 6.2.2- Modalidades de conexão (classificação): a) Conexão intersubjetiva: é a interligação de dois ou mais crimes praticados por duas ou mais pessoas. Advertência. Espécies: a.1) Conexão intersubjetiva por simultaneidade: os crimes ocorreram nas mesmas circunstâncias de tempo e espaço. a.2) Conexão intersubjetiva concursal: os sujeitos agiram previamente acordados. a.3) Conexão intersubjetiva por reciprocidade: os sujeitos atuaram uns contra os outros. Ex. lesões corporais reciprocas (rixa não é exemplo porque é crime único, e para ter conexão precisa de dois ou mais crimes). b) Conexão lógica/teleológica/finalista: nela um crime é praticado para ocultar, levar vantagem ou criar impunidade em face de outro delito (art. 76, II, CPP). c) Conexão instrumental ou probatória: a prova da existência de uma infração é fundamental para demonstrar a ocorrência de outro delito (art. 76, III, CPP). AULA 7 – Aula 23/03/2021 6.3- Continência: 6.3.1- Conceito: nela prepondera o fator unidade, seja porque um só crime foi praticado por duas ou mais pessoas, ou quando uma só conduta provoca dois ou mais resultados lesivos. 6.3.2- Modalidades de continência (art. 77, CPP): a. Continência por cumulação subjetiva: temos um só delito praticado por duas ou mais pessoas. b. Continência por cumulação objetiva: temos uma só conduta que provoca dois ou mais resultados lesivos. Conclusão: percebe-se que estamos diante das regras de concurso formal (art.70, 73, 74 CPP). 7- FORO PREVALENTE 7.1- Conceito: é o juiz ou o Tribunal que aglutina a competência para julgar todos os crimes e/ou sujeitos nas hipóteses de conexão ou continência. 7.2- Regras de prevalência: a) 1ª regra: a Justiça Especial prevalece em detrimento da Justiça Comum. Obs1. Vale lembrar que a Justiça Militar julga tão somente as infrações definidas nos arts. 9º e 10 do CPM. Obs2. A Justiça Eleitoral julga as infrações eleitorais e as comuns interligadas, sejam elas estaduais ou federais. Obs3. De acordo com a Súmula 122, STJ, a JF julga os crimes federais e os crimes estaduais interligados por conexão ou continência. b) 2ª regra: o Júri prevalece em face dos demais órgãos da jurisdição comum: percebe-se que o Júri os crimes dolosos contra a vida e todas as infrações comuns interligadas. (art. 78, I, CPP). Conclusão: se uma infração de menor potencial ofensivo, é interligada a um crime doloso contra a vida, ela é atraída, respeitando-se a oferta de composição civil e transação penal. (Art. 60, pú, Lei 9099/95). Conclusão2: quando o crime doloso contra a vida é conexo ao crime eleitoral, teremos separação de processos. Conclusão3: se o crime doloso contra a vida é conexo a delito federal, o Júri será realizado na JF. c) 3ª regra: jurisdição de maior hierarquia prevalece em face da jurisdição de menor hierarquia. A pessoa comum pode ser julgada diretamente em Tribunal, ao praticar o delito junto com a autoridade que goza da prerrogativa de função (S.704, STF). d) 4ª regra: órgãos integrantes da mesma justiça e de mesma hierarquia concorrendo. Teremos as seguintes soluções: d.1) prevalece o juiz atuante no local da consumação do crime mais grave (pena máxima/individual) d.2) se os crimes possuem a mesma gravidade, prevalece o juiz atuante no local da consumação do maior número de delitos. d.3) se os crimes têm a mesma gravidade e idêntica quantidade por comarca, a prevalência é definida pela prevenção. (art. 78, II, CPP). 8- SEPARAÇÃO DE PROCESSOS 8.1- Conceito: mesmo diante da conexão ou da continência, os processos podem tramitar separados, seja por imposição da lei ou por conveniência da persecução penal. 8.2- Modalidades de separação: a) Separação obrigatória: é aquela imposta por lei e para que as regras de competência constitucional sejam respeitadas (art. 79, CPP). b) Separação facultativa: é aquela justificada pela conveniência da persecução penal (art. 80, CPP). 9- PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO 9.1- Conceito: se o juiz prevalente absolver o réu pelo crime que o tornou prevalente, ou desclassificar essa infração, deverá julgar os delitos interligados por conexão ou continência (art. 81, CPP). V) PRISÕES, MEDIDAS CAUTELARES E LIBERDADE PROVISÓRIA 1- CONSIDERAÇÕES INICIAIS: 1.1- Enquadramento: a) Prisão pena: ela é fruto do trânsito em julgado da condenação. b) Prisão sem pena/ cautelar/ processual/ provisória: ela antecede o transito em julgado, sendo admitida na investigação e/ou no processo. Obs. Modalidade: b.1) prisão em flagrante b.2) prisão preventiva b.3) prisão temporária. 1.2- Execução provisória da pena: a) 1º momento: o STF editou as Súmulas 716 e 717, admitindo que o preso cautelar pudesse ser beneficiado por institutos típicos da Lei de Execução Penal. b) 2º momento: o Pleno do STF julgou o HC 126.182 em 2016 admitindo a execução provisória da pena (prisão em segunda instância) desde que atendidos os seguintes pressupostos: b.1) confirmação da condenação por um tribunal b.2) esgotamento das vias recursais ordinárias Obs. Fundamentos: i) O princípio da presunção de inocência não é absoluto ii) O recurso especial e o extraordinário não são dotados de efeitos suspensivos. c) 3º momento: o STF julgou as ADCs 43, 44 e 54, analisando a redação do artigo 283, CPP. Com isso, o STF afastou a execução provisória da pena (prisão em segunda instância), já que antes do transito em julgado, só caberá flagrante, preventiva ou temporária. d) 4º momento: o pacote anticrime o inciso I, alínea “e”, ao artigo 492, CPP, admitindo a execução provisória da sentença emanada do júri, que impõe ao réu 15 ou mais anos de privação da liberdade. Conclusão1. O juiz presidente do júri pode obstar a execução provisória, mesmo impondo 15 ou mais anos de prisão (§3º, art. 492, CPP). Conclusão2. Para viabilizar a execução provisória do júri, foi afastado o efeito suspensivo da apelação nesse caso (art. 492, §4º, CPP). Conclusão 3. O relator no Tribunal, poderá conceder efeito suspensivo ao recurso de apelação (§5º, art. 492, CPP). 2- PRISÃO EM FLAGRANTE: 2.1- Conceito a) Conceito etimológico: a palavra flagrante deriva de flaglare, significando arder ou queimar. Em verdade, flagrante é a qualidade de algo que está ocorrendo naquele momento. b) Conceito instrumental: a prisão em flagrante é o instituto positivado no art. 5, LXI, CF, que autoriza a captura daquele que é surpreendido delinquindo, trazendo assim, as seguintes finalidades: i. evitar a fuga ii. evitar a consumação do delito iii. levantar indícios para a adoção de futuras providências penais. 2.2- Natureza jurídica: a) 1ª posição: a doutrina tradicional entende que o flagrante é uma prisão cautelar, diante do tratamento histórico do CPP. b) 2ª posição: para Aury Lopes Jr. o flagrante é uma medida pré- cautelar, tipicamente administrativa. O aspecto cautelar é evidenciado, quando o juiz homologa o auto, adotando qualquer das medidas dos incisos II e III do art. 310, CPP. AULA 8 – 30/03/21 2.3- MODALIDADES DE FLAGRANTE (CLASSIFICAÇÃO) a) Flagrante obrigatório ou compulsório: é aquele inerente a atuação das forças policiais, funcionando como estrito cumprimento de um dever legal (art. 301, CPP). Conclusão: prepondera o entendimento de que a obrigatoriedade persiste mesmo no período de folga. b) Flagrante facultativo: é aquele inerente a atuação de qualquer pessoa do povo, funcionando como o exercício regular de um direito (art. 301, CPP) c) Flagrante próprio/real/perfeito/propriamente dito: c.1) O sujeito capturado cometendo o delito (art. 302, I, CPP). Conclusão: o sujeito é capturado desenvolvendo os atos executórios. c.2) O sujeito capturado ao acabar de cometer a infração (art. 302, II, CPP). Conclusão: o sujeito já concluiu os atos executórios, mas não se livrou do local do crime ou das circunstâncias do fato. d) Flagrante improprio/irreal/imperfeito/quase flagrante: o sujeito é perseguido logo após a pratica da infração. Havendo êxito, ele será capturado em circunstâncias que façam presumir a responsabilidade penal (art. 302, III, CPP). Obs1. O conceito de perseguição é fornecido pelos artigos 250 e 290, CPP. Obs2. Tempo da perseguição: não há na lei prazo máximo de duração da perseguição, que persiste no tempo diante da necessidade. Obs3. Requisito de validade: é necessário que a perseguição seja contínua, mesmo inexistindo contato visual. e) Flagrante presumido/ficto/assimilado: o sujeito é encontrado logo depois da prática do delito com objetos, armas, papéis ou instrumentos que autorizem presumir a responsabilidade penal (art. 302, IV, CPP). f) Flagrante forjado: é aquele realizado para incriminar pessoa inocente e que não tinha desejo de delinquir. Conclusão1: percebe-se que a prisão é ilegal, devendo ser relaxada (art. 310, I, CPP e art. 5º, LXV, CF) Conclusão2: a responsabilidade penal subsiste para o agente forjador. g) Flagrante esperado: nele nos deparamos com a realização de campana (tocaia), aguardando-se a prática do primeiro ato executório para a concretização da captura. Conclusão: no momento da lavratura do auto, deveremos enquadrar em uma das hipóteses do art. 302, CPP (a lei não regula o flagrante esperado, e não exclui a classificação feita nas hipóteses do art. 302, CPP); Conclusão2:em nenhum momento a polícia estimulou a prática do delito. h) Flagrante preparado/provocado/delito de ensaio/delito putativo (imaginado) por obra do agente provocador: de acordo com a súmula 145 do STF, não se pode estimular a prática de delito para capturar a pessoa seduzida, pois os fins não justificam os meios. Conclusão1: em tal hipótese a prisão é considerada ilegal, devendo ser relaxada (art. 310, I, CPP) Conclusão2: o fato praticado pelo sujeito seduzido é atípico, pois será enquadrado como crime impossível. Conclusão3: se o traficante já tem a droga consigo ou em estoque, quando é abordado por policial disfarçado de usuário, resta concluir que a prisão é legal, pois a consumação do tráfico é preexistente a provocação. Conclusão4: de acordo com a súmula 567, STJ, o monitoramento por câmeras ou aparato similar de estabelecimento comercial, não desnatura o crime de furto e não inviabiliza a prisão em flagrante. i) Flagrante postergado/diferido/retardado/ação controlada: ela nasce no combate ao crime organizado, com o objetivo de efetivar a prisão no momento mais estratégico, almejando o levantamento de provas, a captura de sujeitos e o enquadramento no crime principal da organização. Atualmente, ela está regulada nos seguintes diplomas: i. Crime organizado (art. 8º, Lei 12.850/13 ii. Tráfico de drogas (art. 53, II, Lei 11343/06) iii. Lavagem de dinheiro (art. 4ºB, Lei 9613/98) 2.4- PROCEDIMENTO 2.4.1- Procedimento MACRO: a) 1º passo - captura: ela revela o imediato cerceamento da liberdade b) 2º passo - condução coercitiva até a autoridade. Obs. O sujeito é apresentado ao delegado do local da captura. Inexistindo delegado, será apresentado ao delegado da localidade mais próxima. (art. 308, CPP) c) 3º passo – formalização da prisão por meio da lavratura do auto (art. 304, CPP) d) 4º passo – recolhimento ao cárcere. Obs. Nos crimes com pena máxima de até 4 anos, o delegado é legitimado a arbitrar a fiança e o pagamento obsta o recolhimento ao cárcere (art. 322, CPP). 2.4.2- Desdobramentos do procedimento: em até 24 horas da prisão, o delegado tem as seguintes obrigações a cumprir: a) 1ª obrigação: o delegado deve entregar ao preso a nota de culpa, funcionando como breve declaração, contendo os motivos e os responsáveis pela prisão, assim como as eventuais testemunhas (art. 5º, LXIV, CF e art. 306, §2º do CPP). b) 2ª obrigação: o delegado deve encaminhar uma cópia do auto ao defensor público, sempre que o preso não tem advogado (art. 306, §1º, CPP) c) 3ª obrigação: cabe ao delegado encaminhar o auto ao juiz. O magistrado, recebido o auto, realizará em até 24 horas a audiência de custódia. Audiência de custódia i. Conceito: é o ato solene, em que o flagranteado será ouvido pelo juiz, na presença do MP e do advogado., para que o magistrado possa deliberar sobre a situação prisional. ii. Embasamento normativo: art. 310, CPP; resolução 213, CNJ; art. 9º, item 3, Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos; art. 7º, item 5, CADH. iii. Alternativas do juiz: 1. Se a prisão é ilegal, cabe ao magistrado promover o relaxamento (art. 310, I, CPP). Conclusão: ele significa a libertação incondicional de quem foi ilegalmente preso. 2. Se a prisão é legal, cabe ao juiz homologar o auto. Diante da homologação, o juiz poderá adotar as seguintes medidas: a. 1ª medida: se a prisão é necessária, cabe ao juiz converter o flagrante em preventiva, desde que presente os requisitos do art. 312, CPP. Conclusão1: ATENÇÃO - para o STF e STJ, a conversão não pode ocorrer de ofício, respeitando-se o sistema acusatório e por força do art. 311, CPP. Conclusão2: se as medidas cautelares pessoais, não prisionais forem suficientes, a preventiva não será decretada (art. 310, II, CPP). b. 2ª medida: se o juiz entender que a prisão não é necessária, concederá liberdade provisória, com ou sem o pagamento de fiança. (art. 310, III, CPP). PROX AULA – 06/04/2021 2.5- Questões complementares I) Investigação preliminar II) Inquérito Policial III) AÇÃO PENAL IV) JURISDIÇÃO E COMPETÊNCIA V) PRISÕES, MEDIDAS CAUTELARES E LIBERDADE PROVISÓRIA
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