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Metodologia da pesquisa científica

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SUMÁRIO: 
 
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 4 
1 - O QUE É CIÊNCIA? ..................................................................................... 6 
1.1 Os tipos de conhecimento ..................................................................... 6 
1.1.1 Conhecimento popular, ou senso comum ........................................... 6 
1.1.2 Conhecimento Teológico .................................................................... 6 
1.1.3 Conhecimento Filosófico ..................................................................... 7 
1.1.4 Conhecimento Científico ..................................................................... 7 
1.2 O que é método? ..................................................................................... 7 
1.3 O que é metodologia? ............................................................................ 8 
1.4 O que é pesquisa? .................................................................................. 8 
1.5 O que é pesquisa científica? .................................................................. 9 
1.6 Tipos de métodos científicos ................................................................. 9 
1.6.1 Método Indutivo .................................................................................. 9 
1.6.2 Método Hipotético-Dedutivo .............................................................. 10 
1.6.3 Método Dialético ............................................................................... 10 
1.6.4 Método Fenomenológico .................................................................. 10 
1.7 Tipos de pesquisa científica ................................................................ 10 
1.7.1 Quanto à natureza ou finalidade ....................................................... 11 
1.7.2 Quanto à forma de abordagem do problema .................................... 11 
1.7.3 Quanto aos procedimentos técnicos ................................................. 11 
1.7.4 Quanto aos objetivos ........................................................................ 13 
1.8 Níveis de pesquisa ................................................................................ 13 
1.9 A pesquisa na pós-graduação ............................................................. 14 
1.10 A ética na pesquisa ............................................................................. 14 
1.11 Etapas da pesquisa ............................................................................. 15 
2 - O PROCESSO DE LEITURA ...................................................................... 17 
3 - O PROJETO DE PESQUISA ...................................................................... 19 
3.1 Escolha do tema .................................................................................... 21 
3.2 Definição do problema de pesquisa .................................................... 22 
3.3 Elementos pré-textuais ......................................................................... 24 
3.4 Elementos textuais ............................................................................... 24 
3.5 Elementos pós-textuais ........................................................................ 24 
3.6 Elementos pós-textuais opcionais ...................................................... 24 
3.7 Introdução ............................................................................................. 25 
3.8 Hipótese ................................................................................................. 26 
3.9 Título do trabalho .................................................................................. 26 
3.10 Objetivos .............................................................................................. 27 
3.10.1 Objetivos Gerais ............................................................................. 27 
3.10.2 Objetivos Específicos ...................................................................... 27 
3.11 Justificativa ......................................................................................... 27 
3.12 Revisão de literatura ........................................................................... 29 
3.13 A Metodologia ..................................................................................... 30 
3.14 Sujeitos de pesquisa .......................................................................... 32 
3.15 População, amostra e amostragem ................................................... 32 
3.16 Instrumentos de coleta de dados ...................................................... 32 
3.16.1 Questionário ................................................................................... 32 
3.16.2 Entrevistas ...................................................................................... 32 
3.17 Características das entrevistas ......................................................... 33 
3.17.1 Não estruturadas ............................................................................ 33 
3.17.2 Semiestruturadas ............................................................................ 33 
3.17.3 Estruturadas ................................................................................... 33 
3.17.4 Observação .................................................................................... 33 
4 - A ANÁLISE DOS DADOS .......................................................................... 34 
4.1 Análise estatística ................................................................................. 34 
4.2 Análise de conteúdo ............................................................................. 34 
4.3 Análise do discurso .............................................................................. 34 
4.4 Interpretação das falas ......................................................................... 34 
4.5 Triangulação .......................................................................................... 34 
5 - A DIFERENÇA ENTRE O PROJETO DE PESQUISA E O TRABALHO DE 
CONCLUSÃO DE CURSO – TCC ................................................................... 35 
5.1 A escrita de diários ............................................................................... 36 
5.2 O Diário de Leituras .............................................................................. 37 
5.3 O diário para profissionais da educação ............................................ 38 
REFERÊNCIAS ................................................................................................ 40 
 
 
 
 
INTRODUÇÃO 
Há séculos, o foco da Educação - e a serviço dela - tem sido a reflexão sobre a 
necessidade de se desenvolver a criticidade e a reflexão. 
No entanto, apesar dessa necessidade, ainda encontramos alunos e 
professores com muitas dúvidas referentes a questões de base, que precisam 
ser esclarecidas. Não se trata - absolutamente - de se colocar uma 
necessidade em detrimento da outra, mas verificar de que forma conceitos 
ainda tidos como básicos podem estar a serviço dessa sociedade crítica e 
pensante. 
A experiência vivida como professora – e como eterna estudante – me faz 
verificar que os alunos muitas vezes são cobrados, no âmbito acadêmico, de 
algo que muitas vezes não lhes foi ensinado. Pelo menos não formalmente. É o 
caso de Metodologia do Trabalho Científico e das formas de se elaborar um 
Trabalho de Conclusão de Curso, o famoso TCC. Muitas vezes, a disciplina de 
Metodologia Científica é vista, pura e simplesmente, como uma disciplina 
pouco ou nada interessante, entediante e sem atrativos. De acordo com Pedro 
Demo, essa rejeição acontece em todos os cursos, da graduação e da pós-graduação. 
Um dos principais aspectos a se verificar é que a Metodologia não é, 
absolutamente, uma disciplina necessária apenas para se desenvolver o 
Trabalho de Conclusão de Curso, mas é para isso também. 
A Metodologia é necessária individual e coletivamente, a fim de que por meio 
dela possamos desenvolver ações integradoras, construir a nossa autonomia 
no cotidiano. Mas, é preciso ressaltar, e novamente cito Demo, ao discorrer 
sobre saber: “uma autonomia, não para tornar-se autossuficiente e 
desconectado do todo, mas que integre os saberes”, ou seja, que conecte os 
sujeitos da sociedade em que se vive. 
Este material se propõe a abordar questões básicas, tidas muitas vezes como 
pressupostos, mas essenciais ao estudo e ao fazer científico, que não podem, 
absolutamente, permanecer como dúvidas, pois são essenciais e básicas. 
Nosso propósito não chega a ser somar este conteúdo aos materiais 
disponíveis nas mais diversas fontes, mas uma forma de auxiliar a 
compreendê-los, facilitar a consulta de materiais disponíveis - em 
universidades, livrarias, bibliotecas, e a aqueles amplamente difundidos na 
comunidade digital – tornando-os assim mais acessíveis, principalmente aos 
alunos de graduação e de pós-graduação lato-sensu. 
Assim, aqui, de maneira bastante simples, são abordados os conceitos de 
metodologia e ciência, além de discutir as formas de saberes, tidos como 
importantes no âmbito cotidiano, procurando trazer a simplicidade e, por meio 
dela, desmistificar o trabalho científico e o trabalho de conclusão de curso, que 
muitas vezes, se propõe a ser um trabalho integrador. 
Esperamos, com isso, contribuir com os nossos alunos e com nossos colegas 
professores, na medida em que procuramos fazer com que aspectos 
essenciais, muitas vezes deixados de lado, pela sua simplicidade, sejam 
integrados aos saberes já existentes, e também aos que ainda estão a se 
construir, contribuindo assim com a formação contínua. Que seja 
emancipadora. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 - O QUE É CIÊNCIA? 
Lakatos e Marconi (2007, p. 80) defendem a ideia de que além der ser “uma 
sistematização de conhecimentos”, ciência é “um conjunto de proposições 
logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos que 
se deseja estudar.” 
Consideramos útil a estudo de Ferrari (1974), apontando tarefas que a Ciência 
deve cumprir. De acordo com o autor, algumas dessas tarefas são: a) aumento 
e melhoria do conhecimento; b) descoberta de novos fatos ou fenômenos; c) 
aproveitamento espiritual do conhecimento na supressão de falsos milagres, 
mistérios e superstições; d) aproveitamento material do conhecimento visando 
à melhoria da condição de vida humana; e) estabelecimento de certo tipo de 
controle sobre a natureza. 
Por sua vez, Demo (2000), acredita que “no campo científico é sempre mais 
fácil apontarmos o que as coisas não são, razão pela qual podemos começar 
dizendo o que o conhecimento científico não é.” 
 
 
1.1 Os tipos de conhecimento 
O conhecimento pode ser de vários tipos. De acordo com Costa e Costa 
(2012), o conhecimento pode ser de vários tipos: Conhecimento popular – ou 
senso comum; Conhecimento Teológico; Conhecimento Filosófico; 
Conhecimento Científico. 
1.1.1 Conhecimento popular, ou senso comum 
É o que as pessoas geralmente chamam de ‘sabedoria popular’. Diz respeito 
às tradições e experiências vividas, que por sua vez, sob esse aspecto, não 
considera o conhecimento científico (LAKATOS e MARCONI, 2010). Esse tipo 
de conhecimento tem por característica: 
- Valorativo – é baseado nas tradições e na cultura popular; 
- Verificável – Seu limite é o que se pode perceber; 
- Falível e Inexato – Conforma-se com a aparência e com os comentários ditos 
aleatoriamente. 
1.1.2 Conhecimento Teológico 
Fundamenta-se no sagrado. Apesar de sistemático, suas evidências não são 
verificáveis (LAKATOS e MARCONI, 2010). 
Esse tipo de conhecimento tem por característica: 
- Valorativo – Apoia-se em doutrinas e crenças; 
- Infalível e exato – Não é possível verificar suas evidências. 
 
1.1.3 Conhecimento Filosófico 
Procura discernir entre o certo e o errado e fundamenta-se na razão humana 
(LAKATOS e MARCONI, 2010). 
Esse tipo de conhecimento tem por característica: 
- Valorativo: apoia-se na razão; 
- Não Verificável: Os resultados não podem ser confirmados ou refutados; 
- Racional: Os enunciados são logicamente organizados; 
- Infalível e Exato – Não se verificam as hipóteses. 
 
1.1.4 Conhecimento Científico 
 Tem por característica a capacidade de analisar, explicar, justificar. Esse tipo 
de conhecimento tem por característica: 
- Real – Lida com os fatos; 
- Verificável – As hipóteses podem (ou não) ser verificadas; 
- Sistemático – Segue uma ordem lógica; 
- Falível – Pelo fato de não ser definitivo; 
- Aproximadamente exato – Novas hipóteses podem alterá-lo; 
 
1.2 O que é método? 
A palavra método vem do grego methodos e significa o caminho para se 
chegar a determinado fim. 
Prodanov e Freitas (2013) definem método científico como o “conjunto de 
procedimentos intelectuais e técnicos adotados para atingirmos o 
conhecimento”, ou seja, os processos usados na investigação. São eles: 
dedutivo, indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico. 
Os cientistas e filósofos da atualidade falam sobre a diversidade de métodos, 
todos eles determinados pelo tipo de objeto a ser investigado. As ciências, 
mesmo no campo das ciências exatas, possuem métodos diferentes de 
investigação. As ciências humanas dispõem de uma gama variada de métodos. 
 
 
 
 
 
 
 
1.3 O que é metodologia? 
Prodanov e Freitas (2013) definem Metodologia como “a aplicação de 
procedimentos e técnicas que devem ser observados para construção do 
conhecimento, com o propósito de comprovar sua validade e utilidade nos 
diversos âmbitos da sociedade. ” 
Em outras palavras, é o campo em que se estuda os melhores métodos para a 
construção do conhecimento, em determinada área, servindo a diferentes 
setores da sociedade. 
Em um nível aplicado, continuam os autores, a Metodologia examina, 
descreve e avalia métodos e técnicas de pesquisa que possibilitam a coleta 
e o processamento de informações, visando ao encaminhamento e à 
resolução de problemas e/ou questões de investigação. É uma ciência que 
serve às outras ciências, ou seja, ajuda-as a identificar, classificar e 
desenvolver os procedimentos para determinado estudo. 
 
1.4 O que é pesquisa? 
Conjunto de ações realizadas para descobrir algo em determinada área do 
conhecimento. É o meio utilizado para saber algo sobre o qual se tem dúvida, 
ou quer saber-se mais a respeito, uma investigação. Todas as pesquisas 
precisam de um levantamento de dados. Assim, todo pesquisador precisa 
“O MÉTODO CIENTÍFICO NÃO PODE SER ENTENDIDO COMO ALGO 
FECHADO, INFALÍVEL. ELE DEVE SIM POSSUIR UM RIGOR CIENTÍFICO 
COMPATÍVEL COM O NÍVEL DE ESTUDO EM DESENVOLVIMENTO. NÃO 
SE PODE EXIGIR DE UMA MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO O MESMO 
RIGOR DE UMA DISSERTAÇÃO DE MESTRADO. O IMPORTANTE EM 
QUALQUER PESQUISA É QUE O MÉTODO ADOTADO ESTEJA DENTRO 
DE UM CONTEXTO COERENTE E LÓGICO, SEJA NA GRADUAÇÃO OU NA 
PÓS-GRADUAÇÃO.” (COSTA E COSTA, 2012) 
coletar dados para realizar sua pesquisa, ou seja, fazer a coleta de dados. 
Pesquisar é buscar respostas. 
1.5 O que é pesquisa científica? 
É importante ressaltar, conforme destacam Prodanov e Freitas (2013 p.43) que 
“muito do que chamamos de pesquisa não passa de simples compilação ou 
cópia dealgumas informações desordenadas ou opiniões várias sobre 
determinado assunto e, o que é pior, não referenciadas devidamente”. 
Assim, fica evidente: não basta simplesmente pegar trechos em diferentes 
obras (muitas vezes usando apenas os recursos de ‘copiar’ e ‘colar’), formatá-
los, normatizá-los e chamá-los de pesquisa. É preciso dar a ela a devida 
importância. 
Sendo uma das atividades principais no meio acadêmico, é por meio da 
pesquisa que se produz conhecimento, ou seja, é pelas pesquisas que 
sabemos mais sobre determinado campo, ou assunto. Para isso, é necessário 
seguir alguns procedimentos, de maneira rigorosa. Portanto, muita leitura se 
faz necessária, além de resumos, fichamentos e, dependendo do tipo de 
pesquisa, o uso de outros instrumentos: questionários, entrevistas, para citar 
alguns. 
Para Gil (2008 p.26), pesquisa é o “processo formal e sistemático de 
desenvolvimento do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é 
descobrir respostas para problemas mediante o emprego de procedimentos 
científicos. ” 
 
1.6 Tipos de métodos científicos 
 Método Indutivo 
 Método Dedutivo 
 Método Hipotético – Dedutivo 
 Método Dialético 
 Método Fenomenológico 
 
1.6.1 Método Indutivo 
Parte de dados particulares até chegar a conclusões gerais, ou seja, vai do 
micro ao macro. 
 
Método Dedutivo 
Usado nas ciências matemáticas, parte daquilo que já se sabe, das conclusões 
já estabelecidas, para, por meio do raciocínio, chegar a uma questão particular, 
uma conclusão. Parte do macro para o micro. 
1.6.2 Método Hipotético-Dedutivo 
Questiona os conceitos já existentes, a fim de criar novos conhecimentos. De 
acordo com GIL (1999), uma hipótese pode ser confirmada por meio do método 
dedutivo, enquanto que para derrubar uma hipótese, é possível valer-se do 
método hipotético-dedutivo, validando assim a verificação da conclusão a que 
se chegou. 
 
1.6.3 Método Dialético 
Típico das pesquisas qualitativas tem por característica a interpretação 
dinâmica e totalizante da realidade. Nela, os fatos não podem ser considerados 
fora de um contexto social (GIL, 1999). 
 
1.6.4 Método Fenomenológico 
Ocupa-se da descrição de uma experiência vivida, a fim de descobrir as 
estruturas a ela correspondentes. É muito usado para esclarecer um fenômeno, 
esclarecendo os fatos que lhe são pertinentes. Não parte de leis, não é 
dedutivo e nem empírico. Ocupa-se da descrição da essência, é puramente 
descritivo (GIL, 1999; LAKATOS e MARCONI, 2000). 
 
1.7 Tipos de pesquisa científica 
As pesquisas científicas podem ser classificadas de várias formas. Neste 
estudo, utilizaremos as formas apresentadas por Gil (1999), Andrade (2006) e 
Cervo et. al. (2007), ao apontarem as formas mais tradicionais de classificação. 
De acordo com os autores, as pesquisas podem ser classificadas conforme: 
 
 Natureza ou finalidade 
 Forma de abordagem 
 Procedimentos técnicos 
 Objetivos 
 
1.7.1 Quanto à natureza ou finalidade 
Nesse campo, podemos citar a Pesquisa Básica, também conhecida por 
Pesquisa Pura, e a Pesquisa Aplicada. A Pesquisa Básica contribui com a 
ciência por meio dos novos conhecimentos que são gerados. Neste tipo de 
pesquisa, não há a preocupação de aplicação prática ou imediata dos 
resultados. Já a Pesquisa Aplicada volta-se para a solução de problemas 
específicos. 
 
1.7.2 Quanto à forma de abordagem do problema 
Nesse campo temos as Pesquisas Quantitativas e as Pesquisas Qualitativas. 
A Pesquisa Quantitativa organiza os estudos por meio de quantidades, 
utilizando números, opiniões e informações, a fim de classificá-los. 
Já a Pesquisa Qualitativa tem o seu foco no processo, interpretando os fatos, 
dando-lhes significado. 
 
1.7.3 Quanto aos procedimentos técnicos 
São vários os procedimentos técnicos que podem classificar as pesquisas. 
Assim, temos: Pesquisa Bibliográfica; Pesquisa Documental; Pesquisa 
Experimental; Levantamento; Estudo de caso; Pesquisa Expost-Facto; 
Pesquisa-Ação; Pesquisa Participante. 
 
Pesquisa Bibliográfica: De acordo com Gil (1999): “A pesquisa bibliográfica é 
desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de 
livros e artigos científicos”. O autor esclarece que embora quase todos os 
estudos exijam a pesquisa bibliográfica, há pesquisas desenvolvidas 
unicamente a partir delas. 
 
Pesquisa Documental: É a pesquisa realizada a partir de documentos, 
contemporâneos ou retrospectivos. Dela fazem parte as tabelas, os índices, 
cartas, pareceres, fotografias. É muito usada no campo das Ciências Humanas. 
 
Pesquisa Experimental: Tem por característica a definição de um objeto de 
estudo, selecionando-se em seguida as variáveis capazes de influenciá-lo. A 
partir daí são definidas as formas de observação e de controle. É adequada 
para avaliar um produto, processo ou serviço. 
 
Levantamento: Tem por objetivo definir, ou identificar, as práticas e/ou 
opiniões de determinado grupo. É usado quando há o desejo de se conhecer o 
comportamento, a opinião, a motivação de determinado grupo. 
 
Estudo de Caso: Como o próprio nome já diz, refere-se ao estudo de um caso. 
Normalmente é utilizado quando se deseja saber ‘como’ e ‘por que’. Nele, o 
pesquisador tem pouco ou nenhum controle sobre os eventos que deseja 
conhecer. 
De acordo com Stake (1998:258), o estudo de caso não é exatamente uma 
escolha metodológica, mas uma escolha de um objeto a ser estudado, 
chamando a atenção para a questão daquilo que, especificamente pode ser 
aprendido a partir de um determinado caso. Estudo de caso seria então um 
‘estudo limitado’ que enfatiza a unidade e a totalidade daquele sistema, porém, 
alerta o autor, fixa a atenção nos aspectos de relevância do problema 
apresentado pela pesquisa. 
Para Nunan (1992), um caso estudado em profundidade, ou seja, amplamente 
detalhado, pode produzir experiências vicárias aos leitores, ou seja, o leitor da 
pesquisa poderá lembrar-se, em alguma extensão, de casos, situações e 
fenômenos parecidos. Stake (1998 p. 94) denomina esse processo 
“generalização naturalística”. A comparação entre casos semelhantes pode 
produzir uma generalização maior (ou não). 
 
Segundo André (1995), a abordagem do estudo de caso vem sendo usada há 
muitos anos em diferentes áreas do conhecimento, dentre elas, a área 
educacional. No entanto, continua a autora, é necessário verificar se a unidade 
de estudo possui “limites bem definidos, tal como uma pessoa, um programa, 
uma instituição ou um grupo social” (André 1995 p.31). 
 
 
Pesquisa Ex-post Facto: Nesse tipo de pesquisa, estuda-se as ocorrências 
após um fato, sobre o qual o pesquisador não tem controle algum, ou seja, o 
fato não foi provocado pelo pesquisador. Este tipo de pesquisa tem como 
objetivo investigar possíveis relações de causa e efeito. 
 
Pesquisa-Ação: É o tipo de pesquisa em que se investiga a própria prática, 
com o intuito de aprimorá-la. Por meio dela, busca-se unir a pesquisa à ação. A 
compreensão e o conhecimento acontecem por meio da prática, que por sua 
vez é pesquisada. 
 
Pesquisa Participante: Desenvolvida a partir da interação entre o pesquisador 
e os demais participantes da interação. Está relacionada com o fato observado 
pelo pesquisador e tem como objetivo obter informações sobre a realidade dos 
participantes. 
 
1.7.4 Quanto aos objetivos 
Pesquisa Exploratória: Tem por objetivo levantar informações sobre o que se 
pesquisa, a fim de delimitar o trabalho, verificando assim as condições para 
que se desenvolva o trabalho. Geralmente, é uma preparação, para a pesquisaexplicativa. 
 
Pesquisa Descritiva: Descreve as características de determinado grupo, ou 
fenômeno, estabelecendo as relações entre as variáveis, valendo-se de 
questionário e também da observação sistemática. 
 
Pesquisa Explicativa: Tem por objetivo identificar as causas dos fenômenos 
estudados, por meio de métodos experimentais ou ainda por meio da 
interpretação que se dá por meio dos métodos qualitativos. 
 
1.8 Níveis de pesquisa 
Pedro Demo (1991, 1994, 2000) chama a atenção para a necessidade de se 
entender pesquisa de acordo com dois princípios: princípio científico e princípio 
educativo. 
Como princípio científico, a pesquisa requer, além de observação constante, 
um diálogo com a realidade, a fim de desenvolver conhecimento bastante para 
confrontar teoria, método, experiência e prática. 
Como princípio educativo, a pesquisa promove a transformação, em termos 
pessoais e sociais. De acordo com o autor, a pesquisa promove a capacidade, 
a capacidade de inventar soluções criativas para os mais diversos problemas e 
questionamentos, ao mesmo tempo em que ela mesmo questiona, promovendo 
condições para o desenvolvimento de uma motivação emancipatória, que leva 
um sujeito a recusar ser tratado como objeto (1991, p.78-94). Demo defende a 
presença da pesquisa desde a educação infantil, até os níveis superiores. 
Segundo ele, aprende-se por meio da pesquisa. 
1.9 A pesquisa na pós-graduação 
Os cursos de pós-graduação, tanto os programas de especialização como os 
de mestrado e doutorado, são finalizados com a apresentação de uma 
monografia. Todo trabalho monográfico, independentemente da área do 
conhecimento, traz na Introdução uma pergunta de pesquisa, que deve ser 
respondida. Assim, o trabalho de conclusão de curso, geralmente chamado de 
TCC, apresenta uma pesquisa que foi desenvolvida. Utiliza referencial teórico, 
descreve procedimentos ou métodos e faz a discussão dos dados. Outros 
elementos também se fazem presentes, como a Introdução, a lista de 
referências e, em alguns casos, anexos. São várias as etapas da pesquisa e, 
consequentemente, do texto escrito. Veremos esses itens adiante. 
 
1.10 A ética na pesquisa 
Atualmente as pesquisas científicas são amplamente divulgadas, 
principalmente pela Internet. Esse fato amplia a discussão sobre ética na 
pesquisa (PALÁCIOS et al., 2002). Os autores Prodanov e Freitas (2013) 
questionam: o que significa falar de “ética na pesquisa científica”? Ética é a 
ciência da conduta humana; é o princípio sistemático da conduta moralmente 
correta, explicam eles, ressaltando que, no campo da pesquisa científica, a 
ética é vista como “conduta moralmente correta durante uma indagação, a 
procura de uma resposta para uma pergunta.” Ética na pesquisa científica 
indica que o estudo em questão deve ser feito de modo a procurar 
sistematicamente o conhecimento, por observação, identificação, afirmam eles. 
Assim, é muito importante observar as regras de conduta, não somente nos 
procedimentos que envolvem experimentação, ou observação, em que é 
desejável haver autorização expressa. A honestidade deve ser configurada 
inclusive (ou principalmente, em alguns casos) naquilo que pode ser chamado 
de plágio, ou seja, um indivíduo usar o trabalho de outro, ao todo ou em partes 
e apresenta-lo como seu. Isso não só é antiético, como também é qualificado 
como crime de violação do direito autoral, não só pelas leis brasileiras, mas 
também pelas internacionais. 
É possível citar autores, trazer trechos de trabalhos publicados, na Internet, ou 
impressos, desde que o autor seja citado. Para fazer isso, é de fundamental 
importância consultar as normas da ABNT, para saber a forma correta ao citar 
determinado autor, ou pesquisador. 
A resolução CNS 196 (1996) amplia o conceito de pesquisa científica a todas 
as pesquisas que envolvem seres humanos, direta ou indiretamente e não mais 
só nas pesquisas experimentais, na área da saúde. Evidencia-se assim a 
utilização de parâmetros éticos nas pesquisas de campos diversos. Como bem 
ressaltam Prodanov e Freitas (2013), “a Resolução CNS 196 (1996) é 
considerada uma recomendação ética e não uma lei. Isso não a torna mais ou 
menos relevante”. 
 
1.11 Etapas da pesquisa 
Não há uma forma única de se desenvolver uma pesquisa, mas de forma geral, 
há procedimentos a serem seguidos. Para tanto, elencamos abaixo os 
considerados mais comuns. 
 Escolha do tema 
 Revisão de literatura 
 Justificativa 
 Formulação do problema 
 Definição dos objetivos 
 Metodologia 
 Coleta de dados 
 Tabulação dos dados 
 Análise e conclusão dos resultados 
 Redação e apresentação 
 
A elaboração de qualquer projeto depende de dois fatores fundamentais 
(COSTA e COSTA, 2009): 
1. A capacidade de enxergar, com os olhos da mente, a imagem da 
situação futura. 
2. Ser capaz de idealizar um plano a ser executado em determinado 
tempo, pré-estabelecido. 
“Para a realização de pesquisas em qualquer nível, é necessária a 
elaboração de um projeto de pesquisa.” 
(PESCUMA e CASTILHO, 2010) 
 
Sobre o projeto de pesquisa, discorreremos mais adiante. Por enquanto, basta 
saber que é recomendável fazê-lo, em função de sua utilidade. Antes, no 
entanto, apresentaremos as considerações necessárias para outro processo, 
de fundamental importância que estará presente durante todo o período de 
execução: a leitura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 - O PROCESSO DE LEITURA 
A leitura irá permear todo o período da pesquisa, até mesmo antes de se 
escrever o projeto de pesquisa. É um exercício complexo e fundamental, de 
autorrespeito e de autoconhecimento. Querer fazer um trabalho de pesquisa e 
não aceitar que é necessário reservar um tempo específico para a leitura é 
faltar com respeito aos objetivos, tanto pessoais como profissionais. Por meio 
da leitura, da observação às preferências por determinados assuntos, autores 
ou obras, é possível exercitar o autoconhecimento. Além disso, o processo de 
leitura pode nos dar pistas para o desenvolvimento de nossa pesquisa. O 
roteiro abaixo pode nortear o processo de leitura e contribuir com a sua 
preparação para o desenvolvimento do seu trabalho. 
Roteiro para Leitura 
Um exercício: 
 Complexo 
 Fundamental 
 De autorrespeito e de autoconhecimento 
 O que eu sei sobre esse assunto? (Listar) 
 O que eu tenho para ler sobre esse assunto? (Folhear) 
 O que eu aprendi tem relação com minha vida pessoal? (Explicar) 
 O que já se escreveu sobre o assunto? (Pesquisar) 
 Esgotar a leitura sobre o assunto 
 Marcas de memória 
 Gostei/Não gostei/Por que gostei?/Por que não gostei? 
 Não entendi / Com quem posso esclarecer? 
 O que é mais interessante e o que é menos interessante nesse assunto? 
 Quais são as minhas dúvidas? 
 Com quem vou conversar sobre isso? Definir quais leituras comporão o 
trabalho; 
 Sobre quais temas assumirei escrever? 
 Quais temas ... 
 Eu devo pesquisar? 
 Eu poderia esgotar? 
 Eu poderia estudar? 
 Consulte TCC, dissertações e teses. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 - O PROJETO DE PESQUISA 
Antes de iniciar qualquer empreendimento, é necessário fazer um projeto, o 
que equivale a calcular, examinar, pensar, ponderar. Assim, antes de iniciar 
uma pesquisa, é fundamental avaliar as possibilidades de execução e 
determinar o roteiro a ser seguido. Aquilo que pode parecer ‘perda de tempo’, 
naverdade é a premissa mínima de possibilidade de sucesso. No caso de uma 
pesquisa, o projeto nada mais é do que o planejamento em etapas, um roteiro 
estabelecido que deve ser seguido, embora possa ser modificado. 
É um texto que apresenta o problema, além de apontar detalhadamente as 
ações a serem executadas, o caminho e a ordem das atividades que serão 
realizadas, a fim de que se construa a pesquisa científica. As leituras são o 
passo inicial. São fundamentais para que se construa o escopo que dará 
sustentação a aquilo que foi observado inicialmente. O elemento central do 
projeto de pesquisa é a formulação do problema. Mas para formular problema, 
o indivíduo precisa utilizar outros saberes. Esses outros saberes é que o 
ajudarão a compreender a realidade que o cerca, compreender cientificamente 
o que quer descobrir, o que quer pesquisar. Isso será possível com o auxílio da 
leitura. É importante entender que mesmo o melhor dos escritores, que fazem 
da escrita sua profissão, pode ver-se com dificuldade para definir e 
consequentemente escrever um projeto de pesquisa. Não é uma ação rotineira, 
típica do dia a dia e vai demandar esforço e dedicação constantes. Além disso, 
é necessário que os pesquisadores compreendam, principalmente os alunos de 
graduação e pós-graduação, que o desenvolvimento de uma pesquisa, em 
todas as suas fases, é um processo de construção, inserido em um projeto 
maior, também de construção, que é o processo de ensino-aprendizagem. 
Nessa fase, é importante contar com o auxílio do orientador, que direcionará os 
aspectos necessários para a elaboração do trabalho, em todas as suas etapas. 
Fazer e refazer são ações típicas desse processo e não podem – e nem devem 
– ser entendidas como erro ou fracasso, mas como processo. 
 
 
 
 
 
 
Pedro Demo (1991, p.65-66) propõe passos para a elaboração de um projeto 
de trabalho. São eles: 
01. Definir um tema, um problema interessante a ser estudado, um assunto 
sobre o qual se deseja conhecer mais. 
02. Definir as etapas para a realização do estudo, o que implica em 
sistematizar. 
03. Conviver com os limites do conhecimento 
04. Perguntar-se o que já sabe sobre o tema, verificando se há possibilidade 
de avançar. 
05. Avaliar o tema, prestar atenção ao tamanho do projeto, verificando se 
será possível executá-lo, considerando o tempo e os recursos 
disponíveis, tais como: recursos financeiros, possibilidade de levantar os 
dados e tempo. 
06. Aprofundar a leitura, a fim de formular o quadro teórico, ou seja, as 
teorias que darão sustentação ao trabalho. 
07. Desenhar, ainda que depois se modifique, os passos da análise: 
bibliografia, forma de interpretar os dados, posicionamento científico. 
 
3.1 Escolha do tema 
A pergunta que permeia a definição do tema é “O que vou pesquisar? ”. 
Trata-se da definição e delimitação do assunto. É importante que o 
pesquisador esteja familiarizado com esse tema, ou seja, que já se tenha 
estabelecido certo conhecimento sobre ele, não sendo totalmente alheio. A 
escolha de um tema que não faz parte da realidade do aluno não só dificulta 
a pesquisa e o trabalho como um todo, mas pode inviabilizar a execução. 
Isso acontece porque será necessário reunir um conjunto de informações 
para delimitar o problema (SEVERINO, 2008). Igualmente importante é 
escolher um tema cuja consulta seja possível, ou seja, as fontes de 
informação devem estar ao alcance do pesquisador. Além disso, é 
fundamental definir a abrangência do tema, os limites conceituais, definir 
sua extensão. Essa ação possibilitará a especificidade e o contexto de 
pesquisa. Estando esta parte definida, é hora de pensar a pesquisa em 
relação ao tempo. 
Azevedo (1997 p. 42) chama a atenção para o cuidado necessário que se 
deve ter em relação ao prazo disponível e o tempo que a pesquisa irá 
demandar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3.2 Definição do problema de pesquisa 
Um projeto fala de um problema. Mas não é o problema que conhecemos em 
termos de obstáculo, o que não deu certo, algo a ser resolvido e/ou superado. 
É a questão que vai nortear toda a pesquisa científica. A definição do problema 
é decorrente da experiência do pesquisador, daquilo que ele observou e julgou 
importante saber mais a respeito. Em pesquisa científica, estabelecer um 
problema é o primeiro passo para a contextualização. Um problema de 
pesquisa deve ser bem delimitado, apresentar limites e conceitos bem 
definidos, ser passível de análise e conclusão. Além disso, deve ser relevante, 
o que equivale a ter utilidade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Na fase do projeto, é recomendável desenvolver um plano de ação para a 
execução da pesquisa. O quadro abaixo (GIL, 2010; PINHEIRO, 2010, COSTA 
e COSTA, 2009) ilustra esse plano de ação, descrevendo suas fases: 
Perguntas para auxiliar a escolha do tema 
 O que eu quero estudar? 
 O que eu gosto de estudar? 
 O que eu gosto é necessariamente o que eu quero estudar? 
É possível conciliar ‘o que eu quero’ com ‘o que eu gosto’? 
(E talvez com ‘o que eu preciso’?) 
 Quais assuntos atraem minha atenção, meu interesse? 
 Este assunto (tema) que começo a identificar está ao meu 
alcance, ou seja, consigo levantar informações sobre ele? 
 Quanto tempo essa pesquisa demandaria? 
 Esse tempo é o mesmo tempo de que disponho? 
 
Perguntas para auxiliar a definir o problema de pesquisa 
 Qual é a realidade que me interessa saber mais a 
respeito? 
 O que eu não sei e quero saber? 
 A questão que me interessa está inserida nesse contexto? 
 A pesquisa científica pode contribuir para elucidar esse 
problema? 
 Eu consigo ter acesso aos dados necessários para a 
pesquisa? 
 Há relação entre o tema e o problema? 
 A pesquisa sobre esse assunto é relevante? A quem? 
 
 
Quadro 1 – Plano de Ação para o Desenvolvimento de uma Pesquisa 
 
 
 
 
Fonte: Costa e Costa (2013) 
 
Costa e Costa (2013 p. 23) indicam as partes que geralmente compõem um 
projeto: 
 
3.3 Elementos pré-textuais 
 Capa 
 Folha de rosto 
 Dedicatória (opcional) 
 Sumário 
Outros elementos - Esses outros elementos não são opcionais, mas só 
precisam aparecer se o texto do projeto também apresentá-los. Do 
contrário, não é necessário colocá-los. 
 
3.4 Elementos textuais 
 Introdução – Contextualiza a pesquisa, apresentando o problema e a 
questão de pesquisa 
 Hipótese (s) ou pressuposto(s) 
 Objetivos - Geral e específico 
 Justificativa (por quê e para quê) 
 Referencial teórico / Revisão de literatura 
 Procedimentos metodológicos 
 Limitação da pesquisa 
 Cronograma 
 
3.5 Elementos pós-textuais 
 Referências bibliográficas 
 
3.6 Elementos pós-textuais opcionais 
 Bibliografia 
 Glossário 
 Apêndices 
 Anexos 
 
3.7 Introdução 
É a parte do trabalho em que o pesquisador faz a apresentação do tema, 
contextualiza e formula o problema e as perguntas de pesquisa, que devem 
estar claras e ser realistas, além de relevantes. Deve informar os objetivos, as 
características e o contexto do trabalho, indicando a problemática maior e o 
problema menor. A fim de conhecer melhor o contexto em que o problema está 
inserido, é fundamental trazer para o trabalho, os resultados de outros 
pesquisadores, ainda que tenham diferenças significativas. Esse processo, 
além de promover o conhecimento sobre a área a ser estudada, possibilita 
gerar confiança e credibilidade ao leitor do trabalho. Não é necessário ser um 
problema inédito. Os diferentes contextos em que acontecem as pesquisasgarantem as diferenças necessárias. 
Resumindo: 
 Introdução é a apresentação de um trailer do trabalho para o leitor. 
 Indica: 
 A problemática mais ampla na qual se insere o trabalho. 
 O problema menor (seu problema). 
 Narre a história de seu trabalho, o modo como você foi se 
desenvolvendo e desenvolvendo o trabalho. 
 Coloque o problema dentro de uma história (contextualização). 
 Apresente outros trabalhos que trataram do assunto que você trata, 
ainda que haja diferenças entre eles. Conte o que eles trataram, o 
que encontraram, como trataram do assunto. Você deve conhecer 
autores que trabalharam, ou que trabalham, com esse tema. 
 É principalmente neste ponto que se deve ter humildade e espírito 
científico suficientes para reconhecer o que os outros fizeram a 
respeito do assunto. 
 Convença-se de que você não precisa ser a pessoa que pela 1ª. vez 
tocou o problema. 
 
 
3.8 Hipótese 
Suposição usada como ponto de partida para uma pesquisa científica, que 
tenta dar respostas ao problema a ser estudado. É uma afirmação considerada 
válida até ser comprovada ou refutada. 
Todo trabalho científico deve relacionar o problema apresentado com os dados 
coletados por meio da pesquisa bibliográfica e os dados coletados. A partir daí, 
surgem as hipóteses, que, na medida em que o trabalho for se desenvolvendo, 
podem ser confirmadas ou não. Caso não sejam confirmadas, dizemos que a 
hipótese foi refutada. 
Minayo (1996) afirma que o temo “hipótese tem uma conotação enraizada na 
abordagem quantitativa”. De acordo com Costa e Costa (2013), as pesquisas 
com abordagens qualitativas adquirem a característica de pressupostos. Nelas, 
o termo hipótese é automaticamente substituído por “pressuposto”. 
 
 
 
3.9 Título do trabalho 
O título reflete e sintetiza a ideia da pesquisa como um todo. Deve ser atrativo, 
convidar à leitura. Geralmente é elaborado quando o trabalho já estiver pronto, 
pois o pesquisador terá aprofundado seu conhecimento sobre o assunto e os 
campos de abrangência já estarão definidos. No entanto, convém ressaltar, 
que é importante ter um título provisório, tendo a clareza de que serão feitas 
modificações, até que se chegue ao título definitivo. 
 
 
 
 
Perguntas para auxiliar a formulação das hipóteses 
 Qual é a possível resposta para o meu problema? 
 O que eu acredito, ou, o que eu acho ser possível a respeito do 
problema escolhido? 
 Tenho somente uma suposição a respeito dessa possível resposta? 
Ou tenho várias? Nesse caso, quais? 
Perguntas para auxiliar a escolha do título 
 Como meu trabalho se chamará? 
 Esse título (provisório) reflete o que pretendo realizar? 
 Está coerente com o conteúdo? 
 
3.10 Objetivos 
Aquilo que se pretende fazer. Os objetivos têm função norteadora e indicam o 
que se pretende desenvolver, ou atingir, com a pesquisa. Podem ser 
classificados como gerais e específicos. 
 
3.10.1 Objetivos Gerais 
São os objetivos de maior amplitude. São consideradas as possíveis 
contribuições que se pretende dar por meio da pesquisa. 
 
3.10.2 Objetivos Específicos 
São as metas mais específicas, as etapas a serem cumpridas. São elas que, 
somadas, conduzirão ao desfecho do objetivo geral. 
Os objetivos devem ser formulados com a utilização de verbos no infinitivo, tais 
como: aplicar, avaliar, buscar, caracterizar, determinar, enumerar, formular, 
encontrar, explicar. 
É muito comum os estudantes, tanto dos cursos de graduação como de pós-
graduação, no momento da definição dos objetivos – e da redação – 
confundirem objetivos gerais com objetivos específicos. Portanto, ao formulá-
los, verifique se eles fazem parte de uma amplitude maior, podendo ser 
considerados gerais, ou se fazem parte de determinada etapa da pesquisa, 
nesse caso podendo ser classificados como específicos. 
 
 
 
3.11 Justificativa 
Perguntas para auxiliar a definição dos objetivos 
 O que eu quero conseguir com essa pesquisa? 
 Quais são as etapas para se conseguir esse resultado? 
As perguntas que norteiam a justificativa são ‘por quê’ e ‘para quê’. As 
respostas a essas perguntas é que definirão os motivos da pesquisa, 
mostrando de que forma os resultados poderão contribuir para a solução, ou 
para a compreensão (conforme o objetivo) do problema estudado. É nesta 
parte que o pesquisador defenderá a ideia de seu trabalho, a fim de que seja 
considerado relevante. 
 
 
Em termos de relevância, são considerados de especial importância os de 
caráter pessoal, acadêmico, profissional e social. 
Relevância pessoal: O problema é importante para o pesquisador. É 
importante apresentar as circunstâncias responsáveis pela escolha. 
Relevância acadêmica: Todas as pesquisas são capazes de contribuir para a 
comunidade científica. Portanto, é muito importante apontar em que a pesquisa 
difere das demais pesquisas já elaboradas na área, ou seja, qual será sua 
contribuição efetiva. 
Relevância profissional: Merece especial atenção o aspecto que se refere à 
aplicação prática da pesquisa no âmbito profissional, ou seja, por que essa 
pesquisa será importante na profissão. 
Sugestões para auxiliar a estruturação da justificativa 
 
 Por que eu estou trabalhando isso? 
 Apresente o problema e sua relevância; os motivos que o 
levam a trabalhar com o tema escolhido. 
 Para que eu estou trabalhando isso? 
 Apresente o que espera que seja sua contribuição; aquilo que 
se quer dar. 
 Para quem você acha que vai servir o seu trabalho? 
 Apresente quem você acredita que será beneficiado com os 
resultados do trabalho, a quem será útil 
 Justificar não é contar o que, do ponto de vista pessoal, o que o 
motivou a fazer o trabalho, embora isso possa aparecer também. 
 Justificar também não é dizer que se quer ser um profissional 
melhor, e nem afirmar que o trabalho poderá ser útil a outros. 
profissionais. 
 
Relevância social: O pesquisador deve estar bastante atempo e consciente da 
utilidade que seu trabalho terá para o desenvolvimento social e para o 
desenvolvimento de outros projetos, no âmbito da sociedade como um todo. 
 
 
3.12 Revisão de literatura 
Para Costa e Costa (2013 p.33), a revisão de literatura também pode ser 
chamada de revisão bibliográfica, fundamentação bibliográfica, ou revisão 
teórica. É nesta seção que o pesquisador apresentará o que já foi escrito sobre 
o tema e por quem foi escrito. As perguntas que nortearão essa fase são: “O 
que tem sido publicado sobre esse tema? Quem já escreveu sobre isso? O que 
escreveu?” 
Moura et al (1998) afirmam que a revisão de literatura é capaz de ampliar o 
conhecimento existente sobre o assunto, contribuindo desta forma para 
clarificar as questões da pesquisa. Com isso, as lacunas existentes no assunto, 
assim como áreas pouco exploradas, podem ser mais facilmente identificadas 
e estudadas. Assim, são esclarecidos aspectos teóricos, metodológicos e 
analíticos, o que permitirá o debate sobre a questão em si. 
A expressão referencial teórico, afirmam Costa e Costa (2013 p. 34), é 
empregada quando a revisão da literatura aborda um tema específico, que 
servirá de base aos estudos vinculados ao problema de pesquisa. Diante disso, 
tem-se uma revisão sobre determinada teoria, que norteará a análise dos 
dados. 
Podem ser consultados artigos de revistas científicas (até 5 anos, exceto para 
clássicos, neste caso, a idade do material consultado não importa), livros, 
Qual é a relevância deste tema? 
Relevância pessoal: Por que me interesso por esse assunto? 
Relevância acadêmica: De que forma este tema está ligado ao 
conhecimento científicoatual? E de que forma este tema pode ser útil às 
pesquisas da atualidade? 
Relevância profissional: Como este trabalho pode contribuir com o 
desenvolvimento de minha profissão? Este tema vai ajudar a resolver algum 
problema de minha profissão? Em caso afirmativo, qual? 
Relevância social: Este trabalho pode contribuir para a solução de algum 
problema social? Em caso afirmativo, como se dá essa contribuição? 
 
 
publicações feitas em anais de congressos, teses e dissertações, realizadas 
em instituições reconhecidas. 
Para elaborar a revisão da literatura, convém adotar os seguintes passos: 
01. Levantamento de material produzido, tanto impresso quanto eletrônico, 
que tratem do tema. 
02. Ler cuidadosamente o material encontrado. 
03. Iniciar a elaboração do referencial teórico. 
 
 
3.13 A Metodologia 
A Metodologia do trabalho diz respeito aos procedimentos metodológicos que 
serão adotados durante o trabalho. A pergunta norteadora desta seção é: 
“Como fazer?”. 
 Nesta parte será descrita o conjunto de atividades organizadas para a 
coleta dos dados. Além da leitura, que é fundamental em todo e 
qualquer tipo de pesquisa, outros procedimentos podem ser necessários 
e, consequentemente, utilizados. Alguns deles são: experimentação, 
observação, entrevista, questionário, análise de documentos, grupo 
focal. A metodologia deve apresentar uma descrição detalhada e 
minuciosa dos procedimentos do trabalho. Além disso, deverá informar 
quem participa da pesquisa, quais são as características dessas 
pessoas, quais os instrumentos utilizados para a coleta de dados, além 
de especificar os procedimentos adotados. 
 
Perguntas para auxiliar a elaboração da revisão bibliográfica 
 
 Quais autores e textos tratam deste tema? 
 Há mais de uma posição sobre o assunto? Em caso afirmativo, quais 
são elas? Em que elas diferem? 
 Como essas obras se relacionam com minha pesquisa? Estão 
realmente relacionadas com o meu trabalho? 
 Do material que apresentei, existe algum que não está (muito) 
relacionado com minha pesquisa? Em caso afirmativo, essa obra 
deve ser retirada do referencial teórico? 
 Falta alguma obra que eu pretendia usar e não usei? Em caso 
afirmativo, qual (ou quais)? 
 
 
 
Nesta parte do trabalho, além de indicar o tipo de pesquisa que será realizado, 
é necessário indicar também a abordagem da pesquisa, ou seja, se a pesquisa 
terá abordagem qualitativa ou quantitativa. O que define se a pesquisa terá 
uma abordagem quantitativa ou qualitativa é o contexto em que os dados serão 
analisados, e não o tipo de pesquisa (CANZONIERI, 2010; CRESWELL, 2010). 
 
Abordagens quantitativas e qualitativas e pontos de vista 
 
Ponto de vista 
Abordagem 
Quantitativa Qualitativa 
Ciências Naturais Sociais 
Características do 
projeto 
Conhecimento científico Conhecimento 
científico, filosófico e 
senso comum 
Diretriz Hipótese Pressuposto 
Foco Busca explicação Busca compreensão 
Papel do pesquisador Observador a distância, 
objetivo 
Interpretador da 
realidade, imerso no 
contexto 
Papel dos sujeitos Tende a servir-se dos 
sujeitos 
Tende a comunicar-se 
com os sujeitos 
Natureza dos dados Objetivos Subjetivos 
Objetivos Estudos confirmatórios Estudos exploratórios 
 
Perguntas para auxiliar o planejamento metodológico 
 
 Como vou desenvolver minha pesquisa? 
 Por que escolhi esse tipo de pesquisa? 
 Esta metodologia, este ‘caminho’ está de acordo com os 
objetivos de pesquisa? 
 Quais são os instrumentos para a coleta de dados? 
 Com quem, onde e quando vou coletar esses dados? 
 Quem vai participar da pesquisa? Quais são as 
características dessas pessoas? 
 
Tipos de dados Simples, fragmentáveis, 
mensuráveis 
Múltiplos, construídos 
através da interação 
humana 
Representação dos 
dados 
Numéricos Verbais e imagéticos 
com possibilidades de 
dados numéricos 
Resultados Busca generalizações Busca particularidades 
Análise dos dados Estatística Interpretação 
Orientação Orientada para 
resultados 
Orientada para o 
processo 
Fonte: Costa e Costa (2013) 
 
3.14 Sujeitos de pesquisa 
São os participantes da pesquisa. É necessário apresenta-los, descrevê-los e 
justificar a escolha. 
 
3.15 População, amostra e amostragem 
A população é o conjunto de todos os elementos, apresentando uma ou mais 
características em comum. A amostra é parte dessa população e amostragem 
é a forma suada para se obter essa amostra. 
3.16 Instrumentos de coleta de dados 
São os recursos utilizados para se obter os dados que serão analisados. Entre 
os mais comuns, estão os questionários, as entrevistas e as observações. 
3.16.1 Questionário 
Geralmente é usado quando se quer atingir um grande número de pessoas, 
sendo essa sua vantagem principal. Pode ser estruturado com perguntas 
abertas e/ou fechadas. Deve ser breve e elaborado com linguagem simples e 
objetiva. Ao elaborar um questionário, o pesquisador deve ter em mente o que 
ele precisa saber, ou seja, qual problema ele deseja responder, quais hipóteses 
precisam ser testadas, além de ter muito claro quais são os objetivos que se 
deseja alcançar. 
3.16.2 Entrevistas 
Geralmente são usadas quando se quer atingir um número restrito de pessoas. 
Sua grande vantagem é a possibilidade de interação do pesquisador com o(s) 
entrevistado(s). 
De acordo com Nunan (1992 p.149), as entrevistas podem ser caracterizadas 
em termos do grau de formalidade aplicado, variando de não estruturadas, 
passando pelas semiestruturadas, até as estruturadas. Em entrevistas 
semiestruturadas, o entrevistador tem uma ideia geral de onde quer que o 
entrevistado chegue, mas não inicia a entrevista com uma série de perguntas 
previamente determinadas e sim com tópicos e pontos de debate que 
determinarão o curso da entrevista. 
 
3.17 Características das entrevistas 
3.17.1 Não estruturadas 
Entrevistas não estruturadas, ou seja, as perguntas são feitas enquanto a 
conversa vai acontecendo. 
3.17.2 Semiestruturadas 
Seguem um roteiro; são realizadas com perguntas abertas. 
3.17.3 Estruturadas 
Perguntas são elaboradas a partir de um formulário. 
 
3.17.4 Observação 
Procedimento para acesso aos fenômenos estudados. Imprescindível em 
qualquer modalidade de pesquisa. 
 
 
 
 
 
 
4 - A ANÁLISE DOS DADOS 
A análise dos dados refere-se à forma pela qual os dados serão analisados, a 
técnica que será utilizada. Os dados isolados não possuem significado. 
Precisam fazer parte de determinado contexto, a fim de poderem ser 
considerados ‘informação’. Dentre as principais técnicas de análise de dados, 
ou mais comumente conhecidas, temos: 
4.1 Análise estatística 
Usada nos estudos de abordagem quantitativa (MINGOTI, 2005); 
4.2 Análise de conteúdo 
O que está sendo dito no texto; 
4.3 Análise do discurso 
Como algo está sendo dito no texto; 
4.4 Interpretação das falas 
Interpretação das falas dos sujeitos, valendo-se da revisão de literatura; 
4.5 Triangulação 
Utilização de diversas fontes de coleta de dados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 - A DIFERENÇA ENTRE O PROJETO DE PESQUISA E O TRABALHO DE 
CONCLUSÃO DE CURSO – TCC 
O projeto de pesquisa se refere ao planejamento do trabalho a ser 
desenvolvido, da pesquisa que será realizada. No projeto, o pesquisador tem a 
clareza do caminho a ser percorrido, além das estratégias e instrumentos que 
serão utilizados. 
O trabalho de conclusão (monografia, dissertação, tese) diz respeito aos 
resultados que foram alcançados, conforme foram estabelecidos no projeto 
(SEVERINO,2007). 
Ambos apresentam e descrevem as etapas de leitura prévia, a introdução, os 
objetivos, a metodologia, os instrumentos de coleta e análise de dados. No 
entanto, enquanto um apresenta o que será feito, o outro descreve os 
resultados, valendo-se do que foi planejado e anteriormente estabelecido. 
O trabalho final deve conter, além da introdução, do referencial teórico e da 
metodologia, as informações que foram coletadas, devidamente analisadas, 
apresentando um encadeamento lógico e objetivo. Nele deverá constar a 
resposta (ou as respostas) às perguntas de pesquisa, apontadas na introdução. 
Nesta fase do trabalho, é primordial atentar-se para a verificação dos objetivos, 
ou seja, verificar se os objetivos foram atingidos, ou não, e se eles constituem 
uma unidade de informação lógica e compreensível. Tudo o que foi vivido 
durante o processo de pesquisa é importante. Dentre este ‘tudo’, é necessário 
selecionar, conforme os objetivos do trabalho, é que é relevante (e o que não 
é) apresentar no trabalho final. 
As considerações finais do trabalho (ou conclusão) consideram o 
aproveitamento do processo, não só em termos de aprendizagem, mas de 
contribuições que se deixa para a comunidade científica. É também nesta 
seção que se fala acerca das possibilidades de desenvolvimento de outras 
pesquisas, ou seja, o que a pesquisa verificou em termos de oportunidade para 
pesquisas futuras. Faz-se necessário esclarecer que uma pesquisa não pode – 
e nem deve – querer responder a toas as perguntas e será de grande valia 
reconhecer adequadamente as limitações da pesquisa efetuada, pois assim o 
campo de abrangência será definido adequadamente. Em outras palavras, é 
importante que a pesquisa se ocupe de responder suas perguntas de pesquisa 
e atente a seus objetivos de trabalho. 
As referências bibliográficas são o último elemento na apresentação de um 
trabalho, seja ele projeto de pesquisa ou trabalho de conclusão de curso. As 
referências constituem-se de uma lista em ordem alfabética com os nomes das 
obras citadas no trabalho, com seus respectivos autores e editoras, além do 
ano de publicação. 
Apêndices e anexos não são obrigatórios, devendo constar apenas nos casos 
em que houver necessidade. 
 
 
5.1 A escrita de diários 
Um instrumento fundamental no processo de ensino-aprendizagem e, 
consequentemente, no desenvolvimento de uma pesquisa é o diário de 
aprendizagem. De acordo com Bailey (1990) os diários podem ser usados tanto 
para pesquisa como em vários outros contextos diversos: aprendizagem de 
língua estrangeira, interação professor-aluno, formação de professores. 
A autora define o diário como um relato em 1ª. pessoa acerca da 
aprendizagem ou da experiência profissional, escrito de maneira sincera e 
imparcial para depois ser analisado naquilo que tange os eventos considerados 
como padrão e/ou aqueles que mais chamam a atenção do pesquisador, que 
pode ser o próprio autor do diário. 
Segundo Machado (1998), a utilização do diário se impôs a partir do século 
XIX. As contradições sociais e os ideais de liberdade típicos da época, 
associados à realidade do cotidiano dos indivíduos foram o pano de fundo para 
a utilização do diário de maneira mais contundente. De acordo com Liberali 
(1999:21) “o diário apareceria como uma forma de dar vazão aos conflitos 
interiores”. 
Se tomarmos tal informação como ponto de partida e compararmos com os 
dias de hoje, verificaremos que o tipo de sociedade na qual vivemos, também 
parece favorecer a utilização dos diários, o que faz com que sua utilização seja 
cada vez mais diversa, pois ele vai aparecer em diferentes campos de atuação 
e sob diferentes pontos de vista: literário, metodológico, científico, educacional, 
entre outros. 
Os textos de Barthes (1979) e de Machado (1998), remetem a produção 
diarista a um momento em que o autor entra em contato consigo mesmo, 
procurando dar sentido a aquilo que vive, por meio da escrita, que pode, ou 
não, ter características de um texto falado. Por meio do diário, o autor pode 
assumir o papel que quiser, vislumbrando assim o sentido de “liberdade” que 
geralmente se atribui à produção diarista. Naquele instante, o indivíduo é 
totalmente livre para relatar suas impressões acerca de documentários, 
palestras, seminários, aulas, textos, observações diversas. Essas produções, 
dependendo do objetivo com que foram desenvolvidas podem (ou não) se 
transformar em documentos de pesquisa, instrumentos de ensino-
aprendizagem, instrumentos do processo de avaliação de ensino-
aprendizagem, ensaios teóricos e outros materiais com finalidade de pesquisa, 
a fim de que se promova não apenas um processo reflexivo, mas também a 
transformação da ação, por meio da reflexão. 
Liberali (1999), baseando-se em Machado (1998) e Zabalza (1994) apresenta 
algumas áreas de conhecimento em que os diários aparecem e sua finalidade: 
ciências sociais, história, psicologia clínica, pesquisas educacionais, entre 
outras. Dentre essas áreas, a que mais nos interessa é a educacional. A autora 
afirma que o diário pode ser: 
 Instrumento de pesquisa 
 Instrumento de ensino-aprendizagem 
 Exploração da dinâmica de situações concretas, por meio dos relatos de 
protagonistas. 
O indivíduo escreve para si, mas sabe que poderá haver outro “eu” a ler os 
registros. É um espaço para que se registrem opiniões e impressões, além de 
hipóteses, dúvidas, resumos de palestras e de outros materiais usados no 
processo educativo e/ou de pesquisa. Diferente da visão valorizadora de 
acúmulo de informações fatuais, a utilização do diário é pertinente em 
situações em que a observação e a reflexão, aliadas ao raciocínio e a 
determinada forma de encadear o pensamento, promotoras de reflexão, se 
façam presentes. Nesse ambiente, o diário pode ser usado como um 
instrumento capaz de contribuir para a (re) organização do processo, 
fornecendo ao pesquisador, ao professor e ao aluno informações sobre o 
processo, tanto da pesquisa, como do indivíduo como um todo. 
Para Zabalza (1994) os diários podem ser entendidos como a expressão das 
características, tanto de alunos como de professores. Pode apresentar 
estruturas das aulas e descrição das tarefas. Nele podem ser registradas as 
impressões acerca de aulas, materiais, dúvidas, percepções, hipóteses, 
intenções, além de referências a sentimentos e atuações do indivíduo. Nesse 
contexto, ele se coloca diante dos fatos, avaliando e reavaliando o processo, 
podendo muitas vezes perceber a necessidade de se posicionar de maneira 
diferente, de se reorganizar. 
O diário como instrumento de pesquisa suscita diferentes tipos de reflexão. A 
interferência do pesquisador pode oferecer condições para a ocorrência da 
reflexão sobre a prática durante o trabalho de pesquisa. 
Como instrumento de ensino-aprendizagem, é possível citar a utilização do 
diário como diário de leituras, cujas impressões, tendo o principal aporte na 
pesquisa de Machado (1998), são apresentadas a seguir. 
 
5.2 O Diário de Leituras 
 
A experiência pessoal vivida com diários de leitura e o desejo de buscar o 
aprofundamento científico-metodológico da utilização desse instrumento são 
retratados na produção de Machado (1998). 
Em sua obra, a autora conta que, de acordo com a experiência vivida por ela 
enquanto aluna, o diário era - de maneira simplificada - um texto do aluno, 
produzido em primeira pessoa, escrito à medida que se lia um texto proposto 
pela professora, buscando-se relacionar os conteúdos a quaisquer outros 
conhecimentos que se tivesse. No caso, como ela tinha o intuito de 
desenvolver uma pesquisa científica, buscava também relacionaros conteúdos 
a sua pesquisa, além de relacioná-los a outros conhecimentos. Segundo a 
autora, a adesão à produção de um diário de leituras foi imediata. Ela percebia 
que, conforme as instruções dadas, a produção favorecia a criação de 
determinadas condições de produção de leitura, “que a obrigavam a ser mais 
lenta” (eu diria mais cuidadosa) “possibilitando o uso estratégico e consciente 
de vários tipos de informação, a interação com essas informações e uma 
interação mais efetiva entre o leitor e o texto”, ou seja, ao escrever o diário a 
partir da leitura de um texto recomendado pela professora, a autora se 
deparava com a possibilidade de interagir com essas informações, lançando 
mão de seu conhecimento prévio, relacionando as informações com sua 
realidade e fazendo questionamentos. Evidencia-se assim, outra forma de 
utilização do diário de leituras no âmbito da sala de aula. 
 
5.3 O diário para profissionais da educação 
 
Tratando-se de professores, a utilização do diário, segundo Zabalza (1994), 
possibilita encontrar uma descrição de sua ação e do seu pensamento, 
segundo suas próprias percepções. Na narração que o diário oferece, os 
professores reconstroem a sua ação, explicitam simultaneamente (umas vezes 
com maior clareza que outras) o que são as suas ações e quais são a razão e 
o sentido que atribuem a tais ações. (p.30). Isso equivale a aceitar que nem 
tudo está previamente dito ou estabelecido, ajustando-se, segundo Peres 
Gomes (1983), ao paradigma da investigação que considera o ensino como um 
processo de tomadas de decisões e o professor como o profissional 
encarregado de adotá-las 
A interferência do professor pode oferecer condições para a ocorrência da 
reflexão sobre a prática durante o trabalho de pesquisa, quando o professor 
retoma as situações posteriormente, sendo questionado a respeito de sua 
ação. 
 
O uso dos diários parece se entremear no processo de ensino-aprendizagem, 
sendo um instrumento de poder a indivíduos que procuram entender sua 
prática. Enquanto diário de aprendizagem pode ser do aluno e do professor. 
Enquanto instrumento que auxilia na formação de professores, pode ser diário 
de professor e de coordenador, em qualquer âmbito é desejável que seja 
crítico-reflexivo. Portanto, faz-se essencial a meu ver, usarmos os diários e 
trocarmos impressões a fim de percebermos de que maneira podemos 
trabalhar com o instrumento em diferentes contextos de atuação, verificando 
como podemos contribuir com o processo de ensino-aprendizagem de nossos 
alunos, de nossos professores e em nosso próprio processo. 
 
 
Recomendamos, portanto, o uso do diário desde os primeiros dias do curso de 
pós-graduação, a fim de que se promova um processo crítico, reflexivo e que 
possa nortear não só a pesquisa, mas todo o momento de vivenciar e aprender 
com as experiências. 
 
“A aprendizagem não é descobrir o que as 
outras pessoas já sabem, mas é resolver os 
nossos próprios problemas, para os nossos 
próprios fins, questionando, pensando e 
testando até que a solução seja uma nova 
parte de nossa vida.” 
 
Charles Handy 
 
 
Sugestões para utilização do diário na pesquisa 
 Escreva (sem medo de ser feliz!) tudo o que achou sobre o texto, o que 
entendeu e o que não entendeu. Pense no que o texto quis dizer a você, 
se conseguiu, ou não e por quê. 
 Tente entrar nas ideias do autor, pondere essas ideias, pense a respeito 
de seus valores pessoais, de sua experiência e posicione-se diante 
dessas ideias (Concordo com isso? Sim ou não? Por quê?). 
 Tente construir sua dúvida, tente entender sua dúvida e pense sobre as 
possibilidades de respostas. Escreva-a. 
 Encontre possibilidades para resolver sua dúvida, lendo outros materiais 
e/ou perguntando a alguém. Pense: “Com quem eu posso conversar 
sobre esse assunto? Quem poderia esclarecer essa dúvida?”. 
 
 
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