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Civilização Material, Economia e Capitalismo Séculos XV-XVIII - Fernand Braudel

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Fundamentos da Teoria Econômica 
Civilização Material, Economia e Capitalismo 
Séculos XV-XVIII - Fernand Braudel 
 
A Revolução Inglesa Setor por Setor 
"Em outras palavras, a Revolução Industrial           
que irá abalar a Inglaterra e depois o               
mundo inteiro não é, em momento algum             
do seu percurso, um assunto bem           
delimitado, um feixe de problemas, num           
espaço dado, num tempo dado." 
"No conjunto da Revolução, distinguem uma           
série de 'revoluções' especiais, da         
agricultura, da demografia, dos transportes         
internos, da técnica, do comércio, da           
indústria.[...]É o caminho habitual da         
explicação. É um tanto fastidioso         
percorrê-lo, mas é necessário." 
Um fator primordial: a agricultura         
inglesa 
Os progressos da agricultura inglesa         
antes da Revolução Industrial chegam ao           
século XX na forma do high farming, isto               
é, uma arte extremamente díficil baseada           
unicamente em uma longa série de           
observações. 
"A 'crise do século XVII' correspondeu           
portanto, na Inglaterra, a uma maturação           
dos campos bastante lenta e desigual, mas             
duplamente benéfica para a futura         
Revolução Industrial: favoreceu a instalação         
de uma agricultura de alto rendimento que             
será capaz, renunciando à exportação, de           
sustentar o violento aumento demográfico         
dos anos 1750; multiplicou, nas regiões           
pobres, os pequenos empresários e um           
proletariado mais ou menos habituado às           
tarefas artesanais, em suma, uma mão de             
obra 'maleável e treinada', pronta a           
responder ao apelo da grande indústria           
citadina, quando ela surge, no fim do século               
XVIII." 
Os avanços ocorrem primeiramente na         
Inglaterra devido à imprescindível       
concentração de terra. Ademais, deve-se         
avaliar que a agricultura se dirigia           
principalmente para o mercado interno         
que será o destinatário natural da           
indústria. 
O Crescimento Demográfico 
Esse grande progresso biológico       
corresponde a campos melhor cultivados,         
cidades que crescem e aglomerados         
industriais que surgem a grande         
velocidade. O movimento foi, pelo menos           
em grande parte, induzido pelo aumento           
da produção. 
A técnica, condição necessária, mas         
talvez não suficiente 
"Durante os primeiros decênios da         
Revolução Industrial, a técnica foi muito           
mais um fator determinado pelo econômico           
do que um fator determinante do           
econômico." 
Os preços mais que a demanda são             
determinantes na adoção de técnicas         
inovadoras tanto no setor têxtil como no             
metalúrgico, que, apesar de não ser           
relevante para iniciar a Revolução         
Industrial, foi essencial para a         
 
1 
 
 
 
continuidade dessa ao melhorar a         
qualidade do ferro. 
Não "minorar" a revolução do algodão 
Ela distingue-se das outras por         
apresentar um crescimento contínuo e         
ter importância incomparável no início da           
indústria britânica. 
Tratava-se de fazer com a mesma           
qualidade que a Índia e mais barato, o               
que só seria possível com o advento da               
máquina. 
"Mesmo que não tenha tido diretamente um             
grande papel na explosão mecânica e no             
advento da grande metalurgia, os lucros do             
algodão por certo pagaram as primeiras           
despesas. Um ciclo impulsiona o outro."  
A vitória do comércio longínquo 
Na Inglaterra do século XVIII pode-se falar             
de uma verdadeira revolução comercial,         
com estreitas e recíprocas relações com a             
Revolução Industrial. 
Há a constituição de um enorme império             
mercantil que é mais forte nos tráficos             
ultramarinos, ou seja, preponderante em         
todo o mundo a não ser no continente               
europeu. 
Pode-se atribuir isso ao sucesso da           
marinha inglesa, ao alto custo da mão de               
obra incentivando o uso da máquina e             
também às guerras europeias que         
serviram ao país. 
Contudo, não se deve reduzir o comércio             
interno que também crescia e         
intensificava-se rapidamente. 
Multiplicação dos transportes internos 
A economia de circulação inglesa foi tão             
precoce, pois havia uma sofisticação e           
modernização das relações que tendem a           
funcionar cada vez mais por si. E,             
finalmente, pela proliferação dos meios         
de transporte, essa que se adianta às             
exigências dos tráficos para depois         
garantir seu desenvolvimento. 
Possibilidades:  
1. Cabotagem; 
2. Rios navegáveis (alterados pela       
construção de canais e eclusas); 
3. Estradas solidamente construídas; 
4. Trilhos de madeira,     
posteriormente de ferro e,       
finalmente, locomotivas; 
5. Por fim, destaca-se o comércio         
ultramarino. 
Uma evolução lenta 
"Mas essa imagem de setores lentamente           
amadurecidos até se tornarem       
operacionais, capazes de fornecer por si           
todos os componentes interligados de uma           
Revolução Industrial e de responder cada           
um à demanda dos outros - será essa               
imagem plenamente satisfatória? Ela dá         
uma ideia falsa de uma Revolução Industrial             
que seria um objetivo em si, alcançado de               
modo consciente, trabalhando a economia e           
a sociedade inglesas para tornar possível o             
advento dos novos tempos, os da máquina.             
Na verdade, essa imagem de uma           
experiência revolucionária, mas de algum         
modo definida de antemão, poderia         
aplicar-se à efetivação das revoluções         
industriais de hoje, em que modelos           
conhecidos iluminam o caminho que se           
pretenderia seguir. Não foi assim que se fez               
a experiência inglesa. Ela não avança para             
um objetivo, antes o encontrou no decorrer             
de intensa melhoria de vida, resultante de             
uma multidão de correntes cruzadas que           
impelem para adiante a Revolução         
Industrial, mas que também ultrapassam         
em muito seu quadro propriamente dito." 
 
2 
 
 
 
 
 
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