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TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES Módulo 1 ao 5 - 2021

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TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES – OS PRIMÓRDIOS DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
DEFINIÇÃO - Apresentação do desenvolvimento da Revolução Industrial desde a pré-revolução até a sua conformação completa.
PROPÓSITO - Compreender os primórdios do pensamento administrativo em toda a sua extensão por meio dos antecedentes históricos e principais influências, da Revolução Industrial ao pensamento dos economistas liberais.
OBJETIVOS
MÓDULO 1 - Descrever os antecedentes históricos e principais influências do pensamento da Administração como ciência
MÓDULO 2 - Descrever a Revolução Industrial e a revolução do pensamento administrativo
MÓDULO 3 - Descrever o pensamento dos economistas liberais e os primeiros grandes empreendedores
INTRODUÇÃO
Dentro do estudo da teoria organizacional ou da teoria geral de administração, conhecer a sua origem e as influências que sofreu até a sua formação como ciência independente é de extrema importância.
A Administração como ciência independente só foi reconhecida na virada do século XIX para o XX, com autores como Taylor, Fayol, Ford etc. Esses pensadores escreveram suas teorias especificamente voltadas para a administração de empresas.
No entanto, antes desse estabelecimento, diversos autores criaram teorias e desenvolveram estudos que formaram a base para esses primeiros autores, gerando grandes conhecimentos que são empregados até hoje em diversas áreas, inclusive na Administração.
É sobre esses autores e pensamentos anteriores ao surgimento da Administração como um campo da ciência, estudado em separado, que iremos tratar em nosso estudo.
MÓDULO 1
Descrever os antecedentes históricos e principais influências do pensamento da Administração como ciência
ANTECEDENTES HISTÓRICOS
A Revolução Industrial do século XVIII, que teve seu início e força motriz na Inglaterra, não aconteceu sem um longo desenvolvimento das bases que proporcionaram condições favoráveis a essas mudanças. No início do século XV, as condições para essa revolução simplesmente não existiam.
A partir desse século, com pequenas mudanças no cotidiano das pessoas, na formação das cidades e no desenvolvimento de novas tecnologias, foram criadas as bases para a instalação das grandes mudanças que geraram a revolução ocorrida durante o século XVIII. Todo um processo de evolução de comportamento gerou uma mudança drástica nas relações do homem com o trabalho.
Fonte: Everett Collection / Shutterstock.com
Ele deixou de produzir apenas para a sobrevivência, para as trocas locais na comunidade, por meio de escambo e de pequenas compras e vendas, deslocando-se para uma produção cada vez em maior quantidade e com vendas a localidades cada vez mais distantes. O comércio deixou de ser local para se tornar global ao final da Revolução Industrial.
Fonte: Everett Collection / Shutterstock.com
Esse processo levou alguns séculos para acontecer e foi permeado por avanços tecnológicos, mudanças e desenvolvimento de novas formas de pensar e encarar o mundo, guerras e grandes infortúnios com avanços e retrocessos nas relações humanas. Além disso, todo esse processo foi conduzido de forma compartilhada entre cidadãos e Estado, resultando em uma verdadeira mudança das funções de cada um na sociedade e de suas relações.
O DESENVOLVIMENTO DAS CONDIÇÕES PARA A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NO CAMPO
ANTECEDENTES DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL NA INGLATERRA
O período pré-industrial, que vai do século XV ao século XVII, trouxe grandes transformações na forma de organização no campo, no espaço rural. Durante o século XV e anteriores, os campos eram compartilhados entre os diversos agricultores e pecuaristas, quase que em cooperativas, em que esses eram usados de forma comum.
Já ao final do século XVII, os campos já tinham donos e o “movimento das cercas” garantiam a propriedade a grandes senhores de terras, que as arrendavam ou trabalhavam em regime de meeiros com seus arrendatários, resolvendo, assim, o problema rural sem grandes revoluções ou solavancos históricos.
Essa transformação gerou uma massa de desempregados nos campos, o que impulsionou a sua migração para as cidades. Essa condição não foi imediata e o deslocamento de algumas indústrias das cidades para o interior e o desenvolvimento de pequenas indústrias nessas localidades impulsionaram o trabalho de parte da população.
Para além da agricultura, esses camponeses começaram a se dedicar à indústria têxtil e à de fundição, em trabalhos desenvolvidos em suas casas, em horários alternativos ao trabalho nos campos. Isso foi possível, pois o trabalho no campo era sazonal e, em tempos de baixa, esses trabalhadores podiam se dedicar a novos trabalhos. Essa forma de organização foi a precursora das indústrias que se desenvolveram por diversos pontos da Inglaterra e garantiram a abrangência do desenvolvimento por grande parte do território. Fonte: Everett Collection/Shutterstock
MÃO DE OBRA - Esses negócios foram beneficiados pela grande abundância de mão de obra e pelo crescimento demográfico ocorrido nesse período. No final do século XVII, a população tinha mais que triplicado, gerando, dessa forma, as premissas básicas para a Revolução Industrial que se seguiria.
PRODUÇÃO RURAL - A densificação da população só foi possível porque o sistema de produção rural anterior ao século XVI era tão precário que pequenas mudanças e introdução de técnicas mais eficientes trouxeram grandes ganhos de produtividade, garantindo, assim, o abastecimento dessa população crescente.
REVOLUÇÃO AGRÁRIA - O simples estabelecimento de uma nova técnica de utilização das terras, o revezamento das safras, a fertilização das terras e outras pequenas inovações trouxeram grandes incrementos para a produção de alimentos. Tudo isso gerou uma revolução agrária, produzindo um ganho desproporcionalmente grande na produtividade dos campos cultiváveis.
Contudo, esse incremento na produção não gerou ganhos para todos, pelo contrário ficaram concentrados nos grandes donos de terras, que eram poucas pessoas, já no início do século XVIII, e na mão de uns poucos arrendatários.
A grande massa de trabalhadores acabou em um estado de pobreza quase extremo, ocasionando o deslocamento de grandes massas de migrantes para as cidades, onde se pagavam melhores salários.
Para ajudar esses camponeses, alguns sistemas públicos foram tentados durante esse período de desenvolvimento, mas não foram eficientes para evitar o empobrecimento desses trabalhadores.
ESSE MÉTODO TEVE GRANDE ÊXITO EM AUMENTAR A PRODUTIVIDADE E MANTER OS CUSTOS DE PRODUÇÃO BAIXOS O SUFICIENTE PARA O DESENVOLVIMENTO DAS CIDADES E DAS INDÚSTRIAS, MAS, EM TERMOS HUMANOS, ELE FOI UM TOTAL DESASTRE.
HOBSBAWN, 1979.
Esse desastre foi o que impulsionou a migração e era necessário para criar as condições que se tornaram a base para a Revolução Industrial. Em outros países em que as condições nos campos eram mais favoráveis, as indústrias não tiveram a disponibilidade de mão de obra necessária para seu desenvolvimento.
EXEMPLO
Esse é o caso da França, que — mesmo tendo uma tecnologia mais avançada e condições técnicas superiores, como melhor educação — não conseguiu desenvolver sua indústria no mesmo ritmo que a Inglaterra.
Os camponeses franceses dispunham de uma condição mais favorável e não tinham o incentivo de migrarem para as cidades ou de trocarem os meios tradicionais de abordagem nas produções, tanto rurais quanto industriais. Isso atrasou o processo de industrialização, que dependia desse impulso de fartura de mão de obra para acontecer.
O DESENVOLVIMENTO DAS CIDADES E SEU CRESCIMENTO ENTRE OS SÉCULOS XV E XVII
As razões que impulsionaram as pessoas a saírem do campo e migrarem para as cidades são as mesmas que fizeram as cidades crescerem de forma abrangente desde antes da Revolução Industrial.
Já no final da Idade Média, as cidades possuíam pequenas indústrias, normalmente formadas por artesãos. Pequenos grupos possuíam os monopólios de certos tipos de produção, denominados guildas, e formavam as primeiras forças propulsoras da industrialização nas cidades.
No entanto, com o passar do tempo,elas se tornaram empecilhos para a industrialização generalizada, sendo, aos poucos, suplantadas por indústrias não mais monopolizadas. Uma das primeiras indústrias a se desenvolver, de forma mais homogênea, foi a ligada ao beneficiamento do algodão, ou seja, a indústria têxtil.
GUILDAS - Associação existente na Europa durante a Idade Média, reunindo trabalhadores com interesses em comum, que prestavam assistência mútua.
Fonte: Everett Collection/Shutterstock
Esse tipo teve um fator muito importante que o impulsionou. E foi a existência de um mercado consumidor anterior à Revolução Industrial, sendo grande o suficiente para gerar ganhos crescentes nos investimentos.
O que realmente impulsionou o acúmulo de capital por parte dos comerciantes e indústrias desse setor foram os grandes lucros proporcionais aos custos de produção e aos retornos sobre o capital investido.
No início dessa indústria, os lucros chegavam a 12 vezes o custo de produção. Além disso, o investimento inicial era bastante baixo, pois com poucas máquinas era possível construir um parque fabril. O trabalho era distribuído entre os trabalhadores que o faziam em suas casas e depois os enviavam aos seus contratantes.
A construção de uma fábrica e compra dos equipamentos necessários necessitavam, dessa forma, de baixo investimento; e a grande acumulação de capital proporcionava um rápido enriquecimento de seus investidores.
Com isso, as cidades que comportavam essas indústrias, inicialmente as que faziam os fios e, por fim, as fábricas de tecido, foram inundadas de pessoas buscando trabalho. Com o declínio e a precarização do trabalho no campo, essa migração foi incentivada. E com os grandes lucros e retornos dos capitais dos industriais, os salários nessas indústrias eram mais atraentes que os pagos no campo.
Além dessa atração por salários, períodos de quebra de safra, como os que aconteceram em diversos locais durante o final do século XVII e início do século XVIII, criaram as condições ideais para a atração das pessoas para as cidades. Fonte: Everett Collection/Shutterstock
Outra indústria que se fortalecia era a de construção de navios e demais insumos, para a exportação e importação de produtos acabados e insumos para a indústria têxtil, pois esta crescia cada vez mais e necessitava de uma frota abundante e bem estruturada para dar conta de todo o trabalho.
A interiorização de parte dessa indústria também impulsionou a criação de novos centros industriais e gerou o crescimento de novas cidades. Essas indústrias, com o tempo, começaram a atrair cada vez mais trabalhadores, levando ao seu crescimento e, por consequência, ao das cidades onde estavam instaladas.
 SAIBA MAIS
Com esse crescimento, é importante destacar que as condições de trabalho precárias se estenderam à moradia e a toda infraestrutura básica que não existia. Essas cidades não estavam capacitadas a receberem um grande fluxo de pessoas e tiveram grandes problemas, que foram regiamente identificados por estudiosos posteriores à Revolução Industrial, como Karl Marx (1999, 1995, 1995a) em seu livro O Capital.
Sua análise e descrição das condições degradantes dos trabalhadores durante a Revolução Industrial na Inglaterra demonstra como as cidades cresceram de forma desordenada e geraram grande pobreza em todo esse processo.
O DESENVOLVIMENTO DO MERCADO INTERNO
O desenvolvimento do mercado interno — que sustentou o início do desenvolvimento industrial inglês — passou tanto pelo crescimento da cidade, por meio da migração de grandes massas de trabalhadores rurais que perderam seus meios de subsistência, como pela necessidade de mão de obra barata para o início e acúmulo de capital por parte dos empresários.
Conseguir que uma grande quantidade de pessoas estivesse disposta a trabalhar nas indústrias era apenas parte da solução. Era necessário que esses trabalhadores fossem treinados e qualificados para desenvolverem com habilidade as tarefas dentro do processo produtivo.
Como demonstrado por estudos desenvolvidos durante o século XX, em países que estavam tentando se desenvolver, ter a mão de obra disponível é apenas parte do problema, e o mais fácil de resolver.
Para que as indústrias se desenvolvessem, era necessário que todos os seus trabalhadores fossem qualificados e pudessem desenvolver seu trabalho com eficiência, ou seja, em um ritmo ininterrupto de trabalho durante todo o ano. Isso era um sistema bem diferente do que acontecia no campo, em que existiam grandes oscilações, seguindo as estações de plantio.
Esse trabalhador que migrava do interior para as cidades não estava acostumado ao novo ritmo e tinha dificuldades em se adaptar, levando muitos industriais a considerá-los preguiçosos.
Essa necessidade de mão de obra fez crescer as cidades, e essa migração transformou a antiga forma de comércio local, em que todos compravam de seus vizinhos, para um comércio mais distante, em que se produzia em um local, no campo, e esses produtos eram comercializados nas cidades.
Além disso, os produtos industrializados eram inicialmente produzidos nas cidades e vendidos aos camponeses em suas aldeias ou pequenas cidades. Esse fluxo de comércio foi se desenvolvendo e criando um mercado consumidor interno que foi a base para o início da Revolução Industrial.
EXCEDENTE DE MÃO DE OBRA
Como o excedente de mão de obra era extenso, as novas empresas podiam ser intensivas no uso de mão de obra, sem, com isso, inflacionar os salários, gerando menor necessidade do emprego de grandes inovações. Isso porque os custos de produzir com um tear manual eram tão baixos que não valeria a pena investir em novas tecnologias.
REDUÇÃO DE MARGEM DE LUCRO
Essa mudança só aconteceu quando a redução nas margens de lucro com a venda dos produtos caiu a um nível tão baixo, que inviabilizou a manutenção dessa forma de organização do trabalho.
Além disso, houve a redução dos valores pagos aos trabalhadores que chegaram a um nível de não subsistência.
Nesse ponto, os mercados internacionais dos produtos têxteis da Inglaterra já estavam consolidados e o mercado interno de consumo já tinha perdido parte de sua importância no desenvolvimento da industrialização.
Essa importância inicial do mercado interno foi a força motriz do início da Revolução Industrial e as condições e mudanças durante os séculos XV ao XVII geraram as condições ideais para que essa revolução ocorresse.
O DESENVOLVIMENTO DO MERCADO EXTERNO
O mercado externo teve função primordial na Revolução Industrial, pois sem o seu consumo de produtos, importação por mercados consumidores e exportação de matérias-primas para as zonas em industrialização, essa não poderia ter acontecido.
Esse movimento de mercadorias possibilitou a expansão do mercado consumidor e a incorporação de locais de produção que não existiam na Inglaterra, proporcionando o ganho de escala necessário para o desenvolvimento da Revolução Industrial. No início do século XV, e em toda a Idade Média, esse comércio exterior não existia. O arranjo de produção e comercialização de bens e produtos era basicamente local. Todo esse processo e demanda foram desenvolvidos durante as grandes navegações, inicialmente por Portugal e Espanha, que começaram a buscar especiarias e demais produtos nas Índias e, após os descobrimentos, nas colônias americanas. A Inglaterra entrou nesse comércio posteriormente, fornecendo os produtos acabados que os povos do Continente Europeu precisavam, dominando, em seguida, o comércio marítimo por meio de sua frota de guerra e comercial.					 Fonte: Trudy Simmons/Shutterstock
Essa mudança de sistema aconteceu de forma gradativa e foi impulsionada por mudanças internas, como as enfrentadas pela agricultura e pelo desenvolvimento de indústrias navais por necessidades de guerras e de comércio.
Fonte: Caleb Holder/Shutterstock
O ápice desse processo ocorreu um pouco antes da Revolução Industrial, com a Revolução Francesa e o surgimento de um espírito revolucionário, que tomou conta dos países americanos, que — aos poucos — foram se libertando de suas colonizadoras e setornando independentes.
Durante esse período, a Inglaterra entrou na era elisabetana e começou a expandir o seu império, chegando a localidades distantes e gerando os mercados consumidores necessários ao seu desenvolvimento. Esse foi um processo longo e que gerou todo o comércio exterior que veio impulsionar e garantir o volume de produção necessário para o desenvolvimento da Revolução Industrial.
O PENSAMENTO INTELECTUAL DO PERÍODO PRÉ-INDUSTRIAL
AS GRANDES INFLUÊNCIAS INTELECTUAIS DA MUDANÇA DE PENSAMENTO DURANTE OS SÉCULOS XV A XVIII FORAM O ILUMINISMO E A REFORMA PROTESTANTE. O ILUMINISMO TEVE MAIOR IMPACTO NA FRANÇA E EM PAÍSES DE DOGMA CONFESSIONAL CATÓLICO.
Já nos países com dogma confessional protestante — como Alemanha, Holanda, Escócia e partes da Inglaterra —, o pensamento dominante foi o Calvinismo, uma vertente do protestantismo que se originou dos escritos de João Calvino, teólogo francês que desenvolveu praticamente todos os seus estudos em Genebra, na Suíça.
O PROTESTANTISMO SURGIU NA ALEMANHA COM AS 93 TESES DE LUTERO, MAS FOI JOÃO CALVINO QUE O ESTRUTUROU E LHE DEU OS CONTORNOS QUE SE SEGUIRAM E QUE MOLDARAM O PENSAMENTO PRÉ-REVOLUÇÃO INDUSTRIAL.					GONZALES, 2011.
Diversos pontos teológicos foram reinterpretados por Calvino e os reformadores, criando as condições para a revolução acontecesse. Como colocado, posteriormente, por Max Weber (2004) em seu Livro Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo, foram as mudanças trazidas pela reforma protestante que possibilitaram e que lançaram as bases para o capitalismo que cresceria nos séculos seguintes.
Os principais pontos nessa discussão são:
O DEVOTO NÃO PRECISA SE ISOLAR
Se trancar em um convento para viver a sua vida de santidade. Ele poderia viver essa vida em sociedade, sendo um representante de Deus na sociedade para os outros. A vida austera e metódica poderia ser vivida cotidianamente em sociedade. Esse ideal é anterior à Reforma Protestante e foi desenvolvido em contraponto ao monasticismo, mas foi incorporada de forma integral ao movimento protestante da reforma. Tanto Lutero quanto os outros líderes defendiam que era preciso estar em sociedade para viver de forma plena a sua salvação e o relacionamento com Deus, servindo aos outros e levando o evangelho a todos.
O TRABALHO NÃO É UM CASTIGO IMPOSTO AO HOMEM
Mais importante do que o primeiro ponto é a noção de que o trabalho não é um castigo imposto ao homem pela queda no jardim do Éden, mas uma forma de glorificar a Deus. Isso foi o que causou a maior revolução no pensamento medieval que defendia o trabalho como castigo.
Isso era levado tão a sério que os nobres não o faziam em hipótese alguma, indicando sua superioridade espiritual em relação aos plebeus. Com essa mudança, a pessoa que não se esforçasse de forma integral no trabalho era taxada de pecadora e não eleita. Com o tempo, esse pensamento levou as pessoas a avaliarem se eram ou não eleitas por sua prosperidade no trabalho. Uma pessoa era próspera se recebesse o favor de Deus, e esse favor só era dado aos eleitos por sua presciência e controle absoluto de todos os aspectos desse mundo.
 SAIBA MAIS
Essa é outra doutrina importante para os protestantes, Deus tem um povo eleito desde antes da fundação do mundo e, dessa forma, os escolhe e abençoa com bens materiais, em detrimento dos outros não eleitos, que além de irem para o inferno, não recebiam esse favor enquanto estão aqui na terra. Todos esses pontos foram levantados por Weber (2004) e, segundo ele, são a base para o desenvolvimento do capitalismo.
Nessa ótica de Weber, para que uma pessoa seja bem-sucedida, é importante observar seus ganhos, lucros sobre o capital, e que estes não advenham da usura.
ESSE É O PRINCIPAL PONTO DE TRANSFORMAÇÃO ENTRE O PENSAMENTO MEDIEVAL E O PROTESTANTE. NO PENSAMENTO MEDIEVAL, O LUCRO ERA CONSIDERADO COMO PECADO E SUA ACUMULAÇÃO ERA SINAL DE TROCA DO CÉU PELAS COISAS TERRENAS.
Esse pensamento levou toda a parte financeira da população para a mão dos judeus, pois crendo de forma diversa, podiam trabalhar com o dinheiro emprestando e capitalizando suas posses. Essa crença era tão forte que, no Brasil, de origem católica, a lei da usura impedia que o Estado cobrasse ou pagasse juros superiores a 12% ao ano até a década de 1980.
A mudança de olhar sobre a usura propiciou o crescimento de mercados de capitais em diversos países protestantes, sendo o mais famoso o mercado de capitais holandês, que possibilitou o crescimento de empresas que exploraram grandes áreas da Ásia e das ilhas Polinésias.
Essa nova forma de pensar possibilitou, com o tempo, o acúmulo de capital por parte dos comerciantes, o que foi essencial para o desenvolvimento da Revolução Industrial.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (AMAN-2015 ‒ ADAPTADA) O ACÚMULO DE CAPITAIS, A MODERNIZAÇÃO DA AGRICULTURA, A DISPONIBILIDADE DE MÃO DE OBRA E DE RECURSOS NATURAIS, E A FORÇA DO PROTESTANTISMO CALVINISTA AJUDAM A EXPLICAR O PIONEIRISMO DA __________ NA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL. DAS OPÇÕES ABAIXO LISTADAS, O PAÍS QUE MELHOR PREENCHE O ESPAÇO ACIMA É:
(A) Alemanha		(B) Holanda		(C) Itália		(D) Inglaterra
A alternativa "D " está correta.
Por conta de todas essas condições listadas que a Inglaterra apresentou as condições para a ocorrência da Revolução Industrial. Mesmo estando em desvantagem em outros aspectos em relação aos países europeus continentais, que tinham melhores conhecimentos técnicos e científicos, essas condições não se apresentavam nesses países, demonstrando que foram essenciais para o início da revolução.
2. (PUC-CAMPINAS) O NOVO PROCESSO DE PRODUÇÃO INTRODUZIDO COM A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, NO SÉCULO XVIII, CARACTERIZOU-SE PELA:
(A) Implantação da indústria doméstica rural em substituição às oficinas.
(B) Realização da produção em grandes unidades fabris e intensa divisão do trabalho.
(C) Mecanização da produção agrícola e consequente fixação do homem à terra.
(D) Facilidade na compra de máquinas pelos artesãos que conseguiam financiamento para isso.
A alternativa "B " está correta.
Durante os lançamentos das bases da Revolução Industrial, começaram a surgir as grandes fábricas e a organização da produção de forma dividida e não mais por meio de artesãos que faziam todo o trabalho.
MÓDULO 2
Compreender a Revolução Industrial e a revolução do pensamento administrativo
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL E A REVOLUÇÃO DO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
A Revolução Industrial teve início na Inglaterra devido às condições ideais para tal. Contudo, poderia ter acontecido em qualquer outra parte do mundo, como na França ou na Alemanha. Esses países tinham melhores condições técnicas e intelectuais para essa empreitada, no entanto, suas condições sociais não geraram esse impulso.
Segundo Hobsbawm (1979):
QUALQUER QUE TENHA SIDO A RAZÃO DO AVANÇO BRITÂNICO, ELE NÃO SE DEVEU À SUPERIORIDADE TECNOLÓGICA E CIENTÍFICA. NAS CIÊNCIAS NATURAIS, OS FRANCESES ESTAVAM SEGURAMENTE À FRENTE DOS INGLESES, VANTAGEM QUE A REVOLUÇÃO FRANCESA VEIO ACENTUAR DE FORMA MARCANTE, PELO MENOS NA MATEMÁTICA E NA FÍSICA, POIS ELA INCENTIVOU AS CIÊNCIAS NA FRANÇA ENQUANTO QUE A REAÇÃO SUSPEITAVA DELAS NA INGLATERRA.
ATÉ MESMO NAS CIÊNCIAS SOCIAIS, OS BRITÂNICOS AINDA ESTAVAM MUITO LONGE DAQUELA SUPERIORIDADE QUE FEZ — E EM GRANDE PARTE AINDA FAZ — DA ECONOMIA UM ASSUNTO EMINENTEMENTE ANGLO-SAXÃO; MAS A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL COLOCOU-OS EM UM INQUESTIONÁVEL PRIMEIRO LUGAR. O ECONOMISTA DA DÉCADA DE 1780 LIA ADAM SMITH, MAS TAMBÉM — E TALVEZ COM MAIS PROVEITO — OS FÍSIOCRATAS E OS CONTABILISTAS FISCAIS FRANCESES, QUESNAY, TURGOT, DU-PONT DE NEMOURS, LAVOISIER, E TALVEZ UM OU DOIS ITALIANOS.
OS FRANCESES PRODUZIRAM INVENTOS MAIS ORIGINAIS, COMO O TEAR DE JACQUARD (1804) — UM APARELHO MAIS COMPLEXO DO QUE QUALQUER OUTRO PROJETADO NA GRÃ-BRETANHA — E MELHORES NAVIOS. OS ALEMÃES POSSUÍAM INSTITUIÇÕES DE TREINAMENTO TÉCNICO, COMO A BERGAKADEMIE PRUSSIANA, QUE NÃO TINHAM PARALELO NA GRÃ-BRETANHA, E A REVOLUÇÃO FRANCESA CRIOU UM CORPO ÚNICO E IMPRESSIONANTE, A ÊCOLE POLYTECHNIQUE.
A EDUCAÇÃO INGLESA ERAUMA PIADA DE MAU GOSTO, EMBORA SUAS DEFICIÊNCIAS FOSSEM UM TANTO COMPENSADAS PELAS DURAS ESCOLAS DO INTERIOR E PELAS UNIVERSIDADES DEMOCRÁTICAS, TURBULENTAS E AUSTERAS DA ESCÓCIA CALVINISTA, QUE LANÇAVAM UMA CORRENTE DE JOVENS RACIONALISTAS, BRILHANTES E TRABALHADORES, EM BUSCA DE UMA CARREIRA NO SUL DO PAÍS: JAMES WATT, THOMAS TELFORD, LOUDON MCADAM, JAMES MILL.
OXFORD E CAMBRIDGE, AS DUAS ÚNICAS UNIVERSIDADES INGLESAS, ERAM INTELECTUALMENTE NULAS, COMO O ERAM TAMBÉM AS SONOLENTAS ESCOLAS PÚBLICAS, COM A EXCEÇÃO DAS ACADEMIAS FUNDADAS PELOS ‘DISSIDENTES’ (DISSENTERS) QUE FORAM EXCLUÍDAS DO SISTEMA EDUCACIONAL (ANGLICANO). ATÉ MESMO AS FAMÍLIAS ARISTOCRÁTICAS QUE DESEJAVAM EDUCAÇÃO PARA SEUS FILHOS CONFIAVAM EM TUTORES E UNIVERSIDADES ESCOCESAS.
NÃO HAVIA QUALQUER SISTEMA DE EDUCAÇÃO PRIMÁRIA ANTES QUE O QUAKER LANCASTER (E, DEPOIS DELE, SEUS RIVAIS ANGLICANOS) LANÇASSE UMA ESPÉCIE DE ALFABETIZAÇÃO EM MASSA, ELEMENTAR E REALIZADA POR VOLUNTÁRIOS, NO PRINCÍPIO DO SÉCULO XIX, INCIDENTALMENTE SELANDO PARA SEMPRE A EDUCAÇÃO INGLESA COM CONTROVÉRSIAS SECTÁRIAS. TEMORES SOCIAIS DESENCORAJAVAM A EDUCAÇÃO DOS POBRES.
Portanto, a Revolução Industrial foi, basicamente, social em seu início, vindo a revolução tecnológica na sequência, pela necessidade imposta por crises posteriores.
ATENÇÃO - Nessa ótica, é importante salientar que a educação na Inglaterra era uma das mais precárias de toda a Europa, suas universidades eram quase nulas, em termos de gerarem conhecimento e inovação. Todo o avanço da Revolução Industrial na Inglaterra não foi baseado em uma tecnologia de ponta ou em grandes avanços científicos, mas em comportamentos e condições singulares, que levaram ao crescimento exponencial de todo o seu parque fabril.
O INÍCIO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Seu início é marcado entre os anos de 1780 e 1830. Pode-se dizer que ele se deu praticamente apenas na Inglaterra. Esse país era o único que tinha as condições necessárias para que isso acontecesse. É importante frisar que esse processo de geração das condições foi lento e teve diversas influências e condições para que acontecesse. Todo esse processo de mudanças começou com a religião, passando pelos costumes e visões de mundo, seguindo com uma mudança das formas e arranjos nos campos e culminando com a urbanização e o acúmulo de capital de uma classe de comerciantes bem-sucedidos.
Todo esse processo culminou com a criação de condições para que a produção inglesa, que em 1760 era por volta de 1,5 a 2% da produção mundial, se expandisse em 1000%, chegando a um patamar de 20 a 25% da produção mundial em 1850. Levou apenas um século para que todo esse incremento acontecesse.
Fonte: Everett Collection/shutterstock
Todo esse processo teve origem com o desenvolvimento da indústria têxtil e do domínio de novos mercados pela coroa inglesa por meio de sua frota naval, tanto de guerra quanto comercial. Isso se reflete em um fato importante, pois cerca de um terço da frota de navios existentes no mundo na década de 1850 pertenciam aos ingleses, que podiam utilizá-los de forma exclusiva, garantindo um fluxo de mercadorias aos seus mercados consumidores de forma contínua e segura. As grandes mudanças ocorridas no início da Revolução Industrial foram o desenvolvimento de novas formas de fundir o ferro, com os fornos por explosão, a troca do uso do carvão vegetal para o carvão mineral, o que diminuiu substancialmente o custo da fundição, e a invenção da máquina de fiar, que eliminava a necessidade das rocas e gerava enormes ganhos na confecção de fios. Toda essa tecnologia era de fácil operação e não envolvia grandes necessidades técnicas para a sua operação. É importante frisar que esses inventos não dispunham de nenhuma engenharia complexa, pelo contrário, eram invenções modestas e dispunham da necessidade de capacidades técnicas modestas disponíveis em qualquer artesão serralheiro, carpinteiro ou moleiro. 				Fonte: zhao jiankang/shutterstock
Passo 01 - No início, esses fornos de explosão e os teares manuais foram instalados nas residências das pessoas, que podiam operá-los de forma artesanal e com isso aumentarem suas rendas. Essa renda servia para complementar a do trabalho no campo.
Passo 02 - Um empregador, normalmente comerciante, adquiria os fios e distribuía o serviço aos artesãos, que fazia seu serviço e o entregava ao contratante. Esse era também o processo com a fundição de metais.
Passo 03 - Esse processo dava ao comerciante enormes lucros, pois o retorno sobre o custo de produção, ou seja, o lucro, era de 11 a 12 vezes. Além disso, uma inflação constante levava os comerciantes a investirem cada vez mais, pois existia a expectativa de venderem com preços maiores que os praticados durante a produção.
Todo esse processo inicial proporcionou o acúmulo de grande capital, que podia ser empregado na expansão da produção e, com isso, gerar mais ganhos.
ATENÇÃO - Outro ponto importante desse início é que os trabalhadores eram submetidos a jornadas de mais de 12 horas de trabalho, incluindo mulheres e crianças. Essa forma de organização do trabalho e a exploração extremada da capacidade de produção da mão de obra disponível e treinada potencializaram esse acúmulo de capital por parte do empresário.
Um jovem empreendedor poderia, com pouco capital, muitas vezes emprestado, investir em uma fábrica e, em menos de 20 anos, se tornar uma pessoa rica, dona de grande fortuna.
TODA ESSA FORMA DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO SÓ COMEÇOU A TER ALGUMA REGULAÇÃO A PARTIR DE 1833, COM A LEI DA FÁBRICA, QUE PROIBIA O TRABALHO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES DE MENOS DE 13 ANOS POR JORNADAS SUPERIORES A NOVE HORAS POR DIA.
Antes disso, diversos movimentos se instalaram nas cidades inglesas, procurando melhorar as condições dos trabalhadores.
LUDISMO - Em resumo, procurava quebrar as máquinas, pois via nelas a causa da precarização das condições de vida das pessoas.
CARTISMO - Ainda nessa questão dos movimentos de trabalhadores, o Cartismo não via as máquinas como problema, mas a falta de direitos trabalhistas que assegurassem condições dignas aos trabalhadores urbanos e rurais.
TRADE OF UNIONS - Todos esses movimentos culminaram com a criação de Trade of Unions, ou seja, os sindicatos que seriam a base para a disseminação de ideais socialistas nas décadas seguintes. O sindicalismo foi o movimento mais duradouro da história da industrialização e ainda tem grande força em alguns centros, como a França e a Alemanha.
Outras leis foram sendo aprovadas e, com isso, as condições dos trabalhadores foram melhorando, contudo, com o passar do tempo, os retornos dos capitalistas também foram diminuindo. Isso levou os empresários a reduzirem, inicialmente, os salários dos empregados e, em um segundo momento, as suas margens de lucro.
Por fim, uma maior mecanização da produção foi sendo inserida nas fábricas e aquela, mais esparramada pelas residências, foi deixando de acontecer. Esse processo levou ao aumento da precarização das condições nos campos e aumentou a pressão já existente para a migração para as cidades.
SAIBA MAIS - A concentração da produção em grandes fábricas foi uma solução para tentar manter a margem de lucro dos empresários e garantir a expansão da produtividade incorporando novas tecnologias, muitas vezes desenvolvidas em outros países, como a França, por exemplo.
Antes disso, a Inglaterra já havia substituído o poder absoluto do rei pelo do parlamento e já tinha engatado as posições políticas ao lucro, sendo o Estado um promotor da produção e guardião do lucro. Pela primeira vez, o ser humano tinha conseguido ultrapassar as fronteiras impostas pela fome, falta de tecnologia e de recursos que seguravam o crescimento sustentável por um longo período de tempo, sem que as pestes e as mortes impedissem esse desenvolvimento.
Essas mudanças levaram a revolução para outro patamar, deixando de consistir, basicamente, de fábricas em pequenas cidades para se tornarem enormes complexos fabris.
A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Nas últimas décadas do século XVIII, a Revolução Industrial já estava em andamento,mas foi no século XIX que ela tomou a forma que conhecemos hoje.
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Foi nesse período que a Inglaterra e alguns outros países menores ultrapassaram a condição de países rurais, tornando-se industrializados. Isso ocorreu devido ao crescimento vertiginoso, alcançando quantidades de produção nunca antes imaginadas.
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A grande expansão da indústria aconteceu por meio da exportação e foi fortemente ajudada pelo Governo, que garantiu as condições para que isso acontecesse. No final do século XVIII, a Inglaterra aumentou em 10 vezes a sua exportação de têxteis.
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Esse movimento fez com que o mercado externo superasse o interno. Na década de 1920 do século XIX, a produção para exportação já representava 2/3 da produção nacional. Durante as décadas seguintes, a exportação inglesa para a América já representava mais da metade da exportação para a Europa Continental, demonstrando a importância desse novo continente para a indústria inglesa.
LANCASHIRE - A região de Lancashire se destacou desde o início do movimento de interiorização das indústrias e foi a primeira a superar a importação de tecidos vindos da Índia. Desde o fim da Idade Média, os tecidos de algodão vindos da Índia ganharam grande fama na Europa e dominaram esse mercado até a Revolução Industrial.
GUERRAS NAPOLEÔNICAS - Foi durante as guerras napoleônicas que esse comércio foi interrompido e, após a batalha de Waterloo, a Inglaterra procurou não deixar que ele voltasse, mas ocupou esse espaço comercial, interrompendo séculos de comércio entre as Índias e a Europa.
INDIA - Ao final desse processo, era a Inglaterra quem estava exportando tecido para a Índia, que teve a sua indústria têxtil destruída e seu povo empobrecido. Com esse desenvolvimento, a cidade de Lancashire se tornou um dos maiores polos fornecedores de têxteis do mundo.
Esses polos produtores necessitavam de matérias-primas em grande quantidade e com baixo valor. Essa demanda foi suprida, principalmente, pela grande expansão das lavouras no sul dos EUA, que, com seu sistema escravocrata, garantia esse fornecimento.
ATENÇÃO - Esse processo de exportação era possibilitado pela grande frota de navios britânicos, que podiam levar os tecidos prontos e trazer as matérias-primas necessárias. Esse volume de produção não teria sido possível se fosse desenvolvido apenas em território inglês. Faltariam alimentos para os trabalhadores, mesmo com os ganhos advindos das novas técnicas de plantio e mecanização dos campos.
EM MEADOS DO SÉCULO XIX, A COROA BRITÂNICA JÁ DOMINAVA TODO O COMÉRCIO COM AS AMÉRICAS, CAUSANDO GRANDE POBREZA NESSAS REGIÕES. MESMO COM O DOMÍNIO DA INDÚSTRIA TÊXTIL NA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL, NÃO SE DEVE SUBESTIMAR O DESENVOLVIMENTO DE OUTRAS INDÚSTRIAS, COMO AS DE ALIMENTOS, BEBIDAS E UTENSÍLIOS DOMÉSTICOS, FORTEMENTE IMPULSIONADAS PELO CRESCIMENTO DAS CIDADES. No entanto, elas tiveram pouco impacto em gerar grandes transformações, pois uma grande cervejaria, que foi montada em Dublin, causou tanto impacto quanto o seu parque fabril causou na localidade em que foi instalada, não se alastrando para nenhum outro setor da economia.
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Todo o crescimento de diversos setores impulsionados pelo crescimento da indústria têxtil, como a indústria química, de equipamentos, de eletricidade, de navios mercantes e uma grande quantidade de outras atividades, que passaram a ser consideradas no desenvolvimento da revolução industrial inglesa.
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Contudo, o crescimento da indústria têxtil foi tão amplo e vasto que sua participação na expansão do comércio exterior se tornou a principal força para o desenrolar da Revolução Industrial.
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Com o passar do tempo, diversos booms e crises foram se sucedendo, como os acontecimentos nos anos de 1825-26, 1836-37, 1839-42 e 1846-48. Todo esse movimento de altos e baixos foi considerado por alguns economistas como meros fatos ocasionais. Mas, para os críticos do sistema capitalista, elas eram parte do sistema e representavam um problema inerente e insanável.
Com o tempo, esse processo foi suprimindo a taxa de retorno dos investimentos feitos na indústria têxtil. O declínio aconteceu, pois a concorrência aumentou, provocando a diminuição dos preços dos produtos acabados, mas não dos insumos de produção.
No início desse processo, como as vendas agregadas cresceram exponencialmente, os retornos decrescentes foram compensados, mas, com o tempo, ele se tornou insustentável. Esse problema foi se agravando, levando os detentores dos capitais a buscarem novos pontos para investir seus capitais.
A siderurgia, inicialmente, estava em desvantagem com a tecelagem e só ganhou maior impulso com inovações simples, como a pudelagem e a laminação, por volta de 1780. No entanto, sua demanda era modesta tendo um impulso durante as guerras de 1756 e 1815.
PUDELAGEM - Técnica que consiste em descarbonizar o ferro fundido, retirando as impurezas e o transformando em aço.
Após o fim dessas guerras, a produção teve um decréscimo e só não afundou a mineração porque a escassez de florestas na Inglaterra levou as famílias a usarem o carvão mineral nas residências. Mesmo com esse declínio, a capacidade de produção da siderurgia inglesa já era enorme, beirando os 90% da produção mundial. Essa indústria só foi ter seu grande boom com a queda do retorno sobre os investimentos na indústria têxtil.
A busca por novos investimentos encontrou sua estação nas novas ferrovias, que estavam nascendo como meio de transporte de grandes quantidades de matérias-primas, principalmente carvão mineral, mas, também, produtos e alimentos para as cidades.
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Inicialmente, foram colocados trilhos apenas para o deslocamento interno nas minas de carvão, todavia, com o passar do tempo, esses trilhos foram sendo prolongados e passaram a ser operados por grandes locomotivas a vapor.
A primeira linha de ferro moderna data de 1825 e ligava Durham ao litoral. Esse novo foco de desenvolvimento atraiu grandes somas de capital, que perdiam o seu interesse por investimentos na indústria têxtil, garantindo uma expansão muito rápida dessas linhas.
Toda essa expansão das linhas férreas criou uma demanda por siderurgia, o que expandiu esse setor de forma exponencial, gerando as condições necessárias para a transformação maciça na indústria de bens de capital. Fonte: Arcansel/shutterstock
Todo o setor de siderurgia foi impactado e começou a gerar grandes fábricas de trilhos, de locomotivas e de vagões que serviam para o transporte dos produtos da região produtora para o porto e para as demais regiões do país. Fora da Inglaterra, esse movimento ainda era insípido e demorou algum tempo para começar a se expandir e ganhar força.
ATENÇÃO
Esse movimento dos capitais financeiros para a aplicação nas ferrovias foi um tanto irracional, pois os retornos desses investimentos foram muito baixos, nulos ou até mesmo negativos. Esse processo foi bom apenas para os agentes financeiros, que se saíram muito bem, mas foi um desastre para os investidores.
No final, grandes investidores perderam suas fortunas, levando alguns a entrarem no século XX com grandes dívidas. Pessoas que tinham ganho grandes fortunas com o início da Revolução Industrial perderam quase tudo nesses novos tipos de investimento.
Apesar dessa constatação, o que possibilitou a Revolução Industrial foi que a classe rica da Inglaterra acumulava riqueza durante esses anos, o que impossibilitava a existência de oportunidades de investimento e gasto de todo esse capital acumulado.
UMA SOCIEDADE MODERNA TERIA DISTRIBUÍDO UM POUCO DESSES GANHOS ACUMULADOS, NO ENTANTO, NÃO É O QUE ACONTECIA NESSA ÉPOCA. A CLASSE MÉDIA, LIVRE DE IMPOSTOS, CONTINUAVA A ACUMULAR, TORNANDO A CLASSE MAIS POBRE CADA VEZ MAIS FAMINTA, SENDO ESSA POBREZA O REVERSO DESSA ACUMULAÇÃO SEM LIMITES.								MARX, 1999, 1995, 1995ª.
Esse foi o principal diagnóstico feito por Karl Marx (1999, 1995,1995a) em seu livro O Capital.
A EXPANSÃO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL PARA A EUROPA CONTINENTAL E A AMÉRICA
A expansão da Revolução Industrial fora da Inglaterra demorou um pouco a acontecer. Como já escrito, mesmo tendo tecnologia e condições científicas superiores, países como França e Alemanha não possuíam as condições sociais para que esse desenvolvimento acontecesse.
A grande questão que desencadeou a Revolução Industrial, que foi a migração forçada das pessoas para as cidades, não aconteceu com a mesma intensidade da Inglaterra em outros países.
A falta de condições sociais levou esses países a atrasarem o início de suas revoluções industriais, o que, em muitos lugares, levou a uma condição posterior que impossibilitou esse desenvolvimento natural. Países como França e Rússia tiveram esse início fomentado diretamente pelo Estado, que interferiu e fomentou o início de uma industrialização.
As condições rurais em outros países eram muito mais confortáveis do que na Inglaterra, o que não gerou o incentivo para a migração. Na França, por exemplo, os camponeses tinham uma situação confortável, pois as revoluções francesas tinham gerado algum bem-estar e possibilitado alguma distribuição das terras entre os camponeses.
Além disso, eles tiveram ganhos e adquiriram alguma prosperidade. Nos anos seguintes, com as guerras napoleônicas, a Europa se viu envolvida em um conflito continental que inibiu qualquer iniciativa mais consistente de um desenvolvimento industrial.
COM O FIM DO CONFLITO, A INGLATERRA RETOMOU SEU COMÉRCIO COM A EUROPA CONTINENTAL, TORNANDO AINDA MAIS DIFÍCIL O FLORESCIMENTO DE UMA INDÚSTRIA LOCAL, DEVIDO À CONCORRÊNCIA E AO GANHO DE ESCALA JÁ ADQUIRIDO PELAS INDÚSTRIAS INGLESAS.
Essa indústria local só começou a florescer com a intervenção do Governo, que começou a buscar uma industrialização local e com o acúmulo de capital por parte de uma elite inglesa, que não conseguia achar oportunidades suficientes de investimento na Inglaterra para o seu acúmulo de capital, começando a buscar oportunidades fora do país.
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Esse capital inglês, na busca por uma remuneração mais atraente, começou a fomentar o desenvolvimento de indústrias locais. Esse movimento acelerou o processo em vários países, sendo os EUA um dos mais beneficiados.
Pelo lado dos governos, estes começaram a levantar barreiras à entrada de alguns produtos estrangeiros, procurando fomentar o desenvolvimento de uma indústria nacional. Países como França e Rússia optaram por esse tipo de postura frente ao atraso que tinham no desenvolvimento de sua indústria nacional. Os EUA são um caso à parte, se tornam o lugar ideal para a produção das matérias-primas básicas e dos produtos manufaturados. Isso se explica por conta das grandes extensões de terras cultiváveis ao Sul e um sistema já adaptado ao modelo capitalista inglês de produção agrícola, com largo uso de mão de obra escrava nas lavouras de algodão e uma região mais ao Norte, que não tinha essa possibilidade por ter um clima muito frio.
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Em um primeiro momento, ainda durante o período colonial, ele foi utilizado pela Inglaterra como uma extensão de seus campos cultiváveis, principalmente a parte Sul do país.
No entanto, com as dificuldades impostas, na região Norte do país, que não podia se desenvolver por restrições impostas pela Inglaterra, começaram a surgir movimentos republicanos separatistas, os “jacksonianos”, que culminaram com a independência das 13 colônias inglesas na América.
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Com a riqueza gerada pelo comércio, era impossível evitar a criação de uma elite local, que via na colonizadora um entrave ao seu maior crescimento econômico.
Com a independência, os EUA entraram definitivamente na corrida pela industrialização, que já se desenhava na região Norte do país e com a fartura de terras cultiváveis e um sistema de produção agrícola já resolvido.
O principal motivo era a questão da terra, que na Europa continental ainda levou alguns anos para ser resolvida, e que na França persiste até hoje (grandes subsídios governamentais aos produtos agrícolas franceses). Os EUA tinham, portanto, as condições básicas para o desenvolvimento de sua própria Revolução Industrial. Foi por meio dessas condições que sua industrialização começou e seguiu o modelo inglês, primeiramente com fábricas têxteis e, em seguida, com construção de grandes ferrovias.
AS TRANSFORMAÇÕES NO PENSAMENTO ADMINISTRATIVO
Quando olhamos para o pensamento administrativo anterior à Revolução Industrial, principalmente na Inglaterra dos séculos XV e XVI, vemos ainda uma influência forte do pensamento medieval de produção comunitária, campo coletivo e pequenas cidades manufatureiras. Ou seja, aquelas pequenas indústrias que formavam guildas com monopólio sobre determinados produtos.
Com o alastramento do pensamento protestante, principalmente por meio do puritanismo, elementos como a propriedade privada, base para a Revolução Industrial, foram se espalhando pela população, gerando, em longo prazo, a mudança no formato da produção, tanto rural quanto urbana.
ATENÇÃO - Toda essa mudança na forma de organizar a produção gerou mudanças na forma de gerir os campos. Portanto, em vez de se produzir coletivamente e repartir essa produção entre todos os trabalhadores da localidade, essas pessoas passaram a ser empregadas ou meeiras dos proprietários das terras, gerando, assim, excedentes que podiam ser vendidos.
Esse foi o princípio do acúmulo de capital e que, posteriormente, foi investido na produção ainda rudimentar nas casas dos próprios trabalhadores rurais.
 SAIBA MAIS - Outro aspecto que ajudou o surgimento desse capital foi a ideia de uma vida austera, como forma de demonstrar sua devoção a Deus. Esse ponto é tão importante que os ingleses anglicanos que se juntaram o movimento de John Wesley, durante o século XVIII, foram chamados de metodistas, devido a sua postura de vida austera, regrada e metódica.
Essa forma de se comportar chegou a provocar o fechamento de todos os pubs de algumas cidades escocesas durante o início do século XIX (GONZALES, 2011). Essa postura teve grande impacto na forma de administrar as propriedades e, mais adiante, as empresas que surgiam.
AS PESSOAS QUE NÃO SE ENCAIXAVAM NESSE MODELO E QUE AINDA VIVIAM SOB O MODELO MEDIEVAL, DE MAIOR LICENCIOSIDADE NA POSTURA COM O TRABALHO, ERAM TAXADAS DE PREGUIÇOSAS.
Com esse primeiro desenvolvimento e o acúmulo de capital, as pessoas passaram a investir na produção de produtos que já tinham um mercado formado, outro ponto importante na mudança do pensamento medieval, pois, nessa época, apenas a terra tinha valor. Adam Smith (2010) concluiu que: [...] APENAS A TERRA, SEM O TRABALHO, NÃO TEM VALOR, POIS NÃO PODE GERAR GANHOS E SE AUTORRENTABILIZAR.
Marx vai construir toda a sua teoria no livro O Capital (1999, 1995, 1995a) com esse princípio, apenas deslocando-o da terra para o capital financeiro.
Para a administração, o impacto dessa nova mentalidade é essencial, pois é a partir dessa ideia que surge a necessidade de gerenciar essa mão de obra, que é o principal elemento formador do lucro e da rentabilidade, tanto da terra quanto do capital. Os fundamentos da administração moderna remontam a essa época e são catalisados por Taylor e seus sucessores, em uma ciência da administração autônoma da ciência econômica da qual se originou. Taylor é um verdadeiro representante desse metodismo que surge com Wesley, ao aplicar na administração do chão de fábrica a ideia de racionalização das ações.
Outros elementos também ajudaram a mudar a forma de administrar da Idade Média para a indústria nascente, mas tiveram menos impacto e agiram de forma mais difusa ou indireta, como todos os pontos levantados por Weber (2004) ou outros autores que trataram do tema.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. (PUC-SP) PARA O PROCESSO DE INDUSTRIALIZAÇÃO NA INGLATERRA DO SÉCULO XVIII, FOI DECISIVO(A):
(A) A relação colonial, mantida com a Índia e a Américado Norte, que possibilitou um grande acúmulo de recursos financeiros.
(B) O estímulo ao desenvolvimento inglês, promovido pela concorrência tecnológica com os americanos.
(C) A união dos interesses nacionais em torno de um esforço de desenvolvimento, logo após a expulsão das tropas napoleônicas do território inglês.
(D) O incentivo à inovação tecnológica como resultado da ação dos ludistas que destruíram as máquinas consideradas obsoletas.
A alternativa "A " está correta.
Os ingleses, ao dominarem a Índia por meio de guerra e imposição de colonização, puderam controlar a produção de tecido local e impor sua produção quebrando as indústrias indianas. Já para os EUA, em uma condição de colônia, foi utilizada como extensão de suas terras cultiváveis na produção de algodão, principalmente na região Sul, por meio de um sistema escravocrata de mão de obra.
2. (VINESP – 2019 – ADAPTADA) AS EXPORTAÇÕES DE ALGODÃO AUMENTARAM DE MANEIRA VERTIGINOSA DE 1790 A 1860. EM 1820, OS EUA JÁ HAVIAM SE CONVERTIDO NO MAIOR PRODUTOR MUNDIAL DE ALGODÃO E UNS DEZ ESTADOS E TERRITÓRIOS DEPENDIAM EM GRANDE MEDIDA DO SISTEMA DE PLANTAÇÕES.
(JENKIS, P. BREVE HISTÓRIA DOS ESTADOS UNIDOS. 2017. ADAPTADO). O AUMENTO DA PRODUÇÃO DE ALGODÃO NOS EUA FOI CONDICIONADO POR ALGUNS FATORES, ENTRE OS QUAIS:
(A) A natureza da colonização inglesa e a manutenção do pacto colonial.
(B) A unificação do país pelo governo central e a abolição da escravidão.
(C) A Revolução Industrial e o aumento da exploração da mão de obra escrava.
(D) A anexação de mercados no Oeste e o emprego massivo da mão de obra imigrante.
A alternativa "C " está correta.
Os EUA foram utilizados como extensão das terras cultiváveis da Inglaterra. Além disso, durante a era colonial, o desenvolvimento de uma indústria local foi inibido, por meio de proibição oficial e repressão policial.
MÓDULO 3
Descrever o pensamento dos economistas liberais
O LIBERALISMO INGLÊS
A TEORIA DA MÃO INVISÍVEL DE ADAM SMITH
O LIBERALISMO INGLÊS ESTÁ BASEADO NA FORMA COMO A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL OCORREU NA INGLATERRA NOS SÉCULOS XVIII E XIX, EM QUE AS REGULAÇÕES ERAM INEXISTENTES DEVIDO A UMA LEGISLAÇÃO RUIM E OMISSA. ALÉM DISSO, HAVIA UMA CRESCENTE FORÇA DA BURGUESIA INGLESA, QUE CRESCERA POR MEIO DE UM COMÉRCIO LIVRE E SEM IMPOSTOS.
Desde a revolução Gloriosa, o parlamento já tinha controlado o poder absoluto do rei e, com isso, regulado a ânsia deste por impostos e pelo controle estatal sobre a economia.
ATENÇÃO
Outro ponto importante para a formação desse liberalismo foram as ideias calvinistas que forjaram a base para o surgimento do capitalismo, como o valor do trabalho, a não culpabilidade pelo lucro e, pelo contrário, a sua exaltação e a do enriquecimento (WEBER, 2004), além da austeridade e do metodismo de uma grande parcela da população.
Essas duas particularidades vão se refletir mais intensamente a partir de Taylor e seu homem economicus (TAYLOR, 1911) da virada do século XIX para o XX, já nos EUA.
Para os economistas liberais, é na ausência dos controles do Estado e na própria força de autorregulação do mercado que está a grande força motriz do desenvolvimento e da criação de riquezas para as nações.
Esse será, inclusive, o título principal da obra do autor mais conhecido do liberalismo inglês, Adam Smith (2010), que escreve o livro Investigação da natureza e causas da riqueza das nações, apresentando as suas teorias da formação do valor dos bens.
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O PENSAMENTO DE ADAM SMITH				Fonte: Matt Ledwinka/Shutterstock
Adam Smith foi o economista mais influente da história do liberalismo inglês. Seus estudos sobre microeconomia são louvados até os dias de hoje. Em seu livro sobre as riquezas das nações, Smith (2010) discute a formação dos preços buscando teorizar uma construção para a formação de um preço padrão para as trocas de mercadorias.
Ele chamou essa ideia de teoria do valor trabalho, sendo ela que determinava o valor do bem ou de sua troca. Nela, o principal fator que determina o preço do bem é o valor da mão de obra demandada, pois determinará se uma mercadoria deve ter um preço maior ou menor que outra, criando, assim, um valor padrão para a construção dos preços dos produtos.
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David Ricardo foi um dos autores liberais que não concordaram com essa forma de conceituar o valor padrão de construção do preço dos bens. Karl Marx (1999, 1995, 1995a), por sua vez, irá utilizar essa mesma medida de valor para construir suas teorias, indicando concordância parcial com essa forma de pensamento.
PARA SMITH, ESSE VALOR PADRÃO SE PROJETARIA NA ECONOMIA E SERIA A BASE DE TODOS OS PREÇOS DO MERCADO, SERVINDO COMO O VALOR MÍNIMO DOS BENS E GARANTINDO UMA ESTABILIDADE DE LONGO PRAZO NA ECONOMIA.
A partir dessa premissa, ele desenvolve a teoria da oferta e da procura, em que uma mão invisível levaria os preços sempre ao equilíbrio, em uma economia sem restrições como as impostas pelo Estado.
TEORIA DA OFERTA E DA PROCURA
A teoria da oferta e da procura, como pensada por Smith, garantiria que, se um preço subisse acima de um certo patamar, esse bem voltaria naturalmente ao seu valor de equilíbrio, como se uma “mão invisível” o levasse a esse comportamento e ao novo equilíbrio.
Essa lei da oferta e da procura postula que o preço de um produto é o valor que equilibra a disposição dos consumidores em comprarem certa quantidade por um preço pelo qual os vendedores estão dispostos a venderem a mesma quantidade de produtos.
EXEMPLO - Se o preço de um produto é de R$10,00, os compradores estarão dispostos a adquirir 1000 unidades dele. Entretanto, para que isso aconteça, os vendedores devem deter os 1000 produtos para serem vendidos por R$10,00 cada.
Se uma das partes quiser algo diferente, um novo equilíbrio entre valor e quantidade será criado no encontro entre as disposições de cada parte. Vale dizer que o ponto de equilíbrio é onde o valor e a quantidade garantirão o maior lucro para o vendedor e a maior quantidade e menor preço para o comprador.
Resumindo, em um mercado de concorrência perfeita, os compradores tomarão decisões que, ao final, levarão ao equilíbrio entre a quantidade ofertada pelo vendedor e a quantidade procurada pelos compradores. Cessando, com isso, o incentivo a mudanças de preço e quantidades.
Fonte: www.dicionariofinanceiro.com Como funciona a lei da oferta e da procura. Utilizando essa lei e o seu pensamento sobre a mão invisível, Smith defendia que o mercado se autorregulava, não necessitando da interferência do Estado, que apenas causaria o desequilíbrio dessa balança, provocando mais desequilíbrios que solução de problemas. Os problemas de trabalhadores e empregadores seria resolvido de forma automática por essa mão invisível, gerando ganhos muito maiores para ambos se o Estado não interferisse nesse processo.
ATENÇÃO
O que se observa é que, para o seu funcionamento perfeito, são necessárias a livre concorrência e a total difusão das informações dentro dos mercados. Se existe assimetria de informações entre as partes, esse processo já não acontece.
Além disso, existem outras questões que devem ser levadas em consideração na lei da oferta e da procura, como a elasticidade do produto, os desejos e as necessidades dos consumidores, o poder de compra da sociedade, a livre concorrência, entre outros fatores.
Na teoria da mão invisível, é importante salientar que esta acontece independentemente da vontade dos indivíduos, pois estes, na busca por seus interesses particulares — como o lucro e o seu bem-estar, ou seja, seus desejos individualistas e egoístas — estão, na realidade, contribuindo para a ação dessa mão invisível.
ESSA VISÃO ESTÁ TOTALMENTE ALINHADA COM AS IDEIAS CALVINISTAS DE SALVAÇÃO INDIVIDUAL E INDIVIDUALISMO TÃO FORTEMENTE PRESENTES NA BASE DO CAPITALISMO. MUITO CLARA PRINCIPALMENTE NA CULTURA ANGLO-SAXÃ QUE FORMARA A INGLATERRA E, POSTERIORMENTE, OS EUA.
WEBER, 2004.
O PENSAMENTO DE DAVID RICARDO
David Ricardo foi um dos pensadores ingleses que moldou os conceitos de economia liberal. Ele desenvolveua teoria da vantagem competitiva em comércio exterior das nações em seu livro Princípios de economia política e tributação, de 1813. Nele, o autor apresenta seu diagnóstico e sua teoria sobre a forma como cada nação deveria se comportar frente ao desafio imposto por outras nações na forma de comercializar os seus produtos.
QUAL ERA A TEORIA DE DAVID RICARDO? A teoria de David Ricardo (2001) indicava que, em comércio exterior, os países deveriam escolher o produto que tivesse a maior vantagem competitiva e investir todos os seus esforços para a sua produção e comercialização. Assim, deixaria os outros países fazerem o mesmo com os seus próprios produtos, o que proporcionaria maior ganho para todos. Mesmo se dois países tivessem produções iguais, esses deveriam escolher apenas um produto e investir nesse. Para formular essa hipótese, Ricardo considerou que todas as nações têm possibilidades finitas de volume de produção e que, ao escolher produzir o que trazia maior ganho, estava maximizando sua produção, e com isso, obtendo a maior vantagem possível. Se cada país se comportasse assim, todos sairiam ganhado e o comércio mundial poderia suprir as necessidades de todas as pessoas com o menor custo possível.
Além dessa questão, temos ainda que, mesmo se um país tiver vantagem de produção em todos os bens sobre o outro país, ao se especializar na produção e exportação de apenas um, todos os países envolvidos nesse comércio sairiam ganhando. Para que esse ganho seja possível, basta que cada país exporte o bem em que tem vantagem comparativa. Isso implica dizer que cada país irá escolher um bem no qual seu valor seja, comparativamente ao outro país, mais vantajoso, mesmo que, no todo, sua economia seja menos eficiente.
VOCÊ SABIA
Outras questões tratadas por Ricardo, que era corretor de bolsa e membro do parlamento inglês, foram as questões da moeda e do câmbio, além de questões de formação de preço, da mesma forma que Smith.
MOEDA - Na questão da moeda, ele encampou uma teoria quantitativa restrita da moeda, em que o lucro era o fundamento de sua teoria, relacionando esse com os salários e o custo da produção e da subsistência do empregado. Cada um desses elementos funcionava de forma interligada, gerando a base monetária de um país, e consistia na quantidade de moeda que deveria circular em uma economia.
DISTRIBUIÇÃO - Outro ponto importante modificado por Ricardo foi o olhar da economia para a questão da distribuição, algo bem diferente dos pensamentos econômicos anteriores. Para ele, a ênfase nos aspectos relacionados a esse tema poderia gerar mudanças positivas na sociedade.
Isso deveria ser feito por meio das leis que modificariam a forma como a distribuição dos recursos seria feita, gerando, com isso, as transformações necessárias, o que o torna um precursor das ideias de Karl Marx.
Em contrapartida à teoria de valor de Smith, Ricardo acreditava que o valor das mercadorias era determinado por três elementos, sendo eles: utilidade, escassez e trabalho. Essa mudança de olhar enriqueceu os estudos sobre o valor dos bens, pois incorporou à análise outros elementos não considerados por Smith.
UTILIDADE - A utilidade de um bem tem impacto em seu preço, pois pode aumentar a sua capacidade de atração de consumidores, gerando maior demanda.
ESCASSEZ - A escassez, na outra ponta do pêndulo, impacta na oferta de produtos, reduzindo esta e elevando o preço do produto.
TRABALHO - Por fim, o elemento trabalho, pois ele limita o valor mínimo que o produto pode ter, baseando-se na ideia de custo da produção, devido ao custo de sobrevivência do trabalhador.
Ricardo rejeitou as conclusões de Smith da “medida padrão de valor” (mão de obra demandada), pois, para ele, existe um segundo tipo de medida que é o trabalho incorporado.
Isso porque os trabalhadores podem estar na empresa e, simplesmente, não produzirem, o que torna a mão de obra demandada extremamente variável, não podendo ser usada como medida padrão de valor para a construção dos valores dos bens.
A grande dificuldade é que a mão de obra não é homogênea e, além disso, tem a diferença nas quantidades de capital empregada para a produção da mesma quantidade de produtos, dependendo de diversos fatores, como equipamentos, treinamento da mão de obra, sistemas de produção, entre outros. O retorno sobre o capital investido, pago aos aplicadores, também impacta na formação do preço dos produtos, gerando mais variáveis nessa composição. Os bens poderiam ter seus preços marcados nas quantidades de trabalho incorporado, desde que todos os outros elementos fossem iguais. O capital e o trabalho teriam de ser combinados sempre de forma igual, os capitais investidos em ativos fixos precisariam ter sua vida útil em igual tamanho e o capital circulante teria de ser uniforme em toda a economia.
No entanto, como esses elementos não são uniformes, variações em um deles alteram o custo de troca de um produto. Essa dificuldade é que levou Ricardo a mudar seu foco e observar os três elementos descritos como críticos para a formação dos preços dos produtos.
Com essa crítica e sua contínua busca por uma medida padrão de valor dos produtos, que não pode ser encontrada, ele juntou a teoria do valor com a teoria da distribuição, tornando-se um dos temas que mais preocupou os economistas durante todo o século XIX.
O PENSAMENTO DE THOMAS MALTHUS
Um dos pensadores liberais do século XIX foi Thomas Malthus, amigo de David Ricardo e com pensamento fortemente calvinista. Acreditava que o homem não podia atingir a perfeição, questionando de forma direta as ideias do Iluminismo.
Seu pensamento de que o homem recebe de Deus uma habilidade natural e que esta não pode ser alterada está baseada na ideia calvinista da predestinação, listada por Weber (2004) como uma das bases que formou o capitalismo.
Para Malthus (1798), “o ser humano é imperfeito”, refutando diretamente o pensamento de Rousseau do “bom selvagem”, onde o homem é, em essência, bom e é a sociedade que o tona mal.
ESSE PENSAMENTO DE ROUSSEAU LEVOU À CONSOLIDAÇÃO DO HUMANISMO E SE TORNOU A BASE DE DIVERSAS REVOLUÇÕES, COMO A FRANCESA, QUE TENTAVA MUDAR A SOCIEDADE E, COM ISSO, AFLORAR ESSA BONDADE HUMANA. EM CONTRAPONTO COM ESSE PENSAMENTO, MALTHUS ACREDITAVA QUE O SER HUMANO ERA ESSENCIALMENTE MAL E, POR ISSO, A SOCIEDADE TINHA TAL CONFORMAÇÃO.
Para ele, essa sociedade disforme era o melhor que o ser humano poderia fazer. A única forma de o ser humano vencer a sua maldade inerente era a dádiva divina, dada aos eleitos, ou seja, era intrínseca ao ser humano eleito e só este poderia exercer essa virtude.
SAIBA MAIS - Malthus teorizou muito sobre o crescimento populacional e da produção de alimentos, e isso foi devido a toda a construção da natureza do homem e a visão do crescimento demográfico ocorrido durante a Revolução Industrial.
Para além disso, os problemas de produção nos campos, devido à sua proprietização, passaram a ter único dono, a crescente inflação de preços e a falta de leis sobre a regulação em geral do trabalho também o levaram a indicar que a população cresceria de forma geométrica e a produção de forma aritmética.
Para Malthus, a população não poderia crescer de forma indiscriminada, como vinha acontecendo, pois a produção de alimentos não conseguiria acompanhar o crescimento, e isso levaria ao maior empobrecimento da população pela escassez de alimentos.
Ele colocava que existiam dois tipos de obstáculos que impediam o homem de atingir esse patamar insustentável.
DESTRUTIVO - O primeiro, chamado de destrutivo, vem da natureza, como as pestes, e os provocados pelo homem, como as guerras. Os obstáculos destrutivos, como as guerras com grandes mortandades, reduzem a população de tal forma que os remanescentes têm grande abundância de alimentos, optando pela geração de um grande boom de novos nascimentos, como os ocorridos após a Segunda Guerra Mundial.
PRIVATIVOS - Já os obstáculos privativos levam, em longo prazo, à diminuição na natalidade e, com isso, a uma possível estabilidade entre a produção de alimentos eo crescimento demográfico. O privativo, ou voluntário, é quando o homem observa e passa a ter medo de não conseguir alimentar os seus filhos, reduzindo a taxa de natalidade das famílias.
Para Malthus, no curto prazo inglês, o problema do crescimento demográfico não tinha solução, mas, em longo prazo, se equacionaria com a diminuição natural do crescimento demográfico ou por algum outro tipo de restrição natural ou voluntária do mesmo. A teoria/profecia de Malthus foi adiada e, por fim, não aconteceu, pois, por um lado, o desenvolvimento tecnológico possibilitou o incremento da produtividade de alimentos de forma exponencial, acompanhando o crescimento populacional; por outro, as pessoas começaram a controlar a fecundidade das famílias.
A questão dos ganhos tecnológicos não foi considerada por Malthus, mas teve enorme impacto na produtividade dos anos seguintes e até hoje.
A outra ponta da teoria de Malthus sobre o crescimento populacional foi em parte cumprida, sendo verificada, principalmente, na Europa continental, com as duas grandes guerras mundiais. E, nos últimos tempos, com a redução da natalidade nos países desenvolvidos e nas populações mais abastadas dos grandes centros urbanos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. “[...] JÁ TIVE A OCASIÃO DE VER DIVERSOS RAPAZES COM MENOS DE 20 ANOS DE IDADE QUE NUNCA TINHAM FEITO QUALQUER TRABALHO ALÉM DE PRODUZIR PREGOS E QUE, QUANDO SE ESFORÇAVAM, CONSEGUIAM FAZER MAIS DE DOIS MIL E TREZENTOS PREGOS POR DIA. A FABRICAÇÃO DE UM PREGO, PORÉM, NÃO É DE FORMA ALGUMA UMA DAS TAREFAS MAIS SIMPLES. A MESMA PESSOA ACIONA O FOLE, AGITA OU CORRIGE O FOGO SE TAL FOR NECESSÁRIO, AQUECE O FERRO E FORJA TODAS AS PARTES DO PREGO; PARA FORJAR A CABEÇA É AINDA OBRIGADA A MUDAR DE FERRAMENTAS. AS DIFERENTES OPERAÇÕES EM QUE A FABRICAÇÃO DE UM PREGO, OU DE UM BOTÃO METÁLICO, SE SUBDIVIDE SÃO MUITO MAIS SIMPLES DO QUE A TOTALIDADE DAS OPERAÇÕES E, POR CONSEGUINTE, É MUITO MAIOR A DESTREZA DO OPERÁRIO QUE DURANTE TODA A SUA VIDA HAJA TIDO SEMPRE A MESMA FUNÇÃO. A RAPIDEZ COM QUE ALGUMAS DAS OPERAÇÕES DESSAS INDÚSTRIAS SÃO EFETUADAS EXCEDE AQUILO QUE SE PODE IMAGINAR E QUE NUNCA TINHA SIDO VISTO SOBRE A DESTREZA DO TRABALHO HUMANO.” (SMITH, A. INVESTIGAÇÃO SOBRE A NATUREZA E AS CAUSAS DA RIQUEZA DAS NAÇÕES. IN: SMITH, A.; RICARDO, D. OS PENSADORES. TRAD. DE CONCEIÇÃO JARDIM MARIA DO CARMO CARY E EDUARDO LÚCIO NOGUEIRA, SÃO PAULO: ABRIL, 1974.)
COM BASE NO TEXTO, ASSINALE A ALTERNATIVA QUE CONTEMPLE CORRETAMENTE O PENSAMENTO DE ADAM SMITH ACERCA DA DIVISÃO DO TRABALHO E SUAS IMPLICAÇÕES SOCIAIS.
(A) A divisão do trabalho não distribui naturalmente bem-estar às camadas mais pobres, porque, ao consumir uma mercadoria, um trabalhador especializado consome menos trabalho desempenhado por outros trabalhadores do que aquele que ele mesmo efetivou em sua atividade específica.
(B) A divisão do trabalho não distribui naturalmente bem-estar às camadas mais pobres porque produz desigualdades “justificáveis” e “injustificáveis”, sendo as primeiras de estatuto econômico e as segundas de características políticas e impeditivas da liberdade.
(C) A divisão do trabalho distribui naturalmente bem-estar entre todos e não pode, por isso, nas relações entre explorados e exploradores, receber interferências da política, a mão invisível do mercado resolve os desequilíbrios mediante a autorregulação da oferta e da demanda.
(D) A divisão do trabalho distribui naturalmente bem-estar entre todos. Contudo, além da autorregulação pela oferta e pela demanda, conta com a colaboração da política, uma vez que a mão invisível do mercado elimina apenas as desigualdades “justificáveis” e não as “injustificáveis”.
A alternativa "C " está correta.
A teoria defendida por Adam Smith identifica que a mão invisível agiria reconduzindo os desequilíbrios momentâneos a um equilíbrio de longo prazo, mesmo com a ação egoísta dos agentes econômicos, desde que o Estado não interferisse nesse encontro.
2. (TJ-PR – 2013) SOBRE O LIBERALISMO, QUE TINHA COMO BASE A PROPRIEDADE PRIVADA, O INDIVIDUALISMO ECONÔMICO, A LIBERDADE DE COMÉRCIO, DA PRODUÇÃO E DE CONTRATO DE TRABALHO SEM CONTROLE DO ESTADO OU PRESSÃO DOS SINDICADOS, É CORRETO AFIRMAR:
(A) Karl Marx, influenciado por economistas liberais, criticou as políticas adotadas por modelos conservadores e combateu a ideologia comunista.
(B) Thomas Malthus entendia que a pobreza e o sofrimento eram inerentes à sociedade humana, de modo que as guerras e as epidemias ajudariam muito no equilíbrio temporário entre a produção e a população.
(C) Adam Smith, economista norte-americano, defendia que o Estado deveria intervir sobre a iniciativa privada, de modo a possibilitar a livre concorrência.
(D) David Ricardo demonstrou em suas teorias liberais que as nações devem manter sua soberania e priorizar o comércio de seus produtos antes de importar de outros países.
A alternativa "B " está correta.
Segundo a teoria de Thomas Malthus, com o crescimento desigual entre a produção e a natalidade humana, faltariam alimentos em longo prazo, sendo uma das possíveis soluções a diminuição da população por meio de guerras e pestes. Essa era, contudo, uma forma não voluntária de controle populacional.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após o estudo deste tema, compreendemos as principais mudanças na organização e no pensamento administrativo antes e depois da Revolução Industrial.
Conceitos como os de Adam Smith — da mão invisível — ou de David Ricardo — dos elementos que formam os preços dos produtos — são revisitados pela teoria econômica e administrativa até hoje.
Esperamos ter colaborado com essa construção de conhecimento e aprimoramento, com a colocação de mais um tijolo rumo ao crescimento na carreira profissional.
Boa sorte!
REFERÊNCIAS
CUNLIFFE, A. L. Organization theory. Londres: SAGE, 2008.
DICIONÁRIO FINANCEIRO. Como funciona a lei da oferta e da procura. S./l., s./d.
GONZALES, J. L. História ilustrada do cristianismo: a era dos mártires até a era dos sonhos frustrados. 2. ed. Tradução de H. U. Fuchs e K. Yuasa. São Paulo: Vida Nova, 2011.
HOBSBAWM, Eric J. Da revolução industrial inglesa ao imperialismo. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1979.
MALTHUS, T. R. An essay on the principle of population. Londres: J. Johnson, in St. Paul’s Church-Yard, 1798.
MARX, K.; Engels, F.; McLellan, D. Communist manifesto. USA: Oxford University Press, 1992.
MARX, K. Capital: volume I. Tradução de Hinrich Kuhls Zodiac, Allan Thurrott, Bill McDorman, Bert Schultz e Martha Gimenez. Stephen Baird and Brian Basgen, 1999.
MARX, K. Capital: volume II. Nova York: International Publishers, 1995.
MARX, K. Capital: volume III. Nova York: International Publishers, 1995a.
RICARDO, D. The principles of political economy and taxation. Ontario: Batoche Books/Kitchener, 2001.
SMITH, A. An inquiry into the nature and causes of the wealth of nations. Menphis: General Books LLC, 2010.
TAYLOR, F. W. The principles of scientific management. Nova Iorque: Harper, 1911.
WEBER. Max. Ética protestante e o “espírito” do capitalismo. Tradução de J. M. M. Macedo. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.
EXPLORE+
· Leia o livro de Eric J. Hobsbawm (1979), Da revolução industrial inglesa ao imperialismo, para aprofundar seus conhecimentos sobre a Revolução Industrial de forma bastante abrangente, além de ser uma leitura fácil e agradável.
· Leia o Livro de Max Weber (2004), Ética protestante e o espírito do capitalismo, para entender melhor a base intelectual que gerou as condições para a Revolução Industrial e o florescimento do capitalismo.
· Pesquise o livro O Capital de Karl Marx (1999, 1995, 1995a). Para quem gosta do tema da luta de classes, é interessante a leitura, pois o livro utiliza os conceitos de Adam Smith e David Ricardo para construir as suas teorias de mais-valia e de valor dos bens e da mão de obra.
CONTEUDISTA - Prof. Ms. Ettore de Carvalho Oriol CURRÍCULO LATTES
TEORIA DAS ORGANIZAÇÕES – O SURGIMENTO DA CIÊNCIA DA ADMINISTRAÇÃO
DESCRIÇÃO - Apresentação dos conceitos de escola de administração científica; organizaçãoracional do trabalho (ORT); fordismo; além da teoria clássica da administração; da burocracia; e de escola das relações humanas.
PROPÓSITO - Compreender a importância das primeiras escolas do pensamento administrativo e sua evolução para uma visão focada nas tarefas e na estrutura das organizações, uma abordagem mais humanística, centrada nos indivíduos.
OBJETIVOS
MÓDULO 1 - Descrever as contribuições de Frederick Taylor para a administração científica e de Henry Fayol para a administração clássica
MÓDULO 2 - Descrever o modelo burocrático de Max Weber
MÓDULO 3 - Descrever as origens da escola das relações humanas
INTRODUÇÃO - Ao longo dos anos, a Administração foi influenciada por diversos atores, tais como: filósofos, economistas, empreendedores em busca do capital, organizações religiosas e militares, entre outros.
Além disso, um dos grandes marcos na história da administração foi a Revolução Industrial, que tornou o ambiente das organizações complexo e mais desafiador. Quando falamos da indústria, podemos considerá-la como aquela que é responsável pela transformação das matérias-primas por meio de máquinas e trabalhadores.
Esse processo passou, então, a ser feito pela manufatura nas indústrias. Vale lembrar que antes era o trabalho artesanal, ou seja, realizado por pequenos trabalhadores independentes. Estes eram os donos dos meios de produção, ferramentas e matéria-prima, que vendiam o produto de seu trabalho para um mercado local.
Com essa mudança, os artesãos passaram a trabalhar nas indústrias em troca de um salário e suas pequenas oficinas foram substituídas pelas manufaturas. Esse processo daria início ao sistema do capitalismo.
É importante ressaltar que, nessa época, não havia a divisão de trabalho que conhecemos hoje, isso porque todas as fases da produção eram feitas pela mesma pessoa.
Em decorrência dessa revolução da indústria, surgem as primeiras abordagens da administração que se dedicaram a estudar as consequências geradas pela Revolução Industrial, como, por exemplo, o crescimento acelerado e desorganizado das empresas.
Por isso, a partir desse processo, as empresas iniciaram uma transformação no que antes era baseado na tentativa e erro, e na improvisação para o estudo a partir de métodos científicos.
Isso gerou o aumento da eficiência e da competência destas empresas no que se refere a melhores rendimentos dos seus recursos, gerenciamento dos seus processos e aumento da competição no mercado que se formava.
MÓDULO 1
Descrever as contribuições de Frederick Taylor para a administração científica e de Henry Fayol para a administração clássica
A ABORDAGEM CLÁSSICA DA ADMINISTRAÇÃO
No início do século XX, dois engenheiros foram responsáveis pelo desenvolvimento dos primeiros trabalhos sobre a administração de forma pragmática.
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FREDERICK WINSLOW TAYLOR
Frederick Winslow Taylor, um engenheiro norte-americano, iniciou a chamada teoria ou escola da administração científica, com o objetivo de ampliar a eficiência da indústria a partir da racionalização do trabalho do operário.
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HENRI FAYOL
Henri Fayol, um engenheiro europeu, desenvolveu a teoria ou escola clássica, focada no aumento da eficiência das empresas a partir de sua organização e, também, da aplicação de princípios gerais da administração em bases científicas.
Por causa dessas duas correntes de pensamentos, a abordagem clássica da administração tem duas orientações diferentes que, em certa medida, são opostas entre si, mas que se complementam.
VAMOS COMPREENDER, A SEGUIR, UM POUCO MAIS SOBRE CADA UMA DESTAS ESCOLAS DE PENSAMENTOS.
ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO CIENTÍFICA
A concepção da administração científica teve início nos EUA, por meio de estudos de engenheiros nativos, como Frederick Winslow Taylor (1856-1915), Harrington Emerson (1853-1931), Henry Lawrence Gantt (1861-1919), Frank Bunker Gilbreth (1868-1924) e outros.
Além desses, Henry Ford (1863-1947) costuma ser incluído pela aplicação desses princípios em seus negócios.
Taylor deu início a suas experiências e seus estudos a partir do trabalho do funcionário que atuava no chão de fábrica, o operário ou trabalhador. Posteriormente, seu estudo teve uma trajetória inversa, ou seja, analisou operários e depois os demais processos da empresa. Por isso, a ênfase nas tarefas é o que marca essa escola de pensamento.
SEGUNDO TAYLOR, A ADMINISTRAÇÃO DEVERIA SER TRATADA COMO CIÊNCIA. PORTANTO, BUSCAVA MELHORIA NOS RENDIMENTOS DOS SERVIÇOS DOS OPERARIADOS DA ÉPOCA, QUE ERAM DESQUALIFICADOS E TRATADOS COM DESLEIXO PELAS EMPRESAS.
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Naquela época, não havia interesse em qualificar o trabalhador, porque o pensamento é de que aquela mão de obra era dispensável e facilmente substituível. Seu estudo sobre os tempos e movimentos revelou que centenas de operários desqualificados significava baixa produtividade e, consequentemente, lucros decrescentes, forçando as empresas a contratarem mais operários. Autor: Everett Collection/Fonte: Shutterstock
Preocupado em eliminar os desperdícios e as perdas sofridas pelas indústrias norte-americanas da época, e aumentar os níveis de produtividade, Taylor provocou uma revolução no pensamento administrativo e no mundo industrial de sua época. E é importante dizer que conseguiu o feito por meio da aplicação de métodos e técnicas da engenharia industrial.
TAYLOR BUSCOU A DEFINIÇÃO DE PRINCÍPIOS CIENTÍFICOS PARA A ADMINISTRAÇÃO DAS EMPRESAS E TINHA O OBJETIVO DE RESOLVER PROBLEMAS QUE RESULTASSEM DAS RELAÇÕES ENTRE OS OPERÁRIOS.
NO SEU ENTENDIMENTO, O BOM TRABALHADOR NÃO DISCUTE AS ORDENS OU INSTRUÇÕES COM SEU PATRÃO, APENAS AS CUMPRE.
No ano de 1895, Taylor expôs à Sociedade Norte-Americana de Engenheiros Mecânicos um estudo experimental denominado Notas sobre as correias.
Derivado das suas reflexões sobre o que seria a administração por eficiência, publicou ainda um segundo estudo chamado Um sistema de gratificação por peça, em que mostrava um sistema de gratificação e administração dos operários.
Anos mais tarde, em 1903, o mesmo teórico publicou seu livro Administração de Oficinas, que trata de técnicas de racionalização do trabalho, por meio do Estudo de Tempos e Movimentos.
Dando sequência em seus estudos, no ano de 1911, publicou outra obra, Princípios de Administração Científica, concluindo que a racionalização do trabalho operário deveria ser acompanhada de uma estruturação de toda a empresa a fim de tornar coerente a aplicação de seus princípios.
A ORGANIZAÇÃO RACIONAL DO TRABALHO (ORT)
Partindo da observação de seus estudos, Taylor percebeu que os trabalhadores aprendiam a maneira de executar suas tarefas por meio da observação dos seus companheiros vizinhos. Por isso, o trabalho era executado de diferentes maneiras e métodos, gerando diferentes índices de produtividade para cada trabalhador.
Dessa forma, ele concluiu que os administradores, e não os operários, deveriam determinar qual deveria ser a melhor maneira de realizar um trabalho.
Como decorrência desta decisão, o autor dividiu as atividades da seguinte maneira: a administração ou gerência era responsável pelo planejamento (estudo detalhado do trabalho do operário e o estabelecimento do seu método) e pela supervisão (assistência contínua ao trabalhador durante a produção); e os trabalhadores ficavam com a execução do trabalho.
A substituição dos métodos empíricos e rudimentares pelos métodos científicos recebeu o nome de organização racional do trabalho (ORT), que consiste nos aspectos listados a seguir:
SELEÇÃO DO TRABALHADOR DE FORMA CIENTÍFICA
Cada operário deve desempenhar a tarefa que seja compatível com as suas aptidões. O seu desempenho deve vir do resultado de treino. Dessa forma, tal seleção se torna importante para o trabalhador, pois se sente valorizado; e para a empresa, que consegue elevar a sua produtividade.
TEMPO-PADRÃO
Para Taylor, era essencial que a empresa contasse com parâmetros de controle da produtividade, porque se o salário do trabalhador estiver

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