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Disciplina: Prática IV Aula 3: Ação Penal e medidas despenalizadoras Apresentação Nesta aula, identificaremos o órgão que propõe a ação penal para quem comete crime ambiental. Em seguida, esclareceremos a aplicação dos institutos despenalizadores que estão previstos na Lei 9.099/95 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9099.htm> e reproduzidos na Lei 9.605/98 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L9605.htm> . Bons estudos! Objetivos Descrever ação penal; Examinar os institutos despenalizadores; Identificar a possibilidade de suspensão condicional do processo. Punição de crime Quando alguém, pessoa física ou jurídica, comete uma infração penal, o Estado tem o direito de punir (pretensão punitiva). O processo penal é o corpo de normas jurídicas, cuja finalidade é regular o modo, os meios e os órgãos encarregados de punir que o Estado possui. O processo penal é realizado por meio do Poder Judiciário, constitucionalmente incumbido de aplicar a lei ao caso concreto. Balança da justiça e algemas no tribunal (Fonte: Mina Tepes / Shutterstock) Vejamos alguns componentes do processo penal. Sistema Acusatório Atualmente vige no ordenamento jurídico brasileiro, pois há separação entre as funções de acusar, julgar e defender, com três personagens distintos: Autor Juiz Réu O sistema acusatório segue, ainda, algumas definições: 1 O processo é regido pelo princípio da publicidade dos atos processuais, admitindo-se excepcionalmente o sigilo (art. 93, IX da CRFB/1988 c/c art. 792, §1º do CPP); 2 Os princípios do contraditório e da ampla defesa são observados — o réu é sujeito de direitos; 3 O sistema de provas adotado é o livre convencimento motivado, nos termos do que dispõe o art. 155 do CPP. Sujeitos do processo Já vimos que os sujeitos do processo, chamados de sujeitos principais, são: Autor Juiz Réu As partes no processo penal são somente autor e réu. O juiz é sujeito processual imparcial. No processo penal, é possível observar: 1 Sentença condenatória A mais comum. 2 Sentença declaratória Aquela em que o Juiz reconhece, por exemplo, a prescrição. 3 Sentença constitutiva Por exemplo, a sentença que julga procedente o pedido na revisão criminal. A classificação subjetiva da ação está ligada diretamente a quem tem legitimidade para propor ação. Promovidas pelo Ministério Público A ação penal pública pode ser: De iniciativa pública incondicionada A regra é que a ação seja pública incondicionada. Portanto, no silêncio da lei, será sempre ação pública incondicionada. De iniciativa pública condicionada a representação Ou ação penal pública de iniciativa pública condicionada a requisição do Ministro da Justiça. Ocorre quando a lei disser “somente se procede mediante representação”, ou “somente se procede mediante requisição do Ministro da Justiça”, é ação pública condicionada. Promovidas pelo ofendido ou representante legal A ação penal pública de iniciativa privada. Dispondo a lei: “Somente se procede mediante queixa” ⇩ É ação pública de iniciativa privada. Princípios regentes da ação penal pública de iniciativa pública 01 Princípio da Obrigatoriedade (art. 24 do CPP <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/Del3689Compilado.htm> ) Havendo indícios de autoria e prova da materialidade quanto à prática de fato típico, ilícito e culpável não pode o Ministério Público deixar de ajuizar a ação penal. 02 Princípio da Indivisibilidade É uma consequência do princípio da obrigatoriedade, ou seja, havendo dois ou mais acusados, deverá o Ministério Público ajuizar ação contra todos. Estátua da Justiça (Fonte: Mirro / Shutterstock) 03 Princípio da Indisponibilidade Uma vez ajuizada a ação penal pública, o Ministério Público não pode desistir da ação, conforme previsão expressa do art. 42 do CPP. 04 Princípio da Oficialidade A ação penal de iniciativa pública será deflagrada por iniciativa de órgão oficial que no caso é o Ministério Público. 05 Princípio da Intranscendência A ação penal será ajuizada unicamente contra o responsável pela autoria e participação no fato típico. A ação penal pública é iniciada por meio de denúncia (art. 24 do CPP) e tem como titular o Ministério Público (art. 129, inciso I da CRFB/1988 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/con stituicaocompilado.htm> ). Qual o prazo para oferecimento da denúncia, de acordo com art. 46 do CPP: Cinco dias quando o réu estiver preso. Quinze dias quando o réu estiver solto. O art. 24 do CPP dispõe sobre ação penal pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça, ou condicionada à representação. A requisição ou representação tem natureza jurídica de condição de procedibilidade, ou seja, sem tal pedido/autorização, não pode o Ministério Público promover a ação penal. Trata-se de condição para o regular exercício da ação penal de iniciativa pública. A representação tem prazo definido na lei, ou seja, de acordo com o art. 38 do CPP, se a vítima não representar no período de seis meses haverá decadência, que é causa extintiva da punibilidade, conforme art. 107, inciso IV do CP <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/Del2848compilado.htm> . Atenção Todos os crimes da Lei de Crimes Ambientais são perseguidos mediante ação penal pública incondicionada, isto é, inexiste, nos crimes ambientais, ação penal pública condicionada à representação. Ação penal pública de iniciativa privada Dispondo a lei que: “Somente se procede mediante queixa” ⇩ A ação penal é pública de iniciativa privada. Princípios que regem ação penal de iniciativa privada Princípio da oportunidade ou conveniência A vítima do crime ou o seu representante legal decidirá sobre a conveniência do ajuizamento ou não da queixa-crime, pois em muitos casos o processo criminal pode ser mais prejudicial que a impunidade. Princípio da disponibilidade Uma vez ajuizada a ação penal, o particular poderá desistir do seu prosseguimento mediante o perdão ou pela perempção nos termos do art. 60 do CPP. A forma de dispor da ação penal de iniciativa privada é por meio do perdão, que é bilateral, ou pela da perempção, sendo certo que neste último caso independe de aceitação. Princípio da indivisibilidade (art. 48 CPP) Significa que, embora o ofendido não esteja obrigado a intentar a ação penal, caso promova, deverá ajuizar contra todas as pessoas que concorreram para a prática do crime. O Ministério Público intervirá em todos os termos da ação penal de iniciativa privada na qualidade de órgão interveniente e velará pelo princípio da indivisibilidade. Lei dos Crimes Ambientais Na lei 9.605/98 não existe crime a ser perseguido pela ação penal de iniciativa privada, pois todos os crimes são de ação pública incondicionada. O capítulo IV da Lei 9.605/98 dispõe sobre a ação penal e o processo penal nos crimes ambientais. Art. 26 da Lei 9.605/98 "Nas infrações penais previstas nesta Lei, a ação penal é pública incondicionada." Tendo por base a relevância do bem jurídico protegido na Lei dos Crimes Ambientais, ou seja, o meio ambiente, bem de interesse de toda coletividade, entendeu o legislador que a ação penal nos crimes ambientais deve ser de iniciativa pública. Na essência, o art. 26 da Lei 9.605/98 é despiciendo, uma vez que o art. 100 do Código Penal prevê que a ação penal é pública, salvo quando a lei expressamente a declara privativa do ofendido. CF art. 129, I “Promover, privativamente, a ação penal pública, na forma da lei” Como a ação é de iniciativa pública, o órgão que a propõe é o Ministério Público, com base no comando do art. 129, I, da Constituição Federal. CF art. 5º, LIX "Será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal." A ação penal é promovida pelo Ministério Público e, por força de determinação constitucional, caso não promova no prazo legal (art. 46 do Código de Processo Penal). Tendo em vista o princípio da obrigatoriedade da ação penal de iniciativa pública, havendo indícios de autoria ematerialidade suficientes de crime ambiental, o Ministério Público é obrigado a promover a ação penal. Lei 9.099/95 art. 61 "Consideram-se infrações penais de menor potencial ofensivo, para os efeitos desta Lei, as contravenções penais e os crimes a que a lei comine pena máxima não superior a 2 (dois) anos, cumulada ou não com multa." Alguns crimes ambientais são infrações de menor potencial ofensivo. O conceito de infração de menor potencial ofensivo é descrito nesse artigo. Mas vejamos um exemplo: Imagine que alguém cometa o crime de praticar maus-tratos em animal doméstico. De acordo com o art. 32 da Lei 9.605/98 essa infração penal tem como pena detenção de três meses a um ano e multa. Como a pena do crime de maus- tratos de animais não ultrapassa dois anos temos, assim, um crime de menor potencial ofensivo, cuja competência para o processo e julgamento é do Juizado Especial Criminal. Lei 9.605/98 art. 27 "Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, somente poderá ser formulada desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da mesma lei, salvo em caso de comprovada impossibilidade." Isso ocorre devido a alguns crimes previstos da Lei de Crimes Ambientais serem de menor potencial ofensivo. Atividade 1 - Nos crimes ambientais a ação penal é: a) De iniciativa privada. b) Pública condicionada à representação. c) Pública incondicionada. d) Pública condicionada à requisição do Ministro da Justiça. e) Personalíssima. 2 - Nos crimes ambientais de menor potencial ofensivo, a proposta de aplicação imediata de pena restritiva de direitos ou multa, prevista no art. 76 da Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995 <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto- lei/Del2848compilado.htm> , somente poderá ser formulada: a) Desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 64 da Lei 9.099/95, salvo em caso de comprovada impossibilidade. b) Desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 89 da Lei 9.099/95, salvo em caso de comprovada impossibilidade. c) Desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 89 da Lei 9.099/95, salvo em caso de comprovada impossibilidade. d) Desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da Lei 9.099/95, salvo se houver representação. e) Desde que tenha havido a prévia composição do dano ambiental, de que trata o art. 74 da Lei 9.099/95, salvo em caso de comprovada impossibilidade. 3 - De acordo com o art. 49 da Lei 9.605/98 "Destruir, danificar, lesar ou maltratar, por qualquer modo ou meio, plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia" tem pena de "detenção, de três meses a um ano, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente". Neste caso, é correto afirmar que se trata de um: a) Crime de médio potencial ofensivo. b) Crime de alto potencial ofensivo. c) Crime de pouco potencial ofensivo. d) Crime de menor potencial ofensivo. e) Crime de altíssimo potencial ofensivo. Institutos despenalizadores A Lei 9.099, que entrou em vigor em 1995, tem por base a Constituição Federal de 1988, uma vez que o art. 98, I, da CF, dispõe o seguinte: A União, no Distrito Federal e nos Territórios, e os Estados criarão: I - juizados especiais, providos por juízes togados, ou togados e leigos, competentes para a conciliação, o julgamento e a execução de causas cíveis de menor complexidade e infrações penais de menor potencial ofensivo, mediante os procedimentos oral e sumaríssimo, permitidos, nas hipóteses previstas em lei, a transação e o julgamento de recursos por turmas de juízes de primeiro grau; CF art. 98, I. A Lei 9.099/95 trouxe alguns institutos que impedem a propositura da ação penal e, consequentemente, uma eventual condenação — os institutos despenalizadores. Exemplo Ocorre a prática do crime ambiental, mas o agente que cometeu a infração penal não será punido como determina o preceito secundário do tipo penal. São quatro institutos despenalizadores: 1 Composição civil dos danos (art. 74); 2 Transação penal (art. 76); 3 Suspensão condicional do processo; 4 Representação nos crimes de lesão leve e lesão culposa (art. 88). Vejamos o que as leis 9.605/98 e 9.099/95 tratam sobre esse tema: Art. 27 da Lei 9.605/98 Prevê a possibilidade de aplicação do art. 76 da Lei 9.099/95, desde que tenha ocorrido o que determina o art. 74 do mesmo diploma legal. 1 Art. 72 da Lei 9.099/95 Determina a realização de audiência preliminar, momento em que haverá a possibilidade de composição civil dos danos. Com base no art. 74 da mesma lei, o acordo civil reduzido a termo e homologado pelo Juiz tem eficácia de título executivo. No acordo civil, temos: Crime de ação pública condicionada A representação gera renúncia ao direito de representação. Crime de ação pública de iniciativa privada Gera renúncia ao direito de queixa. Nos crimes ambientais, geralmente, o sujeito passivo é a coletividade, então a composição civil dos danos se refere exclusivamente ao dano ambiental. Se o acordo civil não for possível, o art. 76, da Lei 9.099/1995 dispõe a possibilidade de transação penal. De acordo com a lei, a transação penal somente cabe na ação pública condicionada a representação e na ação pública incondicionada. O art. 76 da Lei 9.099/95 estabelece a transação penal, ou seja, o Ministério Público propõe ao acusado uma pena antecipada de multa ou restritiva de direitos. Existe controvérsia a respeito da natureza jurídica da transação penal: Uma primeira corrente entende que a transação penal é um direito subjetivo do autor do fato. Caso o Ministério Público não ofereça, o Juiz de ofício pode propor a transação penal ao acusado. Estátua da Justiça (Fonte: Mirro / Shutterstock) Uma segunda corrente entende que a transação penal é uma discricionariedade regrada do Ministério Público. Se o Ministério Público não oferecer, e o Juiz entender que é caso de transação penal, deve aplicar por analogia o art. 28 do CPP. Essa corrente foi adotada pelo STJ, conforme decisão no HC nº 30.970/SP. De acordo com o art. 78 da lei 9.099/1995, na audiência preliminar se a composição civil dos danos não for possível — nos crimes ambientais somente ocorre se a composição for dos danos ambientais; e a transação penal (oferecida à denúncia ou queixa oralmente) for reduzida a termo, será entregue cópia da denúncia ao acusado, que ficará citado e intimado para audiência de instrução e julgamento. Uma vez estabelecida a transação penal e devidamente homologada pelo juiz, caso o autor do fato não cumpra o que ficou estabelecido, determina a súmula vinculante nº 35 do STF que: A homologação da transação penal prevista no artigo 76 da Lei 9.099/1995 não faz coisa julgada material e, descumpridas suas cláusulas, retoma-se a situação anterior, possibilitando-se ao Ministério Público a continuidade da persecução penal mediante oferecimento de denúncia ou requisição de inquérito policial. STF SV 35 A transação penal nos crimes ambientais (art. 27 da Lei 9.605/98) somente é cabível com a prévia composição do dano ambiental, nos termos do art. 74 da Lei 9.099/95. O art. 27 da Lei 9.605/98 faz uma ressalva final — somente caberá transação penal se o agente que praticou o crime ambiental tiver reparado o dano ambiental, salvo em caso de comprovada impossibilidade. Atividade 4 - Na Lei 9.605/98 existem crimes de menor potencial ofensivo. Assim, indique o instituto despenalizador que pode ser aplicado a tais crimes: a) Representação. b) Transação penal. c) Suspensão condicional da pena. d) Perdão judicial. e) Multa. 5 - Nos termos da Lei 9.605/98 para a suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95) nos crimes ambientais é necessário: a) Laudo de constatação de reparação do dano ambiental,ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do art. 89 da Lei 9.099/95. b) Laudo de apresentação de reparação do dano administrativo, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do art. 89 da Lei 9.099/95. c) Laudo de constatação de reparação do dano criminal, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do art. 89 da Lei 9.099/95. d) Laudo de constatação de reparação do dano ecológico, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do art. 89 da Lei 9.099/95. e) Laudo de constatação de reparação do dano estético, ressalvada a impossibilidade prevista no inciso I do § 1° do art. 89 da Lei 9.099/95. Suspensão condicional do processo (sursis processual) O Ministério Público, ao oferecer a denúncia por crime ambiental, pode propor a suspensão condicional do processo, pelo período de dois a quatro anos. Entretanto, em se tratando de crime ambiental, a Lei 9.605/98 impôs algumas modificações para obter tal benefício — devem ser observados os incisos do art. 28. Art. 89 da Lei 9.099/95 Prevê a suspensão condicional do processo no crime cuja pena mínima seja igual ou inferior a 1 (um) ano. Neste caso, verifica-se um erro de redação do legislador no art. 28, pois a suspensão condicional do processo se aplica a qualquer crime em que a pena mínima for igual ou inferior a um ano, e não somente para os crimes de menor potencial ofensivo. Exemplo O crime de soltar balão tem pena máxima de três anos, logo, de acordo com o art. 61 da Lei 9.099/95, não é crime de menor potencial ofensivo, mas como tem pena mínima de um ano, cabe suspensão condicional do processo. O que é necessário para a aplicação do art. 89 da Lei 9.099/95? ⇩ Que o Ministério Público ofereça a denúncia, ou seja, proponha a ação penal. Se o acusado preencher todos os requisitos legais, como proceder? ⇩ O órgão acusador (MP) propõe a suspensão condicional do processo. Se o acusado cumprir sem revogação o período de prova, o que acontece? ⇩ Ao final estará extinta a sua punibilidade. Na suspensão condicional do processo, uma vez descumpridas as condições impostas, o transcurso do prazo legal não constitui óbice à revogação do benefício, a teor do disposto no parágrafo 4º do artigo 89 da Lei n. 9.099/95. O art. 89 da Lei n. 9.099/95 estabelece a suspensão condicional do processo nos crimes em que a pena mínima cominada for igual ou inferior a um ano. Esse benefício pode ser aplicado a delitos em geral, ainda que não considerados de menor potencial ofensivo, desde que a pena mínima cominada seja igual ou inferior a um ano. A suspensão condicional do processo (sursis processual) insere-se no âmbito das medidas despenalizadoras. O Ministério Público deve fundamentar adequadamente a razão de não propor ao acusado a suspensão condicional do processo. Se a motivação do Ministério Público é genérica e abstrata, há de ser reconhecida a invalidade da recusa com a consequente adoção do procedimento previsto no art. 28 do Código de Processo Penal — o juiz remete o procedimento para o Procurador Geral de Justiça decidir se é caso ou não de oferecimento da suspensão condicional do processo. O Supremo Tribunal Federal já decidiu que: Em ação penal privada, não há suspensão condicional do processo, uma vez previstos meios de encerramento da persecução criminal pela renúncia, decadência, reconciliação, perempção, perdão e retratação. (HC 115432-STF) Atenção Importante não confundir suspensão condicional do processo (art. 89 da Lei 9.099/95) com a suspensão condicional da pena (arts. 77/82 do Código Penal), pois se há suspensão condicional da pena, a ação penal foi deflagrada e o processo chegou a seu fim. Na suspensão condicional do processo o processo penal fica suspenso. Em caso de motivo de revogação da suspensão condicional do processo o processo penal retoma seu curso normal. Nesta aula, estudamos a ação pública incondicionada nos crimes ambientais. Na próxima aula, discutiremos a competência para o processo e julgamento dos crimes ambientais. Atividade 6 - Leia a decisão do TRF2 e em seguida comente sobre o caso: JURISPRUDÊNCIA COMENTADA TRF-2 - HABEAS CORPUS HC 2098 2000.02.01.022160-4 (TRF-2) Data de publicação: 03/10/2000 Ementa: HABEAS CORPUS PROCURADOR DA REPÚBLICA. LEGITIMIDADE ATIVA. TRANSAÇÃO PENAL (ART. 76, LEI 9.099 /95). JUSTIÇA FEDERAL. LEI 9.605/98. PRESSUPOSTO ESPECÍFICO. INADMISSIBILIDADE. -"A ação constitucional de habeas corpus não possui balizamento rígido sobre legitimados, abrangendo, a norma primária de regência para ajuizá-la, qualquer do povo, podendo, inclusive, ser concedido de ofício, o que se dirá quando a impetração ocorre mediante ato de quem o dever de tornar prevalecente a ordem jurídica. Neste sentido é a jurisprudência desta Corte, pouco importando a atuação de regra, como Estado-acusador, na persecução criminal" (HC 79.572-GO. Rel. Min. MARÇO AURÉLIO, trancrito no Informativo STF- 180, de 28 de fevereiro a 10 de março de 2000). - Aplicação do art. 654 do CPP. – “Construção doutrinária no sentido de ser admitida a aplicação do instituto da transação penal (art. 76, da Lei 9.099 /95) aos procedimentos penais instaurados perante a Justiça Federal. -Apesar das ações públicas serem incondicionadas nos ilícitos constantes da Lei 9.605 /98, como no caso em tela, em que a conduta do paciente está enquadrada no art. 60, o art. 27 nela previsto estabelece que a proposta de transação penal somente poderá ser formulada desde que preenchido o requisito de composição do dano ambiental ou a impossibilidade de fazê-lo. -Como, na espécie, inexiste elemento nos autos que comprove tal pressuposto específico, não há falar em constrangimento ilegal decorrente de decisão que indeferiu pedido de transação penal em crime previsto na Lei nº 9.605/98. -Ordem denegada." 7 - O crime de soltar balão previsto no art. 42 da Lei 9.605/98 tem pena mínima de 1 (um) ano. Neste caso é possível: a) Suspensão condicional do processo. b) Transação penal. c) Acordo civil. d) Representação. e) Perdão judicial. Notas Suspensão condicional do processo Também chamado SURSI processual, art. 89. Transindividual Interesse de um grupo, coletividade. Coautoria Ocorre quando duas ou mais pessoas praticam o núcleo (verbo) descrito no tipo penal. Exemplo: duas pessoas desferindo golpes na cabeça de uma vítima que vem a morrer. Neste caso, ambas são coautoras do crime de homicídio. Transindividual O agente não pratica o núcleo (verbo) descrito no tipo penal, mas concorre de algum modo para o fato criminoso. Pode ocorrer de forma moral (induzimento ou instigação) ou material (emprestar a arma do crime). 1 2 3 4 Exemplo: o agente que empresta a arma de fogo para o amigo matar o seu desafeto. Neste caso, temos o agente que emprestou a arma de fogo como partícipe do crime de homicídio e quem efetivamente matou a vítima como autor do crime de homicídio. Referências CAPEZ, Fernando. Curso de Direito Penal. 17. ed. São Paulo: Saraiva, Vol. 4, 2017. JESUS, Damásio E. de. Direito Penal — Parte Geral. 21. ed. São Paulo: Saraiva, Vol. 1, 1998. LOPES JR., Aury. Direito Processual Penal. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. PRADO, Luiz Regis. Direito Penal do Ambiente. 4. ed. São Paulo: RT, 2012. Próximos Passos • Justiça competente; • Justiça Comum Estadual; • Justiça Comum Federal. Explore mais Leia a jurisprudência do STF: • HABEAS CORPUS Nº 224.792 - DF (2011/0270535-7); <https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/? componente=ITA&sequencial=1255023&num_registro=201102705357&dat a=20130826&formato=PDF> • RECURSO ESPECIAL Nº 1.498.034 – RS; <https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/? componente=ITA&sequencial=1470217&num_registro=201403152749&dat a=20151202&formato=PDF> • RECURSO EXTRAORDINÁRIO 795.567 PARANÁ. <https://www.conjur.com.br/dl/fux-voto.pdf>
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