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Filosofiac c Pré-Socrática Os primeiros filósofos O período inaugural da filosofia grega é conhecido como pré-socrático. Os primeiros filósofos gregos costumam ser chamados de “filósofos da natureza.” Já que foram eles os primeiros a se interessar pelos processos naturais. Alguns filósofos denominados pré-socráticos foram contemporâneos de Sócrates. Eles foram classificados como pré-socráticos por manter a tradição de investigação da natureza desse período, não aderindo a virada antropológica promovida por Sócrates. Deve-se a eles a construção de uma abordagem racional para os problemas que os cercavam relativos ao funcionamento do mundo. Os filósofos testemunhavam como ocorriam constantemente as transformações da natureza. Sabemos que eles levantavam questões sobre os processos perceptíveis da natureza. Tentavam descobrir leis naturais que fossem também eternas. Queriam compreender os acontecimentos na natureza sem precisar recorrer aos mitos ancestrais. Deuses e heróis não mais satisfaziam a curiosidade e o fascínio do ser humano por fenômenos naturais e, por isso, iniciou-se uma investida racional na percepção do mundo. Essa investida tenta aplicar ordem ao caos e propõe um princípio fundamental para tudo que existe, a arché. A arché seria a substância que compõe tudo, que deu origem a tudo e que serve de matéria-prima para a existência. Mileto A Grécia Antiga nunca foi um Estado unificado, tal qual conhecemos na modernidade. Em vez disso, havia um conjunto de cidades-estados (pólis) independentes que formavam grupos de aliados e rivais. Da colônia grega de Mileto, ouvimos falar do primeiro filósofo: Tales. Ele viajou bastante pelo mundo, e dizia que a água era a origem de todas as coisas. dada suas observações da necessidade do elemento para a geração e manutenção da vida. Havia também outros dois filósofos em Mileto, Anaximandro e Anaxímenes. Anaximandro, discípulo de Tales, não concordava com seu mestre. Para ele não seria possível observar o elemento primordial. Ele era infinito e indeterminado. Por isso, recebeu o nome de apeíron (indeterminado em grego), um elemento que é não só a origem, mas o fim de tudo. Já Anaxímenes, discípulo de Anaximandro, atribuía ao ar o caráter de arché, apesar de concordar com seu mestre de que a origem de tudo era indeterminada. Assim, esse pensador diferenciou a origem e a matéria-prima, porque não admitia que o que existe e é perceptível sensorialmente seja comporto pelo indeterminado. Samos Tendo contribuído para a história da filosofia com pelo menos um grande nome, Samos é uma cidade próxima a Éfeso e Mileto. De lá conhecemos Pitágoras, com uma proposta bastante distinta para a definição da arché. Para ele todas as coisas são números. Estudando a harmonia dos acordes musicais, Pitágoras percebeu que havia uma proporção aritmética nessa relação. A partir daí, tentou encontrar na natureza relações parecidas. Profundo conhecedor de astronomia, percebeu a ordem matemática no movimento dos astros. A realidade então passou a ser percebida pela estrutura numérica. Os corpos são compostos por pontos e a quantidade de pontos de um corpo define suas propriedades. Essa proposta é mais formal, define uma ordem e medida para a existência sensível. Éfeso Éfeso é a cidade de um filósofo de grande prestígio. Heráclito também percebeu na natureza grande dinamismo, assim como os pensadores de Mileto, e que há constante transformação. Seu diferencial foi assumir como objeto de investigação a mudança, e não aquilo que permanece. Concluiu que tudo flui, tudo muda. Nada permanece em si. O ser agora é o vir a ser, o devir, uma constante mudança. Observando a ação dos opostos na natureza, esse conflito passou a ser parte essencial em seu pensamento. O conflito entre bem e mal, frio e quente, seco e úmido que produz a eterna mudança, base do pensamento heraclitiano.. Por isso, o fogo aqui recebe o estatuto de arché: em constante movimento, acendendo e apagando, consumindo e transformando. É mobilista, porque dá grande importância ao movimento, e um dos primeiros pensadores a contribuir com o pensamento dialético. Eleia Na escola eleática o que despertou a atenção dos pensadores foi a grande divergência de opiniões entre os filósofos anteriores. Parmênides conclui que os sentidos, na verdade, são enganosos e, por isso, não deveriam receber tanta atenção. Parmênides privilegiou a razão, ignorando a mudança que percebia pelos sentidos. Para Parmênides, o ser é a arché. Ele dizia que tudo que existe sempre existiu. Nada pode surgir do nada, da mesma forma que algo que já existe não pode ser transformado em nada. Como filósofo, ele afirmava que sua tarefa era combater todas as formas de “ilusão dos sentidos”. Parmênides dá os primeiros caminhos então para o surgimento de duas áreas da filosofia, a lógica e a ontologia, já que seu pensamento está profundamente baseado no princípio da identidade. Parmênides afirma então que, na filosofia, tem-se trilhado dois caminhos, o da razão (o seu) e o da opinião (o de Heráclito). Perceba que esse conflito teórico baseará o pensamento de Platão futuramente. Aeragas Empédocles tentou conciliar o pensamento de Heráclito e de Parmênides. Acreditando na permanência, buscar uma forma de racionalizar nossa percepção sensorial. Defendeu o fogo, a terra, a água e o ar como os quatro elementos primordiais, que reagiam dinamicamente a dois princípios universais. O amor, responsável pela união e harmonização; e o ódio, responsável pela repulsão e dissolução. Tudo que existe está submetido a ação desses princípios. Abdera A cidade de Abdera é origem de Demócrito, o ultimo dos grandes filósofos da natureza. A resposta concebida por ele, que era contemporâneo de Sócrates, foi, na verdade um trabalho em conjunto com seu mestre, Leucipo. Sua proposta ficou conhecida como atomismo, já que propunha que a arché é o átomo. Demócrito concordava com a noção de permanência, mas não aceitava o não ser como uma ilusão. afirma que tudo é composto por partículas minúsculas invisíveis e indivisíveis. Essa composição atendia as características de existência de Parmênides. Para ele os átomos eram eternos, imutáveis e plenos. Apesar disso, Demócrito expande a realidade afirmando que sua composição também inclui o vazio. Esse vazio é o que torna possível o movimento do ser. Sem espação vazio, nada poderia se mover. O vazio em si não poderia compor a arché, pois era um não ser, restando para a existência ser composta pelos átomos. A dinâmica de movimento entre os átomos gerava os diversos corpos com os quais podemos interagir. Os átomos se movimentavam e se chocavam ao acaso, formando aglomerações e repulsões. Importante então perceber a relevância que Demócrito dá ao acaso, à uma não ordenação racional do universo.
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