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Psicofarmacologia O SISTEMA NERVOSO CENTRAL E PERIFÉRICO Tecido Nervoso • O tecido nervoso compreende basicamente dois tipos celulares: os neurônios e as células gliais ou neuroglia. • O neurônio é a sua unidade fundamental, com a função básica de receber, processar e enviar informações. • A neuróglia compreende células que ocupam os espaços entre os neurônios, com funções de sustentação, revestimento ou isolamento, modulação da atividade neuronal e defesa. Ana Claudia Realce Ana Claudia Realce Ana Claudia Realce Ana Claudia Realce Ana Claudia Realce Ana Claudia Sublinhado Ana Claudia Realce Ana Claudia Sublinhado Ana Claudia Realce Ana Claudia Sublinhado Tecido Nervoso • Neurônios: • São células altamente excitáveis que se comunicam entre si ou com células efetuadoras (células musculares e secretoras), usando basicamente uma linguagem elétrica, qual seja, modificações do potencial de membrana. • A membrana celular separa dois ambientes que apresentam composições iônicas próprias: o meio intracelular, onde predominam íons orgânicos com cargas negativas e potássio; e o meio extracelular, onde predominam sódio e cloro. • As cargas elétricas dentro e fora da célula são responsáveis pelo estabelecimento de um potencial elétrico de membrana (com excesso de cargas negativas dentro da célula). Ana Claudia Realce Ana Claudia Sublinhado Ana Claudia Realce Ana Claudia Sublinhado Ana Claudia Sublinhado Tecido Nervoso • Neurônios: • Corpo celular: o corpo celular é o centro metabólico do neurônio, responsável pela síntese de todas as proteínas neuronais, bem como pela maioria dos processos de degradação e renovação de constituintes celulares, inclusive de membranas. • Dendritos: são especializados em receber estímulos, traduzindo-os em alterações do potencial de repouso da membrana. Tais alterações envolvem a entrada ou saída de determinados íons e podem expressar-se por pequena despolarização ou hiperpolarização. A despolarização é excitatória e significa diminuição da carga negativa do lado intracelular. A hiperpolarização é inibitória e significa aumento da carga negativa do lado extracelular. • Axônio: origina-se no corpo celular e apresenta comprimento muito variável, podendo chegar a mais de um metro. É capaz de gerar, em seu segmento inicial, alteração do potencial de membrana (impulso nervoso), ou seja, despolarização da membrana de grande amplitude, capaz de repetir-se ao longo do axônio de forma regular, até alcançar a terminação axônica. Estrutura dos neurônios • Todos os neurônios têm um corpo celular e são organizados estruturalmente para receber informações de outros neurônios por meio de dendritos, às vezes por meio de espinhas dendríticas e, com frequência, por meio de uma “árvore” elaboradamente ramificada de dendritos. • Os neurônios também são organizados estruturalmente para enviar informações a outros neurônios por meio de um axônio que forma terminações pré-sinápticas durante o percurso do axônio ou onde o axônio termina. Tecido Nervoso • Células Gliais ou Neuróglia: • Astrócitos: através de expansões conhecidas como pés vasculares, apoiam-se a capilares sanguíneos (formando a barreira hematoencefálica). Seus processos contatam também os corpos neuronais, dendritos e axônios e envolvem as sinapses, isolando-as. Têm, portanto, funções de sustentação e isolamento dos neurônios. São também importantes para a função neuronal, uma vez que participam do controle dos níveis de potássio extraneuronal, ajudando na manutenção de sua baixa concentração extracelular. Tecido Nervoso Tecido Nervoso • Células Gliais ou Neuróglia: • Oligodendrócitos: são responsáveis pela formação da bainha de mielina em axônios do sistema nervoso central. • Microgliócitos: células com funções fagocitárias, responsáveis pela defesa do tecido nervoso. • Células ependimárias: revestem as paredes dos ventrículos cerebrais e do canal central da medula espinhal. Constituem os plexos coroides responsáveis pela produção do líquido cérebro- espinhal. Tecido Nervoso Tecido Nervoso • Substância cinzenta: regiões com alta concentração de corpos celulares de neurônios. Estas regiões, quando observadas em fatias de um tecido fresco, recebem coloração acinzentada. • Substância branca: regiões com uma grande quantidade de prolongamentos de neurônios, principalmente, de axônios. Estes axônios são envolvidos por células da glia, formando as fibras nervosas. Sua cor se deve a grande quantidade de mielina presente. Tecido Nervoso Tecido Nervoso • Fibras nervosas: uma fibra nervosa compreende um axônio e seus envoltórios de origem glial. O principal envoltório das fibras nervosas é a bainha de mielina, que funciona como isolante elétrico. • Nervos: conjunto de fibras nervosas, organizadas em feixes que se associam a estruturas conjuntivas (fibras colágenas). Sistema Nervoso Central • O sistema nervoso central é formado pelo encéfalo e pela medula espinhal. - Cérebro (Telencéfalo e Diencéfalo) - Encéfalo - Tronco Encefálico (Mesencéfalo, Ponte e Bulbo) - Cerebelo SNC - Medula Espinhal Sistema Nervoso Central • Telencéfalo: • O telencéfalo compreende os dois hemisférios cerebrais, direito e esquerdo. Os hemisférios possuem cavidades, os ventrículos laterais direito e esquerdo. • Possui cinco lobos: frontal, temporal, parietal, occipital e lobo da ínsula. • Funções corticais: sentidos (visão, audição, fala, tato, olfato), controle motor, memória de longa duração, etc. • Núcleos da base e centro branco medular do cérebro: os núcleos da base estão relacionados a doenças como Parkinson (estriado) e Alzheimer (núcleos de Meynert). Sistema Nervoso Central Sistema Nervoso Central • Diencéfalo: Compreende as seguintes estruturas: tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo. • Tálamo: os tálamos são duas massas volumosas de substância cinzenta, de forma ovóide, dispostas uma de cada lado na porção látero-dorsal do diencéfalo. Suas funções estão relacionadas à sensibilidade, motricidade, comportamento emocional e ativação do córtex. • Hipotálamo: é uma área relativamente pequena do diencéfalo, situada abaixo do tálamo, com importantes funções. Suas funções incluem: controle do sistema nervoso autônomo (peristaltismo gastrointestinal, ritmo cardíaco, pressão sanguínea, movimentos pupilares, etc); regulação da temperatura corporal (mecanismos de perda ou conservação de calor); regulação do comportamento emocional; regulação sono-vigília; regulação da ingestão de alimentos e água (centro da sede); regulação da diurese (regulação da quantidade de água no organismo) e regulação do sistema endócrino. Sistema Nervoso Central • Diencéfalo: • Epitálamo: localizado na parte superior e posterior do diencéfalo e contém formações endócrinas e não endócrinas. A formação endócrina mais importante é a glândula pineal. Sua principal função está relacionada à glândula pineal e, consiste na secreção de melatonina (regula os ritmos circadianos e sono-vigília). Sistema Nervoso Central Sistema Nervoso Central • Tronco Encefálico: • O tronco encefálico é composto por três estruturas distintas: o mesencéfalo (localizado entre o cérebro e a ponte); a ponte (estrutura intermediária entre o mesencéfalo e o bulbo); e o bulbo (localizado entre a ponte e a medula espinhal). • No bulbo localiza-se o centro respiratório, muito importante para a regulação do ritmo respiratório. Localizam-se, também, o centro vasomotor e o centro do vômito. A presença dos centros respiratório e vasomotor torna as lesões neste órgão especialmente perigosas. Sistema Nervoso Central Sistema Nervoso Central • Cerebelo: • O cerebelo localiza-se dorsalmente ao bulbo e à ponte. Suas principais funções são: manutenção do equilíbrio e da postura (ao promover a contração adequada dos músculos axiais e proximais); controle do tônus muscular; controle dos movimentos voluntários (planejamento do movimento); e aprendizagem motora (movimentos repetitivos). Sistema Nervoso Central• Medula Espinhal: • A medula espinhal é uma massa cilindroide de tecido nervoso situada dentro do canal vertebral sem ocupa-lo completamente. No homem adulto mede cerca de 45 cm. Cranialmente limita-se com o bulbo e seu limite inferior no adulto situa-se na altura da vértebra L2. • Em geral, possui como função a mediação entre os estímulos nervosos oriundos dos músculos, pele, articulações e o cérebro (conduz informações). É responsável pelo arco reflexo e controle da marcha. Sistema Nervoso Periférico • O sistema nervoso periférico pode ser dividido em somático e visceral. • O sistema nervoso somático é aquele relaciona o organismo com o meio. Para isto, a parte aferente do sistema nervoso somático conduz aos centros nervosos impulsos gerados em receptores periféricos, informando estes centros sobre o que se passa no meio ambiente. Por outro lado, a parte eferente do sistema nervoso somático leva aos músculos esqueléticos o comando dos centros nervosos, resultando movimentos integrados ao meio externo. • O sistema nervoso visceral relaciona-se com a inervação das estruturas viscerais e é muito importante na manutenção da homeostase. Assim como no sistema somático, distinguem-se uma via aferente e outra eferente do sistema nervoso visceral. O componente aferente conduz os impulsos nervosos originados nas vísceras a partes específicas do SNC. O componente eferente traz impulsos a certas estruturas viscerais, terminando em glândulas, músculos lisos ou músculo cardíaco. Sistema Nervoso Autônomo • Por definição, denomina-se sistema nervoso autônomo apenas o componente eferente do sistema nervoso visceral. • O sistema nervoso autônomo divide-se em simpático (adrenérgico) e parassimpático (colinérgico). De um modo geral, o sistema simpático tem ação antagônica à do parassimpático em um determinado órgão. É importante ressaltar que os dois sistemas, apesar de terem características antagônicas, trabalham harmonicamente na coordenação da atividade visceral. Sistema Nervoso Autônomo Sinapses • Sinapses interneuronais: ocorrem entre dois neurônios. • Sinapses neuroefetuadoras: no sistema nervoso periférico, terminações axônicas podem relacionar-se também com células não neuronais ou efetuadoras, como células musculares (esqueléticas, cardíacas ou lisas) e células secretoras (ex: glândulas salivares). • Quanto ao modo de funcionamento, destacam-se dois tipos de sinapses: sinapses elétricas e sinapses químicas. Sinapses • Sinapses Elétricas: • São exclusivamente interneuronais. Nessas sinapses, as membranas plasmáticas dos neurônios envolvidos entram em contato, conservando espaço mínimo entre elas. Ocorre comunicação entre os dois neurônios, através de canais iônicos concentradas em cada uma das membranas envolvidas. Esses canais projetam-se no espaço intracelular, justapondo-se de modo a estabelecer comunicação intercelulares que permitem a passagem direta de íons do citoplasma de uma célula para outra. Ao contrario das sinapses químicas, as sinapses elétricas não são polarizadas, ou seja, a comunicação entre os neurônios se faz nos dois sentidos (bidirecionais). Sinapses • Sinapses Químicas: • Representam a grande maioria das sinapses interneuronais e todas as sinapses neuroefetuadoras. Neste caso, a comunicação entre os elementos em contato depende da liberação de substância química (neurotransmissor). • As sinapses químicas caracterizam-se por serem polarizadas, ou seja, apenas um dos dois elementos em contato, o chamado elemento pré-sináptico, possui o neurotransmissor. Este é armazenado em vesículas especiais denominadas vesículas pré- sinápticas. Sinapses • Sinapses Químicas: • Sinapses químicas interneuronais: na maioria dessas sinapses, uma terminação axônica entra em contato com qualquer parte de outro neurônio, formando sinapses axodendríticas, axossomáticas e axoaxônicas. Além disso, é possível que um dendrito ou mesmo o corpo celular seja o elemento pré-sináptico, podendo ocorrer sinapses dendrodendríticas, dendrossomáticas, somatossomáticas, somatodendríticas e mesmo somatoaxônicas. Uma sinapse química interneuronal compreende o elemento pré-sináptico (que armazena e libera o neurotransmissor), o elemento pós-sináptico (que contém os receptores para o neurotransmissor) e a fenda sináptica (que separa as duas membranas sinápticas). Sinapses • Sinapses Químicas: • Sinapses químicas neuroefetuadoras: envolvem os axônios dos nervos periféricos e uma célula efetuadora não neuronal. Se a junção se faz com células musculoesqueléticas (placa motora), tem- se uma junção neuroefetuadora somática; se com células musculares lisas ou cardíacas ou glandulares, tem-se uma junção neuroefetuadora visceral (sistema nervoso autônomo simpático e parassimpático). Neurotransmissão Neurotransmissão química: qual importância para o estudo da psicofarmacologia? Compreender as ações dos fármacos sobre o cérebro; o impacto da doença sobre o Sistema Nervoso Central e as consequências dos medicamentos psiquiátricos. Neurotransmissão Afinal: o que é neurotransmissão? Constituída pelos neurônios e as conexões entre eles, as sinapses; As sinapses podem surgir em muitas partes de um neurônio; O neurotransmissor fica acondicionado no terminal nervoso pré-sináptico e em seguida é disparado para o neurônio pós-sináptico para chegar aos seus receptores. Neurotransmissão • Os neurônios são as células de comunicação química do cérebro; • O cérebro humano é constituído por dezenas de bilhões de neurônios, com cada um deles se ligando a milhares de outros. Ou seja: • O cérebro tem trilhões de sinapses! Neurotransmissão • Os neurônios tem diversos comprimentos, tamanhos e formatos que determinam suas funções, assim como sua localização no cérebro também determina. • Quando a função neuronal é alterada por fármacos, sintomas comportamentais podem ser amenizados, agravados ou podem surgir a partir dessa alteração. Neurotransmissores Os principais neurotransmissores para saúde mental/psiquiatria são: • serotonina • noradrenalina • dopamina • acetilcolina • glutamato • GABA (ácido γ-aminobutírico). Neurotransmissores • Ácido Gama Aminobutírico (GABA): é o principal neurotransmissor inibitório do encéfalo. O efeito inibitório ocorre quando o GABA se liga ao receptor, produzindo maior aporte de Cloro para a célula. Responsável pela sintonia fina e coordenação doa movimentos. Agentes depressores do SNC aumentam sua liberação, podendo levar à depressão clínica (ex: etanol, benzodiazepínicos e barbitúricos). Neurotransmissores • Glutamato: é encontrado em grande concentração no cérebro e exerce função excitatória potente nos neurônios de quase todas as regiões cerebrais. Está associado a morte de células neuronais pela ativação excessiva dos receptores NMDA, possibilitando a entrada de grandes concentrações de cálcio na célula neuronal. Vem sendo associado à fisiopatologia dos quadros neurodegenerativos (doença de Alzheimer). Neurotransmissores • Acetilcolina (Ach): envolvido em diversos comportamentos como atenção, memória e aprendizagem. Nas fibras musculares são responsáveis pela estimulação (movimento). Possui relação com a fisiopatologia da doença de Alzheimer – 90% dos casos da doença existe perda de neurônios colinérgicos na região do hipocampo. Neurotransmissores • Dopamina (DA): controla níveis de estimulação e controle motor em muitas áreas encefálicas. Quando os níveis de dopamina estão extremamente baixos os pacientes são incapazes de se mover voluntariamente. Está envolvido, também, nos mecanismos de recompensa (dependência química). *Doença de Parkinson - acontece devido degeneração de neurônios dopaminérgicos oriundos da substância negra, que enviam as suas projeções para o estriado, o qual está envolvido no controle motor do movimento. A doença de Parkinson é tratada com L-DOPA, o precursor da dopamina no encéfalo. *Esquizofrenia - é uma patologia causada pelo excesso de dopamina liberada para o terminal pós-sináptico. Há hipótese que exista uma excessiva estimulação dopaminérgica no lobo frontal (causado talvez pela ativação de genes). É tratada por drogas que bloqueiam a ligação da dopamina no receptor pós-sináptico. Neurotransmissores • Serotonina (5HT): neurotransmissor que possui interferências no humor (depressão e ansiedade) e no comportamento agressivo. Inibidores da recaptação deste neurotransmissor estão associados a melhora significativa dos quadros de transtorno do humor (ansiedade e depressão). Neurotransmissores • Noradrenalina (NA): esse neurotransmissor está relacionado a excitação físico e mental. É produzido no locus coeruleos e atua como mediador dos batimentos cardíacos, pressão sanguínea, conversão de glicogênio em energia e outros. Possui atuação na memória, aprendizado, humor e no estresse agudo (estresse crônico diminui sua concentração no SNC). Neurotransmissão • Todos os neurônios recebem impulsos de uma série de neurotransmissores na neurotransmissão pré-sináptica clássica para a neurotransmissão assimétrica pós- sináptica. • A neurotransmissão pré-sináptica para a pós-sináptica no trilhão de sinapses do cérebro constitui a base da neurotransmissão química, porém algumas neurotransmissões são retrógradas, do neurônio pós-sináptico para o neurônio pré- sináptico, enquanto outros tipos de neurotransmissão, como a de volume, não necessitam de sinapse. Neurotransmissão • Um neurotransmissor precipita cascatas moleculares complexas, em que a mensagem transmitida é transferida de molécula a molécula dentro do neurônio que está recebendo essa informação, alterando, por fim, os mecanismos bioquímicos dessa célula, a fim de atuar de acordo com a mensagem que lhe foi enviada. • A função da neurotransmissão química não é tanto ter um neurotransmissor pré-sináptico que se comunique com seus receptores pós-sinápticos, mas sim haver uma comunicação do genoma pré-sináptico com o genoma pós-sináptico: do DNA com o DNA, do “centro de comando” pré-sináptico com o “centro de comando” pós-sináptico e de volta. Neurotransmissão • A mensagem da neurotransmissão química é transferida por três vias sequenciais de “correio expresso molecular”: (1) uma via de síntese de neurotransmissores pré-sinápticos do genoma pré-sináptico até a síntese e o acondicionamento do neurotransmissor e de enzimas e receptores de sustentação; (2) uma via pós- sináptica que se estende desde a ocupação dos receptores, por meio de segundos mensageiros, até o genoma, que ativam genes pós-sinápticos; e (3) outra via pós-sináptica que começa nos genes pós-sinápticos recentemente expressos, que transferem a informação na forma de uma cascata molecular de consequências bioquímicas em todo o neurônio pós-sináptico. • Nesse estágio, deve ficar bem claro que a neurotransmissão não termina quando um neurotransmissor se liga a um receptor ou, até mesmo, quando fluxos de íons foram alterados ou houve formação de segundos mensageiros. Todos esses tipos de eventos começam e terminam em milissegundos a segundos após a liberação do neurotransmissor pré-sináptico. A meta final da neurotransmissão consiste em alterar as atividades bioquímicas do neurônio-alvo pós-sináptico de maneira profunda e duradoura. Neurotransmissão • Um breve impulso de neurotransmissão química de um neurônio pré- sináptico desencadeia uma profunda reação pós-sináptica cujo desenvolvimento leva várias horas ou dias, podendo se alongar por dias a semanas ou mesmo a vida inteira. • Cada um dos componentes concebíveis de todo esse processo de neurotransmissão química é candidato à alteração por fármacos. Os psicofármacos atuam, em sua maioria, sobre os processos que controlam a neurotransmissão química nos próprios neurotransmissores, em suas enzimas e, particularmente, em seus receptores Referências • Goodman & Gilman: As bases farmacológicas da terapêutica/ [revisão e conteúdo Almir Lourenço da Fonseca] – Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana do Brasil, 2006. • Machado, Angelo B.M. Neuroanatomia funcional; prefácio Gilberto Belisário Campos 2 ed. – São Paulo: Editora Atheneu, 2006. • Stahl, Stephen M. Psicofarmacologia: bases neurocientíficas e aplicações práticas / Stephen M. Stahl; tradução Patricia Lydie Voeux; revisão técnica Irismar Reis de Oliveira – 4.ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. Psicofarmacologia Princípios Gerais da Farmacologia Princípios Gerais da Farmacologia • Os medicamentos utilizados para tratar os transtornos psiquiátricos são conhecidos pelos termos: medicamentos psicotrópicos, medicamentos psicoativos e medicamentos psicoterapêuticos; • Tradicionalmente, são divididos em: antipsicóticos ou neurolépticos,antidepressivos, estabilizadores de humor e ansiolíticos. Princípios Gerais da Farmacologia • Atualmente, essa separação por categorias, torna-se menos válida, pelos seguintes motivos: 1) Vários medicamentos de uma classe são utilizados para tratar problemas anteriormente atribuídos a outra classe; 2) Medicamentos de todas as classes apontadas são utilizados para tratar insônia, transtornos da alimentação, transtornos de conduta associados à demência e transtornos de controle de impulsos; 3) Medicamentos como clonidina, propranolol e verapamil, podem ter eficiência no tratamento de vários transtornos psiquiátricos e não se encaixam nessas categorias. Princípios Gerais da Farmacologia • As ações farmacológicas são divididas em duas categorias: farmacodinâmica e farmacocinética.; • A farmacocinética descreve o que o organismo faz com o medicamento; • A farmacodinâmica descreve o que o medicamento faz com o organismo. FARMACOCINÉTICA FARMACODINÂMICA Organismo Medicamento Medicamento Organismo Farmacocinética 1- Absorção: • Medicamentos chegam ao cérebro através da corrente sanguínea. Os que são administrados via oral se dissolvem nos líquidos do trato gastrointestinal e depois são absorvidos pelo sangue. • A acidez do estômago pode ser inibida por medicações como omeprazol e lanzoprazol, por exemplo. Absorção Distribuição Metabolismo Excreção Farmacocinética Ainda na absorção... • A motilidade gástrica e intestinal pode ser lentificada por medicamentos anticolinérgicos ou aumentada por antagonistas de receptores de dopamina, como a metoclopramida; • Os alimentos também podem aumentar ou reduzir a taxa e grau de absorção dos medicamentos; • A via de administração parenteral pode provocar concentrações plasmáticas terapêuticas de forma mais ágil que a via oral. Porém, algumas medicações administradas por via intramuscular podem ter liberação gradual por semanas; • A via intravenosa é a mais rápida, porém apresenta maior probabilidade de efeitos adversos. Farmacocinética 2- Distribuição e biodisponilidade: • Os medicamentos podem ligar-se a proteínas no plasma(denominados ligados a proteínas) e podem circular sem ligação(denominados livres); • Somente a fração livre atravessa a barreira hematoencefálica; • A distribuição do medicamento é influenciada pelo fluxo sanguíneo regional do cérebro, pela barreira hematoencefálica e pela afinidade do medicamento com seus receptores no cérebro; • A biodisponibilidade refere-se à fração da quantidade total do medicamento administrado que pode ser subsequentemente recuperada da corrente sanguínea. Farmacocinética 3- Metabolismo e excreção: • O fígado é o principal local de metabolismo; • Em geral, o metabolismo produz metabólitos inativos que são prontamente excretados. Também transforma pré-medicamentos inativos em metabólitos ativos; • A bile, as fezes e a urina são as principais vias de excreção; • Os medicamentos psicotrópicos também são excretados no suor, saliva, lágrima e leite materno. • Parâmetros importantespara metabolismo e excreção: pico de concentração no plasma, meia-vida, efeito de primeira passagem e depuração. Farmacocinética • O tempo entre administração de um medicamento e o pico das concentrações plasmáticas varia de acordo com via de administração e taxa de absorção; • Meia vida de um medicamento é o tempo necessário para que o metabolismo e a excreção reduzam a concentração plasmática pela metade; • O efeito de primeira passagem refere-se ao metabolismo inicial de medicamentos administrados por via oral, dentro da circulação porta do fígado e é descrito como fração da medicação que atingiu a circulação sistêmica sem ser metabolizado; • Depuração é a medida da quantidade de medicamento excretado do organismo em um período específico de tempo. Farmacocinética • Enzimas do citocromo P450: o sistema de enzimas P450(CYP) é responsável pela inativação das maior parte dos medicamentos psicotrópicos; • Apesar de presente em todo organismo, essas enzimas atuam principalmente nos hepatócitos e células dos intestinos; • Uma alteração patológica da fisiologia celular, como causada por hepatite viral ou cirrose, pode afetar a eficiência do metabolismo dos medicamentos pelas enzimas CYP. Farmacodinâmica • As principais considerações da farmacodinâmica incluem: sítio molecular de ação, curva dose-resposta, índice terapêutico e desenvolvimento de tolerância, dependência e sintomas de abstinência; • Sítio molecular de ação: os medicamentos psicotrópicos podem atuar sobre vários sítios moleculares das células cerebrais. Alguns ativam(AGONISTAS), outros inativam (ANTAGONISTAS) os receptores de um neurotransmissor específico. • Outros medicamentos, como antidepressivos, ligam-se aos transportadores que normalmente levam serotonina ou norepinefrina da fenda sináptica para os terminais nervosos pré-sinápticos(inibidores de recaptação) e os bloqueiam. Farmacodinâmica • Curva dose-resposta: resposta clínica ao medicamento em função de sua concentração. A potência do medicamento tem a ver com a comparação das dosagens dos diferentes medicamentos para atingir determinado efeito. Por exemplo: haloperidol é mais potente que clorpromazina, porque aproximadamente 2 mg de haloperidol são necessários para atingir o mesmo efeito terapêutico que 100 mg de clorpromazina. Contudo, são iguais na eficácia clínica. Farmacodinâmica • Índice terapêutico: medida relativa da toxicidade ou segurança do medicamento. Exemplo: o haloperidol tem alto índice terapêutico, o que é evidenciado pela ampla faixa de doses que é prescrito sem monitorar a concentração no plasma. Já o lítio tem um índice terapêutico baixo, exigindo uma monitoração das concentrações plasmáticas para evitar a toxicidade. • Uma pessoa pode ser hiporreativa, normalmente reativa ou hiper- reativa a um determinado medicamento. Exemplo: alguns precisam de 50 mg de sertralina por dia, outros precisam de 200 mg. Farmacodinâmica • Tolerância, dependência e sintomas de abstinência: uma pessoa que torna-se menos responsivo a um medicamento específico com o passar do tempo, desenvolveu tolerância. • O desenvolvimento de tolerância pode estar associado com o aparecimento de dependência física, que é a necessidade de ficar administrando o medicamento para evitar os sintomas de abstinência. Efeitos adversos • Os efeitos colaterais são um risco inevitável do tratamento medicamentoso, por isso a equipe de saúde precisa estar atenta com os mais comuns; • Nenhum texto ou documento, nem mesmo a informação sobre o produto, contém uma lista completa dos eventos que podem emergir com o tratamento; • É importante considerar efeitos comuns e raros e avaliar em equipe se é possível para o paciente. Em geral, as pessoas têm menos dificuldade se souberem o que esperar; • Os efeitos colaterais dos medicamentos, podem em grande parte ser explicados por suas interações com vários sistemas de neurotransmissores, tanto no cérebro quanto na periferia. Dose excessiva(overdose) e Síndromes de Abstinência(retirada) • Um efeito adverso extremo do tratamento medicamentoso é tentativa de suicídio por overdose de um psicotrópico; • Quando o suicídio for uma preocupação, uma boa prática clínica é liberar pequenas quantidades de medicamentos para o paciente; • O surgimento transitório de sintomas moderados com a interrupção ou redução da dosagem está associado a vários medicamentos como paroxetina, venlafaxina, sertralina, entre outros. Sintomas mais graves de interrupção são associados ao lítio e benzodiazepínicos. Transtornos Ansiosos e Abordagem Farmacológica TRANSTORNOS ANSIOSOS TRANSTORNOS ANSIOSOS ◦Os transtornos de ansiedade incluem transtornos que compartilham características de medo e ansiedade excessivos e alterações comportamentais relacionados. ◦São os transtornos mais comuns e frequentes. ◦Medo: é a resposta emocional a ameaça iminente real ou percebida. Está associado a períodos de excitabilidade autonômica aumentada, necessária para fuga ou luta. ◦Ansiedade: é a antecipação de ameaça futura. Está associada à tensão muscular e vigilância em preparação para perigo futuro e comportamentos de cautela e esquiva. TRANSTORNOS ANSIOSOS ◦ Os transtornos de ansiedade se diferenciam do medo ou da ansiedade adaptativos por serem excessivos ou persistirem além de períodos apropriados ao nível de desenvolvimento. Eles diferem do medo ou da ansiedade provisórios, com frequência induzidos por estresse, por serem persistentes (p. ex., em geral durando seis meses ou mais). ◦ Muitos dos transtornos de ansiedade se desenvolvem na infância e tendem a persistir se não forem tratados. A maioria ocorre com mais frequência em indivíduos do sexo feminino do que no masculino (2:1). ◦ Os transtornos de ansiedade são: ansiedade de separação; mutismo seletivo; fobia específica; ansiedade social (fobia social); transtorno do pânico; agorafobia (ansiedade em situações como estar em ambiente fechado, ambiente aberto, multidões, em transporte público, etc.); transtorno de ansiedade generalizada (TAG), transtorno de estresse pós- traumático e transtorno obsessivo compulsivo (TOC). TRANSTORNOS ANSIOSOS TRANSTORNO DO PÂNICO: é composto de episódios descontínuos de ataques de pânico, ou seja, 15 a 30 minutos de uma ansiedade rápida, intensa, progressiva, em que a pessoa experimenta enorme medo, assim como sintomas fisiológicos. Durante o ataque de pânico, sente-se uma ansiedade intensa e opressiva e apresentam-se quatro ou mais dos seguintes sintomas: Palpitações; Taquicardia; Sudorese; Tremores; Sensação de falta de ar ou de sufocamento; Sensação de engasgo; Calafrios ou ondas de calor; Dor ou desconforto torácico; Náuseas ou desconforto abdominal ; Sensação de tontura, vertigem ou desmaio Desrealização (sensação de irrealidade) ou despersonalização (sentir-se distanciado de si mesmo) Medo de perder o controle ou ficar louco Medo de morrer Parestesias TRANSTORNOS ANSIOSOS O transtorno de pânico é diagnosticado quando a pessoa tem ataques de pânico inesperados e recorrentes, seguidos de, pelo menos, um mês de preocupação ou inquietação persistente a respeito de ataques futuros ou de seu significado ou então uma mudança de comportamento significativa relacionadas com ele. TRANSTORNOS ANSIOSOS • TRANSTORNO DE ANSIEDADE GENERALIZADA(TAG): O TAG caracteriza-se pela preocupação em excesso e sentimento de excessiva ansiedade durante pelo menos 50% do tempo, por seis meses ou mais. Incapaz de controlar esse foco na preocupação, a pessoa tem três ou mais dos sintomas a seguir: Desassossego Irritabilidade Tensão muscular Fadiga Dificuldade de pensar Alterações do sono Dificuldade de concentração As mulheres são duas vezes mais acometidas pela ansiedade generalizada do que os homens. TRANSTORNOS ANSIOSOS •TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO: No transtorno de estresse pós-traumático o indivíduo foi exposto a um evento traumático, no qual dois dos seguintes quesitos estiverem presentes: - o indivíduoviveu, testemunhou ou foi confrontado com um evento que envolveu morte ou ferimento sério, real ou ameaçado, ou uma ameaça à integridade física própria ou de outros. - a resposta do indivíduo envolveu medo intenso, impotência ou horror. - o evento traumático é revivido, e existe uma esquiva dos estímulos associados com o trauma e um entorpecimento da capacidade geral de resposta. TRANSTORNOS ANSIOSOS •TRANSTORNO OBSESSIVO-COMPULSIVO – TOC: Obsessões são pensamentos, imagens ou impulsos decorrentes, persistentes, intrusivos e indesejados, que causam intensa ansiedade e interferem no funcionamento interpessoal, social e profissional. A pessoa sabe que os pensamentos são excessivos e irracionais, mas acredita não ter controle sobre eles. Compulsões: são comportamentos repetitivos ou atos mentais que a pessoa se sente compelida a executar para diminuir ou eliminar a ansiedade ou o desconforto associado às obsessões TRANSTORNOS ANSIOSOS • FOBIASOCIAL A fobia social é um temor acentuado e persistente de situações sociais ou de desempenho, nos quais o indivíduo é exposto a pessoas desconhecidas ou ao possível exame por outras pessoas. O indivíduo teme agir de modo que lhe seja humilhante ou embaraçoso (ou mostrar sintomas de ansiedade). A exposição à situação temida quase que invariavelmente provoca ansiedade. O indivíduo reconhece que o temor é excessivo, e o sofrimento ou esquiva interferem na rotina normal do indivíduo. •FOBIAESPECÍFICA A fobia específica é caracterizada pelo temor acentuado e persistente, excessivo ou irracional, ativado pela presença ou pela previsão de um objetivo ou de uma específicos (como andar de avião, alturas, animais, tomar uma injeção ou ver sangue). TRANSTORNOS ANSIOSOS Fisiopatologia: ◦ Amígdala e neurobiologia do medo: a amígdala, núcleo cerebral com formato de amêndoa localizado próximo ao hipocampo, apresenta conexões anatômicas importantes, o que a torna capaz de integrar as informações sensoriais e cognitivas e, em seguida, determinar se haverá resposta ao medo. A resposta ao medo podem ser de fuga, luta ou paralisação. *Conexões da amígdala: (1) com o sistema endócrino – a interação da amígdala com o hipotálamo produz alterações no eixo HHSR e, portanto, nos níveis de cortisol. Uma rápida elevação do cortisol pode aumentar a sobrevida quando existe uma ameaça real; entretanto, quando esta elevação é crônica pode ocasionar dano neuronal e patologias clínicas. (2) com os centros respiratórios – aumenta a frequência respiratória diante de uma reação de luta/fuga para aumentar as chances de sobrevivência; entretanto, em excesso causa sensação de falta de ar, como nos ataques de pânico; (3) com o sistema nervoso autônomo (noradrenérgico) – deflagra o aumento do pulso, da pressão arterial, para as reações de luta/fuga; entretanto, quando desencadeado de forma inadequada e cronificada, pode levar ao desenvolvimento de hipertensão, infarto, etc. TRANSTORNOS ANSIOSOS Fisiopatologia: ◦ Ácido γ-aminobutírico (GABA): é um dos neurotransmissores essenciais envolvidos na ansiedade e na ação ansiolítica de muitos fármacos usados no tratamento dos transtornos de ansiedade. O GABA é o principal neurotransmissor inibitório do cérebro, que normalmente desempenha um papel regulador importante na redução da atividade de diversos neurônios, como os da amígdala. ◦ Serotonina e ansiedade: a serotonina é um neurotransmissor essencial, que inerva a amígdala e, portanto, está envolvida na regulação da resposta ao medo. Os antidepressivos inibidores do SERT (principalmente os ISRS) são muito eficazes na redução dos sintomas ansiosos. ◦ Hiperatividade noradrenérgica: a estimulação noradrenérgica excessiva pode não apenas resultar em diversas manifestações periféricas (aumento da frequência cardíaca e da pressão arterial, por exemplo), mas também desencadear vários sintomas nucleares de ansiedade e medo, como pesadelos, estados de hiperexcitação e ataques de pânico. TRANSTORNOS ANSIOSOS Tratamento: ◦Os antidepressivos (principalmente os ISRS) têm se firmado como primeira escolha no tratamento do TAG por algumas razões. Em primeiro lugar vem a sua eficácia clínica no controle dos sintomas físicos e psíquicos da ansiedade. Segundo, esses medicamentos apresentam perfil de efeitos colaterais bastante favorável, que proporciona condições mais confortáveis. Terceiro, esses medicamentos não estão associados ao risco de abuso e dependência, como os benzodiazepínicos. ◦Os benzodiazepínicos (BDZ) são uma classe de medicamentos classicamente indicada para o controle agudo da ansiedade. TRANSTORNOS ANSIOSOS Tratamento Benzodiazepínicos (BDZ) ◦ Fármacos: Clonazepam, Cloxazolam, Lorazepam, Bromazepam, Alprazolam, Diazepam, Estazolam, Midazolam, Flurazepam, Nitrazepam. ◦ Efeitos: quase todos os efeitos dos benzodiazepínicos resultam de suas ações sobre o SNC. Seus efeitos são: sedação, hipnose, redução da ansiedade, relaxamento muscular, amnésia e atividade anticonvulsivante. TRANSTORNOS ANSIOSOS Tratamento Benzodiazepínicos (BDZ) ◦ Mecanismo de ação: acredita-se que os BDZs exerçam a maior parte de seus efeitos interagindo com receptores de neurotransmissores inibitórios ativados diretamente por GABA. Os receptores de GABA são proteínas ligadas à membranas, que podem ser divididas em 2 tipos principais: GABAa e GABAb. Os BDZs agem nos receptores GABAa, mas não nos GABAb, ligando-se diretamente a local específico distinto do ponto de ligação do GABA. Não ativam os receptores GABAa diretamente, mas em vez, requerem GABA para expressar seus resultados, isto é, apenas modulam os efeitos do GABA. TRANSTORNOS ANSIOSOS Tratamento: Praticamente todos os benzodiazepínicos são completamente absorvidos no trato gastrointestinal. A absorção, o tempo necessário para atingir o pico das concentrações e o início da ação são mais rápidos para o diazepam, lorazepam, alprazolam, triazolam e estazolam. O início rápido dos efeitos é importante para pessoas que usam uma única dose de benzodiazepínico a fim de acalmar um surto episódico de ansiedade ou para adormecer rapidamente. TRANSTORNOS ANSIOSOS Principais indicações terapêuticas do uso de BDZ: • Insônia: Pode ser um sintoma de uma patologia física ou de um transtorno psiquiátrico, por isso os benzodiazepínicos não podem ser usados por mais de 10 dias sem uma investigação ampla. Os hipnóticos ajudam muito em quem sofre com dificuldade de sono de longa duração. Exemplos: temazepam e flurazepam, são indicados exclusivamente para insônia. •Transtorno de Ansiedade Generalizada(TAG): deve haver um tempo determinado, específico e relativamente breve. Porém, o TAG normalmente tem curso crônico, com alta taxa de recorrência, demandando um tratamento de longo prazo muitas vezes. TRANSTORNOS ANSIOSOS Principais indicações terapêuticas do uso de BDZ: Transtorno do Pânico: Alprazolam e clonazepam, ambos de alta potência, são frequentemente utilizados. Os ISRS são amplamente utilizados também, porém o efeito dos BDZ é mais rápido e não causa disfunção sexual e nem aumento de peso. Muitas vezes, no tratamento é utilizada uma associação entre BDZ E ISRS no início, e o BDZ vai sendo retirado a partir da terceira semana, quando o ISRS começa a ter efeito terapêutico; Fobia Social: o clonazepam tem sido um tratamento eficaz. Transtorno Obsessivo Compulsivo e Transtorno de Estresse Pos-Traumático: muitos BDZ têm mostrado ótimos resultados. TRANSTORNOS ANSIOSOS Tratamento Benzodiazepínicos (BDZ) ◦ Dependência: o uso crônico de BDZs traz o risco de desenvolver dependência e uso abusivo. Acredita-se que isso ocorre devido ao desenvolvimento de tolerância ao fármaco. ◦ Abstinência: os sintomas podem incluir a temporária intensificação dos problemas que originalmente levaram ao uso. Disforia, irritabilidade, suores, sonhos desagradáveis, tremores, anorexia e tonteiras também podem ocorrer. ◦ A utilização a longo prazo deve ser acompanhada com psicoterapia. Transtornos Ansiosos Tratamento Interações medicamentosas A interaçãomais comum e perigosa é sedação excessiva e depressão respiratória que ocorre quando os BDZ são administrados concomitantemente com outros depressores do SNC, como álcool, barbitúricos, medicamentos tricíclicos, opioides, entre outros; Há probabilidade de ocorrer disartria e ataxia quando combinados com lítio e antipsicóticos com clonazepam; TRANSTORNOS ANSIOSOS • Flumazenil para dose excessiva(overdose) de BDZ: •O flumazenil é usado para reverter os efeitos adversos psicomotores, amnésicos e sedativos dos BDZ. •É administrado via IV. •Seus efeitos adversos mais comuns: náuseas, vômitos, tonturas, agitação, labilidade emocional, vasodilatação cutânea, dor no local da injeção, fadiga, perturbação de visão e cefaleia. O efeito adverso mais sério é a precipitação de convulsões. REFERÊNCIAS Goodman & Gilman: As bases farmacológicas da terapêutica/ [revisão e conteúdo Almir Lourenço da Fonseca] – Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana do Brasil, 2006. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª Edição (DSMV) MIGUEL, Euripedes Constantino; GENTIL, Valentim; GATTAZ, Wagner Farid (Editores). Clínica Psiquiátrica I. Barueri, SP: Manole, 2011. Stahl, Stephen M. Psicofarmacologia: bases neurocientíficas e aplicações práticas / Stephen M. Stahl; tradução Patricia Lydie Voeux; revisão técnica Irismar Reis de Oliveira – 4.ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. Epilepsia e Abordagem Farmacológica EPILEPSIA ◦O conceito atual de epilepsia é de uma condição caracterizada por uma predisposição permanente para gerar crises epilépticas e por suas consequências neurobiológicas, cognitivas, psicológicas e sociais. ◦ Seu diagnóstico é baseado na presença de duas ou mais crises recorrentes e espontâneas, sem levar em conta o contexto clínico. ◦As crises epilépticas são descritas pela ocorrência transitória de sinais e/ou sintomas em consequência a uma atividade neuronal encefálica excessiva e anormal. EPILEPSIA ◦A apresentação clínica da crise epiléptica depende de uma grande variedade de fatores, como do local de início da atividade epileptiforme no córtex cerebral, dos seus padrões de propagação, da maturação encefálica, dos processos patológicos associados, do ciclo sono-vigília e de medicações em uso. ◦As crises epilépticas podem afetar a consciência, o estado emocional, a memória, a cognição, o comportamento, bem como as funções sensoriais, motoras e autonômicas. EPILEPSIA Classificação das Crises Epilépticas ◦Crises generalizadas: são conceituadas como crises originadas em uma determinada região encefálica, com rápido envolvimento de conexões distribuídas bilateralmente. Essas conexões bilaterais podem envolver tanto estruturas corticais quanto subcorticais, mas não necessariamente incluem todo o córtex. ◦Crises parciais/focais: são conceituadas como originárias de cadeias neuronais limitadas a um hemisfério, podendo se originar de estruturas subcorticais. Elas podem ter origem em áreas de dimensões variadas, podendo ser bem restritas ou mais amplas. EPILEPSIA EPILEPSIA Crises Parciais: ◦ Parciais simples: diversas manifestações determinadas pela região do córtex ativada pela crise (ex: se for o córtex motor que representa o polegar esquerdo, ocorrem abalos clônicos do polegar esquerdo). A característica chave é a preservação da consciência. ◦ Parciais complexas: há comprometimento da consciência, muitas vezes associado a movimentos despropositados como estalar os lábios ou contorcer as mãos. ◦ Parciais com crises tônico-clônicas secundariamente generalizadas: uma crise parcial simples ou complexa evolui para uma crise tônico-clônica com perda da consciência e contrações persistentes (tônicas) dos músculos em todo o corpo, seguidas por períodos de contrações musculares alternados com períodos de relaxamento (clônicas). EPILEPSIA EPILEPSIA Crises Generalizadas: ◦Crises de ausência: início abrupto de comprometimento da consciência associado a olhar fixo e interrupção da atividade corrente ◦Crises Mioclônicas: contração breve e semelhante a choque dos músculos, que pode ser restrita a parte de um membro, ou generalizada. ◦Crises tônico-clônicas: conforme descrito nas crises parciais secundariamente generalizadas, porém sem serem precedidas por crises parciais. EPILEPSIA EPILEPSIA Etiologia: ◦ Genética: epilepsia resultante de defeitos genéticos conhecidos ou presumidos, na qual a crise epiléptica é o sintoma cardinal do distúrbio. A designação da natureza fundamental do distúrbio como genética não exclui a possibilidade de fatores ambientais, contribuindo para a expressão da doença. ◦ Estrutural/metabólica: entidade na qual existe uma lesão estrutural, metabólica ou doença distinta, que esteja associada com um risco aumentado para o desenvolvimento de epilepsia. As lesões estruturais podem ser adquiridas (p. ex., AVC, trauma, tumor). ◦ Causa desconhecida: epilepsia na qual a etiologia subjacente ainda é desconhecida. EPILEPSIA Tratamento: ◦ Fenitoína: seu mecanismo de ação consiste em limitar o disparo repetitivo de potenciais de ação provocado pela despolarização persistente de neurônios (bloqueia canais de cálcio sensíveis à voltagem). É eficaz contra todos os tipos de crises parciais e tônico-clônicas, mas não contra as crises de ausência. ◦ Carbamazepina: é considerada um dos principais agentes para o tratamento das crises parciais e tônico-clônicas. Possui mecanismo de ação similar à fenitoína, porém a carbamazepina também possui efeito antimaníaco, ao contrário da fenitoína. ◦ Ácido Valpróico: além de produzir efeitos similares à fenitoína e à carbamazepina, o ácido valpróico aumenta a concentração de GABA ao estimular a enzima responsável pela síntese deste neurotransmissor inibitório, assim como inibir a enzima de sua degradação. Também possui efeitos antimaníacos. Sua eficácia foi comprovada em crises de ausência, tônico- clônicas e crises parciais. EPILEPSIA Tratamento: ◦Benzodiazepínicos: as ações anticonvulsivantes dos BDZs resultam em grande parte de sua capacidade de aumentar a inibição sináptica mediada por GABA. ◦Barbitúricos: podem produzir todos os graus de depressão do SNC, desde uma leve sedação até anestesia geral. O mecanismo de ação dos barbitúricos também se dá via receptores GABAa, assim como os BDZs. A diferença é que os barbitúricos prolongam os efeitos do GABA e os benzodiazepínicos aumentam a frequência desses efeitos. Um exemplo de fármaco desta classe é o fenobarbital. É eficaz para crises tônico-clônicas generalizadas e parciais. REFERÊNCIAS Goodman & Gilman: As bases farmacológicas da terapêutica/ [revisão e conteúdo Almir Lourenço da Fonseca] – Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana do Brasil, 2006. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª Edição (DSMV) MIGUEL, Euripedes Constantino; GENTIL, Valentim; GATTAZ, Wagner Farid (Editores). Clínica Psiquiátrica I. Barueri, SP: Manole, 2011. Stahl, Stephen M. Psicofarmacologia: bases neurocientíficas e aplicações práticas / Stephen M. Stahl; tradução Patricia Lydie Voeux; revisão técnica Irismar Reis de Oliveira – 4.ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. Transtornos Afetivos e Abordagem Farmacológica DEPRESSÃO DEPRESSÃO ◦O termo depressão pode designar um sintoma, uma síndrome ou um transtorno mental. ◦Os transtornos depressivos são condições médicas sérias, cujo quadro clínico é dominado por humor patológico e alterações comportamentais, cognitivas e vegetativas. ◦Sem diagnóstico e tratamento adequados causam sofrimento importante e incapacitam para o trabalho e vida social. DEPRESSÃO Epidemiologia: ◦ Na população em geral, a depressão maior possui prevalência variando entre 15,1% e 16,8% e a distimia entre 4,3% e 6,3%. ◦ Em nosso meio, a depressão maior possui prevalência de 16,8% e a distimia de 4,3%, quando utilizados os critérios diagnósticos da CID 10. ◦ Acomete 2 a 3 vezes mais mulheres do que homens. ◦ A idade média de início em adultos na população geral variou de 27,2 anos em paísesem desenvolvimento e 29,8 anos em países desenvolvidos. ◦ Sem tratamento um episódio leve a moderado dura 4 a 30 semanas e um episódio grave de 6 a 8 meses. Episódios tratados duram 3 meses. DEPRESSÃO Etiologia e Fisiopatologia: ◦As depressões resultariam da complexa interação de processos biológicos (resposta ao estresse e fatores neurotróficos), psicológicos (personalidade, relacionamentos pessoais), ambientais (dietas, álcool, ritmos biológicos), genéticos e psicossociais (perda de emprego, de entes queridos, separações). DEPRESSÃO Etiologia e Fisiopatologia: Fatores Biológicos: ◦ Hipótese Monoaminérgica da Depressão: a teoria clássica sobre a etiologia do transtorno depressivo propõe a hipótese de que ele se deva a uma deficiência de neurotransmissores monoamínicos. Hoje, a teoria monoaminérgica sugere que todo o sistema de neurotransmissão monoaminérgica de todas as 3 monoaminas (serotonina, noradrenalina e dopamina) pode estar disfuncional em vários circuitos cerebrais. DEPRESSÃO Etiologia e Fisiopatologia: Fatores Biológicos: ◦ Estresse e Depressão: no estresse, ocorre repressão do gene do BDNF (fator neurotrófico derivado do cérebro); este fator é responsável por manter a viabilidade dos neurônios cerebrais. Além disso, o estresse também altera os níveis de serotonina, dopamina e noradrenalina. Assim, com a alteração dos níveis de neurotransmissores e com a diminuição do BDNF, pode ocorrer atrofia e até morte neuronal em várias áreas cerebrais, principalmente no hipocampo. DEPRESSÃO DEPRESSÃO Etiologia e Fisiopatologia: Fatores Biológicos: ◦ Estresse e Depressão: os neurônios da região hipocampal costumam suprimir o eixo hipotálamo-hipófise-suprarrenal (HHSR). Assim, se o estresse causar atrofia dos neurônios do hipocampo, com perda de sua função inibitória, isso pode levar à uma hiper-reatividade do eixo HHSR. A não inibição do eixo HHSR por retroalimentação, vai produzir a circulação de níveis aumentados de glicocorticoides que podem ser inclusive tóxicos para os neurônios. Isso pode contribuir para a sua atrofia em situações de estresse crônico. DEPRESSÃO DEPRESSÃO Quadro Clínico: ◦ Humor: é depressivo ou irritável com anedonia (perda da capacidade de sentir prazer) e há a perda da reatividade a estímulos positivos. ◦ Afetos: são de cunho negativo, representados por sentimentos de baixa autoestima, culpa desesperança, tristeza, solidão, etc. Pode predominar apatia e indiferença a tudo ou sofrimento com angústia e desespero. ◦ Cognição: pensamento pode se lentificar, há diminuição da atenção e da memória. ◦ Ideias: são deslocadas para o polo negativo, congruentes com o humor depressivo, por exemplo, culpa, falta de sentido, ruína, fracasso, pessimismo e suicídio. ◦ Psicomotricidade: fica lentificada e há redução de energia mental e física. As queixas são de fadigabilidade, preguiça, sono, etc. ◦ Sintomas Vegetativos: insônia (ou hipersonia na depressão atípica) e alterações do apetite (menor ou maior nos casos atípicos), levando à perda ou ganho de peso. DEPRESSÃO Transtorno Depressivo Maior (DSM-V) Critérios Diagnósticos A. Cinco (ou mais) dos seguintes sintomas estiveram presentes durante o mesmo período de duas semanas e representam uma mudança em relação ao funcionamento anterior; pelo menos um dos sintomas é (1) humor deprimido ou (2) perda de interesse ou prazer. 1. Humor deprimido na maior parte do dia, quase todos os dias, conforme indicado por relato subjetivo (p. ex., sente-se triste, vazio, sem esperança) ou por observação feita por outras pessoas (p. ex., parece choroso). (Nota: Em crianças e adolescentes, pode ser humor irritável.) 2. Acentuada diminuição do interesse ou prazer em todas ou quase todas as atividades na maior parte do dia, quase todos os dias (indicada por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas). 3. Perda ou ganho significativo de peso sem estar fazendo dieta (p. ex., uma alteração de mais de 5% do peso corporal em um mês), ou redução ou aumento do apetite quase todos os dias. (Nota: Em crianças, considerar o insucesso em obter o ganho de peso esperado.) DEPRESSÃO Transtorno Depressivo Maior (DSM-V) Critérios Diagnósticos 4. Insônia ou hipersonia quase todos os dias. 5. Agitação ou retardo psicomotor quase todos os dias (observáveis por outras pessoas, não meramente sensações subjetivas de inquietação ou de estar mais lento). 6. Fadiga ou perda de energia quase todos os dias. 7. Sentimentos de inutilidade ou culpa excessiva ou inapropriada (que podem ser delirantes) quase todos os dias (não meramente autorrecriminação ou culpa por estar doente). 8. Capacidade diminuída para pensar ou se concentrar, ou indecisão, quase todos os dias (por relato subjetivo ou observação feita por outras pessoas). 9. Pensamentos recorrentes de morte (não somente medo de morrer), ideação suicida recorrente sem um plano específico, uma tentativa de suicídio ou plano específico para cometer suicídio. DEPRESSÃO Transtorno Depressivo Maior (DSM-V) Critérios Diagnósticos B. Os sintomas causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. C. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica. D. A ocorrência do episódio depressivo maior não é mais bem explicada por transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia, transtorno esquizofreniforme, transtorno delirante, outro transtorno do espectro da esquizofrenia e outro transtorno psicótico especificado ou transtorno da esquizofrenia e outro transtorno psicótico não especificado. E. Nunca houve um episódio maníaco ou um episódio hipomaníaco. DEPRESSÃO Classificação do Episódio Depressivo: ◦Sintomatologia: melancólica ou somática; psicótica; atípica ◦Polaridade: unipolar ou bipolar ◦Curso: recorrente ou crônica ◦Fatores desencadeantes: sazonal; puerperal ◦Gravidade: leve; moderada e grave DEPRESSÃO Tratamento Farmacológico: Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS) ◦ Fármacos: Fluoxetina, Sertralina, Paroxetina, Citalopram, Escitalopram, Fluvoxamina ◦ Mecanismo de ação: todos os seis ISRS compartilham a mesma característica farmacológica: inibição seletiva e potente da recaptação de serotonina, também conhecida como inibição do transportador de serotonina (SERT). Essa inibição promove primeiramente um aumento da concentração da serotonina na região somatodendrítica do neurônio e não na terminação axônica (responsável pela neurotransmissão). Nesta região somatodendrítica encontram-se receptores de serotonina do tipo 5HT1. Estes receptores possuem características inibitórias e, na depressão, estão sensibilizados (hiper-reativos). Isso faz com que não haja liberação de serotonina pelo terminal axônico do neurônio. Na presença do ISRS e do consequente aumento de serotonina, o receptor 5HT1 é dessensibilizado, permitindo aumento da concentração de serotonina na região axônica do neurônio. DEPRESSÃO DEPRESSÃO Tratamento Farmacológico: Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina (ISRS) ◦Efeitos colaterais: náuseas, cefaleia, diminuição do apetite, dor abdominal, insônia, nervosismo e sudorese excessiva ◦Os efeitos colaterais geralmente acontecem antes dos efeitos terapêuticos. Isso ocorre pelo fato de existirem receptores de serotonina em outras partes do organismo e, também, pelo fato de que a dessensibilização dos receptores 5HT1 localizados na região somatodendrítica levar um tempo maior para acontecer. Em média os efeitos terapêuticos podem demorar cerca de 2 a 4 semanas para aparecerem. DEPRESSÃO Tratamento Farmacológico: Inibidores da Recaptação de Serotonina-Noradrenalina (IRSN) ◦ Fármacos: Venlafaxina, Desvenlafaxina, Duloxetina ◦ Mecanismo de ação: promovem a inibição do SERT, assim como a inibição do transportador de noradrenalina em menor grau (NAT). Teoricamente, deve haver alguma vantagem terapêutica na adição do inibidor do NAT ao inibidor do SERT, visto que um mecanismocontribui para a eficácia do outro ao ampliar o alcance desses antidepressivos nos sistemas de neurotransmissão monoaminérgica em mais regiões cerebrais. ◦ Efeitos colaterais: náuseas, insônia, tremor, disfunção sexual, sudorese e boca seca. DEPRESSÃO Tratamento Farmacológico: Inibidores da Recaptação de Noradrenalina e Dopamina (IRND) ◦Fármaco: Bupropiona ◦Mecanismo de ação: inibe a recaptação da noradrenalina (NAT) e da dopamina pelo transportador de dopamina (DAT). É utilizada no tratamento para o tabagismo, pois ocupa o DAT nas regiões cerebrais responsáveis pela fissura (estriado e nucleus accumbens). ◦Efeitos colaterais: boca seca, cefaleia, dor de garganta, fadiga insônia, inquietude, náuseas, perda de peso, taquicardia, tremores, vertigens, visão borrada. DEPRESSÃO Tratamento Farmacológico: Antidepressivos Tricíclicos (ADT) ◦ Fármacos: Clomipramina, Imipramina, Amitriptilina, Nortriptilina ◦ Mecanismo de ação: os ADTs foram assim designados em virtude de sua estrutura química, que contém 3 anéis. Bloqueiam as bombas de recaptação de noradrenalina (NAT) ou simultaneamente de noradrenalina e serotonina (SERT) – alguns são mais seletivos para o NAT e outros mais seletivos para o SERT. No entanto, a maioria inibe, em certo grau, tanto a recaptação de serotonina quanto de noradrenalina. Além disso, promovem inibição de receptores colinérgicos, histamínicos, α-adrenérgicos e dos canais de sódio sensíveis à voltagem. Esses efeitos adicionais são responsáveis por efeitos colaterais indesejáveis e a precaução no uso destes antidepressivos. Apesar disso, são considerados fármacos potentes no tratamento da depressão. DEPRESSÃO Tratamento Farmacológico: Antidepressivos Tricíclicos (ADT) ◦Efeitos colaterais: sedação e ganho de peso (inibição dos receptores histamínicos); boca seca, visão turva, retenção urinária e constipação (inibição colinérgica); hipotensão e tontura (inibição adrenérgica); convulsões, coma, arritmias cardíacas e parada cardíaca (inibição dos canais de sódio presentes no sistema nervoso central e no coração). DEPRESSÃO Tratamento Farmacológico: Inibidores da Monoamina Oxidase (MAO) ◦ Fármacos: Selegilina, Fenelzina, Tranilcipromina ◦ Mecanismo de ação: a monoamina oxidase é uma enzima presente em diversas células do corpo e encontra-se em grande quantidade nos neurônios. Esta enzima é responsável pela degradação das principais monoaminas relacionadas à depressão (serotonina, noradrenalina e dopamina). Sua inibição promove o aumento dos níveis destes neurotransmissores no cérebro. ◦ Interações e efeitos colaterais: os IMAOs interagem com diversos medicamentos, principalmente aqueles envolvidos com o aumento dos níveis de noradrenalina e serotonina (anestésicos, pseudoefedrina, ISRS e IRND, etc.). Seus efeitos adversos incluem náuseas, vômitos, cefaleias, aumento da pressão arterial, agitação, tremores, aumento da temperatura corporal, etc.). DEPRESSÃO Tratamento Farmacológico: Inibidores da Monoamina Oxidase (MAO) ◦ Apesar dos IMAOs terem sido os primeiros antidepressivos descobertos, hoje em dia não são tão utilizados na prática clínica. Isso se deve não apenas ao fato do desenvolvimento de fármacos mais novos, mas também ao que diz respeito às suas propriedades farmacológicas. Ao serem administrados, necessitam que o paciente faça uma dieta com restrição de tiramina (presente em alimentos derivados da soja, cervejas não pasteurizadas, queijos envelhecidos, vagens largas) e, também, restrições a certos tipos de medicações (que possuem como efeito aumento da noradrenalina e serotonina). Desta forma, o uso dos IMAOs vêm sendo admitido em casos refratários de depressão, ou seja, pacientes que não responderam a nenhuma outra classe de antidepressivos. TRANSTORNO BIPOLAR TRANSTORNO BIPOLAR ◦O transtorno bipolar (TB) é um distúrbio psiquiátrico caracterizado por alternância de episódios de depressão e mania (euforia/expansividade). ◦Transtorno Bipolar tipo I: caracteriza-se pela ocorrência de episódios maníacos com ou sem episódio depressivo maior. ◦Transtorno Bipolar Tipo II: caracteriza-se por pelo menos um episódio depressivo, com ou sem episódio de hipomania. ◦ O TB inicia -se, em geral, no início da vida adulta, sendo um transtorno recorrente, grave, que cursa com elevadas taxas de morbi-mortalidade e traz prejuízos e custos significativos para o seu portador e para a sociedade. TRANSTORNO BIPOLAR Critérios Diagnósticos DSMV Episódio Maníaco A. Um período distinto de humor anormal e persistentemente elevado, expansivo ou irritável e aumento anormal e persistente da atividade dirigida a objetivos ou da energia, com duração mínima de uma semana e presente na maior parte do dia, quase todos os dias (ou qualquer duração, se a hospitalização se fizer necessária). B. Durante o período de perturbação do humor e aumento da energia ou atividade, três (ou mais) dos seguintes sintomas (quatro se o humor é apenas irritável) estão presentes em grau significativo e representam uma mudança notável do comportamento habitual: 1. Autoestima inflada ou grandiosidade. 2. Redução da necessidade de sono (p. ex., sente-se descansado com apenas três horas de sono). 3. Mais loquaz que o habitual ou pressão para continuar falando. 4. Fuga de ideias ou experiência subjetiva de que os pensamentos estão acelerados TRANSTORNO BIPOLAR Critérios Diagnósticos DSMV Episódio Maníaco 5. Distratibilidade (i.e., a atenção é desviada muito facilmente por estímulos externos insignificantes ou irrelevantes), conforme relatado ou observado. 6. Aumento da atividade dirigida a objetivos (seja socialmente, no trabalho ou escola, seja sexualmente) ou agitação psicomotora (i.e., atividade sem propósito não dirigida a objetivos). 7. Envolvimento excessivo em atividades com elevado potencial para consequências dolorosas (p. ex., envolvimento em surtos desenfreados de compras, indiscrições sexuais ou investimentos financeiros insensatos). C. A perturbação do humor é suficientemente grave a ponto de causar prejuízo acentuado no funcionamento social ou profissional ou para necessitar de hospitalização a fim de prevenir dano a si mesmo ou a outras pessoas, ou existem características psicóticas. D. O episódio não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento, outro tratamento) ou a outra condição médica. TRANSTORNO BIPOLAR Tratamento Estabilizadores do humor ◦ Carbonato de lítio: é um íon que possui como mecanismo de ação locais de transdução de sinais e receptores de neurotransmissores. Demonstra ser efetivo nos episódios maníacos, e na prevenção de novos episódios maníacos; também atua na prevenção de episódios depressivos porém em menor grau. Os níveis séricos considerados terapêuticos variam entre 0,8 a 1,2 mEq/ml. É necessário solicitar a dosagem sérica frequentemente pois possui janela terapêutica apertada e a intoxicação por lítio pode ser fatal. *Sinais de intoxicação por lítio: náuseas, vômitos, dor abdominal, boca seca, ataxia, diarreia profusa, tremor grosseiro, letargia ou excitação, disartria, vertigens, alteração do nível de consciência, arritmias cardíacas, hiper-reflexia, convulsões, nistagmo. TRANSTORNO BIPOLAR Tratamento Anticonvulsivantes como estabilizadores do humor: ◦ Ácido Valpróico: seu mecanismo de ação consiste em: diminuição da neurotransmissão, potencialização do GABA (neurotransmissor inibitório), modulação da transdução de sinais. É eficaz na mania e na sua prevenção, porém não é determinada sua ação na depressão ou na prevenção desta. Seus efeitos colaterais mais comuns são dispepsia, diarreia, sedação, elevação benigna das transaminases, leucopenia, trombocitopenia, perda de cabelo e ganho de peso. TRANSTORNO BIPOLAR Tratamento Anticonvulsivantes como estabilizadores do humor: ◦ Carbamazepina: possui como mecanismo de ação o bloqueio dos canais de sódio, promovendo estabilização das membranas neuronais. Seus efeitos colaterais mais comuns são: ataxia, diplopia, náuseas, vômitos, sonolência,tontura; pode causar insuficiência hepática e rash cutâneo. Não consiste em tratamento de primeira linha do transtorno bipolar, porém alguns pacientes respondem bem a este fármaco. ◦ Lamotrigina: Seu mecanosmo de ação consiste na redução da liberação do neurotransmissor excitatório glutamato. A redução da neurotransmissão glutamatérgica excitatória, particularmente quando excessiva na depressão bipolar, pode explicar sua indicação na depressão do transtorno bipolar. Não está indicada no tratamento da mania. Seu principal efeito colateralsão erupções cutâneas. REFERÊNCIAS Goodman & Gilman: As bases farmacológicas da terapêutica/ [revisão e conteúdo Almir Lourenço da Fonseca] – Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana do Brasil, 2006. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª Edição (DSMV) MIGUEL, Euripedes Constantino; GENTIL, Valentim; GATTAZ, Wagner Farid (Editores). Clínica Psiquiátrica I. Barueri, SP: Manole, 2011. Stahl, Stephen M. Psicofarmacologia: bases neurocientíficas e aplicações práticas / Stephen M. Stahl; tradução Patricia Lydie Voeux; revisão técnica Irismar Reis de Oliveira – 4.ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. Esquizofrenia e Abordagem Psicofarmacológica PSICOSE ◦A psicose é uma síndrome (conjunto de sinais e sintomas), que pode estar associada a muitos transtornos psiquiátricos diferentes. ◦No mínimo, psicose significa delírios e alucinações, mas em geral envolve também sintomas como discurso e comportamento desorganizados e distorções graves da realidade. ◦A psicose pode ser considerada como um conjunto de sintomas nos quais as a capacidade mental, a resposta afetiva e a capacidade do indivíduo de reconhecer a realidade, de se comunicar e de se relacionar com outras pessoas estão comprometidas. PSICOSE Transtornos onde a psicose é definidora: ◦Esquizofrenia ◦Transtornos psicóticos induzidos por substâncias ◦Transtorno esquizofreniforme ◦Transtorno esquizoafetivo ◦Transtorno delirante ◦Transtorno psicótico breve ◦Transtorno psicótico devido a condição médica geral PSICOSE Transtornos onde a psicose é característica associada: ◦Mania ◦Depressão ◦Transtornos cognitivos ◦Doença de Alzheimer ESQUIZOFRENIA Definição: ◦Apesar da esquizofrenia ser a doença psicótica mais comum e mais conhecida, ela não é sinônimo de psicose. ◦É um transtorno que deve durar cerca de 6 meses ou mais, com pelo menos 1 mês de delírios, alucinações, discurso desordenado, comportamento desorganizado ou catatônico ou sintomas negativos. ◦É um transtorno crônico, com curso que abrange uma fase prodrômica, uma fase ativa e uma fase residual. ESQUIZOFRENIA Epidemiologia: ◦ Em todo o mundo, 2 milhões de novos casos surgem a cada ano. ◦ Sua prevalência é similar entre homens e mulheres; em geral o início ocorre antes nos homens. A faixa etária de pico do início vai dos 15 aos 35 anos de idade. ◦ Entre 25% e 50% dos pacientes esquizofrênicos tentam suicídio e 10% acabam conseguindo, contribuindo para uma taxa de mortalidade 8 vezes maior do que a população geral. ◦ A expectativa de vida de um paciente esquizofrênico pode ser 20 a 30 anos mais curta que a da população em geral, não apenas devido ao suicídio, mas por doença cardiovascular prematura (estilo de vida e efeitos colaterais de medicação). ESQUIZOFRENIA Sintomas Positivos: ◦Delírios ◦Alucinações ◦Discurso desorganizado ◦Comportamento desorganizado ◦Agitação ESQUIZOFRENIA Sintomas Negativos: ◦Embotamento afetivo ◦Alogia: pobreza do discurso (ex: fala pouco, usa poucas palavras) ◦Retraimento social apático ◦Anedonia: redução da capacidade de sentir prazer ◦Avolição: redução da vontade, da motivação, do desejo ESQUIZOFRENIA Sintomas Cognitivos: ◦ Os sintomas cognitivos da esquizofrenia consistem em prejuízos da atenção e do processamento de informações. Estes são manifestados pelo comprometimento da fluência verbal (capacidade de produção de fala espontânea), por problemas com a aprendizagem sequencial (de uma lista de itens ou de uma série de eventos) e pela vigilância prejudicada das funções executivas (dificuldades para manter e focar a atenção, de concentração, de estabelecer prioridades e de modulação do comportamento com base em pistas sociais). ◦ Disfunção Executiva: envolve problemas no estabelecimento e na manutenção de metas, na alocação dos recursos de atenção, na avaliação e no monitoramento do desempenho e no uso dessas habilidades para a resolução de problemas. ESQUIZOFRENIA Neurônios Dopaminérgicos: ◦A dopamina (DA) é sintetizada nos terminais nervosos dopaminérgicos, a partir do aminoácido tirosina após sua captação do espaço extracelular e da corrente sanguínea no neurônio por uma bomba ou transportador de tirosina. ◦A tirosina é convertida em DA pela ação de duas enzimas: tirosina hidroxilase e DOPA descarboxilase. Depois de sua síntese, a DA é armazenada em vesículas sinápticas até ser utilizada na neurotransmissão. ESQUIZOFRENIA ESQUIZOFRENIA Neurônios Dopaminérgicos: ◦O neurônio dopaminérgico tem um transportador pré-sináptico (bomba de recaptação), denominado DAT, que é exclusivo para DA e que interrompe a ação sináptica da DA ao retirá-la rapidamente da fenda sináptica e transportá-la de volta ao terminal nervoso pré- sináptico. ◦Após sua recaptação, a DA pode ser novamente armazenada para reutilização em uma próxima neurotransmissão. ESQUIZOFRENIA ESQUIZOFRENIA Neurônios Dopaminérgicos: ◦Existem vários tipos de receptores dopaminérgicos. O recptor de DA mais investigado, no entanto, é o receptor D2, visto que é o tipo de receptor bloqueado pelos fármacos antipsicóticos antagonistas de dopamina. ◦Os receptores D2 podem estar localizados tanto no neurônio pós- sináptico, quanto no neurônio pré-sináptico. Sua localização pré- sináptica possui a função de regular a neutransmissão por um mecanismo de feedback negativo. ESQUIZOFRENIA ESQUIZOFRENIA Vias Dopaminérgicas: Via Mesolímbica: ◦ A via mesolímbica projeta-se dos corpos celulares dopaminérgicos localizados no tronco encefálico até terminais axônicos em uma das áreas límbicas do cérebro, isto é, o nucleus accumbens. ◦ Esta via desempenha papel importante em vários comportamentos emocionais, inclusive os sintomas positivos da psicose, como delírios e alucinações. É também importante para a motivação, o prazer e a recompensa. ◦ Foi observado que as doenças ou drogas que aumentam a dopamina produzem sintomas psicóticos positivos ou os amplificam, enquanto fármacos que diminuem a dopamina reduzem esses sintomas positivos (ex: cocaína usada repetidamente pode causar psicose paranoide com delírios persecutórios). ◦ Todos os antipsicóticos capazes de tratar os sintomas positivos, são bloqueadores do receptor D2. ESQUIZOFRENIA Vias Dopaminérgicas: Via Mesocortical: ◦ A via mesocortical surge de corpos celulares dopaminérgicos localizados no tronco encefálico e projeta-se para áreas do córtex pré-frontal. ◦ Essa via regula a cognição, as funções executivas, as emoções e o afeto. ◦ Acredita-se que ocorra um déficit da atividade da dopamina nessa via em pacientes com esquizofrenia, provocando, assim, sintomas cognitivos e sintomas negativos do transtorno. ESQUIZOFRENIA Vias Dopaminérgicas: Via Nigroestriatal: ◦A via nigroestriatal surge de corpos celulares dopaminérgicos localizados no tronco encefálico e projeta-se através de axônios que terminam em núcleos da base ou no estriado. ◦Essa via é responsável por controlar movimentos motores. A deficiência de dopamina nessa via provoca distúrbios do movimento, como na doença de Parkinson, a qual se caracteriza por rigidez, acinesia/bradicinesia (falta ou lentidão de movimentos) e tremor. ESQUIZOFRENIA Vias Dopaminérgicas: Via Nigroestriatal: ◦ Esses distúrbios do movimento podem ser reproduzidos por fármacos que bloqueiam os receptores D2, nessa via (alguns antipsicóticos). Na esquizofrenia, a via nigroestriatal em pacientes não tratados pode estar normal, ficando alterado apenas pela ação de algunsantipsicóticos. ◦ Acredita-se que a hiperatividade da DA na via nogroestriatal esteja na base de vários distúrbios hipercinéticos do movimento, como coreia, discenesias e tiques. O bloqueio crônico dos receptores D2, nessa via, pode resultar em distúrbios de movimento hipercinético (discinesia tardia induzida). ESQUIZOFRENIA Vias Dopaminérgicas: Via Tuberoinfundibular: ◦ A via tuberoinfundibular consiste em neurônios dopaminérgicos que se projetam do hipotálamo para a hipófise. ◦ Normalmente esses neurônios são ativos e inibem a liberação de prolactina. Entretanto, no estado de pós-parto, a atividade desses neurônios dopaminérgicos diminui. Assim os níveis de prolactina podem aumentar durante a amamentação. Se o funcionamento dos neurônios dopaminérgicos tuberoinfundibulares for interrompido, por lesões ou substâncias (ex: antipsicóticos), pode ocorrer também aumento da liberação de prolactina. O aumento da prolactina está associado à galactorreia, amenorreia e disfunção sexual. ◦ Na esquizofrenia, sem tratamento, a função da via tuberoinfundibular está preservada. ESQUIZOFRENIA ESQUIZOFRENIA Antipsicóticos Convencionais: ◦ Conhecidos também por antipsicóticos clássicos, antipsicóticos típicos ou antipsicóticos de primeira geração. ◦ Possuem a capacidade de bloquear os receptores de dopamina D2 em todo o cérebro. Essa ação demonstrou ser responsável não apenas pela sua eficácia, mas também pela maioria dos efeitos colaterais indesejáveis ◦ As ações terapêuticas dos antipsicóticos convencionais devem-se ao bloqueio de D2 especificamente na via mesolímbica, envolvida nos sintomas positivos da esquizofrenia. ◦ Exemplos: haloperidol; flufenazina; clorpromazina, levomepromazina, tioridazina, sulpirida, zuclopentixol, pipotiazina, etc. ESQUIZOFRENIA Antipsicóticos Convencionais: Sintomas Negativos e Sintomas Cognitivos: ◦ Via mesolímbica: além dos sintomas positivos, esta via também regula o sistema de recompensa normal do cérebro – “centro do prazer”. Se os receptores D2 forem estimulados em algumas partes desta via, isso pode levar a experiência do prazer. Assim, se esses mesmos receptores no sistema mesolímbico forem bloqueados, isso pode não apenas reduzir os sintomas positivos da esquizofrenia, como também bloquear os mecanismos de recompensa. Desse modo, os pacientes ficam apáticos, com anedonia e falta de motivação e interesse nas relações sociais. O bloqueio necessário da via mesolímbica para a inibição dos sintomas positivos pode, desta forma, agravar os sintomas negativos da esquizofrenia. ESQUIZOFRENIA Antipsicóticos Convencionais: Sintomas Negativos e Sintomas Cognitivos: ◦ Via mesocortical: os antipsicóticos também bloqueiam os receptores D2 na via mesocortical, em que a DA já pode estar deficiente na esquizofrenia. Isso pode causar ou agravar os sintomas negativos e cognitivos. ESQUIZOFRENIA Antipsicóticos Convencionais: Distúrbios Motores (Via Nigroestriatal): ◦ Sintomas Extrapiramidais: também conhecidos como parkinsonismo induzido por fármacos, por se assemelharem aos sintomas da doença de Parkinson. Acredita-se que o bloqueio do receptor D2 na via nigroestriatal provoque um aumento da atividade colinérgica nesta região, sendo esta a hipótese para esses sintomas. ◦ Distonia Aguda: contratura muscular aguda, em geral da musculatura do pescoço, da língua, da face e das costas. ◦ Acatisia: sensação de inquietude, desassossego, pernas inquietas, movimentos repetidos alternando os pés (na posição ereta), incapacidade de se sentar. ESQUIZOFRENIA Antipsicóticos Convencionais: Distúrbios Motores (Via Nigroestriatal): ◦ Discinesia Tardia: distúrbio de movimento hipercinético, constituído por movimentos faciais e da língua, mastigação constante, protrusão da língua, caretas e movimentos dos membros – que podem ser rápidos, espasmódicos ou coreiforme. É causada pela administração prolongada de antipsicóticos convencionais e acredita-se que seja mediada por alterações irreversíveis em receptores D2, da via nigroestriatal. Estes receptores se tornam supersensíveis ou supra regulados, na tentativa de compensar o bloqueio. ESQUIZOFRENIA Antipsicóticos Convencionais: Elevação da Prolactina: ◦ Causada pelo bloqueio de receptores D2 na via tuberoinfundibular, o que aumenta os níveis de prolactina. Esta condição está associada a galactorreia, amenorreia e disfunção sexual. O aumento da prolactina pode interferir na fertilidade da mulher. ESQUIZOFRENIA Antipsicóticos Atípicos: ◦Exemplos: clozapina, olanzapina, risperidona, ziprazidona, aripiprazol, quetiapina. ◦Atuam ao estabilizar a neutransmissão dopaminérgicaem um estado entre o antagonismo silencioso e a estimulação completa/ação agonista, atuando como agonistas parciais dos receptores de D2. ◦Os agonistas parciais tem a capacidade intrínseca de se ligar a receptores, de modo a fazer com que a transdução de sinais do receptor seja intermediária entre impulsos completos e ausência de impulsos. REFERÊNCIAS Goodman & Gilman: As bases farmacológicas da terapêutica/ [revisão e conteúdo Almir Lourenço da Fonseca] – Rio de Janeiro: McGraw-Hill Interamericana do Brasil, 2006. Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais – 5ª Edição (DSMV) MIGUEL, Euripedes Constantino; GENTIL, Valentim; GATTAZ, Wagner Farid (Editores). Clínica Psiquiátrica I. Barueri, SP: Manole, 2011. Stahl, Stephen M. Psicofarmacologia: bases neurocientíficas e aplicações práticas / Stephen M. Stahl; tradução Patricia Lydie Voeux; revisão técnica Irismar Reis de Oliveira – 4.ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014. Transtornos Neurocognitivos e Abordagem Farmacológica TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO MAIOR ◦ A síndrome demencial pode ser causada por um grupo heterogêneo de doenças que tem em comum a alteração das funções cognitivas – memória (amnésia), linguagem (afasia), função motora (apraxia), capacidade de reconhecer e identificar objetos (agnosia), abstração e função executiva (que inclui: memória de trabalho, raciocínio, resolução de problemas, bem como capacidade de planejamento e sequenciamento). Pode haver, também, alterações da personalidade, às vezes até antes dos prejuízos na memória. Engloba doenças degenerativas do sistema nervoso central (SNC) como a doença de Alzheimer, lesões vasculares e infecciosas. O diagnóstico precoce pode, em alguns casos, reverter o processo e, em outros, amenizar suas consequências. TRANSTORNO NEUROCOGNITIVO MAIOR ◦A prevalência de demência aumenta com o avanço da idade em todas as regiões do mundo. Estudos mostraram que após os 65 anos de idade a prevalência de demência dobra a cada 5 anos. No Brasil, essa taxa é de 7,1% acima de 65 anos. ◦Em relação à influência do gênero, pesquisas indicaram certo predomínio do número de casos em mulheres, porém restam dúvidas acerca desta constatação; uma delas está relacionada à expectativa de vida aumentada no sexo feminino. Tipos de Demências Dentre as Demências mais conhecidas podemos citar: 1 - Demência na Doença de Alzheimer; 2 - Demência Vascular de início agudo; 3 - Demência por múltiplos infartos; 4- Demência vascular subcortical; 5 - Demência vascular mista cortical e subcortical; 6 - Demência na Doença de Pick; 7 - Demência na doença de Creutzfeldt-Jakob (Vaca Louca); 8 - Demência na Doença de Huntington; 9 - Demência na doença de Parkinson; 10 - Demência na doença causada pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV); 11 - Demência decorrente de neurossífilis. https://psicologado.com.br/psicopatologia/transtornos-psiquicos/demencias 1 - DOENÇA DE ALZHEIMER ◦A doença de Alzheimer (DA) é um tipo de doença neurodegenerativa, progressiva e, até o presente momento inexorável. ◦ . A fase clínica da doença, quando o diagnóstico sindrômico de demência já pode ser feito, inclui o comprometimento cognitivo de todos os domínios, iniciando pelos transtornos de memória e atingindo também a atenção e concentração, linguagem, gnosias, praxias e as funções executivas com ocorrência hierarquizada temporal e de intensidade
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