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A ARTE ROMÂNICA, 2020 ATUAL FEF

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A ARTE ROMÂNICA
       No período iniciado no século V e conhecido como Idade Média, a vida social e econômica deslocou‐se da cidade
para o campo. Sem condições propícias para o desenvolvimento das artes, a evolução cultural no campo, manteve‐
se praticamente nula. Os mosteiros eram muito pobres e neles também foi difícil estabelecer uma atividade artística.
       No século VII, as únicas fontes de preservação da cultura greco‐romana eram as escolas voltadas para a 
formação do clero. Somente a igreja continuava a contratar construtores, carpinteiros, marceneiros, vitralistas, 
decoradores, escultores e pintores, pois as igrejas eram os únicos edifícios públicos que ainda se construíam.
       Em 800, quando Carlos Magno foi coroado imperador do Ocidente, teve início um intenso desenvolvimento 
cultural. O poder real uniu‐se ao poder papal e Carlos tornou‐se protetor da Cristandade.
A arte no Império Carolíngio
       Na corte de Carlos Magno, criou‐se uma academia literária e desenvolveram‐se oficinas onde eram produzidos 
os objetos de arte e manuscritos ilustrados. Tanto as oficinas ligadas ao palácio como as ligadas aos mosteiros 
desempenharam importante papel na evolução da arte após o reinado de Carlos Magno.
São Mateus Evangelista em miniatura da corte carolíngia.
       Após a morte de Carlos Magno, ocorrida em 814, a corte deixou de ser o centro cultural do Império e as 
atividades intelectuais centralizaram‐se nos mosteiros. Das atividades artísticas aí desenvolvidas, a ilustração de 
manuscritos foi a mais importante. Foram também alvo de interesse a arquitetura, a escultura, a pintura, a 
cerâmica, a fundição de sinos, a encadernação e a fabricação de vidros.
       O trabalho nas oficinas da corte de Carlos Magno levou os artistas a redescobrir a tradição cultural e artística do 
mundo greco‐romano. Na arquitetura isso foi decisivo: levou, mais tarde à criação de um novo estilo, adotado 
principalmente na arquitetura das igrejas, que foi chamado de românico.
O estilo românico na arquitetura
       O nome românico foi criado para designar as obras arquitetônicas dos séculos XI e XII, na Europa, cuja estrutura 
se assemelhava à das construções dos antigos romanos. Seus aspectos mais significativos são a utilização da 
abóbada, dos pilares maciços que a sustentam e das paredes espessas com aberturas estreitas usadas como 
janelas.
Fachada da abadia de Saint‐Pierre, em Moissac, na França.
       O primeiro aspecto que chama a atenção nas igrejas românicas é o tamanho: elas são sempre grandes e sólidas. 
Daí serem chamadas “Fortalezas de Deus”. As igrejas românicas podiam ser construídas com abóbadas de dois tipos:
a abóbada de berço e a abóbada de arestas.
      1 ‐ A abóbada de berço era simples: consistia num semicírculo – o arco pleno – ampliado lateralmente pelas 
paredes. Apresentava duas desvantagens: o excesso de peso do teto de alvenaria, que podia provocar sérios 
desabamentos, e a reduzida luminosidade interna, resultante das janelas estreitas. A abertura de grandes vãos era 
impraticável, por enfraquecer as paredes e aumentar o risco de desabamento. 
1 2
2 – A abóbada de arestas ‐ Desenvolvida para superar as limitações da abóbada de berço. Consistia na intersecção, 
em ângulo reto, de duas abóbadas de berço apoiadas sobre pilares. Com isso obtinha‐se certa leveza e maior 
luminosidade interna. Como esse tipo de abóbada exige um plano quadrado para se apoiar, a nave central ficou 
dividida a em setores quadrados, que correspondem às respectivas abóbadas. Esse aspecto refletiu‐se na forma 
compacta da planta de muitas igrejas românicas.
       Embora diferentes, os dois tipos de abóbadas causam mesmo efeito sobre o observador: uma sensação de 
solidez e repouso, dada pelas linhas semicirculares e pelos grossos pilares.
As igrejas românicas na rota dos peregrinos
       Durante a idade Média ‐ como ainda hoje ‐, realizavam‐se longas peregrinações a lugares considerados santos. 
Muitas das aldeias que ficavam na rota desses lugares construíam igrejas para acolher os peregrinos.
       Entre os lugares santos mais procurados, estavam Jerusalém, onde Jesus cristo teria morrido; Roma, onde 
ficava a sede da igreja; e Santiago de Compostela, na atual Espanha, onde se acredita estar enterrado o apóstolo 
Tiago.
       A basílica de Saint‐Sernin, na cidade de Toulouse, era uma das paradas obrigatórias para os peregrinos porque 
passavam pele trecho francês rumo a Santiago de Compostela.
       Para que os moradores da cidade assistissem aos ofícios religiosos sem ser perturbados pelos peregrinos em 
vista às relíquias locais, essa igreja apresenta importante solução arquitetônica: em torno da nave central, há um 
corredor contínuo que também contorna, num segmento curvo, o altar‐mor. Esse corredor, chamado 
deambulatório, dava acesso às capelas onde ficavam expostos os objetos sagrados e as relíquias, enquanto a nave 
central era ocupada por quem desejava assistir às cerimônias religiosas.
                    
      Fachada da basílica de Saint‐Sernin. Toulouse, França.                   Plano arquitetônico da basílica de Saint‐Sernin. 
       Em 1910, foi fundada na cidade de Cluny uma abadia de beneditinos. No fim do século XII, a congregação de 
beneditinos já contava com mais de mil mosteiros espalhados por toda a Europa.
       Em 1790, a abadia – que havia sido a maior igreja da Europa e era sem dúvida uma obra‐prima da arte românica 
– foi quase totalmente destruída, pouco sobrando de seus edifícios e tesouros artísticos. Os religiosos de Cluny, 
porém, produziram muitas obras de arte que ainda podem ser apreciadas em seus mosteiros.
       O exemplo mais característico cluniacense é o mosteiro de Saint‐Pierre, em Moissac. A beleza de suas esculturas 
pode ser vista, por exemplo, nos capitéis das colunas que cercam o claustro, com representações de folhagens, 
animais e personagens da bíblia.
                                      Claustro da abadia de Saint‐Pierre.                      Tímpano do portal de entrada da igreja.
       Numa época em que poucas pessoas sabiam ler, a igreja recorria a pintura e a escultura para narrar 
histórias bíblicas, ou transmitir aos fieis valores religiosos. Um lugar muito usado para isso era o portal, na 
entrada do templo. No portal das igrejas românicas, à área mais ocupada pelas esculturas era o tímpano: 
parede semicircular que fica logo abaixo dos arcos que arrematam o vão superior da porta. Encontra‐se 
ainda em Saint‐Pierre um dos mais bonitos portais românicos com um belíssimo tímpano e uma pilasta 
chamada tremó.
       Diferentemente do restante da Europa, a arte românica na península Itálica, não apresenta formas 
pesadas, duras e primitivas. Por estarem mais próximos da arquitetura grega e romana, os construtores 
da região deram as suas igrejas um aspecto mais leve e delicado. Também sob a influência da arte greco‐
romana procuraram usar frontões e colunas. Um dos exemplos mais conhecidos é o conjunto da catedral 
de Pisa.
       Na península Itálica, os construtores da Idade Média costumavam a erguer a igreja, o campanário e o 
batistério como edifícios separados. O prédio da catedral de Pisa, cuja construção se iniciou em 1063, tem
planta em forma de cruz, com uma cúpula sobre o encontro dos braços. A fachada da frente sugere a 
forma de um frontão, característico dos templos gregos.
       Batistério – capela onde se encontra a pia batismal e onde se realizam as cerimônias de batismo.
       Campanário – Torre da igreja onde se encontra os sinos.
       O edifício mais conhecido do conjunto da catedral de Pisa é o campanário, a famosa Torre de Pisa, 
cuja construção se iniciou e 1174. Com o passar do templo ela foi sofrendo inclinação, porque o terreno 
cedeu. Seu elemento arquitetônico mais interessante e a superposição de delgadas colunas de mármore, 
que formam sucessivas arcadas ao redor de todos os andares.
 
Catedral e campanário em Pisa, Itália.
O estilo românico na pinturaOs pintores românicos caracterizaram‐se não como criadores de telas de pequenas proporções, mas como 
verdadeiros muralistas. Assim, a pintura românica desenvolveu‐se, sobretudo nas grandes decorações murais, 
favorecidas pelas formas arquitetônicas: as abóbadas e as paredes laterais com poucas aberturas criavam grandes 
superfícies. Na pintura mural era utilizada a técnica do afresco.
       O termo afresco, hoje, é sinônimo de pintura mural. Originalmente, porém, era uma técnica de pintura sobre 
paredes úmidas. Vem daí o seu nome. Nesse tipo de pintura a preparação da parede é muito importante. Sobre sua 
superfície, é aplicada uma camada de cal que, Por sua vez é coberta com uma camada de gesso fina e bem lisa. É 
sobre essa última camada que o pintor executa sua obra.
       Os muras tinham como modelo as ilustrações dos livros religiosos, pois naquela época era intensa, nos 
conventos, a produção de manuscritos decorados à mão com cenas bíblicas.
       Os motivos usados pelos pintores eram de natureza religiosa. A pintura românica praticamente não registrou 
assuntos profanos. Para as igrejas e os mosteiros, geralmente eram escolhidos temas como a criação do mundo e do
ser humano, o pecado original, a arca de Noé, os símbolos dos evangelistas e Cristo em majestade.
      O mural tem no centro a figura de Jesus Cristo cercado de anjos. Ele expressa bem as duas características 
essenciais da pintura românica: a deformação e o colorismo. A deformação, ma verdade traduzia os sentimentos 
religiosos e a interpretação mística que o artista fazia da realidade. A figura de Cristo, por exemplo, era sempre 
maior que as demais. Sua mão e seu braço, no gesto de abençoar, tinham proporções intencionalmente exageradas 
para que o gesto fosse valorizado por quem contemplasse a pintura. Os olhos, muito abertos e expressivos, 
evidenciavam sua intensa vida espiritual. O colorismo traduziu‐se no emprego de cores chapadas, uniformes sem 
preocupação com meios‐tons ou jogos de luz e sombra, pois não havia  menor intenção de imitar a natureza.
Afresco Cristo em Majestade (c. 1123), pintado na abside da igreja de São Clemente de Tahul, na Catalunha, Espanha.

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