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Curso: Relações Internacionais Data: 01/05/2020 Professora: Marco Silva Disciplina: Teoria Clássica das Relações Internacionais Aluna: Marina Pessoa Burmann Matrícula: 19110900085 "O pessoal geralmente conspira para chegar ao poder. Eu já estou no poder. Eu já sou o presidente da República', disse Bolsonaro, que em outro momento, afirmou "Eu sou, realmente, a Constituição." (Folha de São Paulo, 2o de abril, 2020) Contraste duas acepções do Estado presentes nessa fala do presidente. A primeiro momento, as duas frases parecem bastantes características de um conceito de Estado Weberiano, já que em relação ao poder, os dois aparentam ser uni-dimensionais. Porém, a primeira frase mostra que foi preciso uma eleição para o poder, o que diz que ele precisou de uma sociedade para ser “erguido”; através de um poder bidimensional vem a aquiescência que provém de uma legitimação concedida. Por este motivo, considero que nesta primeira frase, nos vem uma ideia de Estado liberal, mas este Estado poderia ser Marxista? Pois numa primeira prerrogativa, o Estado liberal é visto como um Estado neutro, enquanto que no Marxista o Estado recorre a um conflito de classes, o que não seria claro somente pela frase citada. No liberalismo, o papel do Estado seria nada mais do que garantir a eficiência do mercado tratando com neutralidade; um poder centralizado, arbitrário e intervencionista controlados por uma constituição – o que é totalmente o contrário da frase que será analisada a seguir -, a autonomia parece ser maior por parte da sociedade do que do Estado. Já na concepção de Estado para Marx, os interesses que não são neutros, são definidos pelos interesses que defendem. Quais são esses interesses? Pelo ponto de vista de Marx este interesse é através de uma luta de classes que é pressuposto pela organização da sociedade. Para Marx, o Estado é capitalista e tende a ser um Estado burguês com uma função de fazer com que o capitalismo funcione. A maneira como o Estado se organiza economicamente vai ser garantido pelo que está na superestrutura; a superestrutura é uma função da base material, sendo importante olhar para a base material e entender como elas se organizam economicamente pois, o que há na superestrutura, será para garantir a infraestrutura. Então, há uma conclusão de que a concepção que tem na primeira frase é a de um Estado pluralista que surge com uma legitimação de aquiescência, pois mostra que a vontade é clara de se obter o poder e de se chegar ao poder. Na segunda frase do presidente das República percebe-se claramente uma fala de uma concepção Weberiana "Eu sou, realmente, a Constituição." Está totalmente ligado à uma autoridade presente num poder unidimensional, que reconhece uma autoridade legal, moral e funcional no Estado. Onde o Estado manda e a sociedade obedece, com sua legitimidade fundamentada em cima da autoridade. Essa autoridade nada mais é do que uma demonstração clara de poder. Assim como Luís XIV afirmou “O Estado sou eu”, onde a lei não poderia limitar, e sim no máximo, organizar. Um conceito bastante polêmico, já que é totalmente fora de bom senso, onde a soberania da concepção britânica prevalece. Seu conceito Weberiano envolve a autoridade do Estado quanto à sociedade, passando a estabelecer regras que devem ser cumpridas pelo monopólio do uso da força. A legitimidade na concepção Weberiana é a autoridade e ponto, sem argumentos. Assim como Bolsonaro impôs "Eu sou, realmente, a Constituição." com uma coerção; havendo a existência de uma burocracia ideal-típica que exerce uma autoridade racional-legal.
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