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DESNUTRIÇÃO Ms. Fernanda Semião Garcia Pedra Nutrição Conhecimento de como o corpo utiliza o alimento para dar suporte às suas necessidades fisiológicas. É fundamental a vida Suporte à função imune Crescimento e reparo de tecidos Funcionamento de órgãos Atividade física Desnutrição Conceito Desnutrição é um estado mórbido secundário a uma deficiência de um ou mais nutrientes essenciais que se manifesta clinicamente ou é detectado por meio de testes bioquímicos, antropométricos ou fisiológicos. Adaptado: Caldwell e col, 1981 Epidemiologia Incidência de desnutrição proteico calórica conforme descrito no IBRANUTRI Grupos de pacientes Incidência de desnutrição em % Cirurgia abdominal 28% Câncer 74 a 80% Doença inflamatória intestinal 85% Psiquiatria 30% Cirurgia abdominal 26% Cirurgia vascular 37% Cirurgia geral 25 – 40% WAITZBERG, 2000 Fatores de risco Idade avançada Condições sócio econômicas Doença ou lesão Cognição prejudicada Maus hábitos alimentares Dificuldades para mastigar ou engolir Causas de desnutrição relacionada a doença Causas Fatores contribuintes Perda excessiva Vômitos Diarreia Fístulas Ingestão inadequada de nutrientes Dieta pobre Apetite reduzido Problemas para mastigar e engolir Depressão Má absorção Condições patológicas de estomago, intestino, pâncreas e fígado Alteração do processamento de alimentos Demandas metabólicas aumentadas ou alteradas por infecção, cirurgia ou queimaduras. DESNUTRIÇÃO: classificação etiofisiopatogênica •Má nutrição associada à ingestão insuficiente • Má nutrição do doente crônico • Má nutrição da doença ou agressão aguda Risco de desnutrição: Baixa ingestão de alimentos ou perda corporal de massa magra INFLAMAÇÃO PRESENTE? NÃO Desnutrição relacionada a fome: Anorexia nervosa, fome crônica, depressão. SIM: LEVE A MODERADA Desnutrição relacionada a doença crônica ex: câncer, alzheimer, artrite reumatóide, obesidade sarcopênica, IRC. SIM: SEVERA Desnutrição relacionada a doença aguda ex: sepse, trauma, queimadura. Deficiência calórica proteica aguda Ingestão alimentar deficiente Glicemia e aa livres no plasma Insulina x glucagon epinefrina Fígado Produção de glicose Glicogênio hepático, aa(alanina, glutamina) e lactato Deficiência calórica proteica crônica Ingestão alimentar deficiente Conservação de massa corpórea Produção de corpos cetônicos Maior mobilização de gordura Preservação de massa magra RESPOSTA INFLAMATÓRIA IL – 6 IL – 1 TNF IFN NFκβ • Resistência insulínica • Aumenta a degradação • Ativação do sistema ubiquitina proteasoma • Diminui a síntese protéica • Priorização da produção de proteínas de fase aguda PERDA DE MASSA MAGRA Metabolismo de proteínas Metabolismo de lipídeos • lipase lipoproteica lipogênese • lipase hormônio sensível lipólise Alteração do controle da ingestão alimentar A liberação de leptina Mecanismos de feedback negativo sinalizados pela leptina A liberação de Neuropetídeo Y e grelina ANOREXIA da gliconeogênese hepática a partir de aminoácidos e lactato proteína de fase aguda Resposta inflamatória TAXA METABÓLICA BASAL EXCREÇÃO DE NITROGÊNIO URÉICO PERDA DE MASSA MAGRA MENOR SOBREVIDA Consequências Alteração da composição corporal; Redução de todos os órgãos; Disbiose intestinal; Redução da motilidade intestinal; Edema; Redução da cicatrização de feridas; Hospitalização prolongada; Maior custo do tratamento. Consequências Warnold e Lundhon, 1984 Avaliação de 215 pacientes candidatos a cirurgia Complicações pós-cirúrgicas: 48% dos pacientes desnutridos e 23% dos pacientes eutróficos. Pacientes desnutridos: complicações maiores 3,3 x mais que eutróficos Média de hospitalização: 29 dias – desnutridos e 14 dias para bem nutridos Consequências British Nutrition Foundation: 60% dos pacientes internados experimentam um declínio do seu EN; Pacientes com AVC: após uma semana de internação a prevalência de desnutrição passou de 11,2% para 19,8% Pacientes neurológicos hospitalizados: após dez dias de internação a prevalência de desnutrição passou de 41 para 79% dentre os pacientes internados Nutrition Day (2006-2010): menos de 50% dos pacientes ingeriram almoço completo; pacientes que ingeriram menos da metade da sua necessidade uma semana após internação, tiveram um risco 2 vezes maior de morte durante a hospitalização. Manifestações clínicas Gravidade e duração da deficiência; Idade Causas da deficiência Associação com outras doenças Manifestações clínicas Causas /consequências Alterações hematopoiéticas ↓ de hemoglobina e hemácias em decorrência da↓ ingestão de aa, ferro, ácido fólico e B12. Cardiovascular e renal Perda de massa, ↓ DC e da TFG. Função respiratória Perda de força da musculatura acessória e do diafragma. ↓ da força inspiratória, da capacidade residual funcional e da oxigenação, maior sucetibilidade a infecções pulmonares, IPA. Aparelho digestivo Atrofia do pâncreas e tto gastrointestinal, ↓ das secreções pancreáticas e biliar, super crescimento bacteriano, ↓ das vilosidades intestinais, má absorção de lipídeos e dissacarídeos. Sistema imune Redução de linfócitos T, redução das proteínas do complemento, aumento IgA e IgM. Composição corporal Perda maior que 20%→complicações pós operatórias, deficiência de cicatrização, diminuição do K Condutas contra desnutrição • Triagem e avaliação nutricional • Intervenção nutricional • Monitoramento Passo 1: Triagem nutricional Bem nutrido Risco nutricional Desnutrido Passo 2: Avaliação nutricional Passo 3: Intervenção nutricional Nome Parâmetros usados Malnutrition Universal Screening Tool /MUST (British Associantion of Parenteral IMC Alteração do peso atual Presença de doença aguda NRS 2002 (ESPEN) Peso IMC Ingestão de alimentos Doença de base Índice de risco nutricional Alteração de peso Albumina sérica Malnutrition Screening Tool (MST) Apetite Perda de peso não intencional Questionário curto de avaliação nutricional (SNAQ) Histórico recente de peso Apetite ou uso de suplemento Nutrição enteral Métodos de triagem Métodos de avaliação nutricional Nome Descrição Parâmetros usados Avaliação subjetiva global Padrão ouro; método confiável e reprodutível de avaliar o estado nutricional, Não depende de pontos de corte para avaliação de parâmetros nutricionais. Alteração do peso Ingestão alimentar Exame físico (consequências da desnutrição) Capacidade funcional Mini avaliação nutricional Específica para idosos. Também confiável e validada Medições antropométricas Estado geral de saúde Apetite Condições cognitivas AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL Baixo custo Fácil aplicação Boa correlação com dados antropométricos e laboratoriais Correlação com morbidade pós-operatória 1- ALTERAÇÃO DO PESO %PPP = 100 X (PA – PH)/PH ATÉ 5% - PEQUENA 5 A 10% - POTENCIALMENTE SIGNIFICATIVA ACIMA DE 10% - DEFINITIVAMENTE SIGNIFICATIVA PERDA DE PESO > 2,75% POR MÊS FATOR PROGNÓSTICO INDEPENDENTE INDICANDO MENOR SOBREVIDA 2 – INGESTÃO ALIMENTAR ALTERAÇÃO NÃO INTENCIONAL AVALIAR DURAÇÃO TIPO DE MODIFICAÇÃO: QUANTITATIVA/QUALITATIVA VERIFICAR RESTRIÇÃO DEGLUTIÇÃO DENTIÇÃO MUCOSITE 3 –SINTOMAS GASTROINTESTINAIS Frequência diária por mais de uma semana Sintomas que não interfiram na ingestão alimentar - desvalorizar Diarréia: 3 evacuações líquidas por dia Anorexia: modificação quantitativa e do tipo de alimentação4 – CAPACIDADE FUNCIONAL Modifica o risco nutricional Leve: manutenção das atividades cotidianas, porém com maior dificuldade de exercê-las Moderada: interrupção das atividades cotidianas, ficando sentado a maior parte do dia Grave: grau extremo de inatividade 5 – DIAGNÓSTICO E DEMANDA METABÓLICA Difícil padronização Baixo : cirurgias de pequeno porte, infecções leves Elevado: alguns tumores, queimaduras e sepses 6 – EXAME FÍSICO PERDA DE GORDURA SUBCUTÂNEA Tríceps Visualização dos tendões Identificaçao da derme entre os dedos Áreas interósseas e palmares das mãos Visualização dos tendões Ombros Aparencia retangular, clavículas MASSA MUSCULAR Avaliar volume e tônus Avaliar deltóide e quadríceps EDEMAS Tornozelo e região sacral Presença de ascite Levar em consideração outras etiologias não nutricionais Gravidade: profundidade da depressão que presiste após pressão digital CLASSIFICAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL Obtida através da análise subjetiva do avaliador A-Bem Nutrido B-Moderadamente Desnutrido C – Gravemente Desnutrido NRS 2002 NRS 2002 Exame físico e deficiências nutricionais associadas Cabelo Perda de brilho natural, seco e feio, despigmentado, fácil de arrancar, sem dor. Deficiência de proteína Pele Edema, dermatose descamativa Xerose, hiperqueratose folicular Petéquias, dermatose pelagra. Deficiência de proteína Vitamina A e C Olhos Conjuntiva pálida Manchas de bitot Xerose conjuntival Xerose córneas Anemia Vitamina A Lábios Estomatite angular Escaras no ângulo Queilose (edema de lábios) Riboflavina (B2) Língua Vermelhidão Edema Papila filiforme Riboflavina (B2) Niacina (B3) Ácido fólico Métodos objetivos Peso PCT CB PCB Exames bioquímicos Exames bioquímicos Albumina Nível de desnutrição Concentração de albumina Nutrido > 3,5 Leve 3 a 3,5 Moderada 2,4 a 2,9 Grave < 2,4 Blackburn et al, 1977 Exames bioquímicos Pré albumina Nível de desnutrição Concentração de pré albumina Nutrido 15,1 a 42 Leve 10 a 15 Moderada 5 a 9,9 Grave <5 Martins , 2007 Exames bioquímicos Transferrina Nível de desnutrição Concentração de transferrina Leve 150 a 200 Moderada 100 a 150 Grave < 100 ASPEN, 2002 Exames bioquímicos Balanço nitrogenado Martins, 2007 BN (g/dia) = nitrogênio ingerido – nitrogênio excretado BN (g/dia) = proteína ingerida /6,25 –( uréia urinária/ 2,14 + 4* + outras perdas)** • Perdas insensíveis • ** diarreia (2,5 g), fístulas digestivas (1,0 g) Exames bioquímicos Interpretação dos resultados do cálculo do balanço nitrogenado Valor Interpretação Zero Equilíbrio > 0 ou positivo Anabolismo < 0 ou negativo Catabolismo Martins, 2007 Exames bioquímicos Contagem total de linfócitos Nível de desnutrição CTL (mm3) Leve 1.200 a 2.000 Moderada 800 a 1.199 Grave <800 Blackburn , 1977 CTL = % linfócitos x leucócitos(ml)/100 Exames bioquímicos Índice de risco nutricional Valor Interpretação IRN > 100% Eutrofia IRN entre 97,5 e 99,9 Desnutrição moderada IRN < 97,5 Desnutrição grave IRN = (15,9 x albumina) + (0,417 x % peso usual) % peso usual: peso atual x 100/peso usual Necessidade energética Fórmula de bolso Determinante energético Kcal/Kg/dia Manutenção do peso 25 a 30 Ganho de peso 30 a 35 Paraplegia 28 Quadriplegia 23 Fonte: adaptada de Singer, 2009; Waitzberg, 2009; Sobotka, 2008. Necessidades protéicas Necessidades protéicas para indivíduos adultos: Condição do paciente g/kg/dia Sem estresse 1,0 a 1,5 Estresse moderado 1,5 a 2,0 Estresse grave 2,0 a 2,5 Fonte: adaptada de Merrit, 2005. Intervenção 1. Trato gastrointestinal funcionante? 2. % de ingestão via oral? 3. Paciente apresenta algum distúrbio metabólico? Paciente J.S.S, sexo masculino 45 anos, 160 cm, 62 kg, peso habitual de 75 kg, fumante, faz uso de bebida alcóolica com frequência diária, com diagnóstico de tumor de esôfago, com dificuldade de se alimentar a mais de um mês, relata dor ao deglutir alimentos sólidos e pastosos, porém relata sentir fome. Sua alimentação em casa era basicamente de dieta líquida e o recordatório alimentar identificou que sua ingestão calórica diária está em torno de 650 Kcal/dia. Não relata alterações gastrointestinais, deambula com dificuldade, sente fraqueza constante. 1. Classifique o estado nutricional do paciente; 2. Faça o cálculo das necessidades energéticas, protéicas e hídricas; 3. Escolha a via de acesso para administração da dieta; 4. Caso a sua indicação seja sonda ou ostomia, escolha a forma de administração da dieta; 5. Escolha a dieta mais adequada ao caso clínico acima; 6. Determine o volume de dieta e de água que deve ser infundido após cada etapa na NE. 7. Calcule a velocidade de infusão, se necessário 8. Faça a prescrição da dieta. Referências bibliográficas WAITZBERG, D. L. Nutrição oral, enteral e parenteral na prática clínica, v.1 e 2, 3ª ed. São Paulo: Editora Atheneu, 2000. CALIXTO-LIMA, L; GONZALEZ, M.C. Nutrição clínica no dia a dia, Rio de Janeiro: Editora Rúbio, 2013. CALIXTO-LIMA, L.; REIS, N.T. Interpretação de exames laboratoriais aplicados a nutrição clínica. Rio de Janeiro: Editora Rúbio, 2012.
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