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CARDIOLOGIA Profa. Elaine – 7° semestre Revisão sistema cardiovascular Vasos sanguíneos • Artérias: Levam sangue do coração para o resto do corpo, vasos mais calibrosos e maior pressão. • Veias: Trazem o sangue para o coração, menor calibre e menor pressão porque transportam menos sangue. • Capilares: Troca de substâncias (nutrientes e gases) com os tecidos, menores, atuam em sistemas microscópicos. Coração • Átrio (ou aurícula) direito: Passa veia cava (superior e inferior) • Átrio esquerdo: Veias pulmonares • Ventrículo direito: De onde sai artéria pulmonar (que tem a valvula sigmóide/semilunar que impede que o sangue volte pro ventriculo) • Ventrículo esquerdo: Sai artéria aorta. Musculatura maior e mais forte porque esse ventriculo bombeia sangue para o resto do corpo. Valvas: São estruturas no coração formadas por tecido conjuntivo que fica na saída de cada uma das quatro câmaras (AD, AE, VD, VE). Elas permitem que o fluxo sanguíneo mantenha-se em um único sentido, impedindo que este retorne, com um mecanismo que fecha quando o gradiente pressórico se inverte. A pressão dentro das câmaras cardíacas é o que regula o fechamento e a abertura das valvas. Existem quatro valvas: • Mitral ou bicúspide: Permite fluxo sanguíneo entre AE e VE; • Tricúspide: Permite fluxo sanguíneo entre AD e VD; • Aórtica (semilunar): Permite fluxo sanguíneo de saída do VE em direção à aorta; • Pulmonar (semilunar): Permite fluxo sanguíneo da saída do VD em direção à artéria pulmonar. As valvas semilunares permitem que o sangue vá do ventrículo para a artéria. Diástole: Coração relaxado, quando abrem-se as cavidades cardíacas, o sangue entra nos átrios e depois nos ventrículos. O sangue não reflui para trás da artéria para o coração porque as valvas pulmonares e aórticas estão fechadas nesse momento. Sístole: Coração contraído, o sangue vai dos ventrículos para artéria (movimento de compressão para gerar pressão e empurrar esse sangue), então as valvas semilunares (aórtica e pulmonar) estão abertas. O sangue não reflui pra trás em direção aos átrios porque nesse momento as valvas tricúspede e mitral estão fechadas. Aula 1 – 07/04/2020 Semiologia • Identificação do paciente (espécie, para buscar acometimentos mais comuns), • Idade (idoso: adquirida, filhote: congenita), • Sexo (cadelas mais predispostas a PDA, caes a doenca valvar) Doenças que acometem mais cães: Endocardiose valvar (doença valvar crônica/doença degenerativa crônica), cardiomiopatia dilatada (raças pequenas mais predispostas a doença valvar e grandes cardiomiopatia). Doenças que acometem mais gatos: Cardiomiopatia hipertrófica Anamnese: Apetite, sede, micção, defecação, manejo, alimentação, onde vive (se é area endemica para dirofilariose), contactantes, doenças previas, comorbidades, medicação já utilizada. Queixas: Tosse, cansaço, dispneia, perda de peso (aumento de demanda metabólica), aumento de volume abdominal (geralmente por ascite ou organomegalia, relacionado a ICCD), síncope (por arritmia que compromete oxigenacao, cianose, cardiomiopatia hipertrófica, etc), fraqueza, cianose, paralisia de MPs • Inspeção: Marcha (se animal tem trombo parcial apresenta paresia de membro por exemplo), padrão respiratorio (taquipneia, dispneia (expiratoria->edema, pneumonia, efusao pleural, não faz barulho e inspiratoria->obstruçao em vias superiores como colapso de traqueia, faz barulho), ortopneia que é a posição que demonstra problema respiratorio), abdomen e torax (aumento ou movimentos), edema periferico (teste de godet), cianose na lingua/mucosa, FR: Cães GP 15mpm/Cães PP: 25MPM/ Gatos: 15 a 40 mpm TPC normal: 1-2s, superior indica redução de debito cardiaco. Jugular: Dilatação da jugular em até um terço do pescoço, se ultrapassa isso, indica dilatação do lado direito do coração (ICCD, doença pericardica, hipervolemia, obstrucao de veia cava cranial e processos que levam a dilatação da veia jugular). Mucosas: Cianose diferencial é quando so há cianose em mucosa caudal, presente em PDA reversa, onde o hiperfluxo pulmonar leva a hipertensão pulmonar e muda de caminho (fluxo de sangue não oxigenado vai do lado direito pro esquerdo e vai até a região caudal). Palpação: Percutória identifica ascite (transudato/liquido rico em celulas e proteinas, não se retira todo o liquido, apenas quantidade suficiente para dar conforto para o animal) Pulso Femoral coloca a mão dentro da coxa e sente o pulso (diferença entre pressao sistolica e diastolica, denominado ritmico ou arritimico). Auscultação: Antes de auscultar, palpar região pré cordeal (choque de ponte), quando se sente uma vibração (fremito), é um sopro forte. Focos de auscultação: Ø Hemitorax esq – PAM (pulmonar 3EI, aortico 4EI, mitral 5EI) Ø hemitorax dir – T (Tricuspede 4EI) Sons cardiacos: Ø Primeira bulha – S1 (fechamento das valvas atrio ventriculares ventral e tricuspide), Ø Segunda bulha – S2 (Fechamento das valvas semilunares pulmonar e aortica Ø Terceira bulha – S3 (enchimento rapido do ventriculo esquerdo, o choque na parede do ventriculo leva a vibracao que entendemos por S3, ocorrendo na diastole) Ø Quarta Bulha – S4 (ocorre tambem na diastole, quando há contração atrial) Ø S3 e S4 são sons discretos e dificil de ouvir, quando há problemas, parece um galope e fica mais nitido. Sopros Sistólicos Sístole: valvas atrioventriculares fechadas e as semilunares abertas Insuficiência das valvas atrioventriculares Estenose das valvas semilunares Sopro Diastólico Diástole: valvas atrioventriculares abertas e semilunares fechadas Insuficiência das valvas semilunares Estenose das valvas atrioventriculares Frequência cardíaca: ➢ Cães 70-140 bpm ➢ Gatos 140 a 200 bpm Sons anormais: 1. Fluxo exagerado através de uma válvula normal (gatos) 2. Fluxo através de uma válvula estenosada 3. Fluxo através de uma válvula insuficiente 4. Fluxo através de vias alternativas (d. congênitas) Ecocardiograma É um registro da transmissão do impulso. Funciona como um ultrassom do coração, onde usamos um transdutor que emite ondas sonoras, que batem na superfície do órgão e voltam para o transdutor, que transforma essa energia em uma imagem. O ecocardiograma tem três modalidades: • Bidimensional (modo B, mostra o coração como ele é • Unidimensional (modo M, representação gráfica usada para medir as cavidades) • Doppler (análise de fluxo, analisa fluxo sanguíneo dentro do coração) Estenose Aórtica A estenose aórtica é um estreitamento da abertura da válvula aórtica que bloqueia (obstrui) o fluxo de sangue do ventrículo esquerdo para a aorta. É comum em cães das raças Golden Retriever, Rottweiler e Boxer. Estenose pulmonar Estenose pulmonar é uma obstrução anatômica (estenose) do fluxo sanguíneo do ventrículo direito do coração para a artéria pulmonar. Doença congênita mais comum que acomete pug e bulldog Aula 2 – 28/04/2020 Insuficiência Cardíaca Congestiva Anatomia Cardíaca O coração é um órgão muscular de 4 cavidades (2 átrios e 2 ventrículos) com formato ovóide e usado para cálculo de volume. O coração fica dentro do saco pericárdico e entre essa camada mais externa que é o epicárdio e o pericárdio tem um líquido chamado líquido pericárdico e tem a função de diminuir o atrito, então ele lubrifica O músculo cardíaco e dividido em camadas: - Endocárdio - Miocárdio - Epicárdio O coração dentro do tórax tem a base cardíaca e o ápice cardíaco - A base fica crânio-dorsalmente - O Ápice fica caldo-ventralmente - Em um corte ventro-dorsal vemos que o coração fica voltada para a esquerda (60%) Temos 4 cavidades dentro do pulmão - Se tiver algum problema do lado esquerdo, teremos problemas no pulmão porque ele recebe sangue que vem dos pulmões Ex: - Suponha que o ventrículo esquerdonão consiga contrair bem, consequentemente não tem um débito bom e acaba sobrando muito sangue dentro do ventrículo. E isso é típico de uma doença chamada cardiomiopatia dilatada. - Então, sobra muito sangue dentro do ventrículo, consequentemente vai ter uma pressão intracavitária maior. Se essa pressão aumenta dentro do ventrículo, vai aumentar no átrio também, aumentando a pressão das veias pulmonares, até os capilares pulmonares. Quando ocorre essa pressão nos capilares acontece edema pulmonar. O Edema está relacionado a insuficiência cardíaca/ cardiopatias do lado esquerdo. - Em contrapartida se acontecer a mesma coisa do lado direito, o aumento da pressão hidrostática vai envolver a circulação sistêmica/capilares que envolvem os órgãos e musculatura. Teremos derrames cavitários (Ascite, efusão pleural e edema periférico) Definições gerais - Conceitos Hemodinâmicos Sístole: É a mesma coisa que contração e é o momento que o coração contrai para ejetar o sangue Diástole: Momento que o coração relaxa para receber o sangue Qualquer problema que tenha na função sistólica ou diastólica, leva a insuficiência cardíaca Débito Cardíaco: É o volume do sangue que é ejetado do coração por minuto. A diminuição do débito cardíaco é responsável por diversas afecções e ocorre pela diminuição do volume ejetado e/ou frequência cardíaca. Pré-Carga: É a quantidade de sangue que chega no ventrículo. Ela está relacionada com o volume/tamanho do coração durante a diástole. Pós-carga: Pressão/força contrária à ejeção do sangue. E a força que o miocárdio tem que fazer para ejetar o sangue. Toda vez que existir um aumento de pós carga (coração fazendo mais força para ejeção de sangue), uma hipertrofia cardíaca vai acontecer. Se a musculatura lisa vascular das artérias e arteríolas estiver relaxada a pós carga é reduzida e vice-versa. Contratilidade: É uma capacidade intrínseca do miocárdio de se contrair (encurtamento das fibras). Não depende de volume e nem de pressão, é somente a capacidade que ele tem de contração, actina e miosina e da utilização de energia para esse mecanismo contrátil acontecer. Ex: Cardiomiopatia dilatada a primeira coisa que acontece é a disfunção contrátil dos miócitos, eles não contraem bem e o coração não consegue encurtar e não consegue ejetar uma quantidade de sangue eficiente para fora, ou seja, o débito cai. A Contratilidade pode levar a insuficiência cardíaca, alterações de pré carga e pós carga. Qualquer alteração nessas definições levam a insuficiência cardíaca. Eletrofisiologia Alterações no ritmo cardíaco que podem levar a insuficiência cardíaca Condução do impulso cardíaco O coração tem um sistema personalizado tanto para condução quanto para formação de impulso. O coração tem que ter um impulso cardíaco/choque e se propagar por toda a musculatura e só depois que ele se propaga é que acontece a contração, então qualquer alteração ou formação do impulso acaba consequentemente alterando a contração. - O sistema de condução é composto por 2 nós: 1. Nó Sinusal 2. Nó Átrio ventricular - E são compostos por feixes 1. Feixes internodais (que estão nos átrios) 2. Feixe de his (que está nos ventrículos) e outra rede que sai do feixe de his é a rede de purkinje Nó Sinusal Ele fica no teto do átrio direito. E é onde a descarga elétrica se origina e ele passa pelos feixes internodais. É o marca-passo do coração, é onde começa o impulso cardíaco Feixes internodais O nó Sinusal se funde nos feixes internodais, eles distribuem choques pelos átrios até chegar no outro nó, que é o nó atrioventricular Nó atrioventricular A função dele é retardar o impulso que está vindo dos átrios (que é uma região de junção entre átrio e ventrículo) antes de passar para os ventrículos. Ele retarda para dar tempo do átrio despolarizar e contrair para depois o ventrículo despolarizar e contrair. A função do atrioventricular é fazer o equilíbrio para retardar os impulsos. Feixes de His Ele se divide em dois ramos (esquerdo e direito) O ramo direito é dividido em anterior e posterior Fibras de Purkinje Ela fica embaixo do Endocárdio e distribui o impulso elétrico por todo o coração (ventrículo esquerdo e direito) Eletrocardiograma O eletrocardiograma consegue registrar a despolarização em cada parte do coração e pode identificar distúrbios de ritmo (arritmias). Cada conjunto é um ciclo cardíaco chamado de complexo T, Q, R, S Quando o impulso se formando nó Sinusal, e ele passa pelo átrio direito, forma a primeira parte da onda T, depois vai para o átrio esquerdo, faz a segunda parte da onda T, depois de despolarizar os átrios, passa pelo nó átrio ventricular (intervalo P, R), depois que passou pelo nó, o impulso passa pelo septo interventricular, formando a onda Q (que é a despolarização do septo interventricular), quando despolarizar o ventrículo esquerdo, vai formar uma outra onda que é a onda maior R (onda positiva que sobe) e depois despolarizar o ventrículo direito, e quando é despolarizado forma uma onda chamada S (nem sempre ela aparece por causa da força do vetor). Depois que despolarizou tudo o coração volta ao seu estado normal de repolarização que é representada pela onda T. Insuficiência Cardíaca É o estado patofisiológico onde o coração é incapaz de bombear sangue de uma forma que atenda as necessidades metabólicas do organismo ou faz isso sob altas pressões de enchimento, de certa forma, o coração está insuficiente. A diferença da IC para insuficiência cardíaca congestiva é que na segunda, a condição leva a problemas congestivos. Formas de IC: Direita (leva a ascite, efusão pleural ou edema periférico) x Esquerda (leva à edema pulmonar) Aguda x Crônica Causas: Disfunção sistólica que está ligada a contratilidade (dificuldade de ejeção do sangue), disfunção diastólica (no relaxamento, não recebe quantidade adequada de sangue, consequentemente não manda sangue suficiente), sobrecarga/aumento de volume (aumento da pré carga), arritmias. Mecanismos compensatórios Curto prazo: • Mecanismo de Frank-Starling: Quanto mais o coração dilata (por sobrecarga de volume ou aumento de pré carga), o coração começa a esticar e consequentemente há aumento de contratilidade para melhora do débito. • Sistema Nervoso Simpático: Quando há diminuição de débito + diminuição de pressão, há ativação de barorreceptores (que são receptores de pressão que ficam no seio aórtico e no carotídeo), que envia sinais para o sistema nervoso para que haja ativação do SNSimpático, que aumenta a contratilidade e a FC, além de fazer vasoconstrição, consequentemente, melhora o débito e perfusão tecidual. • SRAA (Sist Renina Angiotensina Aldoesterona): Diminuição do débito cardíaco/pressão, o rim detecta através da diminuição da perfusão renal, então ele libera Renina, que transforma angiotensinogênio circulante em Angiotensina I, que ao chegar no pulmão, encontra a ECA e é convertida em Angiotensina II, que faz vasoconstrição periférica elevando a PA e libera Aldosterona (hormônio que retem sódio e água), que tem função antidiurética, aumentando volemia e aumento ainda mais a PA e consequentemente débito cardíaco. Esses mecanismos são interessantes no primeiro momento, mas a longo prazo essa retenção de água e sódio e os mecanismos como um todo, provocam aumento de volemia e podem provocar processos congestivos (acúmulo de líquido). Longo prazo: • Remodelamento ventricular: mudança na geometria do coração, é feito um remodelamento ventricular. Existem dois tipos: 1. Hipertrofia excêntrica: Quando há sobrecarga de volume/aumento de pré-carga, para acomodar esse aumento, o coração passa a fazer replicação em série (uma ao lado da outra) das miofibrilas para que haja uma hipertrofia (dilatação). 2. Hipertrofia concêntrica: Quando há sobrecarga de pressão/aumento da pós-carga, as miofibrilas se replicam em paralelo,o que causa um espessamento da musculatura para dentro da cavidade, fazendo com que haja diminuição da cavidade. Sinais clínicos ICC: Ø Dispneia (desconforto ao respirar provocada por edema pulmonar - ICCE ou efusão pleural – ICCD) Ø Aumento de volume abdominal (ascite em ICCD) Ø Edema periférico (deve vir acompanhado com ascite/ICCD, caso contrário, não tem origem cardiológica, pode ser por alteração de drenagem linfática, diminuição de pressão oncótica por hipoalbuminemia, alteração da permeabilidade capilar, etc) Tratamento: Ø Furosemida 1 mg/kg em dias alternados a 4 mg/Kg TID (diurético), se tiver edema pulmonar 2-8 mg/kg cada 1-2 horas. Ø Benazepril 0,25 a 0,5 mg/kg SID ou BID (eliminação 50% renal 50% hepática, MELHOR pq não sobrecarrega o rim) ou Enalapril 0,25 a 0,5 mg/kg BID (eliminação renal) (inibidores da ECA, são vasodilatadores e inibem retenção de água e sódio) Ø Digoxina (inotrópico positivo, inibe a bomba de sódio e potássio, aumenta cálcio intracelular, o que aumenta a contratilidade aumentando o débito cardíaco, além de reduzir a frequência cardíaca, muito usada em fibrilação atrial). CUIDADO com digitálicos, risco de intoxicação que causa depressão, anorexia, vômito, diarréia, melena e arritmia. Após 72 hrs do início da administração, fazer eletro para buscar arritmias que são sinais de intoxicação. Bigeminismo ventricular, arritmia comum em introxicação: Ø Pimobendan (Vetmedin) 0,1 a 0,3 mg/kg BID pelo menos uma hora antes da refeição (ESCOLHER ENTRE DIGOXINA E PIMOBENDAN) é um inotrópico positivo + vasodilatador. Se necessário: Ø Hidroclorotiazida 2 a 4 mg/kg BID VO (diurético que pode ser associado à furosemida SE o animal for refratário) Ø Espironolactona 2-4 mg/kg SID (diurético que inibe ação da aldoesterona, pode ser associado à furosemida se o animal for refratário ou para ajudar a inibir a fibrose miocárdica) Ø Drenagem de efusão (se houver derrame cavitário) através de paracentese (esvaziando vesícula urinária previamente, em decúbito lateral, realizamos tricotomia e puncionamos na linha alba abaixo do umbigo com cateter proporcional ao tamanho do animal), toracocentese (tricotomia+assepsia em região do 7º e 8º EI do lado direito pra não pegar vasos importantes e puncionar com cateter de tamanho adequado usando torneira 3 vias para impedir a entrada de ar). Aula 3 – 05/05/2020 Anatomia valvar Valva mitral: valva que fica entre o AE e VE e impede o retorno do sangue para AE. Composta de dois folhetos (parietal e septal), cordoalhas tendíneas (se ligam no músculo papilar no ápice da câmara e na valva, então somente quando esses músculos estão relaxados a valva pode se abrir, servem pra segurar ela fechada), anulo mitral (espécie de anel em volta), e músculos papilares, posicionada entre parede do átrio esquerdo e parede do ventrículo esquerdo. Valva tricúspide: valva que fica entre AD e VD e impede retorno do sangue para AD. Composta de dois folhetos (mural/parietal e septal) mas possui vários folhetos secundários, anulo, músculos papilares, posicionada entre parede do AD e parede do VD. Funcionamento valvar normal: Na diástole ventricular deve ocorrer afastamento dos folhetos (eles abrem) e nesse momento o sangue passa do átrio pro ventrículo, ocorrendo um relaxamento atrial. Quando enche de sangue no ventrículo (aumento de gradiente de concentração VE/AE), começa a ocorrer a sístole, por uma contração do ventrículo que ativa os músculos papilares e estes fecham os folhetos/fechamento valvar. Endocardiose São sinônimos: doença degenerativa valvar crônica, fibrose valvar crônica, doença valvar crônica, degeneração mixomatosa. Ocorrência: Cavalier King Charles Spaniel, Shih-Tzu, Lhasa Apso, Pinscher, Poodle, Daschound, machos. O processo de degeneração começa com um espessamento na borda do folheto da valva, onde ocorre progressão desse processo degenerativo. Quando há degeneração em graus mais avançados, a valva fica encurtada impedindo que a valva se feche e pode até mesmo atingir as cordas, chegando a rompê-las, o que também faz com que as valvas não se fechem. No desenvolvimento da doença, sempre ocorre a degeneração (que deve ser acompanhada por eco 1x ao ano), podendo ou não ocorrer insuficiência (casos mais sérios). Em estágios iniciais com ocorrência de insuficiência, ocorre pouca mudança nos índices de tamanho ou função cardíaca, já em estado de progressão, onde há insuficiência significativa, apenas 50% (valor exemplo) do volume que deveria ir para a aorta volta e fica no coração, causando aumento de pré-carga/sobrecarga de volume, provocando hipertrofia excêntrica (o coração aumenta por conta dessa sobrecarga). Antes dessa dilatação ocorrer, ocorrem mecanismos compensatórios, que são: 1- Queda no débito cardíaco porque o sangue está ficando no coração > causa queda na pressão > barorreceptores (receptores de pressão) sinalizam para o cérebro > cérebro ativa o SNSimpático > aumento da contratividade > aumento de frequência cardíaca + vasoconstrição + diminuição do fluxo renal (para diminuir produção de urina) = aumento do débito cardíaco 2- Diminuição do fluxo renal > ativação/liberação de renina pelo rim > renina transforma agiotensinogênio em angiotensina I > ao chegar no pulmão a angio I encontra a ECA (enzima conversora de angiotensina) > conversão em angiotensina II > ela ativa ADH (que diminui prod de urina e aumenta sede para aumentar volume) + angiotensina II libera aldoesterona que retém sódio e água + angiotensina II ativa SNSimpático = aumento do Débito cardíaco II (sistema RNA). Esses mecanismos compensatórios, a longo prazo, causam sobrecarga de volume/hipertrofia excêntrica. Depois, por consequência... ICCE: Volume diastólico aumenta (volume do coração) > aumento da pressão dentro do átrio é refletido para as veias pulmonares > aumenta a pressão nos capilares pulmonares/no pulmão > plasma sai dos vasos e vai pro interstício = EDEMA PULMONAR (cardiogênico). A consequência mais grave da doença valvar é o edema pulmonar, pois leva à morte. Em 30% dos casos de endocardiose de mitral, a tricúspide também é acometida (dificilmente ocorre sozinha, mais comum associada à degeneração de mitral). Neste caso, o mecanismo é muito parecido, porém, ocorre aumento da pressão em circulação sistêmica. ICCD: Volume diastólico aumenta (volume do coração) > aumento da pressão dentro do átrio é refletido para veias cavas > drenagem linfática insuficiente = ASCITE, EFUSÃO PLEURAL, EDEMA DE MEMBROS. Sintomas: A maioria dos animais são assintomáticos. Quando ocorrem sintomas, pode haver dispnéia (respiração abdominal; pode ser por edema pulmonar), tosse noturna (principal queixa, não indica necessariamente ICCE/líquido no pulmão, pode ocorrer porque o átrio grande comprime a região do brônquio principal esquerdo e estimula os receptores de tosse), intolerância ao exercício, síncope (pode ser por redução de débito cardíaco, arritmia ou hipertensão pulmonar), aumento de volume abdominal (ascite), edema de membros (teste de godet +), morte súbita (por arritmia). *Quando um animal apresentar tosse ou dispneia, solicitar RX para visualizar pulmão e não diretamente eco. *Hipertensão pulmonar pode provocar ICCD porque quando chega o sangue da artéria pulmonar vindo do ventrículo direito, o pulmão já está repleto de sangue, o que causa aumenta a pressão nessa artéria pulmonar e consequentemente aumenta a pressão em VD e AD, onde saem as veias cavas. Portanto ocorre ICCD – ascite. Exame físico: 1. Auscultação com sopro holossistolico (ou sistólico, que ocupa toda a sístole), de intensidade 1 a 6 em foco mitral (quinto EIC hemitórax esquerdo, se for mitral) ou em foco tricúspide (quarto EIC hemitórax direito, se for tricúspide), pode ter irradiação para outros focos quando o sopro é de alta intensidade. Na anamnese poderia ser descrito: Sopro sistólico com intensidade 5 irradiadoem ponto de maior intensidade em foco mitral. 2. Ritmo: Arritmias (em ritmo de galope, extrassístoles, arritmia sinusal respiratória é normal) Diagnóstico: Ecocardiograma, eletrocardiograma, sopro, radiografia torácica. 1. Sopro à auscultação 2. Radiografia torácica (aumento do átrio esquerdo e ventrículo esquerdo, edema pulmonar cardiogênico, verticalização da silhueta cardíaca por aumento de débito cardíaco; deslocamento da traqueia e brônquio esquerdos; aumento global da silhueta) Aumento de ventrículo e átrio esquerdo e deslocamento da traqueia. Fonte: Provet aratãs 1 Dilatação cardíaca Edema pulmonar. Fonte: Provet aratãs 3 Gatos podem ter opacificações diversas em edema pulmonar. Se não houver dilatação do coração, a falta de ar é de outra origem (pneumonia, bronquite, etc), com uma única exceção que é a ruptura de cordoália muito importante, então o folheto entra muito para o átrio causando volume de sangue VE/AE muito grande. Fonte: Provet aratãs 2 3. Eletrocardiografia: pode haver alargamento da onda P por aumento do átrio esquerdo, QRS alargado ou alto por aumento do ventrículo esquerdo, entretanto, eletro é pouco sensível para identificação de aumento de tamanho. Ritmo sinusal pode estar normal, pode haver extrassístole por ICC, taquicardia sinusal por stress ou por ICC, arritmia sinusal que é normal. 4. Ecocardiografia: Identificamos a valva degenerada, aumento de cavidades do átrio e ventrículo e fluxo regurgitante. É usada para diagnóstico definitivo e funciona como um ultrassom do coração, onde usamos um transdutor que emite ondas sonoras, que batem na superfície do órgão e voltam pro transdutor, que transforma essa energia em uma imagem. O ecocardiograma tem três modalidades: • Bidimensional (modo B, mostra o coração como ele é): permite visualização dos folhetos espessados, prolapsos valvares, dilatação de átrios e ventrículos e rupturas de cordoalhas tendíneas. • Unidimensional (modo M, representação gráfica usada para medir): mede as cavidades. • Doppler (análise de fluxo, analisa fluxo sanguíneo dentro do coração): fluxo de cor azul ou em mosaico indo direção ao AE demonstrando que há regurgitação. (Esse exame também pode identificar shunt, aumento ou redução de velocidade do fluxo, função sistólica, função diastólica). Imagem bidimensional Imagem Unidimensional Imagem doppler Tratamento: Não há tratamento definitivo, a conduta é identificar o estágio da doença e tratar os sintomas, a divisão é feita em: • A: pacientes com risco e propensão de desenvolver a doença, mas ainda sem alterações estruturais identificáveis no coração, como por exemplo todo Cavalier King Charles Spaniel sem sopro = Sem tratamento. • B: pacientes com doença cardíaca estrutural sem manifestações clinicas de IC, com subdivisão de estagio (B1: assintomático sem aumento de coração = Sem tratamento, reavaliação a cada 12 meses; B2: assintomático que apresenta aumento de coração em radiografia ou eco: inibidores da ECA enalapril 0,5 mg/kg/BID ou benazepril 0,5 mg/kg/SID ou lisinopril 0,5 mg/kg/BID para hepatopatas). • C: pacientes com sintomas prévios ou atuais de IC associado à alteração estrutural do coração, que responde às medicações: Ø EMERGENCIAL: O2 (gaiola com temperatura controlada), furosemida IV – bolus ou infusão continua 2 a 8 mg/kg em cães a cada 1/2h e 1 a 2 mg/kg a cada 1/4 horas (menor quantidade possível), sedação; Ø Saindo do quadro emergencial: Furosemida 2 a 4 mg/kg/SID-TID + inibidor de ECA (Enalapril 0,5 mg/kg/BID) + Pimobendan (vasodilatador). Ø CASO O ANIMAL TENHA HIPERTENSÃO SISTEMICA ASSOCIADA > Besilato de amlodipina 0,05 a 01 mg/kg-SID/BID Ø SE HOUVER HIPERTENSÃO PULMONAR/DISPNEIA E SÍNCOPE EM NÍVEIS SIGNIFICATIVOS NÃO RESPONSIVO COM O TRATAMENTO INICIAL > Citrato de sildenafil 0,5 a 1 mg/kg/BID-TID (medir grau de hipertensão pulmonar pelo eco); Ø SE HOUVER TOSSE NÃO CONTROLADA COM VASODILATADORES > Antitussígenos Codeína 0,5 a 2 mg/kg/Vibral/Butorfanol. • D: pacientes com doença cardíaca em estágio final, com sinais de IC refratários à terapia principal: Ø EMERGENCIAL: O2 (gaiola com temperatura controlada), furosemida IV – bolus ou infusão continua 2 a 8 mg/kg em cães a cada 1/2h e 1 a 2 mg/kg a cada 1/4 horas (menor quantidade possível), sedação; Ø Saindo do quadro emergencial: Furosemida 2 a 4 mg/kg/SID-TID + inibidor de ECA (Enalapril 0,5 mg/kg/BID) + Pimobendan (vasodilatador). Ø CASO O ANIMAL TENHA HIPERTENSÃO SISTEMICA ASSOCIADA > Besilato de amlodipina 0,05 a 01 mg/kg-SID/BID Ø SE HOUVER HIPERTENSÃO PULMONAR/DISPNEIA E SÍNCOPE EM NÍVEIS SIGNIFICATIVOS NÃO RESPONSIVO COM O TRATAMENTO INICIAL > Citrato de sildenafil 0,5 a 1 mg/kg/BID-TID (medir grau de hipertensão pulmonar pelo eco); Ø SE HOUVER TOSSE NÃO CONTROLADA COM VASODILATADORES > Antitussígenos Codeína 0,5 a 2 mg/kg/Vibral/Butorfanol. *Monitorar função renal de paciente que toma inibidor de ECA. Complicações: Ruptura atrial esquerda e tamponamento cardíaco = morte súbita na maioria dos casos. Aula 4 – 12/05/2020 Cardiomiopatias Cardiomiopatia Hipertrófica Ocorrência: Gatos MaineCoon, Sphynx e Ragdoll, machos de 5 a 7 anos. É uma doença miocárdica primária (sem doença de base), de origem genética caracterizada por: • Ventrículo hipertrofiado (por espessamento da parede do ventrículo esquerdo e septo intraventricular, deixando o espaço do ventrículo não dilatado/diminuído) • Disfunção sistólica (pela diminuição da cavidade do ventrículo esquerdo, que provocará uma dificuldade de enchimento, causando dilatação no átrio esquerdo pelo excesso de sangue que ali se concentra tentando seguir o fluxo). Coração espessado, na seta identificado o VE e logo acima o septo intraventricular espessado. Fonte: FMVZ - USP 1 A cavidade fica pequena, musculatura do coração cresce para dentro. É a principal cardiomiopatia em felinos (81% dos cardiopatas). A hipertrofia nos músculos papilares pode empurrar o folheto da mitral para o interior do átrio, prejudicando a movimentação desta valva provocando uma insuficiência mitral secundaria. Pra afirmar que é uma cardiomiopatia hipertrófica, é necessário excluir doenças que seriam primarias e causariam essa atrofia, para que se confirme que a origem é genética fazemos diagnóstico de exclusão de HAS (hipertensão arterial sistêmica), hipertireoidismo, insuficiência renal crônica, estenose aórtica/subaórtica, porque essas afecções aumentam a pós-carga que provoca uma hipertrofia concêntrica (aumento da espessura da parede que diminui o espaço na cavidade). A fisiopatologia da doença esquematizada: Hipertrofia miocárdica ventricular + Fibrose miocárdica ventricular Insuficiência de perfusão coronária (porque o maior volume muscular exige mais perfusão sanguínea, tornando a disponível/fisiológica insuficiente) Morte celular das células miócitos (que são substituídas por tecido fibroso) Por consequência... A cardiomiopatia hipertrófica pode trazer como consequência o ICCE ou o tromboembolismo aórtico através dos seguintes mecanismos: ICCE: Aumento de pressão (concentração sanguínea) no AE + possível regurgitação mitral (se houver IM secundária) > Aumento de pressão nas veias pulmonares = ICEE (edema pulmonar). TEA: O aumento de átrio provoca lesão endotelial, estase sanguínea e hipercoagulabilidade plaquetária (tríade de Virchow) e esses três fatores em conjunto provocam a formação de um Fibroblastos não esticam = Rigidez Rigidez provoca dificuldade de relaxamento/enchimento DISFUNÇÃO DIASTÓLICA DO VE Redução do débito cardíacoCoração tenta compensar aumentando FC Aumento de demanda de O2 = mais fibrose trombo no átrio esquerdo > o trombo passa a se desfazer e soltar “pedaços” (êmbolos) no átrio e ventrículo e consequentemente caem na circulação da aorta > ao chegar na trifurcação da aorta (antes de chegar os membros pélvicos) > obstrução do fluxo > região de membros pélvicos perdem irrigação sanguínea e sofrem isquemia > manifestações clínicas: membros frios, muita dor, sensibilidade, claudicação, palidez, pulso diminuído ou ausente podendo evoluir para paresia ou paralisia. Sinais clínicos: A maioria dos gatos é assintomático, a descoberta geralmente ocorre por exames pré-anestésicos. Quando ocorrem sintomas, o quadro é mais grave/avançado (geralmente com TEA ou ICCE) e pode ocorrer taquipneia/dispneia após esforço, ortopnéia, respiração rápida e curta (FR ultrapassa 30 mpm quando o ANIMAL ESTÁ DORMINDO), se houver TEA terá dor parecendo trauma de coluna (diferenciar pelo exame físico), membros frios e cianóticos, sensibilidade, claudicação, pulso diminuído ou ausente, paresias/paralisias. Exame físico: Sopro sistólico de grau 1 a 6 (pode ocorrer pela insuficiência de mitral secundaria ou pela obstrução na via de saída do VE), arritmias (pelas áreas de fibrose que provoca extrassístoles isoladas), sons pulmonares e cardíaco abafados (quando há efusão pleural, que ocorre por aumento da pressão em vasos linfáticos e posterior rompimento), crepitação (quando há edema pulmonar), e pode ocorrer pulso venoso jugular em casos raros e avançados de evolução para ICCD. Diagnóstico: • Eletrocardiograma: Não faz diagnostico especifico/definitivo, mas apresenta onda P alargada (maior que 0,04s que indica aumento do AE), alargamento do complexo QRS ou onda R aumentada (R maior que 0,8 mV e QRS maior que 0,04s por aumento do VE). Fonte: Serviço de Cardiologia - FMVZ USP 1 • Radiografia: Inespecifica, mas apresenta “valentine shape” (alteração que mostra aumento de átrio importante), cardiomegalia, congestão pulmonar, edema pulmonar ou efusão pleural. Gatos com ICCE (edema pulmonar) tem uma opacificação mais difusa, o que dificulta a interpretação. Cardiomegalia apenas em quadros mais avançados. Valentine Shape Efusão pleural em gato Efusão pleural em cão • Ecocardiografia: Exame de diagnóstico, apresenta hipertrofia concêntrica do VE, aumento da espessura de septo e parede com diminuição do diâmetro diastólico do VE. O eco também pode mostrar uma espécie de “fumaça” chamada smoke que representa turbilhonamento de sangue na região e prevê a formação de um trombo (não faz parte do diagnostico mas é interessante para se obter informação e fazer administração imediata de anticoagulante). Tratamento/Conduta: A conduta inicial é de estabilização do paciente e em a próxima conduta a ser tomada deve se basear no controle da síndrome presente (ICC ou TEA). ICC Aguda: Estabilizar animal! Ø Se chegar com dispneia = colocar em oxigênio Ø Stress = SEDAR com Acepromazina 0,05 a 1 mg/kg/IV ou Butorfanol 0,1 mg/kg/IV porque stress mata Ø Furosemida 2-4 mg/kg/ a cada 1h IV (mesmo se for insuficiente renal, imprescindível) Ø Se não responder à Furosemida, usar Nitroglicerina (vasodilatador) Ø Se o gato estiver em choque (hipotermia+PAS menor que 70 mmHg) = Dobutamina (dose inicial de 2,5 mc/kg/min, aumentando até 5 a 10 mc/kg/min até a pressão passar de 90 mmHg e a temperatura aumentar) Depois de estabilizar, podemos ir para exames. Se identificar efusão pleural em RX: Ø Drenar Ø Receitar Furosemida 6,25 mg/SID a 12,5mg/TID, fazer acompanhamento semanal para avaliar necessidade de manter Ø Identificada a CMH por eco = Diltiazem 1 mg/kg/TID (bloqueador de canal de cálcio para melhorar a diástole) ou Atenolol 6,25 a 12,5 mg SID ou BID (beta-bloqueador, tem efeito colateral de broncoconstrição então em gatos asmáticos ou com problemas respiratórios provoca tosse, apenas nesse caso usamos diltiazem porque a frequência de administração quase sempre é inviável em gatos) Ø Benalapril ou Benazepril (inibidores de ECA) Ø Pimobendam 0,624 a 1,24 mg/BID (para disfunção sistólica que geralmente acompanha as disfunções diastólicas em casos mais avançados desde que não tenha obstrução da via de saída) Crônica Ø Furosemida 6,25 mg/SID a 12,5mg/TID, fazer acompanhamento semanal para avaliar necessidade de manter Ø Identificada a CMH por eco = Diltiazem 1 mg/kg/TID (bloqueador de canal de cálcio para melhorar a diástole) ou Atenolol 6,25 a 12,5 mg SID ou BID (beta-bloqueador, tem efeito colateral de broncoconstrição então em gatos asmáticos ou com problemas respiratórios provoca tosse, apenas nesse caso usamos diltiazem porque a frequência de administração quase sempre é inviável em gatos) Ø Benalapril ou Benazepril (inibidores de ECA) Ø Pimobendam 0,624 a 1,24 mg/BID (para disfunção sistólica que geralmente acompanha as disfunções diastólicas em casos mais avançados desde que não tenha obstrução da via de saída) Animais assintomáticos Geralmente não se trata, mas o ideal seria: Ø Diltiazem 1 mg/kg/TID ou Atenolol 6,25 a 12,5 mg SID ou BID (beta-bloqueadores) para evitar morte súbita TEA Ø Animais com sintomas de TEA (dor, membro pálido, cianótico, etc) = Analgesia com Fentanil 3 ug/kg IV, Morfina ou Buprenorfina 10-20 ug ou Butorfanol Ø Anticoagulantes = Heparina não fracionada SC ou IV (IM tem risco de hemorragia) 250 UI/kg a cada 8 horas SC (não dissolve o trombo mas evita que cresça ou surjam outros) Ø Aspirina 5 a 25 mg a cada 72 hrs pode ser associada à heparina (antiagregante plaquetário, inibe produção de tromboxano A2 nas plaquetas impedindo a agregação plaquetária) ou Clopidogrel ¼ de comprimido de 75 mg por dia (mais usado que aspirina, também reduz ativação plaquetária). O prognóstico em casos de TEA é ruim. Avaliar temperatura retal, FC e função motora para analisar possibilidade de eutanásia. Cardiomiopatia Dilatada Ocorrência: Cães grandes e gigantes das raças Dobermann (comum sofrer morte súbita), Boxer, Cocker (único pequeno), Dogue Alemão, Mastiff, São Bernardo, machos, 7 anos. A evolução da doença varia de acordo com a raça. Afecção muito mais comum em cães de porte grande. Pode ocorrer em gatos, mas é raro, ocorria com maior frequência antigamente por falta de taurina na dieta, mas hoje em dia com a introdução de ração para a maioria dos animais, é menos frequente. É uma doença miocárdica primária (assim como a hipertrófica, não precisa de doença base para ser originada) caracterizada por redução na contratividade + dilatação do ventrículo esquerdo OU de ambos (necessariamente os dois problemas). Existem casos (10%) que geram redução de contratividade e podem provocar cardiomiopatia dilatada, são elas: Nas cardiomiopatias dilatadas, avaliamos fração de encurtamento (FS) no eco, que é um indice que representa a contratividade do ventrículo. Esse indice é dado pela diferença entre o diâmetro diastólico – diâmetro sistólico sobre diastólico, representado pela seguinte equação: FS% = DDVE – DSVE DDVE Representação em imagem dos estágios dá sístole A primeira coisa que acontece na cardiomiopatia dilatada é a diminuição nessa contratividade, que consequentemente provocará uma diminuição no volume de sangue ejetado, provocando queda no débito cardíaco e pressão arterial sistêmica e ativando mecanismos compensatórios. Ativação de mecanismo compensatório a curto prazo (24-72hs): Queda de VEj > Queda de débito cardíaco > Queda de pressão arterial sistêmica > barorreceptores (receptores de pressão) fazem vasoconstrição > ativação do SNSimpático > aumento da contratilidade e FC > Aumento do volume ejetado (VEj) > Normalização da PAS. Esses mecanismos de curto prazo ligam catecolaminas (mediadoras do sistema nervoso simpático) aos betarreceptoresdos miócitos para que haja esse aumento de contratilidade, entretanto, com o tempo, esses betarreceptores passam a se internalizar (já que as catecolaminas lesam essas células), impedindo então, que esse mecanismo continue ocorrendo, então ocorre a hipertrofia excêntrica (mecanismo de longo prazo). Ativação de mecanismo compensatório a longo prazo (hipertrofia excêntrica): Ocorre adição de miócitos em série, provocando o aumento da cavidade. Entretanto, esses miocitos são deficientes na ação de contratilidade, que continua caindo. Sinais clínicos: Dispneia expiratória (por edema ou efusão pleural), cansaço, tosse, edema de membros, síncope (associada à arritmias), morte súbita. Existe uma fase assintomática (fase oculta) que dura de 2 a 4 anos. Exame Físico: Caquexia (demanda metabólica), aumento de volume abdominal, choque de ponta (animal magro, é possivel ver o coração batendo no tórax), dispnéia, cianose, palidez de mucosas, edema de membros, pulso jugular (ICCD), edema de membros (ICCD), percussão com som submaciço é sinal de efusão pleural, palpação com hepato e esplenomegalia, pulso femoral fraco ou regular, ascultação com arritmia (extrassístole, ritmo de galope em raças gigantes por fibrilação atrial), sopros sistolicos (por insuficiencia valvar secundária), pulmões com estertores crepitantes (se houver edema pulmonar), silêncio pulmonar e abafamento de bulhas (se houver efusao pleural). Diagnóstico: Eletrocardiograma: Fibrilação atrial e arritmias ventriculares (em Dobermann e Boxer) Fonte: Serviço de Cardiologia - FMVZ USP 2 Ritmo irregular caracterizado pela mudança de intervalos R e R, não há onda P. Fonte: Serviço de Cardiologia - FMVZ USP 3 Taquicardia ventricular não sustentada (quando tem menos que 30s de duração) Radiografia: Cardiomegalia, edema e congestão pulmonar, efusão pleural, efusão abdominal. Opacificação em lobos pulmonares (edema) Perda de silhueta cardíaca (efusão) Ecocardiograma: Usado para diagnóstico definitivo. Dilatação das cavidades (VE ou VE/VD) e diminuição da contratilidade (menor fração de encurtamento/menos de 25%) Dilatação das cavidades/Baixa fração de encurtamento + Insuficiência de mitrainil secundária Tratamento: Ø Digoxina 0,005 a 0,008 mg/kg BID (digitálico que inibe bomba de sódio e potássio, entrando cálcio na célula que se liga a proteínas e aumenta a contratividade, pode ser tóxico, fazer eletro depois de 72 horas para buscar arritmias características de intoxicação, indicada para fibrilação atrial) ou Pimobendam/Vemedin 0,1 a 0,3 mg/kg BID pelo menos 1 hora antes da refeição, alto custo mas melhor opção (inotrópicos positivos) Ø Furosemida 1 mg/kg EDA a 4 mg/kg TID + Enalapril/Benazepril (Inibidores da ECA) (se houver sinal congestivo) Ø Espironolactona 6,25 a 12,5 mg/cão SID ou 2 mg/kg SID (Diurético poupador de potássio que pode ser associada à Furosemida, também reduz a fibrose a fibrose miocárdica e diminui liberação de noraepinefrina cardíaca) Ø Sotalol 0,5-2,0 mg/kg BID VO ou Amiodarona 10-20 mg/kg SID por 7 a 10 d e depois 3- 15 mg/kg SID VO/5-10 mg/kg IV bolus lento (é mais efetivo mas tem efeitos colaterais, fazer função hepática antes), que são antiarrítmicos (se houver arritmia). Ø Toracocentese (se houver efusão pleural). Resumos: https://www.passeidireto.com/perfil/70763794/enviados