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TESE DOUTORADO - Atividade Física na Saúde Ocupacional

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6. ANEXOS
6. ANEXOS	
		
JEAN CLAUDE LAFETÁ
IMPACTO DE UM PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL NA MELHORIA DA SAÚDE OCUPACIONAL EM TÉCNICOS DE ENFERMAGEM
UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO VILA REAL, 2012
ii
xxv
JEAN CLAUDE LAFETÁ
IMPACTO DE UM PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL NA MELHORIA DA SAÚDE OCUPACIONAL EM TÉCNICOS DE ENFERMAGEM
Orientadores: Prof. Dr. Vítor Manuel Costa Pereira Rodrigues
 Prof. Dr. José Jacinto Branco Vasconcelos-Raposo
UTAD
Vila Real – 2012
III
FICHA CATALOGRÁFICA
 (
Lafetá, Jean Claude.
 IMPACTO DE UM PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL
 
 
N
A MELHORIA DA SAÚDE OCUPACIONAL 
EM TÉCNICOS DE ENFERMAGEM / Jean Claude Lafetá. Vila Real: [s.n], 2012.
Orientadores: 
Prof. Dr. Vítor Manuel Costa Pereira Rodrigues
Prof. Dr. José Jacinto
 Branco
 Vasconcelos
-
Raposo
Dissert
ação (Doutoramento) Universidad
e de Trás-os-Montes e Alto Douro.
PALAVRAS-CHAVE: Terapia Cinética Laboral, Ginástica Laboral, Ergonomia, Saúde Ocupacional, Técnicos de Enfermagem.
)
Dissertação foi expressamente elaborada com vista à obtenção do grau de Doutor em Ciências do Desporto de acordo com o disposto no Decreto-Lei 216/92, de 13 de Outubro.
Dedicatória
Aos meus filhos, Matheus e Maria Cecília 
À minha esposa Gerusa
AGRADECIMENTOS
À Deus, por conceder-me sabedoria e por iluminar a todo o momento o caminho a seguir. Por compartilhar comigo os momentos de cansaço, de coragem, dor e alegria.
À minha estimada esposa Gê, e aos meus filhos, Cecy e Theo, pela dedicação, amor e compreensão nos momentos de ausência. 
À minha família, em especial à minha mãe Terezinha e ao meu pai Eugênio (sempre presente), pela educação, amor, apoio e força em todos os momentos de minha vida.
À Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro, através do Reitor Carlos Alberto Sequeira e do seu ex-Reitor Armando Mascarenhas Ferreira, em permitir o processo de doutoramento na UTAD. 
Aos ex-Reitores da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, José Geraldo de Freitas Drumond e Paulo César Gonçalves de Almeida, e ao Reitor João dos Reis Canela. 
Aos meus Orientadores Vítor Manuel Costa Pereira Rodrigues e José Jacinto Vasconcelos Raposo e aos professores que participaram desse júri. 
Aos amigos, professores da Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes, e das Faculdades Unidas do Norte de Minas – Funorte. 
Aos Amigos de doutoramento sempre presentes, Geraldo Magela Durães, Airam da Paz, Marta Pompeu, Ênio Pacífico, Cledinaldo Dias, Josiane Brant Rocha e Betânia Araújo Passos. 
Aos professores Jaime Tolentino, Maria de Fátima Matos Maia, Marcel Guimarães da Silveira, Paulo Eduardo Gomes de Barros, José Roberto Lopes e Sales, Jefferson da Silva Novaes, António José Rocha Martins da Silva pelo apoio e estímulo. 
Aos trabalhadores que gentilmente colaboraram com esta pesquisa.
Aos estagiários do Programa de Ginástica da Unimontes, pela valorosa colaboração na coleta de dados. 
A todas as pessoas, que de alguma forma, direta ou indiretamente, colaboraram para o desenvolvimento desta investigação.
ÍNDICE GERAL
I - INTRODUÇÃO	1
1 INTRODUÇÃO	3
1.1CONTEXTUALIZANDO O PROBLEMA	3
1.2 OBJETIVO GERAL	7
1.3 HIPÓTESE	7
1.4 PERTINÊNCIA DO ESTUDO	7
1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO	9
II - REVISÃO DA LITERATURA	11
2. REVISÃO DA LITERATURA	13
2.1 TRABALHO	13
2.1.2 ATIVIDADE LABORAL NA ENFERMAGEM	16
2.2 SAÚDE OCUPACIONAL	21
2.3 ERGONOMIA	24
2.3.1 Áreas de Atuação	28
2.3.3 Medidas ergonômicas preventivas	30
2.4 QUALIDADE DE VIDA	33
2.5 ESTRESSE OCUPACIONAL	36
2.6 FADIGA OCUPACIONAL	42
2.7 DORT / LER	45
2.8 DISTÚRBIOS ÁLGICOS OSTEOMUSCULARES OCUPACIONAIS	49
2.9 ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE	51
2.10 APTIDÃO FÍSICA RELACIONADA À SAÚDE	55
2.11 FATORES PREDISPONENTES ÀS DOENÇAS CARDIOVASCULARES	60
2.12 GINÁSTICA LABORAL	62
OBJETIVOS ESPECÍFICOS	69 
III - METODOLOGIA	71
3. METODOLOGIA	73
3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA	73
3.2 UNIVERSO, AMOSTRA	73
3.2.1 Critérios de Inclusão	74
3.2.2 Critérios de Exclusão	74
3.3 IDENTIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS	75
3.3.1 Variáveis Independentes:	75
3.3.2 Variáveis Dependentes:	75
3.4 PROCEDIMENTOS UTILIZADOS PARA A COLETA DE DADOS	76
3.4.1 Procedimentos preliminares	76
3.4.2 Protocolos de Determinação dos Preditores Antropométricos para Risco Cardiovascular	76
3.4.3 Protocolos de Avaliação Funcional	82
3.4.4 Protocolo de análise do nível de atividade física	90
3.4.5 Protocolo de avaliação da qualidade de vida	91
3.4.6 Protocolo de avaliação do estresse ocupacional	92
3.4.7 Protocolo de avaliação da fadiga ocupacional e distúrbios álgicos	93
3.4.8 Avaliação da suscetibilidade aos DORTs	94
3.5 INTERVENÇÃO EXPERIMENTAL (TERAPIA CINÉTICA LABORAL)	94
3.6 INSTRUMENTOS UTILIZADOS	95
3.6.1 Ficha de avaliação física	95
3.6.2Instrumentos para Determinação do Peso e Altura	95
3.6.3 Instrumentos para determinação da pressão arterial	96
3.6.4 Instrumentos para determinação da força muscular	96
3.6.5 Instrumentos para determinação dos níveis de flexibilidade	96
3.6.6 Instrumentos para determinação do nível de atividade física	97
3.6.7 Instrumentos para determinação da qualidade de vida	97
3.6.8 Instrumentos para determinação do nível de estresse ocupacional	97
3.6.9 Instrumentos para determinação do nível de fadiga e distúrbios álgicos ocupacionais	98
3.6.10 Instrumentos para determinação do risco de DORTs	98
3.6.11 Instrumentos para a realização da terapia cinética laboral	98
3.7 PROCEDIMENTOS DE ANÁLISE DOS DADOS	98
3.8 LIMITAÇÃO DO MÉTODO	100
3.9 ÉTICA DA PESQUISA	100
IV - RESULTADOS	103
4 RESULTADOS	105
4.1 CARACTERIZAÇÃO E SAÚDE OCUPACIONAL DOS TÉCNICOS DE ENFERMAGEM	106
4.2 ANÁLISE COMPARATIVA, ENTRE OS SEXOS, DOS COMPONENTES DA SAÚDE OCUPACIONAL E DISTÚRBIOS ÁLGICOS APRESENTADOS NO PRÉ-TESTE	112
4.3 ANÁLISE ENTRE OS GRUPOS E SEXOS REFERENTES AO APRIMORAMENTO DA SAÚDE OCUPACIONAL E REDUÇÃO DOS DISTÚRBIOS ÁLGICOS OSTEOMUSCULARES OCUPACIONAIS	121
V - DISCUSSÃO	137
5. DISCUSSÃO	139
5.1 ANÁLISE DA CARACTERIZAÇÃO E PERFIL DA SAÚDE OCUPACIONAL DOS TÉCNICOS DE ENFERMAGEM	139
5.2 - ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS APRESENTADOS ENTRE OS GRUPOS E SEXOS REFERENTES AO APRIMORAMENTO DA SAÚDE OCUPACIONAL E REDUÇÃO DOS DISTÚRBIOS ÁLGICOS	175
VI – CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES	217
6 - CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES	219
BIBLIOGRAFIA	225
ANEXOS	281
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1 - 	Domínios da atividade física.	52
Figura 2 - 	Componentes da AFRS	56
Figura 3 - 	Índice de Conicidade.	80
Figura 4 - 	Avaliação da perimetria da cintura e quadril.	81
Figura 5 -	Avaliação da força de abdômen	83
Figura 6 - Análise da flexibilidade muscular (comprimento) dos músculos posteriores da coxa.	84
Figura 7 -	Análise da flexibilidade muscular (comprimento) dos músculos flexores biarticulares do quadril.	85
Figura 8 -	Análise da flexibilidade muscular (comprimento) dos músculos flexores uniarticulares do quadril.	86
Figura 9 -	Análise da flexibilidade muscular (comprimento) dos músculos extensores do ombro.	87
Figura 10 -	Análise da flexibilidade muscular (comprimento) dos músculos extensores do tronco e quadril (cadeia posterior).	88
Figura 11 -	Análise da flexibilidade muscular (comprimento) dos músculos da cintura escapular.	88
Figura 12 -	Balança digital com estadiômetro.	95
Figura 13 -	Dinamômetro Manual Digital.	96
Figura 14 -	Goniômetro Universal Carci.	97
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1 -	Normas para classificação do IMC	78
Tabela 2 -	Classificação da pressão arterial (mmHg) de acordo com a medida casual no consultório (> 18 anos)	79
Tabela 3 - 	Classificação do IC / Obesidade Central	80
Tabela 4 -	Classificação da RCCQ	81
Tabela 5 -	Classificação da Força de Membros Superiores	82
Tabela 6- 	Classificação do teste de aproximação dos ombros .	89
Tabela 7 -	Análise descritiva e de distribuição normal da amostra do pré-teste dos fatores predisponentes às DCVs	108Tabela 8-	Análise descritiva e de distribuição normal da amostra do pré-teste da força muscular	109
Tabela 9 -	Análise descritiva e de distribuição normal da amostra do pré- teste da flexibilidade (comprimento) muscular	109
Tabela 10-	Análise descritiva e de distribuição normal da amostra do pré-teste dos distúrbios álgicos ocupacionais	110
Tabela 11-	Análise descritiva e de distribuição normal da amostra da fadiga ocupacional do pré-teste	111
Tabela 12-	Análise descritiva e de distribuição normal da amostra do pré-teste da qualidade de vida	112
Tabela 13-	Análise univariada, entre os sexos, dos fatores predisponentes às DCVs	113
Tabela 14-	Análise, entre os sexos, da força muscular do pré-teste	114
Tabela 15-	Análise univariada, entre os sexos, da flexibilidade muscular do pré-teste	115
Tabela 16-	Análise univariada comparativa, entre os sexos, dos distúrbios álgicos ocupacionais do pré-teste	116
Tabela 17-	Análise univariada, entre os sexos, da fadiga ocupacional no pré-teste	117
Tabela 18-	Análise univariada, entre os sexos, da qualidade de vida no pré-teste	119
Tabela 19-	Tabela de contingência (Sexo X Sedentarismo)	119
Tabela 20-	Tabela de contingência (Sexo X Prática EF)	120
Tabela 21-	Tabela de contingência ( Grupo X Prática EF)	120
Tabela 22-	Tabela de contingência (Grupo X Sedentarismo)	121
Tabela 23-	Análise univariada, entre os grupos, da redução dos fatores predisponentes às DCVs	122
Tabela 24-	Análise univariada entre os sexos da redução dos fatores predisponentes às DCVs	123
Tabela 25-	Análise univariada, entre os grupos, do aumento da força muscular	124
Tabela 26-	Análise univariada entre sexos do aumento da força muscular	125
Tabela 27-	Análise univariada entre os grupos em relação ao aprimoramento da flexibilidade muscular	126
Tabela 28-	Análise univariada entre os sexos em relação ao aprimoramento da flexibilidade muscular	127
Tabela 29-	Análise univariada entre os grupos com relação à redução dos distúrbios álgicos osteomusculares ocupacionais	128
Tabela 30-	Análise univariada entre os sexos com relação à redução dos distúrbios álgicos osteomusculares ocupacionais	129
Tabela 31-	Análise univariada entre os grupos em relação à redução da fadiga ocupacional	130
Tabela 32-	Análise univariada entre os sexos em relação à redução da fadiga ocupacional	131
Tabela 33-	Análise univariada entre os grupos em relação à melhoria da qualidade de vida	132
Tabela 34-	Análise univariada entre os sexos em relação à melhoria da qualidade de vida	133
Tabela 35 -	Tabela de contingência (Grupo X Sedentarismo)	134
Tabela 36-	Tabela de contingência (Grupo X Prática EF)	134
Tabela 37-	Tabela de contingência (Sexo X Sedentarismo)	135
Tabela 38 -	Tabela de contingência (Sexo X Prática EF)	135
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro 1 - 	Principais fatores causais das doenças ocupacionais	23
Quadro 2 - 	Fatores causais das LER/DORTs	47
Quadro 3 -	Domínios e facetas do WHOQOL- bref	92
ABREVIATURAS
ACSM - American College of Sports Medicine
ADM – Amplitude de Movimento
AF – Atividade Física
AFRS – Atividade Física relacionada à Saúde 
CIVM – Contração Isométrica Voluntária Máxima
CME – Centro de Material e Esterilização
COFEN – Conselho Federal de Enfermagem
DCNT - Doenças Crônicas Não-Transmissíveis
DCVs – Doenças Cardiovasculares
DORTs – Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho 
EET – Escala de estresse do trabalho
EF – Exercício Físico
EO - Estresse Ocupacional 
EVA – Escala Visual Analógica 
FNP - Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva 
GL – Ginástica Laboral 
GLC – Ginástica Laboral Compensatória
GLP – Ginastica Laboral Preparatória
GLR – Ginástica Laboral Relaxante
HDL – Lipoproteina de Alta Densidade 
IC – Índice de Conicidade
IEA - International Ergonomics Association
IMC – Índice de Massa Corporal
INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social
IPAQ –International Physical Activity Questionnaire
IPSEMG – Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais 
LDL – Lipoproteina de Baixa Densidade
LER – Lesões por esforços repetitivos 
MMII – Membros Inferiores
MMSS – Membros Superiores 
MS – Ministério da Saúde 
MSD – Membro Superior Direito
MSE – Membro Superior Esquerdo
MTE – Ministério do Trabalho e Emprego 
NR - Norma Regulamentadora 
OIT – Organização Internacional do Trabalho 
OMS - Organização Mundial da Saúde
OTGs – Orgãos Tendinosos de Golgi
PA – Pressão Arterial
PAD - Pressão Arterial Diastólica
PAS –Pressão Arterial Sistólica
PEE- Escala de Estresse Percebido
QB - Questionário de Fadiga 
QV - Qualidade de Vida
QVT - Qualidade de Vida no Trabalho
RCCQ – Razão da Circuferência Cintura/Quadril
RCE – Relação Cintura Estatura 
RPI – Relaxamento Pós-Isometria
SNA – Sistema Nervoso Autonômo
SNC – Sistema Nervoso Central 
TCL -Terapia Cinética Laboral
TEM – Técnica de Energia Muscular
WHOQOL - World Health Organization Quality of Life 
RESUMO
IMPACTO DE UM PROGRAMA DE GINÁSTICA LABORAL NA MELHORIA DA SAÚDE OCUPACIONAL EM TÉCNICOS DE ENFERMAGEM
A presente pesquisa teve como objetivo compreender as relações existentes entre um programa de ginástica laboral (Terapia Cinética Laboral) com a melhoria da saúde ocupacional e a redução dos distúrbios álgicos osteomusculares ocupacionais em técnicos de enfermagem. Estudo de caráter quase-experimental, com pré e pós-teste e grupo controle. Participaram da amostra 81 profissionais de ambos os sexos, com idade entre 22 a 59 anos, sendo divididos em um grupo experimental – TCL (n=37) e grupo controle (n=44). Todos os participantes foram submetidos no pré e pós-teste à escala de estresse percebido (PEE - breve) e de estresse do trabalho (EET), aos questionários de fadiga (QB), atividade física (IPAQ - versão curta), qualidade de vida (WHOQOL – brev) e ao exame físico (PA, IMC, RCCQ, IC, flexibilidade e força muscular). No tratamento de dados recorreu-se à estatística descritiva, à normalidade das distribuições da amostra (Skewness, Kurtosis) e multinormalidade (Levene’s), à homogeneidade das matrizes de variâncias-covariâncias (M de Box), à MANOVA, aos testes qui-quadrado, da probabilidade exata de Fisher e t de Studant para amostras pareadas e independentes. Com os resultados constataram-se dados preocupantes no pré-teste, pois, embora esses sujeitos apresentassem a qualidade de vida considerada boa, obtiveram índices acentuados de distúrbios álgicos, sobrepeso, cansaço físico, desequilíbrios musculares multisegmentares, além de níveis moderados de fadiga e de estresse ocupacional. Na análise entre os sexos do pré-teste, observaram-se índices significativamente mais elevados apenas na flexibilidade e no estresse percebido das mulheres e na PAS, PAD, IC, RCCQ, sedentarismo e força muscular dos homens. Após a aplicação do programa preventivo, evidenciaram-se resultados significativamente superiores do grupo experimental em relação ao controle na redução dos fatores predisponentes às DCVs, nos distúrbios álgicos ocupacionais, na fadiga ocupacional e no incremento da flexibilidade, força muscular e da qualidade de vida. No entanto, não houve diferença significativa entre os grupos na prevalência do sedentarismo e constatou-se uma fraca associação entre a participação da TCL e a adesão à prática regular de EF. Além disso, não foram observadas diferenças significativas entre os sexos na melhoria desses componentes citados, exceto com melhores ganhos de flexibilidade das mulheres. Dessa forma, a TCL demonstrou ser uma importante ferramenta para o aprimoramento da saúde ocupacional e para a diminuição dos distúrbios álgicos ocupacionais desses profissionais, contudo essa medida deve ser sempre adotada associada a outras estratégias ergonômicas. 
Palavras-chave: Terapia Cinética Laboral, Ginástica Laboral, Ergonomia, Saúde Ocupacional e Técnicos de Enfermagem.
ABSTRACT
IMPACT OF A LABOR GYMNASTIC PROGRAM IN IMPROVEMENT OF OCCUPATIONAL HEALTH IN NURSE TECHNICIANS
The present research had as objective to understand the existent relations between a program of labor gymnastic(Kinetic Therapy Work - KTW) with an improvement of occupational health and the reduction of occupational musculoskeletal algesic disorders in nurse technicians. Study of almost-experimental character, with pre and post-test and control group. 81 professionals participated of sample of both sexes, with age between 22 and 59 years, being shared in a experimental group – KTW (n=37) and control group (n=44). All participants were submitted in pre and post-test to scale of perceived stress (PSS – soon) and of work stress (WSS), to fatigue questionnaires (FQ), physical activity (IPAQ – short version), quality of life (WHOQOL – soon) and to physical exam (HC, BMI, WHCR, CI, flexibility and muscle force). In data treatment, we recurred to the descriptive statistic, to the normality of distributions of sample (Skewness, Kurtosis) and multinormal (Levene’s), to the homogeneity of matrices of variance-covariance (M of Box), to MANOVA, to qui-square tests, of exact Fisher’s probability and t of Student for paired and independent samples. With the results, it were found preoccupant data in pre-test, because, however those subjects presented to quality of life had been considered good, obtained accented levels of algesic disorders, overweight, physical fatigue, multithreaded muscle disorders, beyond moderated levels of fatigue and of occupational stress. In analysis between sexes of pre-test, it were observed levels significantly more elevated just in flexibility in perceived stress of women and in SBP, DBP, CI, WHCR, sedentarism and muscle force of men. After the application of preventive program, it were evidenced results significantly superiors to the experimental group in relation to control of factors reduction predisposing to Cardiovascular Diseases – CVD’s, in occupational algesic disorders, in occupational fatigue in increasing of flexibility, muscle force and of quality of life. However, it was not found significant difference between the groups in prevalence of sedentarism and it was found a weak association between the participation of KTW and of adherence to regular practice of Physical Education. Beyond of this, it were not observed significant difference between the sexes in improvement of those components cited, except with better gains of flexibility in women. So, the KTW showed to be an important tool to the improvement of occupational health and to the decrease of occupational algesic disorders of those professionals. However, that measure should be always adopted associated to the others ergonomic strategies.
Keywords: Kinetic Therapy Work, Labor Gymnastic, Ergonomics, Occupational Health and Nurse Technicians.
XXIX
I - INTRODUÇÃO
E o que o ser humano mais aspira
 é tornar-se ser Humano.
Clarice Lispector
2
1 INTRODUÇÃO
1.1 CONTEXTUALIZANDO O PROBLEMA
O Brasil é um país que apresenta como característica marcante a acentuada diversidade social, principalmente referindo-se à renda, às condições ambientais e ao acesso aos direitos mais elementares do cidadão, como saúde, educação, moradia e transporte. Grandes transformações ocorreram nas três últimas décadas, com o ritmo acelerado de urbanização associado a um processo de intensa industrialização, emergindo nas grandes civilizações um perfil epidemiológico alarmante com o crescimento das doenças crônico-degenerativas (Elias & Navarro, 2006; Mattenberger, 2009).
Com o acelerado desenvolvimento industrial e tecnológico, a qualidade de vida do trabalhador foi deixada a um segundo plano. Várias organizações, em decorrênciado interesse pelos avanços tecnológicos eequipamentos, deixaram de “enfocar o elemento humano, que vem enfrentando situações precárias no trabalho, com administrações inadequadas, tarefas monótonas e muitas vezes repetitivas” (Santos, 2003, p. 01).
No ambiente hospitalar, a equipe de enfermagem constitui o maior contingente da atividade laboral, marcada por uma fragmentação nas atividades desempenhadas. Apresenta uma severa estrutura hierárquica, regulamentos e normas, proporcionando cada vez mais a ocorrência de um grande número de afastamentos por doenças ocupacionais (Leite, Silva, & Merighi, 2007; Napoleão, Robazzi, Marziale, & Hayashida, 2000). A maior parte das queixas de saúde a que se referem esses trabalhadores relacionam-se com alterações no sistema osteomuscular, atribuídas principalmente a fatores ergonômicos e posturais inadequados, presentes na dinâmica hospitalar (Alexandre, Moraes, & Mahayri, 1991; Nielsen & Trinkoff, 2003; Parada, Alexandre, & Benatti, 2002).
Atualmente, os Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (DORT) tornaram-se um grande problema para a saúde pública em muitos países industrializados. No Brasil, os DORTs são as afecções com maior índice entre as relacionadas com o trabalho, constituindo a segunda causa de afastamento do trabalho (Freitas, Lunardi, Lunardi, & Freitas, 2009; Instituto Nacional de Seguridade Social, [INSS], 2003; Ministério da Saúde, [MS], 2006).
Os DORTs são as afecções ocupacionais que se manifestam em músculos, tendões, fáscias e nervos localizados, geralmente, nos membros superiores, podendo também acometer a região cervical e a cintura escapular. Essas alterações são geralmente promovidas pelo uso biomecânico incorreto desses segmentos corporais, sendo os movimentos repetitivos, força excessiva, posturas inadequadas e compressão mecânica os principais fatores envolvidos na etiopatogenia clínica, podendo provocar desde quadros patológicos leves até a incapacidade funcional (Kroemer & Grandjean, 2005; Couto, 2002; Rio, 1998; Souza, 2007). Alguns fatores biomecânicos (vibração, frio, compressão mecânica, uso de luvas) e também o stress psicossocial podem promover insegurança contribuindo para o agravamento do quadro patológico apresentado (Rio, 1998).
Diversos estudos epidemiológicos demonstram uma elevada ocorrência de distúrbios músculo-esqueléticos em trabalhadores de enfermagem (80 a 93%), sendo que essas manifestações fisiopatológicas atingem vários segmentos corpóreos, principalmente a coluna lombar, os ombros, os joelhos, a região cervical (Magnago, Lisboa, Chagas, & Moreira, 2007), punhos e coluna torácica (Varela & Ferreira, 2004).
Os profissionais que atuam na enfermagem estão submetidos às várias condições inadequadas de trabalho, proporcionando um elevado nível de stress, tanto físico como psicológico. Assim, são verificados inúmeros transtornos alimentares, de sono, fadiga ocupacional, levando à desorganização no ambiente familiar, predispondo a uma maior ocorrência de acidentes de trabalho e licenças para tratamento de saúde. Além dos elementos ergonômicos relacionados aos distúrbios osteomusculares, existem fatores psicossociais desencadeantes, que geralmente estão associados ao contato frequente com o sofrimento e a morte, com a monotonia de atividades repetitivas e parceladas e com turnos rotativos de trabalho (Barboza & Soler, 2003). 
A saúde ocupacional ou denominada profissional implica na soma de esforços para melhorar a saúde dos trabalhadores, tanto em seu ambiente de trabalho como na comunidade. As intervenções preventivas no contexto ergonômico são constituídas pelos programas de conscientização dos funcionários, realização de análises biomecânicas, posturais e antropométricas, análise dos instrumentos e equipamentos de trabalho, da avaliação organizacional, da prática de exercícios de distensionamento (ginástica laboral) e introdução a programas de integração familiar (Deliberato, 2002). 
A ginástica laboral é um programa de prevenção e compensação, que visa à promoção da saúde dos trabalhadores. Também conhecida como atividade física na empresa, pode ser classificada em ginástica laboral compensatória, ginástica do trabalho ou ginástica de pausa. Ela pode ser aplicada no ambiente de trabalho, como pausa ativa e serve para quebrar o ritmo da tarefa que o trabalhador desempenha, interrompendo a monotonia e melhorando as relações interpessoais (Mendes & Leite, 2008).
A ginástica laboral é umaferramenta importante, pois trata-se de um programa de cunho sócio-cultural que estimula um estilo de vida mais ativo e saudável, através de alongamentos, exercícios respiratórios e compensatórios, dentro da jornada de trabalho, promovendo, assim, a saúde dos funcionários (Silveira, 2008).
A ginástica laboral (GL) é um dos métodos profiláticos mais utilizados nos grupos em que a atuação coletiva é possível, não sendo a única solução para os problemas das empresas. Sua utilização sem critérios não gera efeitos duradouros, podendo até levar ao agravamento e surgimento de novos casos de LER/DORT (Alves, 2000).
A GL tem sido frequentemente elucidada como uma medida preventiva eficaz para LER/DORT. No entanto, vários autores consideram que, de forma isolada, a GL não alcança êxito na prevenção, devendo ser associada a várias outras medidas profiláticas (Longen, 2003).
Para que o planejamento de um programa de exercício físico na empresa seja realizado, frequentemente é realizada uma análise das atividades desenvolvidas em cada posto de trabalho, caracterizando as causas dos afastamentos, a sintomatologia apresentada pelos funcionários e o objetivo da empresa (Lima, 2003). Entretanto, observa-se que, para essa análise poder realmente contemplar e monitorar os benefícios da ginástica laboral e de outras atividades ergonômicas preventivas, devem ser quantificados todos os componentes correlacionados aos fatores físicos, organizacionais, ambientais e psicossomáticos que afetam a saúde ocupacional. 
O programa de prevenção dos DORTs e de promoção da qualidade de vida no trabalho realizado através da GL tem utilizado vários procedimentos, que enfatizam exercícios, massagens e dinâmicas de grupo, trabalhando várias partes do corpo na mesma sessão. Frequentemente realizam alongamentos para todos os segmentos corpóreos, de forma muitas vezes incoerente, não enfatizando o relaxamento mioarticular e a redução da sobrecarga daqueles segmentos mais afetados naquela atividade ocupacional desempenhada. Dessa forma, torna-se imprescindível o desenvolvimento de programas preventivos de atividade física laboral (GL), que direcionam os seus procedimentos baseados na biomecânica ocupacional desenvolvida e nos fatores psico-organizacionais, com a finalidade de fazer uma redução efetiva da sobrecarga física e psíquica desses trabalhadores, além do aprimoramento da qualidade de vida.
A atividade física tem sido caracterizada como um dos fatores determinantes para manutenção da saúde corpórea, da melhoria da qualidade de vida e da prevenção de doenças crônico-degenerativas. Entretanto, existem divergências desse papel no contexto laboral, principalmente com relação à metodologia aplicada e dos seus benefícios. São limitados os estudos científicos no Brasil que demonstram a eficiência de programas de atividade física laboral (GL) para a melhoria da saúde ocupacional e prevenção de DORTs em profissionais que atuam na enfermagem. 
Diante desse contexto e partindo do pressuposto de que a atividade física tornou-se um importante componente para a manutenção adequada da saúde corpórea e da qualidade de vida do trabalhador, propõe-se uma pesquisa para resolver a seguinte pergunta: Quais as relações existentes entre um programa de ginástica laboral (Terapia Cinética Laboral) com a melhoria da saúde ocupacional e na redução dos distúrbios álgicos osteomusculares ocupacionais em técnicos de enfermagem? 
1.2 OBJETIVO GERAL
Compreender as relações existentes entre um programa de ginástica laboral (Terapia Cinética Laboral) com a melhoria da saúde ocupacional e na redução dos distúrbios álgicos osteomusculares ocupacionais em técnicos de enfermagem. 
1.3 HIPÓTESE
Haverá melhora significativa da saúde ocupacional e redução dos distúrbios álgicos osteomusculares ocupacionais de técnicos em enfermagem submetidos a um programa de Terapia Cinética Laboral quando comparados ao grupo controle. 
1.4 PERTINÊNCIA DO ESTUDO
A cada dia, aumenta a preocupação mundial com relação à saúde dos trabalhadores da enfermagem. As pessoas que desenvolvem atividades laborais inseridas em ambientes hospitalares estão sujeitas a pelo menos quatro tipos de riscos ocupacionais: biológicos, químicos, físicos e psicossociais. Dentre os grupos ocupacionais que trabalham na área da saúde sujeitos a esse risco, destacam-se os auxiliares e técnicos de enfermagem como uns dos mais afetados pelos acidentes de trabalho (Alexandre & Benatti, 1998; Kirchhof et al., 2009).
Segundo Leite et al. (2007), as atividades desenvolvidas pela equipe de enfermagem exigem uma elevada sobrecarga física, decorrentes de procedimentos que geram um enorme stress psicofísico e dispêndio energético: andar quilômetros, levantar, sustentar e transportar pacientes; empurrar, puxar, levantar cargas diversas em posturas inadequadas, permanecendo quase frequentemente na posição em pé, inclinada ou agachada; prevenir escaras, refazer leitos, verificar sinais vitais, dentre outros. E como agravante para essa situação, quanto maior for o grau de dependência dos doentes, maior também será a carga de trabalho pelos cuidados prestados e pela duração das posturas viciosas.
Para Rosa, Garcia, Vedoato, Campos e Lopes (2008), entre as profissões da saúde, a enfermagem tem sido especialmente afetada pelos distúrbios músculo-esqueléticos ocupacionais. Diversos estudos têm demonstrado que em vários países apresentam-se prevalências superiores a 80% dos DORTs em trabalhadores de enfermagem, sendo que no Brasil apresenta-se uma ocorrência entre 43 a 93% dessas alterações osteomusculares laborais. Já Magnago et al. (2007) enfatizam que,da equipe de enfermagem, os auxiliares são os mais afetados (82 a 93%), sendo isso provavelmente atribuído ao tipo de atividade desenvolvida por esses profissionais, aliado à falta de controle sobre o processo de trabalho. 
As Lesões por Esforços Repetitivos (LER), atualmente chamadas de Distúrbios Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho (DORT), são as doenças ocupacionais que mais acometem a saúde do trabalhador de forma epidêmica nas últimas décadas no Brasil e no Mundo, e constituem-se, atualmente, como um problema de Saúde Pública, com repercussões sociais e econômicas (Alcântara, Nunes, & Ferreira, 2011; MS, 2006; Lafetá, 2003; Oliveira, 2002; Santos & Bueno, 2002).
Portanto, torna-se imprescindível a realização de constantes investigações sobre a realidade laboral dos trabalhadores de enfermagem, e em especial dos auxiliares de enfermagem, por constituírem o maior contingente desse segmento profissional, principalmente enfocando os seus riscos ocupacionais e os seus efeitos deletérios sobre a saúde (Rezende, 2003). Assim, sendo a enfermagem uma categoria profissional que desempenha movimentos repetitivos em seu cotidiano laboral, conhecer os aspectos que determinam o aparecimento da LER/DORT relacionado ao trabalho é fundamental para a promoção da saúde ocupacional hospitalar (Rosa et al., 2008).
Espera-se, com este estudo, contribuir com o aprimoramento do embasamento científico e aprofundamento dos parâmetros técnico-profiláticos referentes aos programas de atividade física do trabalho, às medidas preventivas adotadas visando à saúde do trabalhador, à redução da suscetibilidade aos DORTs e à melhoria da qualidade de vida no trabalho.
Os resultados apresentados nesta investigação contribuirão na orientação dos administradores hospitalares, dos profissionais de enfermagem, dos especialistas em recursos humanos e dos profissionais da equipe multidisciplinar que atuam na saúde ocupacional, principalmente daqueles envolvidos com programas ergonômicos profiláticos e de melhoria de qualidade de vida dos trabalhadores da enfermagem.
A relevância desta investigação está vinculada à possibilidade de ampliação do conhecimento científico na área da saúde ocupacional e qualidade de vida, tendo em vista a ausência, no Brasil, de publicações científicas que demonstrem os efeitos promovidos por programas ocupacionais preventivos (Terapia Cinética Laboral) em relaçãoaos vários componentes que permeiam a saúde do trabalhador.
1.5 DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
A pesquisa delimitou-se aos técnicos de enfermagem que atuam em um hospital público de Montes Claros – MG / Brasil, respeitando-se os critérios de inclusão e exclusão. Esses profissionais foram divididos em dois grupos: participantes do programa de Terapia Cinética Laboral (TCL) e um grupo de indivíduos que não participaram do programa de atividade física laboral, ou seja, o grupo controle (GC). A amostra foi composta de 81 funcionários, com idade entre 22 a 59 anos, de ambos os gêneros, sendo aparentemente saudáveis. 
1. INTRODUÇÃO
1. INTRODUÇÃO
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II - REVISÃO DA LITERATURA
O que vale na vida
não é o ponto de partida e sim a caminhada.
Caminhando e semeando, 
no fim terás o que colher. 
Cora Coralina
PRIMEIRA PARTE – METODOLOGIA E REFERENCIAL TEÓRICO
PRIMEIRA PARTE – METODOLOGIA E REFERENCIAL TEÓRICO 
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2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 TRABALHO
Para Antônio (2003), Viana e Machado (2011) o trabalho representa o desenvolvimento humano e social como um direito imprescindível, que dá à vida um propósito, pois transforma a natureza e espiritualiza o homem. Cañete (1996) acrescenta dizendo que: 
o trabalho é a parte da vida do homem e a ele se incorpora; onde ohomem estiver, a sua influência se fará sentir. O trabalho marcará acentuadamente a existência humana, estando inserido em todos os seus momentos, sendo um fator decisivo para a saúde, por suas implicações ambientais, socais e econômicas (p. 88). 
No mundo moderno, o homem é definido, primordialmente, pela sua atividade ocupacional, sendo fundamental na estrutura econômica que demanda sobre todas as outras instâncias da sociedade (Ramos, 2007; Lopes, 2002; Militão, 2001). O trabalho está presente na vida humana durante todos os momentos do dia. Quando não se está nele, está-se preparando para ele ou descansando-se dele. Nesse sentido, o homem define a sua capacidade, o que deve fazer ou o que deve deixar de fazer. É o trabalho de cada um que anuncia para a sociedade quem é cada indivíduo (Moser, 2005; Lopes, 2002).
É por meio do seu trabalho que o homem é valorizado, utilizando-o para a sua sobrevivência. Entretanto, apresenta-se com um significado paradoxal, uma vez que por um lado representa a honra do ser humano, por outro, pode ser deletério à saúde, quando passa a promover distúrbios orgânicos, promovendo alterações, tais como fadiga e sofrimento (Orofino, 2004).
Nesse sentido, Lopes (2002) mostra que, de certa forma, o trabalho condiciona a vida dos homens, pois, organizando a vida pessoal e social, organiza também as relações humanas. O trabalho define-se basicamente como o conjunto de ações que levam à produção de bens individuais e coletivos, promovendo o desenvolvimento pessoal, familiar e até de uma nação (Schmidt, 2003).
Desde os tempos mais remotos até os dias atuais, o trabalho passou por um processo evolutivo muito intenso, promovendo alterações marcantes na construção das civilizações e nas concepções referentes aos seres humanos (Antônio, 2003; Cañete, 2001; Martarello, 2005; Petroski, 2005; Ulbricht & Przysienzy, 1999). O trabalho pode ser caracterizado como a base da atividade humana, da dinâmica produtiva, fundamental na geração de recursos e desenvolvimento das sociedades (Abrahão & Pinho, 2002; Alves, 2001; Kotliarenko, 2005; Ruguê, 2001). A partir do seu desenvolvimento, surgiram os avanços tecnológicos (Sherafat, 2002), produções, sistemas de trocas e intercâmbios. O trabalho passa a ser o fator principal para a possibilidade de satisfação de necessidades humanas, das mais básicas até as mais sofisticadas (Langoski, 2001; Maia, 2002).
Para Zilli (2002) o trabalhador era quem conduzia o processo de produção, desde a ideia até a confecção do produto, de forma artesanal. A princípio, o principal responsável pelo desenvolvimento e desempenho das diversas tarefas era o próprio trabalhador, o que garantia o uso dos seus movimentos corporais (Fonseca, 2007). Com a industrialização, a mão-de-obra humana foi substituída por maquinários. A partir da Revolução Industrial, os avanços tecnológicos atingiram todas as áreas, modernizando e causando uma mecanização nos locais de trabalho. O trabalho industrializado, mecanizado e automatizado - que deu origem às atividades mais específicas e repetitivas, devido à fragmentação do processo produtivo, aliados a uma busca constante pela produtividade e alta qualidade - impõe condições extremamente prejudiciais à saúde do ser humano de uma forma geral. Além disso, o ritmo de competição que se instalou, trazendo consigo o aumento do estresse e da fadiga, contribuiu sobremaneira para o surgimento das doenças ocupacionais.
Com o processo evolutivo e a industrialização, criaram-se estratégias que facilitaram a execução de diversas tarefas domésticas e profissionais, e trouxeram consigo consequências negativas para a vida do ser humano. As mudanças do estilo de vida resultaram no sedentarismo, no desencadeamento do estresse, no surgimento e/ou agravamento das doenças cardiovasculares, na diminuição do movimento corporal e nas alterações emocionais, tudo devido a essa nova fase de estruturação do trabalho (Cañete, 2001). 
O trabalho é a atividade humana por excelência, pela qual o homem transforma o mundo e a si mesmo. Por isso, se num primeiro momento a natureza se apresenta como destino, é o trabalho que surge como condição de transcendência e liberdade, a não ser nos sistemas onde persistem formas de exploração que levam à alienação (Aranha & Martins, 2003, p.01).
Assim, o trabalho humano enquanto uma realidade do nosso quotidiano se constitui um objeto de fundamental importância em diferentes disciplinas, sejam elas de natureza psicológica, sociológica, antropológica, psicossociológica ou, ainda, econômica (Abrahão & Pinho, 2002).
Apesar de o avanço tecnológico ter contribuído em muitas atividades laborais para a diminuição da carga de trabalho, promoveu um aumento do sedentarismo. Além do fator sedentarismo, a exposição à sobrecarga física laboral, de diferentes fatores etiológicos, pode atuar de forma negativa na qualidade de vida das pessoas, tais como a adoção de posturas ocupacionais ou funcionais inadequadas, em função de postos de trabalho mal projetados (Conte, 2003; Pinto, 2003; Veneroso, 2011). 
Frequentemente a falta de organização e divisão social do trabalho têm afetado a saúde do trabalhador. A atividade laboral tem sido realizada principalmente por tarefas específicas, que restringem ainda mais as funções e levam ao aparecimento dos primeiros sinais/sintomas das doenças relacionadas ao trabalho, principalmente associados ao sedentarismo (inatividade física), que, por sua vez, influenciou para o surgimento e/ou agravamento de outras condições fisiopatológicas tais como as doenças cardiovasculares, o tabagismo, o alcoolismo, a hipertensão arterial e o estresse (Mendes & Leite, 2008).
As revoluções trabalhistas trouxeram a mão-de-obra feminina para o mercado de trabalho, sendo que essa presença feminina ocorreu principalmente associada ao rebaixamento do valor da mão-de-obra e desemprego na família, com redução do poder aquisitivo do grupo familiar. Todavia, Chagas, Marques e Barroso (2005) expõem que, apesar dessas mudanças nos papéis familiares, as mulheres continuam sendo responsáveis pelas tarefas domésticas, pela reprodução e criação dos filhos, resultando numa tripla jornada de trabalho, com um acúmulo de tarefas repetitivas e indispensáveis, promovendo assim um aumento da fadiga crônica e um esgotamento físico e mental. 
As ocupações femininas concentram-se em atividades derivadas das funções tradicionais, como os serviços domésticos, cuidados com as crianças e com os enfermos (Instituto Ethos, 2004; Pinho, Araújo, Goes, & Sampaio, 2001). Dentre as diferentes atividades laborais exercidas pelas mulheres, principalmente relacionadas à prestação de serviços em saúde, demos enfoque à enfermagem, a qual concentra a maior força de trabalho em saúde e é a que maisestá exposta aos riscos provenientes de sua ocupação. 
2.1.2 ATIVIDADE LABORAL NA ENFERMAGEM
A enfermagem é uma das profissões da área de saúde, cuja essência e especificidade é o cuidadoao ser humano, pelo desenvolvimento de atividades em equipe, que proporcionam a promoção, recuperação e reabilitação da saúde e a prevenção de doenças, atuando no indivíduo, na família e na comunidade (Oliveira, 2005b).
Nas instituições de assistência à saúde, a organização do trabalho da equipe de enfermagem torna-se fundamental para o atendimento adequado e de qualidade ao cliente/paciente (Inoue, Matsuda, Silva, Uchimura, & Mathias,2008). Como as atividades de enfermagem nos hospitais são ininterruptas, os profissionais são organizados em turnos de trabalho. No Brasil frequentemente o trabalhador de enfermagem perfaz o turno de 12 horas de trabalho diário (diurno ou noturno), seguido de 36 horas de descanso (Oliveira, 2005b).
A enfermagem no Brasil é desenvolvida por agentes com formação também diferenciada: enfermeiro, profissional com nível superior; técnico de enfermagem, com segundo grau profissionalizante; auxiliar de enfermagem, com primeiro ou segundo grau; e os atendentes de enfermagem, visitadores sanitários, agentes de saúde pública; entre outros, preparados pelo sistema formal de ensino, mas também com algum tipo de treinamento em serviço (Braga, 2000).
De acordo com o COFEN – Conselho Federal de Enfermagem, órgão normativo do exercício do pessoal de enfermagem no Brasil, a prática da enfermagem é exercida por diferentes categorias, como descrita a seguir: 
1 – Enfermeiro: profissional de nível superior, com curso de duração média de quatro anos. É o chefe da equipe de enfermagem, responsável por todos os outros membros dessa equipe, possuindo como funções: planejamento, programação, execução e avaliação das ações de enfermagem, inclusive pesquisa e docência de nível superior através de cursos complementares de pós-graduação.
2 – Técnico de Enfermagem: formação profissionalizante de segundo grau, tendo como função básica “assistir ao enfermeiro no planejamento, programação e prestação de cuidados integrais de enfermagem”. 
3 – Auxiliar de Enfermagem: preparado em cursos regulares ou supletivos em nível de primeiro ou segundo grau, possuindo como competência: observar, reconhecer e descrever sinais e sintomas de enfermidade, bem como prestar cuidados de higiene, conforto e tratamento simples, além de auxiliar o enfermeiro e o técnico de enfermagem na prestação de assistência de enfermagem. 
4 – Atendentes de Enfermagem: não são preparados pelo sistema de ensino, recebem alguma forma de treinamento em serviço nas várias instituições de saúde, onde executam tarefas simples de enfermagem, tais como: auxiliar o doente na alimentação, arrumar e manter em ordem o ambiente de trabalho, lavar e preparar o material para esterilização, atender chamadas de campainha dos quartos dos doentes, etc. 
Além desses quatro elementos formais da equipe de enfermagem, há também as visitadoras sanitárias, agentes de enfermagem em saúde pública ligados às Secretarias Estaduais e Municipais, que, como atendentes de enfermagem, não são formalmente preparados pelo sistema nacional de ensino, recebendo apenas treinamento específico em serviço para aprender a executar suas atividades (Pires et al., 2010).
Quanto à composição da força de trabalho, tem sido demonstrado que o quantitativo de pessoal de enfermagem nos hospitais está aquém do necessário. Nesse sentido, percebe-se que um número reduzido da equipe de enfermagem predispõe a perigos a quem assume trabalhos com alta sobrecarga, com desgastes físicos e mentais intensos (Hanzelmann & Passos, 2010; Ribeiro & Shimizu, 2007; Souza, Santos et al., 2010).
No Brasil a preocupação com a saúde dos trabalhadores hospitalares iniciou-se na década de 1970, quando investigadores da Universidade de São Paulo (USP) enfocaram a saúde ocupacional em trabalhadores hospitalares. Os trabalhadores da saúde estão sujeitos a vários tipos de riscos ocupacionais, sendo eles biológicos, químicos, físicos, psicossociais (Alexandre & Benatti, 1998; Miranda & Stancato, 2008), ergonômicos e mecânicos (Barboza & Soler, 2003; Marziale, 1999; Mergulhão, Araújo, Vasconcelos, & Bezerra, 2010). Desses grupos ocupacionais sujeitos a esses fatores de risco, destacam-se os auxiliares e técnicos de enfermagem como uns dos mais afetados pelos acidentes de trabalho. 
Os trabalhadores de enfermagem estão expostos a uma série de situações de risco durante a execução de seu trabalho, que podem ocasionar acidentes e doenças ocupacionais (Magnago, Lisboa, Griep, Kirchhof, & Guido, 2010; Manetti & Marziale, 2007; Moreira et al., 2011). Alguns setores do trabalho de enfermagem, como a urgência e emergência, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e o Centro Cirúrgico (CC), são mais desgastantes e implicam na diminuição da qualidade de vida do trabalhador (Franco, Barros, & Nogueira, 2005). 
Constantemente os trabalhadores de enfermagem estão sujeitos a condições laborais inadequadas, predispondo aos agravos à saúde, que podem ser de natureza física ou psicológica. O que promove alterações alimentares, fadiga corpórea, de sono e de eliminação, com diminuição do estado de alerta, aumento do estresse, desorganização no meio familiar e neuroses, aumentando assim a suscetibilidade aos acidentes de trabalho e licenças para tratamento de saúde. Nesse contexto, destacam-se os fatores ergonômicos relacionados a problemas ósteo-músculo-articulares entre trabalhadores de enfermagem. Os fatores psicossociais relacionados às patologias ocupacionais da enfermagem estão associados ao contato frequente com o sofrimento e a morte, a monotonia de atividades repetitivas e parceladas, turnos rotativos de trabalho e a fadiga que conduz ao estresse crônico (Barboza & Soler, 2003; Umann, Guido, & Freitas, 2011). 
Há uma elevada prevalência de distúrbios osteomusculares ocupacionais na enfermagem, decorrentes principalmente da diversidade de tarefas realizadas, desde o preparo de medicações, a verificação dos sinais vitais até a mobilização do paciente de um lugar para o outro ou na mudança de decúbito, sendo que, quanto maior o grau de dependência do paciente, maior a carga de trabalho executada, bem como a duração das posturas penosas (Souza, Menezes, Oliveira & Paula, 2011).
Para Magnago et al. (2007) os principais fatores deletérios à saúde ocupacional da equipe da enfermagem devem-se à desorganização do trabalho e aos fatores ambientais e ergonômicos inadequados. Dentre esses, destacam-se a movimentação e o transporte de pacientes, a postura corporal inadequada, o déficit de pessoal e os equipamentos inadequados e sem manutenção.
A assistência da enfermagem é constituída de várias atribuições e procedimentos técnicos, sendo principalmente de atividades manuais, caracterizadas especialmente pela realização de curativos, coleta de material para exames, vacinação, administração de medicamentos, aspiração nasotraqueal, higiene corporal, transporte de pacientes, etc. Nesse sentido, esses trabalhadores estão constantemente em contato direto com agentes físicos, químicos e biológicos, representando fatores de risco físico e emocional em potencial. Esse risco tende a aumentar ao ser considerado profissionais que não têm qualificação, têm menor faixa salarial e são menos preparados profissionalmente.
Por outro lado, Manetti e Marziale (2007) apontam que problemas de relacionamento com supervisores e médicos, vivenciados pela equipe de enfermagem, acarretam um maior sofrimento relacionado ao trabalho, menor satisfação no serviço, desinteresse em permanecer no emprego e humor deprimido. A longo prazo, esses problemas podem se estabelecer como fator de risco para o desenvolvimento de depressão e problemas físicos.
Em um estudo realizado com 1.218 trabalhadores de enfermagem de um hospital universitário pode-se constatar que:
(...) houve incidência acumulada de 8,2% acidentes de trabalho. Esses acidentes estavam associados à falta de tempo para lazere às posturas cansativas e forçadas durante o trabalho, sobretudo por parte da equipe de enfermagem, bem como a esquemas vacinais incompletos (dupla de adulto e hepatite B) dos trabalhadores (Miranda & Stancato, 2008, p. 70).
Para Inoue et al. (2008) e Leite et al. (2007), em muitos casos, a equipe de enfermagem atua em instituições hospitalares que apresentam déficits de recursos humanos e materiais, tornando a execução do trabalho mais penosa, gerando uma série de agravos à saúde. As queixas de saúde relacionadas ao aparelho osteomuscular representam uma das maiores causas de sofrimento nos trabalhadores de enfermagem. Esses profissionais estão se ausentando com uma frequência maior do trabalho e por um tempo mais prolongado.
A problemática resultante do afastamento dos enfermeiros conturba toda uma dinâmica no ambiente laboral, interferindo nas condições de trabalho e proporcionando um ambiente desfavorável ao cuidado de enfermagem. 
É por meio do trabalho que a pessoa consegue sua identidade pessoal e reconhecimento social, ou seja, o trabalho é entendido como parte integrante e essencial da vida numa sociedade produtiva. Assim o trabalho passou a ocupar um lugar central na vida do homem e, dependendo da forma como está sendo executado e organizado, pode ser gerador de fatores desgastantes e potencializadores dos processos saúde-doença, levando o trabalhador ao adoecimento e à morte (Oler, Jesus, Barboza, & Domingos, 2005).
Considerando o ser humano e sua saúde como referência para a saúde ocupacional, deve-se tomar como base para a execução de práticas de segurança do trabalho a ergonomia, a higiene ocupacional e a adequação do ambiente, do mobiliário e do instrumental às necessidades humanas, com o intuito de promover e preservar a integridade física e psíquica da equipe de enfermagem (Leitão, Fernandes, & Ramos, 2008).
Inoue et al. (2008) preconiza que o aprimoramento das condições laborais da equipe da enfermagem promoverá a diminuição da ocorrência de afastamentos por acidente de trabalho e/ou doença profissional, implicando, assim, um impacto positivo na qualidade de vida no trabalho desses profissionais e na qualidade da assistência de enfermagem prestada diretamente ao cliente/paciente.
2.2 SAÚDE OCUPACIONAL
A organização Mundial da Saúde (OMS) em conjunto com a Organização Internacional do Trabalho (OIT) caracteriza a Saúde Ocupacional como a promoção e a sustentação do bem-estar físico, mental e social dos trabalhadores, a prevenção dos agravos à saúde originados pelas condições de trabalho e a adaptação ao homem e deste à sua atividade (Pereira, 2001b). Para tanto, Mendes e Leite (2008) preconizam que a saúde dos trabalhadores deve ser avaliada dentro dos aspectos ocupacionais físicos, ergonômicos, biológicos, químicos, mecânicos, psíquicos e sociais.
Saúde Ocupacional pode ser contextualizada como um segmento com ampla área de disciplinas voltadas para a relação entre a saúde e o trabalho, podendo ser sistematizada em algumas áreas principais, tendo a ergonomia como uma das mais relevantes e que ganha cada vez mais espaço no contexto laboral (Rio & Pires, 1999).
Conforme Nogueira (1983) a saúde ocupacional tem como objetivos proteger contra qualquer risco, que possa decorrer do trabalho à sua saúde; contribuir para a adaptação psicofísica ocupacional, principalmente adequando o ambiente laboral aos funcionários e também os adequando em atividades profissionais para as quais tenham aptidão; contribuir para o estabelecimento e para a manutenção de um nível elevado do bem-estar físico e mental dos trabalhadores, reduzindo os riscos das doenças ocupacionais e promovendo o aprimoramento da saúde e da qualidade de vida (Alves, 2003). Nesse enfoque, a interdisciplinaridade torna-se fundamental, pois a saúde do trabalhador é um campo estruturado por diversas áreas de conhecimento.
O ser humano constrói sua qualidade de vida e saúde a partir da relação consigo mesmo e com o ambiente. Saúde é bem-estar físico e psíquico, habilidade de interação construtiva com o mundo, capacidade de ação. Ela não é simplesmente uma condição essencial para a qualidade de vida, mas sua expressão mais evidente (Rio & Pires, 1999).
Porto (2003, p. 1) aponta alguns dos principais fatores predisponentes que afetam significativamente a saúde dos trabalhadores e corroboram para o aparecimento das doenças ocupacionais (Quadro 1). 
Quadro 1- Principais fatores causais das doenças ocupacionais
	Fatores
	Características
	Força
	Na execução dos movimentos.
	Posturas inadequadas
	Na execução das rotinas, como trabalhar com os braços elevados sem apoio.
	Repetitividade
	Velocidade e repetição na execução dos movimentos.
	Compressão
	Por materiais ou equipamentos inadequados que causam a compressão de estruturas orgânicas como músculos, nervos reduzindo o fluxo sanguíneo nas áreas afetadas.
	Vibração ou trepidação
	Instrumentos ou rotinas que afetem áreas de contato com vibração ou trepidação.
	Temperatura
	O frio causa a vasoconstrição na irrigação sanguínea reduzindo o volume nas áreas afetadas e sendo um dos principais agravantes na evolução das doenças, bem como temperaturas elevadas também são prejudiciais.
	Sexo
	Existe uma certa pré-disposição para as mulheres por apresentarem estruturas mais frágeis como menor massa muscular. Outro fator que contribui são as alterações hormonais, relacionadas ao ciclo menstrual, ou uso de anticoncepcionais e por fim a dupla ou tripla jornada da mulher como mãe, dona de casa e mais sua rotina profissional.
	Traumatismos anteriores ou traumas cumulativos
	O comprometimento das estruturas orgânicas com traumas anteriores ou com a seguida repetitividade das crises são fatores importantes no surgimento e evolução das doenças profissionais.
	Estresse
	Físico, emocional ou psíquico.
	Perfil psicológico
	Pessoas pessimistas tendem a ter maiores possibilidades do surgimento dessas enfermidades.
Fonte: Adaptado de Porto (2003, p. 1).
Os fatores ergonômicos predisponentes às doenças ocupacionais promovem o sofrimento dos trabalhadores, propiciando o surgimento de distúrbios álgicos ocupacionais e, para os empresários, traz onerosas despesas com assistência médica e pagamento de seguros (Militão, 2001). Os médicos do trabalho e os profissionais especialistas em saúde ocupacional buscam a identificação desses fatores etiopatogênicos, através das medidas profiláticas, para evitar as doenças ocupacionais (Mendes & Leite, 2008). 
Da mesma forma compete ao trabalhador zelar pela manutenção de sua saúde no ambiente extra-laboral, pois ela está baseada no estilo de vida que cada um adota, representada pelas atitudes, valores e oportunidades diárias. Nesse contexto, deve-se enfatizar que o comportamento individual em relação aos hábitos nutricionais e à redução do estresse e do sedentarismo representam fatores positivos para a saúde corpórea (Mendes & Leite, 2004).
A saúde ocupacional pode ser caracterizada como a promoção e a manutenção da integridade física do trabalhador durante a sua atividade laboral, desempenhada através da detecção de fatores que afetam a sua saúde. Nesse sentido, destaca-se, para a sua detecção, uma abordagem profilática, de rastreamento e diagnóstico precoce de agravos à saúde ocupacional, além da constatação da existência de casos de patologias ocupacionais ou danos irreversíveis à saúde do trabalhador. Nessas atividades desenvolvidas em função da saúde do trabalhador é que se praticam a segurança do trabalho, a ergonomia e a higiene ocupacional (Rio, 1998).
Nesse contexto, tendo a integridade humana como referência para a saúde ocupacional, deve-se ter como princípios:
(...) a execução de práticas de segurança do trabalho, a ergonomia, a higiene ocupacional e a adequação do ambiente, do mobiliário e do instrumental às necessidades humanas, com o intuito de promover e preservar a integridade física e psíquica da equipe de enfermagem (Leitão et al., 2008, p. 477). 
Portanto, um enfoque fundamental na saúde ocupacional é a abordagem da relação do homem como seu trabalho, e ainda com o ambiente, que tem se tornado um aspecto relevante nos resultados das atividades executadas pelos indivíduos (Abranches, 2005; Abrahão & Pinho, 2002).
2.3 ERGONOMIA
A ergonomia é uma ciência que busca melhorar o ambiente laboral, de forma que ocorra a manutenção da saúde e da capacidade produtiva. O principal objetivo da ergonomia é adaptar o trabalho ao ser humano, em vez do ser humano ao trabalho (Berté, 2006; Iida, 2005). Corroborando com esse preceito, Couto (2002) define-a em apenas cinco palavras, ou seja, adaptação do trabalho às pessoas.
A ergonomia apresenta uma terminologia de origem grega, sendo ergon (trabalho) e nomos (regras). Assim, pode ser delineada como o estudo da adaptação do trabalho ao homem (Berté, 2006; Castellanos, 2004; Couto, 2002; Iida, 2005; Kroemer & Grandjean, 2005; Renner, 2005). Entendendo trabalho como todo relacionamento entre o trabalhador e uma atividade produtiva, a ergonomia busca analisar as características dos trabalhadores em seu ambiente laboral, para, em seguida, planejar a atividade laboral realizada por eles, objetivando sempre a preservação de sua saúde (Iida, 2005).
Peres (2005) extrapola a conceituação da Ergonomia, classificando-a com um caráter eminentemente interdisciplinar. Sua prática constitui-se, por parte da arte do engenheiro, na medida em que seu resultado traduz-se em dispositivos técnicos (concepção de ferramentas, máquinas, espaços e dispositivos), que possam ser utilizados com o máximo conforto, segurança e eficácia. Da mesma opinião, Couto (2002) complementa dizendo que a Ergonomia é um trabalho interprofissional, baseado num conjunto de ciências e tecnologias, que procura o ajuste mútuo entre o ser humano e seu ambiente de trabalho, de forma confortável e produtiva.
O Ministério do Trabalho e do Emprego – MTE (2002), na Norma Regulamentadora nº 17, conceitua a Ergonomia como o estudo do relacionamento entre homem e seu trabalho, equipamento e ambiente e, particularmente, a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento. Assim, tem como princípio “estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente” (p. 11).
Para Couto (2002), ergonomia define-se como o trabalho interprofissional que, baseado num conjunto de ciências e tecnologias, procura o ajuste mútuo entre o ser humano e seu ambiente de trabalho, de forma confortável e produtiva, basicamente procurando adaptar o trabalho às pessoas. Ela pode colaborar para a solução de várias situações de trabalho, da vida cotidiana, da satisfação e do bem-estar dos trabalhadores no seu relacionamento com sistemas produtivos e, principalmente, com um grande número de problemas sociais relacionados com a saúde, segurança, conforto, eficiência e prevenção de erros (Kroemer & Grandjean, 2005).
A ergonomia promove um aumento da produtividade e proporciona condições adequadas para a execução das atividades laborais, principalmente nos aspectos das instalações e dos fatores organizacionais relacionados ao trabalho (Pinto, 2003; Uriate Neto, 1999). Ela baseia-se no conhecimento das características humanas para elaborar o projeto do trabalho, adequando-o às capacidades e limitações humanas. Para Lima (2003), seu objetivo é melhorar o método de trabalho, resultando numa melhor adequação do homem aos meios tecnológicos e aos ambientes de trabalho, propiciando segurança, conforto e eficiência ao executar suas tarefas.
Nessa mesma linha de pensamento, Martins (2005) mostra o quanto é importante que a informação relacionada ao posto de trabalho e, consequentemente, aos seus ajustes ergonômicos seja facilitada ao máximo para fazer com que o próprio indivíduo possa interferir no seu posto de trabalho. Pode-se considerar, então, que o desconforto e o risco de acidentes no trabalho estão intimamente ligados às condições ergonômicas.
Pinto (2003) demonstra que as análises ergonômicas propiciam uma trajetória para desenhar ou redesenhar processos e postos de trabalho, objetivando diminuir ou eliminar o desconforto físico e a fadiga ocupacional, com enfoque na saúde do trabalhador e na sua satisfação pelo trabalho e, de forma secundária, no aumento da produtividade (Iida, 2005). Já para Uriate Neto (1999), a ergonomia tem buscado também o entendimento da carga mental ou sofrimento psíquico a que se submetem determinadas pessoas nasmais variadas situações de trabalho, no sentido de solucioná-los ou amenizá-los.
Na perspectiva de Antônio (2003), a amplitude das transformações que o trabalho vem trazendo para a vida o homem faz com que a ergonomia, cada vez mais, desenvolva novos métodos de avaliação laboral e fixe sua atenção sobre campos específicos de estudo, limitando sua área de abrangência em especialidades. Entretanto, Oliveira (1998, p. 23), descreve que a “ergonomia não é uma especialidade médica, pois é multidisciplinar, mas é eminentemente preventiva, e tem nos conhecimentos da fisiologia humana o seu principal pilar”.
Com o intuito de amenizar a sobrecarga laboral e minimizar os danos à saúde relacionados ao trabalho, Militão (2001) aponta a ergonomia, pois esta trata-se de uma ciência multidisciplinar que estuda a relação do homem com o seu trabalho e tem por finalidade a humanização e a melhoria da produtividade, buscando fornecer meios para aprimorar a qualidade de vida dos trabalhadores, adaptando o ambiente laboral às características anatômicas, fisiológicas e psicológicas dessas pessoas. Dentre as medidas ergonômicas profiláticas existe a ginástica laboral que, bem orientada, promove uma redução das dores, fadiga, monotonia, estresse, acidentes e doenças ocupacionais dos trabalhadores.
Couto (2002), Lima (2007), Martins e Duarte (2000) destacam inúmeras vantagens de investir em programas ocupacionais preventivos. Nesse contexto, destacam-se a qualidade de vida do trabalhador, promovendo uma diminuição nos casos de afastamento, absenteísmo, e menor rotatividade de quadro de empregados na empresa. Para a saúde dos trabalhadores, ocorrem uma redução da fadiga muscular, do desconforto físico, dos níveis de estresse e menor risco de acometimentos de DORTs. Entretanto, para alcançar esses resultados, existe a necessidade da realização da análise ergonômica no trabalho, com a implementação de programas preventivos tais como a ginástica laboral e adaptações ergonômicas. 
Nesse sentido, para que se possa confirmar a relação positiva entre ergonomia e saúde através de indicadores e diagnóstico, faz-se necessário um conhecimento amplo e compreensão de aspectos relacionados à organização do trabalho, ao trabalho e ao trabalhador (Souza, 2005).
2.3.1 Áreas de Atuação
 Conforme Couto (2002), a Ergonomia está presente em todas as áreas da atividade humana: na construção civil, na confecção de veículos, nas atividades domiciliares, concentrando-se principalmente nas atividades ocupacionais. A classificação das áreas da Ergonomia Aplicada ao Trabalho pode variar segundo diversos autores, entretanto esse autor propõe as seguintes:
Área 1 – Ergonomia no trabalho fisicamente pesado: É um segmento que tende a diminuir gradativamente no mundo do trabalho, pois novas empresas privilegiam a mecanização, uma vez que os meios mecânicos são muito mais produtivos que o ser humano em atividades dessa natureza. No entanto, deve-se destacar que, devido à diversidade enorme de nosso país, ainda é uma área em que encontramos alguma aplicação. Trata-se, fundamentalmente, de definir se o trabalhador tem condições ou não de executar atividades prolongadas com grandes grupos musculares.
Área 2 – Ergonomia no trabalho em altas temperaturas: Com uma tendência à mecanização, geralmente ainda são encontrados muitos problemas ergonômicos.
Área 3 – Biomecânica: Esse campo de trabalho estuda os esforços desenvolvidos pelo trabalhador, o uso da coluna vertebral, o manuseio, levantamentoe transporte de cargas, características de cadeiras e assentos no local de trabalho, conforto de banco de veículos e equipamentos motorizados, o uso dos membros superiores como ferramenta de trabalho e, mais recentemente, a Biomecânica tem-se dedicado a estudar os aspectos relacionados aos postos de trabalho com computadores. Essa é a área de maior aplicabilidade prática nas organizações, principalmente devido à altaincidência de distúrbios (DORTs) e lesões que afastam o trabalhador de suas atividades e ocasionam prejuízos diversos às empresas.
Área 4 – Ergonomia no método e na organização do trabalho: Em Métodos, investiga os aspectos ergonômicos de ferramentas, dispositivos, posicionamentos do corpo para realizar o trabalho e outros aspectos dos elementos fundamentais das atividades ocupacionais. Em Organização do Trabalho, estudam-se as formas de se conseguir os resultados prescritos, especialmente a tecnologia, o maquinário, a matéria-prima, o material, a manutenção, o meio ambiente e o pessoal. 
Área 5 – Melhoria da confiabilidade humana: A Ergonomia é ferramenta fundamental nos programas de qualidade total. É também indispensável para o sucesso dos programas de prevenção de acidentes do trabalho. 
Área 6 – Prevenção da fadiga no trabalho: Um dos grandes objetivos da Ergonomia é prevenir a fadiga excessiva. Assim, a Ergonomia irá atuar prevenindo não só as diversas formas de fadiga física, mas também a fadiga mental e irá interagir com a área de Gestão de Pessoas na prevenção da fadiga psíquica.
Conforme Iida (2005) e sugerido pela International Ergonomics Association (IEA), a ergonomia é dividida em três áreas:
Física, cognitiva e organizacional. A ergonomia física aborda aspectos anatômicos, antropométricos, fisiológicos e biomecânicos, relacionados com a atividade física (segurança, repetitividade dos movimentos, manuseios de cargas e distúrbios osteomusculares). A ergonomia cognitiva preocupa-se com o lado mental, proporcionando aos trabalhadores uma melhor capacidade de raciocínio, facilitando nos momentos de decisão, aumentando as chances de acerto. Já a ergonomia organizacional abrange a melhora das estruturas organizacionais, políticas visando um melhor desenvolvimento do trabalho (p.36). 
Para Vidal (2001) as formas específicas da ergonomia estão concentradas de acordo com as tendências atuais, sendo (1) quanto à abordagem, em ergonomia de produto e produção; (2) quanto à perspectiva, em ergonomia de intervenção e concepção; (3) quanto à finalidade, em ergonomia de enquadramento, remanejamento e de modernização.
Portanto, independente da denominação utilizada pela literatura para as áreas de abrangência da ergonomia, tem como princípio básico melhorar a qualidade e produtividade das condições dos postos de trabalho e do processo de produção, visando ao aprimoramento da saúde laboral e a busca pela qualidade no trabalho.
2.3.3 Medidas ergonômicas preventivas	
Para proporcionar melhorias no ambiente laboral, a ergonomia atua, primeiramente, na análise do método do sistema, que envolve de forma integral toda a equipe de trabalho e, posteriormente, são analisados os postos de trabalho, em que é avaliado apenas um trabalhador (atividade desenvolvida, postura, movimentos corporais) em seu ambiente de trabalho (Iida, 2005). Nesse contexto, Couto (2002) e Rio (1998) preconizam que a ergonomia preocupa-se com fatores humanos (físico, fisiológico, psicológico, social,etc.), ambientais (iluminação, temperaturas, ruídos,etc.), organizacionais (horários, turnos,etc) e residuais (fadiga, estresse, etc.), que afetam a atividade humana no seu ambiente de trabalho.
De acordo com a Norma Regulamentadora (NR 17) que aborda os fatores ergonômicos laborais, todos os equipamentos, mobiliários e ambiente ocupacional, que compõem um posto de trabalho, devem estar adequados às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado (Cañete, 2001). 	Em relação ao posto de trabalho, serão expostas aqui algumas das várias recomendações ergonômicas mais destacadas por Couto (2002), Oliveira (1998) e Rio (1998):
1. Para trabalhos em posição estática sentada, recomenda-se que o assento possibilite um ângulo tronco-coxas de 100 a 110 graus, sendo que o encosto esteja de forma que o tronco permaneça apoiado e nunca deve-se afastar as costas (exceto ao escrever) para manusear o objeto de trabalho. Nesse caso, todos os instrumentos de uso devem estar na área de alcance do trabalhador, sendo que são recomendadas cadeiras giratórias para que se evite torcer o tronco. Por outro lado, deve-se evitar a posição de flexão constante do tronco e deve haver apoio para os pés.
2. Para amenizar a sobrecarga laboral, sempre que possível, o corpo deve trabalhar na vertical, pois nessa posição ele encontra seu melhor ponto de equilíbrio (vantagem mecânica), com baixo nível de tensão dos músculos em geral e menor sobrecarga intradiscal. Portanto, deve-se ajustar a altura da bancada de acordo com a atividade laboral a ser realizada. Em trabalhos pesados é recomendado que a bancada esteja na altura do púbis; para trabalhos moderados, na altura dos cotovelos; para trabalhos leves, próxima a linha mamilar; e, em trabalhos de escrita, a mesa deve estar na altura da linha epigástrica.
Couto (2002) aponta alguns princípios que devem ser adotados pelos trabalhadores visando à profilaxia dos distúrbios dos membros superiores ocupacionais, dentre eles destacam-se: 
Reduzir o esforço manual exercido na atividade laboral;
Corrigir a postura do trabalhador ao realizar a atividade ocupacional;
Eliminar as fontes de compressão mecânica (quina-viva);
Acabar com movimentos dispensáveis, adotando um padrão de movimento de forma a minimizar os movimentos repetitivos;
Proporcionar rodízio nas tarefas de forma a eliminar a concentração em uma atividade repetitiva;
Estender o trabalho incluindo outras ações técnicas;
Criar pausas de restabelecimento;
Acabar com fatores que dificultam as atividades laborais;
Programar o trabalho de forma que haja tempo de restabelecimento da fadiga e intervindo assim a tempo de prevenir lesões;
Realizar ginástica laboral de distensionamento e compensatória.
Para Assunção (2000) as medidas profiláticas dos DORTs estão baseadas nas reestruturações do processo produtivo, que implicam uma melhoria da qualidade de vida laboral, proporcionando maior familiaridade com a atividade a ser desenvolvida, maior domínio sobre o processo, ciclos completos e a eliminação de posturas extremamente rígidas, normalmente existentes nas relações de trabalho.
Segundo Abreu, Silva e Alvarenga (2009), e Sato (2001), deve-se enfatizar medidas para amenizar, prevenir e/ou evitar o estresse no trabalho. Nesse contexto, devem-se administrar os fatores estressantes laborais, através da informação e treinamento dos trabalhadores sobre a natureza e as fontes do estresse e os efeitos sobre a saúde. Várias estratégias são adotadas para reduzir o estresse, tais como os exercícios de relaxamento. Por outro lado, são necessárias modificações na organização do trabalho, através da identificação das causas e dos aspectos do trabalho que levam ao estresse, sendo, em seguida, incorporadas medidas e estratégias para redução ou eliminação dos fatores estressantes, através da reorganização do trabalho e das tarefas.
Além de outras medidas preventivas ergonômicas, as empresas de montagem devem incluir em sua rotina diária exercícios de relaxamento no ambiente laboral, que têm como objetivo aliviar a dor e a tensão muscular, manter a amplitude de movimento e manutenção do equilíbrio muscular (Lima, 2007; Regis & Lopes, 1997; Sampaio & Oliveira, 2008).
Para evitar os DORTs, Michelin, Michelin e Loureiro (2000) preconizam que deve-se evitar o sedentarismo e realizar atividades físicas regulares. Outro aspecto relevante a ser salientado está associado aos fatores psicossociais, visto que são tão importantes quanto os fatores físicos no desenvolvimento, na exacerbação ou na aceleração desses distúrbios ocupacionais.
2.4 QUALIDADEDE VIDA
A Organização Mundial de Saúde – OMS conceitou a qualidade de vida (QV) como a “percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e do sistema de valores nos quais ele vive, considerando seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (Fleck et al., 1999; Martins, 2005; Seidl & Zannon, 2004).
De acordo com Minayo, Hartz e Buss (2000, p. 8), QV pode ser considerada uma noção humana do nível de satisfação “encontrado na vida familiar, amorosa, social e ambiental”. Nesse contexto, implica uma síntese cultural de todos os elementos que determinada sociedade considera como seu padrão de conforto e bem-estar. A QV apresenta duas vertentes: na linguagem cotidiana, por pessoas da população em geral, jornalistas, políticos, profissionais de diversas áreas e gestores ligados às políticas públicas; no contexto da pesquisa científica, em diferentes campos do saber, como economia, sociologia, educação, medicina, enfermagem, psicologia e demais especialidades da saúde (Seidl & Zannon, 2004). 
No mundo atual, apesar da tecnologia ter colaborado com várias profissões para a diminuição da carga de trabalho, também proporcionou um aumento do sedentarismo dos trabalhadores. Além desse fator, a exposição a agressões, de diferentes origens e características sofridas no dia a dia, é outro fator que pode atuar de forma negativa na QV das pessoas, tais como a adoção de posturas ocupacionais inadequadas, em função de postos de trabalho mal projetados (Conte, 2003). 
Ao enfatizar os componentes que envolvem a qualidade de vida, deve-se relacioná-la ao ambiente de trabalho, sendo para muitos autores caracterizados como qualidade de vida no trabalho – QVT. Segundo Conte (2003, p. 8) a “qualidade de vida no trabalho resulta em maior probabilidade de se obter qualidade de vida pessoal, social e familiar, embora sejam esferas diferentes e nelas se desempenhem papéis diferentes.” 
Nesse contexto, sugere-se que “o nível de qualidade de vida ideal está relacionado ao atendimento das necessidades existentes e do projeto de vida de cada indivíduo” (Mendes & Leite, 2004, p. 146). Para a Organização Mundial da Saúde – OMS, um local de trabalho benéfico pode ser contextualizado como um lugar em que todos trabalham em conjunto para obter uma visão comum de saúde e bem-estar, incluindo os trabalhadores e a sua comunidade (Martins, 2005).
A qualidade de vida é contextualizada não só pelo que é realizado para as pessoas, mas também pelo que elas fazem por si próprias e pelos outros. Há uma relação inseparável entre QVT e a qualidade de vida global. Assim, fica claro que existe uma angústia do trabalhador quanto à interferência, cada vez maior, do trabalho no seu espaço de vida (Mendes & Leite, 2008).
 Zilli (2002) preconiza que a QV está fortemente associada ao ambiente laboral, visto que é no trabalho que os indivíduos permanecem grande parte de sua vida, onde seus reflexos se estendem sobre o bem estar de toda sociedade. Já para Passos e Carvalho (2005), a QVT está caracterizada pela combinação dos “interesses dos trabalhadores e da organização no sentido de melhorar e humanizar as situações de trabalho, num enfoque biopsicossocial, que propõe uma visão completa do ser humano”. De forma sintetizada, Zandomeneghi (1999) define QVT como uma prática institucional que agrupa o indivíduo, o trabalho e a organização.
Conceitos atuais de QVT estão fundamentados em uma visão ética da condição humana, consequentemente, as organizações que atuam nessa perspectiva buscam identificar, eliminar ou reduzir os riscos ocupacionais. Para tal, deve-se avaliar desde a segurança do ambiente laboral até o controle do esforço físico e mental requerido em cada atividade ocupacional (Passos & Carvalho, 2005). 
Existem inúmeros fatores que vão interferir no bem estar do trabalhador junto ao seu ambiente laboral, sendo apontados como as práticas mais participativas no trabalho: maior descentralização das decisões da empresa; desenho organizacional menos rígido; redução de níveis hierárquicos; sistemas de compensação inovadores e a própria melhoria no ambiente de trabalho. Esses elementos proporcionam um ótimo envolvimento entre os funcionários e a organização, que promove um maior nível de satisfação e motivação, proporcionando uma melhoria na qualidade de vida no trabalho (Alvarez, 2002; Macedo, 1992).
A qualidade de vida no trabalho de profissionais da área da saúde tem sido destacada na atualidade, principalmente pelos estudos, que demonstram o comprometimento da saúde física e psicológica dessas pessoas, sendo associados aos distúrbios álgicos crônicos, depressão, insônia, dependência de medicamentos, entre outros. Esses estudos são avaliados principalmente por instrumentos, que quantificam a qualidade de vida e componentes que envolvem as atividades cotidianas, tais como o WHOQOL-bref e SF-36 (Franco et al., 2005; Paschoa, Zanei, & Whitaker, 2007).
As atividades ocupacionais desenvolvidas pela equipe da enfermagem têm proporcionado uma grande sobrecarga física e psicossomática nos seus trabalhadores, sendo que frequentemente não são considerados, pela saúde ocupacional, os desgastes proporcionados pela profissão, com suas limitações e necessidades individuais. Com isso, provoca nesses indivíduos sentimentos de impotência profissional, ansiedade e medo, comprometendo a qualidade de assistência fornecida aos pacientes e podendo interferir na QV desses profissionais. Nesse aspecto, esses funcionários devem receber suporte e acompanhamento de uma equipe multidisciplinar, que possa intervir junto a esses trabalhadores na avaliação dos principais fatores que interferem no método e ambiente laboral, além de desenvolver programas de prevenção e manutenção da QVT (Oler et al., 2005).
De forma geral, as instituições de saúde devem se envolver mais na promoção da qualidade de vida dos seus trabalhadores, melhorando as condições organizacionais, físicas e humanas, assim como investindo na formação e prevenção de acidentes implicando os profissionais nas estratégias utilizadas (Silva, 2008).
Nos estudos desenvolvidos por Safiano,Sarquis, Felli e Giacomozzi (2003), com trabalhadores da enfermagem de uma instituição hospitalar, verificou-se o comprometimento na qualidade de vida em 50% desses profissionais, por possuírem dupla jornada de trabalho, sendo expressos pelo desgaste físico, mental, fadiga, estresse e diminuição da atenção. Por outro lado, a exposição ao ritmo acelerado de trabalho foi encontrada em 51.8% dos trabalhadores de enfermagem. Contudo, em um estudo com a equipe de enfermagem da UTI de um hospital-escola, Paschoa et al. (2007) observaram que a qualidade de vida desses funcionários é considerada baixa em todas as dimensões (domínios), sendo avaliada pelo WHOQOL brev.
Atualmente, várias empresas brasileiras têm buscado a qualidade de vida com o objetivo de obter não só a qualidade, mas também a produtividade e a competitividade. Nesse contexto, têm sido implantados vários programas com esses objetivos, visando à manutenção do equilíbrio entre as dimensões tecnológicas, econômicas e sociais (Mendes & Leite, 2008). Dessa forma, as corporações mais modernas já perceberam que é muito importante buscar um diferencial capaz de atenuar os efeitos causados pelo desempenho inadequado das atividades laborais. Nessa perspectiva, várias modalidades profiláticas, tais como a ginástica laboral, surgem como um instrumento para promoção da melhoria da qualidade de vida do trabalhador (Pereira, 2001a).
2.5 ESTRESSE OCUPACIONAL
As primeiras investigações relacionadas ao estresse foram realizadas por Rans Selye em 1956. A partir dessas pesquisas, foi construído um conceito básico para o estresse, como sendo “um conjunto de reações que um organismo desenvolve ao ser submetido a circunstâncias que exigem esforço de adaptação, ou também como uma resposta não específica do corpo a qualquer demanda feita sobre o mesmo”, sendo esse processo reconhecido como a síndrome geral da adaptação (Petroski, 2005). 
Essa síndrome geral da adaptação,

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