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Curso de Pós-graduação a Distância Saúde Mental e Trabalho Autor: Liliana Andolpho Magalhães Guimarães Universidade Católica Dom Bosco Virtual www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 2 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 SUMÁRIO UNIDADE 1 – BREVE HISTÓRICO DA SAÚDE OCUPACIONAL .......................... 05 1.1 A Higiene Ocupacional e sua evolução .............................................................. 05 1.2 Contribuições de Ramazzini ............................................................................... 08 UNIDADE 2 – SAÚDE MENTAL E TRABALHO ...................................................... 14 2.1 Considerações sobre a Saúde/Doença Mental e Trabalho ................................. 14 2.2 Abordagens teórico-metodológicas em Saúde Mental do trabalhador ................ 16 UNIDADE 3 - PRINCIPAIS FATORES DE RISCO À SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR ...................................................................................................... 23 3.1 Fatores de risco .................................................................................................. 23 3.2 Repercussões psicossociais dos riscos ocupacionais ........................................ 25 UNIDADE 4 – ESTRESSE OCUPACIONAL E SÍNDROME DE BURNOUT ........... 42 4.1 O estresse ocupacional ...................................................................................... 42 4.2 Principais modelos sobre estresse ocupacional ................................................. 43 4.3 Causas e consequências do estresse ocupacional ............................................ 46 4.4 Controle do estresse ocupacional ....................................................................... 46 4.5 Síndrome de Burnout .......................................................................................... 50 UNIDADE 5 – INTRODUÇÃO DE MUDANÇAS NO AMBIENTE DE TRABALHO.. 55 5.1 Sistema de recompensas ou compensações: controle do status, estima e salário ....................................................................................................................... 55 5.2 Características da empresa e dos postos de trabalho ........................................ 55 5.3 Futuro inseguro no emprego ............................................................................... 56 5.4 Contexto físico perigoso ..................................................................................... 57 5.5 Consequências dos riscos psicossociais ............................................................ 57 REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 62 3 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 INTRODUÇÃO Prezado acadêmico(a), Bem-vindo(a) a mais uma disciplina do seu curso de Pós-graduação: a Saúde Mental e Trabalho!! É importante que você saiba que a Saúde Mental geral tem merecido grande destaque na imprensa leiga, que relata o enorme consumo de antidepressivos e tranquilizantes e as capas das revistas semanais apresentam temas como estresse, depressão e ansiedade, propondo muitas vezes soluções mágicas e mirabolantes. No entanto, constatamos que em nosso país ainda há falta de estudos e pesquisas relevantes nesta área, particularmente no que se refere ao ambiente de trabalho. As proporções epidêmicas das afecções emocionais e mentais exigem a adoção de estratégias adequadas e cientificamente comprovadas, compatíveis com a cultura de nosso país. Com relação ao ambiente de trabalho, constatamos, por meio das estatísticas de afastamentos e acidentes no trabalho que o capítulo “F” do Código Internacional de Doenças (CID), relacionado às doenças mentais e emocionais, emerge como uma das mais prevalentes. Dados do Ministério da Previdência demonstram o crescimento do afastamento do trabalho por uso abusivo do álcool e drogas. Estarão os profissionais da área de saúde ocupacional capacitados para conduzir programas de prevenção, de diagnóstico e tratamento neste campo? Neste contexto, urge que os profissionais e pesquisadores de saúde ocupacional não abordem somente os riscos ambientais, mas busquem entender e abordar as questões psicossociais associadas ao trabalho. É emblemática a inserção deste pilar no modelo de ambiente de trabalho saudável proposto pela Organização Mundial da Saúde (2010). Ogata (2012), refere uma pesquisa realizada pela empresa Gallup com mais de 1 milhão de participantes em todo o mundo que constatou que o trabalho é o elemento mais importante do bem-estar, em relação aos outros domínios como financeiro, social, comunitário e físico. O bem-estar estaria relacionado primordialmente à realização e ao sentido do trabalho (RATH, 2010). A abordagem unicamente individual, em geral, não é efetiva se não forem abordadas as questões psicossociais relacionadas ao trabalho. 4 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Os gestores dos programas de promoção de saúde e qualidade de vida reconhecem que a questão emocional e o estresse são fatores muito importantes, pois estão relacionados a adoecimento precoce, absenteísmo e presenteísmo, aumento dos custos de assistência médica e doenças ocupacionais. Frequentemente, as abordagens são pontuais, como palestras, feiras de saúde, Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (SIPATs) ou sessões de massagem, o dia da fruta, entre outros. A abordagem dos fatores emocionais exige conhecimento teórico e preparação de programas de Saúde Mental que propiciem resultados efetivos e sustentáveis (OGATA, 2012). Existem duas lacunas na literatura científica nacional. A primeira é oferecer pesquisas e reflexões sobre questões conceituais e novos aportes teóricos, além de analisar a questão da saúde emocional em diferentes ocupações, como policiais, bancários, funcionários públicos, trabalhadores rurais e da área de serviços. A segunda é oferecer propostas práticas de abordagem, particularmente no que se refere ao estresse ocupacional e às novas realidades do contexto do trabalho. Nesta disciplina abordaremos a cronologia das leis e regulamentações sobre fatos da saúde geral e mental do trabalhador, as principais correntes teórico- metodológicas existentes, os principais fatores de risco e proteção à saúde do trabalhador, com ênfase aos fatores psicossociais de risco, o diagnóstico dos transtornos mentais relacionados ao trabalho e por fim, programas de promoção, prevenção, intervenção, reabilitação e readaptação do trabalhador. A sequência e os temas propostos foram elaborados para que você adquira conceitos, que serão trabalhados de forma interativa, permitindo um aprendizado mais efetivo. Presenteísmo: refere-se à presença “física” do trabalhador no ambiente de trabalho, sem que o mesmo esteja conectado, causando repercussões pessoais, profissionais, organizacionais e sociais. 5 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 UNIDADE 1 - BREVE HISTÓRICO DA SAÚDE OCUPACIONAL 1.1 A Higiene Ocupacional e sua evolução Aqui, você poderá conhecer os principais acontecimentos históricos destacados na evolução da hoje denominada Saúde Ocupacional, anteriormente denominada Higiene Ocupacional. No século IV a.C, Hipócrates identifica e registra a toxicidade do chumbo na indústria mineradora. No século I d.C., Plínio mencionou a iniciativa dos escravos utilizarem panos para atenuar a inalação de poeira. Nos séculos XII e XIII d.C. foram realizadas as primeiras experiênciassobre saúde ocupacional. Nos anos 1700, Bernardino Ramazzini publica o primeiro livro sobre doenças ocupacionais. São as contribuições desse autor, que por sua importância, serão relatadas em detalhe, posteriormente. Em 1778, Percival Pott reconheceu a fuligem das chaminés como uma das causas do câncer escrotal. A Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra no século XVIII, desencadeou transformações radicais na forma de produzir e de viver das pessoas e, portanto de seu adoecer e morrer. Deu novo impulso à Medicina do Trabalho, dado que foram descobertos muitos problemas de Higiene Ocupacional. Aumentou o número de problemas de saúde relacionados com o trabalho. 1833 - O parlamento britânico regulamentou o trabalho da criança pela primeira vez, chamada de “lei das fábricas”. 1851 - William Farr descobre que a mortalidade entre os fabricantes de vasos de 25 a 45 anos era excessivamente alta e que a fabricação de cerâmica na Inglaterra era um dos ofícios mais insalubres. 1869 - Na Alemanha, foram instituídas as leis precursoras que responsabilizavam os empregadores por lesões ocupacionais. 1878 - A legislação indicava requisitos para a implantação de ventilação exaustora, com o objetivo de remoção de poeiras e fumos. 6 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 1890 - Primeira legislação sobre condições de trabalho industrial, criada por meio do Conselho de Saúde Pública. 1910 - Oswaldo Cruz dirige pessoalmente estudos e o combate a epidemias na ferrovia Madeira-Mamoré. 1919 - foi criada a Organização Internacional do Trabalho - OIT. Foi aprovada a primeira lei sobre acidentes de trabalho no Brasil (Decreto- legislativo n. 3754, de 15/01/1919). 1920 - Indústria de fiação em São Paulo contrata o que seria o primeiro médico de fábrica brasileiro. 1923 - Criação da Inspetoria da Higiene Industrial (HI) pelo Departamento Nacional de Saúde em que, a higiene profissional e industrial seria incluída no âmbito da saúde pública. 1934 - Na USP, inicia- se o ensino da disciplina de Higiene do trabalho, na Escola de Higiene e Saúde Pública. Foi decretada a segunda lei de acidentes do trabalho (Decreto n. 24.637 de 10/07/1934). 1939 a 1943 - Fundada a Associação Americana de Higiene Industrial- AIHA. O serviço de Higiene do trabalho torna-se Divisão de Higiene e Segurança no trabalho. Fonte: http://migre.me/eUD6E 1948 - Criação da Organização Mundial de Saúde – OMS. As concentrações máximas permitidas passaram a ser chamadas de limite de tolerância. 1953-1959 - A OIT faz a recomendação 97, que trata da Proteção da Saúde do trabalhador. Na Conferência Internacional do Trabalho é aprovada a recomendação 112 sobre os serviços de Medicina do trabalho. 1960-1970 - Surgem os movimentos sindicais representando as reivindicações dos trabalhadores na Alemanha, França, Inglaterra, Estados Unidos e Itália. O governo brasileiro convidou técnicos da OIT para estudarem as condições de Segurança e Higiene do Trabalho no 7 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Brasil. A lei n. 5.161 criava a Fundação Centro Nacional de Segurança, Higiene e Medicina do trabalho - FUNDACENTRO em São Paulo, ligada ao Ministério do Trabalho e Emprego do Brasil. Década de 1970 - O modelo de atuação da Saúde Ocupacional não consegue mais responder a todos os problemas causados pelas mudanças dos processos de trabalho: a automação em alto grau, a robotização, entre outros. 1972 - Cursos (FUNDACENTRO) para a formação de Médicos do Trabalho. 1978 - Começam a ser instituídas as Normas Regulamentadoras (NR) de Segurança e Saúde no Trabalho, com uma grande proporção delas a partir da década de 1990. Interessa-nos focalizar aquelas relacionadas à saúde, em particular à Saúde Mental do trabalhador, citadas a seguir: Década de 1980 - Observou-se um avanço nos estudos toxicológicos, especialmente com relação a fatores de risco potencial genotóxico. Década de 1990 - Verifica-se a tendência de estabelecer limites de tolerância, dado que os mesmos são cada vez menores. 1996 - NR 07- Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional PCMSO é um programa que deve ser elaborado e implantado em todas as empresas que possuam funcionários registrados. Sobre essa NR, você terá mais detalhes na Unidade 3. 1999 - Portaria/MS n. 1339 de 1999, que lista os Transtornos Mentais e do Comportamento relacionados ao trabalho, que implica a utilização de modelos diagnósticos e o estabelecimento do nexo causal entre o Dano e/ou a Doença e o Trabalho. O Decreto n. 3.048 de 06/ 05/1999 pelo Ministério da Previdência e Assistência Social discrimina os Transtornos Mentais Relacionados ao Trabalho, traz novos desafios aos profissionais de saúde e de recursos humanos de organizações públicas e privadas no reconhecimento e prevenção dessas patologias. 2007 - Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário (NTEP) (I.N. 16/07 INSS 27/03/07). Para você compreender melhor o que ocorre com a introdução do NTEP, listamos: o incentivo para se investir em prevenção e na redução das doenças ocupacionais, ou seja, a doença cuja incidência for 8 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 elevada em determinada atividade econômica será caracterizada como do trabalho, independentemente da notificação pela empresa, por meio da Comunicação do Acidente de Trabalho - CAT; transfere-se o ônus da prova para o empregador: até agora, o trabalhador é quem precisava provar que estava doente, ficando a cargo do médico da empresa, ou do INSS, conceder a emissão do CAT; mudanças na forma de pagamento do Seguro Acidentário de Trabalho – SAT. O enfrentamento desses desafios é especialmente importante no contexto atual, em que passa a vigorar o NEXO TÉCNICO EPIDEMIOLÓGICO PREVIDENCIÁRIO (BRASIL, 2006). Trata-se de lei que permite à previdência social conceder benefício acidentário ao trabalhador incapacitado para o trabalho que seja acometido por doença cujo risco de adquiri-la seja maior no ramo econômico ao qual pertence a empresa em que trabalha, ou seja, com base em critério epidemiológico. Agora, no item 1.2., detalharemos em pormenores as contribuições de Ramazzini, que podem ser consideradas as bases da Medicina do Trabalho, da Saúde Ocupacional e também da Saúde Mental Ocupacional, a Saúde Mental e Trabalho, dada sua completude e atualidade. 1.2 Contribuições de Ramazzini Após o entendimento da cronologia da Higiene Ocupacional, depois denominada Saúde Ocupacional, neste item você vai poder entender quais foram as contribuições de Ramazzini e a sua importância, para o início da sistematização do campo de estudos e práticas em saúde do trabalhador. No ano acadêmico de 1690/91, Ramazzini inicia no curso médico de Módena (Itália), suas aulas sobre a matéria que denominou De Morbis Artificum - As doenças dos trabalhadores. Suas observações e apontamentos de aula, mais tarde constituidores de sua diatriba - tratado que intitulou De Morbis Artificum Diatriba, resultaram da amalgamação de uma sólida bagagem de erudição na literatura histórica, filosófica e médica disponível, com as observações colhidas em visitas a locais de trabalho e entrevistas com trabalhadores. 9 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Fonte: http://migre.me/eUDwQ Conforme relato feito pelo próprio Ramazzini, o despertar do seu interesse pelas doenças dos trabalhadores e pela elaboração de um texto voltado para este tema, deu-se a partir da observação do trabalho dos "cloaqueiros", em sua própria casa, em Módena.Esses trabalhadores tinham a tarefa de esvaziar as "cloacas" ("fossas negras") que armazenavam fezes e outros dejetos, como, aliás, ainda era feito rotineiramente, há até não muito tempo atrás, em diversas cidades brasileiras, e excepcionalmente por trabalhadores de empresas de saneamento básico. Ramazzini, em uma rica descrição, que resolvemos manter na íntegra, dada sua riqueza de conteúdo e narrativa, baseada em sua incomum e singular capacidade de observação, relata: [...] observei que um dos operários, naquele antro de Caronte, trabalhava açodadamente, ansioso por terminar; apiedado de seu labor impróprio, interroguei-o porque trabalhava tão afanosamente e não agia com menos pressa, para que não se cansasse demasiadamente, com o excessivo esforço. Então, o miserável, levantando a vista e olhando-me desse antro, respondeu: ‘ninguém que não tenha experimentado poderá imaginar quanto custaria permanecer neste lugar durante mais de quatro horas, pois ficaria cego’. Depois que ele saiu da cloaca, examinei seus olhos com atenção e os notei bastante inflamados e enevoados; em seguida procurei saber que remédio os cloaqueiros usavam para essas afecções, o qual respondeu-me que usaria o único remédio, que era ir imediatamente para casa, fechar-se em quarto escuro, permanecendo até o dia seguinte, e banhando constantemente os olhos com água morna, como único meio de aliviar a dor dos olhos. Perguntei-lhe ainda se sofria de algum ardor na garganta e de certa dificuldade para respirar, se doía a cabeça enquanto aquele odor 10 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 irritava as narinas, e se sentia náuseas. Nada disso, respondeu ele, somente os olhos são atacados e se quisesse prosseguir neste trabalho muito tempo, sem demora perderia a vista, como tem acontecido aos outros’. Assim, atendendo-me, cobriu os olhos com as mãos e seguiu para casa. Depois observei muitos operários dessa classe, quase cegos ou cegos completamente, mendigando pela cidade [...] (MENDES, 2000) Segundo Mendes (2000), Ramazzini tinha uma preocupação e o compromisso com uma classe de pessoas habitualmente esquecida e menosprezada pela Medicina. O próprio Ramazzini reconhece no prefácio de seu tratado, que, Ninguém que eu saiba pôs o pé nesse campo [doenças dos operários]. [...] É, certamente um dever para com a mísera condição de artesãos, cujo labor manual muitas vezes considerado vil e sórdido, é contudo necessário e proporciona comodidades à sociedade humana. [...]. (RAMAZZINI, 2006) Ramazzini entendera que, Os governos bem constituídos têm criado leis para conseguirem um bom regime de trabalho, pelo que é justo que a arte médica se movimente em favor daqueles que a jurisprudência considera com tanta importância, e empenhe-se [...] em cuidar da saúde dos operários, para que possam, com a segurança possível, praticar o ofício a que se destinaram. (RAMAZZINI, 2006). Os passos de abordagem utilizados e ensinados por Ramazzini seguem-se pelas visitas ao local de trabalho e pelas entrevistas com trabalhadores. Aliás, como antes visto, o impacto da observação do trabalho e as conversas com os trabalhadores levaram Ramazzini a se dedicar ao tema das doenças dos trabalhadores. Mais tarde, com a sistematização de seus estudos sobre as doenças dos trabalhadores, Ramazzini pode afirmar com a autoridade dos mestres: Eu, quanto pude, fiz o que estava ao meu alcance, e não me considerei diminuído visitando, de quando em quando, sujas oficinas a fim de observar segredos da arte mecânica. [...] Das oficinas dos artífices, portanto, que são antes escolas de onde saí mais instruído, tudo fiz para descobrir o que melhor poderia satisfazer o paladar dos curiosos, mas, sobretudo, o que é mais importante, saber aquilo que se pode sugerir de prescrições médicas preventivas ou curativas, contra as doenças dos operários. (RAMAZZINI, 2006) À abordagem clínico-individual, cujos fundamentos foram ensinados por Hipócrates (460-375 a.C.), Ramazzini agregou a prática da história ou anamnese 11 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 ocupacional. Assim, ele dizia algo, que não se aplica somente ao médico, mas a todos os profissionais da saúde que atuam no contexto do Trabalho: [...] um médico que atende um doente deve informar-se de muita coisa a seu respeito pelo próprio e por seus acompanhantes [...]. A estas interrogações devia acrescentar-se outra: ‘e que arte exerce?’. Tal pergunta considero oportuna e mesmo necessário lembrar ao médico que trata um homem do povo, que dela se vale chegar às causas ocasionais do mal, a qual quase nunca é posta em prática, ainda que o médico a conheça. Entretanto, se a houvesse observado, poderia obter uma cura mais feliz. (RAMAZZINI, 2006). Ampliando a abordagem clínico-individual, Ramazzini introduziu, também, a análise coletiva ou epidemiológica, categorizando-a segundo ocupação ou profissão (cerca de 54) o que lhe permitiu construir e analisar "perfis epidemiológicos" de adoecimento, incapacidade ou morte, como até então não feitos. Com justiça, portanto, Ramazzini é também respeitado pelo campo da Epidemiologia, por haver introduzido esta categoria de análise, no estudo da distribuição da doença. Uma outra área para a qual Ramazzini deixou sua contribuição foi a da sistematização e classificação das doenças segundo a natureza e o grau de nexo com o trabalho. Com efeito, ao descrever as "doenças dos mineiros" (capítulo I de seu livro), Ramazzini entendeu que [...] o múltiplo e variado campo semeado de doenças para aqueles que necessitam ganhar salário e, portanto, terão de sofrer males terríveis em consequência do ofício que exercem, prolifera, [...] devido a duas causas principais: a primeira, e a mais importante, é a natureza nociva da substância manipulada, o que pode produzir doenças especiais pelas exalações danosas, e poeiras irritantes que afetam o organismo humano; a segunda é a violência que se faz à estrutura natural da máquina vital, com posições forçadas e inadequadas do corpo, o que pouco a pouco pode produzir grave enfermidade. (RAMAZZINI, 2006) A propósito das "doenças dos que trabalham em pé" (capítulo XXIX de seu livro), assim se expressa Ramazzini: [...] até agora falei daqueles artífices que contraem doenças em virtude da nocividade da matéria manipulada; agrada-me, aqui, tratar de outros operários que por outras causas, como sejam a posição dos membros, dos movimentos corporais inadequados, que, enquanto trabalham, apresentam distúrbios mórbidos, tais como os operários que passam o dia de pé, sentados, inclinados, encurvados, correndo, andando a cavalo ou fatigando seu corpo por qualquer outra forma. (RAMAZZINI, 2006) 12 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 De fato, deste critério de classificação empírica utilizado por Ramazzini, é possível pinçar as bases para uma sistematização da Patologia do Trabalho, onde, no primeiro grupo estariam as "doenças profissionais" ou "tecnopatias", e no segundo, as "doenças adquiridas pelas condições especiais em que o trabalho é realizado", ou as "mesopatias" - classificação até hoje utilizada para fins médico- legais e previdenciários em muitos países, inclusive no Brasil. Muitas outras contribuições poderiam ser aqui identificadas, tais como sua visão das inter-relações entre a Patologia do Trabalho e o Meio Ambiente, quando estuda as "doenças dos químicos" (capítulo IV de seu livro), e a ênfase na prevenção primária das doenças dos trabalhadores, o que ele faz no interior de inúmeros capítulos de seu livro. Ainda, é no estudo das "doenças dos químicos" que ele descreve a utilização potencial de registros de óbito para o estudo dosimpactos da poluição ambiental sobre a saúde das comunidades - estratégia metodológica que até hoje se utiliza. Apesar das relações Trabalho, Saúde e Doença dos trabalhadores serem reconhecidas desde os primórdios da história humana registrada, expressa em obras de artistas plásticos, historiadores, filósofos e escritores, é relativamente recente uma produção mais sistemática sobre o tema. Desde então, acompanhando as mudanças e exigências dos processos produtivos, e dos movimentos sociais, as práticas da Saúde Ocupacional têm se transformado, incorporando novos enfoques e instrumentos de trabalho, em uma perspectiva interdisciplinar, delimitando o campo da Saúde Ocupacional e mais recentemente, da Saúde dos Trabalhadores e da Saúde Mental do trabalho ou Saúde Mental Ocupacional. Dica de Aprofundamento Assista ao vídeo “A História da Segurança no Trabalho”, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=ToWkKQMvPLU>. Acesso em: 06 jun. 2018. 13 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Exercício 1 1. Quem foi Ramazzini? a) Reconheceu a fuligem das chaminés como uma das causas do câncer escrotal, no ano de 1778. b) Publicou o primeiro livro sobre doenças ocupacionais, De Morbis Artificum Diatriba, em 1700. c) Em 1851, descobriu que a mortalidade entre os fabricantes de vasos de 25 a 45 anos era excessivamente alta e que a fabricação de cerâmica na Inglaterra era um dos ofícios mais insalubres. d) Dirigiu pessoalmente estudos e o combate a epidemias na ferrovia Madeira- Mamoré, em 1910. 2. Ramazzini caracterizou cerca de cinquenta e quatro (54) ocupações ou profissões, o que permitiu: a) A criação da legislação de requisitos para a implantação de ventilação local exaustora, para remoção de poeiras e fumos. b) construir e analisar "perfis epidemiológicos" de adoecimento, incapacidade ou morte, como até então não feitos. c) responder a todos os problemas causados pelas mudanças dos processos de trabalho: a automação em alto grau, a robotização, entre outros. d) a primeira legislação sobre condições de trabalho industrial. 14 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 UNIDADE 2 - SAÚDE MENTAL E TRABALHO 2.1 Considerações sobre a Saúde/Doença Mental e Trabalho Neste item, você poderá conhecer os conceitos de Saúde/Doença Mental mais utilizados na literatura, assim como, a sua relação com o Trabalho. Começaremos pela definição de Saúde da OMS (1958, p. 45), que refere que “a saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade”. Dejours (1991), faz críticas a essa definição da Organização Mundial da Saúde: sobre saúde, como algo inatingível, dizendo que a normalidade é um estado em que as doenças estão estáveis, devido à ação de estratégias defensivas; quanto à Saúde Mental nunca é verdadeiramente atingida e é evidente a relação entre saúde física e Saúde Mental. Portanto, o Trabalho pode contribuir para a Saúde ou a Doença, é importante na construção da Saúde Mental, moldando a identidade e podendo levar ou não à autorrealização e à autoestima do trabalhador, trazendo reconhecimento e oportunidades de relações sociais. Desde as últimas décadas do século XX, constata-se uma crescente atenção à saúde/doença mental dos trabalhadores. Ressalta-se, ainda, uma associação do sofrimento e/ou da doença psíquica com o contexto laboral que começa, paulatinamente, a ser reconhecida pelo imaginário social (JACQUES; AMAZZARAY, 2006). É importante que você saiba que o termo Trabalho deriva do latim Tripalium, que na Antiguidade era um instrumento de três pontas de ferro utilizado para a ceifa dos cereais. No entanto, com o decorrer do tempo, o termo Tripalium passa para a história como instrumento de tortura e associado a sofrimento. O termo Tripaliare significa “torturar alguém”. Atualmente, Trabalho tem um duplo significado: prazer e sofrimento. 15 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Há pessoas que percebem o trabalho predominantemente como sofrimento e outras como prazer, embora se saiba que, prazer e sofrimento sempre existirão, variando os graus. Fonte: http://migre.me/eUEV3 Fonte: http://migre.me/eUES2 A Saúde Mental é definida pela Organização Mundial da Saúde - OMS como “o estado de bem-estar no qual o indivíduo realiza as suas capacidades, pode fazer face ao estresse normal da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e contribuir para a comunidade em que se insere” (OMS, 200, p. 44) e pode ser promovida por meio de programas adequados, da melhoria das condições sociais e da prevenção do estresse entre outros fatores, e da luta contra o estigma segundo o Secretariado Nacional para Reabilitação e Integração das pessoas com Deficiência (SNRIPD, 2006). Para Guimarães (1999, p.23), A Saúde Mental e Trabalho é o estudo da dinâmica, da organização e dos processos de trabalho, visando à promoção da Saúde Mental do trabalhador, por meio de ações diagnósticas, preventivas e terapêuticas eficazes. O conceito de Saúde Mental deve envolver o homem no seu todo biopsicossocial, o contexto social em que está inserido, assim como a fase de desenvolvimento em que se encontra. Neste sentido, podemos considerar a Saúde Mental como um equilíbrio dinâmico que resulta da interação do indivíduo com os seus vários ecossistemas: o seu meio interno e externo, as suas características orgânicas e os seus antecedentes pessoais e familiares (FONSECA, 1985). 16 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 As transformações introduzidas nos contextos laborais, nos últimos anos, têm oportunizado, em geral, melhores condições de trabalho, com ambientes mais limpos, menos insalubres, com menos riscos de acidentes e doenças. Por outro lado, tais transformações nos processos de trabalho têm suscitado novas formas de sofrimento e/ou doença, vinculadas, preferencialmente, com o funcionamento psíquico dos trabalhadores e disseminadas pelos mais diferentes espaços de trabalho, incluindo o setor de serviços. As estatísticas de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez refletem este novo perfil. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde - OMS, cerca de 30% dos trabalhadores ocupados sofrem de Transtornos Mentais Menores - TMM, e cerca de 10% sofrem de Transtornos Mentais Graves (GUIMARÃES et al, 2006). As maiores conquistas no âmbito da Saúde do Trabalhador se devem à luta histórica e cotidiana da classe trabalhadora como atestam os registros da História. Voltar- se, hoje, para as relações entre Saúde Mental e Trabalho é o novo desafio a ser coletivamente assumido. Para tanto, faz-se necessário demandar sustentação teórica, estudos empíricos, pactos com diversos segmentos sociais, posições políticas e um trabalho de militância, trabalho este potencialmente promotor de saúde. 2.2 Abordagens teórico-metodológicas em Saúde Mental do trabalhador Entre os modelos de explicação das relações entre Saúde Mental e Trabalho podemos definir duas principais correntes: a Psicopatologia do trabalho: denominada Psicodinâmica do Trabalho a partir dos estudos de Dejours; Transtornos Mentais Menores: De acordo com Santos (2002, apud MARAGNO, 2006), trata-se da situação de saúde de uma população, com indivíduos que não preenchem os critérios formais para diagnósticos de depressão e/ou ansiedade, segundo as classificações do DSM-IV (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders– Fourth Edition) e da CID-10 (Classificação Internacional de Doenças- 10ª Revisão), mas que apresentam sintomas proeminentes que trazem uma incapacitação funcional comparável ou até mais grave que quadros crônicos já bem estabelecidos. 17 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 os estudos que tratam da Relação entre estresse e trabalho (Work Stress) (GLINA e ROCHA, 2006). No entanto, diferentes autores nacionais, classificam as abordagens teórico- metodológicas em Saúde Mental e trabalho, de diferentes maneiras, explicitadas na sequência. Figura 1 - As duas faces do trabalho para o trabalhador: a manifesta (esquerda) e a oculta (direita) De forma geral, pode-se dizer que a Psicodinâmica do Trabalho entende o trabalho como vértice do indivíduo e refere que a divisão de tarefas e divisão dos homens norteia conflitos psíquicos. A Psicodinâmica do Trabalho enfatiza a centralidade do trabalho na vida dos trabalhadores, analisando os aspectos dessa atividade que podem favorecer a saúde ou a doença. Ao analisar a inter-relação entre Saúde Mental e Trabalho, Dejours (1986), acentua o papel da organização do trabalho no que tange aos efeitos negativos ou positivos que aquela possa exercer sobre o funcionamento psíquico e a vida mental do trabalhador. Este autor conceitua organização do trabalho como a divisão das tarefas e a divisão dos homens. A divisão das tarefas engloba o conteúdo das tarefas, o modo operatório e tudo o que é prescrito pela organização do trabalho. Mais recentemente, Dejours et al. (1994), passaram a acentuar o fato de que a relação entre a organização do trabalho e o ser humano encontra-se em constante movimento. Do ponto de vista da Ergonomia, a análise da organização do 18 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 trabalho deve levar em conta: a organização do trabalho prescrita (formalizada pela empresa) e a organização do trabalho real (o modo operatório dos trabalhadores). Segundo o autor, o descompasso entre as duas favoreceria o aparecimento do sofrimento mental, uma vez que levaria o trabalhador à necessidade de transgredir para poder executar a tarefa. A segunda corrente de análise dedicada à inter-relação Saúde Mental e Trabalho é a que privilegia a relação entre estresse e trabalho. O Estudo da Relação Estresse –Trabalho (Work stress) afere o desequilíbrio entre as demandas do trabalho e a capacidade de resposta dos trabalhadores. Fonte: http://migre.me/eUGkq Tal abordagem apresenta um alto grau de complexidade, a começar por uma ampla variação do conceito de estresse. Destacam-se, nesse campo, os autores escandinavos (FRANKENHAEUSER & GARDELL, 1976; KALIMO, 1980; LEVI, 1988), entre outros, que definem estresse como um desequilíbrio entre as demandas do trabalho e a capacidade de resposta dos trabalhadores. No âmbito desta vertente, observa-se a preocupação com a determinação dos fatores potencialmente estressantes em uma situação de trabalho. Karasek & Theorell (1990), propõem um modelo com uma abordagem tridimensional, contemplando os seguintes aspectos: "exigência/controle" (demand/control); "tensão/ aprendizagem" (strain/learning) e suporte social. 19 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 A situação saudável de trabalho seria a que permitisse o desenvolvimento do indivíduo, alternando exigências e períodos de repouso com o controle do trabalhador sobre o processo de trabalho. Como referido anteriormente, são vários os autores que classificam as abordagens teórico-metodológicas em Saúde Mental e Trabalho. Iniciaremos com a pioneira desse campo de estudos no Brasil: Seligmann-Silva (1995, apud JACQUES, 2003), apresenta três diferentes abordagens teórico-metodológicas em Saúde Mental e Trabalho: as Teorias sobre estresse (work stress); a Psicodinâmica do Trabalho; o Desgaste mental. Essa autora pode ser considerada a pioneira nos estudos em Saúde Mental e Trabalho no Brasil. Para Jacques (2003), existem quatro (4) amplas abordagens em Saúde Mental: as teorias sobre estresse, a Psicodinâmica do Trabalho; as abordagens de base epidemiológica ou diagnóstica, os estudos e pesquisas em subjetividade e trabalho. Para Borges, Guimarães e Silva (2013), são três as abordagens: Individualistas: se caracterizam por buscar explicações mais nas características das próprias pessoas do que na relação destas com o trabalho e suas condições. Mesmo que haja reconhecimento do nexo entre saúde psíquica e trabalho, nessas abordagens ele é mais enfraquecido. A subjetividade é levada em conta na forma de crenças, percepções, atitudes, motivações, estereótipos, preconceitos, etc. e no impacto que tais cognições e afetos estão relacionados e/ou imbricados no processo de saúde/doença. No entanto, o trabalho aparece como categoria social secundarizada tanto na construção de tais cognições quanto na etiologia do processo de saúde/doença. Tal posicionamento está relacionado diretamente ao posicionamento dos psicólogos de tal abordagem apontando na direção que tende mais a uma aproximação de 20 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 uma psicologia abstrata, que explica o processo de saúde-doença prioritariamente com base em processos psíquicos. Psicodinâmica do Trabalho: já descrita acima. Abordagens psicossociológicas: As abordagens psicossociológicas na Psicologia Social são descritas por vários autores (e.g., ALVARO, 1995; MONTERO, 2000; SANDOVAL, 2000; PRADO, 2002; ALVARO; GARRIDO; SCHWEIGER; TORREGROSA, 2007), a cujos textos recomendamos recorrer para aprofundamento sobre o assunto. Chamamos a atenção para o fato que estamos no presente capítulo nos referindo às abordagens psicossociológicas sempre no plural propositadamente, porque compreendemos que elas são na realidade um conjunto e uma dispersão de várias perspectivas de análise, mas sutilmente diferentes umas da outras (AMADO; ENRIQUEZ, 2011; CARRETEIRO; BARROS, 2011). O que há de comum em tais perspectivas que nos conduziram a reuni-las sob o título de abordagens psicossociológicas? Que pressupostos básicos partilham? Como tais perspectivas se concretizam no campo da saúde psíquica e trabalho? O primeiro ponto é que, nessas abordagens, assume-se abertamente a categoria trabalho como estruturante, tanto do ponto de vista das sociedades como da vida concreta dos grupos e das pessoas. Desse ponto fundamental parte o posicionamento dos psicólogos que aplicam essas abordagens em referência a cada tensão comentada na introdução do presente capítulo. Assim, a posição dos psicólogos sobre o nexo entre saúde psíquica e trabalho abrange a consideração ao papel do trabalho no desenvolvimento de identidade (CHANLAT, 2011). É, por isso, que nessa abordagem há uma busca da explicação do processo saúde/adoecimento diretamente nas condições de trabalho. Diferentemente às abordagens anteriores, o trabalho concreto é o foco principal. As características pessoais (humanas) são consideradas, mas ora como elementos facilitadores do processo, ora mediando a relação da pessoa com o mundo do trabalho. (KOHN; SCHOOLER, 1983; JAHODA, 1987; CODO, 1993; LIMA, 2002; BORGES et al, 2007; HELOANI, 2008). Fica claro que há diferenças e convergências entre as três abordagens. Por isso, defende-se que algum diálogo é possível existir, que permita uma convivência 21 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 saudável e produtora de novos saberes. Tal diálogo requer, entretanto, cuidados e prudência, como tem alertadoFielding e Schreier (2004), principalmente se tais diferenças partem dos pressupostos básicos. O respeito pela produção do outro é uma atitude profissional saudável, que permite reconhecer méritos e limitações de cada abordagem. Voltamos, então, a assinalar que já há algum tempo surgem iniciativas que indicam a construção de tal diálogo. Certamente vale a pena citar os livros “Trabalho em Transição, Saúde em Risco” (MENDES; BORGES e FERREIRA, 2002), “Trabalho e Saúde” (MENDES, 2008) e “Clínicas do Trabalho” de (BENDASSOLLI; SOBOLL, 2011), que são coletâneas organizadas reunindo autores de diversas abordagens. Exercício 2 1. Sobre o termo Tripalium, analise os enunciados a seguir: I. Tripalium era um instrumento feito de três paus aguçados, algumas vezes ainda com pontas de ferro, no qual os agricultores bateriam o trigo, as espigas de milho, para rasgá-los, esfiapá-los. II. A maioria dos dicionários, contudo, registra tripalium apenas como instrumento de tortura, o que teria sido originalmente, ou se tornado depois. III. Tripalium era um instrumento musical utilizado pelos romanos. IV. Para a comunidade linguística, os termos tripalium e tripaliare deram origem, no português, às palavras “tripa”, “ atrapalhar” e “palha”. V. A origem do termo Tripalium é grega. a) Apenas os enunciados I, II e III estão corretos. b) Apenas os enunciados I e II estão corretos. c) Apenas os enunciados I, III, IV e V estão corretos. d) Apenas os enunciados II e III estão corretos. e) Apenas os enunciados II e V estão corretos. 2. Quais são, para Jacques (2003), as quatro (4) abordagens teórico- metodológicas em Saúde Mental e Trabalho? a) Exigência/controle" (demand/control); "tensão/ aprendizagem" (strain/learning); suporte social; pesquisas em subjetividade e trabalho. b) As teorias sobre Estresse Ocupacional, (work stress); as teorias sobre a Psicodinâmica do Trabalho; as abordagens de base epidemiológica ou diagnóstica; os estudos e pesquisas em subjetividade e trabalho. c) As teorias sobre Estresse (work stress), a Psicodinâmica do Trabalho; (Desgaste 22 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 mental); suporte organizacional. d) Individualista; Psicodinâmica do Trabalho; abordagens psicossociológicas; as teorias sobre Estresse (work stress). 23 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 UNIDADE 3 - PRINCIPAIS FATORES DE RISCO À SAÚDE MENTAL DO TRABALHADOR 3.1 Fatores de risco Ao se analisar a realidade brasileira quanto à assistência médica e psicológica ocupacional, eleva-se o nível de preocupação, pois desde 2001, um levantamento feito por Serrano (2001) mostra que cerca de 90% das empresas nacionais contam com menos de 19 funcionários e não conseguem subsidiar um programa de assistência integral à saúde do trabalhador, comprometendo a implantação e manutenção do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO- NR-7). Portanto, na prática, são as médias e grandes empresas que têm esses programas implantados. Isso significa que muitas vezes, os médicos das empresas ou os clínicos dos ambulatórios (serviços de saúde privados ou públicos) podem se deparar com um número significativo de transtornos mentais, leves ou moderados, que poderão interferir no desempenho pessoal e profissional do trabalhador, se não diagnosticados e tratados precocemente. A Psiquiatria, a Psicologia e a Medicina do Trabalho, podem produzir uma atenção mais abrangente, incluindo aspectos diagnósticos clínicos, terapêuticos e previdenciários. Dias e Mendes (2004), referem que em sua ampla atuação preventiva e terapêutica, a Medicina do Trabalho (MT), tem como princípio básico, prevenir doenças ocupacionais, acidentes de trabalho, promover os aspectos físicos e mentais e a qualidade de vida dos trabalhadores. A Medicina do trabalho fundamenta suas ações por meio de leis específicas do Ministério do Trabalho, normas regulamentadoras (NR) (BRASIL, 2007) relativas à Segurança e Medicina do trabalho, que servem como base para as empresas administrarem seus riscos potenciais à saúde dos trabalhadores e para isso foram divididas em 33 itens específicos, sendo periodicamente modificados e atualizados. Entre elas temos a NR-4- Serviços especializados em Engenharia de Segurança em Medicina do Trabalho; NR-5- Comissão Interna de Prevenção de Acidentes; NR-6- Equipamentos de proteção individual- EPI; NR-15- Atividades e operações insalubres; NR-17- Ergonomia; NR-23- Proteção contra incêndios; NR-32- 24 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Segurança e saúde no trabalho em estabelecimentos de saúde. Destacam-se entre elas a NR-7 e NR-9. A NR-7, Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO, consiste na promoção e proteção à saúde do trabalhador, por meio de ações primárias (programas educativos e preventivos) e secundárias de saúde, representadas pelos exames ocupacionais (admissional, periódico, mudança de função, retorno ao trabalho e demissional) aos quais são submetidos obrigatoriamente todos os trabalhadores. É coordenado pelo médico do trabalho, e a cada exame o trabalhador recebe o atestado de saúde ocupacional com o resultado sobre sua aptidão ou inaptidão física e mental para o trabalho. A NR-9, Programa de Prevenção e riscos ambientais, tem como preocupação o reconhecimento dos riscos ambientais por meio da identificação dos mesmos, determinação e localização das possíveis fontes geradoras, identificação das funções e do número dos trabalhadores expostos, caracterização das atividades e do tipo de exposição. Integra essa NR-9 o Mapa de Riscos, que pela representação gráfica, estimula e auxilia o trabalhador a conhecer melhor o seu ambiente de trabalho e a identificar os Principais Riscos Ocupacionais em grupos existentes na NR-9 na Tabela I do Anexo IV, existem cinco grupos, a saber: Quadro 1 - Mapa de Risco Grupo 1 (cor verde) Riscos físicos Grupo 2 (cor vermelha) Riscos químicos Grupo 3 (cor marrom) Riscos biológicos Grupo 4 (cor amarela) Riscos ergonômicos Fonte: Adaptado de NR-9 Você deve ter percebido que falamos em cinco (5) grupos e o Mapa de Riscos, enquanto que o Quadro 1 contempla somente quatro (4). Em segundo lugar, você poderia pensar: O que os riscos mencionados têm a ver com a Saúde Mental do trabalhador? Tudo!! é a nossa resposta. Porque é nesse cenário permeado por toda a sorte de riscos que os trabalhadores desempenham seu ofício no cotidiano de trabalho. Esses fatores podem trazer vários comprometimentos à Saúde Mental do trabalhador, que são descritos no Quadro 2 que contém a Classificação dos Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados com o Trabalho (Grupo V da CID-10), mostrado mais adiante. 25 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Mas o que dizer dos Fatores Psicossociais de Risco no Trabalho (FPRT), aqueles que sequer estão incluídos no mapa de risco? Veremos mais à frente, após falarmos sobre os 4 tipos de risco do Mapa, com especificidade, quais são os mais comuns e suas implicações para a Saúde Mental do trabalhador. De qualquer forma, é bom você já ir sabendo que são chamados fatores de risco todos os aspectos da situação de trabalho que têm a propriedade ou a capacidade de causar um dano e de interferir negativamente na segurança, na saúde e no bem-estar dos trabalhadores. Alguns desses riscos constituem-se em fatores importantes no desencadeamento de transtornos mentais, e suas repercussões psicossociais são analisadas a seguir: 3.2 Repercussões Psicossociais dos riscos ocupacionais Camargo e Oliveira (2010), partindo da descrição dos agentesambientais, segundo o Mapa de Riscos (Classificação dos Principais Riscos Ocupacionais em grupos - Tabela I do anexo IV), e adotando a nomenclatura da nova regulamentação sobre as Doenças Profissionais e do Trabalho, descrevem os seguintes riscos: 3.2.1 Riscos Físicos a) Ruído: Considerado como um dos principais estressores psicossociais do trabalho (SAUTER et al, 1998), que pode levar à irritabilidade, ansiedade, excitabilidade, insônia, entre outros (COSTA; KITAMURA, 1995). Os locais de trabalho mais sujeitos a esses riscos são indústrias de mineração, construção de túneis, explosão de pedreiras (detonações e perfurações), engenharia pesada (fundição de ferro, prensa de forja); trabalhos com máquinas com motores a combustão, utilização de máquinas têxteis e testes de reatores de aviões (CAMPANHOLE, 1995); Fonte: http://migre.me/eXoh3 b) Pressões anormais: encontradas em atividades hiperbáricas, nas quais o indivíduo fica submetido a um aumento da pressão atmosférica ou 26 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 hidrostática, como no mergulho aquático civil e militar e na construção civil (ALVES, 2003). No mergulho de saturação pode ocorrer a doença descompressiva, caracterizada por dor localizada, parestesias e alterações cerebrais como cefaleia, diplopia, disartria, vertigens, chegando a alterações mentais e da personalidade e, em casos mais graves, a convulsões e morte (SELIGMANN-SILVA, 1994); c) Vibrações: dependendo da intensidade, as vibrações podem comprometer o sistema endocrinológico, metabólico, cardiovascular e gastrointestinal (SALIBA et al, 1999). No sistema nervoso central, podem levar à debilitação e mal-estar geral, produzindo repercussões psíquicas (SELIGMANN-SILVA, 1994); d) Radiações ionizantes e não ionizantes: Não são conhecidos estudos sobre distúrbios emocionais diretamente provocados pelas radiações ionizantes (raios-X, gama, alfa e beta) e as não ionizantes (radiação ultravioleta, radiação visível e infravermelha, laser, micro-ondas); Fonte: http://migre.me/eXowo e) Frio e calor: frio ou calor extremo estão incluídos entre os principais estressores psicossociais no trabalho (SAUTER et al, 1994). Além da tontura, sintomas como desfalecimento, desidratação e distúrbios “psiconeuróticos”, o calor pode favorecer a descompensação de indivíduos que estejam em estado limítrofe quanto à sua Saúde Mental (COUTO, 1987). 3.2.2 Riscos Químicos Os efeitos tóxicos dos produtos químicos podem acarretar doenças orgânicas e psíquicas por lesarem muitos órgãos vitais, como o Sistema Nervoso central, o fígado, os pulmões e os rins. (WHO, 2010), sendo representados por poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases, vapores e substâncias, compostos ou produtos químicos em geral (ALGRANTI et al, 1995): a) Aerodispersantes: são todas as partículas que se encontram em suspensão no ar e que podem ser nocivas à saúde. São denominadas de 27 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 aerodispersóides e representadas por névoas e neblinas, poeiras, fumos e fibras, podendo levar à enfermidade como a rinite alérgica, a asma ocupacional e as pneumoconioses (silicose, asbestose e outras); b) Gases e vapores: os gases e vapores são diferenciados pela concentração de cada um no ambiente e divididos em: irritantes e asfixiantes. Os gases e vapores irritantes (ácido clorídrico, o cloro gasoso, os óxidos de enxofre e nitrogênio, a amônia, entre outros) são assim denominados por provocarem lesões e desencadearem processo inflamatório quando em contato com a pele, olhos e outros tecidos do organismo, em particular as mucosas (BUSCHINELLI, 2000). Os gases e vapores asfixiantes são classificados em asfixiantes simples (nitrogênio, dióxido de carbono) e pelo gás cianídrico. O monóxido de carbono pode desencadear distúrbios psíquicos com característica demencial; c) Solventes: os solventes são apontados como estressores psicossociais no trabalho e podem desencadear inúmeros distúrbios psíquicos (SAUTER et al, 1998), sendo conhecidos em nosso meio, como hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, alcoóis, cetonas, hidrocarbonetos alifáticos alogenados, entre outros sendo utilizados para a fabricação de vernizes, tintas, colas, fabricação de sapatos, nas indústrias de agrotóxicos e limpeza de metais (BUSCHINELLI, 2000). Tricolorotileno, tetracloroetileno e outros solventes aromáticos neurotóxicos, podem produzir alterações mentais e do comportamento. d) Metais pesados representados pelo chumbo inorgânico, mercúrio metálico, manganês e outros, apresentam como característica toxicológica o acúmulo no organismo, a afinidade por um órgão específico e também o fato de serem excretados lentamente. (CAMARGO; OLIVEIRA, 2010). 3.2.3 Riscos Biológicos Você sabia que, segundo a OMS (1997), os riscos biológicos são representados por bactérias, fungos, protozoários, vírus, parasitas e bacilos, que podem acarretar inúmeras doenças, principalmente nos que trabalham na agricultura, construção civil, veterinária e os profissionais de saúde. A encefalopatia provocada pelo retrovírus HIV pode levar a sérias complicações neuropsiquiátricas (KAPLAN et al, 1997). Entre elas, destacam-se os transtornos demenciais que 28 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 acarretam déficit cognitivo e alguns casos de transtornos afetivos, psicoses e convulsões. 3.2.4 Riscos Ergonômicos A ergonomia, “visa estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente!” (BRASIL, 2007). Os riscos ergonômicos relatados na classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos em sua Tabela I, Anexo IV (BRASIL, 2001) são: esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, exigência de posturas inadequadas, controle rígido de produtividade, imposição de ritmos excessivos, trabalho em turnos e noturno, jornadas de trabalho prolongadas, monotonia e repetitividade e outras situações causadoras de estresse físico e/ou psíquico. Em relação a esforço físico intenso, levantamento e transporte manual de peso, exigência de posturas inadequadas, destaca-se a fadiga muscular, encontrada nos ambientes de trabalho onde se exige a força muscular nas atividades dinâmicas e estáticas, ocasionando, por vezes, os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho - DORT, que vieram substituir o termo LER (Lesões por esforços repetitivos), por ser mais abrangente (CAMARGO, OLIVEIRA, 2010). Ainda a principal forma de nos referirmos à patologia é DORT-LER. Fonte: http://migre.me/eXpwp 3.2.5 Riscos de Acidentes ou Mecânicos Esses riscos, segundo a Classificação dos principais riscos ocupacionais em grupos (Tabela I, Anexo IV), compreendem: o arranjo físico inadequado, máquinas e equipamentos sem proteção, ferramentas inadequadas ou defeituosas, iluminação e outras situações de risco (eletricidade, probabilidade de incêndio ou explosão, armazenamento inadequado, animais peçonhentos), que poderão contribuir para a ocorrência de acidentes (COUTO, 1987). 29 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Dependendo do local acometido, da extensão e gravidade da lesão e da eficácia do tratamento, as repercussões neuropsíquicas dos acidentes de trabalho, podem levar a sérios danos mentais, por vezes, irreversíveis (BRASIL, 2007). 3.2.6 Fatores Psicossociais de Risco Ligados ao Trabalho (FPRT) As questões ligadas à organização do trabalhoe aos fatores psicossociais no trabalho têm sido mais intensivamente estudadas desde os anos 60, principalmente, com o advento das novas tecnologias e sistemas de produção, seja no trabalho administrativo como no industrial. O Processo de Reestruturação produtiva demonstra que no momento, vive- se o que se pode denominar de 3ª Revolução Industrial. Nos países industrializados têm ocorrido intensas inovações tecnológicas. Estas, por sua vez, configuram-se por meio de diferentes processos decisórios no controle do processo de trabalho e na resolução de problemas dele resultantes. Nas duas últimas décadas, pesquisas sobre fatores psicossociais de risco no ambiente de trabalho têm produzido um grande corpo de pesquisa empírica e teórica (THEORELL, 2000). Desde 1984, a Organização Internacional do Trabalho - OIT e a Organização Mundial de Saúde - OMS evidenciam a importância dos fatores psicossociais no trabalho (ILO, 2002; WHO, 2011). Os centros colaboradores da OMS em Saúde Ocupacional têm identificado a necessidade de procedimentos práticos e formas de gerenciamento da saúde ocupacional e segurança no trabalho. Idealmente, estes deveriam ser capazes de lidar com as diferenças que existem entre países, setores e contextos organizacionais; em adição, a ênfase é agora localizada na mudança da natureza do trabalho e novas formas de risco que poderiam afetar negativamente a saúde e a segurança dos trabalhadores. Outros riscos, tais como, o estresse ocupacional, o assédio moral e o sexual agora recebem atenção em nível global e esforços têm sido empreendidos para entendê-los ao nível do ambiente de trabalho. Fonte: http://migre.me/eXqRu 30 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Entretanto, a complexidade da origem destas ocorrências e a especificidade do contexto têm trazido dificuldades até o momento, para a prática orientada a ser desenvolvida e que poderia ser adaptada e usada em vários contextos, setores e países. É importante perceber que, os riscos psicossociais têm a sua origem no complexo âmbito da organização do trabalho e, embora as suas consequências negativas para a saúde não sejam tão evidentes como as dos acidentes de trabalho ou as doenças profissionais, também podem ter uma relevância notável, manifestando-se por meio de problemas como o absenteísmo, rotação de pessoal, defeitos de qualidade ou o stress que, em conjunto, representam importantes custos tanto em termos de saúde para as pessoas, como econômicos para a empresa. A OIT (1986) definiu risco psicossocial em termos da interação entre conteúdo do trabalho, organização do trabalho e gerenciamento, e outras condições ambientais e organizacionais, por um lado, e competências e necessidades dos empregados, de outro. Estas interações que podem provocar riscos influenciam a saúde dos empregados através de sua percepção e experiência. Uma definição de riscos psicossociais no trabalho simplificada é dada por Cox e Griffiths (1995, p.23): “são todos aqueles aspectos do desenho e gerenciamento do trabalho e os contextos social e organizacional que têm potencial para causar dano físico ou psicológico”. Os FRPT podem também ser definidos como aquelas características do trabalho que funcionam como “estressores”, ou seja, implicam em grandes exigências no trabalho, combinadas com recursos insuficientes para o enfrentamento das mesmas (GUIMARÃES, 2006). Enfim, os fatores psicossociais podem ser definidos como aquelas características das condições de trabalho e, sobretudo, da sua organização que afetam a saúde das pessoas por meio de mecanismos psicológicos e fisiológicos a que também chamamos de estresse, detalhado em seção adiante. De acordo com o exposto até aqui, quando ocorre um desequilíbrio entre as interações de, por um lado, o trabalho, o seu ambiente, a satisfação no trabalho e as condições da sua organização e, por outro lado, a capacidade do trabalhador, as suas necessidades, a sua cultura e a situação pessoal fora do trabalho, aparece o risco de origem psicossocial. Assim sendo, o 5º grupo do qual falamos 31 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 anteriormente como faltando no Quadro 1, deveria avaliar os fatores psicossociais de risco. Quadro 2 - Transtornos Mentais e do Comportamento Relacionados com o Trabalho (Grupo V da CID-10) DOENÇAS Agentes etiológicos ou fatores de risco de natureza ocupacional Demência e outras doenças específicas classificadas em outros locais (F02.8) Manganês (X49.-; Z57.5) Substâncias asfixiantes: CO, H2S, etc. (sequela) (X47.-; Z57.5) Sulfeto de Carbono (X49.-; Z57.5) Delirium, não sobreposto a demência, como descrita (F05.0) Brometo de Metila (X46.-; Z57.4 e Z57.5) Sulfeto de Carbono (X49.-; Z57.5) Outros transtornos mentais decorrentes de lesão e disfunção cerebrais e de doença física (F06.-): Transtorno Cognitivo Leve (F06.7) Tolueno e outros solventes aromáticos neurotóxicos (X46.-; Z57.5) Chumbo ou seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.5) Tricloroetileno, Tetracloroetileno, Tricloroetano e outros solventes orgânicos halogenados neurotóxicos (X46.-; Z57.5) Brometo de Metila (X46.-; Z57.4 e Z57.5) Manganês e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.5) Mercúrio e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.4 e Z57.5) Sulfeto de Carbono (X49.-; Z57.5) Outros solventes orgânicos neurotóxicos (X46.-; X49.-; Z57.5) Transtornos de personalidade e de comportamento decorrentes de doença, lesão e disfunção de personalidade (F07.-): Transtorno Orgânico de Personalidade (F07.0); Outros transtornos de personalidade e de comportamento decorrentes de doença, lesão ou disfunção cerebral (F07.8) Tolueno e outros solventes aromáticos neurotóxicos (X46.-; Z57.5) Tricloroetileno, Tetracloroetileno, Tricloroetano e outros solventes orgânicos halogenados neurotóxicos (X46.-; Z57.5) Brometo de Metila (X46.-; Z57.4 e Z57.5) Manganês e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.5) Mercúrio e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.4 e Z57.5) Sulfeto de Carbono (X49.-; Z57.5) Outros solventes orgânicos neurotóxicos (X46.-; X49.-; Z57.5) Transtorno Mental Orgânico ou Sintomático Tolueno e outros solventes aromáticos neurotóxicos (X46.-; Z57.5) Tricloroetileno, Tetracloroetileno, Tricloroetano e outros 32 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 não especificado (F09.-) solventes orgânicos halogenados neurotóxicos (X46.-; Z57.5) Brometo de Metila (X46.-; Z57.5) Manganês e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.5) Mercúrio e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.4 e Z57.5) Sulfeto de Carbono (X49.-; Z57.5) Outros solventes orgânicos neurotóxicos (X46.-; X49.-; Z57.5) Transtornos comportamentais e mentais devidos ao álcool (Relacionado com o Trabalho) (F10.2) Problemas relacionados com o emprego e com o desemprego: Condições difíceis de trabalho (Z56.5) Circunstância relativa às condições de trabalho (Y96) Episódios Depressivos (F32.-) Tolueno e outros solventes aromáticos neurotóxicos (X46.-; Z57.5) Tricloroetileno, Tetracloroetileno, Tricloroetano e outros solventes orgânicos halogenados neurotóxicos (X46.-; Z57.5) Brometo de Metila (X46.-; Z57.4 e Z57.5) Manganês e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.5) Mercúrio e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.4 e Z57.5) Sulfeto de Carbono (X49.-; Z57.5) Outros solventes orgânicos neurotóxicos (X46.-; X49.-; Z57.5) Reações ao “Stress” Grave e Transtornos de Adaptação (F43.-): Estado de “Stress” Pós- Traumático(F43.1) Outras dificuldades físicas e mentais relacionadas com o trabalho; reação após acidente do trabalho grave ou catastrófico, ou após assalto no trabalho (Z56.6) Circunstância relativa às condições de trabalho (Y96) Neurastenia (Inclui “Síndrome de Fadiga”) (F48.0) Tolueno e outros solventes aromáticos neurotóxicos (X46.-; Z57.5) Tricloroetileno, Tetracloroetileno, Tricloroetano e outros solventes orgânicos halogenados (X46.-; Z57.5) Brometo de Metila (X46.-; Z57.4 e Z57.5) Manganês e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.5) Mercúrio e seus compostos tóxicos (X49.-; Z57.4 e Z57.5) Sulfeto de Carbono (X49.-; Z57.5) Outros solventes orgânicos neurotóxicos (X46.-; X49.-; Z57.5) Outros transtornos neuróticos especificados (Inclui “Neurose Profissional”) (F48.8) Problemas relacionados com o emprego e com o desemprego (Z56.-): Desemprego (Z56.0); Mudança de emprego (Z56.1); Ameaça de perda de emprego (Z56.2); Ritmo de trabalho penoso (Z56.3); Desacordo com patrão e colegas de trabalho (Z56.5); Outras dificuldades físicas e mentais relacionadas com o trabalho (Z56.6) 33 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Fonte: Brasil (1999) Exercício 3 Quais os 5 grupos de fatores de risco ocupacional? a) Mecânicos, Físicos, Biológicos, Carcinogênicos, Químicos e Psicossociais. b) Físicos, Químicos, Biológicos, Ergonômicos e Psicossociais. c) Físicos, Químicos, Biológicos, Ergonômicos e Vibratórios. d) Físicos, Nucleares, Pós-traumáticos, Ergonômicos e Funcionais. e) Mecânicos, Físicos, Biológicos, Psicossociais e DORT-LER. São muitos os Fatores Psicossociais de Risco no Trabalho e, apesar de todos eles estarem relacionados entre si e serem encontrados agrupando mais ou menos características do ambiente de trabalho, pode-se realizar a classificação abaixo. Segundo Leka et al (2005), Guimarães (2006)) e Guimarães e Freire (2004), são três os grandes grupos de riscos psicossociais relacionados ao trabalho: Fatores ligados à tarefa: oportunidade para desenvolver seus talentos, competências, tipo de trabalho, se monótono, repetitivo, grau de autonomia, controle sobre as pausas e sobre o ritmo de trabalho, pressão de tempos (relação entre o volume de trabalho e o tempo disponível), interrupções incômodas, emotional work (atendimento a utilizadores, público e clientes), trabalho cognitivo (que exige grande esforço intelectual), trabalho sensorial (que exige esforço dos sentidos), entre outros (GUIMARÃES; FREIRE, 2004). Transtorno do Ciclo Vigília-Sono devido a Fatores Não-Orgânicos (F51.2) Problemas relacionados com o emprego e com o desemprego: Má adaptação à organização do horário de trabalho (Trabalho em Turnos ou Trabalho Noturno) (Z56.6) Circunstância relativa às condições de trabalho (Y96) Sensação de Estar Acabado (“Síndrome de Burn-Out” (Z73.0) Ritmo de trabalho penoso (Z56.3) Outras dificuldades físicas e mentais relacionadas com o trabalho (Z56.6) 34 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Fatores ligados à organização do tempo de trabalho: duração e distribuição dos tempos no horário de trabalho, trabalho noturno e por turnos, pausas formais e informais, entre outros (GUIMARÃES, 2006) Fatores ligados à estrutura da organização: apoio social de colegas e superiores hierárquicos, quantidade e qualidade das relações sociais no trabalho, sistemas de participação, práticas de formação e informação, controle do status (estabilidade profissional, mudanças, perspectivas de promoção, tarefas de acordo com a qualificação), estima (respeito e reconhecimento), apoio adequado, trato justo, salário, entre outros. Outros fatores psicossociais: características da empresa e do posto de trabalho (GUIMARÃES, 2006; FERREIRA; MENDES, 2006). A seguir, para um melhor entendimento, apresentamos, segundo o grupo ISASTUR (2013), em que consiste cada um desses fatores, 3.2.7 Fatores Ligados à Tarefa Segundo Ferreira e Mendes (2006) e Guimarães (2006), são vários os fatores psicossociais de risco ligados à tarefa: Conteúdo e significado do trabalho Segundo a WHO (2011), o conteúdo do trabalho deve compreender uma variedade de tarefas, pequenos ciclos de trabalho, trabalho sem fragmentação, sem ausência de significado ou sentido, alto nível de incerteza, exposição continuada da pessoa por meio do seu trabalho. Assim sendo, um trabalho com conteúdo é aquele que permite o trabalhador sentir que o seu trabalho serve para alguma coisa, que é útil no conjunto do processo em que é desenvolvido e para a sociedade em geral, e que lhe oferece a possibilidade de aplicar e desenvolver os seus conhecimentos e capacidades. Para que um trabalho seja interessante deve haver variedade de tarefas e atribuições, o que poderá permitir, ainda, ao trabalhador regular melhor a carga de trabalho. O enriquecimento de tarefas deve dar-se de forma vertical, para que haja, de fato, um enriquecimento psicológico por meio do trabalho, possibilitando o aumento do grau de controle sobre o próprio trabalho e a introdução de tarefas novas e mais difíceis e complexas. 35 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Carga de trabalho Temporariamente, se existe uma demanda aumentada de trabalho, que exija mais do que o habitual ou muito pouco, o trabalhador, provavelmente, não terá dificuldades para se adaptar, mas se esta situação persistir, tanto por excesso (sobrecarga), como por falta (infracarga), pode tornar-se uma fonte importante de estresse. Quando as exigências do trabalho superam a capacidade do sujeito para responder às mesmas (NIOSH, 1999), falamos de sobrecarga de trabalho (FRANKENHAUSER, 1988), que pode ser: Sobrecarga quantitativa: ocorre quando a pressão pelo tempo de execução do trabalho é intensa, isto é, quando o trabalhador não pode regular o ritmo imposto de trabalho e este é elevado; quando ocorre um grande volume de trabalho em relação ao tempo disponível; e/ou quando são numerosas as interrupções que obrigam o trabalhador a deixar momentaneamente as tarefas e voltar a elas mais tarde. Sobrecarga qualitativa: se dá quando a realização do trabalho exige demasiado do trabalhador e este se sente incapacitado ou sem condições de realizar a tarefa a ele designada. Costuma aparecer quando ocorre uma mudança tecnológica e organizacional; quando um trabalhador é promovido sem ter sido previamente informado ou treinado sobre o novo trabalho ou processo de trabalho; ou nos trabalhos de atendimento a usuários, público e/ou clientes. Pode parecer estranho, mas também, quando a realização das tarefas apresenta poucas exigências ao trabalhador, esse pode ser um fator, por vezes de risco para a Saúde Mental e fala-se de infracarga de trabalho (GRUPO ISASTUR, 2013), e esta pode ser: Infracarga quantitativa: quando a atividade (física e/ou mental) da tarefa é escassa, ou quando a presença do trabalhador é necessária, mas as suas intervenções são limitadas; Infracarga qualitativa: quando o conteúdo do trabalho é escasso, ou quando o trabalho é pouco criativo e a 36 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 realização do mesmo não permite ter iniciativa nem tomar decisões. Autonomia Podemos diferenciar três tipos de autonomia, segundo Ferreira e Mendes (2006): Autonomia de tempos: possibilidade de controlar o ritmo de trabalho, a duração e distribuição das pausas e de adaptar o horário e as férias às suas necessidades. Autonomia operacional: possibilidade de influir na ordem das tarefas, de escolherentre elas e o modo de execução, bem como a influência sobre a quantidade e a qualidade das respostas. Autonomia organizacional: possibilidade de intervir na política da empresa, nos objetivos, normas e processos. A falta de autonomia traz menor envolvimento do trabalhador na organização, afetando a sua motivação, gerando insatisfação e reduzindo o seu rendimento no trabalho. Além disso, se esta falta de controle se prolongar, poderá gerar ansiedade e alterações psicossomáticas. Grau de automatização Para Seligmann-Silva (1997), na maioria dos processos automatizados, a organização e o ritmo de trabalho dependem do equipamento, limitando a tarefa do trabalhador a uma série de operações rotineiras e repetitivas, não sendo possível uma visão do conjunto do processo produtivo e originando o empobrecimento do conteúdo do trabalho e um aumento da monotonia. Além disso, a informação recebida e tratada costuma aparecer em um monitor, na forma de símbolos, sinais e gráficos que exigem interpretação (mais ou menos rápida em função da tarefa que se realiza), o que aumenta a carga mental ou cognitiva do trabalho. Pode ocorrer igualmente um empobrecimento das relações pessoais e das possibilidades de comunicação com outros trabalhadores, aparecendo o risco de isolamento. Fonte: http://migre.me/eXtuT 37 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Um agrupamento que pode facilitar em muito o seu entendimento sobre esses importantes aspectos da Saúde Mental do Trabalhador é o seguinte: 3.2.8 Fatores Ligados à Organização do Tempo de Trabalho Período de trabalho diário: duração e distribuição do horário de trabalho A recomendação para determinar quanto deve durar o período de trabalho diário deve levar em consideração alguns fatores: as necessidades de recuperação física e mental do organismo humano e será mais ou menos longo em função da maior ou menor atividade física ou mental (cognitiva) desenvolvida. Em geral, o que os autores mais recomendam é o horário flexível, dando uma margem de tempo no início e no fim do horário de trabalho que permita ao trabalhador realizar as suas atividades pessoais, mas há controvérsias a esse respeito. Há quem considere que um intervalo de almoço mais longo seria o suficiente para a reposição da fadiga ocasionada pelo trabalho. Dicas de Aprofundamento AREIAS, E. Q.; GUIMARÂES, L.A.M. Gênero e estresse em trabalhadores de uma universidade pública do estado de São Paulo. Psicol. estud .vol 9 no 2 Maringá /May / Aug. 2004 Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413- 73722004000200011> Acesso em: 10 mai. 2018. GUIMARAES, L. A. M. Fatores psicossociais de risco no trabalho. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/SandraFlores5/liliana- amguimaraes-factorespsicossociais> Acesso em: 10 mai. 2018. LEKA, S; COX, T.; KORTUN, E. Towards the development of a Psychological.110 Risk Management (PRIMAT). IOHA 2005, PILANESBERG: paper 03. GRUPO ISASTUR. Manual de segurança. Disponível em: <http://www.grupoisastur.com/manual_isastur/data/pt/1/1_10.htm> Acesso em: 10 mai. 2018. 38 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 Horário por turnos O horário por turnos tem uma repercussão direta na saúde, e a afeta em maior ou menor medida, dependendo de cada pessoa. O conjunto de problemas que apresenta centra-se nas consequências decorrentes da mudança constante dos horários de trabalho, levando a importantes consequências no ritmo circadiano ou biológico do trabalhador, da incidência que o horário de tarde tem na vida familiar e social e das repercussões diretas do trabalho noturno na saúde. As mudanças de horário provocam uma série de consequências relacionadas fundamentalmente com a redução da atividade mental e da capacidade de atenção e reação, e com o equilíbrio nervoso e a fadiga (FRANKENHAUSER, 1988), juntamente com alterações do sono que podem repercutir na saúde física, no risco de sofrer acidentes, na qualidade do trabalho e no âmbito familiar (FISCHER, MORENO E ROTENBERG, 2003). Descansos e pausas A distribuição das pausas está ligada ao tipo de horário de trabalho, à possibilidade de flexibilidade do horário e, sobretudo, ao tipo de tarefa (trabalho físico, contato contínuo com clientes ou pacientes, etc.). Como orientação geral, podem ser propostas várias pausas curtas e uma pausa mais longa, aproximadamente na metade do período de trabalho diário, que permita uma ruptura da atividade realizada (FERREIRA; MENDES, 2006). Dicas de Aprofundamento Artigo - GUIMARÃES, L.A.M.; PROVAZI, L.T. Transtornos Mentais e trabalho em turnos alternados em operários de mineração de ferro de Itabira (MG), Brasil. J. bras. psiquiatr;52(4):283-289, jul.-ago. 2003. Livro - SOUZA, J.C.R.P.; GUIMARÃES, L.A.M. Insônia e Qualidade de Vida. Campo Grande: UCDB, 1999. 39 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 3.2.9 Fatores Ligados à Estrutura da Organização Definição da tarefa: definição extrema ou indefinição Os trabalhadores precisam saber o que se espera deles, quais são as suas atribuições, até onde podem chegar e o que podem ou não fazer. Por isso, cada posto de trabalho deve ter uma clara definição das tarefas associadas ao mesmo. Além disso, também deve ser claramente definido o organograma de comando, o grau de autonomia, se o trabalho vai ser realizado em equipe ou não, bem como as consequências das suas decisões, de forma a evitar situações conflitivas (BEZERRA, 2011, p. 34) Estrutura da hierarquia: hierarquização vertical ou horizontal Para Benevides (2010), conhecer a estrutura da empresa e o lugar que cada um ocupa na mesma é importante para o desenvolvimento, tanto dos trabalhadores como da própria empresa. O autor define e descreve, a seguir, os tipos de liderança: Estilo de liderança - Autoritário: Caracterizado pela centralização da autoridade e do processo de fazer. O poder do líder é conferido pela posição e pelo foco na tarefa. - Paternalista ou demagógico: se caracteriza por antepor os interesses pessoais às demandas da Organização. O líder utiliza métodos de controlo gerais e moderados, porém, ao contrário do que possa parecer, não facilita a participação dos trabalhadores e pode gerar mal-estar entre os membros do grupo. - "Laissez-faire": O comportamento Laissez-faire é a vacância completa de liderança. Estes não-líderes abdicam completamente de seu papel da liderança e se recusam a tomar decisões Este é um líder que é "relativamente sem atenção, indiferente, frequentemente ausente e sem influência". - Democrático: caracterizado pela participação e envolvimento dos funcionários no processo de tomada de decisão, pela delegação da autoridade e pela decisão em conjunto da forma e 40 www.virtual.ucdb.br | 0800 647 3335 dos métodos de trabalho. O poder do líder é conferido pelo grupo e o mesmo tem preocupação com as relações humanas. Canais de informação e comunicação A informação que o trabalhador precisa conhecer, tanto para desempenhar adequadamente o seu trabalho, como para trabalhar sem riscos para a sua segurança e saúde, deve ser transmitida de forma clara e simples e deve chegar a todo o pessoal. Daí a importância de estabelecer e manter ativos canais de comunicação eficientes, que irão favorecer a participação dos trabalhadores e que podem ajudar a reduzir a acidentalidade. Relações entre departamentos
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