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FACULDADE DE SÃO SEBASTIÃO AMANDA NOVAES ROCHA CARLOS ALBERTO DE FREITAS FARIA ISAAC MAGNO SANTANA JAKSON FERNANDO SOUSA OLIVEIRA JHULIA TAVARES DOS SANTOS SAMUEL SANTOS MOREIRA THAINARA DE SOUZA SANTOS DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PROCEDIMENTOS ESPECIAIS EMBARGOS DE TERCEIROS SÃO SEBASTIÃO - SÃO PAULO 2020 AMANDA NOVAES ROCHA CARLOS ALBERTO DE FREITAS FARIA ISAAC MAGNO SANTANA JAKSON FERNANDO SOUSA OLIVEIRA JHULIA TAVARES DOS SANTOS SAMUEL SANTOS MOREIRA THAINARA DE SOUZA SANTOS DIREITO PROCESSUAL CIVIL – PROCEDIMENTOS ESPECIAIS EMBARGOS DE TERCEIROS Trabalho realizado para a disciplina de Direito Processual Civil – Procedimentos Especiais, ministrada pelo professor Diogo Nogueira. SÃO SEBASTIÃO - SÃO PAULO 2020 Sumário Conceito ............................................................................................................ 4 Fundamentação ................................................................................................ 4 Prazo ................................................................................................................. 4 Requisitos específicos de admissibilidade.................................................... 5 Que possa ocorrer ou ocorra um ato de apreensão judicial ............................... 5 Que seja interposto, por quem possua a condição de proprietário ou possuidor 5 Ampliação do conceito de terceiro ..................................................................... 6 Que a apreensão seja indevida .......................................................................... 7 Embargos de terceiro do cônjuge ou companheiro. ........................................... 7 Embargos de terceiro em casos de penhora de bens de sócios ........................ 8 Embargos de terceiros do adquirente em fraude à execução ............................ 9 Embargos de terceiro do credor com garantia real não intimado ....................... 9 Procedimentos ............................................................................................... 10 Petição Inicial ................................................................................................... 10 Audiência preliminar ......................................................................................... 11 Princípio da adstrição, da correlação ou da congruência ................................. 11 Caução ............................................................................................................. 12 Dinâmica da ação de embargos de terceiro ..................................................... 12 Rol taxativo....................................................................................................... 13 Acordão ........................................................................................................... 13 Tribunal de Justiça do Amazonas .............................................................. 13 Tribunal de Justiça de São Paulo .............................................................. 17 Bibliografia ...................................................................................................... 18 Conceito Os embargos de terceiro são conceituados como um instrumento processual que objetiva a intervenção de terceiros em um processo judicial, o qual já esteja em andamento, quando seus bens sofrem, ou possam vir a sofrer, ameaça de constrição. Partindo do princípio de que, em uma ação, a execução deva alcançar apenas os bens do executado, e que a posse ou os bens de outra pessoa que não seja parte do processo não podem sofrer consequências diretas dessa execução, utiliza-se a ação de “embargos de terceiro” como meio de defesa. Fundamentação Inserido no Código de Processo Civil, Título III – Procedimentos Especiais -, o capítulo VII, disciplina sobre a ação de embargos de terceiros. Essa ação se regula através dos artigos 674 a 681. Prazo Disposto no artigo 675 do CPC “Os embargos podem ser opostos a qualquer tempo no processo de conhecimento enquanto não transitada em julgado a sentença e, no cumprimento de sentença ou no processo de execução, até 5 (cinco) dias depois da adjudicação, da alienação por iniciativa particular ou da arrematação, mas sempre antes da assinatura da respectiva carta. Parágrafo único: Caso identifique a existência de terceiro titular de interesse em embargar o ato, o juiz mandará intimá-lo pessoalmente. Requisitos específicos de admissibilidade Os embargos de terceiros, por formar uma nova ação, deve cumprir todos os pressupostos e requisitos comuns, estabelecidos a todos os processos. Entretanto, deve cumprir requisitos específicos para que ocorra sua formação seja válida. São eles: Que possa ocorrer ou ocorra um ato de apreensão judicial Os embargos de terceiros só poderão ser ajuizados como meio de exigir a anulação de algum ato constritivo judicial, originada por uma decisão em outro processo (de qualquer tipo, como, processo de conhecimento, execução, tutela provisória). Pode também ser utilizado de forma preventiva, ou seja, não é necessário que a apreensão seja consumada. Disposto no artigo 674, do CPC. Temos como exemplo de ato constritivo judicial, a penhora, depósito, arresto, sequestro, alienação judicial, arrecadação, arrolamento, inventário e partilha. Se a posse do bem, se perder, devido outro acontecimento, por meio de ato particular ou da Fazenda Pública, deverá ser ajuizado ação possessória. Que seja interposto, por quem possua a condição de proprietário ou possuidor Possui legitimidade para ajuizar uma ação de embargos de terceiros: Aquele que não faz parte do processo que determinou o ato constritivo judicial; Conforme o artigo 674, parágrafo 1°, do CPC, ser terceiro proprietário, inclusive fiduciário (aquele quem foi transferida a propriedade como garantia, em alienação fiduciária), ou possuidor. Anteriormente, era aplicado a Súmula 621, do STF, onde exigia-se o registro do compromisso de compra e venda, mesmo sendo comprovada a posse do bem, para poder opor embargos de terceiros. Esse entendimento deixou de ser utilizado, e o STJ, emitiu a Súmula 84, onde diz que “é admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda de contrato de compromisso de compra e venda desprovido de registro imobiliário.”, Ou seja, permite que o compromissário comprador possa opor tal ação Ampliação do conceito de terceiro Além do terceiro proprietário, inclusive fiduciário (aquele quem foi transferida a propriedade como garantia, em alienação fiduciária), ou possuidor, conforme disposto no artigo 674, parágrafo 1°, o Código de Processo Civil traz outras hipóteses, que serão considerados terceiro, possuindo legitimidade para interpor embargos de terceiros. Está previsto no artigo 674, parágrafo 2°, do CPC, que: “Considera-se terceiro, para ajuizamento dos embargos: I - o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843 ; II - O adquirente de bens cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em fraude à execução; III - quem sofre constrição judicial de seus bens por força de desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte; IV - O credor com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios respectivos. ” Que a apreensão seja indevida É necessário que a pessoa esteja na posição de terceiro, mas que não seja responsável pelo pagamento da dívida. Os embargos de terceirotêm por finalidade afastar a apreensão judicial indevida – quando recai sobre bem de quem não é parte no processo, conforme artigo 674, incisos I, II e III CPC. Embargos de terceiro do cônjuge ou companheiro. Independentemente do regime de casamento ou o instituto para União Estável o companheiro ou cônjuge responderá pelas dívidas adquiridas pelo o outro, desde que tenham sido algo de proveito para ambos. É importante destacar que a penhora pode recair sobre os bens do outro, mesmo que a execução tenha sido preferida apenas contra o companheiro ou cônjuge que firmou o título executivo. A jurisprudência autoriza ainda a utilização tanto dos embargos a execução como os embargos de terceiro, por parte do cônjuge ou companheiro, de acordo com o que ele for alegar. Pode também propor embargos de terceiro quando desejar liberta- se da contrição a sua meação ou seus bens próprios que tenham sido atingidos conforme o artigo 674, § 2º, inciso I, CPC. O ônus será do embargante, já que se presume que as dívidas contraídas por um sempre se revertem em proveito do outro, seja qual for o regime de bens. Por existir uma certa complexidade do assunto, admite-se em termos uma certa fungibilidade entre os embargos opostos pelo cônjuge ou companheiro, dessa forma o Juiz poderá receber os embargos de devedor como embargos de terceiros ou vice-versa. Em algum caso pode acontecer de a penhora recair sobre bens indivisíveis do casal e que algum dos cônjuges livre-se da meação. Assim o bem pode ir a hasta pública inteiro, e o valor adquirido com a venda será restituído em dinheiro de acordo com a parte pertencente ao cônjuge, correspondendo à sua meação conforme artigo 843 do CPC. Embargos de terceiro em casos de penhora de bens de sócios Quando a execução é sobre pessoa jurídica a penhora só poderá recair sobre seus próprios bens e não dos sócios desde que verificada as hipóteses do art.50 do CC ou art.28 do CDC, o juiz pode considera a personalidade jurídica da empresa e estender a responsabilidade patrimonial aos bens pessoais dos sócios. Os sócios normalmente não poderão se valer dos embargos de terceiro, só se valeram dos embargos ou cumprimento de sentença. Só poderão se valer dos embargos de terceiro quando o juiz estender a responsabilidade patrimonial os bens dos sócios. Embargos de terceiros do adquirente em fraude à execução Se constatada a fraude a alienação terá ineficácia, o credor poderá requerer a penhora do bem em mãos do adquirente mesmo a execução não sendo contra ele e sim contra o alienante. Para se caracterizar como fraude à execução a alienação tem que ocorrer depois da citação do devedor. É necessário que se observação a sumula nº375 do STJ. “Sumula nº 375 STJ: O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente”. A sumula 375 STJ consolidou a posição jurisprudencial no sentido de ser imprescindível o registro da penhora do bem alienado ou a prova de má-fé do terceiro adquirente para o reconhecimento da fraude à execução. Embargos de terceiro do credor com garantia real não intimado Na fase de execução os credores com garantia real são intimados da penhora e da expropriação dos bens gravados, para que assim por terem direito a preferência. Caberá embargos de terceiro quando não forem intimados da alienação judicial com no mínimo dias de antecedência. Desse modo a alienação não poderá ser realizada, porém o credor não pode se opor a oura que seja designada, assim faz-se necessário da intimação antecipada. Procedimentos Art. 677. Na petição inicial, o embargante fará a prova sumária de sua posse ou de seu domínio e da qualidade de terceiro, oferecendo documentos e rol de testemunhas. § 1º É facultada a prova da posse em audiência preliminar designada pelo juiz. § 2º O possuidor direto pode alegar, com a sua posse, o domínio alheio. § 3º A citação será pessoal, se o embargado não tiver procurador constituído Nos autos da ação principal. § 4º Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição aproveita, assim como o será seu adversário no processo principal quando for sua a indicação do bem para a constrição judicial. Petição Inicial Inaugura a ação de embargos de terceiro, onde se deve comprovar que o autor: (a) é terceiro em relação ao processo no qual a constrição foi aperfeiçoada ou se encontra em vias de ser; (b) é proprietário/possuidor ou possuidor da coisa injustamente atingida pela constrição, ou que se encontra em vias de ser. A comprovação será feita através de prova documental ou prova testemunhal, esta que visa suprir a deficiência ou ausência de prova documental. Dinâmica na primeira fase Comprovado o preenchimento dos requisitos gerais e dos específicos, o magistrado: (a) prolata decisão de natureza interlocutória, determinando a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração de posse, se o embargante a houver requerido (art. 678); (b) designa dia e hora para a realização da audiência preliminar, que não se confunde com a audiência disciplinada pelo art. 357. Audiência preliminar Na ação de embargos de terceiro, a audiência preliminar é designada para a ouvida das testemunhas arroladas pelo autor, objetivando a formação do convencimento do magistrado no que se refere à manutenção ou à restituição do bem em seu favor. Os embargados devem ser intimados para comparecer ao ato, em respeito ao princípio do contraditório e da ampla defesa (inciso LV do art. 5º da CF), podendo formular perguntas às testemunhas e contraditá-las, alegando impedimento ou suspeição. Enunciado nº 178 do III FPPC-Rio: O valor da causa nas ações fundadas em posse, tais como as ações possessórias, os embargos de terceiro e a oposição, deve considerar a expressão econômica da posse, que não obrigatoriamente coincide com o valor da propriedade. Enunciado nº 186 do III FPPC-Rio: A alusão à “posse” ou a “domínio” nos arts. 677, 678 e 681 deve ser interpretada em consonância com o art. 674, caput, que, de forma abrangente, admite os embargos de terceiro para afastar constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre quais tenha “direito incompatível com o ato constritivo”. Art. 678. A decisão que reconhecer suficientemente provado o domínio ou a posse determinará a suspensão das medidas constritivas sobre os bens litigiosos objeto dos embargos, bem como a manutenção ou a reintegração provisória da posse, se o embargante a houver requerido. Princípio da adstrição, da correlação ou da congruência Atentos à parte final da norma em comentário, percebemos que a manutenção ou a reintegração de posse depende de requerimento expresso por parte do embargante, o que significa dizer que a providência não pode ser adotada de ofício pelo magistrado. Parágrafo único. O juiz poderá condicionar a ordem de manutenção ou reintegração provisória de posse à prestação de caução pelo requerente, ressalvada a impossibilidade da parte economicamente hipossuficiente. Caução Caução é gênero, com as espécies da caução real e da caução fidejussória, devendo ser proporcional ao valor do(s) bem(ns) atingido(s) pelo ato de constrição. Enunciado nº 186 do III FPPC-Rio: A alusão à “posse” ou a “domínio” nos arts. 677, 678 e 681 deve ser interpretada em consonância com o art. 674, caput, que, de forma abrangente, admite os embargos de terceiro para afastar constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre quais tenha “direito incompatível com o ato constritivo”. Art. 679. Os embargos poderão ser contestados no prazo de 15 (quinze) dias, findo o qual se seguirá o procedimento comum. Dinâmica daação de embargos de terceiro Decorrido o prazo para a apresentação da contestação, o processo pode seguir por um dentre dois caminhos: (a) pode ser julgado de modo antecipado, quando o embargado for revel, ou quando a causa versar apenas questão de direito, ou, sendo de direito e de fato a última parte houver sido esclarecida por documentos; (b) pode ser encaminhado à fase de instrução probatória, para produção das provas, ato seguido da apresentação das razões finais e da prolação da sentença. Súmula 303 do STJ: “Em embargos de terceiro, quem deu causa à constrição indevida deve arcar com os honorários advocatícios.” Art. 680. Contra os embargos do credor com garantia real, o embargado somente poderá alegar que: I – o devedor comum é insolvente; II – o título é nulo ou não obriga a terceiro; III – outra é a coisa dada em garantia. Rol taxativo Quando os embargos de terceiro são opostos por credor com garantia real (hipoteca, penhor, anticrese etc.), o embargado (exequente do processo de execução, por exemplo) só pode alegar as matérias dispostas na norma em exame, redigida em numerus clausus. Art. 681. Acolhido o pedido inicial, o ato de constrição judicial indevida será cancelado, com o reconhecimento do domínio, da manutenção da posse ou da reintegração definitiva do bem ou do direito ao embargante. Enunciado nº 186 do III FPPC-Rio: A alusão à “posse” ou a “domínio” nos arts. 677, 678 e 681 deve ser interpretada em consonância com o art. 674, caput, que, de forma abrangente, admite os embargos de terceiro para afastar constrição ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre quais tenha “direito incompatível com o ato constritivo”. Acordão Tribunal de Justiça do Amazonas Embargos de Terceiros n. º 4001500-89.2016.8.04.0000 Embargante: Betsabá Roque Marinho Embargado: Associação dos Subtenentes, Sargentos e Oficiais da Administração da Polícia – Assoapbmam Relatora: Onilza Abreu Gerth – Juíza de Direito Convocada A primeira ação que deu ensejo ao Embargo de Terceiro foi a Ação Rescisória n°4001365-82.2013.8.04.0000 que bloqueou a matrícula n° 9.267 junto ao Cartório 1° Ofício. A embargante bateu às portas do Poder Judiciário com a seguintes alegações: foi surpreendida com a constrição judicial, que parte do terreno referente a matrícula 9267 adquirida em 1987, tem a devida escritura de compra e venda registrada em cartório, assim como o recibo da respectiva compra, ITBI devidamente pagos, e IPTU com comprovante dos últimos 4 anos pagos. Nos pedidos do Embargos de Terceiro requer a suspensão da medida constritiva na matrícula 9267, da mesma maneira que reconheça o domínio e do direito da embargante para proceder a averbação de parte do terreno e, portanto, o desmembramento, fundamenta seu direito nos arts. 678 a 681, do Código de Processo Civil. A embargada, por sua vez, se ateve apenas alegações ilegitimidade da parte relatou na contestação que a embargante não registrou a escritura de compra e venda perante o cartório de imóveis competente, e por este fato jamais adquiriu a propriedade do bem e que a embargante só teria mera expectativa de direito, se conseguisse provar o exercício da posse. Requereu, ainda, o seu afastamento do polo passivo da demanda, bem como que ação seja julgada sem resolução de mérito na forma do art. 354 c/com art. 485, inciso I. VOTO A Relatora afastou a alegação da embargada de ilegitimidade passiva com fulcro no § 4° do art. 677 do Código de Processo Civil, in verbis: Art. 677(...) § 4º Será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição aproveita, assim como o será seu adversário no processo principal quando for sua a indicação do bem para a constrição judicial. Assim resta afastada a alegação da ilegitimidade passiva, visto que a embargada que se aproveitaria do ato de constrição, também, por ilação, de acordo com o § 4° do art. 677 a constrição se deu por requerimento da ora embargada. Da mesma forma foi arredada menção da ilegitimidade ativa afirmada pela embargada, uma vez que a embargante não foi parte da Ação Rescisória e sofreu a constrição sobre seu bem, e consequentemente poderá requerer o desfazimento ou sua inibição por meio do embargo de terceiro nos moldes do art. 677, caput do CPC. De mais a mais o argumento de que o embargante não teria legitimidade porque possui apenas a mera expectativa de direito, posto que não levou a registro o imóvel em cartório competente, não prosperou, a Embargante demostrou a posse do bem com a juntada nos autos da Escritura de Compra e Venda firmada com Luiz Francisco e sua esposa junto ao cartório de notas, recibo e comprovante de pagamento de IPTU em vários exercícios. A Relatora fundamentou sua decisão com a afirmação que é sedimentado o entendimento do Superior Tribunal de Justiça que não a óbice para a proposição da Ação de Embargo de Terceiro decorrente de compromisso de compra e venda, ainda que desprovida de registro pode ser usado como fundamento para oposição de Embargos de Terceiros. Súmula 84. É admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de posse advinda do compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido do registro ASSIM DECIDIU A RELATORA: Conquanto o documento careça de registro, o que se percebe, pela análise das provas estampadas nos autos dos embargos, o Embargante possui Escritura Pública de Compra e Venda, recibo e comprovantes de pagamento de IPTU, sendo a parte quem produziu a melhor prova. Com efeito, não há nos Autos nenhum documento demonstrando que o domínio ou a posse do bem pertence ao Embargado, no que tange à matrícula n. º 9.267, junto ao Cartório do 1.º Ofício de Registro de Imóveis. Desta forma, o Embargante se desincumbiu do ônus que lhe incumbia e o Embargado deixou de demonstrar os fatos impeditivos, extintivos ou modificativos do direito do Embargante, porquanto este juntou Escritura de Compra e Venda e o Embargado, por sua vez, se limitou a fazer declarações desprovidas de qualquer substrato probatório. Nessa linha, reconheceu a escritura como documento hábil de demonstração do efetivo exercício da posse, sem outra posse que lhe contradiga como melhor posse, e a inexistência de qualquer indício de má-fé do embargante. O parecer ministerial exercido pelo Excelentíssimo Procurador de Justiça corrobora com a linha de pensamento da Excelentíssima Relatora. “Com estes fundamentos apresentado, em consonância com o Parecer Ministerial, DOU PROVIMENTO ao recurso para desconstituição da penhora sobre o imóvel do Embargante, no que tange à matrícula n. º 9.267, junto ao Cartório do 1.º Ofício de Registro de Imóveis, nos termos constantes da Inicial. ” “Custas processuais, recursais e honorários de sucumbência pelo Embargante, suspensa a exigibilidade, por litigar sob o pálio da justiça gratuita. ” “É como voto. ” Tribunal de Justiça de São Paulo APELAÇÃO - EMBARGOS DE TERCEIRO: Nº 0000541-62.2012.8.26.0309 APELANTE: MARCELO ORRU APELADOS: ESPÓLIO DE JOSÉ ANTÔNIO ORSINI, SORAYA SAVINI ORSINI E SIMONE ORSINI MOREIRA JUIZ: HENRIQUE NADER Trata-se de embargos de terceiro interpostos em relação ao arresto de bens determinado nos autos de ação de dissolução de sociedade, alegando o autor que adquiriu o imóvel antes da efetivação do arresto, sendo adquirente de boa-fé, inexistindo fraude ou irregularidade quando da aquisição do bem. Inicialmente, o embargado José Antônio Orsini ingressou com ação de dissolução de sociedade e apuração de haveres contra seus sócios e a empresa TODIBO EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS. No curso desta ação faleceu o autor, passando a figurar no processo o Espólio. Em 31/01/2002, houve uma decisão judicial que julgou o processo extinto em relação à ré TODIBO, porém em 31/10/2008foi decidido como equivocada a anterior exclusão da empresa, sendo reintroduzida no polo passivo da lide, e em 2009 averbado o arresto. Ocorre que, um dos lotes da referida empresa havia sido alienado para terceiro em 12/06/2007, período em que a empresa TODIBO não constava como ré no processo. Expostos elementos probatórios que permitem concluir que o negócio antecedeu a constrição do bem, portanto a boa-fé do adquirente, foi julgada a ação procedente. Bibliografia http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm - Acesso em 11/05/2020 Gonçalves, Marcus Vinicius Rios Direito processual civil esquematizado® / Marcus Vinicius Rios Gonçalves. – 8.ed. – São Paulo: Saraiva, 2017. (Coleção esquematizado® /coordenador Pedro Lenza) Montenegro Filho, Misael - Novo Código de Processo Civil Comentado – 3. ed. rev. e atual. – São Paulo: Atlas, 2018
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