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ACORDÃO - ANEXO - TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO AMAZONAS

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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO AMAZONAS
JUÍZA DE DIREITO CONVOCADA ONILZA ABREU GERTH 
_______________________________________________________________________________________________________________
III 1
Câmaras Reunidas
Embargos de Terceiros n.º 4001500-89.2016.8.04.0000 
Embargante : Betsabá Roque Marinho
Embargado : Associação dos Subtenentes, Sargentos e Oficiais da Administração da 
Polícia - Assoapbmam
Relatora : Onilza Abreu Gerth – Juíza de Direito Convocada
EMENTA: EMBARGOS DE TERCEIRO. ILEGITIMIDADE 
PASSIVA E IMPOSSIBILIDADE DO MANEJO DE 
EMBARGOS DE TERCEIRO. PRELIMINARES 
REJEITADAS. CONSTRIÇÃO JUDICIAL. IMÓVEL. 
ESCRITURA DE COMPRA E VENDA. EMBARGOS 
CONHECIDOS E PROVIDOS. 1. Pela sistemática do art. 677, 
do CPC, será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de 
constrição aproveita, assim como o será seu adversário no 
processo principal quando for sua a indicação do bem para a 
constrição judicial; 2. Não merece prosperar a alegação do 
Embargado, no que tange à impossibilidade do manejo dos 
presentes Embargos de Terceiro, na forma do art. 675, do CPC; 
3. O art. 674, do CPC preceitua que os Embargos de Terceiro 
constitui Ação a ser proposta por quem, não sendo parte no 
processo, sofrer constrição ou ameaça de constrição sobre bens 
que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com o 
ato constritivo, poderá requerer o seu desfazimento ou sua 
inibição. 4. Segundo a jurisprudência do Superior Tribunal de 
Justiça, a posse decorrente de escritura de compra e venda, 
ainda que desprovida do respectivo registro, pode ser utilizada 
como fundamento para a oposição de embargos de terceiro, cuja 
inexistência do registro na matrícula dos imóveis não obsta 
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO AMAZONAS
JUÍZA DE DIREITO CONVOCADA ONILZA ABREU GERTH 
_______________________________________________________________________________________________________________
III 2
procedência do pedido, para desconstituir a constrição judicial 
sobre o bem; 5. Embargos de Terceiro conhecidos e providos, 
em consonância com o Parecer Ministerial.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os Autos em epígrafe, em que são partes acima 
indicadas, ACORDAM, os Excelentíssimos Senhores Desembargadores integrantes das 
Egrégias Câmaras Reunidas do Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas, por 
______________ de votos, em CONHECER e DAR PROVIMENTO aos Embargos de 
Terceiro, em consonância com o Parecer Ministerial, nos termos do voto da Relatora.
Desembargador Presidente
ONILZA ABREU GERTH
Juíza de Direito Convocada conforme Portaria n.° 660/2018 - PTJ
Relatora
Procurador de Justiça
RELATÓRIO
Cuida-se de Embargos de Terceiro ajuizado por 
BETSABÁ ROQUE MARINHO em desfavor de ASSOCIAÇÃO DOS SUBTENENTES, 
PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO AMAZONAS
JUÍZA DE DIREITO CONVOCADA ONILZA ABREU GERTH 
_______________________________________________________________________________________________________________
III 3
SARGENTOS E OFICIAIS DA ADMINISTRAÇÃO DA POLÍCIA - ASSOAPBMAM, ao 
argumento de que foi determinado, nos Autos da Ação Rescisória de n.º 
4001365-82.2013.8.04.0000, o bloqueio na matrícula n.º 9.267 junto ao Cartório do 1.º Ofício, 
cujo imóvel fora adquirido pela Embargante no ano de 1987.
Em suas razões, argumenta que fora surpreendida com tal 
constrição, na medida em que comprou, no ano de 1987, parte do terreno referente à matrícula 
9.267, com escritura de compra e venda devidamente registrada, bem como recibo de compra 
e venda, ITBI devidamente pago, inclusive IPTU, com comprovante de pagamento dos 
últimos 4 anos.
Defende que tomou ciência da situação a pouco tempo, 
tendo em vista acreditar que estava tudo averbado, pois toda a transação fora feita em cartório, 
inclusive mediante o pagamento do imposto de transmissão de bens imóveis.
Salienta, ademais, que as provas validam a sua pretensão 
pela suspensão da medida constritiva na matricula 9.267, bem como o reconhecimento do 
domínio e do direito da Embargante, para que a mesma possa requerer ao Cartório do 1.º 
Ofício de Registro de Imóveis, que proceda a averbação da venda de parte do terreno e 
consequente desmembramento, direito esse garantido pelos artigos 678 e 681, do Código de 
Processo Civil.
Às fls. 59/62, Contestação da parte Requerida, onde alega, 
em síntese que a Requerente não se desincumbiu de levar o seu título translativo - escritura de 
compra e venda - perante o oficial de registro de imóveis competentes, posto que já se 
passaram várias décadas, e o Requerente sequer preocupou-se em registrar o mesmo, portanto, 
jamais adquiriu a propriedade do bem, tento apenas expectativas de direito, isso, se estiver 
exercendo a posse sobre o bem.
Por fim, requer seja afastado do pólo passivo da demanda, 
bem como seja julgada sem resolução de mérito nos termos do art. 354 c/c art. 485, inciso I, 
do CPC, uma vez que não preenche os requisitos do art. 675, do CPC.
Às fls. 106/110, Parecer do Graduado Órgão Ministerial, 
manifestando-se pelo conhecimento e acolhimento dos Embargos.
É o sucinto relatório.
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JUÍZA DE DIREITO CONVOCADA ONILZA ABREU GERTH 
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III 4
VOTO
Inicialmente, com relação à alegada ilegitimidade passiva 
apontada pela parte Embargada, consigno que esta deve ser afastada, uma vez que pela 
sistemática do art. 677, do CPC, será legitimado passivo o sujeito a quem o ato de constrição 
aproveita, assim como o será seu adversário no processo principal quando for sua a indicação 
do bem para a constrição judicial, vejamos:
Art. 677. (...)
Parágrafo 4º. Será legitimado passivo o sujeito a quem o 
ato de constrição aproveita, assim como o será seu 
adversário no processo principal quando for sua a 
indicação do bem para a constrição judicial.
Destacamos que o Superior Tribunal de Justiça, ainda na 
égide do CPC/1973, já adotava tal definição de legitimado passivo: “Devem integrar o pólo 
passivo da ação de embargos de terceiro todos aqueles que, de algum modo, se 
favoreceram do ato constritivo, situação na qual se insere o executado, quando parte dele 
a iniciativa de indicar à penhora o bem objeto da lide” (Resp n. 739.985-PR, rel. Min. João 
Otávio de Noronha, j. 5.11.2009).
Ademais, igualmente não merece prosperar a alegação do 
Embargado, no que tange à impossibilidade do manejo dos presentes Embargos de Terceiro, 
na forma do art. 675, do CPC, razão pela qual se destaca o ensinamento de Montenegro Filho, 
para quem os embargos de terceiro “não passam de uma ação possessória, esta é sua 
natureza jurídica, malgrado o código não o trate como tal e a jurisprudência e doutrinas 
majoritárias não aludem também desta forma”. Justifica sua posição, asseverando que, “em 
hipótese da alegação de possuidor, o embargante fundará seu direito na mesma senda dos 
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III 5
requisitos de toda e qualquer ação possessória, na tentativa de elucidar o espírito do 
juiz”2.
Por seu turno, Humberto Theodoro Junior, aduz que “a 
natureza jurídica dos embargos de terceiros é múltipla, vez que engloba diversos elementos 
heterogêneos, tornando-se uma figura complexa”. Continua o exímio mestre explicando a 
heterogenia referida de tal instituto asseverando que “háuma natural carga declaratória, um 
notável peso constitutivo e por fim uma intensa carga de executividade”3.
Ademais, vale lembrar que o caráter do dispositivo (art. 
675, do CPC) é meramente exemplificativo, pois, “se o objetivo da norma em tela é preservar 
os bens de terceiro ameaçados por um processo que não é parte, qualquer ato realizado ou 
de ameaça podem ser enfrentados pelos embargos de terceiro”4.
Assim, corroboro do entendimento5 de que no dia a dia da 
realidade judiciária o que se nota é a utilização do instituto dos Embargos de Terceiro, 
preponderantemente, em três hipóteses: a) Sócio sofrer penhora de bens de sua propriedade, 
devido a apreensão determinada em ação de execução em face da pessoa jurídica que ele é 
parte; b) Cônjuge, almejando provar que divida da execução não se origina de negocio 
jurídico em favor da família, tem sua meação alcançada pela penhora por ação movida 
contra seu esposo ou esposa. c) Promitente comprador de imóvel ver seu bem constringido, 
que ainda permanece no nome do alienante, embora prometida a venda àquele.
Pelas razões então expostas, rejeito as preliminares 
levantadas pelo Embargado.
Presentes os pressupostos de admissibilidade, conheço do 
recurso.
Pois bem.
A controvérsia recursal cinge-se em decidir sobre a 
manutenção, ou não, da medida constritiva sobre imóvel da Embargante, como parte constante 
2 Misael Montenegro Filho Curso de Direito Processual Civil Volume III página 406
3 Humberto Theodoro Junior Curso de Direito Processual Civil Volume II página 276
4 Humberto Theodoro Junior Curso de Direito Processual Civil Volume II página 278
5 Misael Montenegro Filho Curso de Direito Processual Civil Volume III página 404
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JUÍZA DE DIREITO CONVOCADA ONILZA ABREU GERTH 
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III 6
da matrícula n.º 9.267, junto ao Cartório do 1.º Ofício de Registro de Imóveis, em razão de 
desmembramento.
O art. 674, do CPC preceitua que os Embargos de Terceiro 
constitui Ação a ser proposta por quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou 
ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível com 
o ato constritivo, poderá requerer o seu desfazimento ou sua inibição.
Segundo Nelson Nery Júnior e Rosa Maria de Andrade 
Nery:
"(...) trata-se de ação de conhecimento, constitutiva-
negativa, de procedimento especial sumário, cuja 
finalidade é livrar o bem ou direito de posse ou 
propriedade de terceiro da constrição judicial que lhe foi 
injustamente imposta em processo de que não faz parte. O 
embargante pretende obter a liberação (manutenção ou 
reintegração na posse), ou evitar a alienação de bem ou 
direito indevidamente constrito ou ameaçado de o ser." 
(in, Código de Processo Civil Comentado e Legislação 
Extravagante, 9ª ed., RT, p. 1030)
Pois bem. Para comprovar seu direito, o Embargante 
juntou aos autos Escritura de Compra e Venda firmada com Luiz Francisco de Souza e sua 
esposa (fls. 17/18), junto ao Cartório do 1.º Ofício de Notas, recibo de compra e venda (fl. 19) 
e, comprovantes de pagamento de IPTU em vários exercícios (fls. 22/25), pelos quais 
pretende demonstrar a posse sobre o bem.
Como cediço, a inexistência do registro na matrícula dos 
imóveis não obsta procedência do pedido aviado nos Embargos de Terceiro, uma vez que a 
jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça é uníssona ao entender que a posse decorrente 
do compromisso de compra e venda, ainda que desprovida do respectivo registro, pode ser 
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III 7
utilizada como fundamento para a oposição de Embargos de Terceiros. Confira-se:
AGRAVO REGIMENTAL. EMBARGOS DE 
TERCEIRO. PROMITENTE COMPRADOR. BOA-FÉ. 
DEFESA DA POSSE CONTRA PENHORA DE 
IMÓVEL OBJETO DE NEGÓCIO. INEXISTÊNCIA DE 
REGISTRO NO CARTÓRIO IMOBILIÁRIO. 
POSSIBILIDADE. SÚMULA N. 84/STJ. 1. O celebrante 
de promessa de compra e venda tem legitimidade para 
proteger a posse contra penhora incidente sobre o 
imóvel objeto do negócio jurídico, ainda que 
desprovido de registro, desde que afastadas a má-fé e a 
hipótese de fraude à execução. Súmula n. 84 do STJ. 2. 
Agravo regimental desprovido. (STJ, AgRg no AREsp 
172.704/DF, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE 
NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 
19/11/2013, DJe 27/11/2013). (g.n.).
PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO 
REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO 
ESPECIAL. EMBARGOS DE TERCEIRO EM 
EXECUÇÃO FISCAL. SUPOSTA OFENSA AO ART. 
535 DO CPC. INEXISTÊNCIA DE OMISSÃO. 
FUNDAMENTO DO ACÓRDÃO RECORRIDO 
INATACADO. INCIDÊNCIA DA SÚMULA 283 DO 
STF. (...) IV. A jurisprudência do Superior Tribunal de 
Justiça é pacifica no sentido de que "celebração de 
compromisso de compra e venda, ainda que não tenha 
sido levado a registro no Cartório de Registro de 
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III 8
Imóveis, constitui meio hábil a impossibilitar a 
constrição do bem imóvel, discutido em execução fiscal, 
e impede a caracterização de fraude à execução, (...)" 
(STJ, REsp 974.062/RS, Rel. Ministra DENISE 
ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, DJU de 05/11/2007). V. 
O Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula 84, que 
preceitua: "É admissível a oposição de embargos de 
terceiro fundados em alegação de posse advinda do 
compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que 
desprovido do registro." VI. Agravo Regimental 
improvido. (STJ, AgRg no AREsp 487.556/SC, Rel. 
Ministra ASSUSETE MAGALHÃES, SEGUNDA 
TURMA, julgado em 10/03/2015, DJe 18/03/2015) (g.n.).
O aludido entendimento segue a Súmula 84, do STJ, a 
qual prevê que "é admissível a oposição de embargos de terceiro fundados em alegação de 
posse advinda de compromisso de compra e venda de imóvel, ainda que desprovido de 
registro."
Assim, conquanto o documento careça de registro, o que 
se percebe, pela análise das provas estampadas nos autos dos embargos, o Embargante possui 
Escritura Pública de Compra e Venda, recibo e comprovantes de pagamento de IPTU, sendo a 
parte quem produziu a melhor prova.
Com efeito, não há nos Autos nenhum documento 
demonstrando que o domínio ou a posse do bem pertence ao Embargado, no que tange à 
matrícula n.º 9.267, junto ao Cartório do 1.º Ofício de Registro de Imóveis.
Desta forma, o Embargante se desincumbiu do ônus que 
lhe incumbia e o Embargado deixou de demonstrar os fatos impeditivos, extintivos ou 
modificativos do direito do Embargante, porquanto este juntou Escritura de Compra e Venda 
e o Embargado, por sua vez, se limitou a fazer declarações desprovidas de qualquer substrato 
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III 9
probatório.
Nessa linha, tenho que deve ser privilegiado o 
reconhecimento da Escritura de fls. 17/18, porquanto no atual momento é documento hábil 
que demonstra a posse exercida sobre o bem, inexistindo outro que possa lhe contradizer, 
inexistindo, ainda, qualquer indício de fraude ou má-fé do Embargante.
Nesse sentido:
EMBARGOS DE TERCEIRO - NULIDADE DA 
DECISÃO POR AUSÊNCIA DE FUNDAMENTAÇÃO - 
ILEGITIMIDADE ATIVAE INTERESSE 
PROCESSUAL - VERIFICAÇÃO - PENHORA 
EFETUADA SOBRE IMÓVEL DE TERCEIRO - 
AUSÊNCIA DE REGISTRO DA TRANSFERÊNCIA 
DA PROPRIEDADE - PROTEÇÃO DEVIDA - Tendo o 
magistrado examinado e enfrentado adequadamente as 
alegações das partes, não há como acolher a preliminar de 
nulidade da sentença, por falta de fundamentação válida e 
adequada. - O magistrado não se encontra obrigado a 
responder a todos os questionamentos formulados pelas 
partes e dispositivos legais por elas mencionados, 
competindo-lhe, apenas, indicar a fundamentação 
adequada à resolução da lide. - Constitui parte legítima 
para figurar no pólo ativo da relação processual aquele 
que, em tese, possui interesse processual em relação ao 
objeto da demanda. - O fato de a parte embargante não 
ser a proprietária do imóvel penhorado não retira a 
sua legitimidade ativa para opor os embargos de 
terceiros quando afirma ser a sua possuidora em razão 
de um contrato de promessa de compra e venda 
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III 10
pendente de registro. - Considerando que a inclusão do 
impedimento judicial deu-se após a realização da 
venda do imóvel à embargante deve ser reconhecida a 
boa-fé do terceiro adquirente e mantida a sentença que 
determinou o levantamento da restrição judicial. 
 (TJMG - Apelação Cível 1.0271.11.012351-7/001, 
Relator(a): Des.(a) Evandro Lopes da Costa Teixeira , 17ª 
CÂMARA CÍVEL, julgamento em 30/07/2015, 
publicação da súmula em 11/08/2015) (g.n.).
AGRAVO RETIDO. ILEGITIMIDADE ATIVA 
AFASTADA. APELAÇÃO CÍVEL. EMBARGOS DE 
TERCEIRO. FASE DE CUMPRIMENTO DE 
SENTENÇA. DÉBITO ALIMENTAR. PENHORA. 
TERCEIRO POSSUIDOR. POSSE SOBRE O BEM 
IMÓVEL. BOA-FÉ DO ADQUIRENTE. 
AFASTAMENTO DA CONSTRIÇÃO. 1. É cabível a 
oposição de embargos de terceiro fundados em posse de 
imóvel oriunda de contrato de promessa de compra e 
venda, ainda que desprovido do registro, consoante 
Súmula nº. 84 do STJ. Agravo retido desprovido. 2. Em 
que pese o imóvel objeto de litígio ainda se encontre 
registrado em nome do devedor, tal bem foi prometido à 
venda em 20.10.1997, ocasião em que a embargante 
adimpliu o valor integral pactuado e passou a exercer a 
posse sobre o bem. 3. Assim sendo, considerando que a 
penhora foi realizada apenas em 2012, ou seja, quase 
15 anos após a celebração do contrato de compromisso 
de compra e venda válido e eficaz, está demonstra a 
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III 11
boa-fé da embargante a ensejar o levantamento da 
constrição judicial. Sentença de procedência mantida. 
AGRAVO RETIDO E APELO DESPROVIDO. 
(Apelação Cível Nº 70066765033, Oitava Câmara Cível, 
Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ricardo Moreira Lins 
Pastl, Julgado em 17/12/2015) (g.n.).
Ademais, não é outro o entendimento firmado pelo 
Excelentíssimo Procurador de Justiça, no Parecer de fls. 106/110, do qual destaco, in verbis: 
“No caso concreto, observa-se que, o embargante está sofrendo lesão grave em sem 
patrimônio e direito de propriedade. A sua propriedade e posse se comprovam com a 
escritura de compra e venda devidamente registrada, recibo de compra e venda, ITBI pago, 
comprovante de pagamento do IPTU”.
Com esses fundamentos, em consonância com o Parecer 
Ministerial, DOU PROVIMENTO ao recurso para desconstituir a penhora sobre o imóvel do 
Embargante, no que tange à matrícula n.º 9.267, junto ao Cartório do 1.º Ofício de Registro de 
Imóveis, nos termos constantes da Inicial.
Custas processuais, recursais e honorários de sucumbência 
pelo Embargante, suspensa a exigibilidade, por litigar sob o pálio da justiça gratuita.
É como voto.
ONILZA ABREU GERTH
Juíza de Direito Convocada
Portaria n.° 660/2018 - PTJ
Relatora
		2019-10-10T12:53:21+0000
	Not specified

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