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1 Unidade I Definições e Conceitos 1 Olá, colega! Você já parou para pensar no significado da palavra heroísmo? É possível que essa expressão não tenha sido objeto de uma reflexão mais profunda, apesar de o herói ser um mito cultivado por diferentes culturas e certamente fazer parte de sua vida. Desse modo, mesmo sem pensar muito sobre o tema, todos temos essa noção, ainda que haja diferenças de pessoa para pessoa. Uma característica comum aos heróis é o fato possuírem fortes valores e, motivados por eles, enfrentarem grandes desafios em prol de um bem comum. Não por acaso, despertam tanto interesse e estão presentes em incontáveis histórias. Inclusive, existe uma estrutura de criação de histórias chamada de monomito, ou jornada do herói, que acompanha a trajetória de alguém comum que passa por várias aventuras e provações, até chegar ao grande desafio. Após vencê-lo, essa pessoa retorna à sua vida cotidiana, agora transformada por tudo o que aconteceu ao longo do caminho. Em nosso trabalho, sabemos das dificuldades que enfrentamos. Desafios intransponíveis se não fosse a energia de servidores comprometidos com sua missão que, estejam em um barco, uma APS ou na área meio, usam seu conhecimento, criatividade e amor para construir soluções possíveis. O desafio agora não é diferente. Existem milhões de pessoas que esperam por meses a resposta a seus requerimentos de benefícios. E centenas de milhares de processos de apuração de indícios de irregularidades que aguardam apuração. Ambas as tarefas estão ligadas a uma Previdência de qualidade, pois, ao passo que a análise de requerimentos deve ser célere, também é fundamental evitar irregularidades que levam a distorções no sistema de proteção social. Quando se combate de forma eficaz as irregularidades, protege-se o direito de milhões de beneficiários. Uma Previdência Social que cumpra sua missão passa pelo investimento na valorização dos servidores, pois, mesmo com os avanços tecnológicos, o servidor é a base de toda a organização que deseje ser bem-sucedida. Por isso, como um meio de valorizar e estimular o trabalho a mais feito por cada servidor imbuído dessa missão, foi criado o bônus de desempenho institucional por análise de benefícios por irregularidade. O primeiro passo para enfrentar esse desafio com êxito é a qualificação. E se você está aqui conosco é porque, mais do que participar do bônus, aderiu a uma missão que transformará, nessa jornada, o INSS, a sociedade e você. Vamos começar? Unidade I Definições e Conceitos 2 “Ninguém é tão grande que não possa aprender, nem tão pequeno que não possa ensinar.” Esopo Nesta unidade Colega, Nesta unidade falaremos sobre definições e conceitos fundamentais para a assimilação do processo de trabalho de apuração de indícios de irregularidades em benefícios, assim como abordaremos os tipos de irregularidades que podem ser constatados nas análises. Tudo isso vinculado a princípios básicos que regem a Administração Pública, em especial os Princípios do Devido Processo Legal, da Ampla Defesa e do Contraditório. Para iniciar, veremos um breve histórico sobre o Monitoramento Operacional de Benefícios e sua função no combate às irregularidades. O Monitoramento Operacional de Benefícios – MOB O MOB foi implantado na Diretoria de Benefícios em outubro de 2003, inicialmente, com a denominação de Divisão de Controle Interno de Benefícios e, hoje, Coordenação-Geral de Monitoramento e Controle de Benefícios, sendo um instrumento auxiliar da gestão. O MOB é formado por um conjunto de atividades adotadas pela área de benefícios, visando promover a obediência às diretrizes legais e administrativas vigentes, bem como fomentar a eficiência operacional por meio do processo orientativo, participativo e colaborativo com a gestão. Assim, a função do MOB é a de coibir e corrigir a prática de atos ilegais e/ou ilícitos, certificando a exatidão dos procedimentos e propondo a correção dos atos praticados, dentre outros, como: Unidade I Definições e Conceitos 3 ✔ Evitar a ocorrência de impropriedades e irregularidades, por meio de princípios e instrumentos preventivos e corretivos próprios; ✔ Observar estritamente as normas legais e os planos, diretrizes, normas e procedimentos das áreas de benefícios, visando assegurar a exatidão, confiabilidade, regularidade e oportunidade de informações, para evitar o cometimento de erros, desperdícios, abusos e fraudes; ✔ Proteger ativos, promover eficiência operacional e estimular obediência e respeito às políticas da instituição. Função Principal A principal função do MOB é acompanhar a execução dos atos e indicar, em caráter opinativo, preventivo ou corretivo, as ações a serem desempenhadas pela área de benefícios, visando atender aos controles administrativos de um modo geral e promover o alcance dos objetivos institucionais. Para tanto, é necessário atuar na disseminação do conhecimento com vistas à apuração de indícios de irregularidades em benefícios, bem como efetuar a cobrança administrativa dos valores creditados ou recebidos indevidamente, decorrentes dos benefícios com constatação de irregularidades. Origem das demandas de irregularidades Importante saber, também, qual a origem das notícias ou denúncias de supostas IRREGULARIDADES EM BENEFÍCIOS. Vejamos as principais: ✔ Auditoria do INSS ✔ Unidades Administrativas do INSS ✔ Ouvidoria Geral ✔ Ouvidorias do Poder Executivo Federal ✔ Ouvidoria do Servidor ✔ Operações Força-Tarefa Previdenciária ✔ CGU- Controladoria Geral da União ✔ Tribunal de Contas da União – TCU ✔ Ministério Público ✔ Outros Unidade I Definições e Conceitos 4 Você sabe o que significa força-tarefa? No contexto previdenciário, força-tarefa é o grupamento de unidades de diferentes tipos e origens, temporária, sob comando único e tem como objetivo combater, de maneira sistemática, a evasão fiscal e os crimes contra a Previdência Social, mediante ações estratégicas e utilização de procedimentos técnicos de inteligência. As Operações Força-Tarefa Previdenciária - FTP Dentre as origens de demandas, ressaltamos as Operações Força-Tarefa Previdenciária - FTP, que consistem num esforço conjunto integrado de diferentes órgãos: Coordenação-Geral de Inteligência Previdenciária e Trabalhista (CGINT), subordinada à Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia Departamento da Polícia Federal Ministério Público Federal Seu objetivo é combater, de maneira sistemática, a evasão fiscal e os crimes contra a Previdência Social, mediante ações estratégicas e utilização de procedimentos técnicos de inteligência. Uma das atividades da FTP é a deflagração de Operações Policiais, com o objetivo de cumprir mandados de prisão e de busca e apreensão, visando consolidar a autoria e materialidade do crime no âmbito do Inquérito Policial Local - IPL. Da análise e resultado da FTP, é emitido Relatório contendo a identificação da operação, nome, data, o nº do IPL, o modus operandi e outras informações relevantes, visando subsidiar as Gerências Executivas respectivas nas revisões do mérito concessório dos benefícios tidos como fraudulentos, em consonância com os normativos próprios do INSS. Unidade I Definições e Conceitos 5 A integração dos três órgãos visa: ✔ A melhoria da comunicação e troca de experiências entre os envolvidos nas atividades; ✔ A celeridade na produção de provas e no julgamento dos processos; e ✔ Substancial redução na sangria aos cofres públicos. O objetivo da Força-Tarefa Previdenciária é o de consolidar, institucionalizar, fortalecer e ampliar os trabalhos da Inteligência Previdenciária, operando em conjunto com o MinistérioPúblico Federal e a Polícia Federal, de forma a colher mais dados para subsidiar o Poder Judiciário e melhorar a articulação entre os órgãos da Previdência Social. São atribuições da Força-Tarefa: ✔ Combate à fraude em benefícios ✔ Combate à corrupção ✔ Combate à organização sistêmica ✔ Persecução criminal (previdenciário) ✔ Tutela coletiva – improbidade administrativa e recomendações ✔ Solicitação de apuração de responsabilidade administrativa O produto resultante da Força Tarefa Previdenciária é disciplinado pela Portaria Conjunta nº 1 MPS/INSS, de 05/07/2013 (em reformulação devido às mudanças estruturais. Ex: APE, hoje COINP/SP/ME). Já o tratamento das denúncias, via Ouvidoria Geral, pelas Gerências Executivas encontra-se disciplinado pela Portaria Conjunta MPS/INSS/DATAPREV nº 328, de 25/06/2010 (também em reformulação em face das mudanças estruturais do INSS). http://www-normas.prevnet/normas/normas/exibe/12404 http://www-normas.prevnet/normas/normas/exibe/12404 http://www-normas.prevnet/normas/normas/exibe/3096 http://www-normas.prevnet/normas/normas/exibe/3096 Unidade I Definições e Conceitos 6 Irregularidade A irregularidade refere-se ao procedimento, à ação ou à situação irregular (em desacordo com a normatização) e pode ser dar por meio de FRAUDE ou ERRO. Fraude Fraude é o meio de obtenção de benefício previdenciário indevido, atuando o fraudador de forma ardilosa, de má-fé, em prejuízo do INSS. A fraude pode ser praticada por agente público ou não. É a ação de falsificação documental, falso testemunho, adulteração, inserção ilegal de dados em sistemas informatizados e outras ações, em desacordo com a legalidade e com os normativos vigentes à época dos fatos, visando obter vantagens pessoais ou para outrem. A FRAUDE pode ser somente externa, sem o envolvimento de quaisquer agentes públicos, em que esses podem ser induzidos ao erro, a se equivocarem em virtude de manobras maliciosas perpetradas por outrem. Pode ser conceituada, ainda, como a prática voluntária, premeditada, intencional ou de má-fé, dirigida a um resultado, ou seja, é a vontade de praticar determinada conduta, podendo haver autoria exclusiva, coautoria ou cooperação de agentes públicos. Atenção! A conduta de má-fé não se presume. Só depois de apurados os indícios irregularidades, obedecendo ao devido processo legal, é que se pode chegar à conclusão de que existe má-fé. Erro Administrativo O ERRO é um ato NÃO voluntário, NÃO premeditado e NÃO intencional, mas culposo, podendo ser de interpretação ou de omissão. Refere-se ao procedimento, à ação ou à situação irregular, que se apresenta em desacordo com a legislação vigente à época dos fatos. O erro administrativo pode ocorrer na concessão de um benefício previdenciário indevido, decorrente da falsa percepção da realidade por parte do agente público, Unidade I Definições e Conceitos 7 e recai ora sobre as circunstâncias fáticas do requerimento do benefício, ora sobre a qualificação jurídica dos fatos submetidos à análise pela administração. Por imperícia (falta de habilidade técnica) É a incapacidade, inaptidão ou a falta de habilidade específica para a realização de uma atividade técnica ou científica, não levando o agente em consideração o que sabe ou deveria saber, caracterizando-se, assim, pela falta de técnica ou de conhecimento (erro ou engano na execução, ou mesmo consecução do ato). Ela também pode ser configurada quando o profissional omite ou deixa de executar ato ou procedimento que não deveria desprezar, por ser essencial de sua função ou ofício; ou seja, deixar de utilizar a técnica que é própria e/ou exigível para a execução de seu mister. Para que seja configurada a imperícia é necessário constatar a inaptidão, ignorância, falta de qualificação técnica, teórica ou prática, ou ausência de conhecimentos elementares e básicos da profissão. Unidade I Definições e Conceitos 8 Por Imprudência (falta de percepção dos riscos, quando tal percepção for exigível) A Imprudência consiste em proceder sem a necessária cautela, deixando de empregar as precauções indicadas pela experiência como capazes de prevenir possíveis resultados lesivos. Na imprudência, o agente tem atitude comissiva – ação. Por Negligência (falta de cuidado) A Negligência, implica em a atitude omissiva, posto que o agente deixa de fazer algo que sabiamente deveria fazer, dando causa ao resultado danoso. Significa agir com descuido, desatenção ou indiferença, sem tomar as devidas precauções. Ex.: desatenção na análise de documentos, na falta de realização de pesquisas em sistemas corporativos do INSS, como não analisar o CNIS, visando averiguar a existência de vínculos registrados, quando da análise dos benefícios. Modalidades de erro Erro de fato: recai sobre as circunstâncias fáticas objeto da conduta humana. O agente interpreta mal os fatos. Ex.: Um servidor, ao conceder uma aposentadoria, incide em erro aritmético ao calcular o tempo de contribuição do segurado. Caso comprovado que o segurado realmente não possuía o tempo e contribuição mínimo exigido por Lei para a concessão do benefício, o erro de fato conduz à anulação do ato administrativo. Erro de direito: existe uma falha na interpretação de regulamentação dada pela lei a determinados fatos, ou seja, o erro de direito recai sobre a qualificação jurídica dos fatos. Ex.: Um servidor, ao deferir uma pensão por morte, reconhece a qualidade de dependente a um primo do segurado falecido. Consequência: Invalidação do ato administrativo, considerando a existência de vício que o torna ilegal. Unidade I Definições e Conceitos 9 Reparação de Dano ao Erário Quando são identificados prejuízo ao erário na apuração, são necessárias ações para reparar os danos, mediante procedimento de cobrança administrativa, que será objeto de curso específico, pois são ações posteriores à apuração da irregularidade. Principais Tipos de Irregularidades a Serem Tratadas As principais irregularidades presentes no universo do monitoramento de benefícios são: ✔ Concessão irregular; ✔ Manutenção indevida de benefícios; ✔ Retorno voluntário ao trabalho nos benefícios por invalidez ou incapacidade; ✔ Recebimento pós-óbito do titular do benefício; ✔ Emissão irregular de Certidão por Tempo de Contribuição; ✔ Inclusão/alteração indevida de dados no CNIS; e ✔ Acumulação indevida de benefícios dentre outras. Princípios Constitucionais Agora, vamos falar um pouco, e de forma sucinta, sobre alguns dos princípios dispostos no art. 37 “caput” da Constituição Federal, a que o administrador público deve obediência no exercício de suas funções, especialmente àqueles que você deve dispensar total atenção na condução dos seus trabalhos. Vejamos: Devido Processo Legal - este princípio exige um processo justo não apenas daqueles que fazem parte da relação processual, ou que atuam diretamente no processo, mas, também, de todos que indiretamente exercem funções consideradas essenciais à justiça. Apresenta-se como uma garantia constitucional ampla, e uma das mais relevantes do direito constitucional, correlacionado com os princípios da ampla defesa, do contraditório, da publicidade do processo, da Unidade I Definições e Conceitos 10 inadmissibilidade de produção de provas ilícitas, etc. Ele assegura o direito de defesa, bem como o de contradizer os fatos em relação aos quais está sendo investigado. Assim, chama-se devido processo legal o princípio que garante a todos o direito a um processo com todas as etapas previstas em lei, dotado de todas as garantias constitucionais, ou seja, é uma garantia ampla, que confere a todo indivíduo, o direito fundamental a um processo justo.O contraditório representa a oportunidade de resposta. A ampla defesa que, de certa forma, decorre do contraditório, por sua vez, assegura ao indivíduo a defesa dos seus direitos em todas as fases do processo. Atenção! Caso não haja respeito ao princípio do contraditório, o processo torna- se nulo. Por isso, sempre tenha em mente a seguinte premissa: ouça-se, também, a outra parte. O Princípio da Ampla Defesa e do Contraditório é conhecido, também, como “audiatur et altera pars”, que significa “ouça-se também a outra parte”. Manifesta-se na oportunidade que os litigantes têm de requerer a produção de provas e de participarem de sua realização, assim como também de se pronunciarem a respeito de seu resultado. Os Princípios do Contraditório e da Ampla Defesa devem ser assegurados aos beneficiários, com os meios e recursos a eles inerentes, sob pena de nulidade dos atos administrativos ou processuais. Para não esquecer O Principio do Contraditório é o direito do acusado argumentar em contrário quanto às acusações que lhe são feitas. O Principio da Ampla Defesa é o direito do acusado utilizar-se de todos os meios e recursos permitidos em lei para a realização de sua defesa. Unidade I Definições e Conceitos 11 Para a garantia da ampla defesa e do contraditório, deve-se observar os demais princípios a seguir relacionados: Legalidade: qualidade ou estado de legal, em conformidade com a lei, legitimidade. A atuação administrativa deve ser fundamentada, sempre, na norma escrita. Do contrário, caracteriza-se o “ato inválido”. O servidor deve total obediência ao que está contido na lei. Impessoalidade: as questões devem ser tratadas com objetividade, considerando o objeto em questão e não os sujeitos envolvidos, com a ausência de preferências e tendências, uma vez que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Imparcialidade: a Imparcialidade não deve ser violada por motivos pessoais, o que pode possibilitar que qualquer decisão em Processo Administrativo possa ser tendenciosa e ocasione dúvidas. Motivação: são as razões de fato e de direito expressas, que justificam a prática de um ato. Qualquer ato da Administração deve ser motivado e o agente público deve expor os motivos que o levaram a tomar determinada decisão. Publicidade: os atos devem, obrigatoriamente, ser transparentes. A respeito desse princípio, reza a Constituição da República, no inciso LX, do art. 5º, que “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”. Logo, a publicidade é fonte de legitimidade e garantia de controle das decisões judiciais, tanto pelas partes, como pela sociedade. Eficiência: para Hely Lopes Meirelles, o princípio da eficiência se caracteriza como “o que se impõe a todo o agente público de realizar suas atribuições com presteza, perfeição e rendimento profissional. “ Oficialidade: responsabilidade pelo andamento contínuo e regular do procedimento, independente de provocação dos sujeitos, inclusive à instrução, no sentido de determinar a coleta de todos os elementos necessários ao esclarecimento de fatos pertinentes ao assunto. Igualdade: é vedado o tratamento diferenciado ou preferencial. Unidade I Definições e Conceitos 12 Prescrição e Decadência Da Decadência ● A decadência é a extinção do direito de revisão de um benefício por não ter sido exercido no prazo legal de 10 (dez) anos, ou seja, em se tratando de apuração de benefícios, a Previdência Social tem prazo de até 10 anos para anular atos administrativos favoráveis ao beneficiário, exceto nos casos de fraude ou conduta de má-fé. Prazo: O prazo é contado da data em que os atos foram praticados. No momento da análise, é necessário identificar se o indício de irregularidade ocorreu no ato de concessão, revisão, manutenção ou indeferimento do benefício, pois, dependendo da situação, o início da contagem do prazo poderá ser distinto. O artigo 24. A Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, com as alterações introduzidas pela Lei nº 13.846 de 18 de junho de 2019, passa a vigorar com as seguintes alterações: “Art 103. O prazo de decadência do direito ou da ação do segurado ou beneficiário para a revisão do ato de concessão, indeferimento, cancelamento ou cessação de benefício e do ato de deferimento, indeferimento ou não concessão de revisão de benefício é de 10 (dez) anos, contado: I - do dia primeiro do mês subsequente ao do recebimento da primeira prestação ou da data em que a prestação deveria ter sido paga com o valor revisto; ou II - do dia em que o segurado tomar conhecimento da decisão de indeferimento, cancelamento ou cessação do seu pedido de benefício ou da decisão de deferimento ou indeferimento de revisão de benefício, no âmbito administrativo.; Para fixar o início da contagem, deverão ser obedecidos aos procedimentos contidos em ato normativo administrativo vigente na data da análise, como por exemplo os casos dos menores e incapazes, bem como a situação dos benefícios em manutenção em 28 de junho de 1997, data da publicação da MP nº 1523-9, de Unidade I Definições e Conceitos 13 1997, para os quais o marco inicial para a contagem do prazo decadencial é 1º de agosto de 1997, não importando a data de sua concessão. Atenção! Na decadência, a inércia diz respeito à existência do direito. Logo, o tempo opera os seus efeitos desde o nascimento desse direito. Contudo, nos casos de fraude ou conduta de má-fé não se aplica a decadência. Fundamentação Legal: Artigo 103-A da Lei nº 8.213/91 com as alterações da Lei nº 10.889/2004. Da Prescrição ● Nas ações resultantes de apuração de benefícios, a prescrição refere-se ao prazo de 5 (cinco) anos para reaver prestações vencidas, ou quaisquer restituições ou diferenças, em relação à reposição ao erário. Ou seja, a instituição não perdeu o direito de agir em relação a irregularidade apurada (não foi alcançada pela decadência), porém em decorrência de ter agido tardiamente, poderá reaver os prejuízos ao erário somente relativo aos últimos cinco (5) anos, exceto nos casos de fraude ou conduta de má-fé. Havendo má-fé, não há incidência de prescrição e todo o período indevido deve ser ressarcido aos cofres públicos. Atenção! A prescrição é extinção do direito de ação, ou seja, a inércia do exercício da ação no tempo próprio, para haver todas as prestações a que teria direito. Nos casos de fraude ou conduta de má-fé não se aplica a prescrição. Fundamentação Legal: § Único do artigo 103 da Lei nº 8.213/91 com as alterações da Lei nº 10.889/2004. Unidade I Definições e Conceitos 14 Para não esquecer Na decadência, a inércia diz respeito a extinção do próprio direito, logo o tempo opera os seus efeitos desde o nascimento desse direito. Na prescrição, a inércia diz respeito ao exercício da ação. E o tempo opera os seus efeitos desde o nascimento da inércia da ação, que, em regra, é posterior ao nascimento do direito por ela protegido. Institutos de Impedimento e Suspeição Este é um assunto de suma importância. E você, enquanto servidor(a), deve dispensar atenção ao ser indicado para atuar em uma apuração de indícios de irregularidades em que você tenha participado do ato administrativo ou se os supostos envolvidos forem seus amigos, inimigos declarados, familiares ou parentes. Nessas situações você deve se declarar suspeito ou impedido, sob pena de responsabilização disciplinar. Entenda o porquê. Primeiramente, vamos trazer à memória o contido no Parágrafo Único, do Art. 2º da Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1.999, como forma de alertá-lo sobre a responsabilidade de estar atento aos PrincípiosConstitucionais a que está sujeita toda a Administração Pública e seus agentes quanto à forma de atuação. “Art. 2º A Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência. Parágrafo único. Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de: I – atuação conforme a lei e o Direito; II – atendimento a fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo autorização em lei; III – objetividade no atendimento do interesse público, vedada a promoção pessoal de agentes ou autoridades; IV – atuação segundo padrões éticos de probidade, decoro e boa-fé; V – divulgação oficial dos atos administrativos, ressalvadas as hipóteses de sigilo previstas na Constituição; Unidade I Definições e Conceitos 15 VI – adequação entre meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público; VII – indicação dos pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão; VIII – observância das formalidades essenciais à garantia dos direitos dos administrados; IX – adoção de formas simples, suficientes para propiciar adequado grau de certeza, segurança e respeito aos direitos dos administrados; X – garantia dos direitos à comunicação, à apresentação de alegações finais, à produção de provas e à interposição de recursos, nos processos de que possam resultar sanções e nas situações de litígio; XI – proibição de cobrança de despesas processuais, ressalvadas as previstas em lei; XII – impulsão, de ofício, do processo administrativo, sem prejuízo da atuação dos interessados; XIII – interpretação da norma administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação. E ainda o disposto no artigo 37 da Constituição da República Federativa do Brasil: “Art. 37 – A Administração Pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência...” Vejamos também o que diz Maria Sylvia Zanella di Pietro, escritora, professora universitária e ex-Procuradora do Estado de São Paulo, em sua obra sobre Direito Administrativo, acerca do princípio da impessoalidade: “o princípio estaria relacionado com a finalidade pública que deve nortear toda atividade administrativa. Significa que a Administração não pode atuar com vistas a prejudicar ou beneficiar pessoas determinadas, uma vez que é sempre o interesse público que tem que nortear o seu comportamento.” (Grifo nosso). Unidade I Definições e Conceitos 16 As hipóteses em que se pode arguir o IMPEDIMENTO ou SUSPEIÇÃO constam descritas nos Artigos 18 a 20 da Lei 9.784/99 de 29 de janeiro de 1.999, que regula o Processo Administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. IMPEDIMENTO diz respeito a um “obstáculo”. Tendo como referência essa definição, o impedimento ocorre quando o agente público, no decorrer de suas atribuições, não pode ou não deve atuar em determinado procedimento (concessão de um serviço ou de um benefício), pois se encontra numa situação na qual existe alguma causa que fere o Princípio da Imparcialidade ou quando fere o dever de manter conduta compatível com a moralidade administrativa, e ainda, à Ética, na realização de suas funções. Pode-se, ainda, definir IMPEDIMENTO no processo administrativo, como uma situação objetiva que gera uma presunção absoluta de parcialidade. Hipóteses de impedimento elencadas nos artigos 18 e 19 da Lei nº 9.784, de 29/01/99 Art. 18. É impedido de atuar em processo administrativo o servidor ou autoridade que: I - tenha interesse direto ou indireto na matéria; (Grifo nosso). II – tenha participado ou venha a participar como perito, testemunha ou representante, ou se tais situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou parente e afins até o terceiro grau; (Grifo nosso) III – esteja litigando judicial ou administrativamente com o interessado ou respectivo cônjuge ou companheiro. Unidade I Definições e Conceitos 17 Quem são os parentes por consanguinidade e afins? Por consanguinidade ✔ Pai, mãe e filhos (em primeiro grau) ✔ Irmãos, avós e netos (em segundo grau) ✔ Tios, sobrinhos, bisavós e bisnetos (em terceiro grau) ✔ Primos (4º grau) Por afinidade ✔ sogra(o), genro e nora (1º grau) ✔ Padrasto, madrasta e enteados (1 grau) ✔ Cunhados (2° grau) “Art. 19. A autoridade ou servidor que incorrer em impedimento deve comunicar o fato à autoridade competente, abstendo-se de atuar. Parágrafo único. A omissão do dever de comunicar o impedimento constitui falta grave, para efeitos disciplinares.” Hipóteses de suspeição elencada no artigo 20 da Lei nº 9.784, de 29/01/99 A SUSPEIÇÃO é entendida como uma situação subjetiva que gera uma presunção relativa de parcialidade. “Art. 20. Pode ser arguida a suspeição de autoridade ou servidor que tenha amizade íntima ou inimizade notória com algum dos interessados ou com os respectivos cônjuges, companheiros, parentes e afins até o terceiro grau. (Grifo nosso).” Unidade I Definições e Conceitos 18 São casos de suspeição de acordo com o Código de Processo Penal: ✔ amigo íntimo ou inimigo capital de qualquer das partes; ✔ alguma das partes for credora ou devedora do juiz, de seu cônjuge ou de parentes destes, em linha reta ou na colateral até o terceiro grau; ✔ herdeiro presuntivo, donatário ou empregador de alguma das partes; ✔ receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo; aconselhar alguma das partes acerca do objeto da causa, ou subministrar meios para atender às despesas do litígio; ✔ interessado no julgamento da causa em favor de uma das partes. Na suspeição, um dos motivos exige a efetiva existência de laços de amizade estreita. Não é qualquer amizade, mas sim a que se revista do caráter de intimidade. Esta se revela pela convivência frequente, familiaridade no tratamento, prestação repetida por obséquio e outras manifestações exteriores de acentuada estima. Não é possível fixar aprioristicamente quais os sinais distintivos dessa amizade. Não apenas a amizade, mais frequente entre pessoas do mesmo sexo, se inclui no conceito, mas também a afeição amorosa que por ser, em geral, de natureza mais intensa, tem maior probabilidade de quebrar a imparcialidade. As regras de impedimento e suspeição, previstas na legislação de processo administrativo, tiveram sua origem, principalmente, no Princípio da Imparcialidade. Para não esquecer Pode-se definir IMPEDIMENTO, no processo administrativo, como uma situação objetiva que gera uma presunção absoluta de parcialidade. A SUSPEIÇÃO é entendida como uma situação subjetiva que gera uma presunção relativa de parcialidade. Em síntese: O Princípio da Imparcialidade não deve ser violado por motivos pessoais, o que pode possibilitar que qualquer decisão em Processo Administrativo possa ser tendenciosa e ocasione dúvidas. Unidade I Definições e Conceitos 19 Atenção! É de suma importância que o servidor se declare impedido de atuar em algum processo administrativo no qual será responsável por conceder ou revisar um serviço ou benefício a um parente ou pessoa com quem tenha estreita amizade, visto que o impedimento pode gerarnulidade absoluta no processo, enquanto que a suspeição gera nulidade relativa. A imparcialidade pode ficar comprometida devido ao interesse do agente público na resolução do processo. Dessa forma, é importante protege-la nos casos em que figurar como interessado pessoa próxima deste, os seus familiares, objetivando que não tenha nenhuma inclinação ao julgar um pedido procedente ou improcedente, conforme o caso, só para beneficiar alguém próximo ou para se “vingar” de alguém que faz parte do seu convívio familiar devido a outros fatos. Assim, imaginemos os exemplos a seguir, de casos concretos, nos quais um servidor, em que pese extremamente zeloso, tenha de analisar um processo em face de membros de sua família: Caso 1 IMPEDIMENTO: Um servidor que atua na análise para a concessão de um benefício de sua esposa, em que vai julgar o mérito do direito na comprovação de tempo de contribuição. Caso 2 SUSPEIÇÃO: Um servidor que atua na análise de um benefício de pensão por morte da madrinha de seu filho, em que vai julgar o mérito do direito na comprovação de união estável com o instituidor falecido. Nos casos mencionados, será que o convencimento do servidor estaria realmente livre de parcialidade? Considerando a importância que a prova dos requisitos para o direito aos benefícios desempenha no processo, o servidor responsável pela análise deve ser imparcial. Para exigir tal imparcialidade, as partes podem fazer do uso das exceções de impedimento e suspeição. Os exemplos citados demonstram que existem incontáveis motivos que podem influir no ânimo do servidor quando atua. Dessa forma, está demonstrada a Unidade I Definições e Conceitos 20 importância do contido nos artigos 18 a 20 da lei 9.784/99, sobre o impedimento e a suspeição, além da importância dos demais princípios a serem observados na atuação em processos administrativos. Assim, as causas de impedimento ou de suspeição se aplicam a todos os que atuam nos processos administrativos no âmbito da Administração Pública. A imparcialidade deve sempre fazer parte de todo o processo administrativo visando à neutralidade do servidor para que se possa ter a garantia de um processo justo. Unidade I Definições e Conceitos 21 Síntese da unidade Nesta unidade abordamos alguns dos conceitos e definições importantes para a compreensão dos fundamentos a serem utilizados na análise processual a ser realizada por você. Fundamentação Legal ✔ Parecer 95/2011/CGMBEN/PFE-INSS/PGF/AGU-SIPPS 346.483.558 (cópia SIPPS 35265652) ✔ Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1.999, que regula o Processo Administrativo no âmbito da Administração Pública Federal. ✔ Artigo Impedimento e suspeição no Código de Processo Civil brasileiro, disponível em <http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,impedimento-e- suspeicao-no-codigo-de-processo-civil-brasileiro,44705.htmlConstituição Federal> ✔ Parecer nº 95/2011/CGMBEN/PFE/INSS/PGF/AGU, de 06/12/2011. (cópia SIPPS 352165652) ✔ NOTA nº 153/2014/CGMADM/PFE/PGF/AGU, SIPPS 372312478 ✔ Lei nº 8.112/90 ✔ Instrução Normativa TCU nº 71/2012 (que revogou a IN nº 56/2007) ✔ Apostila Princípios de Processo Administrativo Disciplinar – Da Teoria à Prática – Eduardo de Souza Costa Alves e Rômulo Cardoso Ferreira – 2016 ✔ Lei nº 13.846 de 18 de junho de 2019 ✔ Instrução Normativa nº 77/PRES/INSS de 21 de janeiro de 2015 Na próxima unidade Na próxima unidade falaremos sobre formalização do processo administrativo para apuração de indícios de irregularidades em benefícios, tramitações e demais informações necessárias. Até lá!
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