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TEMPLATE DE PRODUÇÃO DE LIVRO DIDÁTICO DE GRADUAÇÃO

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TEMPLATE DE PRODUÇÃO DE LIVRO DIDÁTICO DE GRADUAÇÃO 
 
 
AUTOR: Professor Doutor Bruno de Paula Caraça Smirmaul 
Professor Doutor João Victor Del Conti Esteves 
DISCIPLINA: Atividade Física e Qualidade de Vida 
MODALIDADE: Graduação 
 
 
 
 
 
INÍCIO DO CURRÍCULO LATTES DO PROFESSOR 
Bruno de Paula Caraça Smirmaul 
Doutor em Atividade Física e Saúde pela UNESP Rio Claro, Mestre em 
Biodinâmica do Movimento e Esporte pela UNICAMP (com estágio de pesquisa 
na University of Kent com o Prof. Samuel M. Marcora) e Graduado em Educação 
Física pela UNICAMP (com estágio de pesquisa na University of Cape Town com 
o Prof. Timothy D. Noakes). Fundador e Autor Principal do site "EFBE - Educação 
Física Baseada em Evidências" (www.efbe.com.br). Professor das Faculdades 
ASSER nas seguintes disciplinas: I) Fisiologia do Exercício; II) Atividade Física 
para Grupos Especiais; III) Medidas e Avaliação; IV) Programas de Academia; 
V) Saúde e Sustentabilidade; VI) Estágio Supervisionado. 
Para saber mais, acesse o currículo disponível em: 
<http://lattes.cnpq.br/1225203348100287>. 
FIM DO CURRÍCULO LATTES DO PROFESSOR. 
 
 
INÍCIO DO CURRÍCULO LATTES DO PROFESSOR 
João Victor Del Conti Esteves 
Doutor em Ciências (Fisiologia Humana) pelo Instituto de Ciências Biomédicas 
da Universidade de São Paulo (ICB-USP) (2016), com período de estágio no 
Instituto de Medicina Molecular da Faculdade de Medicina da Universidade de 
Lisboa (IMM-Lisboa); Mestrado em Educação Física (linha de pesquisa: Ajustes 
e Respostas Fisiológicas e Metabólicas ao Exercício Físico) pelo Programa de 
Pós-Graduação Associado em Educação Física - UEM/UEL (2012); pós-
graduação (lato-sensu) em Prescrição Personalizada de Exercícios Físicos - 
Personal Training (UEM) (2010) e graduação em Educação Física pela 
Universidade Estadual de Maringá (UEM) (2008). Tem experiência na área de 
Fisiologia, Avaliação Física, Treinamento Físico Resistido e Aeróbio, com ênfase 
em Fisiologia do Esforço e Endócrina, atuando principalmente nos seguintes 
temas: atividade física e saúde, avaliação física e funcional, treinamento físico, 
obesidade, diabetes, tecido adiposo, músculo esquelético, GLUT4 e microRNAs. 
http://www.efbe.com.br/
http://www.efbe.com.br/
http://www.efbe.com.br/
http://www.efbe.com.br/
http://www.efbe.com.br/
http://www.efbe.com.br/
http://www.efbe.com.br/
Para saber mais, acesse o currículo disponível em: 
<http://lattes.cnpq.br/2122237844359604>. 
FIM DO CURRÍCULO LATTES DO PROFESSOR. 
 
INÍCIO DA APRESENTAÇÃO GERAL 
Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo à disciplina “Atividade Física e Qualidade 
de Vida”. 
Este livro foi preparado por dois professores, ambos profissionais de 
Educação Física, com o intuito de apresentar a você conteúdos e reflexões 
fundamentais na área de atividade física, saúde e qualidade de vida. Esses 
conhecimentos lhe trarão a oportunidade de aprendizado e de desenvolver uma 
reflexão crítica que o auxiliará sobremaneira na sua formação e futura atuação 
como profissional de Educação Física. 
Este livro está dividido em cinco unidades: 
A Unidade I, intitulada “Saúde e Qualidade de Vida” está dividida em quatro 
tópicos que abordarão sobre os diferentes conceitos de saúde, os aspectos 
relacionados às transições demográfica e epidemiológica e suas consequências 
no cenário da saúde, assim como os diferentes fatores que a determinam. Você 
também aprenderá sobre a qualidade de vida, seus diversos componentes e a 
sua relação com o estilo de vida das pessoas. 
A Unidade II, denominada “Atividade Física e Saúde” está dividida em três 
tópicos que fornecerão uma compreensão da relação entre atividade física e 
saúde numa perspectiva da evolução humana, o impacto da tecnologia nos 
níveis de atividade física cotidiana e também discutirá a trajetória do 
conhecimento na área de atividade física e saúde, bem como as diferentes 
possibilidades de atuação do profissional de Educação Física. 
A Unidade III, denominada “Atividade Física, Aptidão Física e suas Relações 
com a Saúde: Conceitos e Evidências” está dividida cinco tópicos. Nessa 
unidade, você aprenderá conceitos essenciais para a sua atuação profissional: 
atividade física, exercício físico, aptidão física e suas inter-relações com a saúde. 
Além disso, você aprenderá sobre os diferentes componentes da aptidão física 
relacionada à saúde (aptidão cardiorrespiratória, composição corporal, aptidão 
musculoesquelética e flexibilidade), bem como os diferentes métodos de avaliá-
los. 
A Unidade IV, chamada “Prescrição de Exercícios para melhora da Aptidão 
Física e Saúde”, abordará, numa perspectiva mais aplicada, as orientações 
gerais e princípios básicos para a prescrição do exercício aeróbio, de 
condicionamento neuromuscular (força e resistência musculares) e de 
flexibilidade para adultos saudáveis. As recomendações para crianças e 
adolescentes também serão debatidas. 
Por fim, a Unidade V, “Exercício Físico para Grupos Especiais”, discutirá os 
principais aspectos relacionados ao envelhecimento, à obesidade, ao diabetes 
mellitus e à hipertensão arterial, bem como o papel do exercício físico nessas 
condições. 
Este livro possui conteúdos e reflexões valiosas, e, desse modo, esperamos 
contribuir para a sua formação sólida e de qualidade. 
Aproveite a leitura e desejamos um ótimo curso! 
 
Bruno de Paula Caraça Smirmaul 
João Victor Del Conti Esteves 
FIM DA APRESENTAÇÃO GERAL. 
 
 
 
 
 
 
 
INÍCIO DA UNIDADE I 
INÍCIO DA FOLHA DE ABERTURA 
SAÚDE E QUALIDADE DE VIDA 
Professor Doutor Bruno de Paula Caraça Smirmaul 
 
Objetivos de Aprendizagem 
● Conhecer e refletir sobre os diferentes conceitos de Saúde. 
● Compreender o que é Transição Demográfica e Transição 
Epidemiológica e suas consequências no cenário da saúde. 
● Estudar e refletir sobre os Determinantes da Saúde. 
● Conhecer o conceito de Qualidade de Vida, seus componentes e sua 
relação com o estilo de vida. 
 
Plano de Estudo 
● O que é Saúde? 
● Transições Demográfica e Epidemiológica 
● Determinantes da Saúde 
● Qualidade de Vida 
 
FIM DA FOLHA DE ABERTURA. 
 
INÍCIO DA INTRODUÇÃO 
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Na Unidade I, abordaremos quatro 
tópicos principais de estudo. 
No primeiro Tópico ("O que é Saúde"), você estudará o conceito de 
Saúde, um conceito essencial para nós, profissionais da área. Para isso, 
apresentarei diferentes conceitos e discutiremos, juntos, sobre os pontos 
positivos e negativos de cada conceituação. Veremos que compreender bem 
esse tema implicará em uma atuação profissional de mais qualidade e mais 
abrangente, potencialmente beneficiando os resultados de nosso trabalho. 
O segundo Tópico ("Transições Demográfica e Epidemiológica") servirá 
para você compreender as mudanças que estão ocorrendo no Brasil e no mundo 
em relação às características da população, assim como o perfil de doenças e 
de causas de mortalidade. Além disso, você refletirá sobre como essa duas 
transições estão conectadas entre si. Esse conhecimento é essencial para 
analisarmos as atuais transformações em nossa sociedade e seu impacto nas 
condições e necessidades de saúde da população. 
No terceiro Tópico (“Determinantes da Saúde”), apresentarei os 
componentes e características de uma pessoa, comunidade ou população que 
influenciam a saúde. Você irá refletir sobre diversos aspectos que afetam a 
nossa saúde, muito além do que apenas as nossas escolhas e comportamentos 
individuais. 
Por fim, o quarto Tópico ("Qualidade de Vida") apresentará elementos que 
facilitará a sua compreensão sobre o que é Qualidade de Vida, conceito tão 
popular e importante para os indivíduos e para a população em geral. Além disso, 
apresentarei um instrumento de fácil utilização para analisar o estilo de vida, 
componente intimamente relacionado à Qualidade de Vida. 
Bons estudos! 
FIM DA INTRODUÇÃO. 
 
INÍCIO DO TÓPICO 1 
1. O QUE É SAÚDE?Começo esta unidade com uma pergunta muito simples. Quero que você, 
antes de prosseguir com o texto, pare, pense e tente responder de forma 
mais completa possível: “você é saudável?”. 
Em uma situação hipotética (no futuro), extrapole agora essa pergunta 
para outras pessoas e responda: “seus alunos, clientes ou pacientes são 
saudáveis?”. 
 Enquanto você pensava nas respostas das perguntas anteriores, tanto 
para você mesmo como para eventuais alunos, clientes e/ou pacientes, há 
grandes chances de que você tenha começado a perceber que a resposta 
para essa pergunta pode não ser tão simples como inicialmente imaginado. 
Quais elementos ou aspectos relacionados à saúde você utilizou para 
compor a sua resposta? É notório que os elementos contidos na resposta vão 
depender, em grande parte, do conceito que temos do “O que é Saúde?”. 
Dependendo desse conceito, utilizaremos diferentes elementos e aspectos 
para definirmos se uma pessoa é saudável ou não ou, ainda, qual o “nível” 
de saúde determinada pessoa possui. 
 Assim, como profissionais da saúde, é muito importante conhecermos 
alguns diferentes conceitos de “saúde” e refletirmos criticamente sobre eles. 
Tal importância se dá pelo fato de que, de acordo com nossa visão de saúde, 
poderemos considerar e abordar (ou não considerar e não abordar) 
determinados aspectos ao longo de nossa atuação profissional, impactando 
diretamente na vida das pessoas. 
 Um primeiro conceito de saúde que podemos considerar é o seguinte: 
Saúde é a ausência de doenças. 
O que você acha desse conceito? Bom? Ruim? Completo? Incompleto? 
Faria alguma alteração? Acrescentaria algo? Novamente, peço que você 
pare, pense e tente responder a essas perguntas antes de prosseguir. 
Independentemente do quanto você conseguiu explorar o tema, vamos 
refletir juntos agora. De acordo com o conceito anterior, se uma pessoa não 
apresenta nenhuma doença específica, ela é considerada saudável. Porém, 
imagine uma pessoa que não possui nenhuma doença específica, mas 
apresenta uma ou várias das características a seguir: 
- tristeza; 
- cansaço; 
- angústia; 
- possui uma deficiência física; 
- é amputada; 
- possui baixa aptidão cardiorrespiratória; 
- possui baixos níveis de força; 
- possui baixa capacidade funcional; 
- é incapaz de realizar as atividades de vida diária (AVDs) de forma 
independente; 
- fuma; 
- se alimenta de forma inapropriada; 
- etc. 
E agora, depois de saber que a pessoa possui alguma, várias ou todas 
essas características, você ainda falaria que essa pessoa é saudável, 
somente por não apresentar nenhuma doença específica? 
Uma evolução do conceito anteriormente estudado é o conceito de 
saúde da Organização Mundial de Saúde ([2017], on-line)1, um dos mais 
populares atualmente. De acordo com esse conceito, saúde é um: 
“Estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não 
apenas a ausência de doenças” 
 E agora, você está satisfeito com esse conceito de saúde? Acha que 
abrange um espectro de elementos bem maior e é mais completo? Porém, 
mesmo assim, você ainda conseguiria pensar em algum ponto negativo ou que 
poderia ser melhorado nesse conceito? 
Isso mesmo, precisamos ter pensamento crítico sempre, mesmo se a fonte 
da informação é um órgão famoso e respeitado, como a Organização Mundial 
de Saúde (ALMEIDA FILHO, 2000). Apesar de ser um conceito bem mais 
interessante que o primeiro, uma palavra presente nesse conceito não parece 
adequada para a definição de “ser saudável” ou não. Você consegue identificar 
a palavra? 
 No conceito da Organização Mundial da Saúde, a palavra “completo” 
acaba sendo um pouco estranha. É só pararmos para pensar. Será que algum 
de nós consegue passar um mês, uma semana, ou mesmo um dia inteiro em um 
“completo bem-estar físico, mental e social”? Dessa forma, ao utilizarmos esse 
conceito, teríamos que classificar a maioria de nós, ou todos nós, como não 
saudáveis. 
 Por fim, apresento um conceito que considero bastante completo e 
interessante para definirmos saúde: 
“Estado dinâmico de bem-estar caracterizado pelo potencial físico e mental 
que satisfaz as demandas vitais compatíveis com a idade, cultura e 
responsabilidade pessoal” (BIRCHER, 2005). 
Esse conceito de saúde inclui a palavra “dinâmico”, considerando que nosso 
bem-estar é influenciado por diversos aspectos e totalmente mutável ao longo 
do tempo. Ainda, explicita a questão da idade, cultura e responsabilidades 
pessoais. É interessante pensar nisso, pois as mesmas características físicas e 
mentais que podem ser consideradas boas para um idoso, podem ser 
consideradas ruins, em termos de saúde, para um adulto jovem, por exemplo. O 
mesmo pode acontecer para diferentes culturas ao redor do mundo. Apesar 
disso, não quero dizer que esse último conceito é perfeito e que não possam 
haver outros mais interessantes ou que não podemos encontrar pontos 
negativos neste. 
 Outro ponto interessante é que esse último conceito de saúde estudado 
nos permite enxergar o processo de saúde como um “contínuo”, ao invés de algo 
binário, definido como “sim” ou “não” (saudável ou não saudável). De acordo com 
a natureza dinâmica de nossa saúde, diferentes comportamentos e fatores 
podem influenciar nosso “nível” de saúde. Veja a figura a seguir: 
 
 
INÍCIO DA DESCRIÇÃO DA IMAGEM 
 
 
 
Vitor Fernandes 
Descrição: A figura apresenta uma flecha na horizontal apontando para direita 
e para esquerda. Ao lado esquerdo da flecha temos a cor alaranjada, ao lado 
direito a cor verde e ao centro as cores estão em degradê. Acima da flecha, 
alinhado ao centro, está escrito SAÚDE e milimetricamente abaixo está escrito 
na ponta da direita “Mais” e na ponta esquerda “Menos”. Abaixo da flecha temos 
descrito cinco níveis de saúde, sendo da esquerda para direita: Morte, Doenças, 
Comportamento de Risco, Comportamentos Positivos, Saúde. 
 
FIM DA DESCRIÇÃO DA IMAGEM. 
 
INÍCIO DO REFLITA 
Lembre-se de sua resposta à pergunta inicial da Unidade (“Você é 
saudável?”) e reflita sobre os elementos que você utilizou para responde-la. 
Agora responda novamente, utilizando todos os conceitos e informações que 
estudamos até aqui. 
Fonte: autor. 
FIM DO REFLITA. 
FIM DO TÓPICO 1. 
 
INÍCIO DO TÓPICO 2 
2. TRANSIÇÕES DEMOGRÁFICA E EPIDEMIOLÓGICA 
 Agora que estudamos e refletimos sobre diferentes conceitos de saúde, 
vamos dar o próximo passo e analisar o atual cenário brasileiro, em termos 
de saúde e doenças. Para a compreensão desse cenário, dois aspectos são 
essenciais: a Transição Demográfica e a Transição Epidemiológica. 
 A Transição Demográfica é um conceito que descreve a alteração na 
dinâmica de crescimento da população. Certamente você já deve ter ouvido 
falar que o número de idosos no Brasil está aumentando rapidamente, assim 
como algumas de suas consequências. Uma das consequências que se tem 
falado muito ultimamente se refere à questão previdenciária, por exemplo. 
Porém, no que tange os aspectos de saúde e doenças, tais alterações na 
dinâmica de crescimento da população impactam profundamente esse 
cenário. Uma forma bem interessante de visualizarmos a Transição 
Demográfica que tem ocorrido no Brasil (e no mundo) é por meio da utilização 
das pirâmides etárias. Confira, a seguir, a composição e características da 
pirâmide etária do Brasil em 1980, atualmente (2016) e as projeções para o 
ano de 2050, de acordo com o IBGE. 
 
INÍCIO DA DESCRIÇÃO DA FIGURA 
 
 
 
Vitor Fernandes 
Descrição: A imagem são três gráficos de áreas, divididos simetricamente ao meio com 
o lado esquerdo preenchido na cor cinza (representando os homens) e o lado direito em 
rosa (representando as mulheres). Todos estão desenhados sobrepostos em dezessete 
linhas horizontais alinhadas paralelamente com a mesma sequência numérica 
(representando idades) na ponta esquerda de cada linha, sendo respectivamente de 
cima para baixo:80+, 75-79, 70-74, 65-69, 60-64, 55-59, 50-54, 45-49, 40-44, 35-39, 
30-34, 25-29, 20-24, 15-19, 10-14, 5-9, 0-4. Cada gráfico representa um ano, sendo 
respectivamente 1980, 2016 e 2050. 
O primeiro tem o formato de uma pirâmide, a base é maior e começa a afunilar de 30-
34 até chegar ao topo em 80+. 
O segundo, com a base menor que o primeiro, aumenta ao passar pela fase de 15-19 
até 35-39 e afunila gradativamente até chegar em 80+, porém não tanto quanto a 
imagem anteriormente descrita. 
O terceiro gráfico com a base estreitada aumenta gradativamente até a etapa de 45-49 
e começa a afunilar a partir de 50-54 até ao topo em 80+. 
 
FIM DA DESCRIÇÃO DA FIGURA. 
Analisando a pirâmide etária brasileira, identificamos que, ao longo das 
décadas (e a projeção futura), a proporção de crianças, adolescentes e jovens 
está gradativamente diminuindo, enquanto a proporção de pessoas mais velhas, 
especialmente idosas, está aumentando gradativamente. Tais transformações 
populacionais (Transição Demográfica) têm sido impulsionadas por dois fatores 
principais: a taxa de natalidade e a expectativa de vida. Vamos estudar cada 
uma delas. 
A taxa de natalidade representa o número de nascidos vivos anualmente a 
cada mil habitantes. Atente-se a essa definição, pois ela é diferente da taxa de 
fecundidade, que é o número médio de filhos que uma mulher tem em sua vida. 
Assim, quanto menos filhos uma mulher tem (taxa de fecundidade), 
potencialmente a taxa de natalidade também será menor. Entre os anos de 1970 
e o ano de 2008, por exemplo, houve uma rápida queda na taxa de fecundidade, 
de 5,8 para 1,9 filhos por mulher (PAIM et al, 2011). Essa taxa continua a cair, 
sendo que em 2015 ela já estava em 1,7 filhos por mulher (IBGE, 2017, on-line). 
Como esperado, essa redução da fecundidade tem levado a uma queda na 
taxa de natalidade, indo de 22 nascidos vivos a cada mil habitantes em 1995 
para 15,8 no ano de 2010 (MIRANDA et al, 2017). 
A expectativa de vida representa o número médio de anos esperado de vida 
de uma população, ao nascer. Tal índice aumentou substancialmente nas 
últimas décadas no Brasil, indo de 52,3 anos em 1970, para 72,8 em 2010 (PAIM 
et al, 2011). Esse grande aumento na expectativa de vida se deu, dentre outros 
fatores, principalmente pela drástica redução nas taxas de mortalidade infantil, 
que caíram de 113/1000 nascidos vivos em 1970, para 19/1000 nascidos vivos 
em 2010 (PAIM et al, 2011). 
Assim, a combinação das alterações desses dois fatores ao longo dos anos, 
ou seja, uma redução nas taxas de natalidade e aumento da expectativa de vida, 
são os principais responsáveis pela Transição Demográfica em progresso no 
Brasil, conforme observamos na pirâmide etária. Proporcionalmente nascem 
menos crianças, enquanto os mais velhos sobrevivem por mais tempo, criando 
esse aumento proporcional na quantidade de pessoas mais velhas no país. Em 
termos do perfil e características da saúde e das doenças da população, como 
você acha que essas alterações podem influenciar o cenário brasileiro? 
A Transição Epidemiológica é um conceito que descreve as alterações no 
perfil de mortalidade e morbidade da população, sendo que morbidade é a taxa 
de doenças, lesões ou incapacidade. De uma forma simples, a Transição 
Epidemiológica representa as alterações na mortalidade e nas doenças de uma 
população. 
Ao analisarmos o perfil de mortalidade e doenças ao longo das décadas no 
Brasil, identificamos uma drástica alteração. Em 1930, doenças infecciosas, 
como malária, poliomielite, caxumba, tétano, tuberculose, dentre diversas outras, 
representavam cerca de 46% de todas as mortes do país (SCHMIDT et al, 2011). 
Em grande contraste, em 2003, por exemplo, a mortalidade por doenças 
infecciosas já representava apenas 5% de todas as mortes do Brasil (MALTA et 
al, 2006). 
Por outro lado, enquanto as doenças cardiovasculares representavam 
apenas 12% das mortes na década de 30, atualmente elas representam cerca 
de 31% de todas as mortes (WHO, 2014, on-line)4. Ainda mais notório é o fato 
de que, atualmente, do total de mais de 1 milhão de 300 mil mortes anualmente 
no Brasil, as chamadas doenças crônicas não-transmissíveis representam cerca 
de 74% de todas essas mortes (WHO, 2014, on-line)4. Exemplos de doenças 
crônicas não-transmissíveis são doenças cardiovasculares, cânceres, doenças 
crônicas respiratórias, diabetes etc. 
Ainda, também podemos ver uma grande alteração no perfil de morbidade da 
população. Tomando a prevalência de sobrepeso como exemplo, verificamos 
um aumento de 18,6% em 1974 para mais de 50% atualmente (MALTA; 
BARBOSA DA SILVA, 2012). 
 
INÍCIO DO SAIBA MAIS 
As Doenças Crônicas Não transmissíveis (DCNT) são as principais 
causas de mortes no mundo e têm gerado elevado número de mortes 
prematuras, perda de qualidade de vida com alto grau de limitação nas 
atividades de trabalho e de lazer, além de impactos econômicos para as famílias, 
comunidades e a sociedade em geral, agravando as iniquidades e aumentando 
a pobreza. Apesar do rápido crescimento das DCNT, seu impacto pode ser 
revertido por meio de intervenções amplas e custo-efetivas de promoção de 
saúde para redução de seus fatores de risco, além de melhoria da atenção à 
saúde, detecção precoce e tratamento oportuno. Os principais fatores de risco 
para DCNT são o tabaco, a alimentação não saudável, a inatividade física e o 
consumo nocivo de álcool, responsáveis, em grande parte, pela epidemia de 
sobrepeso e obesidade, pela elevada prevalência de hipertensão arterial e pelo 
colesterol alto. 
Fonte: adaptado de Ministério da Saúde, (2011, p. 30, on-line)5. 
FIM DO SAIBA MAIS. 
Essas grandes alterações nos perfis de mortalidade e morbidade podem 
ser explicadas, em grande parte, pelos avanços tecnológicos, avanços na 
medicina e urbanização ao longo das décadas. O grande avanço em serviços, 
como saneamento básico; avanços na medicina, como vacinas, diagnósticos, 
tratamentos, acesso a diversos serviços de saúde, dentre outros fatores, 
contribuíram fortemente para tais mudanças. 
Até o momento, vimos a Transição Demográfica e Transição 
Epidemiológica como fenômenos isolados por motivos didáticos. Porém, essas 
alterações no perfil da população não ocorreram de forma independente, e sim 
de maneira conjunta, sendo que, ao mesmo tempo, um influenciou e influencia 
o outro. Pare por um momento e tente identificar quais as conexões das duas 
transições. Como a Transição Demográfica influencia a Transição 
Epidemiológica e vice-versa? 
Após a sua reflexão, vamos analisar juntos. Conforme as transformações 
(urbanização, melhorias de saneamento básico e avanços na medicina) foram 
ocorrendo, o perfil das doenças e das causas de mortalidade também 
começaram a se alterar (Transição Epidemiológica). Por exemplo, a existência 
e disponibilidade de vacinas para diversas doenças infecciosas, grande causa 
de mortes no passado, foram reduzindo esse problema e, consequentemente, 
as pessoas passaram a viver mais. 
Como vimos, a grande queda da mortalidade infantil também contribuiu 
bastante para o aumento da expectativa de vida. Com menos mortes prematuras 
e maior expectativa de vida, há uma gradativa alteração na pirâmide etária 
(Transição Demográfica). Por sua vez, se a população em geral vive por mais 
tempo, é natural que as doenças e causas de mortalidade também se alterem, 
uma vez que o perfil das doenças que atinge jovens e adultos se difere, em 
muitos casos, das doenças que afligem os idosos. Isto é, ambas as transições 
contribuíram, ao mesmo tempo, para acentuar as alterações uma da outra. 
Vale ressaltar que estamos abordando apenas alguns dos principais 
fatores responsáveis pelas transições, mas que este é um processo complexo e 
multifatorial, que recebeu influência de diversas outras características do país, 
como características econômicas, políticas e sociais. Além disso, apesar de 
termosfocado o estudo dessas transições apenas no Brasil, tais transformações 
têm ocorrido, em diferentes velocidades, no mundo inteiro. 
FIM DO TÓPICO 2. 
 
INÍCIO DO TÓPICO 3 
3. DETERMINANTES DA SAÚDE 
Depois de estudarmos alguns diferentes conceitos de saúde, assim como o 
impacto das Transições Demográfica e Epidemiológica no cenário da saúde e 
das doenças do Brasil, vamos avançar e refletir sobre os fatores que determinam 
a saúde. 
É muito comum a ideia de que um dos principais fatores que determinam a 
nossa saúde é representado unicamente pelos nossos comportamentos 
voluntários. Essa ideia, que coloca praticamente toda a responsabilidade da 
saúde das pessoas nos próprios comportamentos, tem sido denominada 
"culpabilização do indivíduo". Isto é, a pessoa que não faz atividade física, não 
se alimenta adequadamente, não realiza exames preventivos, dentre outras 
ações, deveria ser responsabilizada pela própria saúde. Apesar de ouvirmos 
frequentemente esse tipo de ideia entre amigos, familiares, na mídia e, até 
mesmo, entre profissionais da área, a "culpabilização do indivíduo" ignora uma 
variedade de conhecimentos atuais sobre os determinantes da saúde. 
Atualmente, sabemos que a saúde de uma pessoa ou de uma população é 
influenciada por uma grande e complexa variedade de fatores. Segundo a 
Organização Mundial da Saúde (2017, on-line)6, em termos gerais, os 
determinantes da saúde incluem: 
- o ambiente social e econômico; 
- o ambiente físico; 
- as características e comportamentos individuais. 
Mais especificamente, a Organização Mundial da Saúde indica diversos 
aspectos que já são conhecidos por afetar a saúde de um indivíduo, comunidade 
ou população: 
- Renda: uma maior renda está ligada a uma melhor saúde. Quanto maior a 
desigualdade entre os mais ricos e os mais pobres, maior as diferenças nos 
níveis de saúde. 
- Educação: baixos níveis de educação estão ligados a uma pior saúde, maior 
estresse e menor autoconfiança. 
- Ambiente Físico: a qualidade da água e do ar, ambientes saudáveis de 
trabalho, moradia segura, estradas e ruas seguras são todos fatores que 
influenciam a saúde das pessoas. As condições de emprego e o quanto as 
pessoas possuem controle sobre esse ambiente também influenciam a saúde. 
- Aspectos Sociais: um maior suporte social da família, amigos e da 
comunidade como um tudo está relacionado a melhores níveis de saúde. A 
cultural, crenças e tradições locais também afetam a saúde. 
- Fatores Genéticos: fatores hereditários podem influenciar a longevidade e 
o risco de desenvolvimento de determinadas doenças. 
- Serviços de Saúde: a disponibilidade, o acesso e o uso dos serviços de 
saúde agem como fatores que podem colaborar na prevenção e tratamento de 
doenças, afetando a saúde. 
- Gênero: homens e mulheres sofrem de diferentes tipos de doenças em 
diferentes idades. 
 Em resumo, observamos que os determinantes da saúde passam por 
uma série de esferas, desde o comportamento individual (que na verdade 
também é afetado por uma série de outros fatores) até características 
socioeconômicas, culturais e ambientais, em que o indivíduo, de forma isolada, 
tem pouco ou nenhum controle. Uma ilustração bastante didática e interessante 
dos determinantes da saúde é o popular modelo de Dahlgren e Whitehead 
(BUSS; PELLEGRINI FILHO, 2007). Veja a seguir: 
INÍCIO DA DESCRIÇÃO DA FIGURA 
 
 
Vitor Fernandes 
Descrição: A imagem apresenta um gráfico de setores com diferentes camadas. Ao 
centro da figura temos um círculo preenchido na cor azul escrito no centro e em branco: 
idade, sexo e fatores hereditários. Acima em um espaço branco e seguindo o desenho 
da circunferência está escrito “ESTILO DE VIDA DOS INDIVÍDUOS”. Em seguida, 
acima, dentro de uma semicircunferência preenchida de marrom está escrito “REDES 
SOCIAIS E COMUNITÁRIAS”. As camadas seguintes, acima, encontram-se os fatores 
relacionados às condições de vida e de trabalho, com oito divisões em diferentes cores, 
sendo elas da esquerda para direita: rosa: “Produção agrícola e de alimentos”; azul 
claro: “Educação”; verde limão: “Ambientes de trabalho”; laranja: “Condições de vida e 
de trabalho”; pink: “Desemprego”; verde musgo: “Água e Esgoto”; verde claro: “Serviços 
Sociais de Saúde”; rosa claro: “Habilitação”. No centro e topo dessa semicircunferência 
nas laterais da divisão alaranjada possui uma flecha vermelha de cada lado indicando 
o lado esquerdo e o direito. A última camada é uma semicircunferência preenchida de 
roxo onde está escrito “CONDIÇÕES SOCIOECONÔMICAS, CULTURAIS E 
AMBIENTAIS GERAIS”. 
FIM DA DESCRIÇÃO DA FIGURA. 
 
Com base nesses conhecimentos sobre os determinantes da saúde, 
começamos a entender e visualizar que o campo de atuação dos profissionais e 
interessados na área da saúde é bem mais amplo do que costumamos imaginar. 
Ações e intervenções de saúde podem abranger desde uma "simples" oferta de 
atividade física em um espaço público até uma política de planejamento urbano 
para melhoria de ruas, calçadas e parques, para o estímulo do uso do transporte 
ativo, da caminhada no lazer etc. 
 Observe a imagem a seguir, que apresenta um condomínio de luxo 
situado ao lado de uma favela. Considerando o contraste das condições de 
moradia, saneamento básico, presença de árvores, segurança, acesso a 
possibilidades de lazer, dentre outros fatores, reflita sobre a influência dos 
determinantes estudados na saúde das pessoas. Você consegue fazer uma lista 
de quais aspectos da saúde poderão ser influenciados, independentemente do 
comportamento individual? 
Quando pensamos especificamente em relação à prática de atividades 
físicas, é interessante realizarmos uma análise similar. O comportamento da 
prática de atividades físicas é, por si só, um determinante da saúde. Porém, o 
que será que determina esse comportamento? 
 Novamente, é comum ouvir, e nós mesmos pensarmos, que a “culpa” de 
não fazer atividades físicas se dá apenas por fatores pessoais, como falta de 
motivação ou, até mesmo, preguiça. Porém, imagine o seguinte cenário: 
considere duas pessoas que moram em cidades diferentes. Uma cidade possui 
níveis baixíssimos de violência, possui parques e praças iluminadas e com a 
presença de equipamentos de lazer; a prefeitura oferece uma variedade de 
esportes e programas de atividade física gratuitos, possui um sistema de 
transporte público eficiente e barato, ruas e calçadas seguras, sem buracos, 
limpas, dentre outras características. O morador da outra cidade se encontra em 
um cenário em que a cidade é violenta, os poucos parques e praças não têm 
iluminação e manutenção nenhuma, há somente oferta de atividade física e 
esportes privados e caros, ruas e calçadas são perigosas e mal cuidadas etc. 
Em qual cidade você acha que a população praticará mais atividades físicas, 
desde caminhar até a padaria, brincar no parque, usar bicicleta ou mesmo 
praticar esportes? Na primeira ou na segunda? 
 Assim, após trilhar toda essa linha de estudos, finalizaremos esta unidade 
com o estudo de um conceito bastante relevante e que tem ganhado grande 
atenção nas últimas décadas: a qualidade de vida. 
FIM DO TÓPICO 3. 
 
INÍCIO DO TÓPICO 4 
4. QUALIDADE DE VIDA 
Como vimos anteriormente, as Transições Demográfica e Epidemiológica 
estão resultando em uma população que possui maior longevidade (maior 
expectativa de vida), mas que tem apresentado elevado níveis de morbidade. 
Esse último é evidenciado pelos elevados e crescentes níveis de sobrepeso e 
obesidade, hipertensão, diabetes, dentre outras condições crônicas na 
população. Assim, nos últimos anos, grande atenção tem sido direcionada à 
questão da qualidade de vida. 
O conceito de qualidade de vida é definido por Nahas (2013, p. 14) como: 
"a percepção de bem-estar resultante de um conjunto de parâmetros 
individuais e socioambientais, modificáveis ou não, que caracterizam ascondições em que vive o ser humano.” 
 É interessante notar que, baseado no conceito anterior, observamos que 
essa percepção de bem-estar (qualidade de vida) é subjetiva, resultante de uma 
combinação de fatores, fenômenos e situações que, após passar por um “filtro 
individual”, gera essa sensação abstrata (NAHAS, 2013). Assim, uma mesma 
situação de vida, com fatores e fenômenos similares, pode gerar uma percepção 
de bem-estar e qualidade de vida diferente de pessoa para pessoa. O mesmo 
também pode ocorrer, em que pessoas vivendo em situações totalmente 
diferentes podem julgar que suas qualidades de vida são similares. Dentre os 
diversos fatores, fenômenos e situações que podem afetar qualidade de vida de 
uma pessoa ou de uma comunidade ou população, veja alguns considerados 
bastante relevantes no quadro a seguir: 
 Quadro 1 - Parâmetros socioambientais e individuais que podem afetar a 
Qualidade de Vida 
QUALIDADE DE VIDA 
Parâmetros Socioambientais Parâmetros Individuais 
Moradia, transporte, segurança Hereditariedade 
Assistência médica Estilo de Vida: 
Condições de trabalho e remuneração - Hábitos alimentares 
Educação - Controle do estresse 
Opções de lazer - Atividade física habitual 
Meio ambiente - Relacionamentos 
Cultura - Comportamento preventivo 
Fonte: Nahas (2013). 
Conforme observado, a qualidade de vida reflete a percepção das 
pessoas sobre uma variedade de aspectos. Nas últimas décadas, questões 
relacionadas à saúde, mais especificamente ao estilo de vida, têm ganhado 
grande atenção e crescente importância quando falamos de qualidade de vida. 
Isso é muito interessante, uma vez que nós, profissionais da saúde, temos 
grande influência no estilo de vida das pessoas. Assim, nosso foco principal 
serão os aspectos da qualidade de vida que estão intimamente relacionados ao 
estilo de vida. 
Nos últimos anos, a questão da qualidade de vida ganhou muita 
notoriedade, principalmente quando considerada em relação aos cuidados de 
pacientes com doenças infecciosas graves, como AIDS, por exemplo, assim 
como com doenças crônicas não-transmissíveis, por exemplo, doenças 
cardiovasculares, diabetes, hipertensão e câncer. Particularmente um aspecto 
do estilo de vida, a prática de atividade física habitual, hoje é considerada como 
um potente influenciador da qualidade de vida (NAHAS, 2013), sendo associada 
a: 
- Maior capacidade de trabalho físico e mental. 
- Mais entusiasmo para a vida. 
- Positiva sensação de bem-estar. 
- Menores gastos com saúde. 
- Menor risco de doenças crônicas não-transmissíveis. 
- Redução da mortalidade precoce. 
Assim como previamente estudado em relação aos determinantes da 
saúde, o estilo de vida das pessoas, incluindo a prática habitual de atividade 
física, é influenciada por um conjunto complexo de fatores. Nesse sentido, o 
conceito de estilo de vida pode ser entendido como um “conjunto de ações 
habituais que refletem as atitudes, os valores e as oportunidades na vida das 
pessoas” (NAHAS, 2013). Devido ao cenário atual da população, advindos das 
transformações demográfica e epidemiológica, dentre outros fatores, atualmente 
o estilo de vida e seus diversos componentes são considerados essenciais para 
a saúde, bem-estar e qualidade de vida da população. 
Uma forma bem simples e de fácil visualização para a avaliação de alguns 
aspectos do estilo de vida é o instrumento PERFIL DO ESTILO DE VIDA, 
derivado do modelo do Pentáculo do Bem-Estar (NAHAS et al, 2000). Esse 
instrumento inclui cinco aspectos do estilo de vida que estão relacionados ao 
bem-estar e à saúde. São eles: 
1) Alimentação 
2) Atividade Física 
3) Comportamento Preventivo 
4) Relacionamentos 
5) Controle do Estresse 
 
Cada um dos cinco aspectos possui três itens para preenchimento, em 
uma escala que vai de 0 pontos (ausência total de tal característica no estilo de 
vida) até 3 pontos (completa realização do comportamento considerado). O 
instrumento, que deve ser preenchido por meio da pintura dos espaços de 
acordo com a escala de resposta, além de ser autoadministrado, é bastante 
ilustrativo e de fácil visualização, uma vez que quanto mais colorida estiver a 
figura, mais adequado está o estilo de vida da pessoa, baseada nesses cinco 
aspectos (NAHAS, 2013). Confira, a seguir, o instrumento completo: 
 
 
 PERFIL DO ESTILO DE VIDA 
O ESTILO DE VIDA corresponde ao conjunto de ações habituais que 
refletem as atitudes, valores e oportunidades das pessoas. Essas ações têm 
grande influência na saúde geral e qualidade de vida de todos os indivíduos. 
 Os itens a seguir representam características do estilo de vida 
relacionadas ao bem-estar individual. Manifeste-se sobre cada afirmação 
considerando a escala: 
 
[ 0 ] Absolutamente não faz parte do seu estilo de vida. 
[ 1 ] Às vezes corresponde ao seu comportamento. 
[ 2 ] Quase sempre verdadeiro no seu comportamento. 
[ 3 ] A afirmação é sempre verdadeira no seu dia a dia; faz parte do seu estilo 
de vida. 
 
Componente: Alimentação 
a. Sua alimentação diária inclui pelo menos 5 porções de frutas e hortaliças. 
b. Você evita ingerir alimentos gordurosos (carnes gordas, frituras) e doces. 
c. Você faz 4 a 5 refeições variadas ao dia, incluindo um bom café da manhã. 
 
Componente: Atividade Física 
d. Seu lazer inclui a prática de atividades físicas (exercícios, esportes ou dança). 
e. Ao menos duas vezes por semana você realiza exercícios que envolvam força 
e alongamento muscular. 
f. Você caminha ou pedala como meio de deslocamento e, preferencialmente, 
usa as escadas ao invés do elevador. 
 
Componente: Comportamento Preventivo 
g. Você conhece sua pressão arterial, seus níveis de colesterol e procura 
controlá-los. 
h. Você se abstém de fumar e ingere álcool com moderação (ou não bebe). 
i. Você respeita as normas de trânsito (como pedestre, ciclista ou motorista); usa 
sempre o cinto de segurança e, se dirige, nunca ingere álcool. 
 
Componente: Relacionamentos 
j. Você procura cultivar amigos e está satisfeito com seus relacionamentos. 
k. Seu lazer inclui encontros com amigos, atividades em grupo, participação em 
associações ou entidades sociais. 
l. Você procura ser ativo em sua comunidade, sentindo-se útil no seu ambiente 
social. 
 
Componente: Controle do Estresse 
m. Você reserva tempo (ao menos 5 minutos) todos os dias para relaxar. 
n. Você mantém uma discussão sem alterar-se, mesmo quando contrariado. 
o. Você equilibra o tempo dedicado ao trabalho com o tempo dedicado ao lazer. 
 
Considerando suas respostas aos 15 itens, procure colorir a figura abaixo, 
construindo uma representação visual do seu Estilo de Vida atual 
 - Deixe em branco se você marcou zero para o item. 
 - Preencha do centro até o primeiro círculo se marcou [ 1 ]. 
- Preencha do centro até o segundo círculo se marcou [ 2 ]. 
- Preencha do centro até o terceiro círculo se marcou [ 3 ]. 
 
INÍCIO DA DESCRIÇÃO DA FIGURA 
 
Vitor Fernandes 
 
Descrição: A imagem é uma demonstração gráfica dos resultados obtidos através do 
questionário do perfil do estilo de vida individual, que inclui características nutricionais, 
nível de estresse, atividade física habitual, relacionamento social e comportamentos 
preventivos, sendo demonstrada em figura no formato do pentáculo (estrela de cinco 
pontas). O Pentáculo tem a configuração de uma estrela e na área de cada ponta dele 
temos uma ou duas palavras e na base, a qual é um triângulo isósceles, tem um traçado 
de quatro segmentos formando meia estrela. A partir da ponta superior do pentáculo e 
em sentido horário, temos os seguintes dizeres e respectivos pontos nas bases: 
Alimentação, pontos (da esquerda para a direita) a, b, c; Atividade física, pontos d, e, f; 
Comportamento Preventivo, pontos g, h, i; Relacionamentos, pontos j, k, l; Controle do 
estresse, pontos m, n, o. No centro do pentáculo tem um ponto ea partir dele segmentos 
que tocam as cinco pontas internas. Ainda partindo do ponto central do pentáculo 
segmentos pontilhados vão até os pontos centrais nas bases dos triângulos isósceles 
(pontas) os quais não estão nomeados. Por fim, ao redor do ponto central preenchendo 
a área central do pentáculo, três circunferências pontilhadas. 
 
FIM DA DESCRIÇÃO DA FIGURA. 
A utilização do instrumento, que pode ser realizada de maneira individual 
ou em grupo, analisando o perfil do grupo como um todo, permite identificar 
aspectos positivos e negativos do estilo de vida das pessoas, facilitando a 
visualização e reflexão, tanto pelo próprio avaliado como pelo avaliador 
(Profissional de Educação Física). Os resultados podem ser utilizados para a 
identificação de aspectos a serem mantidos, aprimorados ou iniciados. Assim, 
cabe ao profissional, em posse dos resultados, identificar e elaborar estratégias 
para o aprimoramento dos diferentes aspectos, a fim de melhorar o estilo de vida 
das pessoas e, consequentemente, seu bem-estar e qualidade de vida. 
 Ao encerrar essa primeira Unidade, espero que você tenha ampliado a 
sua visão sobre saúde, desde o seu conceito, passando por como as 
transformações populacionais a afetam, seus determinantes e sua estreita 
relação com a Qualidade de Vida. Tais conhecimentos, além de contribuir para 
a sua formação profissional, embasarão diversos aspectos das próximas 
unidades. Até breve! 
FIM DO TÓPICO 4. 
 
FIM DA UNIDADE I. 
INÍCIO DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Caro(a) aluno(a), aqui encerramos a Unidade I. 
No primeiro Tópico ("O que é Saúde"), vimos algumas diferentes 
conceituações para o termo “Saúde”. Discutimos que Saúde não é apenas a 
ausência de doenças e que o atual conceito da Organização Mundial de Saúde 
é questionável, uma vez que raramente temos um completo bem-estar físico, 
emocional e social. Assim, apresentei um modelo de Saúde como um “contínuo”, 
que se revela dinâmico, de acordo com as situações e comportamentos. 
No segundo Tópico ("Transições Demográfica e Epidemiológica"), 
estudamos o que são essas transições, seus principais componentes e como 
elas estão afetando as características populacionais do Brasil, tanto em termos 
de idade, como em termos de mortalidade e morbidade. Ainda, apesar de 
inicialmente estudarmos as transições separadamente, vimos que, na verdade, 
elas estão conectadas. A alteração na mortalidade afeta características da 
população que, por sua vez, afetam novamente o perfil das doenças e da 
mortalidade, formando um ciclo. 
O terceiro Tópico (“Determinantes da Saúde”) foi dedicado a melhor 
compreendermos o que determina a saúde de um indivíduo, comunidade ou 
população. Vimos que a saúde depende de muitos fatores, como a renda, 
educação, ambiente físico, aspectos sociais, fatores genéticos, serviços de 
saúde, dentre outros. Assim, a “culpabilização do indivíduo” por sua saúde é uma 
abordagem muito rasa e simplista. 
Por fim, o quarto Tópico ("Qualidade de Vida") foi dedicado à questão da 
Qualidade de Vida, que tem ganhado bastante atenção devido às 
transformações populacionais que vivenciamos. Além de conceituar e estudar 
alguns fatores do estilo de vida que afetam a Qualidade de Vida, conhecemos o 
"Perfil do Estilo de Vida", um instrumento simples e prático para os profissionais 
utilizarem. 
 Até breve! 
 
FIM DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS. 
 
 
 
INÍCIO DAS ATIVIDADES DE ESTUDO 
1) Considere o seguinte conceito de Saúde: "Saúde é a ausência de doenças". 
Descreva as limitações desse conceito, ilustrando suas explicações com 
exemplos práticos. 
 
2) Atualmente, a Organização Mundial da Saúde conceitua a Saúde como 
"Estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência 
de doenças". Qual é a principal palavra dessa conceituação que não parece 
adequada para o mundo real? Explique. 
 
3) Em relação a Transição Demográfica, assinale Verdadeiro (V) ou Falso (F). 
( ) Pode ser observada pela alteração no perfil das doenças e causas de morte. 
( ) Pode ser observada pela alteração no perfil da população, vista na pirâmide 
etária, com crescente proporção de idosos. 
( ) Alteração na dinâmica de crescimento da população. 
( ) Alteração no perfil de mortalidade e morbidade da população. 
( ) É caracterizada pela redução das doenças infecciosas e aumento das 
doenças crônicas não-transmissíveis. 
( ) Influenciada principalmente pelas taxas de natalidade (nascimentos) e 
expectativa de vida. 
 
4) Em relação a Transição Epidemiológica, assinale Verdadeiro (V) ou Falso 
(F). 
( ) Pode ser observada pela alteração no perfil das doenças e causas de morte. 
( ) Pode ser observada pela alteração no perfil da população, vista na pirâmide 
etária, com crescente proporção de idosos. 
( ) Alteração na dinâmica de crescimento da população. 
( ) Alteração no perfil de mortalidade e morbidade da população. 
( ) É caracterizada pela redução das doenças infecciosas e aumento das 
doenças crônicas não-transmissíveis. 
( ) Influenciada principalmente pelas taxas de natalidade (nascimentos) e 
expectativa de vida. 
5) Considerando as diversas esferas dos Determinantes da Saúde, indique pelo 
menos três parâmetros socioambientais e três parâmetros individuais que 
tem relação com a Qualidade de Vida. 
FIM DAS ATIVIDADES DE ESTUDO. 
 
INÍCIO DA LEITURA COMPLEMENTAR 
Leia as seguintes passagens de um artigo de opinião bastante interessante 
sobre o tema do envelhecimento populacional e suas consequências. 
O envelhecimento da população mundial é um fato incontestável. É 
praticamente consenso, também, que o ritmo deste processo nas próximas 
décadas será particularmente acelerado em países que, como o Brasil, se 
encontram em vias de desenvolvimento. [...] Entre 2000 e 2025 estima-se que a 
proporção da população com 60 anos e mais aumente de 8% para 15% e 
subsequentemente para 24% no ano 2050 (Nações Unidas, 2005a). Embora 
esta proporção se encontre ainda muito aquém da observada nos países mais 
desenvolvidos, este aumento proporcional irá representar, em termos absolutos, 
um incremento da ordem de 45 milhões de pessoas idosas na população. 
O envelhecimento contínuo de uma população traz uma série de 
implicações que afetam, direta ou indiretamente, diferentes esferas de sua 
organização social, econômica e política. [...] 
Em algumas áreas, como é o caso da saúde, as conseqüências deste 
fenômeno se fazem sentir de forma mais clara e imediata. O impacto de uma 
crescente massa de população idosa não somente sugere a necessidade de 
desenvolvimento de técnicas e metodologias de atendimento diferenciado, mas 
passa também pela questão fundamental da utilização mais intensiva dos 
serviços e equipamentos de saúde por parte da população em idades mais 
avançadas. [...] 
É sabido, portanto, que as transformações demográficas e 
epidemiológicas irão resultar em mudanças dramáticas no quadro de demandas 
na área de saúde. Entre as principais mudanças está, sem dúvida, o aumento 
considerável na demanda por cuidados continuados de pessoas idosas. [...] 
Recentemente, a Organização Mundial da Saúde adotou o termo 
“envelhecimento ativo” para expressar a idéia de que uma vida mais longa deve 
vir acompanhada por oportunidades contínuas de saúde, participação e 
segurança (Organização Mundial da Saúde, 2002). A palavra “ativo”, no caso, 
refere-se não somente à prática de atividades físicas ou à participação no 
mercado laboral, mas também à participação contínua em assuntos sociais, 
econômicos, cívicos, culturais e espirituais. [...] 
A definição de “saúde” adquire uma maior abrangência dentro deste 
conceito, passando a referir-se não somente ao bem-estar físico, mas também 
ao bem-estar mental e social. Portanto, dentro de um contexto de 
envelhecimento ativo, programas e políticas voltadas à promoção de saúde 
mental e ao incremento de conexões sociais passam a ser tão importantesquanto aquelas dedicadas à melhoria das condições de saúde física. 
Manter autonomia e independência à medida que se envelhece é a meta 
primordial tanto para os próprios indivíduos que envelhecem quanto para os 
setores de planejamento na área de saúde. Neste sentido, todas as estratégias 
de promoção de saúde e prevenção de doenças que contribuam para diminuir o 
risco da perda de autonomia do indivíduo idoso constituem peças fundamentais 
das políticas de planejamento em saúde. Em particular, reconhece-se que, em 
todas as idades, a prática de atividades físicas está diretamente associada a 
uma melhor qualidade de vida. Para pessoas de idades mais avançadas, existe 
uma crescente evidência científica indicando a atividade física como um fator 
importante no prolongamento dos anos de vida ativa e independente, na redução 
das incapacidades e na melhoria da qualidade de vida em geral (Pelaez, 2002). 
Embora as evidências sejam claras, elas raramente têm se traduzido em planos 
de ação nacionais direcionados a criar oportunidades de atividades físicas para 
pessoas idosas como uma medida de saúde pública. [...] 
Fonte: Saad ([2017], on-line). 
 
FIM DA LEITURA COMPLEMENTAR. 
 
INÍCIO DO MATERIAL COMPLEMENTAR – WEB 
Vídeo bastante didático sobre os Determinantes Sociais da Saúde que, por meio 
de um exemplo prático, explica como a nossa saúde depende de fatores que vão 
além do comportamento individual. 
Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=79z4Thkuw90> 
FIM DO MATERIAL COMPLEMENTAR - WEB. 
 
INÍCIO DAS REFERÊNCIAS 
ALMEIDA FILHO, N. O conceito de saúde: ponto cego da epidemiologia? 
Revista Brasileira de Epidemiologia, v. 3, n. 1, p. 4-20, 2000. 
BIRCHER, J. Towards a dynamic definition of health and disease. Medicine, 
health care, and philosophy, v. 8, n. 3, p. 335-341, 2005. 
BUSS, P. M.; PELLEGRINI FILHO, A. A saúde e seus determinantes sociais. 
Physis: Revista de Saúde Coletiva, v. 17, n. 1, p. 77-93, 2007. 
MALTA, D. C. et al. A construção da vigilância e prevenção das doenças crônicas 
não transmissíveis no contexto do Sistema Único de Saúde. Epidemiologia e 
Serviços de Saúde, v. 15, p. 47-65, 2006. 
MALTA, D. C.; BARBOSA DA SILVA, J. Policies to promote physical activity in 
Brazil. Lancet, v. 380, n. 9838, p. 195-196, 2012. 
MIRANDA, G. M. D.; MENDES, A. C. G.; SILVA, A. L. A. Desafios das políticas 
públicas no cenário de transição demográfica e mudanças sociais no Brasil. 
Interface (Botucatu), v. 21, n. 61, p. 309-320, 2017. 
NAHAS, M. V. Atividade física, saúde e qualidade de vida: conceitos e 
sugestões para um estilo de vida ativo. 6. ed. Londrina: Midiograf, 2013. 
NAHAS, M. V.; BARROS, M. V. G.; FRANCALACCI, V. L. O pentáculo do bem-
estar: base conceitual para avaliação do estilo de vida de indivíduos ou grupos. 
Revista Brasileira de Atividade Física e Saúde, v. 5, n. 2, p. 48-59, 2000. 
PAIM, J. et al. The Brazilian health system: history, advances, and challenges. 
Lancet, v. 377, n. 9779, p. 1778-1797, 2011. 
SAAD, P. M. Envelhecimento populacional: demandas e possibilidades na 
área da saúde. Demographicas. Disponível em: 
<http://www.abep.org.br/~abeporgb/publicacoes/index.php/series/article/viewFil
e/71/68>. Acesso em: 07 nov. 2017. 
SCHMIDT, M. I. et al. Chronic non-communicable diseases in Brazil: burden and 
current challenges. Lancet, v. 377, n. 9781, p. 1949-1961, 2011. 
FIM DAS REFERÊNCIAS. 
 
INÍCIO DAS REFERÊNCIAS – WEB 
1Em: <http://www.who.int/about/mission/en/>. Acesso em: 07 nov. 2017. 
2Em: 
<https://ww2.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/projecao_da_populacao/2
008/piramide/piramide.shtm>. Acesso em: 26 out. 2017. 
3Em: <https://brasilemsintese.ibge.gov.br/populacao/taxas-de-fecundidade-
total.html>. Acesso em: 07 nov. 2017. 
4Em: <http://www.who.int/nmh/countries/bra_en.pdf>. Acesso em: 07 nov. 2017. 
5Em: 
<http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/plano_acoes_enfrent_dcnt_2011.p
df>. Acesso em: 07 nov. 2017. 
6Em: <http://www.who.int/hia/evidence/doh/en/>. Acesso em: 07 nov. 2017. 
7Em: <http://www.ccs.saude.gov.br/sus/determinantes.php>. Acesso em: 07 
nov. 2017. 
FIM DAS REFERÊNCIAS - WEB. 
 
INÍCIO DO GABARITO 
1) As principais limitações desse conceito se dão pelo fato de que não possuir 
nenhuma doença específica diagnosticada ("ausência de doenças") não 
significa, necessariamente, que a pessoa seja saudável. Apesar de não ter 
nenhuma doença específica, alguém pode apresentar, por exemplo, tristeza, 
cansaço, angústia, possuir uma deficiência física, ser amputada, possuir baixa 
aptidão cardiorrespiratória, baixos níveis de força, baixa capacidade funcional, 
ser incapaz de realizar as atividades de vida diária de forma independente, 
fumar, se alimentar de forma inapropriada, dentre outros. 
 
2) A principal palavra dessa conceituação que não parece adequada para o 
mundo real é a palavra "completo". Isso se dá pelo fato de que é praticamente 
impossível que algum de nós consiga passar um mês, uma semana ou mesmo 
um dia inteiro em um “completo" bem-estar físico, mental e social. Sempre 
haverá algum problema, pequeno ou grande, que afetará o nosso dia a dia. Um 
estado "dinâmico" de bem-estar é mais realista. 
3) F, V, V, F, F, V. 
4) V, F, F, V, V, F. 
 
5) Enquanto o tópico "Determinantes da Saúde" explora bastante o tema, há um 
quadro no tópico "Qualidade de Vida" que apresenta diversos parâmetros 
socioambientais e individuais. 
FIM DO GABARITO. 
 
INÍCIO DA UNIDADE II 
 
INÍCIO DA FOLHA DE ABERTURA 
ATIVIDADE FÍSICA E SAÚDE 
Professor Doutor Bruno de Paula Caraça Smirmaul 
 
Objetivos de Aprendizagem 
● Entender como a evolução nos ajuda a compreender a atual relação 
entre a Atividade Física e a Saúde. 
● Visualizar e refletir sobre os efeitos da tecnologia na (In)Atividade Física. 
● Conhecer um pouco da trajetória do conhecimento na área de Atividade 
Física e Saúde e suas diferentes possibilidades atuais. 
 
Plano de Estudo 
● Perspectiva Evolutiva da Atividade Física 
● Tecnologia e (In)Atividade Física 
● Passado e Presente dos Conhecimentos sobre Atividade Física e Saúde 
 
FIM DA FOLHA DE ABERTURA. 
 
INÍCIO DA INTRODUÇÃO 
Caro(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Na Unidade II, abordaremos três 
tópicos principais de estudo. 
O primeiro Tópico ("Perspectiva Evolutiva da Atividade Física") servirá 
como base para toda a estrutura seguinte de nossos estudos. Isso acontece 
porque compreenderemos como a evolução humana, em termos de movimento 
corporal e demandas de atividades do dia a dia, nos ajuda a entender grande 
parte da relação entre a prática de atividades físicas e seus efeitos na saúde que 
conhecemos atualmente. Para isso, realizaremos uma jornada ao longo de 
diversas eras da evolução humana e veremos como a necessidade de 
movimento corporal de nosso dia a dia se alterou ao longo do tempo. 
No segundo Tópico ("Tecnologia e (In)Atividade Física"), refletiremos 
sobre o impacto da tecnologia atual nos níveis de atividade física da população 
em geral, com diversos exemplos práticos e reflexões de como isso tem alterado 
o nosso cotidiano. Especificamente, abordaremos como a tecnologia tem 
impactado o nosso gasto energético, com implicações não somente para a 
gordura corporal, mas também para a saúde em geral. Para isso, analisaremos 
o gasto energético de diversas atividades de nosso dia a dia, com e sem a 
utilização da tecnologia atual, e como isso pode impactar em nosso gasto 
energético total ao longo de um dia. Ainda, veremos o quanto precisaríamos 
praticar de atividades físicas específicas para compensar tal diferença. 
Por fim, no terceiro Tópico ("Passado e Presente dos Conhecimentos 
sobre Atividade Física e Saúde"), abordaremos como se deu a trajetória do 
conhecimento na área de Atividade Física e Saúde. Além disso, conheceremos 
alguns temas específicos nos quais o conhecimento tem se aprofundado, o que 
nos permite expandir nosso horizontese possibilidades de atuação profissional. 
Bons estudos! 
FIM DA INTRODUÇÃO. 
 
INÍCIO DO TÓPICO 1 
1. PERSPECTIVA EVOLUTIVA DA ATIVIDADE FÍSICA 
Imagine o dia a dia de uma pessoa que acorda cedo, utiliza seu veículo 
para ir ao trabalho, trabalha por cerca de 8 horas sentada em um escritório, volta 
para sua casa e gasta algumas horas da noite em atividades de lazer antes de 
dormir, geralmente sentado na frente da TV, computador ou celular. Qual a 
quantidade de movimento corporal que essa pessoa realiza diariamente? 
Provavelmente, muito pouco! E, atualmente, essa é a realidade de um número 
enorme de pessoas no Brasil e no mundo. Porém, esse cenário nem sempre foi 
assim. A seguir, utilizarei a linha de raciocínio que desenvolvi em um recente 
trabalho (SMIRMAUL, 2017), para analisarmos a evolução dos níveis de 
atividade física do homem. 
Ao longo da evolução humana, desde que desenvolvemos a capacidade 
de locomoção bípede, o movimento corporal foi um componente essencial para 
a sobrevivência humana e altamente presente no dia a dia de nossos 
antepassados. As atividades essenciais para a sobrevivência envolviam altas e 
frequentes quantidades de movimento corporal, como procurar/explorar por 
água, coletar e caçar alimentos, fugir de predadores, além da locomoção em si 
de uma forma geral (LIEBERMAN, 2011). Esse padrão de vida, com elevada 
quantidade e frequência de movimento corporal, perdurou por cerca de 2 milhões 
de anos (SMIRMAUL, 2017). 
INÍCIO DA DESCRIÇÃO DA FIGURA 
 
Vitor Fernandes 
 
Descrição: A ilustração mostra uma comunidade pré-histórica de homens e mulheres 
com seus hábitos de vida, caça e alimentação. Na imagem há três homens, uma mulher 
e uma criança, todos usando vestimentas e botas produzidas com couro e peles de 
animais na cor marrom. Os homens possuem cabelos e barba compridos e castanhos, 
a mulher cabelo castanho na altura dos ombros e a criança usa uma espécie de touca 
com fiapos de cabelo aparecendo na altura do pescoço. 
Da esquerda para a direita temos uma mulher realizando trabalho manual sentada em 
um tronco próxima a uma fogueira em chamas e próximo aos seus pés temos um par 
de lanças e pequenas pedras. Ao fundo há uma tenda no formato triangular, armada 
com galhos e coberta com peles de animais, com chifres decorativos na entrada. Em 
seguida, ao fundo e a direita têm dois homens, um a frente do outro e ambos carregando 
um cervo abatido amarrado pelas patas em uma vara e o homem que está a frente, 
segura na mão esquerda uma lança de caça com o corpo de um animal pequeno 
(semelhante a uma lebre) sem a cabeça espetado na mesma. O canto superior direito 
conta com uma formação rochosa sendo pintado por uma criança o contorno de suas 
próprias mãos e ao lado, na parte inferior da imagem, encontra-se outro homem do 
grupo com uma espécie de graveto na mão esquerda desenhando nessa mesma parede 
rochosa um animal grande semelhante a um touro. A coloração, extraída de materiais 
naturais, que se encontra numa cumbuca aos pés da criança é avermelhada e na 
cumbuca que o homem segura com a mão direita é acinzentada. Por fim, à esquerda 
deste homem, na parte inferior da figura, temos um ancestral canino com uma pelagem 
cinza e marrom olhando para trás na direção da mulher sentada ao tronco. 
 
FIM DA DESCRIÇÃO DA FIGURA. 
 
Após a Revolução da Agricultura, cerca de 10 mil anos atrás, o padrão de 
vida das pessoas se alterou substancialmente. Apesar disso, a necessidade de 
movimento corporal na rotina continuou bastante elevada. Mesmo após a 
Revolução Industrial - outro marco histórico que ocorreu cerca de 200 anos atrás 
-, as atividades diárias das pessoas ainda envolviam grandes quantidades de 
movimento. 
INÍCIO DA DESCRIÇÃO DA FIGURA 
A seguir temos a figura 2, com duas pinturas a óleo que ilustram: na imagem 1, 
cerca de dez mil anos atrás, o padrão de vida após a Revolução da Agricultura 
e na imagem 2, cerca de 200 anos atrás, o padrão de vida após a Revolução 
Industrial. 
 
Vitor Fernandes 
Descrição: Na imagem 1 temos a representação de trabalhadores agrícolas 
com suas ferramentas em mãos. Da direita para a esquerda temos dois homens 
em pé com chapéu de palha e foices em mãos cortando a grama, ambos vestem 
camisolões brancos e túnicas avermelhadas por cima. As calças do homem ao 
fundo possuem dois furos na altura dos joelhos, já o homem a sua frente e a 
direita não usa calças e ambos estão de sapatos pretos. Pode-se ver um terceiro 
homem ao fundo, usando uma espécie de vestido branco com uma túnica lilás 
por cima, botas marrons e chapéu cinza escuro, encurvado, arando a terra com 
suas ferramentas em mãos. Duas mulheres encontram-se ao lado esquerdo da 
pintura recolhendo a folhagem cortada pelos homens da frente. Estas mulheres 
possuem aventais brancos, vestidos longos azuis, chapéus, camisas marrons e 
estão descalças. 
 
Descrição: A imagem 2 mostra o trabalho de homens em uma forja suspensa 
por correntes grossas, num galpão onde existem correntes, ganchos, 
ferramentas e caldeiras. No primeiro plano temos uma criança de longos cabelos 
louros e chapéu tipo coco preto, sentada em uma tábua de madeira, com 
bochechas rosadas, olhar estatelado voltado para frente e semblante leve como 
se fosse sorrir. Quatro homens com marretas em punho trabalham próximo a 
fornalha ao fundo, três deles com suas marretas no alto e um segurando algo 
sobre um balcão ou mesa. Seus uniformes são compostos por camisas e 
chapéus azuis (tipo boinas), aventais beges e botas escuras. A beira do tablado 
suspenso, esquerda dos quatro operários, tem um senhor com bermuda, casaco 
e botas de cano longo até os joelhos, tudo em cores escuras, segurando com 
sua mão esquerda algo semelhante a um chicote e com a mão direita um objeto 
comprido com uma argola na ponta, observando diferentes estilos de pessoas 
que estão conversando ou trabalhando. 
FIM DA DESCRIÇÃO DA FIGURA. 
 Foi apenas após a Mecanização das Atividades Diárias, com início cerca 
de 60 anos atrás, e da Revolução Digital, aproximadamente 30 anos atrás, que 
a necessidade de movimento corporal em nosso dia a dia se alterou 
drasticamente, com uma grande redução dessa necessidade. O movimento, que 
estava integrado em praticamente todas as atividades do passado, foi 
substancialmente reduzido devido aos avanços tecnológicos das últimas 
décadas. 
 
INÍCIO DA DESCRIÇÃO DA FIGURA 
Abaixo temos a figura 3 com outras duas imagens. A imagem 1 representando o 
padrão de vida após a Mecanização das Atividades Diárias, com início cerca de 
60 anos atrás e a imagem 2 após a Revolução Digital, cerca de 30 anos atrás e 
em que vivemos atualmente. 
 
 
Vitor Fernandes 
 
Descrição: A imagem 1 é composta por uma pintura que mostra o 
trabalho de um grupo de mulheres em uma indústria de peças mecânicas. Em 
primeiro plano temos uma mulher de pele clara, cabelos castanhos curtos e 
enrolados, presos por um lenço rendado verde. A mesma está usando uniforme 
azul, com a coluna curvada para frente, trabalhando no torno mecânico. Seus. 
Ao fundo temos grupos de mulheres, algumas em pé e outras sentadas, usando 
uniformes semelhantes a macacões nas cores azul e cinza, com lenços 
vermelhos prendendo os cabelos, trabalhando em diversos equipamentos da 
linha de montagem. 
 
 
 
Descrição: A ilustração representada na imagem 2 é o desenho de quatro 
rapazes sentados em cadeiras com encostos, utilizando computadores de mesa 
postos sobre uma mesa retangular com capacidade para seis lugares, 
apresentada na horizontal. O primeiro está sentado numa cadeira vermelha, com 
os pés completamente apoiados ao chão, na ponta esquerda da mesa, vestindo 
moletom azul com capuz, calçados amarelos, usando fones de ouvido vermelhos 
do tipo headphone, com as mãos sobre o teclado sem fio. A sua direita encontra-
se um mouse sem fio e dois monitores ligados à sua frente. Na outra ponta da 
mesa, outro rapaz sentado em uma cadeira pretacom as mãos sobre um teclado 
e uma tela a sua frente, porém o rosto voltado para a sua esquerda. Na lateral 
superior da mesa um rapaz sentado numa cadeira verde, com antebraço 
esquerdo apoiado sobre a mesa, cabeça levemente voltada para a sua direita e 
para baixo, como se estivesse olhando para um retângulo branco desenhado 
sobre a mesa (supostamente um papel). N a lateral inferior da mesa, um rapaz 
sentado numa cadeira verde com as mãos sobre o teclado sem fio, a sua direita 
encontra-se um mouse também sem fio, um monitor ligado à sua frente e à sua 
esquerda um copo vermelho com um círculo branco representando o rótulo e um 
canudo branco. 
FIM DA DESCRIÇÃO DA FIGURA. 
 
Por que analisar toda a evolução do homem e sua relação com o 
movimento? Porque é justamente por meio dessa análise que conseguimos 
entender a relação entre a atividade física e a saúde humana. Para melhor 
entender essa relação, recentemente eu criei o “Calendário da Atividade Física” 
(SMIRMAUL, 2017), uma forma pedagógica para melhor visualizar as alterações 
dos níveis de atividade física ao longo da evolução humana. Em resumo, eu 
comprimi cerca de 2 milhões de anos (desde quando nossos antepassados eram 
caçadores-coletores) em um calendário de 1 ano (365 dias). Nesse calendário, 
o dia 01 de Janeiro representa 2 milhões de anos atrás, enquanto o dia 31 de 
Dezembro, às 00:00h (meia-noite), representa o dia de hoje. 
 Nesse calendário (acompanhe a tabela a seguir para melhor 
compreensão), podemos observar alguns dados impressionantes. Por exemplo, 
a Mecanização da Vida Diária e a Revolução Digital, que reduziram 
drasticamente a necessidade de movimento corporal, somente ocorreram depois 
de mais de 71 mil gerações. E, desde então, apenas 2 gerações se sucederam. 
Nos termos do calendário, é como se tivéssemos vivido do dia 01 de Janeiro até 
o dia 31 de Dezembro às 23h44 com muito movimento (atividade física) em 
nosso dia a dia. Isto é, apenas nos últimos 16 minutos, ou 0,003% do tempo de 
nossa evolução, os níveis de atividade física declinaram radicalmente. Confira 
todos os detalhes da Tabela 1: 
 Tabela 1 - Calendário da Atividade Física 
Caçadores-
Coletores 
(2 milhões de anos 
atrás) 
01 de Janeiro a 30 de 
Dezembro 04h00 
71.400 
gerações 
99,5% do 
tempo 
Revolução da 
Agricultura 
(10 mil anos atrás) 
1 dia e 20h atrás 350 
gerações 
0,5% do 
tempo 
Revolução 
Industrial 
(200 anos atrás) 
1h atrás 7 gerações 0,01% do 
tempo 
Mecanização da 
Vida Diária 
(60 anos atrás) 
16 minutos atrás 2 gerações 0,003% do 
tempo 
Revolução Digital 
(30 anos atrás) 
8 minutos atrás 1 geração 0,0015% do 
tempo 
Fonte: adaptada de Smirmaul (2017). 
Você pode estar se perguntando: “ok, todas essas informações são muito 
interessantes, mas como isso me ajuda a entender a relação entre a atividade 
física e a saúde?”. A resposta para essa pergunta advém da compreensão de 
que todos os nossos sistemas corporais sofreram, por milhares de anos e 
milhares de gerações, pressões evolutivas em um ambiente com alta 
necessidade e frequência de movimento corporal e, ao mesmo tempo, de 
escassez de alimento. Em outras palavras, adaptações em nossos sistemas 
corporais, que favoreciam a sobrevivência e reprodução nesse ambiente (altos 
e frequentes níveis de movimento e escassez de alimento), eram passadas de 
geração para geração. 
Sendo assim, nossos sistemas corporais são muito eficientes em 
conservar energia e a responder (se adaptar) a altos e frequentes níveis de 
atividade física. O primeiro ponto pode ser observado em nossa capacidade de 
acumular gordura frente ao consumo excessivo de alimento, enquanto o 
segundo ponto é observado na incrível capacidade de adaptação frente à 
atividade física. Porém, desde a Mecanização da Vida Diária (60 anos atrás) e, 
ainda mais, após a Revolução Digital (30 anos atrás), a redução da necessidade 
de movimento pelas pessoas tem causado um desequilíbrio de nossos sistemas 
corporais. Juntamente com a disponibilidade “ilimitada” de alimento em nosso 
dia a dia, a falta de atividade física gera, por exemplo, problemas como o 
acúmulo de gordura. Características que antigamente eram uma vantagem para 
a sobrevivência, agora são uma grande preocupação devido às mudanças em 
nosso estilo de vida. 
Atualmente, já sabemos que a falta de movimento corporal (atividade 
física) está associada a mais de 35 condições de saúde (veja a Figura 4), 
envolvendo os sistemas cardiorrespiratório, muscular, nervoso, reprodutivo, 
digestivo, imune, ósseo e endócrino (BOOTH et al, 2012; BOOTH et al, 2017). 
Grande parte desses problemas ocorre porque os nossos sistemas corporais 
“precisam” de, relativamente, altos e frequentes estímulos advindos do 
movimento corporal (atividade física) para o seu bom funcionamento. A condição 
de baixos níveis de movimento não é algo para o qual nosso organismo está 
adaptado, sendo esse o motivo pelo qual, atualmente, grande parte dos 
problemas crônicos de saúde estão relacionados à falta de atividade física. 
 
INÍCIO DA DESCRIÇÃO DA FIGURA 
 
Vitor Fernandes 
 
Descrição: A figura 4 é composta por um octograma (polígono de oito lados no 
formato estrela) e este encontra-se no centro de um quadrado, formado por oito 
retângulos amarelos organizados ao seu redor, sendo dois grandes um nas 
bases superior e inferior, e três menores em cada lateral. 
Ao centro temos um círculo com os dizeres “Inatividade Física” orbitado pelos 
oito lados deste polígono. Cada lado do polígono é representado por uma palavra 
e estas encontram-se escritas na ponta de flechas que partem da borda do 
círculo para fora. Da direita para a esquerda em sentido horário temos as 
seguintes palavras: cardiorrespiratório, muscular, nervoso, reprodutivo, 
digestivo, imune, ósseo, endócrino, respectivamente. 
Enfim, segue os dizeres de cada retângulo, a partir do superior e maior, em 
sentido horário: 
- Infarto do miocárdio, hipertensão, derrame, aterosclerose, doença arterial 
periférica, etc; 
- Atrofia, sarcopenia; 
- Disfunção cognitiva, depressão, ansiedade; 
- Câncer de mama, ovário policístico, diabetes gestacional, disfunção erétil, etc; 
- Esteatose hepática, câncer de cólon, diverticulite, constipação; 
- Artrite, reumatoide, dor; 
- Osteoporose, osteoartrite, quedas, fraturas; 
- Diabetes, obesidade, síndrome metabólica. A célula do meio conta com 4 
palavras: osteoporose, osteoartrite, quedas e fraturas. A terceira e última célula 
da esquerda possui os dizeres: artrite reumatoide e dor. 
 
FIM DA DESCRIÇÃO DA FIGURA. 
 
 
INÍCIO DO SAIBA MAIS 
Três linhas de raciocínio de que o corpo humano é "desenhado" para a atividade 
física: 
1) O organismo humano é capaz de se adaptar a uma variedade de demandas 
metabólicas impostas pelos esforços de diferentes atividades físicas. 
2) Baixos níveis de atividade física estão associados a um maior risco de 
doenças (principalmente doenças crônicas) e a morte prematura. 
3) A história evolutiva nos mostra que nossos antepassados não teriam 
sobrevivido sem a capacidade de realizar relativamente altos e frequentes níveis 
de atividades físicas. 
Fonte: adaptado de Bouchard et al (2007). 
FIM DO SAIBA MAIS. 
FIM DO TÓPICO 1. 
 
INÍCIO DO TÓPICO 2 
2. TECNOLOGIA E (IN)ATIVIDADE FÍSICA 
Avanços tecnológicos fazem parte da história da humanidade e têm alterado 
substancialmente diversos aspectos de nossas vidas, como as áreas de saúde, 
transportes, informação, ciência, lazer, educação, dentre outras. Geralmente, 
tais avanços tecnológicos aprimoram componentes de nosso cotidiano, 
tornando-o mais eficiente, mais prático, mais confortável, mais prazeroso etc. 
Quando pensamos no impacto na atividade física, não há dúvida que avanços 
tecnológicos podem ter facilitado o acesso à prática. Porém, quando 
visualizamos o cenário como um todo, verificamos que a tecnologia tem causado 
diminuições, de uma forma geral,nos níveis de atividade física das pessoas. 
 Para refletir melhor sobre isso, vamos imaginar o impacto da tecnologia 
em quatro momentos de nossas vidas bastante comuns quando o assunto é 
atividade física: trabalho, transporte, doméstico e lazer. O trabalho, 
independentemente se realizado no campo ou nas cidades, era 
predominantemente manual, ou seja, exigia relativamente altos níveis de 
esforço. Com o passar do tempo, a substituição por máquinas, automatizações 
e mudanças no tipo de trabalho (trabalhos de escritório, por exemplo) vêm 
exigindo cada vez menos esforço físico. Na área de transportes, a locomoção, 
antes realizada a pé ou de bicicleta, tem sido substituída majoritariamente por 
meios automotivos. Atividades domésticas como lavar roupa e limpar a casa, por 
exemplo, são facilitadas e alteradas cada vez mais pelos avanços tecnológicos, 
de modo a facilitar sua execução. Por fim, as opções de lazer, que se ampliaram 
muito, sofrem uma forte tendência tecnológica, como celulares, videogames, 
televisão (netflix, por exemplo), dentre outros, sendo a maior parte atividades 
sedentárias e envolvendo pouco movimento corporal. 
 Assim, temos um cenário em que os avanços tecnológicos, parte integral 
e essencial do desenvolvimento humano e que têm impactado positivamente 
diversos aspectos de nossas vidas (inclusive a saúde), também têm causado um 
efeito inesperado. Esse efeito é a progressiva diminuição da necessidade de 
esforços físicos na maioria das atividades de nosso cotidiano (NG; POPKIN, 
2012), levando a um quadro de altos índices de sedentarismo. O grande 
problema é que, como visto anteriormente, nosso organismo necessita de 
movimento. 
INÍCIO DO REFLITA 
Ao mesmo tempo que os avanços tecnológicos trouxeram melhorias em 
diversas áreas, inclusive na área da saúde, esses mesmos avanços reduziram 
drasticamente a necessidade de movimento corporal em nosso dia a dia. Para 
onde essa situação paradoxal levará nossa saúde? 
Fonte: o autor. 
FIM DO REFLITA. 
 
Um interessante estudo (LANNINGHAM-FOSTER et al, 2003) intitulado 
"Trabalho, economizando calorias perdidas: o impacto energético dos 
equipamentos domésticos" (tradução pessoal), nos dá uma boa perspectiva de 
como os avanços tecnológicos têm impacto nossos níveis de atividade física. Os 
pesquisadores compararam a diferença de gasto energético entre quatro 
atividades: 
1) Lavar roupa à mão x máquina de lavar. 
2) Lavar louças à mão x lavar máquina de lavar louças. 
3) Subir alguns andares de escada x subir de elevador. 
4) Ir ao trabalho a pé x ir de carro. 
Os resultados mostraram que, juntando o gasto energético despendido das 
atividades sem e com os "avanços tecnológicos", temos um gasto energético de 
111 kcal/dia superior quando essas atividades são realizadas sem o suporte 
tecnológico (LANNINGHAM-FOSTER et al, 2003). Interessantemente, essa 
diferença de gasto energético é equivalente a uma caminhada leve de cerca de 
45 minutos. É importante notar que tamanha diferença se deu apenas com a 
análise de quatro atividades, longe de considerar todas as atividades que 
desenvolvemos em nosso dia a dia. 
Para ampliar essas informações e trazer para uma situação real, a seguir, eu 
mostrarei informações que apresentei em uma palestra do 4º Congresso de 
Educação Física IFSULDEMINAS/UEMG, em Setembro de 2017. Para essa 
palestra, eu levantei algumas informações sobre a rotina de meu pai (hoje com 
61 anos) quando ele tinha 24 anos de idade, em 1980. Após isso, fiz uma 
comparação com as atividades que realiza hoje, em 2017. Para a estimativa do 
gasto energético dessas atividades, eu utilizei o “Compêndio de Atividades 
Físicas” ([2017], on-line)5. Veja a tabela a seguir: 
Tabela 2 - Comparação do gasto energético de diferentes atividades do dia a 
dia de um adulto em 1980 e em 2017 
1980 Kcal 2017 Kcal 
Bicicleta para o Transporte 400 
Kcal 
Carro para o 
Transporte 
200 
Kcal 
Atividades no Trabalho (4h de 
atividades moderadas e 4h sentado) 
1500 
Kcal 
Atividades no 
Trabalho (8h 
sentado) 
880 
Kcal 
Atividades de Lazer (Futebol) 140 
Kcal 
Atividades de Lazer 
(TV) 
40 
Kcal 
Total 2040 
Kcal 
Total 1220 
Kcal 
DIFERENÇA DE 820 Kcal 
Fonte: o autor. 
Apesar da análise envolver grande parte do dia a dia (8h de trabalho), ainda 
assim há atividades rotineiras que foram impactadas pelos avanços tecnológicos 
e, provavelmente, contribuem para reduzir ainda mais o gasto energético total. 
Além disso, independentemente da tecnologia, há comportamentos, ações, 
ambientes e situações que podem impactar a quantidade de movimento e, 
consequentemente, de gasto energético ao longo do dia. Confira mais alguns 
exemplos na Tabela 3: 
 
Tabela 3 - Comparação do gasto energético de diferentes atividades de nosso 
dia a dia 
Subir 6 andares de escada 48 Kcal Subir 6 andares de elevador 1,2 
Kcal 
Estacionar e ir em um 
restaurante 
23 Kcal Pegar comida no drive-
through 
5 Kcal 
Falar ao telefone em pé 
(30 min) 
20 Kcal Falar ao telefone reclinado (30 
min) 
4 Kcal 
Andar com cachorro (30 
min) 
125 
Kcal 
Jogar a bolinha e esperar 
sentado (30 min) 
45 
Kcal 
Total 216 
Kcal 
Total 55 
Kcal 
DIFERENÇA DE 161 
Kcal 
 
Fonte: o autor. 
Após essa ilustração prática de atividades individuais, é interessante 
olharmos para o cenário como um todo. Assim, evidências que utilizaram 
informações dos quatro domínios comentados anteriormente (trabalho, 
doméstico, transporte e lazer) demonstram que, do ano de 1965 para o ano de 
2009, o gasto energético médio das pessoas relacionado às atividades físicas 
caiu de 2467 Kcal para 1680 kcal, ou seja, uma queda de, aproximadamente, 
800 Kcal (NG & POPKIN, 2012). Projeções para o ano de 2030 estimam que o 
declínio continuará, com valores médios chegando a 1323 Kcal. 
Não há dúvidas de que a prática de exercícios físicos e esportes podem 
compensar pela redução do movimento causado pela tecnologia, porém, para 
um gasto adicional de cerca de 1000 Kcal por dia, confira, em média, a 
quantidade de atividades que precisariam ser feitas diariamente: 
- 4 horas de caminhada em intensidade moderada; 
- 2 horas e 30 minutos de pilates em intensidade vigorosa; 
- 2 horas de musculação em intensidade vigorosa; 
- 1 hora e 40 minutos de bicicleta em intensidade moderada; 
- 1 hora e 20 minutos de corrida a 10 km/h. 
 Apesar do gasto energético ser um importante fator relacionado ao ganho de 
gordura, por exemplo, é importante destacar que a redução do gasto energético 
se dá pela redução das atividades físicas (movimento). Dessa forma, olhar 
apenas para o gasto energético é demasiado simplista, uma vez que, como 
vimos anteriormente, baixos níveis de atividade física impactam mais de 35 
condições de saúde (BOOTH et al, 2012; BOOTH et al, 2017). Dentre essas 
condições, podemos destacar algumas muito populares e que afetam a 
população em geral, como a hipertensão, a aterosclerose, o infarto do miocárdio, 
a sarcopenia, a depressão, a diabetes, a obesidade, a síndrome metabólica, a 
osteoporose, dentre outras. 
INÍCIO DO REFLITA 
Faça uma análise de todas as atividades do seu dia a dia, desde o 
momento que acorda até o momento em que vai dormir, incluindo o transporte, 
o trabalho, atividades domésticas e o lazer. Quais atividades poderiam ser 
substituídas ou alteradas para incluir mais movimento? 
FIM DO REFLITA. 
FIM DO TÓPICO 2. 
 
INÍCIO DO TÓPICO 3 
3. PASSADO E PRESENTE DOS CONHECIMENTOS SOBRE ATIVIDADE 
FÍSICA E SAÚDE 
O conhecimento atual de todas as disciplinas científicas, como é o caso 
da Educação Física, não é construído de uma hora para a outra e nem advindo 
da interpretação de um único estudo ou opinião recente. Ao invés disso, todo o 
corpo de conhecimentos de uma área, como a área de Atividade Física e Saúde, 
é construído "tijolo a tijolo", por meio do acúmulo de informações, 
conhecimentos,

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