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Tópicos de Contabilidade Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Me. João Paulo Lima Revisão Técnica: Prof. Me. Wellington Rodrigues Silva Souza Revisão Textual: Prof.a Me. Luciene Oliveira da Costa Santos A Contabilidade e seus Órgãos Internacionais Mundiais • Contabilidade: Uma Ciência Social Aplicada; • Algumas Razões das Diferenças Contábeis entre os Países; • Os Organismos Internacionais; • O Cenário se Modifica – As Novas Concepções Contábeis; • Organismos Regulamentadores da Contabilidade. · Compreender por que a Contabilidade é uma Ciência Social Aplicada e, também, conhecer algumas razões que justificam as diferenças contábeis existentes entre os países no mundo e, consequentemente, entender como se deu a estruturação dos organismos internacionais que regulamentam a Contabilidade. OBJETIVO DE APRENDIZADO Caro(a) aluno(a), Para que você tenha um melhor aproveitamento, nesta segunda unidade da disciplina Tópicos de Contabilidade, seguem algumas orientações de estudo. Inicialmente, é fundamental que você compreenda por que a Contabilidade é uma Ciência Social Aplicada. Dessa forma, além de ler o conteúdo teórico da unidade, pesquise nos livros indicados no item materiais complementares. Ao longo da leitura do conteúdo teórico, você deve atentar para as importantes discussões sobre quais são as razões das diferenças contábeis entre os países no mundo, dando muita atenção aos organismos internacionais que regulamentam a contabilidade. Após os estudos de todos esses itens, você está preparado(a) para fazer as atividades desta unidade. Lembre-se de não deixar para estudar e fazer as atividades na última hora do vencimento dos prazos. Crie uma rotina de estudos e seja disciplinado. Isso é fundamental para o seu desenvolvimento profissional. ORIENTAÇÕES A Contabilidade e seus Órgãos Internacionais Mundiais UNIDADE A Contabilidade e seus Órgãos Internacionais Mundiais Contextualização Para iniciarmos esta unidade, você deverá conhecer o site do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC), onde estão disponíveis todos os Pronunciamentos Técnicos que regulamentam a Contabilidade Brasileira atualmente. O site do Comitê de Pronunciamentos Contábeis (CPC) é: http://www.cpc.org.br/CPC Ex pl or Esse site possui muitas informações acerca do mundo contábil brasileiro contemporâneo. Portanto, seja curioso(a) e aproveite ao máximo os conteúdos nele disponíveis. Boa pesquisa! 6 7 Contabilidade: uma Ciência Social Aplicada Como os mercados onde as empresas atuam tornam-se cada dia mais complexos e incertos, qualquer decisão de curto quanto de longo prazo deve ser cuidadosamente avaliada quanto aos riscos e oportunidades. Por essa razão, é importante evidenciar com transparência, a todos os interessados na informação contábil, não só as últimas decisões tomadas pela empresa e que proporcionam os resultados anuais, mas também as ações futuras que repercutem no caminho que a empresa pretende seguir. Uma decisão errada pode prejudicar a empresa enquanto organização jurídica, assim como as pessoas que nela trabalham. Por consequência, esses eventuais prejuízos às pessoas, como a perda de emprego, por exemplo, atingem também os familiares desses trabalhadores. Além disso, também a sociedade local onde a empresa está situada pode sofrer danos e pessoas externas, aquelas que investiram recursos ou que concederam créditos, podem também ficar prejudicadas caso a empresa não desempenhe suas operações a contento. É nessa perspectiva que a contabilidade deve ser identificada e entendida. O mundo é complexo, as atividades empresariais são abrangentes, como é possível observar na Figura 1, e as incertezas decorrentes dessa complexidade causam inexatidão. Mas de nenhuma forma isso pode representar uma desculpa para a falta de controle e de acompanhamento das ações e, muito menos, para a falta de uma análise crítica sobre as informações apuradas por meio dos números dos relatórios contábeis. Empresas Geram riquezas (beneficiam a sociedade) Geram lucros (aumento dos negócios) Empregam pessoas (aumento dos negócios) Figura 1 – Ambiente empresarial – campo de atuação da contabilidade. Por outro lado, nem sempre é possível retratar em números a realidade dos acontecimentos. No entanto, as informações contábeis, quando elaboradas com critério e dentro dos padrões de qualidade exigidos, fornecem um importante norte que reduz sensivelmente os riscos de uma tomada de decisão equivocada. 7 Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce UNIDADE A Contabilidade e seus Órgãos Internacionais Mundiais Algumas Razões das Diferenças Contábeis entre os Países Muitas são as causas para as diferenças na utilização de procedimentos contábeis. A própria história de uma nação é cheia de nuanças que criam marcas profundas e moldam seus princípios, valores e costumes. As relações entre os concidadãos dessas nações tendem a criar modelos bas- tante específicos, características bem peculiares, fazendo diferença no momento de se realizarem transações comerciais. As características peculiares nas formas de negociação causam impacto na orientação contábil de determinado país. A forma de governo (República, Monarquia etc.), a estrutura política (centralizada ou descentralizada) e o sistema legal do país (direito consuetudinário e direito romano) , por exemplo, estabelecem normas de relacionamento e instituem modelos específicos que impactam os processos contábeis. Importante! O direito consuetudinário prioriza os costumes e tradições como regra de organização da sociedade. Já no direito romano, uma ordem tende a ser seguida somente se estiver estabelecida por escrito em lei. Você Sabia? Destaque-se ainda que o modelo de tributação, os aspectos inflacionários e o próprio estágio de desenvolvimento econômico influenciam a visão da importância da contabilidade para a sociedade e exercem forte efeito sobre as práticas contábeis. Em linhas gerais, países com nível de desenvolvimento avançado tendem a valorizar a contabilidade e os profissionais que nela atuam. Há uma tendência, nesses casos, de se estabelecerem critérios bem definidos sobre as ações das empresas e de seus mecanismos de controle. A ausência de uma sistemática de controle efetiva, própria de países num menor estágio de desenvolvimento, propicia a descaracterização dos benefícios da contabilidade para as pessoas, para as empresas e para o país. Nesses casos, a profissão tende a não ser muito valorizada pela sociedade pelo simples desconhecimento das possibilidades de auxílio que a contabilidade pode fornecer. Um nível elevado de educação da sociedade por si só já traz benefícios consideráveis ao entendimento e compreensão da importância da contabilidade para a vida pessoal e profissional de seus cidadãos. De qualquer forma, a harmonização dos padrões e procedimentos contábeis, para ser efetiva, precisa considerar algumas barreiras, dentre as quais se destacam, além da questão cultural já apontada, problemas relativos ao câmbio e a compreensão da linguagem contábil de cada região. 8 Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce 9 No entanto, há que se convir que tais barreiras que anteriormente pareciam distantes, mesmo intransponíveis; hoje, já se configuram de forma mais próxima e possível. Os Organismos Internacionais O primeiro congresso mundial de contadores ocorreu nos Estados Unidos em 1904, na cidade de Saint Louis. Desde então, em periodicidade variada, outros congressos foram realizados. A ideia de criação de um órgão que pudesse emitir pronunciamentos contábeis em nível internacional surgiu durante o 10° Congresso Mundial dos Contadores que ocorreu em Sidney, Austrália, no ano de 1972. No ano seguinte, surge o Internacional Accounting Standards Committee (IASC), que inicialmente reuniu organizações profissionais de contabilidade dos seguintes países: Alemanha, Austrália,Canadá, Estados Unidos, França, Irlanda, Japão, México, Países Baixos e Reino Unido. O objetivo básico dessa nova entidade, criada como uma fundação independente e sem fins lucrativos, era formular um novo padrão de normas contábeis que pudessem ser aplicadas internacionalmente. Os recursos necessários para o sustento da nova entidade seriam provenientes das contribuições de vários organismos internacionais, principalmente de seus países-membros, além das firmas de auditoria. A partir de então, o IASC passou a emitir pronunciamentos contábeis conhecidos como International Accounting Standard (IAS). No entanto, em 1° de abril de 2001, foi criado o International Accounting Standards Board (IASB), substituindo o IASC e assumindo suas responsabilidades técnicas. A nova entidade passou a congregar vários outros países e, atualmente, reúne mais de 150 países. Os pronunciamentos contábeis emitidos pelo IASB são denominados Internacional Financial Reporting Standard (IFRS). Na área pública, por sua vez, desde outubro de 1977 e a partir de acordos provenientes do 11° Congresso Mundial de Contadores, realizado em Munique, na Alemanha, foi estabelecido o Internacional Federation of Accountants (IFAC), cuja sede fica na cidade de Nova York, Estados Unidos. Em sua constituição, o IFAC era representado por 63 profissionais de conta- bilidade advindos de 51 países signatários e seus objetivos específicos consistiam em buscar a emissão de padrões internacionais de qualidade que pudessem ser aplicados por todos os países. 9 Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce UNIDADE A Contabilidade e seus Órgãos Internacionais Mundiais O Cenário se Modifica – As Novas Concepções Contábeis A criação desses organismos internacionais ocorreu no bojo de grandes transformações sociais e econômicas que, necessariamente, não se iniciaram nessa mesma década, mas intensificaram-se substancialmente em função do novo cenário mundial que começava a se delinear. Essas modificações tiveram considerável impacto nas práticas contábeis. Algumas dessas alterações foram: · drástica variação nas taxas de câmbio; · problemas com petróleo – início de um debate mais efetivo sobre questões ambientais; · crescimento exponencial dos recursos tecnológicos; · aumento e diversificação dos ativos intangíveis; · intensificação da utilização de instrumentos financeiros nos negó- cios internacionais. Na década de 1970, ocorreu uma considerável modificação no sistema de taxa de câmbio. Essa taxa, que era naturalmente fixa, em função de uma série de fatores de ordem econômica e social foi sofrendo alterações constantes em períodos cada vez menores e acabou produzindo taxas de câmbio flexíveis e voláteis. Os problemas com o preço do barril do petróleo, que atingiu naquela época índices dramáticos, foram acompanhados de altos índices de inflação em vários países, inclusive o Brasil, ocasionando grandes oscilações nas taxas de juros nos anos que se seguiram. A questão é que, com o passar do tempo, a volatilidade das taxas tomou proporções absurdas, tornando difícil medir com segurança o real valor dos ativos e dos ganhos provenientes do negócio. A partir dessa época, configura-se também uma aceleração no avanço da tecnologia com a disseminação dos computadores portáteis e a ampliação em larga escala da rede mundial de computadores, a internet. Esse avanço da tecnologia favoreceu o crescimento vertiginoso de ativos não tão usuais até aquele momento: os ativos intangíveis. Embora ativos identificados e denominados como intangíveis já existissem desde o século XIX, principalmente com a figura do goodwill, eles passaram a diversificar- se extraordinariamente nesse período. Esses “novos ativos” passaram a participar mais intensivamente dos negócios internacionais e, consequentemente, passaram a ser importantes para o patrimônio 10 Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce 11 de muitas empresas. A contabilização desses ativos era mais complexa do que a dos ativos tangíveis de outrora pela perda de objetividade em seu valor. Enquanto pode-se comprovar o valor de aquisição de uma máquina por meio da nota fiscal emitida, não se pode obter de forma objetiva o valor de um software, por exemplo. Esse traz consigo um caráter subjetivo. Na verdade, o que ocorreu nesse período foi uma transição acentuadamente rápida da então denominada sociedade industrial, onde o importante eram as máquinas industriais, os mobiliários, o parque tecnológico etc., para a então chamada sociedade da informação, onde o conhecimento cresceu em importância. O segmento de serviços nesse novo cenário tomou nova forma e aumentou grandemente, trazendo ativos intangíveis presentes nesses vários serviços como, por exemplo, softwares e produtos ligados à indústria do entretenimento, geralmente vinculados a músicas, vídeos e filmes. Além disso, até mesmo os ativos tangíveis, as máquinas, os aparelhos eletroeletrônicos e outros passaram a ser intensivos em conhecimento tecnológico, e, portanto, também carregavam certo grau de intangibilidade. Foram essas as mercadorias e produtos que passaram, cada vez mais, a ser responsáveis pela diversificação dos bens e pelo aumento considerável dos valores negociados e comercializados no mundo. Por conta das variações nas taxas de câmbio, somadas às modificações na composição de vários ativos, trazendo-lhes um caráter de intangibilidade, e também a outras questões de ordem econômica, a incerteza passou a ser uma constante nos negócios internacionais. A incerteza produz riscos e ninguém gosta de correr riscos. Além disso, pelo fato de os volumes negociados terem crescido substancialmente, as perdas financeiras, quando eminentes, ocasionavam prejuízos de valores astronômicos. Na verdade, esse contexto nos apresenta, então, a seguinte equação: Aumento do volume dos negócios internacionais + Aumento dos valores envolvidos nas transações + Mudanças na política e na administração dos recursos + Riscos e incertezas próprios da dinâmica empresarial global = Sistema Financeiro complexo, integrado e flexível 11 Usuario Realce Usuario Realce UNIDADE A Contabilidade e seus Órgãos Internacionais Mundiais No mundo globalizado, tanto governos e empresas e mesmo pessoas físicas ficaram totalmente dependentes desse sistema financeiro. Até mesmo nas situações mais simples, como, por exemplo, efetuar um depósito em conta corrente, utiliza- se uma tecnologia que movimenta parte dessa complexa teia financeira, cuja dificuldade em dimensioná-la é própria da globalização vigente. Há algum tempo, não é possível a atuação de uma empresa sem que haja movimentação de recursos por meio de um sistema financeiro, que cobra valores por esse serviço em troca das facilidades que só o desenvolvimento da tecnologia pode trazer. Essa movimentação de recursos realizada via sistema financeiro necessita, no entanto, de que haja uma consistente gestão de recursos monetários que devem balizar-se em critérios e normas de política monetária aceitas internacionalmente. Nesse emaranhado de transações que se processam tecnologicamente numa incrível velocidade, os controles precisam ser eficazes para garantir a credibilidade do próprio sistema. Além disso, os registros são feitos instantaneamente e, portanto, os seus resultados são logo sentidos. O sistema contábil das empresas, que é na verdade o conjunto de normas relativas à técnica contábil, que inclui conhecimentos, informações e processos, precisa garantir a fidedignidade dos registros internos para que estes acompanhem a evolução dos controles financeiros vigentes. Em outras palavras, o sistema contábil precisa ser tão bom e ágil quanto a dinâmica financeira atual. Essa tarefa tornou-se mais complexa e, portanto, maisdifícil, não só pelas questões anteriormente levantadas, mas também pela inserção de novos instrumentos financeiros, com características distintas das aplicações financeiras de outrora. É nesse período, principalmente nas duas últimas décadas do século XX, que se observou uma proliferação de novos ativos financeiros, como, por exemplo, os derivativos. Os derivativos financeiros, assim como todo e qualquer instrumento financeiro, representam um contrato entre duas partes que concordam com as condições de troca em que parte paga em uma ou mais parcelas à segunda parte o valor acordado. Esse valor, no entanto, é derivado de algum outro ativo e seu valor é obtido com base em uma taxa referencial ou índice vinculado a uma ação, a um título, a uma moeda ou a uma commodity. O que ocorre é que nos instrumentos financeiros tradicionais o montante do valor a ser pago e as datas de pagamento estão estabelecidas no contrato e, portanto, ficam claramente evidenciadas no documento. Os derivativos, por sua vez, têm as datas e/ou valores variáveis porque seu valor se modifica por meio do tempo. Ele não é fixado em termos monetários e sim através de indexadores ou de taxas de mercado que variam constantemente. 12 13 Na verdade, a maior volatilidade da economia global, as mudanças tecnológicas e os eventos políticos que forçaram uma desregulamentação dos mercados criaram um ambiente propício para o crescimento dos derivativos. Essa é a razão pela qual as bolsas de futuros e de opções proliferaram em todo o mundo. O problema é que, como os derivativos são ferramentas eficazes para a especulação, seu uso de forma inadequada ou indevida pode gerar grandes perdas e causar prejuízos a todo um setor ou segmento. Embora contratos futuros sobre commodities sejam negociados desde o final do século XIX, o mercado de futuros, tal como o conhecemos hoje, é ainda recente, pois se iniciou na década de 1970 do século passado. Compreendendo melhor alguns termos Commodity: signifi ca mercadoria, principalmente quando escrita no plural, commodities. São mercadorias não industrializadas e, portanto, negociadas em seu estado bruto. Exemplos: feijão, soja, trigo, gado e etc. Derivativo: contrato entre duas partes, efetivadas no mercado fi nanceiro que derivam (eis a razão para o seu nome) de outros ativos, inclusive commodities, e que serão liquidados em data futura. Fica fácil admitir que os riscos assumidos por algumas empresas passassem a ser, nessa nova concepção, bem maiores. Já que tais empresas passaram a não saber com exatidão os valores a pagar e a receber, visto que esses valores estavam atrelados a índices regidos pelo mercado e, portanto, suscetíveis a aumentos e diminuições inesperados, procurou-se reduzir esses riscos por meio de vários instrumentos ou formas de contrato que pudessem trazer certa tranquilidade a investidores e credores. Para acompanhar toda essa evolução é que se evidenciou a necessidade de administrar riscos. É importante observar que todas essas situações expõem uma dinâmica nunca antes vivida e que afetou fortemente a maneira pela qual as empresas passaram a ser geridas. Se as mudanças afetaram o ambiente empresarial, impactaram indubitavelmente a ciência contábil, visto que esta se configura de forma mais efetiva no meio empresarial. O Quadro 1 reúne brevemente as mudanças que impactaram a sociedade e, consequentemente, a contabilidade no período. 13 Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce UNIDADE A Contabilidade e seus Órgãos Internacionais Mundiais Quadro 1 – Comparativo de mudanças no cenário mundial: Sociedade Industrial Sociedade da informação ou do conhecimento Ativos Quase sempre tangíveis Ênfase nos intangíveis Cenário Econômico Utilização maciça de maquinário industrial Financeiro Intensificação do uso de instrumentos financeiros apoiados no avanço tecnológico Ramo ou segmento principal Indústria Serviço Mensuração de ativos Feito com base em aspectos objetivos (documentos comprobatórios) Registros pelo valor original Feito com base em estimativas Utilização de indexadores e taxas Câmbio Fixo Volátil e flexível Organismos Regulamentadores da Contabilidade Normas Internacionais International Accounting Standards Committee (IASC) O IASC (Conselho de Padrões de Contabilidade Internacional) foi constituído no ano de 1973 através de um acordo feito entre organismos profissionais de Contabilidade da Austrália, Canadá, França, Alemanha, Japão, México, Países Baixos, Reino Unido, Irlanda e Estados Unidos. Entre 1983 e 2001, os membros do IASC incluíram todas as entidades de profissionais contábeis que são membros da Federação Internacional de Contadores (IFAC), compreendendo 143 membros em 104 países. Antes da transição para o novo IASB, o IASC emitiu 41 IAS, dos quais, após uma série de revisões, permanecem 34 em vigor. De acordo com a constituição do IASC, aprovada em 1992, os seus objetivos eram de, primeiramente, formular e publicar, de acordo com o interesse público, padrões contábeis a serem observados na apresentação de demonstrações financeiras e promover a sua aceitação e observância por todo o mundo. Em um segundo momento, aperfeiçoar e harmonizar as regulamentações, os padrões contábeis e os procedimentos relacionados à apresentação das demonstrações financeiras. A nova constituição da Fundação do Comitê de Padrões de Contabilidade Financeira Internacional – Internacional Accounting Standards Committee Foundation (IASC Foundation), uma corporação sem fins lucrativos criada para supervisionar o recém-criado IASB, aprovada em maio de 2000, pelos membros do IASC, e revisada pelas trustees da Fundação do IASC em março e julho de 2002, ampliou seus objetivos. Assim, seus objetivos também englobam: 14 Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce 15 I. desenvolver, no interesse público, um conjunto único de normas contábeis globais de alta qualidade, que exigem informações transparentes e comparáveis nas demonstrações financeiras, para auxiliar os participantes nos mercados de capitais e outros usuários na tomada de decisões econômicas; II. promover o uso e a rigorosa aplicação dessas normas; III. promover a convergência entre as normas contábeis locais e as normas internacionais de contabilidade com soluções de alta qualidade. Dessa forma, a ênfase foi modificada de uma mera “harmonização” para uma real convergência entre os vários padrões de contabilidade nacionais e os padrões de contabilidade internacional, que passaram a ser denominadas de padrões de relatórios financeiros internacionais – Internacional Financial Reporting Standards (IFRS). A nova constituição do IASC, endossada pelo conselho do IASC (IASC board), que estabeleceu uma nova estrutura para esse órgão e aprovada por unanimidade em maio de 2000 pelos corpos membros (member bodies) do IASC, criou um comitê nomeado (nominating committee) tendo em vista introduzir essa nova estrutura. A fim de assegurar uma ampla representatividade internacional, a composição das trustees será composta de um mix de representantes do mercado de capitais do mundo todo, com diversidades geográficas e de conhecimentos técnicos. A constituição do IASC determina a seguinte composição das trustees: · seis na América do Norte; · seis na Europa; · quatro na Ásia; · três em outras áreas geográficas, de forma a manter o equilíbrio geográfico. Das 19 trustees, cinco foram nomeadas pelo IFAC, sujeitas a um processo de consulta entre IFAC e o comitê nomeado. As trustees, normalmente, serão designadas para um período de três anos, renovável uma única vez, sendo que o comitê nomeado designou o primeiro presidente das trustees. As trustees designam os membros do conselho do IASC (IASC board), que consiste em 14 membros, 12 em tempo integral e dois em tempo parcial. As principais qualificações exigidas de um membro do conselho do IASB são a sua especialização técnica ea sua experiência. Além disso, as trustees exercem o melhor julgamento possível para assegurar-se de que o Conselho do IASC não seja dominado por qualquer interesse regional ou interesses políticos específicos de uma parcela da sociedade. Nesse sentindo, a nova constituição também exige que, no mínimo, cinco membros do Conselho do IASC, tenham formação e experiência em auditoria; três, no mínimo, tenham experiência como usuários das demonstrações financeiras e um, no mínimo, tenha bagagem (experiência) acadêmica. Os membros do Conselho são designados por cinco anos, renovável uma única vez. As trustees devem designar um dos membros em tempo integral para a presidência do Conselho do IASC. 15 Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce UNIDADE A Contabilidade e seus Órgãos Internacionais Mundiais O Conselho tem total responsabilidade sobre matérias técnicas e completa discrição sobre a agenda do IASC. Assim, as suas responsabilidades englobam: · criar comitês diretivos; · estabelecer procedimentos para revisão de comentários recebidos em documentos publicados; · consultar o Standards Advisory Council (SAC) em projetos maiores (principais); · considerar as audiências públicas; · emitir bases para conclusões através dos IAS e ED (exposure drafts); · considerar na esfera de suas viagens a incumbência de se certificar de que os padrões são praticáveis em todos os locais. Standing Interpretation Committee (SIC) O Comitê Permanente de Interpretações foi criado em 1997, tendo em vista a necessidade de considerar algumas questões contábeis que possam receber tratamento contábil divergente ou inaceitável, devido à falta de orientação oficial no local. Essas considerações fazem parte do contexto das normas internacionais e da estrutura conceitual do IASB. Nesse sentido, para o desenvolvimento de suas atividades, o SIC consulta entidades similares em todo o globo. O SIC trata de questões abrangentes, não daquelas que se referem a exceções. As interpretações abrangem assuntos relacionados: · pronunciamentos já emitidos (áreas nas quais a prática contábil é insatisfatória em relação às normas internacionais); · pronunciamentos não emitidos (tópicos novos, que não existiam quando a norma foi desenvolvida). O SIC possui um grupo de até 12 membros votantes, incluindo profissionais de contabilidade, elaboradores e usuários das demonstrações financeiras originários de vários países. Além disso, a International Organization of Securities Commissions (IOSCO) e a Comissão Europeia são observadores sem direito a voto. Finalmente, de acordo com a revisão da nova constituição do IASC o IFRIC passou a ser sucessor do SIC. 16 Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce 17 International Financial Reporting Interpretations Committee (IFRIC) As trustees da Fundação do IASC revisaram a sua constituição e criaram o IFRIC, que funciona como sucessor do SIC, sendo responsável por interpretar a aplicação dos padrões do IASC no contexto do seu referencial teórico (framework). O IFRIC é composto de 12 membros que são designados pelas trustees, para um mandato de três anos. As trustees devem designar como presidente do IFRIC um membro do IASB (diretor de atividades técnicas ou um outro membro sênior) ou outro indivíduo apropriadamente qualificado. Standards Advisory Council (SAC) O Conselho Consultivo de padrões é o organismo internacional através do qual organizações e indivíduos que possuem interesse nos relatórios financeiros, que advêm de outras áreas geográficas onde não estão estabelecidos os curadores do IASB, fazem recomendações ou aconselham o IASB. Os membros do SAC são apontados pelas trustees. Esse conselho deve se reunir, no mínimo, três vezes por ano. Além disso, o IASB deve consulta-lo sobre todos os principais projetos. Além disso, as assembleias do SAC devem ser públicas. De acordo com a nova constituição do IASB, o seu presidente também preside o SAC. Em junho de 2001, o SAC anunciou 41 novos membros, pertencentes a seis continentes, 21 países e cinco organizações internacionais, com especialização técnica que possibilite contribuir para a formulação de normas contábeis. O Conselho Consultivo de Padrões tem como objetivo: · recomendar as prioridades de trabalho do IASB; · aconselhar a emissão de padrões técnicos de contabilidade; · informar ao IASB a respeito das implicações de normas propostas aos usuários e elaboradores das demonstrações financeiras; · fazer outras recomendações pertinentes ao IASB ou às trustees. International Accounting Standards Board (IASB) O IASB, desde a sua criação, passou a se dedicar aos projetos do antigo IASC, bem como a uma lista de novos projetos. A primeira reunião técnica desse órgão ocorreu em abril de 2001, na qual foram listados 42 tópicos que foram recomendados pelos próprios membros do IASB, pela assessoria do IASB (IASB staff), pelos criadores do Conselho do IASC (IASC board), pelos observadores de padrões contábeis (accounting standards setters), pela IOSCO, pela comissão europeia, pelas firmas de contabilidade internacional e por outras partes interessadas, como possíveis matérias para os projetos futuros do IASB. Em maio de 2002, o IASB publicou um ED (exposure draft) sobre seus projetos de melhorias, o qual se propõe a reformar 12 dos 34 padrões de contabilidade 17 Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce UNIDADE A Contabilidade e seus Órgãos Internacionais Mundiais em vigor. O objetivo dessas melhorias é o de qualificar e dar consistência aos relatórios financeiros através da utilização das melhores práticas provenientes do mundo todo, bem como de eliminar os tratamentos alternativos permitidos pelos atuais IAS. Além disso, em junho de 2002, o IASB anunciou seu novo programa, concentrado em três áreas: · consolidação (incluindo as Special-Purpose Entities – SPE); · receita – definição e reconhecimento – e aspectos relacionados a obrigações; · convergência nos tópicos em que soluções de alta qualidade estão disponíveis nos padrões internacionais e nacionais, a exemplo da contabilização de imposto de renda, pensões, relatórios por segmentos e combinação de negócios. Ademais, o IASB pretende empreender, em conjunto com os observadores de padrões contábeis nacionais, atividades de pesquisa em tópicos como: · contabilidade para pequenas e médias empresas e entidades de economias emergentes; · contabilização de leasing; · contabilização de instrumentos financeiros; · conceitos contábeis, incluindo uma revisão estratégica dos elementos básicos da contabilidade, e trabalhar na mensuração, focando incialmente os impairments. Finalmente, em termos de futuro, o IASB estimulará os observadores de padrões nacionais e outros a executarem trabalhos iniciais de projetos que poderão ser incluídos na agenda do IASB, tais como: · relatórios gerenciais em relação aos relatórios financeiros (geralmente designados de MD&A reporting); · contabilidade para indústrias extrativas; · contabilidade para concessões públicas e privadas. Em maio de 2002, o IASB emitiu um prefácio para relatórios financeiros internacionais – Preface to International Financial Reporting (the preface), que aborda os objetivos, procedimentos e o devido processo do IASB, bem como explica o escopo e o poder do IFRS. O prefácio se dedica a esclarecer certas matérias controvertidas, relativas a padrões de contabilidade emitidos, que têm sido debatidas há muito tempo. Como a partir da criação do prefácio essas matérias passaram para a sua jurisdição, essas controvérsias deverão ser deixadas de lado. 18 Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce Usuario Realce19 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Curso de contabilidade avançada em IFRS e CPC. ALMEIDA, M. C. São Paulo: Atlas, 2014. (e-book) Contabilidade avançada e internacional MULLER, A. N.; SCHERER, L. M. 3 ed. São Paulo: Saraiva, 2013. (e-book) IFRS e CPC guia de aplicação contábil para contexto brasileiro OLIVEIRA, A. B.; SIQUEIRA, D. guia de aplicação contábil para contexto brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2013. (e-book) Leitura A adoção no Brasil das normas internacionais de contabilidade IFRS: o processo e seus impactos na qualidade da informação contábil autoria dos professores: Maria Thereza Pompa Antunes, Marta Cristina Pelucio Grecco, Henrique Formigoni e Octavio Ribeiro de Mendonça Neto, disponível na Revista de Economia e Relações Internacionais da Faculdade de Economia da Fundação Armando Alvares Penteado. http://goo.gl/UyB8oT 19 Referências CARVALHO, L. Nelson; LEMES, Sirlei; COSTA, Fábio Moraes da (Colab.). Contabilidade internacional: aplicação das IFRS 2005. São Paulo: Atlas, 2011. ERNST & YOUNG; FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS CONTÁBEIS, ATUARIAIS E FINANCEIRAS. Manual de normas internacionais de contabilidade: IFRS versus normas brasileiras. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010. FUNDAÇÃO INSTITUTO DE PESQUISAS CONTÁBEIS, ATUARIAIS E FINANCEIRAS; IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernesto Rubens. Manual de contabilidade das sociedades por ações: aplicável às demais sociedades. 7. ed., rev. e atual. São Paulo: Atlas, 2010. SCHMIDT, Paulo; SANTOS, Jose Luis; FERNANDES, Luciane Alves. Contabilidade internacional avançada. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2010. NIYAMA, Jorge Katsumi. Contabilidade internacional: causas das diferenças internacionais, convergência contábil internacional, estudo comparativo entre países, divergências nos critérios de reconhecimento e mensuração, evidenciação segundo FASB e IASB. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2010. 20
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