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AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica PSICOLOGIA JURÍDICA Aula 11: Formas de guarda e a lei da Guarda compartilhada AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica 1. Formas de Guarda e a Lei da Guarda Compartilhada. AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica Código civil de 1916 • Família somente a constituída pelo casamento. • Gerador de vínculo indissolúvel entre os cônjuges. As relações sem casamento eram moral, social e civilmente reprovadas. AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica Ocorrendo o desquite, os filhos ficavam com o cônjuge que não havia dado causa a separação – considerado inocente. A identificação do cônjuge culpado objetivava puni-lo, com a ausência do filho. Ou seja, a não convivência dos filhos com um dos pais, o considerado culpado, era uma forma de punição ao cônjuge que deu causa a separação. Os filhos eram entregues como prêmio ao cônjuge inocente, punindo desta forma o cônjuge culpado, com a pena da perda da guarda da prole. AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica Quando foi instituido o desquite, o cônjuge culpado não permanecia com os filhos. Caso a culpa fosse de ambos, a guarda dos filhos ficava, em regra, com a mãe, se o juiz entendesse não haver prejuízo moral para eles. Mas, se a única culpada fosse a mãe, os filhos não poderiam ficar com ela. A Lei do Divórcio, em seu artigo 10, dispunha que os filhos ficariam em companhia de quem não tivesse dado causa à dissolução do vínculo matrimonial, salvo por motivos graves, quando era facultado ao juiz decidir diversamente (Art. 13). Percebe-se, então, que não eram priorizados os direitos da criança, mas observava-se principalmente a conduta dos cônjuges. AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica Em 1977, foi instituída a Lei 6.515/77 - Lei do Divórcio. Essa Lei perpetua e privilegia a ideia do cônjuge inocente - os filhos menores ficariam com o cônjuge que não deu causa a separação. Mas, a própria Lei do Divórcio trazia abrandamentos em seu texto de acordo com o artigo 13: “Se houver motivos graves, poderá o juiz, em qualquer caso, a bem dos filhos, regular por maneira diferente da estabelecida nos artigos anteriores a situação deles com os pais” (BRASIL. LEI DO DIVÓRCIO. 2014). AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica • Há que se falar em culpa em uma separação? • A preferência da guarda para a mãe (como ocorre até os dias de hoje) é saudável? • Um homem ou uma mulher, por exemplo, que mantenha relações extraconjugais é menos merecedor(a) de possuir a guarda dos filhos? AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica Guarda O fim do relacionamento não atinge os direitos e deveres dos pais com relação aos filhos. Assim, em caso de ruptura, não pode ser comprometida a convivência dos filhos com ambos os genitores. Surge, então, a dificuldade de definir em companhia de quem vão morar os filhos. Trata-se a guarda de atributo do poder familiar, por meio do qual se permite que o filho fique em seu poder, com posse oponível a terceiros e deveres de assistência material, moral, educacional e afetiva. Nas palavras de Maria Berenice Dias: “De qualquer sorte, com o rompimento da convivência dos pais, há a fragmentação de um dos componentes da autoridade parental. Ambos continuam detentores do poder familiar, mas, em regra, o filho vive com um, e ao outro é assegurado o direito de visita, que é regulamentado minuciosamente, estabelecendo-se dias e horários de forma às vezes bastante rígida”. Código civil de 2002 AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica Guarda O Código Civil de 2002 trata da guarda dos filhos sob o título da proteção da pessoa dos filhos, no artigo 1583 e seguintes. A guarda dos filhos é, implicitamente, conjunta, e sofrerá uma individualização quando ocorrer a separação dos pais, devendo-se respeitar as vontades dos genitores e dos filhos. Código civil de 2002 AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica O Código Civil, em seu artigo 1.583, aponta dois tipos de guarda: unilateral e compartilhada. § 1o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5º) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. (Acrescentado pela L-011.698-2008) § 2o Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos: (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) I - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) II - (revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) III - (revogado). (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica § 3º Na guarda compartilhada, a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) § 4o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008). § 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos. (Incluído pela Lei nº 13.058, de 2014) AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica O artigo 1.583 do Código Civil de 2002 foi totalmente alterado pela Lei 11.698/2008; essa nova redação prevê a possibilidade de os genitores fixarem a guarda unilateral ou compartilhada, vez que a guarda é o principal atributo do poder familiar. O parágrafo único desse dispositivo, conceitua a guarda unilateral como aquela exercida por um só dos genitores, enquanto ao outro será assegurado um regime de visitas de acordo com o melhor interesse do filho e seu bem estar. A guarda compartilhada ou conjunta refere-se a um modelo de guarda em que pais e mães dividem a responsabilidade legal sobre os filhos ao mesmo tempo e compartilham as obrigações pelas decisões importantes relativas à criança (CZAPSK, 2011, p.1318 - 1.319). O juiz pode se recusar a homologar o acordo de guarda, se entender que não foi preservado o melhor interesse da criança. “O interesse dos filhos deve primar por cima de qualquer outro interesse, ou circunstância, do pai ou da mãe”. Ou então, o interesse dos pais não pode ser superior ao interesse dos filhos (GRISARD FILHO, 2002, p. 64). AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica Guarda Unilateral - Quando da separação dos pais, há possibilidade de se determinar a guarda para somente um dos genitores. Historicamente, a mãe assumiu de forma significativa a guarda dos filhos nos casos de separação e divórcio, ou seja, os filhos ficavam sob a sua responsabilidade. Atualmente, embora exista uma divisão maior dessa responsabilidade, ainda verificamos uma grande incidência da guarda unilateral atribuída a mãe,quer seja na separação, divórcio ou dissolução da união estável. AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica Maria Berenice Dias, em sua obra, Manual de Direito das Famílias, aborda dois motivos para este fenômeno (os filhos permanecerem com a mãe): Histórico: Existe no imaginário social a construção de que somente a mulher é capaz de cuidar adequadamente do filho, justificada pela inabilidade masculina nos seguintes aspectos: • Incompetência paterna para desempenhar as funções maternas • A figura cultural do homem como provedor material e não emocional Reforçada pela famosa ideia: quem pariu que embale! Psicológico: Impedir que a criança seja usada como arma nos litígios perpetuados entre os genitores; a importância da guarda atribuída à genitora quando os filhos encontram-se em tenra idade (restando ao pai o direito de visitas e vigilância). AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica A guarda materna foi, durante muito tempo, a regra, mas esta situação vem mudando, dada a participação mais efetiva dos pais no processo de educação e formação dos filhos. Desvantagens da guarda unilateral, segundo Maria Berenice Dias: “A guarda unilateral afasta, sem dúvida, o laço de paternidade da criança com o pai não guardião, pois a este é estipulado o dia de visita, sendo que nem sempre esse dia é um bom dia, isso porque é previamente marcado, e o guardião normalmente impõe regras”. Ex: João e Maria se divorciaram; ficou combinado que Maria ficará com a guarda da filha de 5 anos e do filho de 4 anos e o pai tem direito de visitas aos finais de semana. AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica Ou seja, ambos os genitores mantêm o poder familiar, mas as decisões recaem sobre o genitor guardião. Poder Familiar Os pais devem, juntos, desempenhar as obrigações relativas à entidade familiar, como o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, conforme preceitua o artigo 22 do Estatuto da Criança e do Adolescente de 1990, que assim o descreve: Art. 22. Aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores, cabendo-lhe ainda, no interesse destes, a obrigação de cumprir e fazer cumprir as determinações judiciais (BRASIL. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE. 2014). AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica A guarda compartilhada foi definitivamente inserida na legislação pátria através da lei 11.698/2008 de 13 de junho de 2008, que alterou os artigos 1.583 e 1.584 do Código Civil Brasileiro. Neste tipo de guarda, ambos os pais detêm o poder familiar e a tomada de decisões sobre os filhos, independentemente do tempo que passem com cada um dos genitores. Resumo histórico sobre a guarda compartilhada: Peres (2002) relata que: • A Inglaterra é pioneira nesse sistema, com o primeiro caso sido julgado ainda na década de 1960. Tendo por objetivo romper a tendência de deferir a guarda exclusiva para a figura materna, visando ao compartilhamento dos direitos e das obrigações com os filhos entre os genitores. Fonte: Peres, L. F. L. (2002). Guarda compartilhada. Jus Navigandi, 7(60) - http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=3533 AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica Em 1976, o instituto foi assimilado pelo Direito francês, com o propósito de amenizar os prejuízos que a guarda exclusiva acarretava aos filhos de pais separados. Bauserman (2002) destaca que os Estados Unidos foram o país em que o instituto ganhou maior adesão e desenvolvimento. Nesse país, a guarda compartilhada é conhecida como joint custody ou shared parenting, e divide-se em guarda compartilhada jurídica e guarda compartilhada física. • Na primeira, é feita apenas a divisão dos direitos e deveres; • Na segunda, além dessa divisão, há também a divisão de domicílio. Essa classificação existente nos Estados Unidos traz confusão para o conceito de guarda compartilhada que vem sendo utilizado no Brasil, pois muitos profissionais posicionam-se contrariamente a esse instituto por entenderem que a alternância de lares é prejudicial ao desenvolvimento das crianças. Fonte: Bauserman, R. (2002). Child adjustment in joint-custody versus sole-custody arrangements: A meta-analytic review. Journal of Family Psychology, 16, 91-102. AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica É preciso atentar para as diferenças entre guarda alternada e guarda compartilhada. Guarda compartilhada não implica alternância de lares, e sim uma corresponsabilização de dever familiar entre os pais. Guarda alternada implica a possibilidade de cada um dos pais deter a guarda do filho alternadamente, com divisões de tempo que podem variar de dias a anos alternados. Devido à divulgação da experiência americana com a guarda compartilhada, muitas pessoas vêm entendendo erroneamente o instituto no Brasil, confundindo a guarda compartilhada física americana com a guarda compartilhada brasileira. AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica O artigo 1583, § 1º é claro ao definir: ...guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns, ou seja, se fala de responsabilidade conjunta e exercício de direitos e deveres, e não dois lares. Já a guarda alternada envolve alternância de responsabilidade, direitos, deveres e lares, ou, como coloca Rosângela Paiva Epagnol: "A guarda compartilha de filhos menores, é o instituto que visa a participação em nível de igualdade dos genitores nas decisões que se relacionam aos filhos, é a contribuição justa dos pais, na educação e formação, saúde moral e espiritual dos filhos, até que estes atinjam a capacidade plena, em caso de ruptura da sociedade familiar, sem detrimento, ou privilégio de nenhuma das partes (...).” Fonte: Rosângela Paiva Spagnol (Publicada no Juris Síntese nº 39 - JAN/FEV de 2003) Rosângela Paiva Spagnol Advogada e Professora, mestre em Direito Público, e especialista em Processo Civil AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica Várias pessoas envolvidas na decisão sobre a guarda de menores, vislumbram um vínculo entre a guarda compartilhada e guarda alternada. Não se confundir! Os objetos do instituto jurídico da guarda compartilhada, não nos deixa dúvida que dele apenas se busca: • O melhor interesse do menor; • O direito inegociável à presença compartilhada dos pais. Etimologicamente, o termo compartilhar nos traz a ideia de partilhar + com = participar conjuntamente, simultaneamente. Ideia antagônica à guarda alternada, cujo teor o próprio nome já diz. Diz-se de coisas que se alternam, ora uma, ora outra, sucessivamente, em que há revezamento. AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica Alternância reporta-se ao que ocorre sucessivamente, a intervalos, uma vez sim, outra vez não. Esse modelo de guarda não tem sido aceita por nossos tribunais. Ex: João e Maria se divorciaram; ficou combinado que durante uma semana a filha do casal ficará morando com a mãe (e o pai não pode interferir durante esse tempo) e, na semana seguinte, a filha ficará vivendo com o pai (que terá a guarda exclusiva nesse período). Villeneuve (1994) explica que a autoridade parental exercida em conjunto significa que todas decisões importantes que se refere as crianças, devem ser tomadas por ambos os pais: • De ordem médica; • Escolar; • A respeito de viagens; • Religião.AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica A autora reconhece, ainda, que o dever de visita constituía uma limitação oficial ao relacionamento do pai que não possuía a guarda dos filhos. A guarda conjunta pode permitir ao pai que não convive com os filhos reforçar os sentimentos de responsabilidade junto a seus descentes. Além de resguardar o melhor interesse da criança de ser educado por pai e mãe. A guarda compartilhada não implica alternância de lares, e sim uma corresponsabilização do dever familiar entre os pais. Obviamente, nada impede que a criança ou adolescente resida em dois lares, em um regime que lembre o da guarda alternada. AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica Art. 1.584. A guarda, unilateral ou compartilhada, poderá ser: (Redação dada pela Lei nº 11.698, de 2008). I – requerida, por consenso, pelo pai e pela mãe, ou por qualquer deles, em ação autônoma de separação, de divórcio, de dissolução de união estável ou em medida cautelar; (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008). II – decretada pelo juiz, em atenção a necessidades específicas do filho, ou em razão da distribuição de tempo necessário ao convívio deste com o pai e com a mãe. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008). § 1o Na audiência de conciliação, o juiz informará ao pai e à mãe o significado da guarda compartilhada, a sua importância, a similitude de deveres e direitos atribuídos aos genitores e as sanções pelo descumprimento de suas cláusulas. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008). AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica § 2o Quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, encontrando-se ambos os genitores aptos a exercer o poder familiar, será aplicada a guarda compartilhada, salvo se um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) § 3o Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em orientação técnico-profissional ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar à divisão equilibrada do tempo com o pai e com a mãe. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) § 4o A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de cláusula de guarda unilateral ou compartilhada poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seu detentor. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica § 5o Se o juiz verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda a pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida, considerados, de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade. (Redação dada pela Lei nº 13.058, de 2014) § 6o Qualquer estabelecimento público ou privado é obrigado a prestar informações a qualquer dos genitores sobre os filhos destes, sob pena de multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais) por dia pelo não atendimento da solicitação. (Incluído pela Lei nº 13.058, de 2014) Ex: João e Maria se divorciaram; ficou combinado que a filha do casal ficará morando com a mãe; apesar disso, tanto Maria como João terão a guarda compartilhada (conjunta) da criança, de forma que ela irá conviver constantemente com ambos e as decisões sobre ela serão tomadas em conjunto pelos pais. AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica Caso não tenha havido acordo, qual é a espécie de guarda que o juiz deverá preferencialmente determinar? Essa foi uma das alterações impostas pela Lei nº 13.058/2014. Com a novidade legislativa, a situação agora passa a ser a seguinte: Regra: quando não houver acordo entre a mãe e o pai quanto à guarda do filho, o juiz irá aplicar a guarda compartilhada. Exceções: Não será aplicada a guarda compartilhada se: a) Um dos genitores não estiver apto a exercer o poder familiar; b) Um dos genitores declarar ao magistrado que não deseja a guarda do menor. AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica Além de fixar a guarda compartilhada como prioridade, a lei também trouxe algumas regras para disciplinar essa espécie de guarda. Vejamos: Tempo de convivência Na guarda compartilhada, o tempo de convívio com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai, sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos (§ 2º do art. 1.583). Orientação técnico-profissional Para estabelecer as atribuições do pai e da mãe e os períodos de convivência sob guarda compartilhada, o juiz, de ofício ou a requerimento do Ministério Público, poderá basear-se em orientação técnico- profissional ou de equipe interdisciplinar, que deverá visar à divisão equilibrada do tempo com o pai e com a mãe (§ 3º do art. 1.584 do CC). Regras sobre a guarda compartilhada trazidas pela lei AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica Com a ajuda de psicólogos, assistentes sociais e outros profissionais, o juiz já deverá estabelecer as atribuições que caberão a cada um dos pais e o tempo de convivência com o filho. Ex: João irá buscar o filho no colégio todos os dias às 12h; no período da tarde, a criança continuará na companhia do pai e às 18h, ele deverá deixá-lo na casa da mãe. E se os pais morarem em cidades diferentes? A Lei estabeleceu que a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos (§ 3º do art. 1.584). AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica Tanto na guarda compartilhada como na guarda unilateral, tanto o pai como a mãe possuem o direito de acompanhar e fiscalizar a educação e saúde de seus filhos. Pensando nisso, e a fim de evitar qualquer embaraço, a Lei nº 13.058/2014 acrescentou o § 6º ao art. 1.584 do CC, com a seguinte redação: § 6º Qualquer estabelecimento público ou privado é obrigado a prestar informações a qualquer dos genitores sobre os filhos destes, sob pena de multa de R$ 200,00 (duzentos reais) a R$ 500,00 (quinhentos reais) por dia pelo não atendimento da solicitação. Essa regra vale mesmo que o pai (ou a mãe) que esteja requerendo a informação não detenha a guarda do filho. Dever de os estabelecimentos públicos e privados prestarem informações aos pais AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica Esse estabelecimento de ensino poderá ser multado na forma do § 6º do art. 1.584 do CC. O mesmo vale para um hospital, por exemplo. Essa multa deve ser cobrada na via judicial (Justiça Estadual / Vara de Família), devendo o pai (ou a mãe) comprovar que fez a solicitação não atendida. Descumprimento das regras A alteração não autorizada ou o descumprimento imotivado de cláusula de guarda unilateral ou compartilhada poderá implicar a redução de prerrogativas atribuídas ao seu detentor. (§ 4º do art. 1.584). Ex: João e Maria divorciaram-se e a mãe ficou com a guarda exclusiva da criança; determinado dia, João foi até o colégio de sua filha para ter acesso às notas do boletim escolar, tendo a escola negado acesso afirmando que somente a mãe poderia obtê-lo. AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica A guarda pode ser deferida para outra pessoa que não seja o pai ou a mãe? SIM. Se o juiz verificar que o filho não deve ou não pode permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá a guarda à pessoa que revele compatibilidade coma natureza da medida, considerados, de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e afetividade (§ 5º do art. 1.584). O exemplo mais comum dessa situação é a guarda atribuída aos avós. AULA 11: FORMAS DE GUARDA E A LEI DA GUARDA COMPARTILHADA Psicologia jurídica VAMOS AOS PRÓXIMOS PASSOS? Formas de Guarda e a Lei da Guarda Compartilhada. AVANCE PARA FINALIZAR A APRESENTAÇÃO.