Buscar

Fotografia Autoral, Conceitual e Arstística - Ensaios e Estudos de Caso

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 26 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Fotografia Autoral, 
Conceitual e Artística
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof. Me. Miguel Luiz Ambrizzi
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Os Temas: Ensaios e Estudos de Caso
• Os Temas: Ensaios e Estudos de Caso;
• Ensaios Fotográficos;
• O Nu e o Corpo Feminino;
• Autorretrato – Corpo e Performance;
• Natureza – Denúncia e Contemplação;
• Social e Cultura.
• Reconhecer a importância do tema no processo de criação e como esse pode ser 
abordado de diferentes formas: documental, conceitual ou expressiva;
• Conhecer o conceito de ensaio fotográfi co e entender que uma sequência de fotos 
pode contar uma história, pois se trata de uma narrativa visual;
• Apresentar como um tema amplo tem suas diferentes abordagens na produção fo-
tográfi ca contemporânea.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Os Temas: Ensaios e Estudos de Caso
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e 
sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam-
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Os Temas: Ensaios e Estudos de Caso
Os Temas: Ensaios e Estudos de Caso
Uma fotografia não é apenas o tema que ela retrata, não se trata de uma 
homenagem a esse tema. A fotografia é parte do tema e uma extensão 
dele. É também uma potente maneira de se apropriar desse tema e ga-
nhar controle sobre ele. (SONTAG, 1979 apud SIMMONS, 2015, p. 56)
O tema é o ponto de partida de muitos projetos fotográficos que têm por ob-
jetivo uma investigação criativa sobre algo específico. O processo criativo possui 
várias fases/componentes, conforme vimos na Unidade 2, e o tema é uma delas. 
Conforme Simmons (2015), é a inicial (ver o Digrama 1). O tema é algo a ser 
explorado, garantindo, através da pesquisa, novos conhecimentos e percepções 
sobre ele e, com isso, através das experimentações, será possível tomar decisões 
sobre o trabalho. Há muitos fotógrafos que são motivados por temas específicos 
nas fases das suas carreiras, seus projetos fotográficos são realizados por uma in-
quietação ou um interesse em investigar sobre algo, alguém ou algum lugar.
O CICLO DO PROCESSO CRIATIVO
Escolha do tema
Form
ação de ideias
Desenvolvimento de ideias
por meio de pesquisaExe
cuç
ão
Na
rra
tiv
a d
o p
ro
jet
o
Identi�cação
Registro
Criação Planejamento
Questionamento
Re�exão
+
Revisão
Figura 1 – Esquema gráfico baseado na proposta de Mike Simmons
Ao investigar um tema, o fotógrafo não poderá trabalhar com a ideia ou com 
uma visão preestabelecida da obra final, pois ele estará limitando o potencial de 
suas ideias. É preciso que ele esteja aberto e, como afirma Mike Simmons (2015, 
p. 20), parta da seguinte pergunta: “quais são as possibilidades que minha ideia me 
apresenta?”. Com esse questionamento, Simmons coloca como quadro de refe-
rência das áreas em que um tema pode estar situado no que se refere ao gênero: 
retrato, natureza-morta ou paisagem. No entanto, o fotógrafo pode expressar suas 
8
9
ideias para além das relações diretas com essas categorias que estão ligadas a tipos 
específicos de fotografia. 
O autor define que as perspectivas criativas conduzem a forma com que esse 
quadro de referência será explorado, seja uma abordagem documental (a fotografia 
que está voltada para fora, que se vale de fatos reais), expressionista (abordagem 
voltada para dentro, que parte de experiências singulares do fotógrafo e que está 
centrada em uma questão específica sobre o tema) e a conceitual (trabalho particu-
lar que se preocupa com as ideias a serem exploradas). Por questões específicas 
relacionadas ao tema, Simmons se refere ao foco particular do trabalho ou ao 
tema subjacente – que pode ser político, religioso, sociocultural ou de qualquer 
outra área de pesquisa: “aqui, seu quadro de referência e sua perspectiva criativa 
passam a ser mecanismos por meio dos quais a ideia que está por trás do trabalho 
poderá ser articulada” (SIMMONS, 2015, p. 87).
Como podemos ver no Diagrama 2, o projeto fotográfico está na intersecção 
entre o quadro de referência, perspectivas criativas e as questões específicas rela-
cionadas ao tema. 
Nosso histórico cultural pessoal, inserido em um contexto social e rico de expe-
riências, guia a forma como pensamos, julgamos as coisas e vivemos no mundo, 
constituem nossa identidade. Dessa forma, quando um fotógrafo aborda um tema, 
a forma como ele se expressa na sua produção passa por esses filtros e, por mais 
que esse tema seja comum a várias pessoas, ele é compreendido também através 
desses filtros individuais.
De pendendo de como o fotógrafo quer abordar um tema específico, é preciso estar 
ciente das questões de forma e conteúdo, ou seja, o visual e o conceitual, e de como 
essas características distintas e inerentes se relacionam. Quando falamos de forma, 
estamos falando de cor, textura, tonalidade, formato, linha, materiais, técnicas, equipa-
mentos, enquadramentos, velocidade do obturador, abertura etc. Quando falamos em 
conteúdo, falamos de ideias que determinam as escolhas do fotógrafo em relação às 
formas das suas produções fotográficas. De acordo com Simmons (2015, p. 56), “o 
conteúdo permite compreender as relações existentes entre os elementos visuais den-
tro do seu quadro mais profundamente”, e são esses elementos que vão se comportar 
“como pistas ou indícios que tornam seu trabalho legível para os demais observadores”. 
O tema na investigação e produção fotográfica poderá gerar melhores resulta-
dos se for abordado de forma mais focada, específica. Por exemplo, quero realizar 
um projeto cujo tema é o cotidiano dos moradores de rua. Esse tema precisaria 
ter um foco definindo a cidade em que vivem e, dependendo, até a região especí-
fica dessa cidade. Podemos ver um exemplo concreto de como o tema possui um a 
abordagem e o contexto específico dessa num projeto fotográfico em Who’s That 
Girl? (Quem é essa garota?) (2011) da fotógrafa suíça Brigitt Angst. Nesse projeto, 
temos como tema as “questões de feminilidade, identidade de gênero e a condição 
feminina” num contexto específico, “em mulheres com síndrome de Turner” e 
com a abordagem feita pelo “uso da fotografia de moda como ferramenta” para 
examinar tais questões (SIMMONS, 2015).
9
UNIDADE Os Temas: Ensaios e Estudos de Caso
Ensaios Fotográficos
Quando falamos sobre o tema na produção fotográfica,podemos abordá-lo 
como uma categoria de conteúdo das imagens ou também como uma prática inves-
tigativa criativa, ou seja, a realização de fotografias focadas em um tema específico, 
o que nos leva ao ensaio fotográfico. O termo ensaio fotográfico é amplamente 
explorado por fotógrafos de diversas áreas, seja no campo jornalístico, em jornais 
impressos ou revistas femininas e masculinas, ou em editoriais de moda. É um 
termo familiar para os leigos, pois o ensaio passou a entrar para o vocabulário 
comum. Vulgarmente, o termo pode ser utilizado para definir uma simples união 
de fotografias que tratem do mesmo tema e que tenham a mesma autoria, tal Erico 
Elias, que denomina o ensaio como um trabalho fotográfico que “conta uma histó-
ria, tem uma unidade entre as imagens e não é redundante, pois cada foto traz uma 
nova pose ou revela uma nova nuance” (ELIAS, 2007, p. 50). 
Para aprofundar nossa compreensão, iniciaremos nossos estudos acerca do en-
saio fotográfico, conhecendo o que o dicionário da Língua Portuguesa nos traz 
como definição da palavra:
Ensaio. [Do lat. Tardio Exagiu.] S.m. 1. Prova, experiência: O novo 
avião falhou logo no ensaio. 2. Exame, estudo: tubo de ensaio. 3. Ten-
tativa, experiência: Fez um ensaio de falar, mas não pôde. 4. Treino, 
treinamento: Hoje há ensaio de jogadores; Os artistas submetem-se a 
muitos ensaios. [Sin. (p. us.), nessa acepç.: ensaiamento.] 5. Teat. Trei-
namento das falas e marcações dos atores para seus papéis, e/ou re-
petição dos movimentos cenográficos, de iluminação, de sonoplastia, 
etc., objetivando a unidade, o aprimoramento e a perfeita execução da 
montagem. Ensaio2. [Do fr. essai] S. f. Liter. Estudo sobre determinado 
assunto, porém menos aprofundado e/ou menor que um tratado formal 
e acabado. Ensaísta. [Do fr. essayiste] S. 2 g. Escritor autor de ensaios. 
(FERREIRA, 1999, p. 765)
Ao analisarmos a definição do verbete, temos o aspecto experimental associa-
do aos testes, tentativas, treinos e preparação para uma performance final. Temos 
a definição de ensaio como um estudo menor, sendo o ensaísta como aquele que 
escreve ensaios. É claro, portanto, a associação do termo com o contexto da litera-
tura, onde temos Robert Diyanni como uma referência para entendermos o ensaio. 
Para Diyanni (2002), o escritor Michel de Montaigne é considerado o pai do 
ensaio moderno, o qual deu esse nome ao seu trabalho justamente por abordar 
assuntos diversos com sua opinião pessoal, tendo-o como tentativa. Seus ensaios, 
independente do tema, eram caracterizados pelo tom despretensioso e pessoal 
do autor, além de apresentarem suas próprias experiências, seus gostos e crenças 
de uma forma livre. Diyanni (2002, p. 10), ao analisar os ensaios de Montaigne, 
afirma que eles “revelam sua mente no ato de pensar” e que “a palavra ensaio su-
gere menos uma abordagem formal e sistemática de um assunto que uma casual, 
mesmo desordenada”.
10
11
Já no campo da fotografia, os autores Govignon, Bajac e Caujolle (2004, p. 
166) apontam um trabalho do fotógrafo Paul Nadar como sendo o primeiro ensaio 
fotográfico da história. Se trata de uma entrevista ilustrada, com uma sequência de 
fotos que faz fronteira com o storyboard (roteiro feito com imagens), com o cien-
tista Michel Eugene Chevreul em 1886. De acordo com autores como Magalhães 
e Peregrino (2004) e Sousa (2004), o ensaio fotográfico surge em um contexto 
editorial de revistas, como a Berliner Illustrierte, a Munchener Illustrierte Presse, 
a francesa Vu e a American Life, sendo que essa última, segundo Kossoy, explo-
rou “o potencial da fotografia em sua possibilidade narrativa, isto é, através da uma 
sucessão de imagens que narrassem histórias” (KOSSOY, 2007, p. 90). 
Há diferentes formas de se realizar um ensaio fotográfico abordando um tema 
específico. Ele pode ser mais curto, com poucas fotos selecionadas para a compo-
sição final, pode ter diferentes tons de abordagem, ou o que podemos chamar de 
perspectiva criativa, como apontada por Simmons (2015) – documental, expres-
sionista, conceitual –, de forte carga pessoal ou mesmo impessoal, conforme vimos 
no início desta unidade.
O ensaio, por mais que tenha o aspecto de treino, quando está no contexto da 
linguagem artística, é tomado como experiência artística e, por isso, é uma forma 
de conhecimento. Envolve pesquisa, experimentação e descobertas. Não precisa 
encerrar o assunto, mas apresentar uma visão sobre aquilo que se tem como foco 
de investigação fotográfica.
Mary Jane Hoffer (1983) contribui para nossa compreensão da definição de ensaio 
fotográfico e nos traz uma reflexão sobre a sua função na fotografia: se trata de um 
grupo de imagens fortemente inter-relacionadas: “seu impacto depende não só de 
imagens individualmente fortes, mas também da interrelação entre estas imagens”; 
não há um único formato de apresentação: “o formato pode assumir várias formas e 
tamanhos – de uma matéria em revista, de poucas páginas, a um livro bem maior, en-
volvendo talvez uma centena de imagens ou mais” e “os temas também podem variar”. 
E finaliza: “Uma qualidade que todos os ensaios têm é sua independência estética”.
Portanto, o ensaio é uma forma do fotógrafo expressar sua visão sobre um tema 
específico de forma mais intensa e, por isso, é preciso exercitar essa comunica-
ção do ponto de vista do autor para que seja essa singular e que esteja presente 
no ensaio. Como foi dito, todo ensaio é uma produção de conhecimento e, dessa 
forma, durante a sua realização, o fotógrafo se vê imerso em um processo criativo 
que consiste em uma investigação e reflexão intensa, ou seja, é muito mais que a 
simples captura de imagens. Para além da realização das fotografias, o processo de 
reflexão pode se dar ainda de forma mais intensa durante a organização da sequ-
ência das imagens, buscando conexão entre elas, em como se dá a melhor forma 
de expressar sua intenção no trabalho exposto ao público. 
No artigo O conceito de ensaio fotográfico, as autoras Beatriz Cunha Fiuza e 
Cristiana Parente buscam a categorização de filme ensaio elaborada por Arlindo 
Machado para chegar ao conceito no campo da fotografia. Ao diferenciar o filme 
documental do filme ensaio, Machado (2002) ressaltará que o registro documental 
11
UNIDADE Os Temas: Ensaios e Estudos de Caso
da realidade passa a ter interesse quando ele se transforma em ensaio, ou seja, 
quando ele “se mostra capaz de construir uma visão ampla, densa e complexa de 
um objeto de reflexão”, quando ele se transforma “em reflexão sobre o mundo, 
em experiência e sistema de pensamento[...] um discurso sensível sobre o mundo”.
O ensaio fotográfico consiste em uma proposição intencional do autor através 
da sua interação com o objeto de investigação (tema) mediante escolhas e critérios 
pessoais do autor em relação à estética, à seleção, montagem e apresentação das 
fotografias que transmitem a mensagem do ensaio final. O fotógrafo possui total 
autonomia sobre o seu trabalho, em todas as etapas, e possui ampla liberdade de 
interpretação e expressão subjetiva sobre o tema tratado. No entanto, a autoria 
pode ser individual ou coletiva, e, uma proposta colaborativa de criação – e, justa-
mente por isso, a sua apresentação e a sua edição coesas se tornam fundamentais 
para tal compreensão dessa narrativa visual.
Sobre projetos que envolvem autoria coletiva, conheça o projeto Caixa de Sapato da Cia. 
De Fotos, analisada em um artigo intitulado “Transcendendo o cotidiano: uma análise 
das fotografias de família produzidas pela Cia de Fotos no Flickr”, de autoria de Nina 
Velasco e Cruz e Camila Leite de Araújo, publicado na revista Matrizes, da Universidade de 
São Paulo (USP). 
Nesse texto, as autoras analisam algumas fotografias desse projeto à luz de discussões sobre 
a fotografia digital contemporânea e do compartilhamento de afetos e narrativas pessoais 
no mundo virtual. Elas refletem sobre a relação entre fotografia doméstica, estética foto-
gráfica e intimidade, por se tratarem de imagensfeitas por profissionais no seu cotidiano 
íntimo familiar com forte carga estética.
Artigo disponível em: https://goo.gl/TFSbFJ
Ex
pl
or
A partir de agora, veremos exemplos de fotógrafos que têm como marca da sua 
produção a forte constância de um tema. Começaremos com um tema específico, 
o retrato feminino, mostrando-o através de fotógrafos que o abordam com diferen-
tes concepções, estéticas e intenções. Ao seguirmos para a conclusão dos estudos 
desta unidade, vamos também apresentar outros temas recorrentes na produção 
fotográfica de autores reconhecidos nacional e internacionalmente.
O Nu e o Corpo Feminino
O nu feminino sempre esteve presente na produção artística desde a antiguidade 
e é um tema alvo de investigação e produção de uma grande quantidade de fotógra-
fos nacionais e internacionais. Veremos na produção desses três fotógrafos como 
o mesmo tema possui diferentes formas autorais de abordagem.
José Ruaix Duran, conhecido como J. R. Duran, é um fotógrafo que nasceu em 
Barcelona em 1952 e radicou-se em São Paulo após sua mudança para o Brasil 
em 1970. Iniciou sua carreira nessa época como assistente de fotógrafos e realizou 
12
13
trabalhos para a Editora Abril, após cursar faculdade de jornalismo. Tendo mon-
tado seu próprio estúdio, na década de 1980, passou a colaborar para diversas 
fotografias, sendo a Playboy uma das mais importantes. Com isso, além de ser 
reconhecido como fotógrafo de publicidade, passou a ser especialista em fotografia 
de moda e de nus femininos, tornando-se um dos mais requisitados do país. 
Figura 2 – J. R. Duran, Sem título, 1996
Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras
Figura 4 – J. R. Duran, Sem título, 1997
Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras
Figura 3 – J. R. Duran, Sem título, 1995
Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras
Figura 5 – J. R. Duran, Sem título, 1998
Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras
Quando se mudou para os Estados Unidos, em 1989, trabalhou para as revis-
tas Harper’s Bazaar USA, Elle (edições espanhola, italiana, inglesa e francesa), 
Glamour, Tatler, Vogue (alemã) e Mademoiselle. Seus trabalhos foram abordados 
em ensaios publicados nas revistas Forum (alemã), Zoom (edições japonesa, italia-
na e francesa), Photo (francesa) e Man (espanhola). 
O seu trabalho consegue transitar entre o nu erotizado de forma mais direta em 
ensaios feitos para a revista Playboy até uma forma idealizada e voltada para o 
mercado da alta moda.
Hamish Campbell é um fotógrafo escocês que tem formação inicial em música 
e artes cênicas. Durante shows e performances, ele capturou e catalogou amigos 
e artistas, o que estimulou sua mudança para a fotografia. Ele tem colaborado 
regularmente com publicações nacionais como Black Meringue, uma das princi-
pais revistas de casamento alternativas da Grã-Bretanha, e tem grande interesse 
13
UNIDADE Os Temas: Ensaios e Estudos de Caso
por fotografia de paisagens. Tal interesse resultou en um ensaio sobre paisagens 
corporais, onde ele trabalha com um olhar sobre o corpo com a habilidosa inte-
ração entre linha, tonalidade e textura. Por meio de uma iluminação direta muito 
delicada sobre pequenas partes do corpo retratadas com um enquadramento bem 
próximo, resultam composições cuidadosamente elaboradas. São imagens com 
poucos elementos formais, com grandes áreas negras e que fazem surgir imagens 
sutis do corpo humano, o qual passa a ser visto sob o aspecto de paisagem.
Figura 7 – Hamish Campbell, da série Bodyscapes 
(Paisagens do Corpo), 2013
Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras
Figura 8 – Hamish Campbell, da série Bodyscapes 
(Paisagens do Corpo), 2013
Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras
Francesca Woodman (1958-1981) é uma fotógrafa norte-americana que mor-
reu muito jovem, com 22 anos, mas que deixou mais de 800 fotos impressas e 
milhares de negativos. A característica de seu trabalho é marcada pela sua autor-
representação em imagens misteriosas, com forte influência da estética surrealista 
devido ao contato com a literatura do movimento e a literatura gótica ao frequentar 
à Librería Maldoror, quando morou em Roma, sendo influência para artistas fotó-
grafas como Cindy Sherman e Barbara Kruger.
Fantasiada ou nua, ela se retrata de forma semioculta, seja pela ausência do ros-
to ou pelo desfoque gerado pelo movimento realizado em exposições prolongadas. 
As imagens apresentam um ar de fantasmagoria devido aos ambientes internos que 
parecem ser abandonados, sujos e em ruínas, os quais parecem ser mais tangíveis 
do que a própria presença de Francesca na foto.
Seu trabalho apresenta uma estranha singularidade até então não realizada na 
produção fotográfica, como um jogo de aparecer e desaparecer. Se situa em uma 
fronteira entre a fotografia e a performance, onde muitas vezes seus trabalhos fun-
cionam como documentos de uma performance ou uma dança. Tal como nos diz 
Maclennan (2016, n.p.), em suas imagens, Francesca 
[...] estava presente ao mesmo tempo em que se escondia. Knopper su-
gere que seu trabalho poderia ser considerado um pré-selfie, com um 
significado mais profundo. Mas talvez, em uma época na qual abunda o 
exibicionismo abunda sem pudor nas redes sociais, seja mais adequado 
classificá-la como o  anti-selfie, já que paradoxalmente nos mostrando 
tanto de si, ela conseguiu manter o mistério; revelando sua alma, não sua 
presença nem sua vida.
14
15
Seu interesse está na feminilidade e no ambiente, nas relações que as pessoas e 
seus corpos têm com o espaço, abordando esse tema através da criação de corpos 
femininos que transitam entre anjos e fantasma, entre o dentro e o fora, o eu e o 
ambiente, seja flutuando, levitando ou experienciando novas leis de relação não 
convencionais com o espaço. 
Figura 9 – Francesca Woodman, Angel, Roma, Itália
Fonte: Francesca Woodman, 1977
Francesca fez poucas exposições durante a vida em espaços alternativos de 
Nova Iorque e Roma. Seu sucesso se deu após sua morte por suicídio, ganhando 
notoriedade nos últimos 15 anos, muitas vezes pelo motivo de sua morte, mas 
principalmente pelos seus ensaios carregados de uma extrema potência poética.
Figura 10 – Francesca Woodman, série Space, 
Providence, Rhode Island
Fonte: Francesca Woodman, 1976
Figura 11 – Francesca Woodman, série Space, 
Providence, Rhode Island
Fonte: Francesca Woodman, 1976
Ela usa ângulos inusitados para retratar o corpo flutuante e rastejante, cortado 
pelos limites do plano das fotografias, muitas vezes, com a presença de objetos 
e papéis-de-parede descolados. A sensualidade dos corpos nus ou seminus joga 
entre o visível e o oculto com a contemplação de fragmentos. Algumas imagens 
15
UNIDADE Os Temas: Ensaios e Estudos de Caso
posicionam as figuras humanas e o entorno de forma mimética, os corpos sendo 
absorvidos pelo ambiente ou então se somando aos móveis que estão à volta.
Figura 12 – Francesca Woodman, 
‘Self deceit 1’, Roma, 1978
Fonte: Francesca Woodman, 1978
Figura 13 – Francesca Woodman, série Space 2, 
Providence, Rhode Island, 1976
Fonte: Francesca Woodman, 1976
Na fotografia House #3 (1976), a figura embaçada de Francesca Woodman é 
vista embaixo de uma moldura de janela em um quarto de uma casa em ruínas. 
Ela aparece sentada, mas inclinada, com um pé estendido calçando um sapato de 
menina. O contorno de sua perna nua não é claro, seu rosto e olhar para a câmera 
estão desfocados e seu corpo é obscurecido por um grande pedaço de papel de 
parede enrolado que ela envolveu em sua frente. O efeito é de um corpo flutuando 
acima das tábuas do piso. A luz cai sobre o cabelo loiro, derretendo o topo da cabe-
ça nas árvores superexpostas do lado de fora da janela. Woodman aponta a câmera 
para a luz e se dissolve na luz do sol acima dela. Como fantasma, Woodman é parte 
da parede e parte da luz, e seu corpo não é definido com uma definição clara. Sua 
aparição se fundecom os detritos no chão, enquanto as camadas expostas, racha-
duras e buracos negros no gesso indicam uma desintegração da fronteira entre o 
espaço interior e o exterior. As duas grandes janelas se abrem para a luz branca 
e as árvores indicam “outros mundos”, com um pedaço do papel de parede que 
adorna as bordas de Woodman sobre a moldura da janela para a luz. 
Figura 14 – Francesca Woodman, House #3, 
Providence, Rhode Island, 1976
Fonte: Francesca Woodman, 1976
Figura 15 – Francesca Woodman , House #4, 
Providence, Rhode Island, 1976
Fonte: Francesca Woodman, 1976
16
17
Na fotografia House #4 (1976), aparentemente realizada no mesmo cômo-
do, a figura de Woodman se move desajeitadamente pelo chão entre a lareira 
e a parede atrás, uma perna de cada lado do pilar sustenta a lareira e a parte 
superior do corpo desfocada em movimentos, deixando-a sem rosto. Embora 
esteja claro que Woodman construiu essa passagem entre as estruturas fixas da 
sala, afastando a moldura da lareira da parede, a estranha fisicalidade de sua 
posição e a natureza quase desesperada de seu movimento deixam um impacto. 
Dessa vez, a impressão de seu vestido coincide com o papel de parede floral 
descascando ao lado da janela acima dela, e a natureza fugaz fantasma de sua 
forma superior se dissolve na escuridão da lareira, sugerindo a fusão da mulher 
com o interior doméstico.
Filha de pais artistas, Francesca Woodman começou a produzir fotografias quan-
do tinha 13 anos e trabalhou muito até sua morte. Grande parte de sua produção 
foi feita durante os estudos na Escola de Design de Rhode Island e em Roma, ou 
seja, eram exercícios escolares. Quando foi à Nova Iorque, teve uma produção 
breve, mas poderosa. Abordou a transformação da identidade feminina e explorou 
o corpo feminino com subjetividade e artisticidade singulares.
Em uma outra vertente que aborda o feminino na fotografi a, temos a fotógrafa Brigitt Angst, que 
começou um projeto focado no tema de mulheres que tinham a síndrome de Turner, a partir de 
uma experiência pessoal. Sua abordagem inicial se deu por uma perspectiva autobiográfi ca, pois 
ela era portadora da síndrome, fazendo isso através de autorretratos. Em 2010, um primeiro pro-
jeto, chamado Life Mask Series [Série de Máscaras Vivas], resultou da pesquisa e infl uência estética 
de Claude Cahun e passou a contar com outras mulheres com síndrome de Turner. Ao retratar vá-
rias mulheres na mesma posição e iluminação, colocando as fotografi as lado a lado, fez com que 
esse padrão visual apresentasse as mulheres como um tipo, mas possibilitando uma análise mais 
profunda, onde o observador identifi ca a singularidade de cada uma.
Figura 16 – Brigitt Angst, Life Mask Series (Série de Máscaras Vivas)
Fonte: Brigitt Angst, 2010
Esse projeto de Brigitt Angst é um exemplo de como um tema, quando bem explorado e 
pesquisado, permite múltiplas abordagens pelo autor. Após a realização de Life Mask Series, 
Brigitt fez novas colaborações e o tema passou por novas dinâmicas, dialogando com a 
moda, uma questão muito abordada pelas mulheres que a fotógrafa conhecia e retratava. 
Foi criado então o projeto chamado Who’s That Girl? [Quem é essa garota?] (2011). Com in-
fl uência do radical fotógrafo de moda francês Guy Bourdin, ela usou o tema para falar sobre 
os diferentes impactos que essa síndrome exerce na vida das portadoras. Sendo a moda 
uma prática cultural com forte signifi cado para as mulheres, Brigitt emprega a fotografi a 
de moda como um veículo para explorar questões de identidade de gênero, feminilidade, 
feminilidade e diferença. 
Ex
pl
or
17
UNIDADE Os Temas: Ensaios e Estudos de Caso
Como encontramos no site da artista, as principais características da síndrome de Turner 
são baixa estatura e infertilidade. Essa condição genética pouco conhecida e raramente fa-
lada afeta 1 em 2.500 mulheres de maneiras diversas e complexas. Esse trabalho questiona 
questões como aparência física, diferença, fertilidade, maternidade, sexualidade ou auto-
estima, que são fundamentais para o contexto dessa síndrome, mas também experiências 
femininas comuns. Modelos e fotógrafas têm colaborado estreitamente, aproveitando a 
experiência compartilhada de viver com essa condição de saúde.
Figura 17 – Brigitt Angst, Who’s That Girl? [Quem é essa garota?]
Fonte: Brigitt Angst, 2011
Autorretrato – Corpo e Performance
Seguindo por uma relação da fotografia e do retrato e, mais especificamente, 
o autorretrato, o brasileiro Rodrigo Braga, tal como Francesca Woodman, realiza 
fotografias inquietantes e perturbadoras como registro de performances. Rodrigo 
Braga Nasceu em Manaus no ano de 1976, é graduado em Artes Plásticas pela 
UFPE, vive no Rio de Janeiro e se inseriu na cena artística desde 1999, inclusive 
com participação na 30ª Bienal Internacional de São Paulo e com exposições indi-
viduais no Palais de Tokyo e Paris. 
Seu trabalho é feito em fotografias e vídeos. Suas imagens podem ser definidas 
como fotoperformances. Seus trabalhos abordam o embate com a natureza e 
assumem uma dimensão que pode ser considerada como uma investigação psico-
lógica e ritualística. Rodrigo Braga busca a reconciliação entre homem e natureza 
através do questionamento das hierarquias e conteúdos simbólicos associados aos 
elementos com que trabalha (animais, pedras, águas e plantas) e atinge níveis irra-
cionais e brutais nessa relação.
Segundo a Enciclopédia Itaú Cultural de Artes e Culturas Brasileiras (2018, 
n.p.), “as ideias de justaposição, simbiose e transmutação se fazem presentes pelo 
modo como Braga trata esses elementos naturais como matérias intercambiáveis, 
sem hierarquias ou distinções, criando cenas que se aproximam do fantástico”.
18
19
Figura 18 – Rodrigo Braga, Comunhão 1, 2 e 3
Fonte: Rodrigo Braga, 2006
No entanto, grande parte de seus trabalhos se vale da manipulação digital das 
fotografias. Em uma análise de seu trabalho, Katia Canton (2009, p. 38) afirma 
que suas fotografias “geram resultados radicais, causando desconforto e repulsa”. 
Como em uma narrativa visual, a obra Risco de desassossego (2004) consiste 
em uma sequência fotográfica da ação de colocar palitos de fósforo sob a pele em 
partes do corpo como atrás da orelha, testa e pescoço e, posteriormente, são ace-
sos queimando a região da pele. 
Figura 19 – Rodrigo Braga, Risco de desassossego
Fonte: Rodrigo Braga, 2006
Outro trabalho importante e muito conhecido é o Fantasia de Compensação 
(2004), onde, também em uma sequência fotográfica, ele incorpora cirurgicamente 
partes do corpo de um cachorro da raça Rottweiler em sua própria face, colocando 
humano e animal em equivalência simbólica e material. Realizadas com procedi-
mentos plásticos (moldagem da cabeça do artista) aliados a efeitos digitais, as foto-
grafias exibem uma operação ao mesmo tempo delicada e brutal. No texto crítico 
da Enciclopédia Itaú Cultural, temos a informação de que 
[...] inspirado em uma experiência de sofrimento psíquico, vivida na ado-
lescência, o artista propõe a incorporação de atributos simbólicos, tais 
como força e vigor, associados ao cão, através da efetiva integração de 
seu corpo ao do animal. (ENCICLOPÉDIA..., 2018) 
19
UNIDADE Os Temas: Ensaios e Estudos de Caso
A seguir, apresentamos somente a imagem final, pois a sequência das imagens 
do processo cirúrgico, mesmo que sendo uma ilusão digital (falso), possui imagens 
reais e consideradas fortes para pessoas com sensibilidade. Por isso, indicamos que 
visite o site do artista para conhecer todas as fotografias e também outros trabalhos.
Figura 20 – Rodrigo Braga, Fantasia de compensação
Fonte: Rodrigo Braga, 2004
Segundo Katia Canton (2009, p. 38), “o mais desconcertante em seu trabalho é 
justamente a junção da repulsa com a consciência de que se trata de uma obra cujas 
imagens são manipuladas digitalmente”. Ambas séries, Fantasia de compensação 
e Risco de desassossego, para a autora, “são quase insuportáveis de se ver, ainda 
que o observador tenhaconsciência do tratamento de imagem realizado”.
Natureza – Denúncia e Contemplação
Em uma outra relação com o tema da natureza, temos o brasileiro Araquém 
Alcântara, nascido em Florianópolis em 1951. Formado em Jornalismo, traba-
lhou como repórter para os jornais O Estado de São Paulo e Jornal da Tarde, 
iniciando seu trabalho com fotografia nos anos 1970, com matérias de cunho am-
bientalista ao documentar o Parque da Juréia, em Iguape – SP, e em expedições 
fotográficas à Mata Atlântica. A partir dos anos 1988, dedicou-se à documentação 
da fauna e flora de 36 parques ecológicos brasileiros, cuja publicação é o livro Ter-
ra Brasil (1998), além dos 17 livros de fotografia voltados para os ecossistemas 
nacionais.
20
21
Figura 21 – Araquém Alcântara, Vale da Paz, 
Parque Nacional de Itatiaia RJ
Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras
Figura 22 – Araquém Alcântara, Amanhecer, 
Parque Nacional Grande Sertão Veredas MG
Fonte: Enciclopédia Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras
De acordo com a Enciclopédia Itaú Cultural, o trabalho de Araquém
[...] se aproxima da estética de revistas internacionais como a National 
Geographic Universal, nas quais a presença do fotógrafo é discreta, pois 
as imagens são construídas seguindo o ideal da imparcialidade. A luz é 
quase sempre natural. O flash é utilizado apenas em situações extremas, 
de maneira suave, procurando não criar sombras que denunciem sua arti-
ficialidade. Os enquadramentos são feitos à altura dos olhos, procurando 
reproduzir uma visão direta, sem distorções, como se a fotografia estives-
se a serviço da natureza e fosse apenas um meio de divulgá-la. As compo-
sições são equilibradas e apresentam as formas dos animais e das plantas 
com clareza. O fotógrafo isola o que deseja mostrar e não sobrepõe ele-
mentos. Como consequência, muitas vezes, ele individualiza a natureza 
e, quando o observador depara com um animal que olha para a câmera, 
cria-se uma espécie de empatia. (ENCICLOPÉDIA..., 2018)
Araquém é considerado um dos fotógrafos de natureza mais importantes do Brasil e 
famoso pelo trabalho em defesa da causa ecológica através das suas fotografias, como 
denúncia e exaltação das belezas naturais, levantando a bandeira da preservação.
Outra referência de produção com o tema da natureza, entre a denúncia e a contem-
plação, é do polonês, naturalizado brasileiro, Frans Krajcberg, que fotografa paisagens 
devastadas pelo fogo das queimadas, associadas a um discurso ambientalista muito forte 
e carregado de suas memórias pessoais traumáticas da Segunda Guerra Mundial. 
Social e Cultura
Outro fotógrafo importante no cenário contemporâneo artístico é o espanhol 
Miguel Rio Branco (1946), também pintor e diretor de fotografia na produção ci-
nematográfica, trabalhando com Gilberto Loureiro e Júlio Bressane. Seu trabalho 
é marcado pelo uso de cores saturadas e contratantes, pela diluição de contornos, 
pelo jogo de texturas e espelhamentos e pela hibridização de fotografia, pintura e 
21
UNIDADE Os Temas: Ensaios e Estudos de Caso
cinema. Sua produção se concentra na exploração de vários temas, que vão desde 
o social, à sensualidade, prostituição, cultura indígena, morte, entre outros.
Figura 25 – Miguel Rio Branco, Pelourinho, 1979
Fonte: Instituto Inhotim
No Pelourinho, o olhar descritivo do fotógrafo documental dá lugar a uma posi-
ção de envolvimento com a cena registrada. O resultado central é o encontro entre 
beleza e erotismo na ruína. Cor e luz são usados como elementos expressivos e 
excessivos – paredes do prostíbulo cobertas com recortes de revista, a luz invadindo 
portas e janelas –, os elementos táteis e motores das cenas parecem saltar da ima-
gem plana – as superfícies e linhas imperfeitas da casa, a pele humana marcada, 
uma cicatriz que parece ter sido feita na própria fotografia. O corpo dos habitantes 
do Pelourinho é mostrado com crueza e intimidade (INHOTIM, 2018).
Conheça mais o trabalho de Miguel Rio Branco através do site do artista: https://goo.gl/M6YoqF
Ex
pl
or
Um importante trabalho é a série Pelourinho (1979), onde ele fotografa a parte 
mais antiga do bairro da cidade de Salvador/BA, conhecida como Maciel, um lugar 
degradado e com forte presença da prostituição. As imagens dessa série mostram o 
cotidiano das pessoas, como flagrantes de pessoas com rostos na penumbra, corpos 
de mulheres cheios de cicatrizes das violências sofridas pelos homens, além das ca-
sas em ruínas. Essa série faz parte do acervo do museu Inhotim, localizado na cidade 
de Brumadinho/MG, onde há um pavilhão destinado a várias obras do artista.
Conforme vimos na Unidade 1, Sebastião Salgado é uma referência quando 
falamos na produção fotográfica com o tema social. No Brasil, ainda temos Walter 
Firmo (1937), cuja temática está na figura humana. Seu trabalho é voltado para 
os costumes das festas populares brasileiras como a Festa do Maracatu-Rural 
(1997), com grande destaque para o carnaval do Rio de janeiro: a vida das comu-
nidades envolvidas, as viagens de trem dos integrantes das escolas de samba, a 
concentração e o preparo antes do desfile. Seu trabalho mostra o contraste do luxo 
e da alegria da festa com a vida simples e dura dos integrantes menos favorecidos. 
22
23
Esteticamente, sua produção trava um diálogo com a pintura, através da explora-
ção sensível da luz e da cor.
Figura 26 – Walter Firmo, Rio de Janeiro, 1980. Cibachrome
Fonte: Walter Firmo, 1980
A questão do tema em produção fotográfi ca é um objeto de estudo muito amplo, em que 
encontramos muitos representantes de grande importância nacional e internacional. A se-
guir, listamos uma série de fotógrafos com os temas que mais se destacam na produção 
pessoal de cada um, para que você procure conhecê-los, mesmo que aos poucos, duran te o 
curso, ampliando seu repertório e seu conhecimento sobre as múltiplas leituras e aborda-
gens do mesmo tema:
• Helmut Newton – moda, erotismo, nu feminismo, fetichismo;
• Robert Frank – moda, cultura americana;
• Thomaz Farkas – cotidiano, centros urbanos;
• Bob Wolfenson – retrato, nu, moda;
• Gal Oppido – fotografi a de cena, arquitetura;
• Nair Benedicto – grupos marginalizados, comunidades indígenas, religião;
• Eugene Smith – social, humanismo.
Ex
pl
or
Nesta Unidade, conhecemos os fundamentos e a importância do tema no pro-
cesso criativo e a sua presença na produção de fotógrafos importantes em contexto 
nacional e internacional. Vimos que cada um tem uma abordagem de caráter mais 
documental, conceitual ou expressivo, ampliando as leituras sobre o mesmo tema 
nas suas possibilidades infinitas. Após conhecer esses trabalhos, pode-se dizer que 
um bom ensaio fotográfico transcende o público para além da admiração e con-
templação estética das imagens, mas que essas tenham a potencialidade de levá-lo 
a novas reflexões e a proporcionar novas experiências subjetivas e sensoriais atra-
vés da densa carga de informações que está por trás de cada imagem. 
23
UNIDADE Os Temas: Ensaios e Estudos de Caso
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
JR-Art
https://goo.gl/GpQkcR
Blog Inhotim
https://goo.gl/6aVQEJ
 Vídeos
Desejo Prêmio TED do JR: Usar arte para virar o mundo do avesso
https://goo.gl/9RdPVL
 Leitura
Francesca Woodman, el espectro de la fotografía
https://goo.gl/zHrstb
Encontros e mestiçagens nas fotografias de Rodrigo Braga
https://goo.gl/iffmC8
24
25
Referências
ARAQUÉM Alcântara. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura 
Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.
itaucultural.org.br/pessoa1906/araquem-alcantara>. Acesso em: 12 ago. 2018. 
BOUCHER, Georgie. Transitory Ghosts and Angels in the Photography of 
Francesca Woodman. The ASX Team, May, 2009. Disponível em: <https://
www.americansuburbx.com/2009/05/theory-transitory-ghosts-angels-in.html>. 
Acesso em: 12 ago. 2018.
DIYANNI, Robert. One hundred great essays. New York: Penguin Academics,2002. 
ELIAS, Érico. As virtudes de um ensaio premiado. Fotografe Melhor, São Paulo, 
ano 11, n. 131, p. 42-50, ago. 2007. 
EN CICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte E Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cul-
tural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra16095/
sem-titulo>. Acesso em: 21 ago. 2018.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Aurélio. 3. ed. Rio de 
Janeiro: Nova Fronteira, 1999. 
FIUZA, B. C.; PARENTE, C. O conceito de ensaio fotográfico. In: Discursos fo-
tográficos, Londrina, v. 4, n. 4, p. 161-176, 2008. Disponível em: <http://www.
uel.br/revistas/uel/index.php/discursosfotograficos/article/view/1511/1257>. 
Acesso em: 20 jul. 2018.
GOVIGNON, Brigitte; BAJAC, Quentin; CAUJOLLE, Christian. The Abraham’s 
encyclopedia of photography. New York: Harry N. Adams, 2004. 
HOFFER, Mary Jane. Technical and aesthetic developments of the photo-
-essay. New York: Columbia University, 1983. 
KOSSOY, Boris. Os tempos da fotografia: o efêmero e o perpétuo. Cotia: Ateliê 
Editorial, 2007. 
MACHADO, Arlindo. O filme ensaio. São Paulo, 2002. Disponível em: <http://
www.intermidias.com/txt/ed56/Cinema_O%20filmeensaio_Arlindo%20Macha-
do2.pdf>. Acesso em: 24 out. 2007. 
MACLENNAN, G. C. Francesca Woodman: o risco de ser artista. El País: caderno 
Cultura, 2016. Disponível em: <https://brasil.elpais.com/brasil/2016/01/22/
cultura/1453475483_302876.html>. Acesso em: 7 ago. 2018.
MAGALHÃES, Ângela; PEREGRINO, Nadja Fonseca. Fotografia no Brasil: um 
olhar das origens ao contemporâneo. Rio de Janeiro: Funarte, 2004. 
RODRIGO Braga. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasilei-
ras. São Paulo: Itaú Cultural, 2018. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucul-
tural.org.br/pessoa272134/rodrigo-braga>. Acesso em: 12 ago. 2018.
SOUSA, Jorge Pedro. Uma história crítica do fotojornalismo ocidental. 2. ed. 
Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2004. 
25

Continue navegando