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Gêneros Fotográficos

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Linguagem Fotográfica
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Rita Garcia Jimenez
Revisão Textual:
Prof. Me. Claudio Brites
Gêneros Fotográficos
• Introdução;
• Gêneros Fotográficos.
 · Conhecer os gêneros fotográficos como linguagem e seus elemen-
tos constituintes;
 · Valorizar os gêneros fotográficos por sua complexidade estrutural 
e simbólica;
 · Desenvolver e realizar pesquisas sobre gêneros fotográficos e 
artistas representantes;
 · Apreciar, analisar, conhecer e criticar manifestações históricas e esté-
ticas da fotografia por meio dos gêneros fotográficos.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
Gêneros Fotográfi cos
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE Gêneros Fotográficos
Introdução
Figura 1 – O rebelde desconhecido (1989)
Fonte: Wikimedia Commons
Em 5 de junho de 1989, o fotógrafo norte-americano Jeff Widener registrou, da 
varanda de seu quarto em um hotel na Praça da Paz Celestial, em Pequim (China), 
um homem carregando sacolas de compras postado à frente de quatro gigantescos 
tanques de guerra, tentando impedir que eles avançassem. Até hoje não se sabe a 
identidade ou o paradeiro do homem.
Fonte: https://goo.gl/GB5uei
Para apreender o mundo, o homem sempre sentiu a necessidade de classificar 
as coisas, encontrar características semelhantes, agrupá-las em conjuntos a partir de 
elementos e propriedades comuns. É a categorização. Por sua vez, cada um desses 
conjuntos pode oferecer novas variantes. Assim, características como tamanho, 
volume, matéria, cor, peso etc., foram sendo utilizados como parâmetros para a 
definição de temas e gêneros. Esse processo gerou categorias fundamentais em um 
mundo complexo e variado como o das belas-artes, por exemplo. “É a natureza do 
representado, em vez da representação em si, que levou a uma divisão em classes 
que chamamos gêneros”, afirma o professor titular de fotografia na Faculdade de 
Belas-Artes da Universidade Complutense de Madri, Espanha, Joaquín Perea (2000). 
Em relação à fotografia, o termo gênero refere-se aos diferentes temas tratados, 
ou seja, imagens do mesmo assunto que compartilham as mesmas referências. Para 
Perea (2000), os principais usos do conceito de gênero são a reunião de fotografias 
pelo mesmo assunto, facilitando a localização de imagens em arquivos fotográficos, 
assim como para a categorização nos concursos de fotografia, por exemplo. 
8
9
Uma das mais importantes publicações mundiais sobre fotografia, a revista norte-
americana Popular Photography, trabalhava com as seguintes categorias: ação/
esportes, viagem, artes, retrato, natureza, digital manipulada, glamour, fotojornalismo, 
animais e humor. Essa categorização é compreensível: em um de seus últimos 
concursos, a revista precisou gerenciar sessenta mil fotografias. Criada em 1937, a 
Popular Photography encerrou as suas atividades em 2017, depois de oitenta anos 
de atividade. “Toda essa diversificação leva-nos a concluir que cada um estabelece suas 
próprias categorias e que elas são criadas de acordo com nossa conveniência”, pontua 
Perea (2000).
Entretanto, podemos afirmar que existem gêneros fotográficos universais básicos 
derivados da pintura acadêmica – retrato, paisagem, natureza-morta e histórico –, 
uma vez que a grande maioria da primeira leva de grandes fotógrafos é oriunda 
das artes visuais como, por exemplo, o norte-americano Man Ray (1890-1976):
Comecei minha carreira como pintor. Ao fotografar minhas telas, perce-
bi o interesse de sua reprodução em preto e branco. Um dia, cheguei a 
destruir um original para ficar somente com a reprodução. Desde então, 
passei a acreditar que a pintura tornou-se uma forma de expressão ultra-
passada e que a fotografia iria destroná-la quando o público fosse educado 
visualmente [...]. Só tenha certeza de uma coisa – preciso experimentar, 
com uma forma ou com outra. A fotografia me fornece meios para isso, 
meios mais simples e ágeis que a pintura (FLORESTA, 2011, p. 5).
Para Man Ray, a fotografia era uma forma de revitalizar as artes visuais, capaz de 
quebrar barreiras entre a arte clássica – acadêmica – e a popular, o estilo e a moda, a 
pintura e a ilustração. 
Figura 2 – Combinação de sombras (1919)
Fonte: museoreinasofia.es
9
UNIDADE Gêneros Fotográficos
Figura 3 – As lágrimas (1932)
Fonte: museoreinasofia.es
Perea (2000), citando o Dicionário de termos artísticos e arqueológicos, de 
Estela Ocampo, apresenta as definições de gênero – natureza-morta, retrato, pai-
sagem e histórico – para a pintura:
• Retrato: representação artística do rosto ou de toda a figura de uma pessoa;
• Paisagem: pintura de gênero que representa um lugar natural ou urbano. 
Paisagem heroica (séc. XVIII), destinada a evocar nobres sentimentos;
• Natureza-morta: pintura de gênero em que são representados apenas objetos 
inanimados. Foi praticada extensivamente na Antiguidade Clássica, especial-
mente nos mosaicos, e depois extinguiu-se para reaparecer no século XVI;
• Histórico: gênero pictórico que ilustra cenas históricas ou lendárias em tom 
heroico. Nos séculos XVII e XVIII foi considerado pela Academia como a for-
ma de arte mais respeitável, comparável à pintura religiosa.
Assim, torna-se lógico que os gêneros fotográficos tenham sido originados da 
pintura – que, em um processo lento e gradual a partir do início do século XX, iniciou 
nova trajetória, livre de algumas amarras. A fotografia passou, então, a assumir 
funções anteriormente atribuídas à pintura – retratos, paisagens etc. –, entretanto, 
como veremos, logo a fotografia encontraria o seu próprio caminho.
Exemplo do gênero 
paisagem na pintura:
Exemplo do gênero 
paisagem na fotografia:
Figura 4 – Nuvens passageiras (1820)
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 5 – North Palisade from Windy Point (1936)
Fonte: Wikimedia Commons
10
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Exemplo do gênero retrato na pintura: 
Figura 6 – Nicolas Antoine Taunay (1811)
Fonte: mnba.gov.br
Exemplo do gênero retrato na fotografia: 
Andy Warhol (1981): https://goo.gl/MYARqnEx
pl
or
Os gêneros que a pintura tradicionalmente utilizou – retrato, paisagem e natureza-
morta – estão também presentes no campo da fotografia. Já as pinturas históricas 
e religiosas não encontraram, inicialmente,um gênero equivalente na fotografia, 
uma vez que esse tipo de pintura necessita de uma referência – uma lembrança, um 
relato – para a criação da imagem. O gênero histórico da pintura que se aproxima 
da fotografia é o documental, com conexões de fotojornalismo e reportagem. 
Assim, temos quatro grandes gêneros na fotografia: retrato, paisagem, natureza-
morta e documental.
No início da fotografia, a baixa sensibilidade à luz dos primeiros materiais exigia 
exposições extremamente longas, impossibilitando o registro de temas nos quais o 
movimento e a mudança de posição, por exemplo, estavam presentes. O aumento 
da sensibilidade dos filmes e a diminuição do tamanho das câmeras permitiram, 
com o tempo, a abordagem de questões até então impossíveis. O que, hoje, é algo 
extremamente simples, como tirar uma fotografia digital, registrando uma cena do 
cotidiano, seja de um atentado terrorista ou de um surfista em uma onda gigante, 
há cem anos era impraticável. 
11
UNIDADE Gêneros Fotográficos
Importante!
Que são raros os registros fotográficos de cenas de guerra do século XIX, especialmente 
devido aos longos tempos de exposição dos equipamentos e também pela dificuldade 
de transportar e operar os aparatos na linha de frente dos conflitos? Uma das imagens 
mais marcantes, que retratou recém-mortos no campo de batalha, é denominada Uma 
colheita da morte (figuras 7a e 7b), de 1863, do norte-americano Timothy H. O’Sullivan 
(1840-1882), tirada durante a Guerra Civil Americana (1861-1865). Alexander Gardner, 
administrador do estúdio onde O’Sullivan trabalhava, assim registrou: “Tal fotografia 
transmite uma moral útil: ela demonstra o horror e a realidade nua e crua da guerra, 
em vez de embelezá-la” (HACKING, 2012, p. 131). Na Figura 7 b) destacamos um detalhe 
do trabalho de O’Sullivan: havia escassez de calçados, que eram retirados dos soldados 
mortos para serem usados pelos que seguiam na guerra. A fotografia começava a 
registrar detalhes reveladores e fidedignos de acontecimentos históricos.
Você Sabia?
Figura 7a 
Uma colheita da morte (1863)
Fonte: Wikimedia Commons
Figura 7b 
Uma colheita da morte [detalhe] (1863)
Fonte: Wikimedia Commons
Gêneros Fotográficos
Nos quatro gêneros fotográficos – retrato, paisagem, natureza-morta e docu-
mental –, os fatores espacial e temporal estão presentes, mas são representados 
de formas diferentes.
Por meio de ações de representação do espaço, diferentes elementos de uma 
cena são articulados na imagem fotográfica. O espaço da cena escolhida ou pre-
parada é definido por meio do enquadramento, constituindo o fundo em que se 
destaca a figura a que dirigimos a atenção. No retrato, por exemplo, o fundamental 
é a imagem do retratado – ou, dos retratados –, normalmente em primeiro plano. 
O fundo – que sempre existe, mesmo que seja infinito – fica, literalmente, em se-
gundo plano; ainda assim, é importante termos atenção ao fundo a partir do uso 
adequado da iluminação ou da desfocagem. 
12
13
Na paisagem, é o primeiro plano que não importa – ou não existe –, sendo o 
fundo a figura principal da imagem. Entretanto, não é raro encontrarmos elementos 
em primeiro plano que não constituem a imagem, tal como um galho de árvore que 
serviria para delimitar ou decorar.
No documental, devemos mostrar o que acontece, algo que ocorre em determi-
nado espaço. Ambos os elementos – primeiro e segundo planos – são importantes. 
A figura se destaca do fundo, mas ambos são reconhecidos; já na natureza-morta, 
os elementos que constituem a figura tendem a se integrar ao fundo, desaparecen-
do a “luta” visual entre os quais.
Em relação ao fator temporal, é importante um cuidadoso controle do enqua-
dramento, das condições da cena e do tempo de exposição – obturador. Vejamos 
como Perea (2000) vê o tempo nos quatro gêneros:
Assim, o retrato parece condensar toda uma vida em um segundo: a marca 
do tempo. A paisagem parece tentar transformar um segundo em um infinito: 
tempo acumulado. A história finge que um instante parece um instante: o 
tempo parou, “o momento decisivo”. A natureza-morta, finalmente, parece 
tentar que a aparência estática da cena (sua aparente permanência no tempo) 
seja transmitida como ausência de tempo. 
Importante destacar que aqui tratamos de forma geral, de modo que não há 
impedimentos para experimentarmos alternativas e/ou novidades às regras. 
Aliás, isso é fundamental para as descobertas. Um exemplo é a fotografia intitu-
lada After van Dongen, de 1959, do britânico Norman Parkinson (1913-1990), 
na qual subverte a lógica do gênero retrato, desfocando a pessoa e focando a 
cortina, que está ao fundo. Trata-se de hábil utilização da profundidade de cam-
po. Resultado: a modelo se destaca das várias texturas da cortina. O objetivo de 
Parkinson era realmente realçar o chapéu feito pelo célebre chapeleiro alemão 
Otto Lucas.
After van Dongen (1959): https://goo.gl/h7UJLu
Ex
pl
or
Assim, chegamos à conclusão de que retrato e documental são os gêneros nos 
quais o homem é o ator principal; enquanto que natureza-morta e paisagem são 
gêneros caracterizados pela ausência do homem.
Ademais, é óbvio que existem paisagens onde a imagem do homem aparece, mas 
que não representa o elemento fundamental. Assim, podemos encontrar exceções 
em todos os gêneros, afinal, a criatividade está à solta! 
13
UNIDADE Gêneros Fotográficos
Retrato
Se você não é bom ator, você nunca será um bom fotógrafo de retratos. 
Você tem de criar uma atmosfera sobre você mesmo que é apropriada 
para o tema e o ambiente, você precisa ser quase um camaleão e um 
manipulador muito bom (LOWE, 2017, p. 126).
A figura humana exerce, há muito tempo, um grande fascínio sobre artistas e 
fotógrafos. O rosto humano, por sua vez, é fascinante, uma forma perfeita – ou 
imperfeita, não importa – e possuidora de infinitas variações, as quais podem 
ser captadas de diversas maneiras. Celebridades ou desconhecidos, pobres ou 
ricos, desempregados ou trabalhadores, todos – individualmente ou em grupo – 
são temas para retratos. Enfim, o humano é o ator principal.
As técnicas são as mais diversas: luz natural ou artificial, em estúdio ou em 
áreas externas, uso de acessórios e/ou cenários para a produção, entre outras 
possibilidades. Retratos podem ser feitos em estilos formal e espontâneo: no formal, 
modelo e fotógrafo têm consenso do evento e normalmente trabalham juntos na 
criação da imagem, ou seja, fazem-no de forma colaborativa, pois a intenção é 
que a imagem expresse a identidade do fotografado – afinal, quem não tem o seu 
“melhor” ângulo? O espontâneo é quando o fotógrafo deixa o seu fotografado à 
vontade, logo, sem posições pré-definidas, fazendo com que a personalidade do 
modelo venha à tona de forma natural.
Fotos espontâneas e formais podem ser realizadas em estúdio ou fora deste. A 
questão é que no estúdio o profissional tem domínio das condições de iluminação, 
por exemplo. “Uma habilidade essencial é sentir como uma mudança sutil no 
ângulo ou na pose pode ser crucial para a fotografia final”, salienta Lowe (2017). 
Retrato no Estúdio: Controle Total da Luz
Iago, estudo de um italiano, de 1867 (Figura 8), da britânica Julia Margaret 
Cameron (1815-1879), é um bom exemplo das primeiras fotografias do gênero 
retrato produzidas em estúdio. A fotógrafa usava uma teleobjetiva, o que achata 
a perspectiva, resultando em um efeito mais agradável à pessoa fotografada. 
Teleobjetivas têm menos profundidade de campo. Assim, trabalhava com a objetiva 
totalmente aberta para obter uma profundidade de campo rasa, destacando partes 
da pessoa fotografada. Em 1866, Julia adquiriu uma teleobjetiva de abertura fixa de 
f3.6, perfeita para as curtas distâncias em que trabalhava. A câmera exigia longos 
tempos de exposição – de três a sete minutos –, o que obrigava os fotografados a 
permanecerem o mais estáticos possível.
Julia também utilizava luz natural em seus trabalhos. Em Iago, estudo de um 
italiano, utilizou uma iluminação que veio um poucoacima do homem em um uso 
cuidadoso da luz e sombra, revelando as fortes características do rosto. Controlou 
cuidadosamente o ângulo da luz e a posição da pessoa como formas de chamar a 
14
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atenção aos olhos semifechados do fotografado. “Quando esses homens estavam 
em frente de minha câmera, toda a minha alma se esforçava para fazer seu dever 
de modo que a grandeza do homem interior, bem como [...] a do exterior, fosse 
registrada fielmente”, afirmava (apud LOWE, 2017).
Figura 8 – Iago, estudo de um italiano (1867)
Fonte: culture24.org.uk
Entre os fotógrafos contemporâneos, o também britânico Brian Griffin (1948-) se 
destaca por ter redefinido o estilo do negócio e dos retratos comerciais ao trabalhar 
para a revista Management Today, na década de 1980. Fez a capa de mais de du-
zentos discos, dirigiu dezenas de vídeos musicais e comerciais de televisão e publicou 
dezoito livros. Griffin é mestre, tanto da luz quanto da composição, usando um con-
trole preciso da exposição e do enquadramento para produzir imagens muitas vezes 
surreais e complexas. Diz que recorreu à arte da propaganda não necessariamente em 
termos de conteúdo, mas do poder na construção das imagens para tornar as suas 
fotos “poderosas e impressionantes” (apud LOWE, 2017, p. 126) – as figuras 9 e 10 
demonstram bem isso.
Griffin fotografou a cantora Siouxsie Sioux, da banda britânica Siouxsie & the 
Banshees, para a capa do single Dazzle, que o grupo lançou em 1984. O trabalho 
foi realizado com equipamento analógico. Embora seja especialista em criar efeitos 
sem a utilização de softwares de edição de imagens, Griffin, atualmente, usa uma 
mídia digital para atingir os seus objetivos estéticos, principalmente em relação ao 
cenário, para depois utilizar película nas exposições finais.
15
UNIDADE Gêneros Fotográficos
Figura 9 – Siouxsie Sioux (1984)
Fonte: artimage.org.uk
Figura 10 - Capa do single Dazzle, do grupo britânico 
Siouxsie & the Banshees (1984)
Fonte: Siouxsie & The Banshees - “Dazzle” (divulgação)
Case: Como Montar um Estúdio Caseiro
Um estúdio em casa – se você tem um espaço vago, pode ser um quarto, uma 
garagem ou até um canto na sala, ótimo, já é o primeiro passo para a criação de 
um estúdio caseiro. O ideal é que seja quadrado e tenha poucas janelas (lembre-se: 
o controle da luz deve estar nas suas mãos). O tamanho do espaço varia de acordo 
com o que você quer fotografar. Mas, atenção, isso não quer dizer que você não 
deva dar total atenção para a montagem desse espaço, pois isso determinará a 
qualidade de seu trabalho.
Para iniciar, você precisará de boas referências, de um equipamento compatível 
aos seus objetivos (flash, câmera, lentes etc.), de técnica e, principalmente, do 
olhar. Vejamos algumas dicas básicas para você montar um estúdio caseiro simples:
Luz:
Sem luz não há imagem. As luzes variam conforme o 
gosto particular do fotógrafo, mas há opções que são 
muito utilizadas por serem versáteis e muito usadas 
no mercado de fotografia. Uma delas é o flash, usado 
como acessório externo à câmera. Ele é o primeiro 
“melhor amigo” do fotógrafo. Existem diversos tipos. 
Além do flash dedicado, há também as luzes de cabeça, 
ou refletores, que são aqueles spots que geralmente 
ficam em tripés. Existem também vários tipos, cada 
um oferece um clima, um efeito ou uma sensação para 
a sua foto. Para rebater luzes, por exemplo, é possível 
usar uma placa de isopor, que reflete a luz de forma 
suave e possibilita direcioná-la para onde se desejar.
Figura 11 – Equipamento de luz para 
um estúdio fotográfico
Fonte: iStock/Getty Images
16
17
Fundo/Cenário:
Uma dica interessante para iniciar um estúdio caseiro 
é buscar alguns fundos para cenas, os quais funcionam 
como cenários. Os fundos mais empregados são os 
pretos e brancos de cor sólida. São muito bons para 
composições e ajudam na edição das imagens. Além 
desses, há também os com desenhos, paisagens 
etc., tudo para criar cenários para as suas fotos. O 
material também varia muito: há fundos de papel, 
tecido, EVA etc., todos fáceis de comprar, dado que 
são encontrados em qualquer loja de fotografia. Claro 
que é possível improvisar, desde que o resultado 
alcance a qualidade que você deseja para as suas fotos.
Fonte: Adaptado de: https://goo.gl/YQ55Dm
Figura 12 – Há fundos de papel, tecido, Espuma Vinílica 
Acetinada (EVA) etc.,todos fáceis de comprar
Fonte: iStock/Getty Images
Retratos com Luz Natural: Infinitas Possibilidades
Os retratos requerem, de maneira geral, uma iluminação cuidadosa; por isso, 
é importante sabermos trabalhar com a luz do dia. Atraente pelas inúmeras 
possibilidades, a luz natural precisa ser muito bem administrada pelo fotógrafo, sob 
pena de prejudicar o trabalho.
Ademais, a iluminação natural tem as suas particularidades, com os efeitos de luz 
e de sombra mudando a cada instante, da hora do dia, da estação do ano, se está 
nublado ou não, transformando-se também de acordo com o ângulo de visão. Se o Sol 
não estiver coberto por nuvens, a luz produzida terá característica dura e concentrada, 
na qual o contraste entre claro e escuro será marcante. A utilização de um difusor 
contribui para a redução das sombras nos rostos das pessoas, por exemplo.
A luz que vai das 10 às 15h geralmente é dura e direta, o que resulta em sombras 
fortes e transições igualmente duras. Dependendo do ambiente, é possível evitar 
isso, buscando um local com sombra, por exemplo.
Em um dia nublado, a luz tem uma característica difusa e suave, com sombras 
pouco pronunciadas, onde a linha de passagem entre luz e sombra se dá gradu-
almente, às vezes de maneira tão suave que a sombra é quase imperceptível. Por 
isso, é muito importante observar bem o local e, se for o caso, o melhor horário 
para se obter o resultado esperado. 
Bruce Gilden (1946-) anda pacientemente pelas ruas de Manhattan, Nova 
Iorque, procurando personagens peculiares que representem a energia e vida dessa 
grande metrópole. “Amo as pessoas que eu fotografo. Quero dizer, elas são meus 
amigos. Eu nunca absolutamente conheci ou encontrei a maioria delas, mas, por 
meio de minhas imagens, vivo com elas”, afirma (apud LOWE, 2017, p. 131). 
17
UNIDADE Gêneros Fotográficos
Gilden trabalha de maneira instintiva, constantemente em movimento, comumente 
usando flash, mesmo durante o dia, para capturar os seus temas, equilibrando a 
luz artificial com a disponível na cena – o flash congela os movimentos, dando um 
efeito dramático à fotografia, conforme podemos constatar na imagem abaixo:
Cidade de Nova Iorque – mulher caminhando na Quinta Avenida (1992): 
https://goo.gl/nAxC2FEx
pl
or
Paisagem
Por que fotografamos um lugar, uma paisagem? Pela beleza, pelo registro de 
um fenômeno da natureza, pela estratificação do tempo? Em grande parte da 
fotografia de paisagem do século XX preponderou o conceito romântico do sublime, 
majestoso. Um dos exemplos mais representativos é o norte-americano Ansel 
Adams (1902-1984), cujos trabalhos espetaculares de montanhas e vales remotos, 
intocados, principalmente de Yosemite Valley, Califórnia, Estados Unidos, criaram 
uma representação da natureza que, em muitas ocasiões, era mais intensa do que 
a própria realidade. 
Adams viveu no vale por cerca de dez anos e conhecia detalhadamente a sua 
geografia. Sabia exatamente onde se posicionar para encontrar a composição perfeita. 
Utilizava como poucos as condições meteorológicas e a direção da luz: “Uma boa 
fotografia é saber onde permanecer”, afirmava (apud LOWE, 2017, p. 50). Na Figura 
13 observamos exatamente isso: esperou o momento logo após a tempestade 
para fotografar, garantindo contraste entre as nuvens com a parte mais clara no 
centro da imagem onde também é observada uma cachoeira canalizando o olhar 
do observador; temos preto, branco e um criativo intervalo de cinzas.
Figura 13 – Tempestade de inverno se dissipando (1935)
Fonte: Lowe, 2017, p. 51
18
19
Na passagem do século XX ao XXI, o britânico Darren Almond (1971-) apresen-tou a série de fotografias Lua cheia (Figura 14), com longas exposições de paisa-
gens enluaradas, mantendo a linha de trabalho de Ansel Adams. As fotografias de 
Almond retratam lugares distantes à noite, sem figuras humanas ou qualquer tipo 
de presença do homem, levando o espectador a outros mundos. 
Há algo na luz dessas fotos que não é a luz do dia. Não se sabe ao certo 
se essa paisagem existe mesmo [...] ela parece fictícia, ou excessivamente 
ideal. A profundidade de campo é esquisita e, junto com a qualidade da luz, 
mantém o observador preso (apud HACKING, 2012, p. 513). 
Figura 14 – Luacheia@Yesnaby (2007)
Fonte: Hacking, 2012, p. 512
A Paisagem Nua e Crua
Em 1975, a exposição Novas topografias: fotos de uma paisagem alterada 
pelo homem, realizada no Museu George Eastman – fundador da Eastman Kodak 
Company –, em Nova Iorque, começou a contestar o mito do panorama intocado. 
A nova abordagem – que se transformou em um movimento, o New Topographics 
–, distante de querer apresentar uma imagem ideal de espaços naturais, buscava 
demonstrar as alterações que o homem realizava nesses locais até então selvagens 
e também o que a própria natureza faz, tais como erosões, vendavais e enchentes, 
por exemplo. 
O resultado correspondeu a imagens simples, até certo ponto literais, que favo-
receram o surgimento de uma estética pós-moderna com cenas recheadas de ves-
tígios humanos. Os espaços fotografados passaram a ganhar significado por serem 
resultados de povoamentos, industrialização e de agricultura intensiva. O gênero 
paisagem iniciava, assim, uma nova trajetória, que vinculava esse tipo de fotogra-
fia a ideias de tempo, memória e história, tal como vemos em Usina elétrica de 
Agecroft, Salford (1983) (Figura 15), de John Davies (1949-), fotógrafo britânico 
influenciado pelo New Topographics:
19
UNIDADE Gêneros Fotográficos
Figura 15 – Usina elétrica de Agecroft, Salford (1983)
Fonte: Hacking, 2012, p. 516-517
Em Usina elétrica de Agecroft, Salford, Davies retrata uma paisagem industrial do 
Norte da Inglaterra. Fotografou em preto e branco, de modo que os tons escuros realçam 
o caráter desolado da paisagem. A partida de futebol que se desenvolve na imagem 
fica literalmente em segundo plano, frente às monumentais torres de refrigeração da 
central elétrica, símbolo da ascensão e queda da indústria carvoeira britânica da qual 
dependia essa usina de energia – as torres foram demolidas em 1994.
Confira algumas dicas para qualificar o seu trabalho com paisagens:
• No caso de um lugar conhecido e/ou turístico, você terá de iniciar o trabalho 
bem cedo para prevenir o afluxo de visitantes – se esse for o seu objetivo. 
Outra vantagem de chegar cedo é aproveitar as espetaculares condições de 
iluminação encontradas nesse breve período, normalmente logo após o nascer 
do Sol. O poente, por sua vez, fornece luz e cores sensacionais, tais como ne-
blinas róseas que se transformam em douradas à medida que o Sol desaparece;
Importante!
Uma regra de ouro, seguida por praticamente todos os profissionais de paisagens, sendo 
quase que uma lei, determina o seguinte: fotografar somente ao nascer do Sol, entre 
quinze e trinta minutos antes de o Sol nascer e cerca de trinta minutos a uma hora 
depois de nascer; e ao pôr do Sol, de quinze a trinta minutos antes do pôr do Sol e até 
trinta minutos depois.
Importante!
• Normalmente, um trabalho bem-sucedido de paisagem é resultado de uma 
abordagem planejada na qual o fotógrafo identificou diversos ângulos e 
variações sobre o mesmo tema ou aguardou uma mudança favorável de luz 
ou condições do tempo. A chegada de uma maré, por exemplo, comumente 
transforma uma paisagem, de modo que se conseguirmos captar a atmosfera 
do lugar, ótimo;
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• Se o Sol fizer parte de seu projeto fotográfico, redobre a atenção: incluir o Sol 
na foto visto através de uma cerração, por exemplo, pode produzir excelentes 
resultados. Para superar problemas de contrastes extremos, espere que as 
nuvens encubram o Sol ou que se coloquem de forma a evitar parte da luz por 
esse emitida.
Natureza-Morta
No início da fotografia, a grande maioria dos fotógrafos simplesmente imitava o 
gênero natureza-morta do seu correlato em pintura – principalmente em relação às 
origens holandesas –, dispondo frutas, animais abatidos e outros objetos. Os longos 
tempos de exposição necessários, à época, tornavam os modelos ideais para a fotografia 
de objetos inanimados. A partir da década de 1850, com a fotografia ganhando ares 
de belas-artes, a natureza-morta oferecia a chance de o fotógrafo aplicar o processo 
objetivo da fotografia ao simbolismo e à metáfora das artes plásticas.
Um exemplo é a fotografia intitulada As areias do tempo (c.1855), de 
Thomas Richard Williams (1824-1871) (Figura 16). Além do tema, trazia ainda 
uma novidade: era uma imagem estereoscópica que, visualizada em um equi-
pamento específico, apresentava uma perspectiva tridimensional – razão da 
duplicidade de imagens. 
A natureza-morta também desempenhou um papel importante no desenvolvi-
mento da fotografia em cores, a partir de meados do século XIX. Em Natureza-
-morta com galo (c.1879), Louis Ducos du Hauron (1837-1920) utilizou um 
galo e um pássaro empalhados. A imagem contém três camadas de gelatina 
pigmentada sobre goma-laca nas três cores visíveis nas extremidades da foto 
(Figura 17). 
Figura 16 – As areias do tempo (c.1855)
Fonte: Wikimedia Commons
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UNIDADE Gêneros Fotográficos
Figura 17 – Natureza-morta com galo (c.1879)
Fonte: Wikimedia Commons
Uma das grandes vantagens da natureza-morta é permitir ao fotógrafo exercer 
total controle sobre o tema, a estética e os aspectos técnicos da fotografia, expe-
rimentar diversos tipos de iluminação – luz natural e de estúdio – e praticar com 
um modelo – ou vários – que não se move. Dessa forma, o fotógrafo pode criar a 
imagem antes mesmo de fotografá-la. As naturezas-mortas podem ser sem pro-
dução, objetos não dispostos propositalmente à foto; e, com produção, fotografias 
em torno de um tema. 
Muitas vezes você se surpreende em momentos ociosos alterando ligei-
ramente a posição de um objeto de adorno da sua casa – um abajur, 
um cinzeiro, uma foto de família, um vaso de flores. Quer você tenha 
consciência, quer não, essa escolha da disposição de objetos inanimados 
constitui uma natureza-morta não-produzida. O mundo está repleto delas 
(HEDGECOE, 1996, p. 158).
Vejamos algumas dicas sobre fotografias de naturezas-mortas, as quais adaptadas 
de Hedgecoe (1996):
• Naturezas-mortas sem produção – projeto de fácil produção e realização. 
Não requer determinada câmera, nem um tipo especial de teleobjetiva. Um 
tripé pode ser um equipamento muito útil, uma vez que fotografias de naturezas-
mortas são resultados de alguma reflexão e, geralmente, são feitas lentamente. 
O que importa é você ser observador(a). Atento(a), você encontrará temas nos 
lugares mais improváveis. Podemos fotografar um elemento isolado (Figura 18) 
e temas cujos elementos sejam comuns ou antagônicos, entre outros;
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Figura 18 – Sem título [Memphis] (1970)
Fonte: Lowe, 2017, p. 100-101
• Naturezas-mortas com produção – você poderá criar também as suas 
próprias naturezas-mortas, escolhendo um ou mais objetos e experimentando 
diversos ângulos da câmera e efeitos de iluminação. A escolha de temas é 
infinita. Novamente, precisaremos de um tripé para que você possa se 
movimentar livremente em torno do tema. Disponha os objetos, ilumine-os 
e confira a composição no visor da câmera. O norte-americano Alec Soth 
(1969-) produziu e fotografou duas toalhas dobradas que formam dois cisnes, 
representando o amor. A colcha floral remete à natureza e a suave iluminação 
vem de uma janela (Figura 19):
Figura 19– Duas toalhas (2004)
Fonte: Lowe, 2017, p. 104
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UNIDADE Gêneros Fotográficos
Documental
“A realidade nos oferece tanta riqueza que precisamos remover parte dela ime-
diatamente para simplificar. A questão é: sempre removemos o que deveríamosremover?” A frase de Henri Cartier-Bresson (1908-2004) (apud LOWE, 2017) 
resume o seu brilhante trabalho como fotógrafo da vida cotidiana, um dos maiores 
de todos os tempos. No mesmo nível está Robert Capa (1913-1954) (apud LOWE, 
2017), principalmente em relação à atuação como correspondente de guerra: “A 
verdade é a melhor imagem, a melhor propaganda”, sentenciou.
Figura 20 – Coroação do rei George VI (Londres, 12 de maio de 1937)
Fonte: Lowe, 2017, p. 260
Figura 21 – Multidões correndo para o abrigo depois de 
 um alarme antiaéreo soar (Bilbao, 1937)
Fonte: Lowe, 2017, p. 262
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Na fotografia documental você deve mostrar o que acontece, algo que ocorre 
em determinado espaço e tempo. O potencial narrativo da fotografia se apresenta 
na sua forma mais intensa, seja no conteúdo ou convite para que o espectador 
construa a sua própria narrativa. Seria algo como uma crônica estática. Cabe ao 
fotógrafo identificar justamente esses momentos visuais, que representarão um ins-
tante da história. Com o passar do tempo, as imagens captadas formarão uma nar-
rativa, de modo que, mesmo que fragmentadas, contribuirão para explicar o todo.
A fotografia tem uma força probatória. A verossimilhança aparente da 
câmera combinada com sua capacidade de identificar tendências sociais, 
políticas ou econômicas apresenta uma ferramenta poderosa para docu-
mentar questões de toda a natureza (LOWE, 2017, p. 230).
Uma das principais características que o fotógrafo documental deve ter é o gosto 
pela pesquisa, sendo este um importante componente no processo. Conhecer 
detalhes acerca do tema a ser fotografado contribui para uma eficiente narrativa 
personalizada. Assim, o fotógrafo passa a desempenhar um papel fundamental na 
descrição das mudanças sociais, políticas, econômicas e culturais do mundo.
O britânico Chris Killip (1946-) apresenta, em Juventude na parede, Jarrow, 
Tyneside (1976) (Figura 22), uma forte sensação desesperadora, contida e enjaulada 
de um jovem com botas grandes. O trabalho sintetiza a frustração e raiva de uma 
geração perdida da classe trabalhadora do Norte da Inglaterra, cujas perspectivas 
econômicas foram devastadas pelo colapso da base industrial da região. 
Figura 22– Juventude na parede, Jarrow, Tyneside (1976)
Fonte: Lowe, 2017, p. 243
A fotografia faz parte do livro In flagrante (1988). Na publicação, Killip também 
apresenta fotos de tripulantes de navios carvoeiros, uma comunidade de viajantes e 
ex-mineiros que viviam na praia, coletando pedaços de carvão trazidos pelo mar de 
uma mina mais acima, na costa (acesse link da imagem na página seguinte). Viveu 
nessa comunidade por mais de um ano. “O lugar misturava os tempos; aqui a Idade 
Média e o século XX se entrelaçavam”, afirmou (apud LOWE, 2017). 
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UNIDADE Gêneros Fotográficos
Moira hand picking in the very good fur coat, Seacoal Beach, Lynemouth, Northumberland 
(1982-1984): https://goo.gl/szUNY1Ex
pl
or
Sebastião Salgado
O brasileiro Sebastião Salgado (1944-) admite que a sua experiência profissional em 
negócios – economista que é – contribuiu para a sua visão de mundo como fotógrafo 
documental social. É reconhecido como um dos principais documentaristas, em nível 
mundial, das mudanças sociais e econômicas. Produziu uma série de livros importantes, 
cada qual levando muitos anos para ser concluído, tais como Workers (1993), Terra 
(1997), Migrations (2000), Sahel (2004) e Genesis (2013) (Figura 23), no qual 
retrata as últimas reservas florestais virgens do mundo. “Não são apenas as imagens 
que são importantes – também é importante estar em sintonia com o momento da 
sociedade que as fotos mostram. Se você entender isso, não haverá limites para 
você”, ensina Sebastião Salgado (apud LOWE, 2017, p. 219).
Figura 23 – Mulheres da aldeia Zo’é To-wari Ypy. 
Pará, Brasil (livro Genesis, 2013)
Fonte: snpcultura.org
Figura 24 – Baleia-franca-austral [Eubalaena australis] (livro Genesis, 2013)
Fonte: cultura.pr.gov.br
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Salgado fotografa quase que inteiramente em preto e branco, afirmando que a 
cor pode ser uma distração. Seu trabalho é marcado pelo uso fantástico da luz, com 
destaque para a sua sensibilidade à luz lateral e contraluz, criando profundidade e 
uma sensação tridimensional – a série de fotos sobre o garimpo de Serra Pelada, 
no Pará (Figura 25) mostra claramente isso. Afirma ser resultado de ter crescido no 
Brasil, onde usava chapéu de abas largas: “Fui criado nas sombras” (SALGADO 
apud LOWE, 2017, p. 219).
Figura 25 – Mina de ouro, Serra Pelada, Brasil (1986)
 Fonte: Lowe, 2017, p. 445
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UNIDADE Gêneros Fotográficos
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Sites
Museu da Fotografia Documental 
É uma experiência pioneira no reconhecimento da fotografia documental como fer-
ramenta de reflexão à fotografia brasileira e de determinados cenários socioculturais, 
econômicos e políticos do País. Trata-se do primeiro webmuseu do Brasil voltado ex-
clusivamente à fotografia documental.
https://goo.gl/dTH5U2
 Livros
Profissão fotógrafo – no caminho do sucesso
Profissão fotógrafo – no caminho do sucesso, de Dane Sanders. Editora Photos, 
publicado em 2012. Sinopse: este best-seller do aclamado fotógrafo norte-americano 
Dane Sanders lhe levará a descobrir os seus pontos fortes e como aproveitá-los para 
trilhar uma carreira de sucesso no mundo da fotografia. Trata-se de leitura indispensável 
para quem quer vencer nesse negócio. Este livro ensina a usar as suas características 
e o seu talento para esculpir um nicho completamente seu; evitar os erros que muitos 
fotógrafos incorrem e escolher um estilo de negócio que se encaixe com o tempo que 
você quer investir.
 Filmes
Mil vezes boa noite 
Mil vezes boa noite – direção: Erik Pope. Drama, 2014, Noruega, Irlanda, Suécia. 
Sinopse: Rebecca (Juliette Binoche) é uma das melhores fotógrafas de guerra em 
atividade e precisa enfrentar um turbilhão de emoções quando seu marido (Nikolaj 
Coster-Waldau) lhe dá um ultimato. Ele e a filha do casal não suportam mais a sua 
rotina arriscada e exigem mudanças, mas Rebecca, apesar de amar a família, tem 
verdadeira adoração pela profissão.
O sal da terra 
Documentário O sal da terra – direção: Wim Wenders, Juliano Ribeiro Salgado. 
Documentário, 2015, Brasil, França, duração: 1h50. Sinopse: O filme conta um pouco 
da longa trajetória do renomado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado e apresenta o 
seu ambicioso projeto Gênesis, expedição que tem como objetivo registrar, a partir de 
imagens, civilizações e regiões do Planeta até então inexploradas.
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Referências
FLORESTA, Merry. Man Ray. São Paulo: Cosac Naify, 2011.
HACKING, Juliet (Ed.). Tudo sobre fotografia. Rio de Janeiro: Sextante, 2012.
HEDGECOE, John. Guia completo de fotografia. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
LOWE, Paul. Mestres da fotografia. São Paulo: Gustavo Gili, 2017.
PEREA, Joaquín. Los géneros fotográficos. Revista de Fotografia, Madri, v. 2, 
n. 2, abr. 2000. Disponível em: <http://webs.ucm.es/info/univfoto/num2/index.
htm>. Acesso em: 2 fev. 2018.
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