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Hurian Machado – Odontologia UNIG 1 Materiais Dentários I Aula 1 Classificação dos Materiais Dentários Os materiais dentários podem ser divididos basicamente em três tipos: metálicos, cerâmicos e poliméricos. 1. Materiais metálicos Usados em sua forma pura, figuram principalmente constituindo as ligas metálicas presentes em peças protéticas, aparelhos ortodônticos, limas endodônticas, implantes e instrumentos odontológicos. 2. Materiais Cerâmicos Possuem propriedades físicas semelhantes à estrutura dental, além de ótima capacidade de reproduzir a estética dental. São resistentes à corrosão, têm excelente biocompatibilidade e apresentam dureza compatível com a do esmalte e baixa condutividade térmica. 3. Polímeros Muito utilizados em odontologia restauradora, e são substâncias compostas por cadeias de monômeros. Os polímeros mais utilizados em odontologia são os metacrilatos, presentes principalmente em resinas acrílicas, resinas compostas, cimentos odontológicos, materiais de moldagem, selantes e adesivos. Propriedades dos Materiais Dentários A correta seleção do material odontológico exige que o profissional tenha uma noção básica a respeito de sua estrutura, portanto, as propriedades dos materiais usados em odontologia podem indicar sua qualidade em diferentes situações. 1. Propriedades Mecânicas As propriedades mecânicas dos materiais definem o comportamento do material (resposta) quando sujeito as cargas externas, sua capacidade de resistir ou transmitir esses esforços sem se fraturar ou deformar de forma incontrolada. As propriedades mecânicas são divididas em: tensão, deformação, resiliência, resistência e dureza. • TENSÃO É a resistência de um material a uma força externa aplicada sobre ele. a) Tensão de compressão Ocorre quando o material é colocado sob uma carga com tendência de encurtá-lo. Portanto, as forças aplicadas devem estar na mesma direção e com sentidos opostos de aproximação. Está presente no ambiente bucal, principalmente durante o processo mastigatório, porém não totalmente isolada. b) Tensão de cisalhamento Ocorre quando uma porção plana de um material desliza sobre outra porção. É produzida por duas forças paralelas de mesmo sentido, porém com direções opostas. Em uma situação clínica, dificilmente ocorrerá uma fratura puramente por tensão de cisalhamento, em razão da ausência de uma superfície totalmente plana, e também da ausência de uma força que seja aplicada exatamente na interface adesiva. Hurian Machado – Odontologia UNIG 2 c) Tensão por flexão Ocorre quando se pressiona um corpo de prova ancorado inferiormente ou quando se aplica uma força sobre a extremidade de uma barra com a extremidade oposta fixa. A forma do corpo de prova (barra ou disco), o número de pontos de aplicação de força (um ou dois) e o tipo de ancoragem inferior estabelecem variações no ensaio flexural (dois rolamentos ou três esferas). A tensão por flexão é importante para avaliar materiais utilizados em bases de próteses, materiais cerâmicos para próteses fixas e resinas para restaurações diretas e indiretas, além de resinas utilizadas para confecção de provisórios. d) Tensão por torção Resulta da rotação das extremidades de um corpo com sentidos opostos. Os resultados da torção resultam em tensão de cisalhamento e rotação do espécime. Quando os instrumentos endodônticos são colocados em função e girados dentro do canal radicular, estão submetidos à torção. • DEFORMAÇÃO Pode ser plástica ou elástica. A deformação elástica é reversível, enquanto a plástica é permanente. • RESILIÊNCIA É a capacidade de acumular/absorver energia quando exigido, ou quando submetido a estresse sem ocorrer ruptura. Após a tensão cessar, poderá ou não haver deformação residual causada pelo estimulo recebido no material. • RESISTÊNCIA É a capacidade do material a resistir a uma força a ele aplicada. • DUREZA É definida como a resistência de um material à penetração permanente em sua superfície, ou seja, é a medida da resistência superficial de um material à deformação plástica. É uma maneira simplificada de definir se um material é duro ou macio. Em odontologia, pode ser um bom indicativo de facilidade de acabamento de materiais restauradores e de resistência de uso. Tratamentos restauradores com bons polimentos superficiais são menos acometidos por rugosidades e, consequentemente, menos susceptíveis a trincas e falhas, além de proporcionar melhor estética. • TENACIDADE É a quantidade de energia aplicada sobre um material para que ocorra fratura. O valor da tenacidade depende da resistência e da ductibilidade. Quanto maior a resistência e maior a ductibilidade, maior será a tenacidade. • DUCTIBILIDADE É a capacidade de um material de resistir à força de tração, formando uma estrutura afilada, sem haver ruptura. Assim como a maleabilidade, é uma propriedade característica de metais e ligas metálicas. • MALEABILIDADE É a propriedade de um material de resistir a cargas de compressão formando uma estrutura de disco, sem haver ruptura. Entre os materiais de interesse na odontologia, o ouro e prata são os metais nobres mais maleáveis. • DESGASTE É a perda de material resultante do contato entre dois ou mais materiais. Quando em função no meio bucal, o desgaste não é uma propriedade desejada. Já em procedimentos de acabamento e polimento de restaurações, essa propriedade é desejada. Hurian Machado – Odontologia UNIG 3 2. Propriedades Físicas As propriedades físicas são características dos materiais. São percebidas pela análise do comportamento dos materiais na presença de determinados fenômenos físicos. As propriedades físicas podem ser determinadas sem que existam alterações na constituição dos materiais analisados. Estas propriedades podem ser classificadas em: elasticidade, viscosidade, cor, adesão e propriedades térmicas. • ELASTICIDADE Visto que todo material quando submetido a solicitações externas deforma-se, o comportamento elástico de um material é a capacidade que o mesmo possui em retornar a sua forma e dimensões originais quando retirado os esforços externos sobre ele. • VISCOSIDADE É a medida da consistência de um fluído e sua incapacidade de escoamento, ou seja, quanto maior a viscosidade, menor o escoamento; quanto maior a temperatura, menor a viscosidade. • COR A cor de um material é determinada pelas médias de frequência dos pacotes de onda que as suas moléculas constituintes refletem. Um objeto terá determinada cor se não absorver justamente os raios correspondentes à frequência daquela cor. A percepção da cor é o resultado de uma resposta fisiológica a um estímulo físico. O feixe de luz, estímulo físico que permite a sensação à visualização das cores, é a parte definida e objetivo do processo. A reflexão da luz incidente no objeto é percebida pelos olhos e tem caráter totalmente subjetivo. a) Matiz Descreve a cor predominante de um objeto e depende do comprimento de onda (ex: amarelo, azul, vermelho). b) Luminosidade Indica a claridade de uma cor. (ex: azul-escuro, rosa- claro). c) Saturação Representa o grau de intensidade de um matiz. Diferencia cores com ou sem brilho. Meio ópticos de acordo com a permissividade à passagem de luz: - Opacidade: propriedade dos materiais de obstruir a passagem de luz. - Translucidez: propriedade dos materiais de permitir a passagem de luz, formando feixes de luz com trajetórias irregulares. Assim, os objetos ficam pouco nítidos, não sendo distinguidos através do material (ex: cerâmicas e resinas compostas). - Transparência: propriedade dos materiais de permitir a passagem de luz com feixes de luz bem definidos, gerando pouca distorção, e possibilitando a visualizaçãoperfeita através do material (ex: vidro, acrílico transparente). • ADESÃO Quando dois materiais são colocados em contato, as moléculas superficiais dos substratos sofrem atração mútua, possibilitando a adesão. O termo “adesão’’ é utilizado quando há contato entre moléculas de substratos diferentes. Para moléculas semelhantes, essa interação é chamada de coesão. A adesão pode ser química ou mecânica. A adesão química ocorre em nível atômico e molecular, enquanto a adesão mecânica ocorre através de retenção por embricamento mecânico. Ambas podem ocorrer simultaneamente. Quando se utiliza outro material para promover adesão, ele é chamado de adesivo, enquanto os substratos a serem unidos são chamados de aderentes. Hurian Machado – Odontologia UNIG 4 a) Energia de Superfície Ocorre em razão da impossibilidade de os átomos situados na superfície dos materiais estarem em completo equilíbrio, ou seja, não estão igualmente atraídos em todas as direções. No interior dos materiais, os átomos possuem energia mínima em virtude da presença de outros átomos ao seu redor. O aumento de energia por unidade de área de superfície é referido como energia de superfície ou tensão superficial, o que está presente na superfície de todos os materiais, independentemente da fase (sólido, líquido ou gasoso), desde que haja interface, excetuando-se portanto, entre dois gases. b) Molhamento É. a medida da afinidade de um líquido por um sólido. Em escala molecular, a superfície de um sólido é extremamente rugosa. Ao aproximar duas superfícies sólidas, somente os átomos de maior relevo irão de aderir, gerando uma força de adesão insignificante. Para aumentar a força de atração entre dos sólidos, acrescenta-se um fluido que penetre pelas rugosidades, permitindo o contato com uma porção maior da superfície do sólido. É necessário que o líquido possua fácil escoamento sobre toda a superfície, aderindo ao sólido aderente. A limpeza do aderente é de fundamental importância para a eficácia de um adesivo. c) Ângulo de Contato É indicado pela forma de uma gota de líquido sobre a superfície do sólido. Essa relação determina um ângulo em suas margens. A presença de um baixo ângulo de contato indica um bom molhamento. Um alto ângulo de contato caracteriza um material hidrófobo. d) Absorção e Adsorção A absorção refere-se à capacidade de um volume de sólido captar líquido do meio. A adsorção indica a concentração de moléculas na superfície de um líquido ou de um sólido. Essas propriedades são aferidas de duas maneiras: 1) porcentagem de peso de material solúvel ou sorvido e 2) como o peso do material dissolvido ou sorvido por unidade de área de superfície. • PROPRIEDADES TÉRMICAS a) Condutividade térmica A condutividade térmica é uma medida termofísica de transferência de calor através do fluxo de energia. A transmissão de calor em materiais sólidos ocorre preferencialmente por condução. Em geral, os metais apresentam maiores valores de condução de calor do que plásticos e cerâmicas. Esmalte e dentina são maus condutores térmicos quando comparados às ligas metálicas. As resinas compostas possuem condutividade térmica semelhante às das estruturas dentárias. b) Coeficiente de expansão térmica É. a medida da alteração da dimensão de uma estrutura por unidade de sua estrutura inicial, quando a temperatura é aumentada em 1ºC. Esse coeficiente normalmente é maior para os líquidos do que para os sólidos. Os materiais restauradores sofrem alterações dimensionais em diferentes temperaturas no meio bucal, contraindo-se e expandindo-se inúmeras vezes. Essas mudanças podem gerar desadaptação da restauração e infiltrações decorrentes da diferença entre o comportamento da estrutura dentária e o do material restaurador. Figura 2. Alto angulo de contato (ruim). Figura 1. Baixo angulo de contato (bom). Hurian Machado – Odontologia UNIG 5 Aula 2 Materiais de moldagem Os materiais de moldagem são utilizados para obtenção de moldes. A finalidade destes materiais é reproduzir cópias precisas dos tecidos bucais. Propriedades • Fluidez: o material deve ser fluido para que escoe com facilidade e copie todos os detalhes; • Ausência de substâncias tóxicas: o material não pode ter propriedades tóxicas pois entra em contato com a mucosa do paciente; • Resistência adequada: o material utilizado deve ser resistente para que não se rompa quando retirado da boca do paciente; • Estabilidade dimensional: o material deve ser estável para que não se perca as dimensões da boca do paciente; • Compatibilidade com os materias de modelagem; • Vida útil adequada; • Fácil desinfecção. Classificação 1. Rígidos: usado somente em pacientes que não tenham áreas de retenção (edêntulos); 2. Elásticos: usados em pacientes que tenham ou não áreas de retenção (edêntulos e dentados); 3. Reversíveis: seu estado muda de acordo com a temperatura; 4.. Irreversíveis: ocorre uma reação química, ou seja, uma vez que ocorreu esta reação química, o material não volta a ser o que era antes. Principais Materiais de Moldagem - Godiva; - Pasta de ZOE; - Ágar; - Alginato; - Mercaptanas ou Polisulfetos; - Silicone de Condensação; - Silicone de Adição; - Poliéter; Métodos de Desinfecção 1. Imersão: imergir o molde em solução de hipoclorito de sódio a 1% por aproximadamente 10. minutos e ao final, lavar 2. Spray: borrifar a solução de hipoclorito de sódio a 1% e deixar agir por aproximadamente 10 minutos e ao final, lavar. 3. Fricção: molhar uma gaze com a solução de hipoclorito de sódio a 1% e aplicar sobre o molde. Deixar agir por aproximadamente 10 minutos e ao final, lavar. 1. Godiva É um material rígido e termoplástico, ou seja, seu estado físico muda de acordo com a temperatura (reversível). É encontrada na forma de bastão e bloco. É conhecida como o material de moldagem mais antigo em odontologia, porém hoje é geralmente substituída por materiais elásticos, como o alginato. É indicada para moldagem preliminar de desdentados totais. 2. Pasta zoe ou oze A pasta de Óxido de Zinco e Eugenol é um material irreversível devido a reação química que irá ocorrer quando misturadas as pastas base e reagente. Apresenta-se comercialmente como uma pasta base e outra pasta reagente (catalizadora); Hurian Machado – Odontologia UNIG 6 É um material de moldagem rígido, ou seja, somente será utilizada em pacientes que não apresentam áreas de retenção (edêntulos). É indicada para moldagem corretiva/funcional em prótese total. Para realizar a moldagem, deve-se utilizar moldeira individual em resina acrílica. ➳Pasta Base - Óxido de Zinco; - Óleo Vegetal/Natural; - Possui cor clara. ➳Pasta Reagente - Óleo de cravo ou eugenol; - É uma solução aceleradora reagente; - Possui cor escura.. ➳Manipulação - Espátula 24 - Bloco de papel impermeável ou placa de vidro fina. Obs: é recomendado aplicar vaselina sólida sobre a placa de vidro e sobre a espátula pois facilita a limpeza destes instrumentais. A vantagem da vaselina é que ela não reage com as pastas, logo, não há possibilidade de alterar as propriedades do material. 1° Proporcionar as pastas nas medidas indicadas pelo fabricante. Geralmente são em proporções iguais; 2° A pasta reagente deve ir de encontro a pasta base, e nunca o contrário; 3° A espátula deve estar a 45° em relação a placa no início da espatulação; 4° Quando a mistura estiver quase homogênea, a espátula deve estar paralela a placa; 5° Por fim, a mistura deve ter uma cor intermediária e aspecto homogêneo. Obs: Aumento do Tempo de Presa. O resfriamento da placa de vidro e da espátula retarda (aumenta) o tempo de presa, porém, estes instrumentais não podem atingir temperatura de orvalho(que são gotículas de água sobre a superfície) pois ocorre o efeito contrário, ou seja, acelera o tempo de presa. ➳Separação molde-modelo A separação deve ser feita em imersão em água a 60°C por aproximadamente 5 minutos. 3. Ágar Apresenta-se na forma de sol (semi-sólido ou semi- líquido). É um material de moldagem elástico e termoplástico, ou seja, seu estado físico muda de acordo com a temperatura (reversível). Apresenta resultados superiores ao alginato. É um hidrocolóide, sendo assim, apresenta muita água em sua composição. ➳Desvantagens - Instrumental para manipulação (são necessários 3 recipientes com temperaturas diferentes); - Técnica; - Choque térmico; - Custo elevado $. 4. Alginato Apresenta-se na forma de sol. É um material irreversível devido a reação química que ocorre durante a manipulação. Hurian Machado – Odontologia UNIG 7 Possui fácil manipulação. Necessita de equipamento mínimo necessário. Confortável para o paciente. Oferece bons resultados. Possui baixo custo $. ➳Apresentação comercial - Pó fino de vários sabores; - Cromático (muda de cor); - Pode ser encontrado na forma de potes, refis e envelopes. ➳Indicações - Moldagem para obtenção de modelo de estudo; - Moldagem preliminar em prótese total; - Moldagem antagonista; - Moldagem em odontopediatria. ➳Composição - Alginato de Potássio → sal solúvel; - Sulfato de Cálcio → reagente; - Óxido de Zinco → carga; - Fosfato Trissódico → retardador. ➳Propriedades • Tempo de Trabalho - Deve ser suficiente para permitir a manipulação, carregar a moldeira e realizar a moldagem; - Alginato de presa rápida: 1-2 min. • Tempo de Presa - Presa regular: 2-3 min; - Presa rápida: 1min; - Quanto menor for a temperatura da água de manipulação, maior será o tempo de presa. • Resistência - O alginato deve ser baixo rasgamento. - Resistência a compressão. ➳Manipulação • Moldeira Utiliza-se moldeira de estoque com retenção mecânica, pois a retenção adere o alginato a moldeira. • Instrumental - Concha (pó); - Cilindro (água); - Cuba flexível; - Espátula plástica. • Mistura 1 °. Coloca-se primeiro o pó e depois a água; 2 °. Com a cuba parada, a espatulação deve ser feita em forma de 8. Obs: para moldagem com uma moldeira de estoque total, a medida é de 3 conchas de medidor de pó para um cilindro de água completo. • Técnica de Moldagem A colocação da moldeira deve ser sempre no sentido póstero-anterior para que não oclua ar. Na moldagem da arcada superior, o profissional deve permanecer atrás do paciente e realizar a moldagem. Deve segurar a moldeira no palato do paciente até atingir presa. Na moldagem da arcada inferior, o profissional deve ficar na frente do paciente, sempre segurando a moldeira. Hurian Machado – Odontologia UNIG 8 Remover a moldeira no sentido do longo eixo do dente. ➳Separação molde-modelo A separação molde-modelo é feito sempre no sentido antero-posterior. ➳Alterações dimensionais O alginato sofre alterações dimensionais pois possui muita água em sua composição (é um hidrocolóide). 1. Evaporação; 2. Sinérese; 3. Embebição; 4. Liberação de tensões. Devido a essas alterações que o material sofre, é indicado que o gesso seja vazado imediatamente. ➳Cuidados com o material - Temperatura da água; - Armazenamento; - Vazamento do gesso; - Separação molde-modelo. Aula 3 Elastômeros São materiais de moldagem elásticos de precisão para moldagens de áreas com ou sem retenção. São os materiais mais usados para obtenção de moldagens. Outros usos - Duplicação de modelos; - Registro de mordida; - Confecção de máscaras gengivais. Tipos - Polisulfetos ou Mecaptanas - Silicone de Condensação - Silicone de Adição - Poliéter 1. Mercaptanas ou Polisulfetos Se apresenta sob a forma de duas pastas, sendo uma pasta base e outra reagente/catalizadora. A mercaptana é um material hidrofóbico, e por isso não atua bem em campo úmido. Recomenda-se vazar o gesso no molde da mercaptana imediatamente, pois ela sofre alterações dimensionais devido a formação de subprodutos (água). Deve-se vazar em até 30min. ➳ Características - Formação de subprodutos: água;. - Fidelidade de cópia: boa; - Resistência ao rasgamento: alta; - Tempo p/ vazamento: máximo 30 min; - Repetir vazamento: sim (menos preciso); - Odor/Sabor: ruim/ruim; - Relação com a umidade: hidrofóbico; Hurian Machado – Odontologia UNIG 9 - Rigidez: muito baixa; - Custo: $ ➳Pasta Base - Polímero de Polissulfetos (80%); - Agentes de carga: óxido de zinco, sulfato de cálcio e sílica (20%). ➳Pasta Reagente - Peróxido de chumbo (78%); - Enxofre (3%); - Óleos inertes (19%). ➳Indicações - Moldagem para obtenção de restaurações indiretas (moldeira individual); - Moldagem para coroa total (casquete). ➳Moleiras Moldeira individual, podendo ser total, parcial ou unitária (casquete). ➳Manipulação • Instrumental: espátula nº 24 e placa de vidro fina ou papel impermeável. 1° Proporcionar as pastas nas medidas indicadas pelo fabricante. Geralmente são em proporções iguais; 2° A pasta reagente deve ir de encontro a pasta base, e nunca o contrário; 3° A espátula deve estar a 45° em relação a placa no início da espatulação; 4° Quando a mistura estiver quase homogênea, a espátula deve estar paralela a placa; 5° Por fim, a mistura deve ter uma cor intermediária e aspecto homogêneo. ➳Técnica de Moldagem de transferência com Alginato Ao fazer a moldagem com a mercaptana utilizando o casquete, deve-se moldar com alginato para obter a altura dos dentes e os pontos de contato dos dentes vizinhos. Quando o alginato gelificar, sairá tudo junto (o casquete estará dentro do alginato); Usa-se cera para estabilizar o casquete na boca do paciente. O casquete será obtido através do modelo de gesso ou diretamente da boca do paciente. Obs: Só será feita moldagem de transferência se a moldagem for com casquete/copping. Figura 3. Casquete. Figura 4. Casquete. Figura 5. Moldagem de transferência com casquete no alginato. Hurian Machado – Odontologia UNIG 10 2. Silicone de Condensação Se apresenta sob a forma de duas pastas. A pasta base ou massa densa e pasta reagente (líquida ou na forma de pasta). Recomenda-se vazar o gesso no molde do silicone de condensação imediatamente, pois ele sofre alterações dimensionais devido a formação de subprodutos (álcool etílico). Deve-se vazar em até 30min. ➳ Características - Formação de subprodutos: álcool etílico; - Fidelidade de cópia: ótima; - Resistência ao rasgamento: adequada; - Tempo p/ vazamento: máxima 30 min. - Repetir vazamento: não; - Odor/Sabor: bom/bom; - Relação com a umidade: hidrofóbico/hidrofílico; - Rigidez: baixa; - Custo: $$ ➳Pasta Base - Massa densa; - Massa/Pasta leve; - Polímero de silicone. ➳Pasta Reagente - Líquido ou pasta (hoje a pasta é mais usada); - Silicato Alquílico. ➳Indicações - Moldagem para restaurações indiretas; - Moldagem para prótese removível; - Registro de Mordida. ➳Apresentação comercial 1. Massa densa (usada primeiro); 2. Pasta fluida/leve (usada depois para copiar mais detalhes); 3. Catalizador único para ambas. ➳Moldeiras Moldeira de estoque com ou sem retenção mecânica, podendo ser também parcial ou total. Obs: pode-se usar também a pasta leve da silicona na moldeira individual. ➳Manipulação • Massa densa 1°. Deve-se espalhar a quantidade dosada sobre a palma da mão; 2°. Pressionar a borda da concha sobre a massa para marcar a circunferência; 3°. O diâmetro da circunferência será igual a quantidade do catalizador(referência para medida do catalizador); 4°. Manipular com a ponta dos dedos até obter uma cor homogênea. • Pasta Fluida 1. Reembasamento ou Moldagem de Dupla Mistura e Dois Passos Primeiro deve-se moldar com a massa densa, depois carregar a moldeira com a pasta leve, e novamente levar a boca; A pasta leve copiará os detalhes mais fielmente (moldagem corretiva). Hurian Machado – Odontologia UNIG 11 Figura 6. Moldagem com massa densa. Figura 7. Manipulação da pasta fluida. Figura 8. Resultado final. 2. Espatulação Simultânea ou Moldagem de Dupla Mistura e Um Passo Ambas as massas (densa e fluida) serão lavadas juntas a boca. 3. Silicone de Adição Se apresenta sob a forma de duas pastas, sendo uma pasta base e outra pasta reagente/catalizadora. ➳ Características - Formação de subprodutos: não; - Fidelidade de cópia: excelente; - Resistência ao rasgamento: alta; - Tempo p/ vazamento: mínimo 1h /máximo 14dias; - Repetir vazamento: sim; - Odor/Sabor: bom/bom; - Relação com a umidade: hidrofílico; - Rigidez: alta; - Custo: $$$ ➳Pasta Base - Polivinil siloxano; - Massa densa; - Massa/Pasta leve. ➳Pasta Reagente - Ácido cloroplatínico. Obs: no silicone de adição, são 2 pastas reagentes. Uma para a massa densa e outra para a leve. ➳Indicações - Moldagem para restaurações indiretas; - Moldagem para prótese removível; Hurian Machado – Odontologia UNIG 12 ➳Manipulação • Instrumental: espátula 24 e placa de vidro fina ou papel impermeável. 1° Proporcionar as pastas nas medidas indicadas pelo fabricante. Geralmente são em proporções iguais; 2° A pasta reagente deve ir de encontro a pasta base, e nunca o contrário; 3° A espátula deve estar a 45° em relação a placa no início da espatulação; 4° Quando a mistura estiver quase homogênea, a espátula deve estar paralela a placa; 5° Por fim, a mistura deve ter uma cor intermediária e aspecto homogêneo. Obs: usa-se base de unha ou adesivo na moldeira. Materiais Hidrofóbicos X Hidrofílicos ➯Hidrofóbico: os materiais hidrofóbicos não possuem bom molhamento/ afinidade com o meio úmido, e consequentemente o ângulo de contato será muito alto. Materiais hidrofóbicos possuem baixa precisão. ➯Hidrofílico: os materiais hidrofílicos tem afinidade com o meio úmido e possuem bom molhamento, e consequentemente seu ângulo de contato será muito pequeno. Aula 4 Resina Acrílica Os polímeros à base de metacrilato ou resinas acrílicas vêm obtendo popularidade na odontologia pois são econômicos e podem ser produzidos facilmente por métodos simples. Eles constituem um grupo de plásticos que apresentam as propriedades essenciais e as características necessárias para uso na cavidade bucal. Essas características de desempenho estão relacionadas a aspectos biológicos, físicos, estéticos e de manipulação. A resina acrílica se solidifica quando é polimerizada. Nesse processo, ocorre uma série de reações químicas pelas quais a macromolécula ou polímero é formada. O polímero é constituído por uma ou várias unidades estruturais simples, chamadas monômeros, ligadas entre si ao longo da cadeia do polímero por ligações covalentes. A maioria dos sistemas de resinas de polimetacrilato apresenta-se nas formas de pó e líquido. O pó consiste em esferas pré-polimerizadas de polimetacrilato e uma pequena quantidade de peróxido de benzoíla, o iniciador. O líquido é predominantemente um metacrilato não polimerizado, com pequenas quantidades de hidroquinona, um inibidor. A hidroquinona previne a polimerização ou presa do líquido durante sua estocagem. Tipos de Resinas: 1. Epóxicas 2. Acrílicas 3. Vinílicas Resina Acrílica 1. Rígidas e friáveis; 2. Macias e flexíveis. ➳Indicações (rígidas e friáveis) - Bases de próteses totais e parciais; Hurian Machado – Odontologia UNIG 13 Figura 9. Manipulação da resina acrílica. - Confecção de dentes artificiais; - Conserto e reembasamento de prótese; - Moldeiras individuais (total ou parcial). ➳Propriedades - Alta resistência à fadiga (ex: mastigação); - Alta contração de polimerização (é inerente ao material); - Boa estabilidade de cor: - Boa compatibilidade biológica; - Baixa resistência a tração: - Baixa condutibilidade térmica (isso é bom); - Baixa solubilidade (não se desintegra no meio); - Fraca adesão aos metais e à porcelana (não adere). Obs: toda resina é um polímero, e todo polímero ao polimerizar, se contrai. ➳Apresentação Comercial 1. Líquido 2. Pó (várias cores); ➳Composição do Líquido - O líquido é um monômero; - Monômero (metacrilato de metila); - Inibidor (hidroquinona); - Acelerador (dimetil p-toluidina, amina); - Plastificante; - Agente de ligação cruzada (glicol-etileno- dimetacrilato); - Líquido claro/transparente; - Possui odor forte; - Inflamável. ➳Composição do Pó - O pó é um polímero; - Polímero acrílico ou copolímero (polimetacrilato de metila); - Iniciador (peróxido de benzoíla); - Pigmentos (tiO2); - Corantes, opacificadores e plastificantes; - Fibras orgânicas coradas; Obs: as moléculas líquidas são congeladas para obter o pó (polimetil metacrilato). ➳Proporção Polímero/Monômero Proporção 3/1 (+ pó e – líquido); Se for usado muito líquido, haverá porosidade, pois ele é volátil (evapora). Ao evaporar, forma poros, que farão com que o material tenha baixa resistência e ocorra a absorção de fluidos orais, pigmentando a prótese; Monômero (líquido) + Polímero (pó)= massa plástica; Muito líquido= alta contração de polimerização (diminuição do volume da prótese e perda de adaptação. ➳Material e Instrumental - Pó (polímero); - Líquido (monômero); - Pote de cristal com tampa; - Conta gotas ou dosador: - Espátula nº 70. ➳Proporcionamento - Colocar primeiro o pó e molhar (gotejar) com o líquido até molhar todo o pó; - Misturar com a espátula nº 70 e tampar, pois é volátil. Hurian Machado – Odontologia UNIG 14 ➳Interação Polímero/Monômero 1 °. Fase Arenosa - Não há reação; - Consistência granulada. 2 °. Fase Fibrilar - O monômero ataca as pérolas/partículas do pó; - Consistência grudenta com formação de fibrilas (fios); 3 ° Fase Plástica - Consistência: massa trabalhável; - Não é mais grudenta; - O material deve ser condensado; - Tempo de trabalho de mais ou menos 5min. 4 °. Fase Borrachóide - Não copia mais; - O monômero penetrou em todas as partículas do polímero; - Características elásticas: quando o material comprimido se recupera. 5 °. Fase Rigida - Evaporação do monômero livre; - Já endureceu completamente. ➳Classificação Quanto a Polimerização 1. Autoativada - Endurecem através de reações químicas; - Outras denominações: resinas quimicamente ativadas, polimerização a frio e autopolimerização/ autocura. 2. Termoativada - Endurecem através do calor. Ex: na água quente ou micro-ondas; - Na água: de 74 °C por 8h ou 74 °C por 2h + 100 °C por 1h; - No micro-ondas: necessita de uma mufla adequada; - Resina adequada para o micro-ondas; - A resina é mais cara; - A polimerização é mais rápida. ➳Resinas Termoativadas X Quimicamenteativadas Ambas possuem peróxido de benzoíla, o que as difere será a maneira de ativar o peróxido de benzoíla. 1. Quimicamente ativada - A amina terciária ativa o peróxido de benzoíla; - Menor resistência; - Menor estabilidade de cor: - Maior quantidade de monômero residual. 2. Termoativada - O peróxido de benzoíla será ativado graças ao calor; - E ́ melhor; - Mais resistente; - Monômero totalmente evaporado; - Tem menos poros; - Possui melhor estabilidade de cor. 3. Fotoativada - Iniciador: canforoquinona; - Ativador: luz visível; - Tem mais tempo de trabalho,pois só polimeriza quando há incidência de luz. Hurian Machado – Odontologia UNIG 15 Resinas Macias e Flexíveis (Soft Liners) - Condicionadores de tecidos (condiciona o tecido a se recuperar); - Indicadas em casos de cirurgia; - Absorvem as energias produzidas por impactos mastigatórios; - Favorece a cicatrização de tecidos moles. ➳Limitações - Dificuldade de higienização; - Sabor e odor desagradáveis na boca do paciente; - Favorece o crescimento bacteriano devido a dificuldade de higienização. Obs: é possível pincelar a soft liner numa prótese já existente. Aula 5 Resinas Compostas de Inserção Direta As resinas compostas são materiais restauradores estéticos diretos, amplamente utilizados em odontologia, e são formados por 3 componentes principais: a matriz orgânica, a carga e os agentes de união. Esses compósitos são utilizados para restaurar e repor tecidos dentais perdidos através de processos infecciosos ou trauma, e para assentar e cimentar coroas e facetas e outros dispositivos odontológicos pré-fabricados. As resinas compostas são capazes de devolver estética e função em apenas uma sessão. Obs: material restaurador direto= usado diretamente na boca do paciente. ➳Materiais Restauradores Diretos - Resina Composta; - Amálgama de Prata; - Cimento de Ionômero de Vidro (CIV); ➳Indicações - Restaurações em dentes anteriores e posteriores; - Colagem de fragmentos; - Fechamento de diastema; - Restauração em dentes conóides. ➳Composição 1. MATRIZ RESINOSA • Mono ̂meros mais utilizados: - BIS-GMA - UDMA - BIS-EMAC - Diluentes TEG – DMA Hurian Machado – Odontologia UNIG 16 Figura 10. Desenho esquemático da composição das resinas compostas. Obs: a matriz resinosa é a parte mais frágil da resina composta. Os monômeros possuem um aspecto viscoso e por isso é necessário incorporar diluentes para que se consiga adicionar carga. Quanto mais carga, melhor. Obs: serão incorporados a matriz resinosa ↓ 1. Partículas de Carga (inorgânicas) 2. Pigmentos 3. Iniciadores de Polimerização 4. Agentes de União 2. PARTÍCULAS DE CARGA - Quartzo: partícula dura e irregular (diâmetro 15μm); - Vidro: partícula menor e mais uniforme (bório, bário, alumínio; diâmetro de 1 a 5 μm); - Sílica (diâmetro de 0,2 a 0,4 μm). Obs: quanto menor a partícula da carga, melhor. • Funções - Dar estabilidade dimensional à matriz; - Diminuir a contração o de polimerização; - Diminuir a sorção de água; - Aumentar a resistência (tração, compressão e abrasão); - Dar radiopacidade ao material. 3. AGENTES DE UNIÃO - Organosilano (é um silano); • Função - Unir a carga à matriz resinosa; - Transferir as tensões da matriz (que é frágil) para a carga. 4. INICIADORES DE POLIMERIZAÇÃO • Peróxido de benzoíla (iniciador) → Amina (ativador/ autopolimerizável – a amina ativa o peróxido de benzoíla). • Canforoquinona (iniciador) → luz visível (ativador/ fotopolimerizável – a luz do fotopolimerizador ativa a canforoquinona). Obs: a resina fotopolimerizável proporciona um maior tempo de trabalho, pois só polimeriza quando há incidência de luz. ➳Classificação quanto à polimerização 1. RESINA QUIMICAMENTE ATIVADA - Se apresenta na forma de duas pastas (postes ou seringas); - Há necessidade de mistura destas duas pastas; - Há risco de incorporação de bolhas de ar, pois a resina é inserida na cavidade em um só incremento podendo causar poros. 2. FOTOATIVADA - Pasta única; - Proporciona maior controle de tempo de trabalho; - Sua inserção na cavidade é feita em pequenas incrementos; - Há necessidade de uso do fotopolimerizador ↓ Obs: sobre a fotopolimerização - 400 a 500 nm; - 40 a 60 segundos; - A fonte de luz pode se de LED ou lâmpada halógena. Hurian Machado – Odontologia UNIG 17 ➳Classificação quanto às partículas de carga 1. MACROPARTÍCULAS - Possui quartzo na composição; - Devido à dureza/tamanho não possui bom polimento e pode deixar poros; - Possui resistência, porém deixa a desejar em relação a estética; - Não é mais indicada; - Pigmenta facilmente devido aos poros. 2. MICROPARTÍCULAS - Possui lisura superficial; - É translúcida; - Possui excelente estética. • Limitações - Maior sorção de água; - Alto coeficiente de expansão térmica; - Alta capacidade de deformação; - Alta capacidade de polimerização; - Não possui resistência devido à menor quantidade de partículas de carga. • Indicações Indicada somente em dentes anteriores onde a estética é o fator principal. 3. HÍBRIDAS - São constituídas de macropartículas + micropartículas; - Atualmente são as mais utilizadas; - Possui lisura superficial aceitável; - Possui resistência a compressão e desgaste. • Indicações Pode ser usada em dentes anteriores e posteriores. 3.1 HÍBRIDAS DE BAIXA VISCOSIDADE – FLOW/ FLOWABLE São menos resistentes devido à alta quantidade de matriz resinosa. • Indicações - Cavidades conservadoras de classe I; - Selantes de fossas e fissuras; - Reparos de restaurações de resina; - Restaurações tipo túnel; - Restaurações de lesões cervicais não-cariosas (LCNC). 3.2 NANOHÍBRIDAS São constituídas por partículas híbridas + nanométricas. • Indicações Pode ser usada em dentes anteriores e posteriores. 4. NANOPARTÍCULAS - São compostas somente por partículas nanométricas; - Sua carga é composta por sílica e zircônia; - Possui excelente polimento; - Possui lisura superficial; - Proporciona manutenção de brilho. • Indicações Pode ser usada em dentes anteriores e posteriores. ➳Sequência clínica 1º. Profilaxia - Pedra pomes ou pasta profilática + água. Obs: a pasta profilática só poderá ser usada se não houver óleo em sua composição, pois o óleo impede a adesão da resina. 2º. Seleção da cor Hurian Machado – Odontologia UNIG 18 3º Condicionamento ácido - Faz a limpeza da superfície; - Abre os poros do esmalte (microporosidades); - Aumenta a energia de superfície; - Em esmalte, a superfície se torna esbranquiçada após o condicionamento ácido; - Permite maior molhamento e melhor escoamento do adesivo; - Normalmente utiliza-se o ácido fosfórico de 30 a 50% de 15 a 30s dependendo do substrato. Obs: o condicionamento ácido aumenta a energia de superfície do esmalte e da dentina para que o adesivo tenha um bom molhamento e um baixo ângulo de contato. 4º Aplicação do adesivo - O Adesivo promove a adesão entre o material restaurador e o substrato dental; - É aplicado com microbrush; -Deve-se fotopolimerizar o adesivo por aproximadamente 20s. • TAG - São prolongamentos do adesivo pelos microporos do esmalte e da dentina formados pelo ácido fosfórico após condicionamento ácido. Estes prolongamentos proporcionam adesão ao material restaurador. 5º Inserção da resina composta - A resina deve ser inserida na cavidade em pequenos incrementos; - Deve-se fazer a escultura e fotopolimerizar incremento por incremento; - Após 10 minutos a resina sofre contração criando GPA’s. Ao entrar em contato com a saliva, a resina sofre expansão higroscópica, fechando esses GAP’s; - Não é recomendado fazer o acabamento na mesma sessão devido a necessidade de fechar os GAP’s que se formam, pois pode penetrar resíduos nestes GAP’s durante o acabamento e polimento, o que impede seu fechamento total, podendo causar manchamento e infiltração na restauração; - O ideal é que o acabamento seja feito após 7 a 14 dias. Figura 11.. Resina composta sendo inserida em cavidade de classe II. Incremento por incremento sendo inserido e polimerizado. Aula 6 Amálgama de Prata Por definição, o amálgama é uma liga de prata que contém mercúrio. O mercúrio é líquido em temperaturaambiente, podendo dissolver diferentes metais e com eles reagir para formar ligas. Quando as partículas metálicas são misturadas com mercúrio, a porção externa das partículas é dissolvida. Ao mesmo tempo, o mercúrio se difunde para o interior das partículas metálicas. Quando a solubilidade do metal no mercúrio é excedida, cristais de compostos contendo mercúrio começam a precipitar. Durante esse estágio da reação, as partículas metálicas coexistem com o mercúrio líquido, conferindo uma consistência plástica a massa. Isso significa que a mistura pode ser adaptada a qualquer formato usando uma pressão leve. Conforme o conteúdo de mercúrio na massa diminui pela formação de preciptados, a mistura vai endurecendo. Esse processo de endurecimento é chamado de amalgamação. O amálgama de prata vem sendo amplamente utilizado como material restaurador desde o século XIX. ➳Indicações - Restaurações diretas somente em dentes posteriores a partir do 2º PM. ➳Vantagens - Alta resistência à compressão; - Insolúvel no meio bucal; - Boa adaptação; Hurian Machado – Odontologia UNIG 19 - Auto-selante (óxido e cloreto de estanho – forma essas substâncias ao redor da restauração); - Fácil manipulação. ➳Desvantagens - Anti-estético devido a cor prateada; - Bom condutor térmico; - Sujeito ao escurecimento e a corrente galvânica (metais diferentes + meio úmido – por isso pode dar “choque”). ➳Composição da Liga - Ag (67-70%); - Sn (25-27%); - Cu (6-30%); - Zn (até 2%); - Au e In (pequenas concentrações). ➳Classificação da Liga 1. QUANTO AO CONTEÚDO DE COBRE 1. Convencionais – 6%; 2. Alto teor de cobre - ¨6 a 30%. 2. QUANTO À FORMA DAS PARTÍCULAS 1. Partículas de limalha; 2. Partículas ssferoidais; 3. Dispersa (são as melhores – limalha + esferoidal). ➳Reação de Cristalização 1. LIGAS CONVENCIONAS Ag3Sn + Hg → Ag2Hg3 + Sn7Hg + Ag3Sn γ γ1 γ2 γ Obs: a fase γ é a melhor. • Fase γ2 - É a parte ruim da amálgama; - Frágil; - Baixa resistência a compressão; - Dureza; - Grande escoamento; - Susceptível à corrosão, fratura e envelhecimento; - Deflexão das bordas. Desenhos esquemáticos que ilustram a sequência de desenvolvimento da microestrutura do amálgama quando partículas convencionais em forma de limalha são misturadas ao mercúrio. A) Dissolução da prata e estanho no mercúrio; B) Preciptação de cristais de γ1 no mercúrio; C) Consumo do mercúrio restante pelo crescimento de cristais de γ1 e γ2. Figura 12. Possível caminho de uma corrente galvânica na boca. Hurian Machado – Odontologia UNIG 20 2. LIGA DE ALTO TEOR DE COBRE Ag3Sn + AgCu + Hg → Ag2Hg3 + Sn7Hg + Ag3Sn γ ↑eutético Sn7Hg + AgCu → Cu6Sn5 + Ag2Hg3 γ2 ↑Liga eutética ↑η γ1 Obs: não tem fase γ2 nas ligas de alto teor de cobre devido ao eutético Ag-Cu. O Sn tem mais afinidade com o Cu, logo, ele deixa o Hg para se ligar ao Cu formando a fase η. ➳Propriedades 1. CONTRAÇÃO INICIAL Dissolução do Hg nas partículas da liga. 2. EXPANSÃO Formação de γ1 e γ2 cristalizam e se empurram. Máximo permitido 0,1%. 3. EXPANSÃO TARDIA Ocorre de 3-5 dias depois, devido a algum erro durante a trituração ou condensação e o Zn que está presente em mais de 2% (alta concentração) entra em contato com a umidade formando o óxido de zinco (ZnO) e deixando o hidrogênio livre que ficará aprisionado causando dor. Zn + H2O → ZnO + H2 ➳Propriedades Mecânicas 1. RESISTÊNCIA A COMPRESSÃO - Após 1h é inerente ao mensurado (ainda não tem resistência); - Após 24h: adquire certa resistência. - 7 dias: adquire resistência máxima. - O polimento só será dado após 7 dias, pois antes disso a amálgama não atinge sua resistência máxima. 2. ESCOAMENTO/CREEP Deformação contínua por força compressiva, mesmo após endurecimento (capacidade de se deformar pelo próprio peso). Especificação nº 1 ADA: abaixo de 3%. ➳Sucesso Clínico - 60% devido ao preparo cavitário incorreto; - São necessárias retenções mecânicas pois a - amálgama não é adesiva. - 40% preparo incorreto do material. ➳Manipulação 1. SELEÇÃO DA LIGA - Alto teor de cobre; - Em cápsulas; - Cor das cápsulas: indica a presa (rápida/lenta) e porções da liga. • Cápsulas Pré-Pesadas - Com ou sem pistilo; - Variações: nº de porções, tempo de presa e tipo de partículas. 2. TRITURAÇÃO - Remover a camada de óxidos, promovendo maior contato entre a liga e o mercúrio. - Massa coesa/ mistura plástica. • Trituração Mecânica - Uso de amalgamadores (possibilidade de uso de qualquer tipo de liga/cápsulas) ou trituradores; - Menor contato com o mercúrio; - Facilidade de manipulação. Hurian Machado – Odontologia UNIG 21 3. Inserção - Mistura plástica (no pote dapping); - Deve ser feita em vários incrementos; - Uso de porta amálgama metálico, plástico, reto, curvo e de tamanhos variados. 4. Condensação - Compactar a mistura na cavidade preparada; - Diminui a porosidade. • Instrumental - Condensador/Calcador de diferentes diâmetros; - Recomenda-se começar a condensação com o condensador de ponta ativa maior (do maior para o menor); 5. Brunidura Pré-Escultura - Diminui o conteúdo de Hg residual; - Melhora a adaptação marginal; - Proporciona superfície lisa. • Instrumental - Brunidores nº 29 e 33. 6. Escultura - Sua finalidade é reproduzir os detalhes anatômicos; - Restabelecer a oclusão; - Remover excessos; - Promover ponto de contato adequado. • Instrumental - Clavident; - Esculpidor hollemback. 7. Brunidura Pós-Escultura Processo feito para melhorar a restauração. 8. Ajuste Oclusal Só é feito se necessário; O paciente ocluir e abrir a boca. Onde estiver brilhando deverá ser feito o ajuste (é onde está “alto”). 9. Acabamento e Polimento Processo que continua os objetivos da escultura removendo os excessos do material e dando polimento/brilho. Obs: o polimento sempre deve ser feito refrigerado, pois por ser uma liga metálica, a amálgama esquenta, podendo levar a uma necrose. • Instrumental - Pastas; - Borrachas abrasivas; - Disco de feltro; - Deve-se fazer movimentos intermitentes Figura 13. A) Restauração de amálgama logo após escultura; B) Restauração após polimento. Hurian Machado – Odontologia UNIG 22 Aula 7 Gessos Odontológicos Os gessos são pós insípidos de diversas cores obtidos através da gipsita (sulfato de cálcio diidratado), que é um mineral natural. Após sua trituração, a indústria expõe a gipsita ao calor, ou seja, calcina este mineral. Após a exposição ao calor, a água evapora, resultando no sulfato de cálcio hemi-hidratado. Isto é uma reação endotérmica. Propriedades dos Gessos 1. Estabilidade dimensional: o gesso não pode se expandir ou se contrair para que não se perca as dimensões da boca do paciente. 2. Capacidade de reprodução de detalhes: após ser vazado, o modelo deve reproduzir todos os detalhes. 3. Resistência a abrasão/desgaste; 4. Compatibilidade com os materiais de moldagem: deve haver essa compatibilidade para que não haja reações e consequentemente alterações. Tipos de Gesso Os vários tipos de gessos são obtidos através da variação de calor no momento de sua fabricação. 1. GESSO COMUM (TIPO II) -Seus cristais são irregulares, esponjosos, grandes e isso gera dificuldade de compactação; -Requer maior quantidade de água devido às características dos seus cristais; -Usado para modelo de estudo e mufla; -Possui cor branca; -Produzido em forno aberto a 120°/130°; - Sua relação água/pó é alta: se a relação água pó for alta, o gesso será fraco pois demanda grande quantidade de água. Não terá resistênciaa abrasão, formará muita bolha e sua precisão não será boa. 2. GESSO PEDRA (TIPO III) - Produzido na autoclave a 120°/130°; - Seus cristais são menos porosos e mais uniformes; - É mais resistente que o gesso comum; - Utiliza menos água; - Usado para bases e modelos de trabalho como moldeiras de clareamento, aparelho móvel, placa miorrelaxante; - Suas cores são variadas; - Possui melhores propriedades que o gesso tipo II e sua relação água/pó é média. 3. GESSO PEDRA DE ALTA RESISTÊNCIA (TIPO IV) - A gipsita é colocada em uma solução de cloreto de sódio a 30% pois suas propriedades melhoram quando associadas a essa solução; -Seus cristais são lisos, cuboides, compactados e são menos porosos; - Usado para trabalhos de precisão como pontes fixas e coroas; - Suas cores são variadas; - Sua relação água/pó é baixa, ou seja, sua secagem é mais rápida pois usa-se menos água e a probabilidade de bolha diminui; - Produzido na autoclave. 4. GESSO PEDRA DE ALTA RESISTÊNCIA E ALTA EXPANSÃO (TIPO V) - Compensa a contração de solidificação das ligas metálicas; -Todo metal ao se solidificar sofre contração. Neste caso o metal se contrai e o gesso se expande; - Usado para obtenção de troqueis (modelos unitários); - Produzido na autoclave. 5. GESSO SINTÉTICO - Não é obtido através da gipsita. É um substrato do ácido fosfórico.; Hurian Machado – Odontologia UNIG 23 - Possui propriedades semelhantes aos derivados de gipsita; - É um gesso mais caro. Reação de Presa A reação de presa é uma reação exotérmica, ou seja, libera calor. Água + Pó → Mistura Fluida → Saturação → Preciptação Hemi-drato → água → Diidrato • Tempo de Presa Inicial - Intervalo de tempo até a massa recém espatulada não poder ser mais vazada pois começa a endurecer/cristalizar; - É igual ao tempo de trabalho (8-16min dependendo do tipo de gesso); - Clinicamente ocorre a perda de brilho; - A massa ainda não possui resistência a compressão pois no tempo de presa inicial o gesso ainda não está rígido, ou seja, não pode trabalhar com ele. • Tempo de Presa Final - Completa conversão do hemi-hidrato em diidrato; - O modelo estará completamente rígido após 45- 60 min; - Fase onde ocorre a separação molde modelo; - Clinicamente ocorre a dissipação de calor. Fatores que influenciam o tempo de presa dos gessos odontológicos • Alteração da relação água pó Quanto mais água, maior o tempo de presa; quanto menos água, menor o tempo de presa. • Espatulação - Quanto maior e mais rápida, diminui o tempo de presa; - Quanto maior o número de núcleos de cristalização, mais rapidamente o gesso endurece. - Quando há muita água, há a menor formação dos núcleos de cristalização. E se há menor número de núcleos de cristalização, o tempo de presa será maior e haverá também menos resistência. • Temperatura da Água - A temperatura da água pode ser alterada sem que haja modificação nas propriedades do gesso; - Quando a temperatura da água é maior, menor será o tempo de presa. • Retardadores - Os retardadores são usados para retardar o tempo de presa (cola, gelatina, borax); - Eles diminuem a solubilidade do hemi-hidrato pois formam uma película em volta dos cristais. • Aceleradores - Aumentam a velocidade de dissolução dos cristais (aceleram o tempo de presa); - O mais comum é o sal de cozinha, porém causa alterações nas propriedades do gesso diminuindo então sua resistência. • Terra Alba - São resíduos de recortes de modelo; -Diminui o tempo de presa sem alterar as propriedades do gesso; - Faz com que o gesso endureça mais rapidamente pois já existe diidrato em sua composição. Propriedades dos Gessos • Expansão de Presa - O gesso sofre expansão pois quando acontece a mistura do hemi-hidrato com a água, inicia-se a formação do diidrato fazendo com que haja expansão; -Pode acontecer de forma normal ou linear (química) ou higroscópica (física). Hurian Machado – Odontologia UNIG 24 Figura 14. Manipulação manual. • Resistência a Compressão - Gesso Comum (tipo II) – Menor; - Gesso Pedra (tipo III) – Média; - Gesso Tipo IV – Maior (porém menor que o tipo V); - Gesso Tipo V – Maior ainda que o tipo IV. Obtenção de Modelos 1. PROPORCIONAMENTO - Gesso Comum (tipo II) – 50 ml/100g; - Gesso Pedra (tipo III) – 30ml/100g; - Gesso Tipo IV – 20/24ml/100g; - Gesso Tipo V – 19/21ml/100g. 2. MANIPULAÇÃO Pode ser manual ou mecânica. • Instrumentos - Cuba lisa de borracha, flexível; - Espátula para gesso com lâmina resistente de aço e ponto arredondada. 1. Colocar primeiro a água na cuba; 2. Aspergir o pó sobre a água até saturar. Deve-se aspergir/pulverizar para que não oclua ar; 3. A espatulação é feita mais ou menos dentro de 1 min, deve-se comprimir a mistura na parede da cuba para quebrar os cristais e formar os núcleos de cristalização. Ao final esta mistura deve estar fluida. Cuba: gira no sentido anti-horário; Espátula: gira no sentido horário. 4. Vibração: sua finalidade é eliminar o ar. 5. Vazamento: da região posterior até a anterior no molde; 6. Separação Molde-Modelo: retirar no sentido antero-posterior. Referências • Anusavice KJ. Materiais Dentários. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1998, 10 ed., cap. 9: Produtos à base de gesso, p. 111-124. • Craig RG, Powers JM. Materiais Dentários Restauradores. São Paulo: Santos, 2004. Cap 13: Produtos de gesso e revestimentos, p. 391-421. • JÚNIOR, João Galan. Materiais dentários: o essencial para o estudante e o clínico geral. Santos, 1999. • NOORT, Van. Introdução aos materiais dentários 3a edição. Elsevier Brasil, 2009. • CHAIN, Marcelo Carvalho. Materiais Dentários: Série Abeno: Odontologia Essencial-Parte Clínica. Artes Médicas Editora, 2013. • Material de apoio cedido pela professora da disciplina. Recado para você que adquiriu essa apostila: Caso tenha alguma dúvida, entre em contato comigo ou tire essa dúvida com algum professor. Talvez possa ter coisas diferentes da forma que você aprendeu, mas isso não quer dizer necessariamente que eu ou você estejamos errados. Professores e autores têm diferentes pontos de vista as vezes. Essa apostila não pode ser vendida por terceiros e nem plagiada. Plágio é crime de violação aos direitos autorais no Art. 184. Obrigado e bons estudos! J • E-mail p/ contato: hurianmachado@hotmail.com Ah, se por acaso você postar algum story no Instagram estudando por essa apostila, me marca para que eu reposte :) • Instagram: @DOUTOR_SORRISO Figura 15. Espátula para gesso. Figura 16. Cuba de borracha.
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