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1-Principios da MFC- Mari

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Aula 1- Princípios da Medicina de Família e Comunidade
· A medicina de família e comunidade (MFC) é a especialidade médica que presta assistência à saúde, de forma continuada, integral e abrangente, às pessoas, às suas famílias e à comunidade.
· Se distingue por conhecer as pessoas intimamente ao longo do tempo e de compartilhar sua confiança, respeito e amizade, bem como por fornecer cuidados a uma população indiferenciada por idade, gênero, doença ou sistema de órgãos.
· É uma especialidade médica que atua, fundamentalmente, no nível primário da atenção à saúde.
· A aplicação, na prática, dos conhecimentos do MFC é o resultado de seus valores e atitudes.
· O MFC funciona como um generalista que aceita todas as pessoas que o procuram, ao passo que outros prestadores de cuidados de saúde limitam o acesso aos seus serviços com base em idade, sexo ou diagnóstico.
· É clinicamente competente para prestar a maior parte dos seus cuidados, levando em consideração o pano de fundo cultural, socioeconômico e psicológico. 
· Competências: saber lidar com as diversidades (perfis diferentes, opiniões diferentes); ser responsável e coordenador do cuidado (cuidado não tem início e fim. Ex: adolescente gravida; fortalece vinculo medico-pessoa); e se envolver com a família toda, envolvendo-a com o plano terapêutico, dividindo responsabilidades, etc. 
· APS: Os cuidados primários de saúde são cuidados essenciais de saúde com base em métodos e tecnologias práticas. Representam o primeiro nível de contato dos indivíduos, da família e da comunidade com o sistema nacional de saúde, pelo qual os cuidados de saúde são levados o mais proximamente possível aos lugares onde pessoas vivem e trabalham. Constituem o primeiro elemento de um continuado processo de assistência à saúde. 
· O médico de família e comunidade é o profissional médico com vocação e formação específica para prestar cuidados na APS, ou seja, é especialista em manejar os problemas de saúde mais frequentes que acometem a população sob sua responsabilidade.
· As obrigações e os objetivos da prática de todo médico de família e comunidade envolvem dois elementos conflitantes, porém essenciais: identificar e resolver os problemas de saúde de cada pessoa individualmente e prestar um cuidado médico efetivo para a comunidade como um todo.
· MFC X OUTROS ESPECIALISTAS 
1. A primeira característica refere-se ao foco na prática, que, para o MFC, é na pessoa em sua integralidade, e não apenas na doença que ela traz. 
2. A segunda característica é a continuidade dos cuidados que o MFC presta às pessoas ao longo da vida, com repetidos contatos (longitudinalidade), levando à construção de um conhecimento particular sobre as pessoas, sem deixar de ver os aspectos de seu universo.
3. 
4. A terceira e a quarta características se relacionam com o estilo diagnóstico e a classificação diagnóstica dos problemas de saúde, pois a demanda do MFC apresenta-se em seus formatos iniciais por meio de queixas ou problemas de saúde na maioria das vezes inespecíficos, caracterizando sua atuação pela geração e pelo teste de hipóteses diagnóstica, classificando-as de modo pouco específico, o que faz a pessoa necessitar de repetidos contatos. 
5. A quinta característica tem relação com o momento da história natural das doenças, em que o MFC entra em contato com as pessoas, vendo os problemas em seu início e ainda pouco definidos, o que exige raciocínio clínico apurado e estratégias de abordagem diferentes dos demais especialistas, que em geral recebem as pessoas com quadros mais definidos ou mesmo já diagnosticadas. É importante o uso do tempo como elemento diagnóstico. Aqui também surge um novo fator, pois o médico de família e comunidade deve estar alerta e ser capaz de identificar precocemente sinais daquelas situações que exigem intervenção imediata ou que trazem risco de morte.
· Portanto, diferentemente de outras especialidades médicas, a MFC não se explica e se aplica apenas mediante atividades e procedimentos que desenvolve. É necessário que o médico de família possua uma base de conhecimentos à qual possa recorrer e que reflita sua prática diária, para que, mediante as situações do dia a dia, possa fazer uso desses princípios, a fim de melhor realizar suas intervenções no cuidado às pessoas.
· PRINCÍPIOS 
1. CLÍNICO QUALIFICADO 
· O MFC deve ser competente no método clínico centrado na pessoa ao receber aqueles que buscam ajuda, devendo investigar suas queixas de maneira integrada, sensível e apropriada, demonstrando empatia e harmonizando a relação clínica. É essencial ser um especialista em conhecer profundamente os problemas de saúde que mais frequentemente acometem as pessoas no cenário da APS.
· O médico de família e comunidade precisa desenvolver uma compreensão acerca da experiência da pessoa sobre a doença, particularmente suas ideias, sentimentos e expectativas sobre o que está acontecendo com ela, e identificar que pode haver impacto da doença na sua vida pessoal, familiar, profissional e social.
· Procurar entender os reais motivos da vinda das pessoas à consulta, utilizando a anamnese como ferramenta tecnológica que permite obter a maioria das informações necessárias ao manejo do caso, é atribuição do médico de família e comunidade.
· Deve ter sua prática clínica baseada no melhor conhecimento científico existente, mas saber adaptar esse conhecimento à sua realidade de atuação e às necessidades e condições de cada uma das pessoas que atende.
2. COMUNIDADE 
· A prática do MFC é influenciada por fatores da comunidade em que atua, o que determina que deva ser capaz de responder às necessidades das pessoas, corresponder às mudanças nessas necessidades, adaptando-se rapidamente às alterações na situação de saúde, e referenciá-las para os recursos apropriados às suas condições de saúde. Portanto, o MFC deve conhecer bem a ecologia da saúde de sua população, dominando com habilidade os problemas mais frequentes.
· O MFC deve saber lidar com doenças crônicas, problemas emocionais, distúrbios agudos, fase final de um paciente, entre outros, sempre procurando reforçar o vínculo e possibilitar uma prevenção oportunista.
· Na prática do médico de família e comunidade, os problemas de saúde costumam apresentar-se de forma inicial, parcial, indiferenciada e evolutiva. Em geral, utilizar o conhecimento e a experiência prévia de situações semelhantes e usar o tempo e as consultas frequentes como recurso diagnóstico melhoram o manejo, fazem a pessoa sentir-se protegida, demonstram o interesse do médico, reduzem a solicitação de exames e evitam a utilização de medicamentos, especialmente antibióticos.
· O MFC se vê como parte de uma rede de prestadores de cuidados à saúde da população e está habilitado para colaborar como membro ou coordenador de equipe. Ele utiliza os recursos desta e da comunidade e referência para outros especialistas criteriosamente. O uso adequado do referenciamento é essencial: caso referencie indiscriminadamente qualquer problema, ele congestionará o sistema de saúde; caso não referencie as pessoas, elas podem deixar de receber cuidados de que necessitam. Mesmo não dispondo do recurso, o médico de família deve informar à pessoa qual exame, procedimento, medicamento ou conduta seria mais indicado naquela situação. Essas situações devem ser acompanhadas pelo médico de família, que continuará vinculado à pessoa, sem que haja transferência da responsabilidade.
3. POPULAÇÃO DEFINIDA 
· O MFC é o acesso das pessoas ao sistema de saúde, devendo ter uma população adequada, sob seus cuidados, da qual possa “dar conta”.
· Não existe consenso sobre qual é o número ideal, mas estima-se que deva ficar entre 1.800 e 2.200 pessoas, o que lhe permitiria manter sua resolubilidade e disponibilidade idealmente com as pessoas.
· A empatia, a harmonia (rapport) e a confiança são essenciais para que o médico de família alcance resultados em suas intervenções mediante as situações de doença e prevenção.
· Compete ao médico de família cuidar de pessoas de forma personalizada, mostrandocompaixão pelo seu desconforto, compartilhando seu sofrimento e entendendo o significado da doença para aquela pessoa, esforçando-se para sentir junto com ela. Assim, é possível humanizar os padrões de cuidado protocolares e tecnológicos dos dias atuais.
· O MFC vê sua população habitual como uma “população de risco” e organiza sua prática para assegurar que a saúde das pessoas seja mantida, quer venham ou não visitá-lo no consultório, devendo ser especialista nas pessoas e nos problemas de saúde dessa população. Deve estar disponível para as situações agudas ou casos urgentes, tendo claro que tais situações na APS não correspondem aos problemas e aos critérios de classificação de risco utilizados nas emergências e pronto atendimentos.
· Embora as condições, na maioria das vezes, não sejam favoráveis, sempre que possível o médico de família deve morar na área de abrangência de sua população. Essa proximidade, com regras de convívio estabelecidas, permite o melhor entendimento e a aproximação com estreitamento de vínculos, possibilitando que participe dos movimentos comunitários por qualidade de vida e promoção da saúde.
4. RELAÇÃO MÉDICO-PESSOA
· A relação do médico de família com cada pessoa sob seus cuidados deve ser caraterizada pela compaixão, compreensão e paciência, associada a uma elevada honestidade intelectual.
· O profissional deve saber abordar todos os problemas trazidos com a profundidade necessária, além de saber utilizar o humor, sendo capaz de transmitir à pessoa doente o que for fundamental para a sua recuperação.
· Deve levar em conta seu conhecimento acerca da personalidade das pessoas, proporcionando uma avaliação adequada aos sintomas que cada uma traz. A mesma queixa pode ter significados diferentes para pessoas diferentes, repercutindo no manejo a ser adotado: quais exames realizar, o quanto pode ser resultado do estilo de vida, personalidade e resposta em situações idênticas anteriores.
· Deve prestar cuidado continuado às pessoas, usando os contatos repetidos para construir seu relacionamento ao longo do tempo e para promover o poder curador de suas interações. A continuidade é fundamental e pode ser descrita em diversas dimensões: interpessoal, cronológica, demográfica (casa, hospital, trabalho), interdisciplinar (clínica, obstétrica, cirúrgica, psiquiátrica, etc.) e informativa (registro).
·  O médico de família e comunidade torna-se um defensor (advogado) da pessoa, de sua família e da comunidade.
· A visita domiciliar e a abordagem familiar são recursos de intervenção de que poucas especialidades ou disciplinas dispõem. Atender uma pessoa em sua casa proporciona informações diagnósticas, possibilita intervenções terapêuticas e fortalece o vínculo da relação clínica de uma forma especial e definitiva. Utilizar a família como fonte de informações ou recurso de intervenção é outro aspecto de excepcional resultado.
· FRASES DE CADA PRINCIPIO 
· Clinico qualificado: “Venho aqui porque você acerta comigo”
· Atuação na Comunidade: “Você me conhece, sabe onde moro e sabe dos meus problemas. Não preciso ficar contando tudo de novo cada vez que venho aqui”. (Mostra o cuidado continuo)
· População definida: “Fui atendido na emergência ontem à noite, mas vim aqui para saber sua opinião sobre o que aconteceu e sobre o que me orientaram fazer, afinal você é meu médico, e quero saber sua opinião”.
· Relação medico-pessoa: “Você é como parte da minha família. Com você, posso falar sobre qualquer coisa. Sinto-me bem conversando com você; só de lhe ver já melhoro”.

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