Buscar

DISPLASIA_ARTIGO_FINAL

Prévia do material em texto

10
FMU – FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA
DISPLASIA COXOFEMORAL 
Lais Machado
São Paulo
2020
SUMÁRIO
1.	INTRODUÇÃO	2
2.	REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 	2
 2.1 ETIOPATOGENIA 3
 2.2 DIAGNÓSTICO 4 
 2.3 TRATAMENTO 5 
3.	CONSIDERAÇÕES FINAIS	7
4.	REFERÊNCIAS 	8
1. INTRODUÇÃO
A displasia coxofemoral (DCF) é um desenvolvimento anormal das articulações coxofemorais, que pode acometer todas as raças, sobretudo as de porte grande e que apresenta desenvolvimento rápido. A transmissão dessa patologia (DCF) “é hereditária, recessiva, intermitente e poligênica” (SOMMER; FRATOCCHI, 1998, p. 36), ocasionando um grande número de ocorrências nas clínicas veterinárias, sendo a principal em casos ortopédicos (SCHMAEDECKE, 2004).
De acordo com pesquisas, sua primeira manifestação em cães remonta o ano de 1935. Outras espécies também já foram diagnosticadas, tais como gatos, bovinos, eqüinos, animais silvestres e até o homem. Mais implicados, os médicos veterinários estão familiarizados com exames radiográficos, considerando que “para se fazer uma boa avaliação são necessárias tomadas radiográficas corretas e alta qualidade técnica” (TÔRRES et al,1999 apud AGOSTINHO et al, 2010). 
Dentre as possibilidades de tratamento da DCF, estão: intervenção medicamentosa ou cirúrgica. Considerando que a primeira opção atuaria no mascaramento da dor, possibilitando ao animal preservar os seus movimentos articulares e evitando a evolução de doença articular degenerativa (DAD). Já no caso de procedimento cirúrgico, ele pode se apresentar do mais simples ao complexo (COSTA, 2003; SOMMER, 1998). 
A partir do que foi introduzido de maneira panorâmica, o trabalho abordará, no âmbito dos estudos em torno da displasia coxofemoral, aspectos referentes à sua etiopatogenia, técnicas específicas para um diagnóstico mais assertivo e o tratamento clínico ou cirúrgico mais apropriado.
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 
Segundo o levantamento bibliográfico realizado, em Marschall e Distl (2007 apud GENUÍNO, 2010) a displasia coxofemoral (DCF) aponta para o desenvolvimento irregular da articulação coxofemoral. Como consequência, observa-se o desequilíbrio entre o desenvolvimento ósseo e muscular, além de frouxidão articular e perda da congruência entre o acetábulo e a cabeça do fêmur. Agostinho et tal (2010) completam, ainda, que no avanço da doença, subluxação e luxação coxofemoral podem ser observadas.
De acordo com Wallace (1987 apud MOTA, 2009), as raças mais afetadas são, sobretudo as raças de médio, grande e porte gigante, dentre elas: Pastor Alemão, Fila Brasileiro, Rottweiler, Golden Retriever, Labrador Retriever, Boxer, Bulldogue e São Bernardo. É válido destacar, contudo, que animais de pequeno porte também podem DCF, ainda que seja em menor número e gravidade. 
Quanto aos sinais clínicos observados, há a recorrência da “claudicação uni ou bilateral, dorso arqueado, peso corporal deslocado em direção aos membros torácicos, com rotação lateral dos membros pélvicos e andar bamboleante” (WALLACE, 1987 apud MOTA, 2009).
2.1 ETIOPATOGENIA 
Na esteira de Sommer e Fratocchi (1998, p.36-37), a displasia coxofemoral é multifatorial,
hereditária, recessiva, intermitente e poligênica. Fatores nutricionais, biomecânicos e de meio ambiente [...], associados à hereditariedade, pioram a condição da displasia. Recomenda-se fundamentalmente evitar os traumas, sejam eles da obesidade, dos trabalhos precoces, dos exercícios forçados, dos locais escorregadios, etc. 
Conforme argumenta Tôrres (2000 apud ANDRADE, 2006. p. 7-8), a nutrição é o “principal fator que pode afetar a expressão genética da displasia e a ingestão de alimentos deve ser devidamente balanceada e restrita”. A dieta rica em proteina, calcio e fósforo, ou seja, de alta densidade energética, ingerida por cães em crescimento de maneira excessiva, pode acarretar problemas ósseos e articulares. Sendo elas: “coxa valga, além de, osteodistrofia hipertrófica, osteocondrose dissecante, espondilomielopatia cervical caudal (wobbler) e enostose” (TÔRRES 2000 apud ANDRADE, 2006. p. 7-8).
Assumindo a ausência de uma definição apropriada para a origem genética, aponta-se que o “modelo de herança parece ser poligênico, não seguindo as leis mendelianas básicas, onde múltiplos fatores podem influenciar ou modificar sua manifestação genética (CHIARATTI, 2008 apud LUST et al, 1985; BRASS, 1989; FRIES; REMEDIOS, 1995). 
Por último, após atentarmos a questões de ordem nutricional e genética, deve-se levar em conta que a displasia também pode ser considerada “uma má formação biomecânica, resultante de uma disparidade entre o desenvolvimento da massa muscular pélvica e o rápido crescimento do esqueleto” (SOMMER; FRATOCCHI, 1998, p. 36-37). 
2.2 DIAGNÓSTICO 
O diagnóstico presumível costuma se iniciar na anamnese e no exame clínico, levantando dados referentes ao histórico do animal, além da observação dos sinais apresentados por ele durante a andadura. Existem testes que podem ser realizados ambulatorialmente, como o da estação bípede, no qual o cão é convidado a apoiar-se nos membros pélvicos e é segurado pelos membros torácicos. Quando há um quadro de normalidade, o animal é capaz de ficar na posição sem demonstrar desconforto (SOUZA; TUDURY, 2003 apud MOTA, 2009).
Conforme sinaliza Fossum (2005), o exame físico, através da extensão, flexão, abdução e adução da articulação do quadril requer anestesia geral, já que procedimentos de movimentação causam dor ao animal enfermo. A considerar o sinal de Ortolani, é possível perceber um estalo provocado pelo retorno da cabeça do fêmur luxada ao acetábulo (SOUZA; TUDURY, 2003 apud MOTA, 2009).
No entanto, o diagnóstico conclusivo deve ser realizado através de laudo do exame radiográfico da articulação coxofemoral e também de exames complementares como a ressonância magnética (SLATTER, 1998 apud MOTA, 2009). No caso do exame radiográfico, os cães são posicionados em decúbito dorsal com os membros posteriores estendidos, os fêmures paralelos em relação à pelve e a coluna vertebral (VIEIRA et al, 2010). 
Consoante à pesquisa de Froes (et al, 2009), as radiografias caracterizam-se pelo arrasamento do acetábulo, alteração da cabeça do fêmur, subluxação ou luxação coxofemoral. Adota-se o resultado positivo quando a cabeça do fêmur ajusta-se inadequadamente ao acetábulo. Parâmetros como o método do ângulo de Norberg e PinnHip são lançados para avaliar as imagens colhidas (ALBERTI et tal, 2017).
Há de se destacar que a displasia é mais perceptível a partir dos doze meses. Alguns teóricos recomendam que o diagnóstico confirmatório de DCF seja feito aos vinte e quatro meses de idade do animal (LUST et. al., 1985; BRASS, 1989; ROCHA, et.al; 2008 apud ALBERTI et tal, 2017). O quanto antes esse diagnóstico for estabelecido, maiores são as chances de aplicar um tratamento, o que já teria consequências negativas, caso o paciente seja senil (ALBERTI et tal, 2017).
Ainda, existem cães assintomáticos, isso acontece por que as alterações ósseas desaparecem com a maturidade esquelética. Outros que são apenas portadores da displasia e não apresentam dor. Estes apenas são diagnosticados, também, através do exame radiográfico (GEROSA, 1995 apud AGOSTINHO et al., 2010).
Além dos exames mencionados, outras opções vêm sendo exploradas no campo das pesquisas científicas, como ultrassonografia e tomografia computadorizada. No entanto, a utilização dos mesmos na rotina clínica é pouco difundida (SMITH,1997 apud GENUÍNO, 2010). 
2.3 TRATAMENTO 
Até o momento desta pesquisa, não foram encontradas constatações a respeito de uma cura para a DCF. Sendo assim, os tratamentos aplicados objetivam minimizar a dor e proporcionar melhor qualidade de vida para o animal enfermo(AGOSTINHO et al., 2010).
O tratamento clínico (conservador) é recomendado para animais que apresentam dor aparente ou déficits neurológicos discretos. Seus princípios são: “cuidados auxiliares, restrição da atividade física, e o uso cauteloso de medicamentos anti inflamatórios ou miorrelaxantes para o controle da dor e da hiperestesia” (BRINKER, 1999 apud AGOSTINHO, 2010, p.16 ).
O uso de medicamentos antiinflamatórios não esteroidais (AINEs) faz parte desta abordagem terapêutica. Com o papel de analgesia e redução da dor articular, muitos desses medicamentos operam efeito colateral de irritação do trato gastrointestinal. Ainda, os AINEs podem “suprimir a síntese de proteoglicanos na matriz da cartilagem articular, podendo acentuar a destruição da matriz cartilaginosa” (SLATTER, 1998; FOSSUM, 2005 apud MOTA, 2009, p.17-18 ).
O método mencionado anteriormente costuma ser indicado aos proprietários que, por alguma razão, não possuem acesso a procedimentos cirúrgicos ou quando as chances de recuperação pós-cirúrgica são baixas. 
Mota (2009) completa que o tratamento com medicação homeopática é uma terapêutica conservadora, por suprimir a dor articular que o paciente apresenta. Algumas ações podem ser benéficas para a manutenção ou recuperação da musculatura afetada. Exercícios de baixo impacto como a natação e a fisioterapia passiva, com massagem, exercícios de extensão e flexão são alguns deles.
Importante frisar que o uso contínuo da medicação homeopática não apresenta contra-indicações, ao contrário dos AINEs, que se utilizados por longo período, podem produzir lesões graves, em relação à terapêutica convencional. Por ser de baixo custo, a opção homeopática torna-se acessível a qualquer proprietário.
Já o tratamento cirúrgico, também conforme Mota (2009), costuma ser indicado para animais que não respondem aos tratamentos conservadores e que apontam chances promissoras de recuperação da articulação afetada. Excisão da Cabeça e Colo Femorais e Substituição Total da Articulação Coxofemoral são alguns dos procedimentos possíveis. Em casos de gravidade mais acentuada, “pode ser implantada, dentre outras possibilidades, uma prótese total da articulação prejudicada ou, em casos extremos, a amputação da cabeça do fêmur” (SILVA et al, 2009, p.2) 
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS 	
Nota-se que tem sido dispensada uma grande atenção aos estudos relacionados à displasia coxofemoral, com propostas de atualizações, por parte dos profissionais da área, ambicionando melhores alternativas aos nossos animais, sobretudo aqueles com potencial reprodutivo.
O exame radiográfico da articulação coxofemoral foi mencionado no presente artigo como essencial no diagnóstico, a fim de controlar o problema e tratar os sintomas constatados. Este controle também pode ser feito por meio da seleção de animais para acasalamento, que deve dar preferência para os considerados normais. 
Assumindo que a desigualdade entre o crescimento da musculatura pélvica e o fêmur é uma das causas da DCF, deve-se considerar, também, fatores como o ambiente em que o animal vive, hereditariedade, exercícios físicos e alimentação. Além disso, ainda há outro aspecto de atenção: a ação de lesões primárias na musculatura e na cartilagem.
Por fim, quanto mais precoce for o diagnóstico atribuído, maiores são as chances de que o animal venha a desenvolver uma qualidade de vida satisfatória. 
4. REFERÊNCIAS
AGOSTINHO, I. C.; DUARTE, M. A.; CORREA, F. G. Displasia óssea - tratamentos e métodos radiográficos na incidência de displasia coxofemoral em cães. 2010. Disponível em http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/vsQ1EUHjXZMj4i0_2013-6-25-16-35-4.pdf . Acesso em: 13 de Maio, 2020.
ALBERTI, A.; FRANÇA, D.P de; PONTES, R.A.C.; SILVA, M.L da. A Importância do raios x para o diagnóstico de displasia coxofemoral. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Tecnologia em Radiologia) - Faculdades Ponta Grossa. XV Jornada Científica dos Campos Gerais. Disponível em: https://www.iessa.edu.br/revista/index.php/jornada/article/view/254. Acesso em: 17 de Maio. 2020.
ANDRADE, G. E. Displasia Coxofemoral. 50 Pág. Monografia (Trabalho de Conclusão de Curso) - Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná. Curitiba, Paraná, 2006.
BRASS, W. Hip dysplasia in dogs. Journal of Small Animal Practice, v.30, n.3, p.166-170, 1989. 
BRINKER, W.O.; PIERMATTEI, D.L.; FLO, G.L. A articulação coxofemoral. In: Manual de ortopedia e tratamento das fraturas de pequenos animais. 3. ed. São Paulo: Manole, 1999. 
COSTA, Jorge Luiz Oliveira. Acetabuloplastia extracapsular em cães com cartilagem auricular de bovino conservada com glicerina. 2003. xi, 84 f. Tese (doutorado) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, 2003. Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/101177>.Acesso em: 13 de maio. 2020. 
FOSSUM, T. W. et al. Cirurgia de pequenos animais. 2. ed. São Paulo: Roca, 2005.
FRIES, C.L., REMEDIOS, A. M. The pathogenesis and diagnosis of canine hip dysplasia: a review. Canadian Veterinary Journal, v.36, n.8, p.494-502, 1995. 
GENUINO, P.C. Parâmetros radiográficos de displasia coxofemoral na raça Rottweiler. 2010. Disponível em: file:///C:/Users/Ariane%20PC/Downloads/parametros_radiograficos_de_displasi displasia_coxofemoral_em_caes_da_raca_rot%20(1).pdf Acesso em 13 de Maio, 2020. 
LUST, G., RENDANO, U.T., SUMMERS, B.A. Canine hip dysplasia: concepts and diagnosis. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.187, p.638-640, 1985. 
MARSCHALL, Y.; DISTL, O. Mapping quantitative trait loci for canine hip dysplasia in German Shepherd dogs. Mam. Gen., v.18, p.861-870, 2007.
MOTA, M. G. B. A Homeopatia e a Displasia Coxofemoral em Cães. 2009. 50 f. Faculdade de Veterinária, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2009. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/22923. Acesso em: 15 de Maio. 2020.
ROCHA, F. P. C.; SILVA, D.; BENEDETTE, M. F., Et, al. Displasia coxofemoral em cães. 2008. Disponível em http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/3w06cWeAcFaNErX_2 013-6-14-10-15-11.pdf/ 
SCHMAEDECKE, A. Estudo quantitativo das fibras nervosas do periósteo acetabular em cães. 2004. 103f. Dissertação (Mestrado em Anatomia dos Animais Domésticos) - Programa de Pós-graduação em anatomia dos animais domésticos e silvestres, Universidade de São Paulo, SP.
SILVA, B. N. ; OLIVEIRA, W. N. K. ; PEREIRA, S. P. L. ; LIMA, E. F. S. ; RODRIGUES, T. M. L. ; FERREIRA, M. A. S. ; REGO, M. S. A. ; LIMA, E. R. . Displasia Coxofemoral em Cão: Relato de Caso. In: IX Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão da UFRPE/ Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, 2009, Recife. Anais da IX Jornada de Ensino, Pesquisa e Extensão da Universidade Federal Rural de Pernambuco / Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, 2009.
SLATTER, D. Manual de cirurgia de pequenos animais. 2. ed. São Paulo: Manole, 1998. 2v.
SMITH, G.K. Advances in diagnosing canine hip dysplasia. J. Ame.Vet. Med. Assoc,v. 210, p. 1451-1457, 1997.
SOMMER, E. L.; FRATOCCHI, C. L. G. Displasia Coxofemoral. Revista de Educação Continuada do CRMV-SP. São Paulo, fascículo 1, volume 1, p.031-035, 1998. 
SOUZA, A. F. de A.; TUDURY, E. A. Displasia coxofemoral: diagnóstico clínico e radiográfico – revisão. Revista Clinica Veterinária, São Paulo, Ano VII, n.47, p.54-66,nov./dez.2003.
TÔRRES, R.C.S.; FERREIRA, P.M.; ARAÚJO, R.B., MARTINS, A.S. Presença de "Linha Morgan" como indicador de displasia coxofemoral em cães da Raça Pastor Alemão. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia., v.51, n.2, p.157-158, 1999. 
TORRES, R.C.S. Displasia coxofemoral em cães parte I – Etiopatogenia. Revista CFMV - Suplemento técnico n.21, Set/Out/Nov/Dez - 2000. Disponível em:http://www.cfmv.org.br/menu_revista/revistas/rev21/tecnico3.htm#Displasia. Acesso em: 15 de Maio. 2020.
WALLACE,L.J. Canine hip dysplasia:past and presente. Seminars in Veterinary Medicine and Surgery (Small Animal). v.2,n.2,p.92-106, 1987.

Continue navegando