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DOS DEFEITOS DO NEGÓCIO JURÍDICO O erro, delo, coação, estado de perigo, lesão e fraude contra credores são defeitos do negócio jurídico e tornam anulável o negócio jurídico, o prazo decadencial para propositura da ação anulatória é de 4 (quatro) anos. ERRO (vício de consentimento) DOLO (vício de consentimento) COAÇÃO (vício de consentimento) ESTADO DE PERIGO (vício de consentimento) LESÃO (vício de consentimento) FRAUDE CONTRA CREDORES (vício social) “É a falsa idéia da realidade.”(CRG)A pessoa se “auto engana”. - Ignorância é o total desconhecimento da realidade. - O erro tem os mesmo efeitos da ignorância, o CC civil equiparou os dois. “É o induzimento malicioso de alguém à prática de um ato que lhe é prejudicial, mas proveitoso ao autor do dolo ou a terceiro”. (CRG) A pessoa é enganada por outrem. “É toda ameaça ou pressão exercida sobre um indivíduo para forçá-lo, contra a sua vontade, a praticar um ato ou realizar um negócio.” (CRG) A pessoa age obrigada por outrem. Art. 156. Configura-se o estado de perigo quando alguém, premido da necessidade de salvar-se, ou a pessoa de sua família, de grave dano conhecido pela outra parte, assume obrigação excessivamente onerosa Parágrafo único. Tratando-se de pessoa não pertencente à família do declarante, o juiz decidirá segundo as circunstâncias. Ocorre a lesão quando uma pessoa, sob premente necessidade, ou por inexperiência, se obriga a prestação manifestamente desproporcional ao valor da prestação oposta.(art. 157) “ Configura-se quando o devedor desfalca o seu patrimônio, a ponto de se tornar insolvente, com o intuito de prejudicar seus credores.” (CRG) Requisitos para anulação do negócio jurídico (cumulativos): O erro deve ser real, escusável (desculpável) e substancial (essencial). -Real: é o erro que causa o efetivo prejuízo. Se a pessoa soubesse, não teria firmado o negócio. Ex: erro sobre o ano de fabricação de um veículo (2008 ao invés de 2011); comprar um anel de prata achando que é de ouro branco; em ambos, se o adquirente soubesse não teria comprado; -escusável: é o erro justificável, não grosseiro, ou seja, qualquer pessoa no mesmo lugar teria errado. -Erro substancial é o que: (art. 139) a) interessa à natureza do negócio (error in negotio): é aquele em que uma da parte acredita estar realizando determinado negócio, mas não verdade é outro. Ex: a pessoa empresta uma coisa e a pessoa que recebe entende tratar-se de doação; a pessoa quer alugar e a outra entende que é venda à prazo; b) ao objeto principal da declaração(error in corpore): O erro recai sobre o objeto do negócio. Ex: a pessoa adquire um quadro de um pintor amador, achando que é de um famoso; c) alguma das qualidades essenciais do objeto( error in substantia ou error in qualitate): a pessoa realiza o negócio por acreditar que possui determinada qualidade, mas na verdade não. Ex: comprar um relógio dourado achando que é de outro, mas é apenas folhado. d) qualidades essenciais da pessoa (error in persona): Refere-se tanto a identidade quanto às qualidades da pessoa. É negócio jurídico intuito personae. Ex: doação a pessoa que acredita que salvou a sua vida, mas não verdade não foi. Ex. Deixa testamento em nome de pessoa que acredita se seu filho natural, mas não é. Art. 142. O erro de indicação da pessoa ou da coisa, a que se referir a declaração de vontade, não viciará o negócio quando, por seu contexto e pelas circunstâncias, se puder identificar a coisa ou pessoa cogitada. e) erro de direito (error júris) Embora o desconhecimento da lei não pode ser justificativa para o seu cumprimento. O Código civil, no artigo 139, III diz que pode ser argüida se não houver o propósito de descumprimento. Espécies: a) dolo principal (essencial) e dolo acidental - principal: qdo é a causa do negócio, se não fosse o induzimento o negócio não teria se realizado. (Art. 145) - acidental: quando, ainda assim, o negócio teria ocorrido, este não gera a anulação do negócio jurídico, mas apenas perdas e danos (art. 146) b) Dolus bonus ( (tolerável/inocente)e dolus manus - dolus bonus (Tb chamado tolerável, incocente): é tolerável, por esta razão não gera a anulação do negócio jurídico. É muito comum no comércio, onde é considerado normal o comerciante que exalta seu produto – dolus manus, ao contrário, causa anulação do ato, tendo em vista sua gravidade. Conforme intensidade, anula o negócio jurídico ou enseja perdas e danos. Cabe ao juiz a análise do caso concreto. c) dolo positivo ou comissivo e dolo negativo ou omissivo - positivo: ação dolosa; - negativo (omissão dolosa) : Conf. art. 147, o silêncio intencional de uma das partes a respeito de fato ou qualidade que a outra parte haja ignorado, constitui omissão dolosa, provando-se que sem ela o negócio não se teria celebrado. d) dolo unilateral e dolo bilateral (dolo de ambos/recíproco) - unilateral: é só de uma parte, é o mais comum. - bilateral: ambos agem com dolo, assim não cabe anulação do negócio jurídico, é como se um compensasse o outro, conf. Art. 150: Se ambas as partes procederem com dolo, nenhuma pode alegá-lo para anular o negócio, ou reclamar indenização. e) dolo da outra parte ou de terceiro; - dolo da outra parte: anula o negócio jurídico. - de terceiro só anula o ato se a parte que foi beneficiada sabia. Se a parte beneficiada não sabia, cabe apenas perdas e danos contra o terceiro. Ex. vendedor que esta em conluio com terceiro ou que presencia terceiro agindo maliciosamente e nada faz para proteger o cliente, aproveitando-se da situação. Art.. Pode também ser anulado o negócio jurídico por dolo de terceiro, se a parte a quem aproveite dele tivesse ou devesse ter conhecimento; em caso contrário, ainda que subsista o negócio jurídico, o terceiro responderá por todas as perdas e danos da parte a quem ludibriou. f) dolo da própria parte e dolo do representante. - Se do representante legal (ex. pais) só obriga o representado a responder até a importância do proveito que teve. Se do representante convencional, o representado responde solidariamente, por ter escolhido mal, conf. Art. 149. Lembrando que o representante age em nome do representando. Requisitos: a) deve ser a causa determinante: sem ela o negócio não se realizaria. b) deve ser grave: o critério não é do homem médio, mas o caso concreto (condições pessoais da pessoa, conf. Art. 152 No apreciar a coação, ter-se-ão em conta o sexo, a idade, a condição, a saúde, o temperamento do paciente e todas as demais circunstâncias que possam influir na gravidade dela. c) deve ser injusta (contrária ao direito ou abusiva) d) deve referir-se a dano atual ou iminente( prestes a acontecer) e) deve constituir ameaça de prejuízo à pessoa ou bens da vítima ou pessoa da família. (de acordo com o parágrafo único do art. 151, Se disser respeito a pessoa não pertencente à família do paciente, o juiz, com base nas circunstâncias, decidirá se houve coação. Espécies: a) absoluta ou física – vis absoluta e relativa ou moral – vis compulsiva -absoluta: emprego de força física, neste o negócio é INEXISTENTE, por ausência de manifestação total de vontade. Ex: agarrar um analfabeto e a força colocar as digitais dele em contrato. - relativa ou moral: esta é a coação que constitui vício de consentimento e torna anulável o negócio jurídico. Trata-se de grave ameaça, uma coação psicológica. Ex: apontar a arma para pessoa e exigir que entregue a bolsa para não perder a vida. c) da outra parte ou de terceiro - de terceiro: só acarreta a anulabilidade se a outra parte, beneficiada, a conhecia. Se não, cabe apenas pedido de perdas e danos contra o autor da coação e da outra parte. (art. 154) d) dolo principal ou dolo acidental: não esta na lei. É classificação da doutrina, segue a regra dos demais. Ou seja, se for o fator determinante da realização do negócio, anula (principal). Se, sem ela, ainda assim o negócio se realizaria, não anula, apenas obriga ao ressarcimento de perdas e danos (prejuízo). “Constituiestado de perigo, portanto, a situação de extrema necessidade que conduz uma pessoa a celebrar negócio jurídico em que assume obrigação desproporcional e excessiva.” Ex. pai que paga fortuna para pessoa salvar a vida do filho que esta se afogando; Ex: pessoa paga qualquer preço para livrar-se do naufrágio de navio; Ex: hospital que exige assinatura de nota promissória para realização de atendimento de paciente em emergência. Elementos: (art. 156) a) Situação de necessidade; b) iminência de perigo atual e grave; c) nexo de causalidade entre a declaração e o estado de perigo; d) ameaça do dano sobre a própria pessoa ou de sua família; e) conhecimento do perigo pela outra parte; f) assunção de obrigação excessivamente onerosa ou seja, assume obrigação excessivamente onerosa. Elementos : a) objetivo: desproporção e b) subjetivo inexperiência ou premente necessidade do lesado Efeitos: O Código Civil considera a lesão um vício de consentimento que torna anulável o negócio jurídico, porém com uma ressalva: Não se decretará a anulação se for oferecido suplemento suficiente ou se a parte favorecida concordar com a redução do proveito (art. 157, § 2º) Ou seja, o lesionado poderá optar pela anulação ou revisão. Enunciado 291, aprovado pela IV Jornada de Direito Civil organizada pelo Conselho da Justiça Federal: “pode o lesionado optar por não pleitear a anulação do negócio, deduzindo, desde logo, pretensão com vistas à revisão judicial do negócio por meio da redução do proveito do lesionador ou do complemento do preço.” Elementos: a) Objetivo: eventus damni: b) Subjetivo: consilium fraudis = conluio fraudulento - elemento subjetivo: consilium fraudis ou conluio fraudulento. O negócio somente será anulado se ficar provado que o terceiro adquirente tinha ciência da situação de insolvência do alienante. Do contrário, o adquirente de boa-fé ficará com o bem, o negócio não é anulado. Conf. Art. 159. Serão igualmente anuláveis os contratos onerosos do devedor insolvente, quando a insolvência for notória, ou houver motivo para ser conhecida do outro contratante. - elemento objetivo: é o eventus damni, que é o prejuízo decorrente da insolvência. O autor da ação deve provar, nas alienações onerosas, o eventus damni e o consilium fraudis. Hipóteses legais: Além das alienações onerosas, temos outras hipóteses de negócios jurídicos que podem ocorrer fraude. Vejamos: a) Nas transmissões a título gratuito, como ocorre na doação: o consilium fraudis é presumido, somente prova-se o eventus damni; b) remissão de dívida, significa perdão da dívida. Ou seja, se o devedor tem crédito a receber de terceiros e perdoa, ele estará prejudicando seus credores. c) Como visto, nas transmissões onerosas, deve ser provado o eventus damni e o consilium fraudis d) quando o devedor já insolvente paga a credor quirografário dívida ainda não vencida (art. 162); e) quando o devedor já insolvente concede garantias de dívidas a algum credor, colocando-o em posição mais vantajosa que os demais (art. 163). Ou seja, temos como hipóteses de fraude contra credores: - a transmissão gratuita de bens que conduzam o devedor à insolvência, pagamento antecipado de dívida não vencida; venda de bens a preço vil (muito abaixo do mercado) , venda de bens entre parentes, pois presume-se que tinham conhecimento do estado de insolvência do alienante. Ação Pauliana ou revocatória: É a ação cabível para anular as alienações ou concessões fraudulentas, determinando o retorno do bem ao patrimônio do devedor. Legitimidade ativa (art. 158): credores quirografários, credores que já o eram ao tempo da alienação fraudulenta; Legitimidade passiva: (art. 161): o devedor insolvente, o adquirente que com ele celebrou a estipulação fraudulenta, os terceiros adquirentes que hajam procedido de má-fé, se o bem alienado pelo devedor já houver sido transmitido a outrem. Erro acidental: é contrário do substancial e real, por esta razão não anula o negócio jurídico, pois mesmo que fosse conhecido, o negócio iria realizar-se. Ex: pessoa que compra um carro azul marinho achando que era preto; Ex: no art. 143 que diz que o erro de cálculo apenas autoriza a retificação da declaração de vontade. Requisitos: causa do ato, grave, injusta, dano atual/iminente, ameaça à pessoa, aos seus bens ou a pessoa de sua família. Enunciado 148 da III Jornada de Direito Civil, promovida pelo Conselho da Justiça Federal: “Ao estado de perigo (art.156) aplica-se, por analogia, o disposto no § 2º do art. 157” OBS: o enunciado em questão busca a conservação do negócio. Não será anulado se o valor da obrigação for igual ao praticado pelo mercado. Vício de consentimento. O negócio jurídico é anulável. Vício de consentimento. O negócio jurídico é anulável. Vício de consentimento. O negócio jurídico é anulável. Vício de consentimento. O negócio jurídico é anulável. Vício de consentimento. O negócio jurídico é anulável, desde verificado condições acima. Vício social. O negócio jurídico é anulável. REFERÊNCIAS: DINIZ, M. H. CURSO De Direito Civil Brasileiro: Teoria Geral do Direito Civil. 29. ed. Sao Paulo: Saraiva, 2012. GONCALVES, C. R. DIREITO Civil Brasileiro: Parte Geral. 10. ed. Sao Paulo: Saraiva, 2012. MONTEIRO, W. B.; PINTO, A. C. B. M. F. CURSO De Direito Civil: Parte Geral. 42. ed. Sao Paulo: Saraiva, 2009. 1
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