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FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO

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FORMAÇÃO, SUSPENSÃO E EXTINÇÃO DO PROCESSO
1. FORMAÇÃO DO PROCESSO
1.1. NOÇÕES GERAIS
	O nosso Código estipula um sistema de formação complexa, ou seja, o processo se forma por iniciativa da parte e, logo após, segue seu curso por impulso oficial do juiz.
	Isso significa que, como regra, o juiz não pode agir de ofício. Como o juiz é inerte, vale para as partes o chamado princípio dispositivo. A partir daí, cabe ao magistrado impulsionar o processo, evitando que ele fique paralisado e, com isso, seja comprometido o princípio da duração razoável do processo.
	Por uma questão de segurança das relações jurídicas, o Código precisa fixar um marco temporal, um momento a partir do qual oficialmente se considera proposta a ação. 
	Segundo o art. 312, CPC (“Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente citado”) o momento de formação do processo é o do protocolo da inicial.
	Isto é, o momento em que o advogado se dirige ao protocolo geral, apresenta a sua petição inicial, acompanhada de documentos, procuração e prova do pagamento das custas e despesas processuais (salvo a hipótese de justiça gratuita), e recebe a comprovação da distribuição.
	Naquele momento, o advogado saberá para qual juízo a sua inicial foi distribuída e, a partir daí, lá deverá acompanhar o andamento do processo.
	No entanto, os efeitos da propositura da demanda se produzem em momentos diversos, para o autor e réu.
	Para o autor, no momento do protocolo. 
	Para o réu, quando for validamente citado, observado o art. 240, CPC (“A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 (Código Civil”). Tais efeitos para o réu são:
	(1) Induzir litispendência;
	(2) Tornar litigiosa a coisa;
	(3) Constituir em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398, Código Civil.
	“Art. 397, CC: “O inadimplemento da obrigação, positiva e líquida, no seu termo, constitui de pleno direito em mora o devedor. Parágrafo único. Não havendo termo, a mora se constitui mediante interpelação judicial ou extrajudicial.
	Art. 398, CC: Nas obrigações provenientes de ato ilícito, considera-se o devedor em mora, desde que o praticou”.  
	A formação integral da demanda, de acordo com o art. 240, ocorre quando o juiz recebe a petição inicial e profere um despacho liminar positivo determinando a citação do réu, sendo relevante que este ato (citação) se dê de forma regular, sem vícios, mesmo que seja determinado, num primeiro momento, por um juiz incompetente.
	Outra questão que merece exame é a possibilidade de modificação do pedido originalmente formulado. A matéria vem tratada no art. 329, que fixa dois marcos temporais. Assim, o autor poderá:
	(1) Até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu.
	(2) Até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu.
	Essas regras são impostas pelos princípios do contraditório e da segurança. Após a citação, o réu deve, necessariamente, concordar com a alteração. Caso não concorde, caberá ao autor deduzir aquele pedido em nova demanda, o que levaria, provavelmente, a conexão, já estudada no capítulo de competência.
	Após o saneamento, a alteração objetiva da demanda não será mais possível, sob pena de se colocar em risco o equilíbrio da relação processual. 
	Realmente não faria muito sentido sanear o feito (art. 357) para depois introduzir modificação que forçaria a repetição de diversos atos do processo. É por isso que dizemos que o saneador leva a estabilização da demanda.
2. SUSPENSÃO DO PROCESSO
2.1. NOÇÕES GERAIS
Com o ajuizamento da ação e, posteriormente, a citação do réu, que completa a relação processual, a ideia é que o processo siga, ininterruptamente, até o trânsito em julgado da sentença.
Contudo, esse curso pode ficar suspenso durante determinado lapso temporal. A essa paralisação dá-se o nome de suspensão. A relação processual não se extingue, continua gerando efeitos. O que ocorre é uma abstenção da prática dos atos que normalmente seriam os subsequentes, caso não houvesse a paralisação. Ressalvam-se, por óbvio, os atos de natureza urgente.
As hipóteses de suspensão estão elencadas no art. 313 do CPC. Cumpre salientar que só pode ocorrer suspensão em razão de decisão judicial. Segundo Fredie Didier Jr., essa decisão teria natureza declaratória, já que o processo “já estaria suspenso desde a data de ocorrência do fato jurídico causador da suspensão”. Ressalta o autor que apenas a hipótese do art. 313, V, CPC teria natureza constitutiva.
A regra, portanto, é de que não se podem praticar atos durante a suspensão do processo. Porém, em casos excepcionais e urgentes, pode o juiz autorizar a sua prática, a fim de evitar danos irreparáveis, tal como disposto no art. 314, CPC/15. Como por exemplo, podemos citar a oitiva de testemunha gravemente enferma e que corra risco de morte.
Se o ato praticado durante a suspensão não for de urgência – englobando-se aqui a tutela antecipada e as medidas cautelares – há divergência quanto à natureza jurídica. Pontes de Miranda sustenta ser inexiste por faltar o pressuposto pendência da causa. 
Didier Jr. posiciona-se no sentido de considerar o ato praticado durante a suspensão como conduta ilícita, que poderá causar invalidação (vício mais grave) ou a ineficácia do ato realizado.
Leonardo Greco, em sentido diverso, sustenta tratar-se de ato inexistente, porém ineficaz. Entretanto, pelo Princípio da Instrumentalidade das formas e diante da tendência à progressiva relativização das nulidades, os atos, ainda que nulos e ineficazes, serão convalidados se não causarem nenhum prejuízo às partes. O critério proposto, então, é o da “verificação instrumental da ocorrência de prejuízo”.
Leonardo Greco acha apropriada a figura do curador especial, pois o advogado é um mero defensor dos interesses jurídicos postos no processo. Assim, ele discorda de Hélio Tornaghi, segundo o qual, com a morte do cliente, o advogado perde a qualidade de mandatário e torna-se gestor de negócios.
2.2. HIPÓTESES DE SUSPENSÃO
2.2.1. Morte ou perda da capacidade processual de qualquer das partes, de seu representante legal ou de seu procurador
O conceito de parte engloba não apenas autor e réu, mas também terceiros como o assistente, denunciado e chamado (modalidades de intervenção de terceiros).
Com a morte da parte, seus sucessores serão habilitados a tomar seu lugar na relação processual (arts. 687 a 692, CPC). 
Pelo regime do CPC/73, se a morte ocorria após o início da audiência de instrução e julgamento, o processo seguia seu curso normal, tendo como substituto da parte seu advogado (art. 265, §1º, a, CPC/73), que atuava em nome próprio, protegendo os direitos do de cujus. Somente após a publicação da decisão o processo era suspenso.
Tal ressalva restou eliminada no texto do CPC/15, art. 313, § 1º (Art. 313.  Suspende-se o processo: § 1o Na hipótese do inciso I, o juiz suspenderá o processo, nos termos do art. 689”), parecendo que o legislador pretendeu descartar a excepcional substituição que era conferida ao advogado. 
Os prazos de suspensão serão estabelecidos pelo juiz conforme dispõe o CPC, art. 313, § 2º (Art. 313.  Suspende-se o processo: § 2o Não ajuizada ação de habilitação, ao tomar conhecimento da morte, o juiz determinará a suspensão do processo e observará o seguinte:
I - falecido o réu, ordenará a intimação do autor para que promova a citação do respectivo espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, no prazo que designar, de no mínimo 2 (dois) e no máximo 6 (seis) meses;
II - falecido o autor e sendo transmissível o direito em litígio, determinará a intimação de seu espólio, de quem for o sucessor ou, se for o caso, dos herdeiros, pelos meios de divulgaçãoque reputar mais adequados, para que manifestem interesse na sucessão processual e promovam a respectiva habilitação no prazo designado, sob pena de extinção do processo sem resolução de mérito”).
 Se falecido o réu, a suspensão variará de dois a seis meses para o autor promover a citação do espólio, do sucessor ou dos herdeiros.
 Se morto o autor, sendo o direito transmissível, o juiz determinará a intimação para a devida habilitação no processo em prazo razoável, sob pena de extinção do processo sem julgamento do mérito.
 Por outro lado, se a hipótese é de morte do advogado, ainda que iniciada a audiência, o juiz dará prazo de 15 dias para a parte constituir novo advogado. Se o autor não o fizer, o processo será extinto. Se o réu não o fizer, o processo seguirá à sua revelia (art. 313, § 3º, CPC: § 3o No caso de morte do procurador de qualquer das partes, ainda que iniciada a audiência de instrução e julgamento, o juiz determinará que a parte constitua novo mandatário, no prazo de 15 (quinze) dias, ao final do qual extinguirá o processo sem resolução de mérito, se o autor não nomear novo mandatário, ou ordenará o prosseguimento do processo à revelia do réu, se falecido o procurador deste”).
Leonardo Greco defende aplicação analógica do dispositivo aos casos de impedimento profissional, incompatibilidade superveniente do advogado, licença ou eliminação dos quadros da OAB. À validade dos atos pretéritos aplica-se o princípio do sistema de nulidades.
Caso o objeto do litígio seja intransmissível, o processo é extinto sem resolução do mérito, de acordo com o art. 485, IX, CPC (“O juiz não resolverá o mérito quando: IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal”). É o que ocorre, por exemplo, na ação de divórcio e na ação de alimentos.
Quanto à pessoa jurídica, Didier se posiciona no sentido de que onde se lê “morte ou incapacidade processual das partes” devemos ler também “extinção de uma pessoa jurídica”.
Já Ernani Fidélis dos Santos posiciona-se no sentido de que a extinção da pessoa jurídica não se equipara à morte da pessoa física, pois a primeira será representada pelo liquidante e, assim, somente deverá ficar suspenso o processo por motivo de força maior, até ser nomeado o liquidante.
Leonardo Greco, seguindo a doutrina de Humberto Theodoro Júnior, também discorda dessa equiparação, pois sempre haverá alguém encarregado de representá-la legalmente, até final liquidação de seus direitos e obrigações.
Além disso, em grande parte dos casos, a extinção das pessoas jurídicas ocorre por ato voluntário dos seus membros, que não devem ter o poder de impedir a continuação do processo por deliberação unilateral, em desacordo com a parte contrária.
O art. 313, I, do CPC/15 faz referência ainda à morte de representante legal ou de procurador de quaisquer das partes. A esse respeito, Greco sustenta que: “(...) a morte da pessoa física titular do órgão de representação da pessoa jurídica não extingue o órgão de representação, que será ocupado pelo seu sucessor substituto. Assim, a morte do sócio-gerente da sociedade limitada ou do presidente da sociedade anônima não suspende o processo em que a sociedade é parte”.
2.2.2. Convenção das partes
Trata-se de suspensão voluntária, pois decorre da vontade das partes. Está expressa no inciso II do art. 313 do CPC (Suspende-se o processo: II - pela convenção das partes”). Para que ocorra, basta que as partes manifestem sua vontade de forma inequívoca. O magistrado não pode, em regra, recusá-la.
O § 4º (“O prazo de suspensão do processo nunca poderá exceder 1 (um) ano nas hipóteses do inciso V e 6 (seis) meses naquela prevista no inciso II”), in fine, do referido artigo complementa o dispositivo ao limitar o prazo dessa hipótese de suspensão ao máximo de seis meses.
No processo de execução, entretanto, a suspensão durará todo o prazo que o credor tiver concedido ao devedor para o cumprimento da obrigação, conforme previsto no art. 922 do CPC (“Convindo as partes, o juiz declarará suspensa a execução durante o prazo concedido pelo exequente para que o executado cumpra voluntariamente a obrigação”).
Quando as partes não convencionam prazo, deve-se guiar pelo máximo. Findo o prazo de seis meses, o processo continua a sua marcha e as partes, se quiserem, podem requerer novo prazo. Vale lembrar aqui o já comentado art. 191 do CPC/15 que permite estabelecer calendário para a prática de atos processuais.
Nesse caso, também se discute o momento a partir do qual se suspende o processo. Moacyr Amaral dos Santos defende que a suspensão ocorre a partir do despacho do juiz. Leonardo Greco, porém, entende que a suspensão ocorre desde o momento da celebração do acordo, independentemente da demora do juiz em despachar a petição que o comunique.
Segundo ele, as partes não podem guardar consigo o acordo de suspensão, que só vai adquirir existência como ato processual, a partir do seu ajuizamento, da entrega do seu instrumento em mãos do juiz, no cartório ou no protocolo forense”.
Assim, protocolado o acordo, o processo estará suspenso com base no art. 200 do CPC (“Os atos das partes consistentes em declarações unilaterais ou bilaterais de vontade produzem imediatamente a constituição, modificação ou extinção de direitos processuais. Parágrafo único. A desistência da ação só produzirá efeitos após homologação judicial”).
Caso algum ato seja praticado a partir desse momento, não terá eficácia, devendo ser declarado nulo.
Admite-se, ainda, a suspensão no curso da audiência de instrução e julgamento, já que esta se compõe de uma série de atos independentes uns dos outros. Mais desejável do que a preservação da sua unidade (art. 365, CPC) é a solução amigável do litígio ou a busca dessa solução.
2.2.3. Arguição de impedimento ou de suspeição
A suspensão somente engloba a arguição de impedimento e suspeição do juiz (arts. 144 e 145, CPC), não podendo ser suspenso o processo no caso de exceção de impedimento ou suspeição de perito, intérprete ou membro do Ministério Público, por vedação expressa do art. 148, §2º, CPC (“Aplicam-se os motivos de impedimento e de suspeição: § 2o O juiz mandará processar o incidente em separado e sem suspensão do processo, ouvindo o arguido no prazo de 15 (quinze) dias e facultando a produção de prova, quando necessária”).
O que justifica essas hipóteses de suspensão é o fato de a imparcialidade do juiz ser pressuposto de validade para os atos que ele vier a praticar. Consequentemente, enquanto essa questão não for resolvida, o juiz não poderá decidir nenhuma outra questão no processo.
Trata-se de suspensão imprópria, pois o processo não fica paralisado, mas temporariamente desviado de sua marcha normal para que se instrua e decida a arguição, até o julgamento desta pelo Tribunal.
2.2.4. Admissão de incidente de resolução de demandas repetitivas
Visando lidar de forma mais isonômica e célere com as questões jurídicas massificadas, o CPC instituiu o incidente de resolução de demandas repetitivas (IRDR), previstos nos art. 976 e seguintes.
Admitido o incidente pelo TJ ou TRF, haverá a suspensão dos processos que versem sobre a matéria de direito controvertida, na forma do art. 982, I, o que justificou a inserção do inciso IV no art. 313. Eventuais tutelas de urgência devem ser formuladas ao juízo em que o feito suspenso tramita (art. 982, §2º).
Quando o Tribunal competente decidir a tese jurídica, ela será aplicada aos processos suspensos, conforme dispões o art. 985. A princípio, não regulou o CPC/15 prazo máximo para essa suspensão, não havendo, também, que se falar em prescrição intercorrente nesse caso. 
2.2.5. Questão prejudicial
Art. 313, CPC: “Suspende-se o processo: 
V - quando a sentença de mérito: 
a) depender do julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de inexistência de relação jurídica que constitua o objeto principal de outro processo pendente;
b) tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a produção de certa prova, requisitada a outro juízo”.
(A) Dependerdo julgamento de outra causa ou da declaração de existência ou de inexistência de relação jurídica que constituía o objeto principal de outro processo pendente
A dependência entre as ações ocorre em duas hipóteses: (1ª) uma causa é prejudicial à outra; ou seja, a decisão de uma pode interferir no julgamento da outra, ou uma causa é preliminar à outra, e assim o que for decidido em uma pode impedir o exame da outra.
Há, portanto, uma espécie de ligação entre as causas, uma verdadeira relação de subordinação. O processo, então, será suspenso de forma a não prejudicar ambas, e isso somente ocorre quando as causas não puderem ser reunidas e julgadas no mesmo juízo.
A hipótese analisada, prevista no art. 313, V, a, CPC, se refere à questão prejudicial. Contudo não enseja a suspensão do processo a questão de direito material arguida como matéria de defesa em outro processo, como é o caso da prescrição, decidida incidentalmente pelo juiz e sem eficácia em outro processo.
Não cabe suspensão do processo em razão de questão prejudicial interna, cujo surgimento se dá dentro do próprio processo (art. 503, § 1º, CPC). Um exemplo, é a questão da paternidade na ação de alimentos proposta pelo filho natural. Portanto, só caberia suspensão do processo em caso de prejudicialidade externa, ou seja, no caso de questões prejudiciais que constituem objeto de outros processos.
Ao decidir a respeito da suspensão do processo, o juiz deve examinar a relevância da questão prejudicial. A recusa do juiz não acarreta nulidade, mas deve ser especificamente fundamentada.
Cabe-nos destacar a atenção para o processo de execução, que, por não visar a uma sentença, não se suspende por causa da anterioridade de uma ação de conhecimento. Nesse sentido:
“(...) a execução não se suspenderá porque o título está sendo anulado ou questionado numa ação de conhecimento, embora essa suspensão possa ser determinada pelo próprio juiz da execução em razão da pendência de embargos do executado”.
Quanto ao momento de início da suspensão, ele se dá a partir da decisão do juiz. Os efeitos não retroagem, e somente a partir dessa decisão é que cessará a prática de atos processuais.
Sob a égide do CPC/73, houve discussões acerca da interpretação da letra c do inciso IV do art. 265, que dispunha que o processo seria suspenso quando “tiver por pressuposto o julgamento de questão de estado, requerido como declaração incidente”. A prejudicial aqui tratada seria interna (suscitada perante o juízo da causa prejudicada) ou externa.
Didier entendia que, se fosse prejudicial de estado externa, não teria sentido algum esse dispositivo, já que estaria dentro da letra a do mesmo artigo. Por outro lado, se fosse a prejudicial interna e, portanto, ajuizada perante o mesmo juízo que se busca suspender, qual seria a razão de o juiz suspender o andamento de uma causa, já que ele é o responsável pelo julgamento de ambas?
Continuando o raciocínio, Didier Jr. apontava a solução de José Frederico Marques e Humberto Theodoro Júnior, que afirmam que a prejudicial seria uma ação declaratória de estado ajuizada em outro processo, mas prejudicial a ambas as causas. Porém, para ele não seria correto esse posicionamento, pois novamente seria uma hipótese da letra a do art. 265. Concluindo, Didier Jr. apresentava sua solução, entendendo que se tratava de uma prejudicial interna de estado, objeto da ação declaratória incidental, que, quando proposta, suspende o curso do procedimento principal, até a sua solução, o que configuraria caso de suspensão parcial.
Já, Leonardo Greco entendia que a diferença entre as letras a e c é que, na primeira hipótese, a prejudicial era objeto principal de outro processo, enquanto nesta ela seria prejudicial também no outro processo. Ocorre, assim, uma “dupla prejudicialidade da questão”, ou seja, no processo anterior e no novo processo.
Nesse caso, assim como na hipótese da letra a, a suspensão produziria efeitos a partir da decisão do juiz. Se a declaração incidente tivesse sido requerida no próprio processo, haveria suspensão do processo, pois todas as questões de mérito seriam resolvidas simultaneamente na sentença final única.
Vale ressaltar que a hipótese da letra c acabou suprimida na redação do CPC/15.
(B) Tiver de ser proferida somente após a verificação de determinado fato ou a produção de certa prova, requisitada a outro juízo
De acordo com o § 4º do art. 313 do CPC, essa hipótese de suspensão necessária não pode ultrapassar o prazo de um ano, assim como as outras hipóteses previstas no inciso V do art. 313.
Um exemplo de prova requisitada a outro juízo é a carta precatória, quando imprescindível ao correto desenvolvimento do processo. O mesmo ocorre com as rogatórias, de acordo com o art. 377 do CPC/15. Entretanto, elas só suspendem o processo se requeridas antes do despacho saneador.
Deve-se lembrar que a responsabilidade civil independe da criminal (art. 935, CC). Porém há uma espécie de interdependência em alguns casos, como, por exemplo, a ação civil ex delicto, disposta no art. 66 do Código de Processo Penal. Segundo o CPP, a sentença absolutória criminal não impede a propositura da ação cível, exceto se conhecida a inexistência material do fato.
Ainda, de acordo com o art. 65 do CPP, faz coisa julgada no cível a sentença penal que reconhecer ter sido praticado o ato em estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal ou exercício regular de direito.
Um dos efeitos da sentença criminal é tornar certa a obrigação de indenizar (art. 91, I, CP). Assim, se a causa envolver questão relativa à obrigação de indenizar pelo fato delituoso, pode o juiz determinar, de acordo com o art. 315 do CPC, o sobrestamento do processo, até que seja julgada a sentença criminal.
Acerca do prazo de suspensão na pendência de ação penal, ele será limitado, conforme o art. 315, caput, e §§ 1º e 2º, do CPC. A suspensão poderá chegar a três meses para que seja apresentada a denúncia cabível. Proposta a ação, o processo poderá permanecer suspenso por até um ano. Ultrapassados tais prazos, o juiz cível poderá examinar incidentalmente a questão prévia.
Mesmo sem previsão específica, sob a égide do CPC/73, o STJ já reputava que o prazo máximo de suspensão seria de um ano, pois a lide cível não poderia ficar indefinidamente sobrestada.
2.2.6. Por motivo de força maior
Essa hipótese não admite discricionariedade do juiz, ou seja, uma vez comprovado o motivo extraordinário, deve ser o processo suspenso. Isso porque o motivo de força maior não é provocado pelas partes, sendo estranho a elas.
Aplica-se dispositivo no art. 223, § 1º, do CPC, que permite superar a preclusão temporal por justo motivo. Incluem-se aqui calamidade pública, inundação, acidente, algum obstáculo oposto pela parte contrária (art. 221, CPC), a superveniência de férias (art. 220, CPC), dentre outras hipóteses.
Logicamente, ao ser determinada a suspensão, a eficácia da decisão retroage à data da ocorrência do evento.
2.2.7. Quando se discutir em juízo questão decorrente de acidentes e fatos da navegação de competência do Tribunal Marítimo
O Tribunal Marítimo, conforme previsto na Lei n. 2.180 de 1954, é órgão administrativo, vinculado ao Ministério da Marinha (atual Ministério da Defesa, cf. LC n. 97/99).
As atribuições do Tribunal Marítimo encontram-se listadas nos arts. 13 a 15 da Lei n. 2.180. Quando a matéria controvertida em juízo depender de alguma decisão sobre essa matéria, o processo será suspenso (art. 313, VII, CPC).
Não há previsão expressa do Código acerca do prazo de suspensão. Ao que tudo indica, contudo, isso não significa que o processo permanecerá indefinidamente sobrestado. Isso porque, se no regime anterior, já havia jurisprudência do STJ reputando a impossibilidade de a lide permanecer suspensa sem prazo por ação penal, mais razão ainda haveria para se entender que o processo administrativo do Tribunal Marítimo não pode se perpetuar e manter inerte o juízo.
2.2.8. Nos demais casos que este Código regula
Como se pode notar, o rol de hipóteses de suspensãonão é taxativo, deixa margem à sua aplicação em outros casos, desde que dispostos no CPC.
Exemplos:
(1) Art. 76, CPC – regularização processual;
(2) Art. 919, § 1º, CPC – embargos à execução;
(3) Art. 921, CPC – execução, dentre outras.
2.2.9. Nas hipóteses introduzidas pela Lei n. 13.363/2016
A Lei n. 13.363/06 promoveu alterações tanto no CPC como na Lei n. 8.906 (Estatuto da OAB) para estipular direitos e garantias para a advogada gestante, lactante, adotante ou que der à luz e para o advogado que se tornar pai.
Nesse sentido, foram introduzidos os incisos IX e X no art. 313 do CPC, de forma a prever mais duas hipóteses de suspensão do processo, a saber:
(1) Pelo parto ou pela concessão de adoção, quando a advogada responsável pelo processo constituir a única patrona da causa; 
(2) Quando o advogado responsável pelo processo constituir o único patrono da causa e tornar-se pai.  
Essas duas hipóteses são complementadas pelos §§ 6º e 7º (“§ 6o  No caso do inciso IX, o período de suspensão será de 30 (trinta) dias, contado a partir da data do parto ou da concessão da adoção, mediante apresentação de certidão de nascimento ou documento similar que comprove a realização do parto, ou de termo judicial que tenha concedido a adoção, desde que haja notificação ao cliente. 
§ 7o No caso do inciso X, o período de suspensão será de 8 (oito) dias, contado a partir da data do parto ou da concessão da adoção, mediante apresentação de certidão de nascimento ou documento similar que comprove a realização do parto, ou de termo judicial que tenha concedido a adoção, desde que haja notificação ao cliente”).
Assim, na hipótese do inciso IX, o período de suspensão será de 30 dias, contado a partir da data do parto ou da concessão da adoção. Já no caso do inciso X, o período de suspensão será de 8 dias, contado a partir da data do parto ou da concessão da adoção.
3. EXTINÇÃO DO PROCESSO
3.1. NOÇÕES GERAIS
Em lição anterior, vimos que o processo si inicia com a propositura da ação. De acordo com o art. 312 do CPC, a ação se considera proposta com a distribuição da petição inicial, quando forem vários os juízos, ou com o despacho judicial, em comarca de juízo único.
Quanto à formação da relação processual, existem três momentos bem distintos:
(1º) Linear – o vínculo se estabelece entre autor e réu;
(2º) Angular – existe vínculo entre juiz e autor e juiz e réu, inexistindo vínculo direto entre autor e réu; e
(3º) Triangular – vincula autor, réu e juiz, e se dá a partir da audiência de conciliação ou de mediação, quando haverá interação direta entre os sujeitos do processo.
De qualquer modo, o réu só se vincula à relação processual com a citação válida (art. 240, CPC).
Vimos também as hipóteses em que há uma paralisação do processo, ou seja, a sua suspensão, previstas no art. 313, CPC.
Passemos agora ao estudo da extinção do processo, que se encontra regulada nos arts. 485 e 487 do CPC, que elencam a hipóteses em que se põe termo ao processo sem e com resolução do mérito.
3.2. MODALIDADES DE EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO
O art. 485 do CPC trata das hipóteses em que o magistrado, ao proferir sentença, põe fim ao processo, mas essa decisão não impede que o autor intente nova ação no futuro, salvo em caso de perempção (art. 486, § 3º, CPC).
Art. 485.   “O juiz não resolverá o mérito quando:
I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1o Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2o No caso do § 1o, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao inciso III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.
§ 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
§ 4o Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.
§ 5o A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.
§ 6o Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de requerimento do réu.
§ 7o Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se”.
Art. 486. “O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação.
§ 3o Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono da causa, não poderá propor nova ação contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito”.
Nos casos de litispendência, ausência de pressuposto processual, ausência de legitimidade ou de interesse processual ou convenção de arbitragem, a repropositura da ação depende da correção do vício que levou à extinção do feito (art. 486, § 1º, CPC).
Art. 486. “O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação.
§ 1o No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova ação depende da correção do vício que levou à sentença sem resolução do mérito.
Apesar de não haver regulação expressa, não será admitida a nova propositura da demanda na hipótese do inciso IX, art. 485, do CPC (IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal”). Nesta, haverá impossibilidade material, tendo em vista o falecimento do autor e intransmissibilidade do direito pleiteado.
Antes de adentrar ao mérito, deve o magistrado fazer uma análise prévia, que consiste em examinar se estão presentes as condições da ação e os pressupostos processuais. Em resposta negativa, o juiz nem passa à análise do mérito, extinguindo o processo sem a sua análise.
Essa extinção é feita por sentença de natureza terminativa, possibilitando ao autor o ingresso de uma nova ação, se sanar o vício que gerou tal decisão e desde que se comprove que foram pagas as custas e honorários do advogado (art. 486, § 2º, CPC: “O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação. § 2o A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários de advogado”).
Fredie Didier sistematizou as hipóteses de extinção elencadas nos art. 485 em três distintos grupos:
(1º) Extinção por inadmissibilidade – incisos I, IV, V, VI e VII;
(2º) Extinção por morte – ocorre na hipótese do inciso IX, por trata-se de direito intransmissível;
(3º) Extinção por revogação – decorrente da manifestação das partes – incisos II, III e VIII.
3.2.1. Indeferimento da petição inicial
Cumpre ressaltar que, nesse caso, o réu nem chega a integrar a relação processual, uma vez que não é citado, em decorrência de ser tal extinção liminar.
Também não se deve confundir essa providência com a do art. 332 do CPC, denominada improcedência liminar do pedido. Nesta última hipótese, a inicial é recebida (não contém vícios e preenche todos os requisitos do art. 319 do CPC); porém é julgada de plano, examinando-se o mérito e proferindo-se decisão de improcedência total do pedido em razão da existência, acerca da mesma questão jurídica, de súmula do STF ou do STJ,julgamento de recurso repetitivo pelo STF ou STJ, decisão de Tribunal local em incidente de resolução de demanda repetitiva ou assunção de competência ou súmula do TJ sobre direito estadual ou municipal.
3.2.2. Negligência das partes por mais de um ano
O processo fica paralisado, por inércia das partes, durante mais de um ano. Aqui, só deve verificar o lapso temporal de um ano, não sendo necessária a presença de qualquer elemento subjetivo das partes.
Cumpre ressaltar que, antes de julgar extinto o processo, deve o magistrado, consoante o § 1º do art. 485 do CPC, intimar pessoalmente a parte, para que, em cinco dias, se manifeste, sob pena de nulidade da sentença. A intimação é pessoal, e não na figura do advogado, para que, no caso de eventual negligência deste, a parte não seja prejudicada.
Nesses casos, a extinção do processo independe de provocação das partes.
3.2.3. Omissão do autor por mais de trinta dias
Para que o processo seja extinto com base nesse inciso, deve restar comprovada a intenção do autor em abandonar a ação, o elemento subjetivo.
O Superior Tribunal de Justiça já editou súmula a respeito, no sentido de ser necessário o requerimento do réu para que seja extinto o processo, ou seja, em caso de abandono do processo pelo autor, a sua extinção não pode ser feita de ofício pelo juiz. Súmula 240: “A extinção do processo, por abandono da causa pelo autor, depende de requerimento do réu”.
Importante ressaltar que o juiz só deve extinguir o feito se o ato que deveria ser praticado pelo autor for indispensável para o julgamento da lide. Sendo, portanto, dispensável, o juiz deve adentrar no mérito.
Caso o autor abandone a causa por três vezes, não poderá intentar novamente ação em face do réu com o mesmo objetivo. Porém, ainda terá o direito de alegar em defesa o seu direito (art. 486, § 3º).
3.2.4. Ausência dos pressupostos de constituição e desenvolvimento regular do processo 
De acordo com Moacyr Amaral Santos, os pressupostos processuais são “supostos (pressupostos) prévios da relação processual, à falta dos quais esta não tem existência ou validade”.
Temos, portanto, de acordo com a doutrina clássica, duas espécies de pressuposto:
(1) Pressuposto de existência – que cuida da constituição do processo;
(2) Pressuposto de validade – diz respeito ao desenvolvimento regular do processo.
São pressupostos e existência:
(1) Órgão estatal investido de jurisdição (juízo de direito ou tribunal);
(2) Partes (autor e réu);
(3) Demanda (o ato da parte traduzido numa petição inicial pelo qual o processo é formado).
Já os pressupostos de validade, que são os requisitos que tornam o processo viável e que, ausentes, não permitem a efetivação da eventual sentença de mérito, ou seja, extinguem o processo sem resolução do mérito, são:
(1) Competência e imparcialidade do juiz;
(2) Capacidade das partes
	(2.1) Capacidade de ser parte;
	(2.2) Capacidade de estar em juízo;
	(2.3) Capacidade postulatória;
(3) Demanda regularmente ajuizada – respeitados os requisitos do art. 319, CPC.
Importante mencionar os arts. 70 e 76 do CPC, que tratam da incapacidade processual e da irregularidade de representação das partes. 
O art. 70 declara que toda pessoa que se ache no exercício de seus direitos tem capacidade de estar em juízo.
De acordo com o art. 76, o processo não é extinto de imediato em caso de incapacidade processual ou irregularidade da representação das partes. O juiz deve suspender o processo e marcar um prazo razoável para ser sanado o feito. 
Do não cumprimento do despacho, temos três soluções:
 Se quem deveria sanar o feito era o autor, o juiz decretará a extinção do processo;
 Se cabia ao réu, este se tornará revel;
 Se cabia a terceiro, será excluído do processo. 
Assim, somente no caso de o autor não sanar o feito, será o processo declarado extinto. É por isso que se pode afirmar que, na prática, é difícil o processo ser extinto por ausência de pressupostos processuais, uma vez que o vício pode ser sanado pelas partes.
Art. 70.  Toda pessoa que se encontre no exercício de seus direitos tem capacidade para estar em juízo.
Art. 76.  Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício.
§ 1o Descumprida a determinação, caso o processo esteja na instância originária:
I - o processo será extinto, se a providência couber ao autor;
II - o réu será considerado revel, se a providência lhe couber;
III - o terceiro será considerado revel ou excluído do processo, dependendo do polo em que se encontre.
§ 2o Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal regional federal ou tribunal superior, o relator:
I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente;
II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido.
3.2.5. Perempção, litispendência e coisa julgada
Perempção é a perda do direito de demandar o réu sobre o mesmo objeto da ação. Ocorre quando o autor abandona o processo por três vezes, (art. 485, III, c/c 486, § 3º, CPC). O autor perde o direito de levar aquele litígio ao Judiciário, até mesmo pela via da reconvenção.
Litispendência é a repetição de uma ação idêntica (mesmas partes, mesma causa de pedir e mesmo pedido) a outra que ainda se encontra em curso.
Coisa julgada é o fenômeno pelo qual uma parte ajuíza ação igual a uma primeira, já definitivamente julgada.
Na lição de Leonardo Greco, é “a imutabilidade que adquire os efeitos de direito material da sentença não mais sujeita a qualquer recurso no processo em que foi proferida”. Lembrando que a coisa julgada material somente atinge as sentenças de mérito, não atingindo, portanto, as sentenças terminativas.
Ocorrendo quaisquer desses fenômenos, o juiz deverá conhecê-lo de ofício, em qualquer tempo e grau de jurisdição (art. 485, § 3º, CPC: “O juiz não resolverá o mérito quando: § 3o O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado”). 
No caso de o juiz verificar a incidência de litispendência, coisa julgada ou perempção, o autor não poderá intentar nova ação.
É uma exceção ao art. 486, que trata das sentenças terminativas, que possibilitam a propositura de ação (art. 486, caput, CPC: “O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação”).
A hipótese de litispendência admite saneamento do vício, conforme art. 486, § 1º, CPC, ao ser proposta nova demanda. Pode acontecer de apenas parte da demanda, nos processos cumulativos, ser atingida por um desses institutos, casos em que teremos a litispendência, perempção ou coisa julgada parciais, e o processo não deverá ser extinto totalmente, apenas na parte que for atingida por esses institutos, devendo a outra seguir normalmente.
Didier Jr. ainda lembra que pode haver litispendência ou coisa julgada sem a chamada tríplice identidade. Isso ocorre nas demandas coletivas, em que basta a identidade do pedido e da causa de pedir, pois vários são os legitimados extraordinários a demandar no interesse do titular da relação deduzida.
3.2.6. Falta das condições da ação
Como condições da ação temos:
(1) Legitimidade das partes (legitimidade ad causam);
(2) Interesse de agir (binômio necessidade-adequação);
(3) Possibilidade jurídica do pedido.
Possibilidade jurídica do pedido, reconhecido como condição da ação sob a égide do CPC/73, deixou de sê-lo pelo art. 485, VI do CPC/15, tendo em vista que apenas a legitimidade e o interesse processual foram listados como causas extintivas do processo.
Não se deve confundir a carência da ação com a improcedência do pedido. A improcedência do pedido impede a propositura de nova ação, pois o juiz adentrou no exame do mérito. Por outro lado, a carência da ação não impossibilita o ajuizamento de nova demanda, pois o julgamento é extinto sem a resolução do mérito.
Importante ressaltar que o exame das condições da ação não tratade um juízo de mérito, mas, sim, de um juízo sobre questões de direito material a partir da situação fática e concreta relatada pelo demandante como fundamento de sua pretensão, que deve estar acompanhada de um mínimo de elementos e provas que evidenciem a possibilidade do acolhimento.
Assim, é garantido o direito de ação, bem como o direito constitucional daquele contra quem a ação é exercida de não ser molestado por uma demanda inviável.
3.2.7. Convenção arbitral
A arbitragem consiste na solução do conflito por meio de um terceiro, escolhido pelas partes, com poder de decisão, segundo normas e procedimentos aceitos por livre e espontânea vontade pelas partes. É um procedimento fora da jurisdição; não se coloca nem acima, nem abaixo, mas ao lado. 
Na medida em que a sentença arbitral recebe tratamento análogo à decisão judicial, muitos sustentam que a arbitragem é forma de jurisdição privada. Se entendermos que qualquer ferramenta que leve à solução do conflito é forma de jurisdição em sentido lato, não há dúvidas de que tal categoria deva ser estendida, também, à arbitragem.
A arbitragem é um pressuposto processual negativo, pois as partes renunciaram à atividade jurisdicional, e, portanto, o Judiciário é impedido de conhecer a questão. Porém, se as partes silenciarem quanto à convenção, subentende-se que houve a concordância tácita em revogar o compromisso.
Ou seja, para que o processo seja extinto em razão da existência de compromisso arbitral, é preciso que haja provocação da parte interessada.
3.2.8. Desistência da ação
O autor, por ato unilateral, desiste de prosseguir com o feito. É admitida a desistência parcial, mas, nesse caso, o processo não será extinto, pois deverá prosseguir com a parte não afetada.
Havendo litisconsórcio passivo necessário, não pode o autor desistir da ação apenas em relação a um dos corréus, mas tal possibilidade existe em caso de ser o litisconsórcio passivo facultativo.
A desistência ocorre antes da prolação da sentença, mas nada impede que o autor renuncie ao direito de executar o réu, na hipótese de ter ganhado ou que desista de interpor recurso, se tiver perdido.
A desistência só produz efeitos após a sua homologação pelo juiz (art. 200, parágrafo único, CPC). Se o réu já havia se manifestado oferecendo a sua defesa, para que a desistência seja homologada, é necessária sua concordância. É o que está expresso no § 4º do art. 485 do CPC. Sendo o réu revel, desnecessária é a sua concordância quanto à desistência.
Vale destacar a diferença entre a desistência do processo e a renúncia ao direito sobre o que se funda a ação. A desistência refere-se não ao direito demandado, mas, sim, ao prosseguimento do processo, culminando, portanto, em uma decisão terminativa. Já a renúncia refere-se ao próprio direito em que se funda a demanda, gerando uma sentença definitiva, pois viabiliza a resolução do mérito.
O STJ vem reduzindo a autonomia do autor para a desistência da demanda, após o decurso do prazo da resposta, sob o argumento de que o réu tem o direito de ver o mérito da demanda resolvido.
3.2.9. Intransmissibilidade da ação
Ocorre quando há morte do autor e o direito sobre o qual se funda a ação é intransmissível aos seus herdeiros. Isto vai ocorrer, muitas das vezes, nos chamados direitos da personalidade, regulados pelo art. 11 do Código Civil. Assim, se no curso de uma ação de divórcio uma das partes vem a falecer, o processo é automaticamente extinto, pois aquela pretensão não pode ser objeto de sucessão.
3.2.10. Outros casos
Em caso de morte do procurador da parte, o juiz dará prazo de vinte dias para ser constituído novo advogado. Se a parte autora não o fizer, o processo será extinto sem resolução do mérito. Se o réu não constituir novo advogado, o processo prosseguirá à sua revelia (art. 313, § 3º).
Outra hipótese é a de litisconsórcio necessário, em que a citação deve ser feita a todos os litisconsortes. Caso o autor não promova a citação de todos, será declarado extinto o processo (art. 115, parágrafo único, CPC).
3.3. MODALIDADES DE EXTINÇÃO DO PROCESSO COM RESOLUÇÃO DO MÉRITO
Passemos agora à análise das hipóteses que ensejam a extinção do processo com resolução do mérito, proferindo o juiz uma sentença definitiva. Estão elas elencadas no art. 487 do CPC.
Art. 487.  Haverá resolução de mérito quando o juiz:
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção;
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição;
III - homologar:
a) o reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;
b) a transação;
c) a renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.
Parágrafo único.  Ressalvada a hipótese do § 1o do art. 332, a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se.
3.3.1. Acolhimento ou rejeição do pedido
Acolhendo o pedido, o juiz irá julgar procedente o pedido. Se o rejeitar, será julgado improcedente. A procedência pode ser parcial, como, por exemplo, na hipótese de cumulação de pedidos, em que apenas um dentre os pedidos é julgado procedente.
Trata-se de uma sentença impositiva, na qual o Estado vai se substituir à manifestação de vontade das partes, prolatando uma decisão que deverá, obrigatoriamente, ser cumprida por todos aqueles que intervieram naquela relação processual.
3.3.2. Prescrição e decadência
Tanto a prescrição quanto a decadência têm como fundamento o lapso temporal. No entanto, é possível citar pontos de distinção entre os institutos.
Prescrição é a extinção de uma ação, em virtude da inércia de seu titular por um certo lapso de tempo. Pode ser reconhecida a qualquer tempo e grau de jurisdição (arts. 189 e 193, CC).
Decadência é a extinção do direito pela inércia de seu titular, quando sua eficácia, foi, de origem, subordinada à condição de seu exercício dentro de um prazo prefixado.
Com a decadência, perde-se um direito potestativo, pois este não foi exercido dentro do prazo estipulado pela lei. O prazo decadencial pode ser legal ou convencional. Quando legal, pode ser conhecido de ofício pelo juiz (art. 210, CC), o que não ocorre na hipótese de ter sido convencionado pelas partes (art. 211, CC). Sendo legal ou convencional, pode ser alegado em qualquer grau de jurisdição.
3.3.3. Reconhecimento do pedido pelo réu
O réu, ao ser chamado ao processo, pode tomar três atitudes:
(1) Responder à demanda;
(2) Permanecer inerte; e
(3) Reconhecer o pedido do autor.
O reconhecimento do pedido difere da confissão, que é um meio de prova e se refere apenas a fatos imputados pelo autor.
Já o reconhecimento tem como objeto o próprio pedido do autor, configurando-se verdadeira adesão do réu à pretensão autoral, ensejando a autocomposição do litígio, o que exime o juiz de impor solução para o conflito de interesses.
As despesas processuais e os honorários são pagos pela parte que reconheceu o pedido, ou seja, o réu. Se for parcial o reconhecimento, as despesas e os honorários serão proporcionais à parte do que se reconheceu (art. 90, caput, § 1º, CPC).
3.3.4. Transação
A transação ocorre quando os interessados previnem ou terminam o litígio por concessões mútuas, só podendo ocorrer se os direitos forem patrimoniais e de natureza privada.
3.3.5. Renúncia ao direito
A renúncia ao direito é ato do autor, que faz com que o processo perca o seu objeto. Ocorre quando o autor, de forma expressa, abre mão do seu direito material invocado na exordial. Não pode o autor renunciar a existência de direitos indisponíveis, embora possam transacionar quanto à sua expressão patrimonial.
A renúncia não pode ser condicionada; deve ser pura e pode ser feita pessoalmente ou por procurador com poderes especiais, pois a procuração geral para foro excetua a renúncia (art. 105, CPC). Além disso, não depende de aquiescência do réu; é ato unilateral do autor.
Difere a renúncia da desistência da ação. A desistência não impede que a parte intente nova ação no futuro, enquanto a renúncia elimina tal possibilidade. Daía necessidade de se verificar se é esta, realmente, a manifestação de vontade do autor, ou, se, de alguma forma, ocorreu uma das hipóteses de vício de consentimento (erro, dolo, coação). Se configurada essa hipótese (vício de consentimento), poderá o ato ser objeto de anulação.

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