Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE MEDICINA DEPARTAMENTO DE PATOLOGIA E MEDICINA LEGAL PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MICROBIOLOGIA MÉDICA DISCIPLINA: DIDÁTICA DO ENSINO SUPERIOR PROFA. ENEIDE LEITÃO PORTFÓLIO: COMO O ADULTO APRENDE, EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E PORTFÓLIO Equipe 4: Alexandre Lopes Alison Jader Jéssica Arrais Mariella Maciel FORTALEZA/CE SETEMBRO DE 2019 SOBRE OS AUTORES Alexandre Lopes Alison Jader Jéssica Arrais Mariella Maciel Graduado em Ciências Biológicas (UECE), Mestre em Biotecnologia de Recursos Naturais (UFC) e doutorando em Microbiologia Médica (UFC). É integrante do Laboratório Integrado de Biomoléculas – LIBS. Espera compreender o processo de aquisição da Aprendizagem Significativa através da utilização de metodologias ativas. Graduado em Biomedicina pela Faculdade Maurício de Nassau em Fortaleza, em 2016. Pós-graduando (Lato Sensu) em Microbiologia Clínico-Laboratorial pelo Centro Universitário Christus – UNICHRISTUS.. Almejo um aprendizado no âmbito da aplicação do ensino didático, onde teremos plenas condições de conduzir de forma clara e objetiva quaisquer temas e abordagens. Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Ceará em 2017.2. Cursando Mestrado no programa de Pós Graduação em Microbiologia médica da Universidade Federal do Ceará. Integrante do Laboratório Integrado de Biomoléculas (LIBS). Deseja ampliar seu conhecimento sobre metodologias e a aprendizagem do adulto. É Bacharel em Biomedicina pela Universidade Federal do Piauí – UFPI e atualmente Mestranda no Programa de Pós Graduação em Microbiologia Médica pela Universidade Federal do Ceará – UFC. Integra o Laboratório de Imunologia Celular e Molecular, onde realiza pesquisas sobre Polimorfismos Genéticos. Espera aprender novas metodologias de ensino e formas de didáticas abordadas no nível superior! APRESENTAÇÃO Compreender como adulto aprende em meio a um cenário marcado pelas transformações da sociedade moderna e o desenvolvimento em massa das tecnologias da informação e comunicação, constitui um desafio do “trabalho docente”. Somado a este fator, a busca por uma aprendizagem capaz de produzir mudança de comportamento mediante a aquisição de competências, tem sido o alvo das instituições de ensino. Este portfólio apresenta ao leitor uma breve compilação dos princípios de aprendizagem do adulto que estão baseados nas ideias da Teoria da Aprendizagem Significativa de David Ausubel, com contribuições de Jonh Dewey, Piaget e Vigotsky, da Educação a Distância (EaD) como uma ferramenta metodológica para apropriação do conhecimento e consequentemente da aprendizagem, e do Portfólio como mecanismo de avaliação do processo ensino/aprendizagem, requerido como um trabalho em equipe da disciplina de Didática do Ensino Superior do curso de Pós-graduação em Microbiologia Médica da Universidade Federal do Ceará (UFC). Esperamos que as informações aqui contidas possam auxiliar aos leitores na compreensão de como se dá o processo de aprendizagem do adulto, da utilização da EaD como metodologia ativa e do portfólio como ferramenta para verificação da aprendizagem. No mais, desejamos que seus “conceitos subsunçores” possam ser modificados com a ancoragem de novas informações e que suas zonas de desenvolvimento proximal possam ser diminuídas com o aumento das zonas de desenvolvimento real. Os autores SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................. 5 2 COMO O ADULTO APRENDE ...................................................................... 7 2.1 Aprendizagem significativa .............................................................................. 9 2.2 Aprendizagem baseada em competências ........................................................ 12 2.3 Metodologias ativas para aprendizagem do adulto 14 2.3.1 Aprendizagem baseada em problemas (PBL) ......................................................... 15 2.3.2 Ensino híbrido .................................................................................................... 16 2.4 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DO ADULTO 18 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EaD) ................................................................ 19 3.1 Histórico da EaD ............................................................................................... 21 3.2 Prática Pedagógica ............................................................................................ 22 3.3 Vantagens e desvantagens da EaD ................................................................... 23 4 PORTFÓLIO ..................................................................................................... 24 5 CONCLUSÃO ................................................................................................... 26 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 27 5 1 INTRODUÇÃO A educação do adulto tem suas raízes fundamentadas nos princípios da Andragogia, um termo que pode ser entendo como a “arte de ensinar o adulto”. Diferentemente da Pedagogia cujo foco é o ensino de crianças e adolescentes, a Andragogia está focada no ensino de pessoas que tem uma certa experiência de vida e que trazem consigo conhecimentos prévios em diversas áreas do conhecimento. Ensinar aos adultos não é uma tarefa fácil, deste modo, somente com o entendimento de como o cérebro adulto absorve e guardas as informações nesta fase da vida, é que será possível motivá-lo a aprender cada vez mais, sendo esta aprendizagem responsável pela mudança de comportamento, e consequentemente de suas atitudes. Para aprender, o adulto precisa estar motivado a incorporar novos conhecimentos, novas habilidades, e principalmente disposto a responder a estimulamos recorrentes com novas atitudes, no entanto, para que essa aprendizagem possa ser efetiva, novas formas de ensino precisam adotadas, paradigmas precisam ser quebrados e a educação do século XXI precisa se adaptar a nova sociedade que surge como seus problemas e seus anseios. Considerando tal fato, surge a necessidade da implantação de metodologias contrárias às práticas conservadoras, no intuito de direcionar as instituições de ensino rumo a transformação educacional, atendendo assim as exigências do novo modelo de educação que a sociedade exige. Nesse novo cenário educacional, o papel do professor deixar de ser o de mero transmissor de informações para que os alunos possam passivamente absorvê-las, e passa a ser o de facilitador (mediador) do conhecimento, agindo como motivador do processo de aprendizagem através da criação de ambientes voltados para este fim, com o uso de metodologias voltadas para a aprendizagem significativa. Além da mudança no papel e na postura do professor, o aluno também muda passa a aprender enquanto produz, levanta dúvidas, pesquisa e cria relações que levam a novas buscas e descobertas, em sucessivas reconstruções do conhecimento, de forma multidisciplinar e interdisciplinar. Dentre as inúmeras formas que direcionam o processo ensino/aprendizagem, a Educação a Distância (EaD) que consiste numa modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, surge como uma ferramenta educacional alternativa e eficiente, frente as amplas e diversas necessidades de qualificação de pessoas adultas. A Educação a Distância é uma forma de ensino que possibilitaa autoaprendizagem, com a mediação de recursos didáticos sistematicamente organizados, apresentados em 6 diferentes suportes de informação, utilizados isoladamente ou combinados, e veiculados pelos diversos meios de comunicação sendo, assim apresenta características específicas, rompendo com a concepção da presencialidade no processo ensino/aprendizagem, tendo o ato pedagógico não mais centrado na figura do professor, o leva a romper o pressuposto de que a aprendizagem só acontece a partir de uma aula realizada com a presença do professor e do aluno. Sua concepção se fundamenta no fato de que o processo de ensino/aprendizagem pode ser visto como a busca de uma aprendizagem autônoma, independente, em que o usuário se converte em sujeito de sua própria aprendizagem e centro de todo o sistema, resultando na formação de cidadãos ativos e críticos que procuram soluções e participam de maneira criativa nos processos sociais. Compreendendo de fato como se dá a aprendizagem do adulto, e associando este processo a uma ferramenta metodológica que é a EaD, acreditamos na possibilidade da Aprendizagem Significativa, contudo todo processo de aprendizagem pode ser verificado, assim a avalição torna-se uma ação integrante do ato pedagógico. Neste cenário de mudanças nas práticas educativas, há uma ferramenta muito útil para avaliação da aprendizagem: o “Portfólio”. O portfólio é um procedimento de avaliação que permite aos alunos participar da formulação dos objetivos de sua aprendizagem e avaliar seu progresso. Originalmente, o termo “portfólio”, deriva italiano ‘portafoglio’, que significa ‘recipiente onde se guardam folhas soltas’, e era empregado em artes plásticas, em que o artista fazia uma seleção de trabalhos que exprimiam sua produção. Dessa forma, no contexto da avalição, o portfólio consiste em um instrumento facilitador da reconstrução e reelaboração do processo de ensinagem, e pode ser visto como uma ferramenta inovadora, já que os trabalhos realizados pelos alunos podem ser observados de maneira processual, indo além das avaliações tradicionais como provas e testes. Além do mais, essa ferramenta oferece aos alunos oportunidade de refletir sobre o seu progresso de aprendizado e sua compreensão da realidade, ao mesmo tempo que possibilita introduzir mudanças necessárias imediatas para aquisição da aprendizagem transformadora. 7 2 COMO O ADULTO APRENDE Compreender como o aluno aprende constitui a essência do “fazer docente” e está diretamente relacionado com a aquisição da aprendizagem significativa, no entanto, cada faixa etária de estudantes tem forma de aprender, de viver o mundo e fazer suas conclusões de acordo com essas vivências. Quando falamos da aprendizagem de adultos a Andragogia (conhecida como a arte de ensinar o adulto) é uma ciência que elenca um conjunto de elementos que quando desenvolvidos de maneira planejada, resulta em um sistema de aprendizagem mais efetivo, voltado à autogestão, qualidade de vida, criatividade e autorrealização. De acordo com Furter (1974) a Andragogia se coloca como a filosofia, ciência e técnica da educação de adultos, que se preocupa com a formação do homem ao longo da vida, integrando à aprendizagem as possibilidades de autodidatismo, já que considera que os alunos têm potencial de aprender continuamente, o tempo todo e em qualquer lugar. Diferentemente da Pedagogia (relacionado ao ensino de crianças), a Andragogia está focada na aprendizagem de um aluno independente, que já tem autonomia para estruturar e elaborar o conhecimento (conforme a figura 1) e tem como principal objetivo, aumentar o conhecimento dos alunos, acrescentando conhecimentos que possam ser aproveitados de maneira prática, resultando na criação e especialização e especialização de conhecimentos, atitudes e habilidades que, ao serem praticadas, trazem novos resultados como reflexões, novos modos de compreensão e intervenção direta na vida do praticante e na das pessoas que com ele convivem. Figura 1- Diferenças entre Pedagogia e Andragogia Fonte: Google imagens. http://www.ludospro.com.br/blog/o-que-e-ambiente-virtual-de-aprendizagem 8 Apesar do termo Andragogia ter sido criado no século XIX pelo alemão Alexander Kapp, este termo só se tornou popular a partir de década de 70, quando o educador Malcolm Shepherd Knowles passou a utilizá-lo como uma ciência modelo para compreensão da aprendizagem em adultos. De acordo com Knowles (1970), o modelo andragógico está fundamentado em seis premissas básicas para os aprendizes, sendo que todas estão ligadas à capacidade, necessidade e desejo de eles mesmos assumirem a responsabilidade pela aprendizagem. Estas premissas representam as principais diferenças entre um público adulto e um público infantil/juvenil quando pensamos em processos de aprendizado, e conforme mostrado no quadro 1 estas são; Quadro 1- Premissas do modelo andragógico Fonte: https://issuu.com/anasimoes/docs/principios_andragogia. A teoria da Andragogia de Knowles é importante na medida em que define claramente as diferentes características de aprendizagem entre crianças e adultos. Como o adulto pode definir o que quer aprender ou não, o ensino se torna mais direcionado, as informações se tornam mais específicas e mais práticas, já que nesse modelo de abordagem o aluno se torna o responsável por maior parte em seu próprio ensino e é incentivado a buscar, por conta própria, maiores informações da maneira que julgar convencional, afinal, ele é um indivíduo responsável por sua pessoa e assume caráter autônomo na sociedade. Esse modelo de aprendizagem andragógico também tem seus fundamentos na experiência educativa de John Dewey, já que este teórico da educação defende que a experiência se constitui o fundamento da realidade, levando o aprendiz a romper com a 9 perspectiva tradicional de entendimento, e ainda propôs a base para a existência da relação entre experiência e educação. As contribuições de Piaget e Vygotsky estão presentes de forma bastante efetiva nas formulações e definições das estratégias de interação. Esses dois teóricos cognitivistas e interacionistas, deram contribuições relevantes no entendimento sobre os conceitos de aprendizagem e desenvolvimento humano, como ambos são considerados construtivistas em suas concepções de desenvolvimento intelectual, estes compreendiam que a inteligência é construída a partir das relações recíprocas do homem com o meio. 2.1 Aprendizagem significativa Para aprender, o adulto precisa estar motivado e as informações que a ela são apresentadas precisam fazer algum sentido, assim a teoria da Aprendizagem Significativa proposta pelo médico-psiquiatra norte-americano David Ausubel nos dá a dimensão da importância da compreensão de como o aluno aprende, de como ele recebe, processa e arquiva as informações na forma de conhecimento. Na teoria da aprendizagem significativa desse psicólogo a estrutura cognitiva é um conjunto hierárquico de subsunçores, inter-relacionados, de forma dinâmica. A essência do processo de aprendizagem significativa é que as ideias expressas, simbolicamente, são relacionadas às informações, previamente, adquiridas pelo aluno através de uma relação não arbitrária e substantiva. (AUSUBEL et al., 1980). Essas concepções de ensino e aprendizagem de Ausubel seguem na linha oposta à dos behavioristas, já que para ele, aprender significativamente é ampliar e reconfigurar ideias já existentes na estrutura mental e com isso ser capaz de relacionar e acessar novos conteúdos, assim o fator isolado mais importante que permite a aprendizagem é aquilo que o aluno já conhece, e baseando-se nisso, ele capacita-se para assimilar novos conhecimentos (AUSUBEL, 1968). Ressalta-se que sua teoria apresentada em 1963, traz em si conceitos que combinam com outras teorias desenvolvidasno século XX, como a do desenvolvimento cognitivo de Jean Piaget e a sociointeracionista de Vygotsky, e assim como estes, também era um defensor do construtivismo, já que considerava o aluno como o principal construtor da sua aprendizagem. Na teoria de Ausubel, a aprendizagem é mais significativa quando um novo conteúdo é agregado às estruturas do conhecimento do aluno, oferecendo-lhe um significado, baseado em seu conhecimento anterior, em contraponto a Aprendizagem Mecânica que consiste na aprendizagem sem atribuição de significados pessoais, sem relação com o conhecimento preexistente, não significativa, sendo assim, o novo conhecimento é armazenado de maneira 10 arbitrária e literal na mente do indivíduo, mas de maneira fraca, por isso logo é esquecido, de forma resumida, a aquisição da aprendizagem na visão de Ausubel ocorre por dois processos: (1) sem a atribuição de sentido (Aprendizagem Mecânica) e (2) com atribuição de sentido (Aprendizagem Significativa). As ideias sobre a aprendizagem significativa e mecânica, também foram exploradas por Novak e Gowin, um resumo das ideias principais pode ser visto na figura 2. Figura 2- Principais diferenças entre Aprendizagem significativa e mecânica Fonte: adaptado de Novak e Gowin (2000). Para Ausubel (1968) a educação é um processo sistemático e interativo da troca de informações entre pessoas, com o objetivo de auxiliar na elaboração de conhecimentos e significados, para que sejam incorporados à sua estrutura cognitiva, assim, além de ter conhecimento prévio o aluno precisa estar motivado a aprender, deste modo a tarefa do professor como mediador da aprendizagem deve ser a de mostrar ao aluno que sua aprendizagem deve ser sua maior motivação, já que quando se aprende algo, há uma satisfação inicial que estimula que o ato pedagógico continue se desenvolvendo. Para Ausubel, a motivação vai crescendo no momento em que o aluno conhece os objetivos do ensino: estes devem ser claros e relacionados com o assunto, de modo a proporcionar a ativação de todos os princípios relacionados com a aprendizagem do adulto, como demonstrado no esquema da figura 3. 11 Figura 3- Princípios da aprendizagem do adulto Fonte: adaptado de Ausubel (1968), Novak et al., (2010). Um conceito importante da teoria da aprendizagem de Ausubel é o “conceito subsunçor” que consiste em uma estrutura cognitiva específica, na qual uma nova informação pode se agregar ao cérebro humano, esta é altamente organizada e que possui uma hierarquia conceitual que armazena experiências prévias daquele que aprende (AUSUBEL et al., 1980), assim o processo de incorporação do conhecimento dar-se a partir do momento que novas ideias e informações são aprendidas e retidas na medida em que existem pontos de ancoragem, logo a percepção da aprendizagem significativa ocorre quando uma nova informação ancora-se em conceitos relevantes preexistentes na estrutura cognitiva, o que resultado não só em acréscimos, mas em modificações nessa estrutura cognitiva, dessa forma à medida em que a aprendizagem significativa ocorre, conceitos são desenvolvidos, elaborados e diferenciados em decorrência de sucessivas interações. Um destaque para a aprendizagem significativa de Ausubel é sobre a construção dos primeiros subsunçores. De acordo com as proposições deste autor, essa construção acontece por meio de processos de inferência, abstração, discriminação, descobrimento ou representação envolvida em frequentes encontros entre o sujeito e o objeto, conceitos ou eventos, dessa forma, a criança, nos primeiros anos de vida, forma vários conceitos do estado de coisas do mundo e outras construções mentais. Primeiro, ela precisa experienciar o concreto, também, com ajuda 12 dos adultos, no entanto, gradativamente, ela passa a aprender em função dos subsunçores já construídos e com a mediação do professor. 2.2 Aprendizagem baseada em competências Como já discorrido anteriormente, o processo de aprendizagem do adulto é algo complexo, no entanto, quando conhecemos e aplicamos métodos de ensino que favoreçam a auto-aprendizagem, especialmente os que estão orientados pela diretriz do “aprender a aprender”, os estudantes são estimulados à identificação de suas necessidades de aprendizagem, o estabelecimento de metas para autodesenvolvimento, à busca ativa de informações e à aprendizagem contextualizada da prática profissional em uma perspectiva problematizadora. Uma das formas de estimular a aprendizagem significativa do adulto é através da aprendizagem baseada em competências. De acordo com a Resolução nº 3 de 20 de junho de 2014 do CNE/CES, competência “é compreendida como a capacidade de mobilizar conhecimentos, habilidades e atitudes, com utilização dos recursos disponíveis, que resulta em iniciativas e ações que traduzem desempenhos capazes de solucionar, com pertinência, oportunidade e sucesso, os desafios que se apresentam à prática profissional, em diferentes contextos do trabalho”, assim, a partir do momento que o aluno adquire a capacidade alguma coisa com eficiência, com aptidão, pode-se concluir que ele incorporou as informações e as apresenta em forma de conhecimento consolidado. A aquisição de competências estar intrinsicamente relacionada com bom desempenho das atividades profissionais do aprendiz, no entanto, para que este aprendiz possa demonstrar este desempenho, três domínios foram propostos por Benjamin Bloom e colaboradores (1956), uma teoria conhecida como “Taxonomia de Bloom”. Estes domínios são mutuamente exclusivos e foram divididos em: cognitivo (conhecimento), psicomotor (habilidades) e afetivo (atitude). Apesar de estarem divididos, toda a ação humana na forma de competência envolve os três domínios, logo, estes em sua essência compõem a competência (conforme figura 4). Salienta-se que a aquisição da competência se dá por meio de mecanismos como a criação de objetivos educacionais ou objetivos de aprendizagem forma criador, estratégias de ensino foram pensadas e verificações de aprendizagem foram definidas. 13 Figura 4 – Três domínios da Taxonomia de Bloom Fonte: Bloom & Krathwhol, 1954. (C) conhecimento; (H) habilidade e (A) atitude. Para compreensão sobre em qual nível de aprendizagem os alunos se encontravam, Bloom classificou os objetivos numa sequência que vai do mais simples ao mais complexo. Cada nível utiliza as capacidades adquiridas nos níveis anteriores através de um processo de aprendizagem. Os níveis são descritos por verbos e comtemplam os três domínios (figura 5). Figura 5 – Níveis de aprendizagem da Taxonomia de Bloom Fonte: http://cmap.cinted.ufrgs.br/taxonimia de bloom http://cmap.cinted.ufrgs.br/taxonimia%20de%20bloom123/1JD3M5XXFI8698J1I1KTVIimage 14 Na década de 1990, Lorin Anderson et al., (1999) propuseram uma revisão da taxonomia, e verificaram que cada dimensão dos domínios apresentados por Bloom, poderia ser subdividida a depender do nível de complexidade da aprendizagem, como mostrado no quadro 2, os subníveis criaram foram: o fatual, o conceitual, o procedural e o metacognitivo. Quadro 2 – Sundivisão dos domínios da taxomia de Bloom Fonte: Adaptado de Anderson et al., (1999). 2.3 Metodologias ativas para aprendizagem do adulto A literatura ressalta também que a educação contemporânea não comporta mais o modelo tradicional de ensino e defende que o cenário atual requer um novo comportamento de todos os envolvidos no processo de ensino/aprendizagem. Isso resultou da exigência de um aluno mias capaz de auto gerenciar ou autogovernar seu processo de formação (ROSA JUNIOR, 2015), e do perfil de professor que não ensinaria mais da maneira tradicional,mas desempenharia um papel facilitador, que escolhe o que é importante dentre tantas informações, e ajuda os alunos a encontrarem sentido nos materiais e atividades disponíveis. Moran (2015), afirma que o ensino formal está cada vez mais híbrido e misturado, e que esta mudança estaria acontecendo, mesmo que as instituições de ensino não queiram ou não se esforcem para isso. Na visão do mesmo autor, as instituições educacionais atentas às mudanças escolhem, basicamente, dois caminhos: um mais suave, de mudanças progressivas, ou outro mais amplo, com mudanças profundas. De qualquer maneira, em ambos os casos há inserção de metodologias ativas, pois o foco está no envolvimento maior do aluno, ou seja, no aprender, e não no ensinar. Para o autor, as metodologias ativas de aprendizagem são pontos de partida para prosseguir em processos mais avançados de reflexão, de integração cognitiva, de generalização, reelaboração de novas práticas (MORAN, 2015). 15 De acordo com Fonseca e Neto (2017), as metodologias ativas podem ser compreendidas como estratégias de ensino centradas na aprendizagem ativa do aluno, neste contexto de aprendizagem os autores destacam algumas metodologias adotadas em instituições de ensino, sendo elas: (1) Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL); (2) Ensino Híbrido (blended learning) entre outras como mostrado na figura 6. Figura 7 – Etapas de funcionamento de um Grupo Tutorial no PBL Fonte: http://fernandoscpimentel.blogspot.com.br/2010/08/metodologias-ativas. 2.3.1 Aprendizagem baseada em problemas (PBL) A Aprendizagem Baseada em Problemas ou Problem Based Learning (PBL) passou a ser empregada inicialmente nos anos 60, na área da saúde pelo Ensino Superior. No Brasil, também foi introduzida, inicialmente, em currículos de Medicina, mas vem sendo adotada por um número cada vez maior de escolas com a crença de que os profissionais devem desenvolver hábitos de raciocínio, pesquisa e resolução de problemas, para obterem sucesso num mundo de rápidas mudanças (SARDO, 2007), segundo este mesmo autor a aprendizagem baseada em problemas é diferente de resolução de problemas, à qual é muitas vezes reduzida, e enfatiza que para além disso, o problema é utilizado para: ajudar os alunos a identificarem suas próprias necessidades de aprendizagem, enquanto tentam compreender o problema; pensar em conjunto; sintetizar a aplicar informação ao problema e começar a trabalhar efetivamente para aprender com os membros do grupo e com os tutores. Contribuindo com esta afirmação acerca do PBL, Sousa (2011) também destaca que este tipo de metodologia é uma estratégia em que os alunos trabalham com o objetivo de resolver um problema, sendo assim, uma metodologia centrada no aluno, que deixa de ser o http://fernandoscpimentel.blogspot.com.br/2010/08/metodologias-ativas 16 receptor passivo do conhecimento e passa a ser o agente principal responsável por seu aprendizado. Conforme mostrado na figura 6, o PBL contém passos importantes para a resolução dos problemas propostos. Assim como nas outras estratégias pedagógicas, a dinâmica da PBL acontece de maneira inversa do modelo convencional de ensino e contempla todos os princípios da aprendizagem do adulto. Primeiramente, o aluno se depara com atividades desafiadoras e procura resolvê-las em grupo de acordo com os seus conhecimentos prévios, explorando o problema e levantando hipóteses. Contudo, ao perceber que seus conhecimentos são insuficientes, o aluno é convidado a pesquisar informações que julga necessário para a situação proposta. Após esse momento, ocorre uma pausa nas atividades para reflexão sobre o caminho percorrido na resolução das questões. Figura 7 – Etapas de funcionamento de um Grupo Tutorial no PBL Fonte: Pierine e Lopes (2017). 2.3.2 Ensino híbrido O Ensino Híbrido ou Blended Learning é uma das metodologias ativas no processo educativo mais discutidas nos últimos tempos. Essa forma de educação parte do pressuposto de que existem diferentes formas de aprender ou ensinar, que o processo de aprender decorre de diferentes formas, interações e espaços. Na visão de Bacich e Moran (2015) o Híbrido significa 17 misturado, mesclado, blended, e a educação sempre foi misturada, híbrida, sempre combinou vários espaços, tempos, atividades, metodologias, públicos. Agora esse processo, com a mobilidade e a conectividade, é muito mais perceptível, amplo e profundo. Estes autores do também entendem que o ensino também é híbrido, porque não se reduz ao que é planejado institucionalmente, pois temos a capacidade de aprendermos intencionalmente e espontaneamente. Uma proposta híbrida começa pela utilização de dois ambientes: o virtual e o presencial, sendo que essa combinação necessita do uso das TDIC e caracteriza-se pela organização de uma programação de estudos onde os alunos realizam atividades por meio da internet no lugar e momento que escolherem sem ser na sala de aula e, atividades presenciais em sala de aula com os professores e colegas de turma (LAZARO et al., 2018). Figura 8 – Princípios do Ensino Híbrido e suas ferramentas Fonte:https://novaescola.org.br/conteudo/4956/blog-tecnologia-nao-temos-um-computador-para-cada-aluno-e-agora https://novaescola.org.br/conteudo/4956/blog-tecnologia-nao-temos-um-computador-para-cada-aluno-e-agora 18 Uma característica dentro do ensino híbrido é a possibilidade de combinação entre o ensino online com o off-line. No modelo online, os alunos têm autonomia para gerenciar seus estudos, respeitando o seu tempo, assim ele pode explorar os diversos espaços de aprendizagem virtuais utilizando meios tecnológicos como os próprios celulares, tablets e ou computadores com acesso à Internet. Já no modo offline é caracterizado pelo estudo em grupos, mediado pelo professor, podendo ser ofertado na sala de aula e em outros espaços da instituição de ensino, e tudo isso visando a conexão de ambas as formas de aprender. 2.4 AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DO ADULTO De acordo com Libâneo (1994), a avalição da aprendizagem é uma tarefa didática necessária e permanente do trabalho docente, que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e aprendizagem, pois através dela, os resultados que vão sendo obtidos no decorrer do trabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados com os objetivos propostos, a fim de constatar progressos, dificuldades, e reorientar o trabalho para as correções necessárias. Dentro desta perspectiva a avaliação pode ser vista como um instrumento permanente do trabalho docente, tendo como propósito observar se o aluno aprendeu ou não, podendo assim refletir sobre o nível de qualidade do trabalho escolar, tanto do aluno quanto do professor, gerando mudanças significativas. Retomando aos princípios da aprendizagem significativa de Ausubel, a avaliação não aparecia, inicialmente, em sua teoria, sendo creditado a Joseph Novak a ação de introduzi- la como um dos elementos do processo ensino/aprendizagem e afirmava que Mapas Conceituais e diagramas “V” podem ser efetivos instrumentos de avaliação da aprendizagem. (NOVAK, 1998). Os Mapas Conceituais eram vistos por Novak (1998) como representações gráficas que relacionam palavra e conceitos (como mostrado na figura 9) , desde os mais abrangentes até os menos inclusivos e poderiam ser usados para facilitar, ordenar e dar uma sequência organizada dos conteúdos a serem estudados, para estimular a aprendizagem de modo adequado, o que ia de encontro as proposições de Ausubel, ao entender a aprendizagem como conceitos organizados e integrados na estrutura cognitiva do aprendiz. Dessa forma, compreendemos que a avaliação da aprendizagem é possível com a utilização dos mapas conceituais que tem como fundamentação teórica a Teoria da Aprendizagem Significativa, no entanto, para que sejam utilizados como ferramentade avaliação, os alunos devem estar familiarizados com a técnica de elaboração dos mesmos, assim 19 concluímos que avaliar significa buscar evidências de que a Aprendizagem Significativa ocorreu, considerando sempre o erro como um fator importante nesse processo (AQUINO et al., 2015). Figura 9 – Modelo de mapa conceitual Fonte: Adaptado de NOVAK, J. D. CAÑAS (2010) 3 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EaD) Educação a distância é uma modalidade de ensino, onde o aluno está separado do professor fisicamente e temporalmente. Nesse modelo de educação, é de extrema importância a utilização das tecnologias de informação e comunicação (TICs). Figura 10 – Evolução das TICs Fonte: Própria EVOLUÇÃO DAS TICs: carta jornal rádio televisão internet 20 Essas tecnologias permitem uma maior interatividade entre os alunos da classe, pois contribuem para a superação da distância e do tempo através de ferramentas síncronas e assíncronas inseridos nos ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), ambiente similar a sala de aula da educação presencial, e proporciona aos estudantes uma maior interação, desenvolvimento de projetos compartilhados e construção de conhecimento. Figura 11 – Tipos de ferramentas dm EaD Fonte: Própria. Diferente da educação presencial, na educação a distancia a responsabilidade de ensinar é dividida entre vários papeis: professor conteudista, professor tutor, professor orientador, dentre outros. Além disso, um curso de ensino a distância tem que contar com uma equipe multidisciplinar, contendo profissionais especializados em design de página de web, desenho industrial, pessoal técnico administrativo, docentes e tutores. Figura 12 – Profissionais que compõem a EaD Ferramentas síncronas • skype • discord • whatsapp Ferramentas assíncronas • whatsapp • email • youtube E q u ip e m u lt id is ci p li n ar docentes tutores desenho de página de web desenho industrial técnico administrativo Fonte: Própria. 21 Os docentes e tutores, além de definirem objetivos de aprendizagem, competências, fundamentação teórica, bibliografia, avaliação e elaboração do material didático, também devem incentivar a interação dos alunos no ambiente virtual de aprendizagem para que o aluno assuma a responsabilidade e autonomia de sua aprendizagem. Um ponto muito importante para o envolvimento do estudante no curso é o material didático, pois tem que ser estabelecido um diálogo com os alunos, em linguagem clara, objetiva e persuasiva. Devendo também estar de acordo com o projeto pedagógico do curso para desenvolver as habilidades e competências. A avaliação deve ser um processo continuo para que, no momento que houver dificuldade está seja atendida e permita a continuação da construção do saber. A evolução da educação a distância tem contribuído para maior abrangência do ensino, criando oportunidades e ajudando na construção de um meio socialmente mais evoluído e justo para todos. 3.1 Histórico da EaD O histórico da educação a distância perpassa por várias tecnologias de comunicação: cartas, rádio, jornal, televisão e internet. Com o avanço dessas tecnologias um maior número de alunos foi alcançado por essa modalidade. A educação a distância iniciou-se no começo do século 18 nos Estados Unidos, quando o professor Caleb Philips oferecia material para estudo e tutoria por correspondência. Figura 13 – Histórico da EaD ao londo da gerações Fonte: Adaptado de Moore e Kearsley (2007). 22 3.2 Metodologias pedagógicas Uma das metodologias mais utilizadas no ensino à distância, é o Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), que são softwares online, capazes de intermediar a comunicação entre alunos e professor, facilitando a troca de informações e diálogos por meio de chat, assim como depósito de materiais de ensino, tais como textos, vídeos, apresentações em slides e demais atividades acadêmicas. Com a utilização dessa metodologia, o aluno passa a aprender com mais autonomia, sendo ele próprio quem planeja seu tempo dedicado às aulas e por onde vai começar, apesar de haver um plano de aula elaborado pelo professor. Com as constantes mudanças evidenciadas nas novas tecnologias de informação e comunicação e, com os desafios de transformar a informação em conhecimento, cabe aos educadores propor questões inovadoras e fomentar debates para a construção crítica do saber. Atualmente, em ambientes virtuais de aprendizagem e, também, segundo os referenciais de qualidade do MEC, a transmissão do conhecimento incorpora os princípios da aprendizagem construtivista, onde os alunos são capazes de compartilhar aprendizagens, saberes e conquistas, permitindo que professor e alunos desenvolvam uma aprendizagem dinâmica. Assim, é crucial que se desenvolvam ambientes virtuais visando à construção do conhecimento do aluno e facilitando o processo de aprendizagem cognitiva. Devido à ampliação constante da EAD e ao aumento no acesso das TICs, também se faz necessário verificar a importância de se pensar na mediação pedagógica transdisciplinar e na busca por metodologias diferenciadas, porque a EAD, em especial a virtual, pode construir a socialização do conhecimento e estimular a cognição com ferramentas inovadoras. Com o objetivo de tornar o ambiente virtual cada vez mais atrativo e dinâmico, a instituição ou o próprio professor podem ainda utilizar agentes ou instrumentos pedagógicos capazes de estimular a curiosidade dos alunos. Nos cursos de Ensino a Distância, com a metodologia Ensino Presencial Virtual, como o nome já diz, há momentos em que as aulas são presenciais, mas também pode haver videoconferências ao vivo entre tutor e aluno. Esse tipo de metodologia é utilizado em cursos de graduação, já que o Ministério da Educação (MEC) exige que pelo menos 20% das aulas sejam ministradas presencialmente. Os momentos presenciais via videoconferência são realizados em tempo real, e os alunos participam por via chat online ou telefone. O restante das aulas fica concentrado no espaço virtual, com tele aulas, vídeos e exercícios online. Independente da escolha de uma das duas principais metodologias citadas acima, a maneira de avaliar o aluno é quase sempre a mesma. O processo de avaliação ocorre de acordo 23 com as propostas e critérios de cada curso, ou seja, o plano pedagógico. Mas também leva em consideração a frequência nas aulas (videoconferência, aulas presenciais ou tele aulas), participação, resolução das atividades, leitura dos textos obrigatórios e exame final. Independente da metodologia definida para o curso EAD, a instituição deve garantir que o aluno tenha interação autônoma para aprender. 3.3 Vantagens e desvantagens da EAD A educação a distância tem atraído cada vez mais alunos, tendo apresentando crescimento de 133% nos últimos anos, de acordo com dados da Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior (ABMES). Contudo, é importante que se conheça as vantagens e desvantagens da EAD, antes de optar por esta modalidade de ensino. Uma das maiores vantagens, que desencadeia grande procura pela EAD, é a flexibilidade nos horários, sendo o próprio aluno quem organiza seu cronograma de estudos, escolhendo os melhores dias e horários para estudar, apesar de haver o plano de ensino do curso. Além disso, outra vantagem que pode ser destacada é o menor valor monetário custeado no sentido deslocamento/transporte até a instituição de ensino e mesmo com a própria alimentação, não havendo a necessidade de comparecer regularmente a instituição de ensino. Além disso, as mensalidades dos cursos à distância costumam ser mais baixas se comparadas ao presencial. De acordo como MEC, o diploma do curso EAD possui a mesma validade do curso presencial, sendo este um importante fatormotivador na busca por esta modalidade de ensino. Além disso, assim como os cursos à distância, as faculdades à distância também disponibilizam bolsas de estudo. Em relação às desvantagens, algumas das mais citadas são: distrações, maior tempo de organização e planejamento por parte dos estudantes e, ainda, autonomia, a qual pode ser um desafio para muitos estudantes. Outro fator que pode ser considerado como desvantagem para alguns, é a falta de vínculo interativo com outras pessoas, do próprio convívio social. Em suma, a modalidade de ensino EAD vem ganhando cada vez mais espaço, e pode ser uma ótima opção para aqueles que buscam melhorar o currículo e subir na vida, conquistando cada vez mais espaço na carreira profissional. Principalmente, para aqueles que possuem uma rotina agitada, pois assim conseguem organizar seus próprios horários de estudos. 24 4 PORTFÓLIO O portfólio é um procedimento de avaliação que permite aos alunos participar da formulação dos objetivos de sua aprendizagem e avaliar seu progresso. Originalmente, o termo “portfólio”, deriva italiano ‘portafoglio’, que significa ‘recipiente onde se guardam folhas soltas’, e era empregado em artes plásticas, em que o artista fazia uma seleção de trabalhos que exprimiam sua produção. De acordo com Chaves (2005), o uso do portfólio como instrumento de avaliação e, ao mesmo tempo, estratégia de formação tem sido corrente na última década. Uma das razões para a defesa de seu uso reside no fato de se atribuir a ele uma dimensão reflexiva. Corroborando com esta afirmação, Villas Boas (2004) entende que o portfólio é uma coleção de suas produções (do aluno), as quais apresentam as evidências de sua aprendizagem (do aluno). É organizado por ele próprio para que ele e o professor, em conjunto, possam acompanhar seu progresso. O portfólio é um procedimento de avaliação que permite aos alunos participar da formulação dos objetivos de sua aprendizagem e avaliar seu progresso. Eles são, portanto, participantes ativos da avaliação, selecionando as melhores amostras de seu trabalho para incluí-las no portfólio. Figura 14 – Imaginando o portfólio Fonte: https://neilpatel.com/br/blog/o-que-e-portfolio/ A partir dessa definição, pode-se perceber aspectos interessantes e essenciais para a utilização dessa inovação pedagógica. Em primeiro lugar, ele permite uma organização do próprio aluno a partir de suas experiências e suas reflexões ao longo do processo de aprendizagem. O uso dessa inovação beneficia qualquer tipo de aluno, e não só o extrovertido, https://neilpatel.com/br/blog/o-que-e-portfolio/ 25 visto como participativo, ou o visual, que tem mais facilidade em exercícios escritos, possibilitando ao aluno que ele mesmo descubra suas potencialidades e talentos. Diante destas proposições, elencamos algumas vantagens para se usar o portfólio como instrumento pedagógico, sendo elas: Estimulo a capacidade criativa e de síntese sobre o conteúdo abordado; Incentivo a pesquisa; Propicia a aprendizagem colaborativa; Melhora a organização do conhecimento; É um processo dinâmico: pode refazer o conteúdo e realizar as adaptações necessárias; Estimula o letramento digital, Mediação dos professores: aumenta diálogo e interação e sua avaliação é processual. Por outro lado, o uso do portfólio pode vir a trazer algumas desvantagens, do ponto de vista do aluno vindo de um sistema educacional que não privilegia a criatividade ou a independência. Por exemplo, não há um modelo específico a ser seguido, o que para muitos alunos pode ser um fator de ansiedade. Ser um aluno participante é um processo para o qual muitos dos estudantes vindos do Ensino Fundamental e Médio podem estar despreparados, visto que não experimentaram a participação no seu processo de aprendizagem. Outra desvantagem é a de que o portfólio pode ser confundido com uma coleção de trabalhos e, por isso, torna-se fundamental uma boa preparação do professor, com leituras e reflexões para que tenha uma compreensão clara e abrangente desse processo e possa ajudar seus alunos durante o período de seleção e análise dos materiais. Com relação a escolha do material para compor o portfólio Alves (2004) nos aconselha uma análise crítica do materila ao afirma que o portfólio é uma compilação apenas dos trabalhos que o estudante entenda relevantes, após um processo de análise crítica e devida fundamentação. O que é importante não é o portfólio em si, mas o que o estudante aprendeu ao criá-lo ou, dito de outro modo, é um meio para atingir um fim e não um fim em si mesmo. Dessa forma, os grandes desafios de se utilizar o portfólio são primeiramente, o de fazer com que o aluno perceba que ele é responsável pelo seu processo de aprendizagem; em segundo lugar, ajudar o aluno a quebrar paradigmas bem solidificados na questão da avaliação como fim em si mesmo. Neste sentido, há algumas dificuldades inerentes à organização da proposta de utilização dessa inovação pedagógica, tanto para os alunos quanto para o professor. Por fim, O grande desafio de se utilizar o portfólio é o de fazer com que o aluno perceba que ele é responsável pelo seu processo de aprendizagem. Há algumas dificuldades inerentes à organização da proposta de utilização dessa inovação pedagógica, tanto para os alunos quanto para o professor. 26 5 CONSIDERAÇÕES FINAIS A compreensão do processo ensino /aprendizagem constitui a alma do trabalho docente. Vimos na através da visão de David Ausubel que ensinar é promover a aprendizagem significativa, e para que esse processo ocorra é preciso que os educadores considerem um como fator essencial “a estrutura cognitiva do aprendiz no momento da aprendizagem”. Vimos em Ausubel e nas premissas da Andragogia que para aprender, o adulto precisa estar motivado para tal ato, e que a partir do momento em que professores compreendem o processo de aquisição do conhecimento, uma das consequências é a aprendizagem significativa do aluno. As condições necessárias para que haja uma aprendizagem significativa são: a predisposição do aluno para a aprendizagem e o material relacionado à estrutura cognitiva do aluno, portanto, o uso de metodologias ativas podem favorecer a aprendizagem, já que focam não no ensinar, mas sim na própria aprendizagem do aluno, que tem autonomia e autorregulação de sua própria aprendizagem. Compreendemos que o uso de mapas conceituais como recurso de avaliação sendo usado com critério pode colaborar para a aprendizagem significativa, constitui-se um instrumento que dá ao professor a possibilidade de compreender, quase que, imediatamente, como o aluno está organizando os conteúdos aprendidos. Observamos que os princípios da aprendizagem do adulto somados a metodologia da Educação a Distância, pode potencializar o processo de aprendizagem, na medida em que os alunos são estimulados a aprenderem o que quiserem, onde, e quando quiserem, e o papel do portfólio como instrumento de avaliação, mas também como estratégia de aprendizagem, na medida que estimula os alunos a organizarem de maneira crítica todas as informações e conhecimentos que tiveram acesso durante um curso ou disciplina. 27 REFERÊNCIAS ALVES, L. P. Portfólios como instrumentos de avaliação dos processos de ensinagem. In: ANASTASIOU, Léa G.C. e ALVES, Leonir P. (Orgs.) Processos de ensinagem na universidade. 3ª.ed. Joinville,SC: Univille,2004, 145p. ALVES, LUCINEIA. Educação a distância: conceitos e história no Brasil e no mundo. Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância, v. 10, 2011 ANDERSON, L. W. Rethinking Bloom’s Taxonomy: implication for testing and assessment. Columbia: University of South Carolina, 1999. AQUINO, G. F.; MACHADO, J. T. e AMARAL, L. H. Ausubel: Aprendizagem Significativae Avaliação. Revista Atlante. Saão Paulo. Disponível em: < http://www.eumed.net/rev/atlante/2015/10/ausubel.html>. Acesso em: 24 set. 2019. AUSUBEL et al. Psicologia Educacional. Rio de Janeiro: Interamericana, 1980, 625 p. AUSUBEL, D. P. Educational psychology: a cognitive view. New York: Holt, Rinehart and Winston, 1968. BACICH, L; MORAN, J. M. Aprender e ensinar com foco na Educação híbrida. Revista Pátio – Qual a identidade do Ensino Médio, n. 25, jun. 2015. BLOOM, B. S. et al. Taxonomy of educational objectives. New York: David Mckay, 1956. 262 p. BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução nº 3, de 20 de junho de 2014, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Medicina e dá outras providências. CHAVES, Idália de Sá. Portfólios Reflexivos: estratégias de formação e de supervisão. Aveiro : Universidade, 2005. DEWEY, J. Democracia e educação. 3. ed. Tradução de G. Rangel e A. Teixeira. FERREIRA, L.; et al. DE TUTOR A PROFESSOR ON LINE: QUE SUJEITO É ESSE?. In: Anais do Workshop de Informática na Escola. 2005. FERREIRA, R. B. S.; SILVA, I. M. M. “Didática” no contexto da Educação a Distância: quais os desafios? Revista Brasileira de Aprendizagem Aberta e a Distância, v. 8, 2009. FONSECA, S. M.; NETO, J. A. M. Metodologias ativas aplicadas à educação a distância: revisão de literatura. Revista EDaPECI, v. 17, n. 2, p. 185-197, 2017. FURTER, P. Educação Permanente e desenvolvimento cultural. Petrópolis: Vozes, 1974. KNOWLES, M. The modern practice of adult education: andragogy versus pedagogy. New York: Associated Press, 1970. http://www.eumed.net/rev/atlante/2015/10/ausubel.html 28 LIBÂNEO, José Carlos. Didática. São Paulo: Cortez, 1994. 2ª edição MORAN, José Manuel. Mudando a educação com metodologias ativas.In: SOUZA, Carlos Alberto de; MORALES, Ofelia Elisa Torres (Org.). Convergências midiáticas, educação e cidadania: aproximações jovens. Ponta Grossa, PR: UEPG/PROEX, 2015. NOVAK, J. D. CAÑAS, A. A teoria subjacente aos mapas conceituais e como elaborá-los e usá-los. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v.5, n.1, p. 9-29 , jan.-jun. 2010. NOVAK, J. D. CAÑAS, A. A teoria subjacente aos mapas conceituais e como elaborá-los e usá-los. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v.5, n.1, p. 9-29 , jan.-jun. 2010. PIAGET, J, Seis Estudos de Psicologia. 24ª. Edição. Rio de Janeiro Forense, 2003. ROSA JUNIOR, Luiz Carlos.Metodologias ativas de aprendizagem para a educação a distância:uma análise didática para dinamizar sua aplicabilidade. 2015. 100 f. Dissertação (Mestrado em Tecnologias da Inteligência e Design Digital)—Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2015. SARDO, Pedro Miguel Garcez. Aprendizagem baseada em problemas em reanimação cardiopulmonar no ambiente virtual de aprendizagem Moodle®. 2007. 226p. Dissertação (Mestrado em Enfermagem)—Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2007. SOUSA, S. O. Aprendizagem Baseada em Problemas (PBL- Problem-Based Learning): estratégia para o ensino e aprendizagem de algoritmos e conteúdos computacionais [dissertação]. Presidente Prudente: Unesp; 2011. SOUZA, C. N. M. A importância da mediação pedagógica transdisciplinar em EAD que se utiliza de imagens para a busca do conhecimento e da efetivação do aprendizado. Visão Global, v. 12, n. 2, p. 251-266, dez. 2009; VIGOSTSKI, L.S. A construção do pensamento e da linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2001. VILLAS BOAS, B. M. de F. Portfólio, Avaliação e Trabalho Pedagógico. 1ª.ed.Campinas,SP:Papirus,2004a. 192p.
Compartilhar