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Contribuições Corporativas

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Contribuições Corporativas
	São chamadas contribuições corporativas aquelas criadas pela União com o objetivo parafiscal de obter recursos destinados a financiar atividades de interesses de instituições representativas ou fiscalizatórias de categorias profissionais ou econômicas pela inteligência da doutrina de Ricardo Alexandre. 
	Ainda pelo prisma da obra supra, os exemplos mais relevantes de tais contribuições são a contribuição sindical e a destinada ao custeio das entidades de fiscalização do exercício de profissões regulamentadas, afirmando ainda o exegeta a tendência de evolução na jurisprudência do STJ no sentido de passar a enquadrar como corporativas as contribuições para os serviços sociais autônomos, com a ressalva expressa para o caso daquela destinada ao financiamento do SEBRAE (ainda classificada como "geral")
	A Constituição Federal no seu art. 8º, IV, prevê a criação de duas contribuições sindicais, sendo elas: 
a) a contribuição fixada pela assembleia-geral para o custeio do sistema confederativo do respectivo sindicato; 
b) contribuição fixada em lei, cobrada de todos os trabalhadores.
	Corroborando com o tema apresentado brilhante é a lição do ilustre doutrinador Eduardo Sabbag em sua obra Direito Tributário Essencial, senão vejamos: 
	
	As contribuições de interesse das categorias ou econômicas, também denominadas contribuições profissionais ou corporativas, de competência exclusiva da União, mostram-se como tributos federais e observam os princípios constitucionais tributários, sem reservas. Há dois bons exemplos deste tributo: a contribuição-anuidade e a contribuição sindical.
	Contribuição-anuidade 
A contribuição-anuidade busca prover de recursos os órgãos controladores e fiscalizadores das profissões, ou seja, os Conselhos Regionais de Fiscalização, como o CREA, CRM, CRC, CRE, entre outros, cujas atividades são legalmente entendidas como de interesse público. Esses órgãos ou parafiscos são, geralmente, pessoas jurídicas de direito público, que se revelam como sujeitos ativos de uma relevante contribuição profissional ou corporativa. Ver STJ: REsp 1.404.796/SP-2014. Em 2 de fevereiro de 2017, a 2ª Turma do STJ, por maioria, no REsp 1.524.930/RS (Rel. Min. Og Fernandes), entendeu que “o prazo prescricional para cobrança das anuidades pagas aos conselhos profissionais tem início somente quando o total da dívida inscrita, acrescida dos respectivos consectários legais, atingir o patamar mínimo estabelecido pela Lei n. 12.514/11”. O patamar mínimo a que alude o art. 8º da Lei n.º 12.514/2011 é correspondente ao montante total de quatro anuidades (com o valor do ano do ajuizamento), acrescidas de multas, juros e correção monetária. Se o débito exequendo for inferior ao piso mínimo, o processamento da execução fiscal fica desautorizado. Diante do exposto, o termo a quo para a contagem da prescrição tributária será a data em que o crédito se tornar exequível, ou seja, quando o total da dívida inscrita alcançar o retrocitado patamar mínimo exigido pela norma.
	Contribuição sindical
	Para o STF, a contribuição sindical é contribuição parafiscal, ou especial, na subespécie “corporativa ou profissional”, sendo um tributo federal, de competência exclusiva da União, que tem, vulgarmente, recebido o nome inadequado de “imposto sindical” (RE 129.930/1991-SP). De acordo com o entendimento exarado em julgado de março de 2014, no STF: “as contribuições sindicais compulsórias possuem natureza tributária, constituindo receita pública, estando os responsáveis sujeitos à competência fiscalizatória do Tribunal de Contas da União” (MS 28.465, rel. Min. Marco Aurélio, 1.ª T., j. em 18.03.2014). A contribuição sindical (ver arts. 578 a 580 da CLT, c/c art. 8.º, IV , parte final, da CF) detém inegável feição tributária e, sujeitando-se às regras gerais de Direito Tributário, torna-se compulsória aos trabalhadores celetistas, integrantes da categoria, sindicalizados ou não, que devem, de modo obrigatório, pagá-la anualmente ao sindicato, no montante equivalente à importância de um dia de trabalho. A contribuição sindical não se mistura com a contribuição confederativa (art. 8.º, IV , parte inicial, da CF). Esta, também chamada de “contribuição de assembleia”, é desprovida de natureza tributária e, portanto, de obrigatoriedade. A contribuição confederativa é devida pelos filiados à entidade sindical respectiva, para o exercício adequado do direito de oposição. Em tempo, cite-se a Súmula n.º 666 do STF, segundo a qual “a contribuição confederativa de que trata o art. 8.º, IV , da Constituição, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo”. Em 11 de março de 2015, o Plenário do STF acolheu proposta de edição de enunciado de Súmula Vinculante com o seguinte teor: “A contribuição confederativa de que trata o art. 8.º, IV , da Constituição Federal, só é exigível dos filiados ao sindicato respectivo”. Dessa maneira, tornou vinculante o conteúdo do Verbete 666 da Súmula do STF. Trata-se da Súmula Vinculante n.º 40 do STF. Quanto às contribuições assistenciais, em 03.03.2017, por meio do ARE 1.019.459, o Supremo Tribunal Federal reafirmou entendimento quanto à inconstitucionalidade da contribuição assistencial imposta por acordo, convenção coletiva de trabalho ou sentença normativa a empregados não sindicalizados. Vale lembrar que os membros da organização sindical têm a possibilidade de não a pagar, retirando-se do sindicato, caso queiram, e, ainda assim, mantêm-se aptos a exercer a atividade profissional ou econômica. Portanto, a contribuição sindical tem natureza tributária, sendo legalmente prevista e cobrada de todos os trabalhadores, filiados ou não à organização sindical correspondente. A contribuição confederativa, de outra banda, não detém a natureza tributária, é estabelecida por Assembleia Geral e é cobrada dos filiados ao respectivo sindicato para o custeio do sistema confederativo de representação sindical.

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