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Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 1 AULA 3 – Imunidade Adquirida → PROPRIEDADES GERAIS DAS RESPOSTAS IMUNOLÓGICAS - O nosso organismo está, diariamente, em contato com milhões de microrganismos do ambiente externo. A maioria deles, não conseguem entrar pro interior por conta das barreiras epiteliais. Entretanto, alguns deles conseguem vencer esse obstáculo, sendo nesse momento a necessidade de uma defesa inicial. - A primeira linha de defesa é a imunidade inata, que possui pouca especificidade, mas alta efetividade para eliminar a maioria dos invasores. Porém, alguns conseguem driblar esses processos e acabam, então, estimulando a ativação do sistema imune adquirido, que faz uma resposta mais específica para que, finalmente, elimine a infecção. → IMUNIDADE NATURAL E ADQUIRIDA - A imunidade inata ou natural contém componentes que auxiliam em sua resposta imune. Dessa forma, tempos as barreiras epiteliais, que é a primeira barreira física contra agentes externos. Ademais, temos os fagócitos, como neutrófilos e macrófagos, que são células capazes de fagocitar e destruir microrganismos que passaram pela primeira barreira. Há, também, as células dendríticas, que são células apresentadoras de antígenos, sendo capazes de reconhecer um antígeno, sem muita especificidade, fagocitá-lo e levá-lo ao linfonodo para que esse seja reconhecido pelos linfócitos, de maneira a ser uma ponte entre a imunidade natural e adquirida. Além disso, temos o sistema complemento, que vai opsonizar antígenos, ou seja, se ligar a microrganismos ou células infectadas, sem muita especificidade, com intuito de direcionar ataques mais direcionados. Por fim, o último dos componentes são as células NK, que são especializadas em destruir células infectadas. Sendo assim, a resposta imune natural ocorre de 0 a 12 horas, sendo a primeira linha de defesa. - A imunidade adquirida ou adaptativa demora um pouco mais para ser ativada. Dessa maneira, nós temos como componentes os linfócitos T, que vão identificar um antígeno e coordenar uma ação mais específica. Assim, essas células vão atuar: na ativação de macrófagos, que vão sinalizar para que esses destruam o que foi fagocitado; liberação de citocinas, que estimulam a chegada de outros leucócitos para o local de infecção; e vão ajudar, também, na ativação de células B. Essa última realiza a produção de anticorpos, que são substâncias que se ligam de forma específica e direcionada a uma espécie de microrganismo, ajudando ou a destruir, ou a servir como alvo, da resposta imune. A imunidade adaptativa demora de 1 a 7 dias para ativar seus mecanismos efetores. Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 2 → IMUNIDADE ADAPTATIVA OU ADQUIRIDA .: LINFÓCITOS NAIVE - Os linfócitos naive são os linfócitos T e B que ainda não foram ativados, mas que possuem capacidade de responder ao antígeno para o qual foi criado. Sendo assim, é errôneo pensar que um linfócito naive tem capacidade de responder a vários antígenos. Na realidade, nós temos milhões de células T e B diferentes, que ainda não foram ativadas, onde cada uma delas pode responder a um antígeno específico. Sendo assim, a partir do momento que ocorre o contato da célula com o antígeno para a qual foi produzida, essa sofre expansão clonal e, dessa forma, consegue atacar o antígeno específico de uma forma direcionada. .: LINFÓCITOS ATIVADOS - Após o contato, reconhecimento, ativação e expansão clonal, entra em ação as células efetoras. Essas são linfócitos T e B atuando para a destruição de uma célula alvo. Além disso, nesse processo são geradas células de memória, que são linfócitos que duram anos e podem iniciar, na próxima infecção, uma resposta mais rápida e efetiva contra aquele microrganismo que foi previamente combatido. .: ÓRGÃOS LINFÓIDES - Corresponde principalmente aos linfonodos. São os locais onde ocorre tanto a maturação de algumas células quanto sua ativação. Dessa forma, quando uma célula apresentadora de antígeno captura um antígeno, leva esse para os linfonodos. Lá, ela expõe esse microrganismo fagocitado para os linfócitos naive que estão circulando, até que, em um dado momento, um linfócito específico reconhece e assim se dá o processo de ativação e expansão clonal. .: TIPOS DE RESPOSTA ADQUIRIDA - Nós possuímos dois tipos de respostas imunes adaptativas. A humoral, que é mediada por anticorpos e atua contra microrganismos extracelulares; e a celular, que é mediada por linfócitos, capaz de destruir microrganismos intracelulares. → TIPOS DE RESPOSTA ADQUIRIDA .: IMUNIDADE HUMORAL - É mediada por anticorpos, que são produzidos pelos linfócitos B. Dessa forma, imaginemos uma situação onde há um anticorpo e um antígeno: o anticorpo vai lá e reconhece um microrganismo extracelular, se ligando a seu antígeno. Nesse momento, o anticorpo pode iniciar a destruição ou, então, mediar a ação de outras células para destruir esse patógeno. Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 3 - Há situações onde, o microrganismo, que era extracelular, consegue entrar ativamente em uma célula e vira intracelular. Assim, o anticorpo, agora, fica incapaz de identificar a presença desse antígeno, já que não pode entrar em uma célula e só reconhece microrganismos extracelulares. Sendo assim, é necessária outra forma de agir. .: IMUNIDADE CELULAR - Os macrófagos possuem capacidade de fagocitar microrganismos e armazená-los no seu meio intracelular. Quando isso ocorre, para ativar a destruição, é necessário a atuação do linfócito T auxiliar. Esse, possui a capacidade de ativar o mecanismo de destruição do macrófago e, assim, ocorre a ativação e a morte do patógeno. Em outros casos, o macrófago precisa ser levado a apoptose, ou seja, morrer junto com o microrganismo para conseguir matá-lo de forma efetiva. - Já em outras situações, não é o macrófago que fagocitou o microrganismo, mas sim, o próprio entrou ativamente em uma célula qualquer. Assim, não é mais o linfócito T auxiliar que ativa a destruição, já que, talvez, aquela célula não possua capacidade de realizar tal ação. Dessa forma, entra em ação os linfócitos T citotóxicos, que são células capazes de destruir outras células infectadas, eliminando juntamente o microrganismo. → ATIVAÇÃO DE LINFÓCITOS - Quando ocorre a identificação de um antígeno, as células apresentadoras de antígenos o levam para o linfonodo, local onde há circulação de linfócitos T e B naive. Uma célula específica para o antígeno o reconhece e, então, inicia-se o processo de ativação, com a diferenciação e expansão clonal. Dessa forma, as células T e células B efetoras estão aptas para produzir um ataque específico contra aquele microrganismo. Assim, as células T coordenam o ataque e as células B produzem anticorpos; essas voltam pro local da infecção através da sinalização de citocinas e quimiocinas. Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 4 → CÉLULAS DO SISTEMA IMUNE ADQUIRIDO .: LINFÓCITOS ESPECÍFICOS PARA O ANTÍGENO - Os linfócitos tem a capacidade de reconhecer e de distinguir antígenos. Sendo assim, possuem alta especificidade, reconhecendo o antígeno “x” e distinguindo esse de outra espécie. Ademais, são capazes de produzir células de memória, que são capazes de, na segunda infecção, reconhecer de forma mais rápida e efetiva aquele antígeno. - Em relação as classes desses linfócitos, todos são originados na medula óssea. Dessa forma, o que diferencia um do outro são as diferentes proteínas em sua parede que vão determinar funções diversas. Além disso, os receptores de antígenos são formados juntamente na formação dessas células. OBSERVAÇÃO: As nossas células já nascem capazes de reconhecer aquele antígeno específico, embora nunca ter havido a infecção do mesmo. Dessa forma, nós possuímos cerca de 107 a 109 linfócitos T naive diferentes queestão circulando. Quando um desses milhões reconhece o antígeno específico para qual foi criado, ocorre a diferenciação e expansão clonal, aumentando a população dessas células para ser capaz de produzir um ataque efetivo à célula alvo. Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 5 .: LINFÓCITOS T - São chamados de linfócitos T pois fazem a maturação no Timo. Ademais, suas proteínas de membrana são a CD4 e CD8, sendo os que apresentam CD4 são chamados de linfócitos T auxiliares e os que apresentam CD8 são denominados linfócitos T citotóxicos. .: LINFÓCITOS B - Os linfócitos B fazem sua maturação na medula óssea, sendo a denominação “B” pois, quando foi descoberto, sua maturação ocorria na Bursa de Fabricius em outros animais, estrutura a qual não possuímos. Ademais, em órgãos linfoides periféricos, como baço e linfonodo, é o local onde completam sua maturação. .: MAIS SOBRE LINFÓCITOS T - Os linfócitos T auxiliares são aqueles que possuem proteína CD4. Eles ativam os macrófagos que fagocitaram um microrganismo, iniciando seu mecanismo de destruição, sendo esse processo pertencente a imunidade celular. Ademais, essas células atuam na diferenciação e ativação das células B, auxiliando na imunidade humoral. Além disso, elas possuem citocinas pró-inflamatórias, que estimulam o processo de inflamação. - Os linfócitos T citotóxicos são os que possuem a proteína CD8. Essas células atacam outras células infectadas principalmente por vírus ou bactérias intracelulares, realizando sua destruição. - Os linfócitos T reguladores são aqueles que suprimem a ação de outras células T. Dessa forma, eles mantem a autotolerância, ou seja, a ausência de responsividade a antígenos próprios. Sendo assim, elas não deixam que a resposta imune se sobressaia mais que o necessário, ou então, ela cessa a resposta após o término da infecção. Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 6 - Os linfócitos B possuem dois tipos diferentes. Nesse sentido, há as células B foliculares B-2, que produzem anticorpos específicos contra antígenos, ou seja, fazem parte da imunidade humoral e, também, há as células B da zona marginal B-1, que secretam anticorpos naturais pouco específicos. → CLASSES DE LINFÓCITOS - O linfócito B vai reconhecer um antígeno e produz anticorpos específicos para ele. Dessa forma, esses anticorpos vão atuar: na neutralização do microrganismo, no auxílio à fagocitose – fagócitos vão fagocitar microrganismos opsonizados por anticorpos; e também na ativação do complemento. - O linfócito T auxiliar vai reconhecer e liberar citocinas que irão atuar na ativação de macrófagos, estímulo da inflamação e diferenciação de linfócitos B e de outros linfócitos T. Além disso, os linfócitos T citotóxicos vão reconhecer um antígeno e destruí-los por meio de um ataque específico. Por fim, os linfócitos T reguladores vão identificar quando não há mais necessidade da resposta imune ou quando essa está atuando de forma exacerbada e, assim, vai suprimir a função e proliferação de outros linfócitos. Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 7 → DESENVOLVIMENTO DOS LINFÓCITOS - Se inicia com um precursor linfoide comum, onde esse desenvolvimento ocorre na medula óssea. A seguir, tem-se a linhagem de células B e a linhagem de células T. - A linhagem de células B continua na medula óssea para sua maturação. Já a linhagem de células T vai para o timo sofrer sua maturação. Depois, tanto o linfócito B naive imaturo quanto o linfócito T naive imaturo vão ganhar a circulação e, após, irão chegar nos órgãos linfoides periféricos. Lá, caso terem o contato com o antígeno para o qual foram produzidos, vai ocorrer a ativação e a transformação em células efetoras. → ATIVAÇÃO DOS LINFÓCITOS - Esse mecanismo se inicia com a entrada do microrganismo e sua vitória contra as primeiras defesas do organismo. Após isso, a célula apresentadora de antígeno vai levar esse microrganismo até o linfonodo. Esse é o local em que se encontram células T e células B naive imaturas. A célula T e B específica para aquele antígeno vai reconhecer e se ligar, começar sua diferenciação e expansão clonal, até possuir uma população suficiente para iniciar o ataque a célula alvo. A seguir, essas células efetoras ganham a circulação novamente e vão para o local de infecção nos tecidos para realizar suas respectivas funções. OBSERVAÇÃO: a nomenclatura “linfócito X naive imaturo” não se refere que essas células não sofreram processo de maturação. Pelo contrário, são linfócitos que são maduros, porém, ainda não se ativaram, nunca tiveram contato com o antígeno para o qual foram criados. Na realidade, eles passaram por todo o processo de maturação, mas ainda são “virgens”. Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 8 → LINFÓCITOS NAIVE (Imaturos) - São linfócitos em repouso, que entram na fase G0 do ciclo celular da meiose. Lembrando que essa é a fase onde não há diferenciação celular, no qual a meiose estacionou e saiu do ciclo; no momento que há o estímulo do antígeno ela volta para a fase G1 e realiza a expansão clonal. - A IL-7 faz a sobrevida das células T naive, tendo função de manter essas células vivas tempo suficiente para circular até encontrarem o antígeno específico para serem ativadas em células efetoras. Ademais, o BAFF – fator ativados de células B, é o que faz a sobrevida de células B, da mesma maneira. - Por fim, as células B naive imaturas já produzem imunoglobulinas, sendo o igM ou igD. → CÉLULAS EFETORAS - Nós temos as células auxiliares CD4+, que vão produzir citocinas que vão levar a ativação de macrófagos, células B e induzir a inflamação. Ainda, possuímos os linfócitos T citotóxicos CD8+, que possuem grânulos proteicos; esses são capazes de destruir células infectadas por vírus ou bactérias intracelulares, além de células tumorais ou células consideradas impróprias. Além disso, temos os plasmócitos, que são células B ativadas que estão secretando anticorpos. → CÉLULAS DE MEMÓRIA - São células que ficam em ciclagem lenta por anos e, assim, conseguem sobreviver no organismo por muitos anos. - As células T de memória possuem receptores pra IL-7, que é uma interleucina que mantém a sobrevida das células T, ficando vivas por bastante tempo. Ademais, possuímos dois tipos de células T: as centrais, que vão para o linfonodo e ficam ali, e as efetoras, que vão pra mucosa ou pro sangue e ficam circulando, prontas pra iniciar sua ação no momento que se tem o contato com o antígeno. - As células B de memória secretam imunoglobulinas como igG, igA ou igE. Sendo assim, em uma infecção tardia, que já há produção dessas células de memória, o igG fica alto. Já em situações onde a infecção é recente e está em andamento, é o igM que se encontra alto. Miguel Marques ATM 24 - UCPEL 9 → CÉLULAS APRESENTADORAS DE ANTÍGENOS (APCs) - Correspondem a uma ponte entre a imunidade natural e a imunidade adquirida. Dessa forma, ela fagocita um antígeno, leva a um linfonodo e apresenta esse antígeno para essa ser reconhecida. - A principal APC é a célula dendrítica, mas, também, temos os fagócitos mononucleares que vão levar a resposta celular e as células B que vão levar a resposta humoral. Há, ainda, as células dendríticas foliculares, que é outra variação. .: CÉLULAS DENDRÍTICAS - São encontradas em muitos órgãos, onde em cada local possuem um nome diferente. Entretanto, todas essas células capturam os antígenos e levam aos órgãos linfoides. - Seus principais receptores são os receptores semelhantes a toll (TLRs). Ademais, sua ativação leva a fagocitose e o processamento do antígeno em peptídeos, os quais são apresentados aos órgãos linfoides quando ocorre a migração. - Além disso, as células dendríticas produzem alguns coestimuladores que realizam a ativação das células T. .: FAGÓCITOSMONONUCLEARES - São macrófagos com microrganismos ingeridos. Assim, com esses lá dentro, essas células possuem capacidade de apresentá-los às células T efetoras. Dessa maneira, o mecanismo é o seguinte: já há uma célula T efetora e uma resposta imune adquirida em curso; o macrófago faz a fagocitose de um microrganismo e leva a célula T efetora para essa ativar o processo de destruição do microrganismo englobado. .: CÉLULAS DENDRÍTICAS FOLICULARES - Estão localizados em tecidos linfoides próximos as células B. Dessa forma, quando um antígeno está opsonizado por um anticorpo ou complemento, ele pode ser localizado por essas células dendríticas foliculares. Assim, esse antígeno é fagocitado por essas células e apresentada as células B próximas, com intuito de iniciar uma resposta humoral, com a produção de anticorpos específicos.
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